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ATIVIDADES AVALIATIVAS A1 E A2

NOTA:

Disciplina(s): Direito Internacional Público – 5° SEMESTRE

Professor: Carlos Eduardo S. Abrao / Turma: DIR3AN-BUB / Sala: 114

CIRCULE ABAIXO ATIVIDADE CORRESPONDENTE A ATIVIDADE RESOLVIDA


NESTE FORMULÁRIO:

A1 / A2

COMPONENTES do grupo:

Alana Mendonça da Mota / RA 817123859


Gabriela Farias Camacho _ / RA 81715789
Matheus Dutine de Melo / RA 817115281

1. As convenções da OIT são tratados internacionais sujeitos à ratificação dos países membros,
produzindo efeito normativo. Consoante ACCIOLY (2018), para que uma convenção tenha
validade, é necessário que as partes possuam: (i) capacidade (todo país a possuí, conforme art.
6° da Convenção de Viena sobre direito dos tratados); (ii) habilitação dos agentes (o país deverá
realizar a apresentação dos plenos poderes, firmado pelo chefe de estado ou pelo ministro das
relações exteriores, não obstante, o art. 7° da convenção Convenção de Viena sobre direito dos
tratados menciona a dispensa de tal apresentação em circunstâncias pontuais); (iii)
consentimento mútuo (uma vez tratando-se de acordo de vontades entre os países membros, o
texto apenas efetua-se com o consentimento destes, vide art. 11 da Convenção de Viena sobre
direito dos tratados, desta forma, conforme o art. 51 da referida convenção, haverá nulidade
frente à vícios como a coação, portanto, não produzirá efeitos jurídicos); e (iv) objeto lícito e
possível (o objeto da convenção deverá respeitar os limites normativos, bem como possibilitar a
convenção entre as partes). Vale ressaltar ainda que, nos tratados internacionais, há a
participação apenas dos representantes dos Estados, ou seja, o Presidente da República; já as
convenções no âmbito da OIT há participação e negociação pelos representantes dos Estados.
Para a aprovação de convenções da OIT, exige-se a maioria de 2/3 dos delegados presentes em
voto individual. Posto isso, os Estados membros deverão realizar a chamada ratificação, adesão
e aceitação da convenção em questão. Ato contínuo, consoante artigo 102 da Carta das Nações
Unidas, logo que possível, deverá ser registrada no Secretariado. Uma vez ratificada por todos
os países membros, cada Estado fica obrigado a apresentar a cada 2 anos um relatório sobre as
medidas adotadas para aplicar a convenção na legislação e na prática.

Referência bibliográfica:
ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E. do Nascimento; CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito
Internacional Público, 23ª ed., São Paulo: Saraiva Jur, 2018, págs. 157-166.

MAZZUOLI, Valério de Oliveira; FRANCO FILHO, Georgenor de Souza. Incorporação e Aplicação


das Convenções Internacionais da OIT no Brasil. Revista de Direito do Trabalho. v. 167, ano 42,
p. 169-182, São Paulo: Ed. RT. Jan-fev 2016.

2. No âmbito da OIT, mais especificamente no artigo 26 da Constituição da OIT, nota-se um

mecanismo político possível frente à problemática apresentada, qual seja:

“1. Cada Estado-Membro poderá enviar uma queixa à Repartição


Internacional do Trabalho contra outro Estado-Membro que, na sua
opinião, não houver assegurado satisfatoriamente a execução de uma
convenção que um e outro tiverem ratificado em virtude dos artigos
precedentes.
2. O Conselho de Administração poderá, se achar conveniente, antes de
enviar a questão a uma comissão de inquérito, segundo o processo
indicado adiante, pôr-se em comunicação com o Governo visado pela
queixa, do modo indicado no art.
3. Se o Conselho de Administração não julgar necessário comunicar a
queixa ao Governo em questão, ou, se essa comunicação, havendo sido
feita, nenhuma resposta que satisfaça o referido Conselho, tiver sido
recebida dentro de um prazo razoável, o Conselho poderá constituir uma
comissão de inquérito que terá a missão de estudar a reclamação e
apresentar parecer a respeito.
4. O Conselho também poderá tomar as medidas supramencionadas, quer
ex officio, quer baseado na queixa de um delegado à Conferência.
5. Quando uma questão suscitada nos termos dos arts. 25 ou 26, for
levada ao Conselho de Administração, o Governo em causa, se não tiver
representante junto àquele, terá o direito de designar um delegado para
tomar parte nas deliberações do mesmo, relativas ao caso. A data de tais
deliberações será comunicada em tempo oportuno ao Governo em
questão.” (g.n.)

