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3 INTRODUÇÃO
4 UNIDADE 1 - Politeísmo
7 UNIDADE 2 - Hinduismo
10 UNIDADE 3 - Budismo
14 UNIDADE 4 - Religiões Africanas
17 UNIDADE 5 - Mitraismo
19 UNIDADE 6 - Judaismo
22 UNIDADE 7 - Cristianismo
UNIDADE 8 - A Bíblia

SUMÁRIO
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31 UNIDADE 9 - Islamismo
34 REFERÊNCIAS
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INTRODUÇÃO

Durante toda a História das civilizações,


o homem produziu cultura, representando
de diversas formas suas relações sociais,
suas relações com o meio físico e também,
e principalmente com o imaterial.

Tentar compreender o que move a vida,


a origem das fatalidades e das alegrias,
crer na existência de um poder sobre-hu-
mano que tudo criou e tudo ordena, cor-
respondem à características de todas as
sociedades.

Tanto na antiguidade asiática, quanto


africana ou européia, religiões se forma-
ram, com o intuito de auxiliar os homens,
na orientação de seu pensamento e de
sua conduta. Alguns destes códigos reli-
giosos, porém, marcaram profundamente
suas sociedades e mesmo seu tempo.

Observaremos aqui, algumas destas


religiões, com o intuito de buscar uma me-
lhor compreensão das semelhanças que
nos aproximam, bem como, das particula-
ridades, que nos identificam.
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UNIDADE 1 - Politeísmo

Imagem de QUESNEL, Alain. O Egito. Mitos e Lendas.

Por Ivete Batista da Silva Almeida 1. Nas sociedades primitivas, a força


criadora era concebida como a própria
Tanto os estudos que envolvem a His-
força da natureza atuando sobre a maté-
tória da Cultura quanto aqueles que en-
ria; assim, tudo aquilo que ultrapassasse
volvem a Antropologia, e mesmo a Psico-
a compreensão ou a capacidade de ação
logia, estão em acordo ao concluir que, as
e intervenção humana, era interpretado
sociedades humanas, desde os primór-
como produto da vontade de uma divin-
dios, ao organizar-se, estabelecem pa-
dade.
râmetros e princípios não somente para
a compreensão do mundo material, mas Nessa perspectiva, consideramos
buscam também a compreensão de sua como sendo religião, não apenas o con-
própria existência. Esta experiência, da junto de crenças que ordenam a atitude
busca pela compreensão do ser; do exis- de crer na existência de forças divinas
tir; leva o homem a uma busca por algo
que ele entende ser maior, mais forte 1- Ivete Batista da Silva Almeida é mestre em História Social
pela Universidade de São Paulo e doutoranda em História pela
que ele próprio, a experimentar o senti- mesma instituição. Atualmente atua como coordenadora no
projeto de EAD da Universidade Federal de Uberlândia e como
mento religioso. docente da Faculdade Católica de Uberlândia.
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que submetem a vontade humana. As um meio de explicar o rito, como um


