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O Filme “Amor por contrato” sob o ponto de vista da Ética

O filme “Amor por Contrato”, de 2009, apresenta um grupo de vendedores representantes de uma
grande companhia, cujo principal objetivo é alavancar suas vendas a partir da indução ao consumo
desenfreado da região de onde habitam. Para isso, os quatro vendedores assumem falsamente o papel de
uma típica família americana de classe alta, cujos costumes serão responsáveis pelo aumento do
consumismo por parte de seus vizinhos, utilizando para isso o apoio financeiro da companhia para a qual
trabalham. O filme apresenta diversos aspectos passíveis de discussão no âmbito da ética. A atitude da
companhia responsável por promover o consumo excessivo por influência na região onde os vendedores
estão alocados acaba sendo questionada por Steve, membro novato da equipe de vendedores, o qual
enxerga que seus atos foram indiretamente responsáveis pelo falecimento de seu vizinho, Larry, que, por
sua alta competitividade em relação à falsa família dos Jones, toma decisão de obter todos os produtos que
Steve mostra a ele, se endividando a um nível irreversível, fazendo com que acabe retirando a própria vida.
A partir desde ponto, entram em conflito os conceitos de Ética Pessoal e Ética Profissional. Sob o ponto de
vista da ética profissional, Steve até então realizava seus atos a partir do que a companhia determina como
o correto a ser realizado, em benefício da própria indústria. Portanto, o fazia sem questionamentos acerca
das possíveis consequências de seus atos. Como um profissional, Steve enxergava que suas atitudes eram
corretas, por até então não ter trazido consequências negativas a terceiros e por estar trazendo benefícios
para a companhia a qual prestava serviço. No entanto, após a morte de Larry, seus conceitos acerca das
suas atitudes dentro da companhia começaram a ser confrontadas sob o seu ponto de vista de ética
pessoal, que passou a enxergar que as decisões tomadas pelos seus superiores acabaram sendo
responsáveis pela morte de uma pessoa. Os benefícios atribuídos à indústria pelo aumento repentino de
vendas foram promovidos em detrimento da vida de uma pessoa, o que Steve passou a considerar
inaceitável sob o ponto de vista humanitário.
Apesar das atitudes da companhia serem completamente refutáveis, a ideia da interpretação de
uma falsa família que, com seus costumes rotineiros, acabaram induzindo a vizinhança a obter seus
produtos, mostrou-se excelente sob o panorama da indústria, tendo em vista o sucesso de vendas nas quais
essa prática estava resultando. Entretanto, é importante ressaltar que existe um limite entre o que é possível
considerar como uma ideia inovadora e o que se mostra como uma atitude completamente questionável e
antiética, por trazer malefícios permanentes a indivíduos alvos desse tipo de marketing. O exemplo do filme
mostra-se claramente como uma atitude de característico antiético no âmbito humanitário, apesar de, em
relação às vendas da indústria, conseguiu cumprir seus objetivos.
O filme apresenta um conceito chamado marketing invisível, no qual a propaganda é feita sem
parecer propaganda, ou seja, o consumidor não sabe que o produto apresentado a ele é apenas um objeto
de venda, pensando assim que a opinião da pessoa que está apresentando é real e não um vendedor
“empurrando o produto ou serviço”. Muitas pessoas, quando procuram as lojas físicas ou virtuais, acabam
buscando opiniões reais, seja de amigos, parentes ou personalidades da mídia nas quais confiam,
desconfiadas da opinião do vendedor ou do anúncio, cujo objetivo é vender o produto a todo custo. No
marketing invisível essa “barreira” do comprador-vendedor não existe, tornando mais fácil apresentar e
vender o produto. No Brasil, o Código de Defesa do Consumidor, considera que o marketing invisível pode
se tornar abusivo e enganoso, desta forma é colocado no artigo 36: “a publicidade deve ser veiculada de
tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal”.
A ideia apresentada no filme pode parecer absurda ou até mesmo exagerada ou “forçada”, porém
no momento atual que vivemos, com o crescimento da quantidade de influenciadores digitais, sejam estes
blogueiros, youtubers ou instagrammers, muitas marcas aproveitam estas celebridades emergentes para
divulgarem seus produtos por meio de permuta ou baixo custo. Muitos deles fazem questão, corretamente,
de explicitarem o caráter publicitário de uma divulgação ou opinião, enquanto que outros “maquiam” a
publicidade, enganando seu público.
Na área da Física Médica isto poderia acontecer nas vendas dos equipamentos e materiais de
proteção radiológica, onde determinadas marcas poderiam ser favorecidas sobre outras não se levando em
conta a qualidade do produto e os serviços prestados.

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