Com relação aos recursos judiciais no âmbito da OIT, verifica-se a admissibilidade do uso do
Código Internacional do Trabalho como mecanismo de defesa. Nesse sentido, nota-se que “o
termo dado para o conjunto de normas formalizadas através destes instrumentos é o ‘Código
Internacional do Trabalho’, onde é possível exercer atividades judiciais no direito interno, tendo
em vista a participação dos Estados Membros, não se tratando de um Código no sentido técnico
da palavra, já que suas normas ‘’integram a legislação nacional de cada Estado membro da OIT
na medida em que foram ratificadas as correspondentes convenções e transformadas em lei as
respectivas recomendações’’ (SÜSSEKIND, 1994).

Já no âmbito na OEA, é possível verificar como recurso político o Protocolo de Bogotá que
“destina-se a servir como referência para as instituições produtoras de dados oficiais para
homicídio e para os governos nacionais ou locais”, contribuindo, assim, para este controle nos
países pertencentes à América Latina e Caribe. Ademais, ainda em referência aos possíveis
mecanismos políticos no âmbito da OEA, insta destacar o papel da Secretaria Geral da OEA que
“é o órgão central e permanente da Organização dos Estados Americanos. Exercerá as funções
que lhe atribuam a Carta, outros tratados e acordos interamericanos e a Assembléia Geral, e
cumprirá os encargos de que for incumbida pela Assembléia Geral, pela Reunião de Consulta dos
Ministros das Relações Exteriores e pelos Conselhos”, ou seja, realiza funções de amparo e
fiscalização, podendo, portanto, ser utilizada como mecanismo diante da problemática
apresentada.

Como recursos judiciais, é oportuno mencionar o Estatuto da Comissão Interamericana de


Direitos Humanos que, em seu artigo 1º, 1, elucida a função deste, vejamos:

“É um órgão da Organização dos Estados Americanos criado para


promover a observância e a defesa dos direitos humanos e para servir
como órgão consultivo da Organização nesta matéria”(g.n.)

Ademais, ainda em menção ao dispositivo supracitado, verifica-se, em seu artigo 18, alínea “b”
que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos poderá também “formular recomendações
aos Governos dos Estados no sentido de que adotem medidas progressivas em prol dos direitos
humanos, no âmbito de sua legislação, de seus preceitos constitucionais e de seus compromissos
internacionais, bem como disposições apropriadas para promover o respeito a esses direitos”. Desta
forma, resta claro que estamos diante de um possível e recomendado recurso judicial, uma vez que
a há, sobretudo, a tutela dos direitos humanos violados no caso em questão.

Referências bibliográficas:

SÜSSEKIND, Arnaldo. Convenções da OIT. São Paulo: LTR. 1994.

Organização dos Estados Americanos. Disponível em: <


http://www.oas.org/pt/sobre/secretaria_geral.asp>. Acesso em: 27 mar. 2019.

3. A jurisprudência da Justiça do Trabalho brasileira reconhece as Convenções da OIT como

norma supralegal, porém tais convenções devem ser apreciadas pelo Congresso Nacional, e
em caso de aprovação, haverá a publicação do respectivo Decreto legislativo.

Assim que aprovada, a Convenção será ratificada pelo Presidente da República junto à OIT,
através de uma carta de ratificação e, ato contínuo será promovido seu registro pelo Diretor-
Geral da Repartição Internacional do Trabalho.
Quanto à duração das Convenções da OIT no Brasil, a vigência da Convenção depende de sua
promulgação por um Decreto do Presidente da República, publicado no Diário Oficial da União.

O TST não destoa deste raciocínio, conforme depreende-se nas decisões proferidas nos
seguintes Recursos de Revista:

 CONVENÇÃO N.º 132 DA OIT. FÉRIAS PROPORCIONAIS.MOTIVO DA DISPENSA. 1. A


Convenção n.º 132da Organização Internacional do Trabalho foi ratificada pelo Brasil e
incorporada à ordem jurídica interna por meio do Decreto n.º 3.197, de 5/10/1999,
assegurando o direito a férias remuneradas a todas as categorias de empregados não
excepcionadas por seu próprio texto (marítimos) ou por declaração expressa produzida no
ato de ratificação. 2.Ao ratificar o instrumento internacional, o Brasil declarou -o aplicável
aos empregados urbanos e rurais, sem consignar qualquer exceção (documento ILOLEX n.º
191998BRA132). 3. A decisão proferida pelo Tribunal Regional, ao deixar de observar a
exceção prevista no parágrafo único do artigo 146 da Consolidação das Leis do Trabalho,
relativo ao contrato extinto com justa causa ensejada pelo empregado, acabou por contrariar
o referido dispositivo de lei, nos termos da jurisprudência sumulada desta Corte superior. 4.
Recurso de Revista conhecido e provido, com ressalva do entendimento pessoal do Relator.
13º SALÁRIO PROPORCIONAL. DISPENSA POR JUSTA CAUSA. INDEVIDO. Nos termos do
disposto no artigo 3º da Lei n.º 4.090/62, somente é devido o pagamento do 13º salário
proporcional quando ocorrer dispensa do empregado sem justa causa. Assim, havendo
rescisão contratual por justa causa obreira, não fará jus o empregado ao recebimento do
décimo terceiro proporcional. Precedentes. Recurso de Revista conhecido e provido.
RECURSO DE REVISTA. LAVAGEM DE UNIFORME DE USO OBRIGATÓRIO PELO EMPREGADO
NO TRABALHO. Esta Corte Superior firmou o entendimento de que, sendo o empregado
obrigado a usar o uniforme fornecido pela reclamada, as eventuais despesas com a sua
higienização devem ser suportadas pelo empregador, uma vez que é dele o risco da atividade
econômica, conforme preceitua o artigo 2º da CLT. Precedentes.Recurso de Revista não
conhecido . RECURSO DE REVISTA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. "Na Justiça do Trabalho,
a condenação ao pagamento de honorários advocatícios não decorre pura e simplesmente
da sucumbência, devendo a parte, concomitantemente: a) estar assistida por sindicato da
categoria profissional; b) comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário
mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo
do próprio sustento ou da respectiva família ."Hipótese de incidência da Súmula n.º 219,
item I, do Tribunal Superior do Trabalho. Constatada, no presente caso, a ausência de
assistência sindical, exclui-se da condenação o pagamento da parcela. Recurso de Revista
conhecido e provido, com ressalva do entendimento pessoal do Relator.

(TST - RR: 781720125040008, Data de Julgamento: 10/08/2016, Data de


Publicação: DEJT 15/08/2016)

 RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. ADICIONAIS DE


INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE. POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO. NÃO RECEPÇÃO DO
ART. 193, § 2º, DA CLT, PELO ART. 7º, XXIII, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ARTIGO
8.3 DA CONVENÇÃO 148 DA OIT E ART. 11-B DA CONVENÇÃO 155 DA OIT. "STATUS" DE
NORMA SUPRALEGAL. A Ciência do Direito informa que a Constituição representa fonte
normativa dotada de prevalência na ordem jurídica. Ela é que confere validade - fundamento
e eficácia - a todas as demais normas jurídicas existentes em determinado contexto jurídico
nacional. Observe-se que o fundamento de validade surge, em geral, por abstração negativa,
o que significa que a norma infraconstitucional será válida e eficaz desde que não agrida o
comando ou princípio constitucional estabelecido. O cotejo das normas jurídicas
infraconstitucionais com os princípios e regras constitucionais provoca, como se sabe,
distintos fenômenos relevantes. Trata-se da revogação, da recepção e da invalidação. A
revogação ocorre quando a antiga norma infraconstitucional é suprimida da ordem jurídica,
tácita ou expressamente, por não se compatibilizar com o novo quadro constitucional
emergente. A recepção, por sua vez, acontece quando a antiga norma infraconstitucional
preserva-se na ordem jurídica, por se mostrar compatível com o novo quadro constitucional
emergente. Finalmente, a invalidação se passa quando a norma produzida choca-se com a
ordem constitucional em vigor, esterilizando-se por declaração de inconstitucionalidade. Em
resumo, se a norma for editada após o advento da nova ordem constitucional, a avaliação
circunscreve-se à declaração de inconstitucionalidade ou constitucionalidade das leis e atos
normativos. Se a norma infraconstitucional for anterior à nova Constituição e com ela
compatível, será recepcionada; se incompatível, será revogada. Trata-se, essa última
hipótese, do fenômeno da "não recepção" das normas jurídicas infraconstitucionais. Na
presente hipótese, avalia-se a recepção do art. 193, § 2º, da CLT, ali inserido pela Lei
6.514/77, pela Constituição Federal promulgada em 1988. E a resposta é negativa. Os incisos
XXII e XXIII do art. 7º da CF resguardam o direito dos trabalhadores ao recebimento dos
adicionais de insalubridade, periculosidade e penosidade sem qualquer restrição quanto à
cumulação, remetendo à lei ordinária a sua regulação, a qual se dá pela CLT e demais normas
infraconstitucionais. Trata-se, assim, de norma de eficácia contida, ou seja, depende de
emissão de uma normatividade futura para alcançar plena eficácia. Esse preceito, entretanto,
possui relevante eficácia jurídica, isto é, tem aptidão para obstar a edição de normas
infraconstitucionais em sentido antitético ou incompatível ao incorporado no preceito
constitucional vigorante, invalidando - ou revogando, como na hipótese - tais normas
antagônicas. Além da força vinculante da Constituição, a República Federativa do Brasil
incorporou ao ordenamento jurídico interno as Convenções Internacionais 148, promulgada
por meio do Decreto n. 93.413, de 15.10.86, com vigência a partir de 14.01.83, e 155,
promulgada pelo Decreto n. 1.254, de 29.9.94, com vigência a partir de 18.5.1993, ambas
da OIT. A Convenção nº 148 estabelece diversas propostas relativas ao meio ambiente de
trabalho, notadamente em relação à contaminação atmosférica, ruído e vibrações. Por sua
vez, a Convenção 155 trata da segurança e saúde dos trabalhadores, adotando diversas
proposições relativas à segurança, à higiene e ao meio ambiente do trabalho. Ressalta -se
que, no Direito do Trabalho, as Convenções da OIT, quando ratificadas pelo Estado brasileiro,
têm se tornado importantes fontes formais justrabalhistas no País. Não há dúvida de que a
jurisprudência do País (STF), por décadas, considerou que esses diplomas internaci onais, ao
ingressarem na ordem jurídica interna, fazem-no com o status infraconstitucional. Isso
significa que se submetem, inteiramente, ao crivo de constitucionalidade; nesta medida,
podem ser declarados inválidos, mesmo após ratificados, se existente afronta a regra ou
princípio insculpido na Constituição brasileira. Registre-se que a Reforma do Judiciário,
promulgada em dezembro de 2004 (EC. 45/04), passou a conferir status de emenda
constitucional a tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que tenham
sido aprovados com o rito e quorum similares aos de emenda. Cabe ressaltar que o Supremo
Tribunal Federal, em sessão de dezembro de 2008, modificou, em parte, sua jurisprudência
sobre o status normativo das regras internacionais ratificadas pelo Brasil. Fixou o patamar
supralegal dessas regras (acima das leis ordinárias e complementares), desde que referentes
a convenções e tratados internacionais sobre direitos humanos (o status clássico, de simples
diploma legal, ficou preservado para a generalidade dos documentos internacionais
ratificados). A alteração interpretativa tem de ser integrada a um quadro de avanço
hermenêutico e cultural, e não de retrocesso. Desse modo, havendo aparente conflito entre
normas internacionais ratificadas e o Direito interno, deve prevalecer a norma e a
interpretação mais favoráveis à pessoa humana a quem se destina a tutela jurídica. O mesmo
se aplica a normas de tratados e convenções internacionais de direitos trabalhistas - que
têm óbvia natureza de direitos humanos: em situação de aparente conflito entre preceitos
internacionais ratificados (as Convenções citadas, por exemplo) e preceitos legais internos,
prevalece o princípio da norma mais favorável ao trabalhador, quer no que tange ao critério
de solução do conflito normativo, quer no que diz respeito ao resultado interpretativo
alcançado. Com relação ao caso concreto, acerca da possibilidade de cumulação dos
adicionais de insalubridade e de periculosidade, não há dúvida de que as disposições que
mais se harmonizam com os referidos preceitos e com as normas constitucionais de proteção
do trabalhador são aquelas previstas nas Convenções 148 e 155 da OIT (que possuem status
supralegal, isto é, acima das leis ordinárias e complementares, mas abaixo da Constituição)-
em detrimento da regra do art. 193, § 2º, da CLT -, devendo, portanto, prevalecer a
possibilidade de cumulação dos adicionais de periculosidade e insalubridade. Há de se
ponderar, contudo, que essa cumulação apenas se faz cabível quando a incidência de
referidos adicionais seja decorrente de agentes de risco distintos - haja vista que, se a
periculosidade e a insalubridade tiverem como causa o mesmo fato, mantém -se a
necessidade de o empregado fazer a opção pelo adicional mais vantajoso. Trata -se, com
efeito, de parcelas sumamente distintas, que não se compensam, nem se substituem, não
podendo ser deduzidas. Desse modo, por força do texto normativo do art. 7º, XXII e XXIII
da CF, combinado com o art. 11-b, da Convenção 155 da OIT, o sentido do art. 193, § 2º,
CLT, tem de ser considerado como não recepcionado (revogado) pela nova ordem jurídica
constitucional estabelecida com a Constituição Federal promulgada em 1988, para permitir
a acumulação das parcelas diferentes, porém não a duplicidade de pagamento da mesma
verba pela ocorrência de duplo fator agressivo. Ou seja, não se pagam, é óbvio, dois
adicionais de insalubridade em vista da existência de dois agentes insalubres, pois a verba
é a mesma; porém pagam-se as duas verbas distintas (insalubridade e periculosidade), caso
existam seus fatores específicos e distintos de incidência. Por fim, quanto à possibilidade de
os Tribunais manifestarem-se sobre a recepção constitucional por meio de órgão fracionário,
o Supremo Tribunal Federal, em diversos julgamentos, considerou que a cláusula de reserva
de plenário (full bench), prevista no art. 97 da CF/88, somente se aplica às leis e atos
normativos do Poder público editados sob a égide da atual Constituição, não se aplicando,
desse modo, ao fenômeno da recepção/não recepção (caso dos autos). Julgados do STF.
Assim, em razão da necessidade de nova compreensão desta Corte acerca da cumulação dos
adicionais de insalubridade e periculosidade à luz dos parâmetros acima citados, não se pode
considerar que o art. 193, § 2º, da CLT, tenha sido recepcionado pela Constituição Federal
de 1988, razão pela qual se possibilita a percepção conjunta do adicional de insalubridade e
de periculosidade. Recurso de revista conhecido e provido.