religiões, independentemente do tempo aition: essa palavra grega, que ser-
e do espaço sócio-geográfico em que se viu de título a toda uma coletânea de
tenham desenvolvido, teriam como ca- Calímaco e a duas de Plutarco (uma
racterística comum o reconhecimento sobre os costumes gregos, outra so-
do sagrado e da existência de uma força bre os costumes romanos)” (1988,
sobre-humana, que submete o destino p.06)
e a vontade dos homens, dessa forma,
Assim, sendo, em relação, apenas ao
entende-se por religião a expressão cul-
aspecto mitológico, poderíamos apontar
tural de uma sociedade composta por
que as religiões politeístas apresenta-
um corpo organizado de rituais e cren-
riam:
ças que ultrapassam a interpretação da
realidade concreta e material; enquanto MITOLOGIA: O estudo dos mitos. Nem
que, por sua vez, a experiência religiosa, toda religião está ligada a uma mitologia,
configurar-se-ia, nesta perspectiva, em mas as religiões de caráter politeísta e
um momento, no qual o indivíduo toma antropomórfico oferecem, em princípio,
consciência, presta tributo e submete-se à imaginação mítica, matéria própria.
a esse poder superior, do qual um ou vá-
rios entes são os detentores.
MITO: É uma narração poética, refe-
rente ao nascimento, vida e feitos dos
Para que possamos prosseguir, é im- antigos deuses e heróis dos primórdios.
portante, contudo, diferenciarmos reli-
gião e mitologia. O conjunto de histórias
LENDA: Relato transmitido pela tradi-
ção.
que envolvem os deuses e a criação do
mundo não pode ser confundido com as ORIGEM DOS MITOS: O pensamento,
crenças e as práticas que levam inter- nas sociedades antigas, estruturava-se
namente o indivíduo a experimentar o em torno da compreensão dos fenôme-
sentimento religioso. Assim sendo, se nos como produtos de uma vontade. Os
pensarmos, por exemplo, no politeísmo mitos seriam a narrativa que atende à
grego, a religião não estaria represen- explicação, à descrição dos fatos que en-
tada pelos mitos sobre os deuses olímpi- volveriam a vontade e as paixões divinas,
cos, mas sim representada pelas práticas responsáveis pela formatação do mundo
dos mistérios. Conforme Fernand Robert: e dos fenômenos naturais como os co-
nhecemos (cosmogonia)
“A religião não está no que se con-
ta, mas no que se faz. O que se faz, FONTE DA MITOLOGIA: Baseia-se
melhor ainda do que se conta, dará no legado oral, ou por vezes, no legado
lugar a comparações com outros po- de antigos poetas, que dedicaram sua
vos; mas, em vez de comparar mitos obra à transposição escrita - em formato
compararemos ritos. Não é somente de prosa ou poema – dos mitos e lendas
na Grécia que houve festas onde se que descreviam o surgimento da vida, do
acendiam fogueiras. O mito apare- mundo, e da própria ordem da natureza.
cerá frequentemente, então, como Citamos, dentre esses, Homero, Hesío-
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do, para a mitologia grega e o legendário


Vyasa, para a hinduísta.

QUANTO AOS DEUSES: Em alguns


panteões politeístas, encontramos di-
vindades que eram representadas em
uma forma humana (antropomórfica); em
outras, os deuses assumiam tanto carac-
terísticas físicas, tanto humanas quanto
animais (antropozoomórfica); ou mesmo
somente a forma animal (zoomórfica).
Possuíam, via de regra, uma história pes-
soal. No politeísmo, cada deus tem uma
trajetória de vida, que lembra a trajetó-
ria da vida dos homens: os deuses nas-
cem, crescem, passam por provações,
casam-se, lutam em batalhas, ferem-se,
têm filhos e mesmo, morrem. Em muitas
mitologias, encontramos a figura do “pai
dos deuses”, um deus maior, em torno de
quem, todos os outros se reúnem.

SACRIFÍCIOS: Os povos primitivos e po-


liteístas adoravam os deuses através de
oferendas, cultos, rituais que, geralmen-
te, comportavam sacrifícios de animais
ou de seres humanos. Podemos entender
que, conforme a característica do deus
que se pretende agradar, ou “aplacar a
fúria”, uma oferenda ou sacrifício à altu-
ra era planejado. Poderíamos, alegorica-
mente associar a oferta de alimentos e
adornos, ao agradecimento; já o sacrifico
de animais e mesmo o sacrifício humano,
ligado à necessidade de conquistar o fa-
vor dos deuses em relação a uma situação
crítica – seca, enchente, fome, guerra,
erupção vulcânica – que, dentro daquela
perspectiva, só poderia ser contornada
com o auxílio do poder divino.
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UNIDADE 2 - Hinduismo

dia, àquela mais antiga, praticada no vale,


desde os primórdios, formaram-se as ba-
ses do hinduismo.

