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Como Calcular o diâmetro do tambor e das

polias?

Engº Luiz Henrique Koenen

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1. Conceituação Teórica
Aqui será abordado especificamente o cálculo do diâmetro mínimo das polia e dos
tambores numa instalação de cabo de aço. Todos os métodos aqui aplicados, se baseiam na
norma DIN 15020.

Para calcular o diâmetro mínimo, se partirá de uma formula muito simples:

Dmin = h1*h2*dmin
Dmin = diâmetro mínimo da polia ou do tambor

h1 e h2 = fatores multiplicativos dependentes, os quais serão ainda explicados.

dmin = diâmetro mínimo do cabo de aço

Deve-se lembrar que todo o cálculo e procedimento se baseia no diâmetro do cabo


de aço, o qual, se supõe, já havia sido selecionado através da norma DIN 15020. E também
é necessário estar atento ao grupo propulsor que foi selecionado. Na tabela 1, em anexo,
estão os grupos propulsores divididos por classe de carga, relação da freqüência de
trabalho com carga máxima / média / menor e também pela freqüência, em horas, durante
o ano que o equipamento trabalha.

Deve-se salientar, para que não exista nenhuma dúvida, que o diâmetro calculado
através deste procedimento é o PRIMITIVO. Sendo que o Diâmetro Primitivo corresponde
a 2 vezes a distância do centro do tambor ou polia até o centro do cabo de aço, o qual já
estaria acomodado no sulco. Observe a figura abaixo:

Ilustração 1 Diâmetro Primitivo

Baseado nesses elementos e supondo que eles já foram pré-selecionados, dá-se


inicio a seleção do tambor e das polias recomendadas pela norma DIN 15020.

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Observando-se a fórmula vemos que a única complexidade são os fatores
multiplicativos h1 e h2, os quais serão esclarecidos agora.

O fator multiplicativo h1 depende do grupo propulsor e do tipo de cabo utilizado na


instalação. Todos estes fatores estão dispostos na tabela de h1 e são de fácil visualização.
Os diâmetros do tambor, da polia e da polia de compensação, não são obrigatoriamente os
mesmos, por isso deve-se ficar atento aos fatores multiplicativos. Isso pode ser observado
na tabela 2 em anexo, a qual foi retirada da norma DIN 15020.

Após determinar o fator h1, de maneira simples e objetiva, resta o h2. Este depende
do tipo de instalação na qual o cabo trabalha, ou seja, do caminho que ele faz ao longo da
estrutura. O número de polias e a forma como é flexionado, são os dados relevantes para a
sua determinação. Lembrando que a tabela 3, em anexo, correspondente ao fator h2, foi
retirada da norma DIN 15020.

A tabela é dividida em 3 grupos de acordo com a complexidade da instalação, o


que depende do fator W. O Fator W esta relacionado com os tipos de flexão que o cabo
sofre.
Se o cabo sai do tambor w=1, se o cabo passa por uma polia proporcionando uma
flexão no mesmo sentido a qual ele foi exposta anteriormente, w = 2 e se o cabo passar por
uma polia, a qual proporciona ao cabo uma flexão no sentido oposto ao anterior, w = 4.

W= w1 + w2 + w3 + …wn
Desta maneira a norma DIN 15020 subdivide os grupos, sendo que os w são
somados ao longo do trajeto e, obviamente, quanto maior o número de W, maior vai ser o
esforço por flexão do cabo. Assim, citam-se abaixo algumas possibilidades dentro de cada
grupo.

1. W <=5 (com o cabo saindo do tambor)

• 1 polia com o cabo sendo flexionado no mesmo sentido.


W=1+2=3
• 2 polias com o cabo sendo flexionado no mesmo sentido.
W=1+2+2=5
• 1 polia com o cabo sendo flexionado no sentido oposto.
W=1+4=5

2. 6<= W <= 9 (com o cabo saindo do tambor)

• 4 polias com o cabo sendo flexionado no mesmo sentido.


W=1+2+2+2+2=9
• 2 polias com o cabo sendo flexionado no mesmo sentido e uma polia com o
cabo sendo flexionado no sentido oposto.
W=1+2+2+4=9

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• 1 polia com o cabo sendo flexionado no mesmo sentido e uma polia com o
cabo sendo flexionado no sentido oposto .
W=1+2+4=7
• 2 polias com o cabo sendo flexionado no sentido oposto.
W=1+4+4=9

3. W>=10 ( com o cabo saindo do tambor )

• 6 polias com o cabo sendo flexionado no mesmo sentido.


• W = 1 + 2 +2 +2 +2 +2 +2 = 13
• 2 polias com o cabo sendo flexionado no mesmo sentido e 2 polias com o
cabo sendo flexionado no sentido oposto.
W = 1 + 2 + 2 + 4 + 4 = 13

• 1 polia com o cabo sendo flexionado no mesmo sentido e 3 polias com a


cabo sendo flexionado no sentido oposto.
W = 1 + 2 + 4 + 4 + 4 = 16
• 3 polias com o cabo sendo flexionado no sentido oposto.
W = 1 + 4 + 4 + 4 = 13

A seguir ilustrações com casos simples.