(TST - RR: 61906120135120002, Relator: Mauricio Godinho Delgado, Data de


Julgamento: 16/11/2016, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 18/11/2016)

4. O referido artigo 60 da Constituição Federal, com destaque para o seu §4º, limita o poder

de reforma, especialmente com relação às garantias e direitos individuais.

Nesse sentido, em decisão do Supremo Tribunal Federal na Ação Direita de


Inconstitucionalidade nº 939-7/DF, tais preceitos foram considerados cláusula pétrea e,
portanto, imodificáveis. Outrossim, ainda em menção à referida ADIN, é possível notar que,
consoante o ministro Carlos Velloso, os direitos e garantias sociais pertencem à categoria de
direitos e garantias individuais tornando-se imodificáveis. Por fim, em específica menção ao
§4º do artigo 60 da Constituição Federal, o ministro Marco Aurélio relacionou na decisão
supracitada a continência dos direitos sociais entre aqueles classificados como individuais (DE
MORAES, 1999).

Isto posto, de maneira a complementar à proteção contida no artigo 60, §4º da Constituição
Federal, atribui-se ao caso o Princípio da Indivisibilidade, ou seja, os direitos humanos em
sua totalidade devem ser considerados sem distinção de categorias, sejam eles direitos
individuais, político, sociais e econômicos, considerando, inclusive, a interação mútua
existente entre eles. Isto posto, é oportuno mencionar o art. 5º da Convenção de Viena de
1993, assim:

“Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis interdependentes


e inter-relacionados. A comunidade internacional deve tratar os direitos
humanos de forma global, justa e eqüitativa, em pé de igualdade e com
a mesma ênfase. Embora particularidades nacionais e regionais devam
ser levadas em consideração, assim como diversos contextos históricos,
culturais e religiosos, é dever dos Estados promover e proteger todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais, sejam quais forme seus
sistemas políticos, econômicos e culturais.” (g.n.)

Destarte, conclui-se que além dos direitos individuais elencados no artigo 60, §4º da
Constituição Federal, utilizando-se no Princípio da Indivisibilidade, este preceito estende-se
também aos direitos sociais, econômicos e culturais.

Referência bibliográfica:

DE MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 1999, p.506-7


MELATTI, André Vinicius. Normas da OIT e o Direito Interno. Revista eletrônica do Tribunal
Regional do Trabalho da 9ª Região, Cutitiba-PR, v. 1, n. 3, p. 103-136, dez-2011.

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