O hinduismo em suas origens envolve


tanto um conjunto de práticas e crenças
que o caracterizam como uma religião
quanto um conjunto de pensamentos e
princípios que formam vertentes das fi-
losofias de origem védico/hindus, bem
como das seitas de devoção, Bhakti.

Segundo Heirich Zimmer,

“A filosofia hindu ortodoxa surgiu


da antiga religião dos Vedas. Origi-
Vishnu, Brahma e Shiva. Imagem: Bhagavad Gita. nalmente, o panteão védico – com
sua hoste de deuses – representava
Na verdade, tendo por nome verdadei-
o universo onde se projetavam as
ro sanatana dharma, ou “o ensinamento
experiências e ideias do homem so-
perpétuo”, esta religião de origem indiana
bre si mesmo. As características hu-
passou, segundo Anita Ganeri, no século
manas de nascimento, crescimento
XIX, a ser conhecida por estudiosos euro-
e morte, e o processo de geração,
peus como “hinduismo”, em razão de ter
eram projetados sobre o acontecer
sido observada e analisada entre as po-
cósmico. As luzes do céu, os varia-
pulações indianas; ou seja, hindus, como
dos aspectos das nuvens e das tem-
assim os chamavam os antigos persas.
pestades, das florestas, das cadeias
Embora seja sabidamente uma das mais de montanhas e do curso dos rios,
antigas religiões da Terra, não há dados as propriedades do solo e os mis-
exatos que demonstrem o período de sur- térios do mundo subterrâneo eram
gimento do hinduismo. Calcula-se que seu entendidos e tratados com referên-
aparecimento date de aproximadamente cia às vidas e relações dos deuses,
4000 anos atrás, quando da ocupação do os quais, por sua vez, refletiam o
vale do Rio Indo pelas primeiras civiliza- mundo humano. Estes deuses eram
ções da região. A civilização originária do super-homens dotados de poderes
Vale do Indo, ocupante do Vale do indo em cósmicos , e podiam ser convidados
tempos remotos, deixou o vale por volta a participarem de uma festa através
de 2000 a.C. e somente em torno de 500 de oblações. Eram invocados, adu-
a.C. é que os árias, os novos ocupantes lados, propiciados e comprazidos.”
da região, chagariam à Índia. Misturando (2000, p. 238)
a sua religião, trazida do noroeste da Ín-
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Não há um único roteiro fechado, um mente aos maus resultados e obstáculos


receituário para a conduta do fiel e para a da vida, como interpreta o senso comum.
prática do hinduismo, há várias formas de Para o pensamento hinduísta, o karma
praticá-lo, porém, todas partem dos mes- nada mais é do que o conjunto composto
mos princípios: pelas ações dos homens e suas reações.

1) A crença no Dharma, “o caminho para Os hindus acreditam na existência de


a verdade superior”; “a doutrina”, forma um espírito supremo, segundo Zimmer:
de doutrina moral que se remete à condu-
“O eu da tradição ariano-védica, o
ta adequada para que se possa alcançar a
Ser Universal, habita o indivíduo e é
salvação;
o que dá vida. Transcende tanto o or-
2) A crença na reencarnação, que sig- ganismo denso de seu corpo como o
nifica que a alma renascerá em um corpo organismo sutil de sua psique, carece
humano ou animal, após a morte. A alma de órgãos sensoriais próprios pelos
renasceria inúmeras vezes, até realizar quais possa atuar e experimentar,
sua verdadeira missão. Este ciclo de vida e não obstante, é a força vital que o
e morte, contínuos, chama-se samsara. torna capaz de agir.” (2000, p.281)
Para um praticante do hinduismo, o ob-
Dessa forma, o Brahman, o poder sa-
jetivo central que move todas as almas
grado, o Eu universal, manifesta-se, no
é libertar-se do samsara, para alcançar a
hinduísmo, na forma de três principais di-
moksha, a salvação.
vindades:
3) A crença na necessidade de trilhar um
BRAHMA – Seus domínios estender-
caminho que o leve a alcançar a moksha,
-se-iam pelos quatro cantos da Terra. É o
a salvação. Para os preceitos hinduístas,
criador do universo e o deus da sabedoria,
existiriam quatro principais caminhos a
tendo por esposa Sarasvati, a deusa das
serem trilhados para alcançar a moksha,
artes. Enquanto seu esposo monta um
segundo Ganeri:
ganso, Sarasvati monta um pavão (ou um
* O caminho da devoção – oração, culto cisne).
e devoção a um deus pessoal;
VISHNU – O protetor do universo, sua
* O caminho do conhecimento – estu- montaria é a grande águia Garuda; na qual
do e aprendizado, sob a orientação de um cavalga ao lado de sua esposa, a deusa
guru; Lakshmi, a deusa da beleza.

