Trata-se de Medida Protetiva em virtude do acolhimento de Moises da
Silva e Samuel da Silva e Luiz Davi da Cunha.
Audiência realizada em dezembro de 2017, determinou: (a) a continuidade do acolhimento das crianças; (b) a expedição de ofício à SESAU para que fosse providenciado tratamento neurológico para a criança Moises da Cunha. A SESAU foi devidamente intimada, mas não respondeu esse Juízo, mantendo-se inerte. Em março de 2018, a SCF informou:
Desde novembro de 2017 vimos atendendo a situação das crianças
Moisés, Luis Davi e Samuel, institucionalizados em fevereiro de 2017 em razão da condição de dependência química dos genitores e consequente negligência. Nesse ínterin, além do atendimento aos tios maternos que pleiteavam sua guarda, passamos a atender também os padrinhos (inserido por meio do Projeto Apadrinhando uma História) que desde junho de 2017 passaram a apadrinhar Moisés, mas extendendo a atenção e cuidados também aos irmãos dele. Os padrinhos – Paulo e Rainá – vêm acompanhando as crianças na unidade de acolhimento visitando-os diariamente, levando-os nos fins de semana para passeios, bem como provendo atendimentos especializados de fonoaudiologia e psicomotricidade à Moisés que tem diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista - TEA, ainda em fase de confirmação. Os padrinhos também acompanham as crianças na escola, comparecendo a reuniões escolares ou mantendo contato com o corpo discente e gestor da escola. Desde o início do ano letivo o referido casal observou que Moisés, que por sua condição de saúde, necessita do uso de fraldas, tem retornado da escola com as partes genitais irritadas a ponto de causar assaduras e ferimentos. Paulo e Rainá solicitaram à escola que dessem atenção diferenciada a Moisés e que trocassem sua fralda diante da necessidade, uma vez que ele retornava para a unidade de acolhimento com a mesma fralda que saira, o que além do desconforto para a criança, causava-lhe as assaduras. Os padrinhos também colaboraram fornecendo medicação indicada para assaduras (pomada) e fralda descatável especial. Tal situação foi reafirmada pela guardiã do lar do Bebê. A sra. Salete relatou que durante as férias escolares Moisés não teve irritações nos genitais uma vez que os cuidadores da unidade mantiveram-se atentos, trocando-o e higienizando-o sempre que necessário. Segundo a professora de Moisés, com quem os padrinhos conversaram, como não há auxiliar de sala na escola e ela mesma não tem como atendê-lo, pois tem de dar atenção a todos os alunos, não podendo ausentar-se da sala de aula para higienizá-lo. A escola, por sua vez, afirma que necessita da comprovação do diagnóstico médico de TEA para poder solicitar um auxiliar de sala. Diante de tais impasses, o problema de pele da criança e seu desconforto persistem, o que contribui para que Moisés continue sentindo-se negligenciado, como acontecia na convivência dos pais. Assim, vimos sugerir sua intervenção junto à escola de Moisés, para que as necessidades de cuidado e higiene pessoal especiais sejam atendidos de forma a garantir à criança condições de saúde e de aprendizagem.
Relatório do SAIN, de janeiro de 2018, por sua vez, pleiteou o
ajuizamento de ação de destituição do poder familiar e a colocação das crianças em família substituta, por meio de adoção. Além disso, solicitou o pedido de guarda pelos padrinhos dos menores. Com relação ao sugerido pelo SAIN, verifica-se que já há: (a) ação de destituição do poder familiar dos pais – processo 7041559-30.2017, em trâmite neste Juízo; (b) ação de guarda dos padrinhos – processo 7053462-62.2017, em trâmite neste Juizado. Não há, portanto, medidas a serem tomadas diante das sugestões do SAIN. Instado a se manifestar, o Ministério Público sugeriu:
Considerando as informações apresentadas pelo SAIN, opina pela
designação de reunião entre equipe técnica do SAIN/SEMAS, SCF, com os tios paternos (ambos indicados no Relatório anexo), e se possível, com a genitora dos infantes. Indefiro o pleito Ministerial, uma vez que outras medidas relativas às crianças já estão sendo tomadas na ação de guarda e destituição do poder familiar. Diante do exposto, determino: (a) a intimação pessoal, COM MÁXIMA URGÊNCIA, do Secretário Estadual de Saúde da SESAU para que esse disponibilize tratamento neurológico para a criança Moises da Cunha, no prazo IMPRORROGÁVEL de 05 (cinco) dias, sob pena de afastamento da função para nenhuma outra função gratificada poder exercer nos próximos cinco anos. Se a autoridade intimada não comprovar o cumprimento da ordem no prazo, o oficial de justiça deverá intimar o Governador do Estado para executar o afastamento da autoridade que desobedeceu a ordem judicial e tomar ciência de que ele passe a ter o prazo de cinco dias para cumprimento, sob pena de encaminhamento de cópia para providências junto ao poder legislativo (políticas) e também ao Procurador Geral de Justiça (judiciais); (b) a expedição de ofício à Escola Municipal Domingos Savio para que essa providencie, no prazo de 10 dias úteis, a contar da data do recebimento do ofício, um cuidador ou professou auxiliar que atenda às necessidades de cuidado e higiene pessoal especiais de Moises da Silva, com o fim de garantir à criança condições de saúde e de aprendizagem. Cumpra-se com urgência. Serve a presente como carta/mandato/ofício.