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Atividade Avaliativa A1

Nota:______

6º Semestre | Turma: DIR3BN-BUB | Sala: 312

Disciplina: Direito Administrativo II

Professor: Carlos José Teixeira de Toledo

Componentes do grupo (entre 2 ou 3):

LARISSA DICCMAN BALLO | RA. 81713559;


MATHEUS DUTINE DE MELO | RA. 817115281;
NATANAEL RODOLFO PIAUHY DE OLIVEIRA | RA. 817115773.
QUESTÕES SOBRE O CASO PRÁTICO Commented [MD1]: O Presidente da República, em
10.07.2019, sancionou lei federal (Lei nº xxx/19) aprovada
pelo Congresso Nacional, criando a sociedade de economia
mista denominada ALIMENTOS DO BRASIL/SA, com
natureza jurídica de sociedade anônima de capital aberto.
A empresa estatal tem como objeto a produção e
venda de alimentos básicos, nas regiões Norte e Nordeste
do país, considerando a seca em diversas regiões. Os
alimentos por ela produzidos2 serão comercializados no livre
1. É possível a referida lei criar hipóteses de dispensa da licitação, como mercado, limitando-se às mencionadas regiões, mas a lei
prevê a possibilidade de a empresa monopolizar a produção
descrito no caso acima, aplicáveis somente à ALIMENTOS DO BRASIL e comércio de alimentos nas regiões Norte e Nordeste do
país.
No que tange à contratação de pessoal, há previsão
S/A? Explique. expressa no sentido de que os funcionários se submeterão
ao regime estatutário federal da Lei nº 8.112/90, e de que
todos serão contratados por livre provimento, após o qual
estarão sujeitos a estágio probatório de 36 meses como
O caso em tela refere-se à dispensa de licitação para a requisito para aquisição de estabilidade.
A lei previu, ainda, que a estatal estará dispensada do
ALIMENTOS DO BRASIL S/A sobre contratação de obras e serviços, dispensando- pagamento de impostos, além de que suas dívidas
constituídas por meio de ações judiciais se submeterão à
sistemática de pagamento de precatórios, prevista no art.
se a licitação tanto para a atividade fim, quanto para a atividade meio. Deixando 100 da Constituição.
Já em relação ao regime de contratação de obras
essa breve consideração de lado, passemos a expor os motivos pelos quais a e serviços, previu-se a ampla dispensa de observância
ao regime de licitações, tanto em relação às atividades
referida Lei em discussão poderia ter concedido tal permissivo à empresa. finalísticas da empresa, como em relação às atividades
meio. Da mesma forma, criou uma nova modalidade de
contrato administrativo, vocacionado apenas à
comercialização de produtos da citada empresa. Por fim,
a Lei nº xxx/19 dispõe que eventuais litígios a envolverem a
Dispõe o artigo 37, XXI, da Carta Magna, que ressalvados os nova sociedade de economia hão de ser solucionados
perante a Justiça Federal.
casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão Ante a aprovação da Lei nº xxx/19, a ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DOS PRODUTORES DE ROUPAS, entidade de
contratados mediante licitação. Ademais, a Lei Complementar (que possui status classe de representatividade nacional, por compreender que
a instituição da sociedade ALIMENTOS DO BRASIL criará
hierárquico superior às leis ordinárias) nº 8.666/93, em seu Art. 1º, § 1º, dispõe que sérios embaraços à livre concorrência, pretende questionar
a constitucionalidade de referida norma perante o Supremo
Tribunal Federal, nos termos do art. 103, IX da Constituição
se subordinam a ela, as empresas públicas e sociedades de economia mista. Federal.

Seguindo tal linha, dispõe o artigo 173, §1º, da CF, que PODERÃO ter estatuto
próprio para licitações e contratos as EPs e SEM que explorem atividade econômica.