Ilustração 2 Sistema A Ilustração 3 Sistema B

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Ilustração 4 Sistema C Ilustração 5 Sistema D

Ilustração 6 Sistema E

As possibilidades de montagens dentro de cada grupo são inúmeras, basta apenas


saber determinar o valor total de W da instalação.

Após determinar o valor de W, observe na tabela e aplique o valor de h2 para o


tambor e para as polias.

Tendo em mãos os dois fatores multiplicativos, basta apenas calcular os diâmetros.


Lembrando que, se o valor encontrado for fracionário, ele deve ser arredondado sempre
para cima.

Todos os valores de diâmetros propostos pela norma DIN 15020 são


recomendações, mas como é claro, quanto maiores forem os diâmetros empregados maior
será a vida útil do cabo e quanto menores, menor será. Desta maneira fica a critério do
cliente ver a relação do custo e beneficio.

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2. Exemplo Passo a Passo
Supondo um cabo de aço não rotativo com 30 mm de diâmetro, o qual trabalha
com um grupo propulsor do tipo 2m .
No seu sistema o cabo sai do tambor, passa por uma polia que flexiona o cabo no
sentido oposto ao do tambor e depois passa por 2 polias que mantém o sentido de flexão do

cabo.
Através dos dados informados e tendo em posse as tabelas da norma DIN 15020, as
quais seguem em anexo, faremos o cálculo do diâmetro do tambor e das polias.

Usaremos a formula:

Dmin = h1*h2*dmin
Determinando h1:

Como foi descrito, o grupo propulsor do cabo é do tipo 2m e o cabo tem


características não rotativas. Desta maneira, través da tabela 2 em anexo que é a tabela de
h1 pela norma DIN 15020, tem-se o valor de h1:
Tambor Polia Polia Compensatória
20 22,4 16

Determinando h2:

Para poder determinar o valor de h2 temos antes que calcular o valor de W.

W = 1 (cabo que sai do tambor) + 4 (1 polia que flexiona o cabo no sentido oposto ao do
tambor) + (2+2) ( 2 polias que mantém o sentido de flexão do cabo )

W = 9, assim estará enquadrado no grupo 6<=W<=9.

Através da tabela 3 em anexo, que é a tabela de h2 pela norma DIN 15020, tem-se o
valor de h2:

Tambor Polia Polia Compensatória


1 1,12 1

Dispondo dos valores de h1 e h2 calcula-se os diâmetros.

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Cálculos:
h1 h2 Calculo do Dmin. Diâmetro
Tambor 20 1 Dmin = 20*1*30mm = 60mm 600 mm
Polia 22.4 1.12 Dmin = 22.4*1.12*30mm = 752,64mm 753 mm
Polia compen. 16 1 Dmin= 16*1*30 = 480 mm 480 mm

Após aplicar a norma DIN 15020, observando os dados da instalação e do cabo,


chega-se aos diâmetros recomendados para dar uma vida útil longa ao sistema em questão.

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3. Anexos
Tabela 1 Grupo Propulsor ( tabela 1, pg. 164 norma DIN 15020).
h2
ORDEM Símbolo V006 V012 V025 V05 V1 V2 V3 V4 V5
DE TEMPO ---------------------------- ------------
-
------------ ------------ ----------
-
---------- -----------
-
----------- -----------
-
----------
0,126 >0,25 >1 >4 > 16
DE OPERAÇÃO tempo médio por até >0,5 >2 >8
EM HORAS dia e durante 1 ano 0,125 -0,25- - 0,5 - 1 - 2 - 4 - 8 - 16
N Qual. Explicação GRUPO PROPULSOR
º
1 pouca
carga frequência de 1Em 1Em 1Dm 1Cm 1Bm 1AM 2m 3m 4m
↑ leve carga máxima
2 frequência
CLASSE carga equilibrada de
DE de cargas 1Em 1Dm 1Cm 1Bm 1Am 2m 3m 4m 5m
CARGA meio menores,
peso médias e
máximas
quase sempre
↓ 3
carga cargas 1Dm 1Cm 1Bm 1Am 2m 3m 4m 5m 5m
pesada máximas
Quando o ciclo operacional demora 12 minutos ou mais, o propulsor de cabo poderá ser
enquadrado numa escala abaixo do grupo propulsor determinado pela classe de carga e
pela ordem de tempo de operação.

Tabela 2 (tabela 4 pg. 166 norma DIN 15020)


h1
Grupo Tambor Polia Polia de Compensação
propulsor Cabo Rotativo Cabo N-rotativo Cabo Rotativo Cabo N-rotativo Cabo Rotativo Cabo N-rotativo
1Em 10 11,2 11,2 12,5 10 12,5
2Dm 11,2 12,5 12,5 14 10 12,5
1Cm 12,5 14 14 16 12,5 14
1Bm 14 16 16 18 12,5 14
1Am 16 18 18 20 14 16
2m 18 20 20 22,4 14 16

3m 20 22,4 22,4 25 16 18
4m 22,4 25 25 28 16 18
5m 25 28 28 31,5 18 20

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Tabela 3 (tabela 5 pg.168 norma DIN15020))
h2
W Tambor Polia de Compensação Polia
Até 5 1 1 1
De 6 até 9 1 1 1,12
A partir de 10 1 1 1,25

Engº Luiz Koenen


KRK HIDROSERV LTDA.
Belo Horizonte - MG, 05.08.2005

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