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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITODA __ VARA CRIMINAL DO FORO

DA COMARCA DE IVOTI, RS.

INQUÉRITO POLICIAL Nº 00127485/2014

....., brasileira, solteira, advogada inscrita na OAB/RS sob nº 00.000, CPF nº


000.000.000/00, e ......, brasileira, solteira, advogada inscrita na OAB/RS sob nº 00.000,
CPF nº 000.000.000/00, ambas com escritório na Rua José João, nº 808, Centro,
Ivoti/RS, onde recebem intimações, vêm respeitosamente à presença de vossa
Excelência, nos termos do artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal e artigos 647,
648, inciso I e seguintes do Código de Processo Penal, impetrar a presente ordem de

H A B E A S C O R P U S TRANCATIVO,

em face de JOAQUIM DE ALMEIDA, brasileiro, casado, pintor, portador do RG nº.


00.000.000/SSP-RS, CPF nº. 000.000.000-00, residente à Rua Vicentino Diurca, 01,
Tristeza, Três Coroas/RS, por estar sofrendo coação ilegal emanado da autoridade
coatorao Excelentíssimo Delegado de Polícia da 4ª DPde Ivoti/RS, conforme motivos de
fato e de direito a seguir expostos:

I- DOS FATOS

A partir de denúncia anônima, proveniente do Gabinete do Vereador Tício Vieira,


da cidade de Ivoti/RS, o delegado de polícia teve conhecimento de que o paciente
estaria envolvido em um possível plano em andamento para o assassinato do prefeito
da referida cidade, Mévio dos Santos.

O paciente está sendo acusado de ser o executor do delito, ao passo que o mentor
do suposto plano de assassinato seria Manoel da Silva, vereador da cidade.

O suposto plano, adveio do fato de o prefeito da cidade de Ivoti haver proferido


decisão no sentido de que a Estrada do Lajeadão, uma localidade da cidade de Ivoti
fosse definitivamente fechada. O que viria a prejudicar a imagem política do vereador
Manoel da Silva. Tal decisão veio a prejudicar também os moradores da localidade,
visto que se tratava de uma rua que ligava o bairro ao centro da cidade.

Com base nessa denúncia anônimae nos documentos essenciais para a portaria de
instauração de inquérito policial, o delegado de polícia da cidade de Ivoti, instaurou
inquérito policial para apuração dos delitos, onde o paciente foi acusado dos delitos
previstos nos artigos 288 (associação criminosa) e 344 (coação no curso do processo)
do Código Penal, sem prejuízo de outros tantos que podem vir à lume.

Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico


de cometer crimes:
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer
interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra
pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial
ou administrativo, ou em juízo arbitral.

A denúncia se mostra infundada e eivada de equívocos grosseiros, em diversos


pontos, a citara menção ao paciente que se mostrou desconexa, porquanto, fez
referência que o mesmo encontra-se recolhido ao presídio de Novo Hamburgo,
quando na verdade esta recolhido ao presídio na cidade de CANELA.

Ademais, apontou como local de residência da vítima a cidade de Ivoti, quando


esta mora em TAQUARA.

Chama a atenção, também, o fato de a investigação ter sido inaugurada para


apurar o SUPOSTO crime que viria a lume, dias após, em 18/08/2014. Contudo, o
suposto fato criminoso NÃO VEIO A SE CONCRETIZAR.

Ocorre que o paciente está sendo investigado tendo por base suposições e não
fatos exteriorizados no mundo real. Sendo assim, impende dizer, que O PACIENTE NÃO
COMETEU DELITO ALGUM, não devendo subsistir o inquérito policial.

II- DO CONSTRANGIMENTO ILEGAL E DA FALTA DE JUSTA CAUSA

No presente caso não há dúvida que a conduta do paciente é atípica, já que,


dos elementos de prova do inquérito policial restou demonstrado no decurso deste
que o paciente não cometera crime algum, como está claramente descrito na defesa
em tela.

Excelência, não deve prosperar o prosseguimento do inquérito policial, pois não


pode o paciente permanecer incluso nas investigações do delito, vez que o mesmo
JAMAIS cometera crimes estes imputados a ele.

É de grande valia, trazer a baila que a denuncia é baseada somente em


suposições e não em fatos concretos, o que mais uma vez resta demonstrado total
ausência dos pressupostos que são imprescindíveis à caracterização do delito.

Corroborando com a tese de ausência de suporte fático probatório, a Ministra


Maria Thereza de Assis Moura, assim elucida, vejamos:

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. DENÚNCIA ANÔNIMA. INQUÉRITO


POLICIAL. ELEMENTOS INFORMATIVOS CONTRADITÓRIOS. EMBASAMENTO
FÁTICO PARA OPROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA. TRANCAMENTO
DO INQUÉRITO. POSSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. A princípio, o
inquérito policial apenas fornece elementos informativos, que se prestam para
a formação da opinio delicti do órgão acusador. Para a sujeição do indivíduo
aos rigores do processo penal é indispensável que a Polícia amealhe elementos
informativos suficientes e iluminados pela coerência - sob pena de se iniciar
uma ação penal iníqua e inócua, carente, pois, de justa causa. 2. In casu, o
inquérito policial não logrou estabelecer o,minimamente seguro, liame entre o
comportamento do paciente e as imputações. 3. Ordem concedida para
determinar o trancamento do inquérito policial n. 00127485020128260000,
em trâmite no Tribunal de Justiça de São Paulo, sem prejuízo de abertura de
nova investigação, caso surjam novos e robustos elementos para tanto. (STJ -
HC: 242686 SP 2012/0100690-5, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, Data de Julgamento: 16/04/2013, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 24/04/2013)

Assim, plenamente demonstrado o constrangimento ilegal que está sofrendo o


paciente, que deve ser imediatamente o trancamento do inquérito policial por meio
do presente Habeas Corpus, já que é inequívoca a “falta de justa causa” para o
prosseguimento da demanda.

III- DO PEDIDO

Diante do exposto, por não ter sido apurado o suporte fático probatório,
suficientemente seguro, para justificar o prosseguimento do inquérito policial, é
inviável subsistir o procedimento administrativo. Alem do mais, em face da verdadeira
coação e constrangimento ilegal, de que é vítima o paciente, vem a presente,
requerer:

a) Seja recebido e julgado procedente o pedido de HABEAS CORPUS TRANCATIVO;

b) Conceder ordem para que cesse imediatamente o constrangimento ilegal que


está sendo imposto ao paciente, arbitrando o trancamento do inquérito policial
nº 00127485/2014, em trâmite da DP da Cidade de Ivoti/RS;

Nesses termos,
pede e espera deferimento.

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