* O caminho das boas ações – agir de- SHIVA – O destruidor. Aqui, na figura
sinteressadamente, sem nenhuma inten- de Shiva, devemos entender a destrui-
ção de obter recompensa para si mesmo; ção como parte do ciclo de nascimento e
morte que envolve a tudo o que faz parte
* O caminho da ioga – ioga e meditação
deste mundo terreno. Shiva é sempre re-
4) A crença na existência do karma. presentado dançando, como forma de re-
Importante entender que o conceito de presentação do fluir da energia vital. Sua
karma, no hinduismo, não se refere unica- montaria é Nandi, o touro branco. Sua es-
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posa, a deusa Parvati é venerada sob dife-


rentes manifestações: como deusa-mãe;
como Kali, a deusa da destruição; e como
Durga, a deusa da guerra.

Conforme Ganeri:

“Para salvar o mundo, Vishnu tem


de vir à terra dez vezes, em dez for-
mas diferentes, ou avatares:

Matsya, o peixe;
Kurna, a tartaruga;
Varaha, o porco;
Narasimha, o homem-leão
Vamana, o anão;
Parashurama, o guerreiro
Senhor Rama
Senhor Krishna
Buda

Kalki, o ginete do cavalo branco,


que ainda está por vir.”

(1998, p.17)

Embora não haja um livro sagrado que


represente sozinho o pensamento hindu-
ísta, os princípios da busca pela ilumina-
ção, no hinduismo, estão expressos em
alguns livros sagrados; como o Rig Veda,
o Mahabharata, o Bhagavad Gita, o Ra-
mayana, os Upanishads.
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UNIDADE 3 - Budismo