A Sociedade de Economia Mista em questão explora atividade


típica de atividade econômica, visto que a produção e venda de alimentos básicos
não constitui serviço público, em conformidade com o artigo 173, §1º, CF, conforme
ensina Eros Grau:

“Por certo que, no art. 173 e seu §1º, a expressão conota atividade econômica em
sentido estrito. O art. 173, caput, enuncia as hipóteses nas quais é permitida ao
Estado a exploração direta de atividade econômica. Trata-se, aqui, de atuação do
Estado – isto é, da União, do Estado-membro e do Município – como agente
econômico, em área da titularidade do setor privado. Insista-se em que atividade
econômica em sentido amplo é território dividido em dois campos: o do serviço
público e o da atividade econômica em sentido estrito. As hipóteses indicadas no art.
173 do texto constitucional são aquelas nas quais é permitida a atuação da União,
dos Estados-membros e dos Municípios neste segundo campo.”. (GRAU, Eros
Roberto, A ordem econômica na constituição de 1988, 15º ed., São Paulo:
3
Malheiros editores, 2012, p. 101).

Além do mais, a situação de seca é um fator caracterizante da


justificativa para que haja o permissivo da medida excepcional em tela. Irene Patrícia
Nohara ensina que:

“Intervenção estatal por participação é medida excepcional. De acordo com o art.


173: ‘ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme
definidos em lei.’.”. (NOHARA, Irene Patrícia, Direito administrativo, São Paulo:
Editora atlas, 2011, p. 433).

Uma vez que a empresa em epígrafe tenha sua atividade


configurada como atividade econômica, a mesma restará subordinada às normas da
Lei Geral de Licitações, bem como aos princípios da Administração Pública, contidos
no artigo 37 da Carta Magna, bem como, levando em conta o disposto na legislação
vigente do Título da Ordem Econômica e Financeira, ao disposto na Lei
13.303/2016, que estabelece o estatuto jurídico das sociedades de economia mista
que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços.

A Lei 13.303/2016, em seu Art. 28, §3º, inciso I, dispõe que as


sociedades de economia mista estão dispensadas das regras de licitação quando
seu objeto social estiver estritamente ligado aos serviços prestados pelas mesmas,
senão vejamos, in verbis:

“Art. 28. Os contratos com terceiros destinados à prestação de


serviços às empresas públicas e às sociedades de economia mista,
inclusive de engenharia e de publicidade, à aquisição e à locação de
bens, à alienação de bens e ativos integrantes do respectivo
patrimônio ou à execução de obras a serem integradas a esse
patrimônio, bem como à implementação de ônus real sobre tais bens,
serão precedidos de licitação nos termos desta Lei, ressalvadas as
hipóteses previstas nos arts. 29 e 30. 4
§ 3º São as empresas públicas e as sociedades de economia mista
dispensadas da observância dos dispositivos deste Capítulo nas
seguintes situações:
I - comercialização, prestação ou execução, de forma direta, pelas
empresas mencionadas no caput , de produtos, serviços ou obras
especificamente relacionados com seus respectivos objetos sociais;” .

Ademais, no tocante à capacidade de legislar sobre tal matéria,


o artigo 22, XXVII, CF, determina que a União irá regular as licitações e contratações
das sociedades de economia mista, nos termos do artigo 173, §1º, III, CF. In verbis:

“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e
fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;”

Ora, uma vez que a ALIMENTOS DO BRASIL S/A está


exercendo suas atividades fins e meios em estrita conformidade com o objeto social,
que é: “produção e venda de alimentos básicos, nas regiões Norte e Nordeste do
país, considerando a seca em diversas regiões.”, constata-se que não há impeditivo
para que haja a dispensa de licitação, estando o caso concreto em comento dentro
da legalidade, embora, por já haver dispositivo legal nesse sentido, não era preciso a
lei que criou a referida empresa dispor sobre a dispensa de licitação novamente,
tomando-se tal ato como apenas um reforço ao já disposto na legislação
complementar.

2. Disserte sobre a possibilidade, ou não, de criação de uma modalidade


nova de contrato administrativo exclusiva para a ALIMENTOS DO
BRASIL S/A?

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