Imagem: Grandes Impérios e Civilizações. A China. Ediciones Del Prado

Nascido igualmente na Índia, temos o luxo e a riqueza em que vivia, adotando


também o budismo. Este, conforme o pro- uma vida de asceta. Praticou o ioga e ou-
fessor Dr. Ricardo Mário Gonçalves, não é tras práticas ascéticas mais profundas e
bem uma religião no sentido ocidental do extremas. Segundo a lenda, meditou por
termo, pois não se preocupa com deuses e muito tempo, sentado embaixo de uma
profetas. A preocupação básica do budis- figueira - a árvore Bo. O próprio termo
mo é a plena realização da personalidade Bo, deriva de bodhi, do Pali, ”iluminação”
humana através do desenvolvimento da - quando finalmente teve a iluminação e
sabedoria e da compaixão. No budismo, compreendeu a solução para a libertação
embora exista a aceitação da existência do samsara.
de seres sobre-humanos, estes não pos-
Após o vislumbre da verdade, teria se-
suem atributos ligados à criação, a salva-
guido caminho, encontrando cinco jovens,
ção ou julgamento.
que teriam ouvido a revelação, tornando-
O budismo pode ser definido como um -se os primeiros seguidores do mestre. O
princípio religioso, ou mesmo como uma Buda teria então vivido a partir daquele
filosofia, baseada nos ensinamentos de momento pregando a verdade e o cami-
Siddhartha Gautama, ou Sakyamuni, o nho; transmitiu sua doutrina de maneira
Buda, o sábio da casta guerreira dos ksa- oral, não tendo escrito nada.
triyas, que teria vivido entre 563 e 483
a.C., na Índia.
Dos vários elementos que compõem
a doutrina do budismo, um é funda-
Conforme sua lenda de formação, Sid- mental; é conhecido como o princípio
dhartha, fora um príncipe; sua vida teria das Quatro nobres verdades:
sido de luxo e conforto, sendo que seu
pai, não medira esforços para evitar que 1) A primeira nobre verdade: “(...) esta
o filho entrasse em contato com os sofri- é a nobre verdade do sofrimento: nasci-
mentos da vida: a miséria, a doença, a dor, mento é sofrimento, envelhecimento é
a fome, a morte etc. Contudo, por volta sofrimento, enfermidade é sofrimento,
dos 29 anos, o belo jovem teria visto as morte é sofrimento; tristeza, lamentação,
agruras do mundo e desejado abandonar dor, angústia e desespero são sofrimento;
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a união com aquilo que é desprazeroso é ferentes correntes retiram os textos que
sofrimento; não obter o que queremos é lhes servirão como guia. São eles a Sutra
sofrimento; em resumo, os cinco agrega- Pitaka (discursos de Buda), Vinaya Pitaka
dos influenciados pelo apego são sofri- (conjunto de texto sobre regras de con-
mento. (...)” duta dos monges) e a Abhidharma Pitaka
(sobre os aspectos filosóficos do pensa-
2) A segunda nobre verdade: “(...) esta
mento de Buda).
é a nobre verdade da origem do sofrimen-
to: é este sentimento que conduz a uma A partir daí, o budismo se expande pelo
renovada existência, acompanhado pela Oriente, formando, dentre as principais
cobiça e pelo prazer, buscando o prazer linhagens a Theravada ou Hinayana (pe-
aqui e ali; isto é, o desejo pelos prazeres quena barca) no Sri Lanka – onde o rei
sensuais, o desejo por ser/existir, o desejo ordenou a construção do grande templo
por não ser/existir...”. Mahavira, centro do budismo hinayana
durante séculos - Tailândia e Península
3) A terceira nobre verdade: “(...) esta
Malaia; e o Mahayana (a grande barca) na
é a nobre verdade da cessação do sofri-
China, Vietnã, Tibete, Coréia e Japão.
mento: é o desaparecimento e cessação
sem deixar vestígios daquele mesmo de-
sejo, o abandono e renúncia à ele, a liber-
A Difusão do Budismo
tação dele, a independência dele. (...)” Partindo da região de seu surgimento,
o budismo espalhou-se para outras partes
4) A quarta nobre verdade: “(...) esta
da Índia.
é a nobre verdade do caminho que conduz
à cessação do sofrimento: é este nobre Durante o reinado de Asoka, o budismo
caminho óctuplo: entendimento correto, gozou de grande prestígio, pois o próprio
pensamento correto, linguagem correta, rei havia se convertido. Após seu proces-
ação correta, modo de vida correto, es- so expansionista, que transformaria o
forço correto, atenção plena correta, con- território de seu império numa extensão
centração correta. (...)”http://pt.wikipedia. muito próxima do que é a Índia de hoje, o
org/wiki/Budismo
rei resolvera governar a partir de precei-
Não existe no budismo, um livro sagra- tos budistas: construiu hospedarias para
do que norteie o pensamento e a conduta os viajantes, tratamento médico a huma-
dos fiéis, como é a Bíblia para os cristãos nos e animais; aboliu a tortura e a pena
ou o Corão para os muçulmanos; contudo, de morte. Substituiu a caça - como lazer
os ensinamentos do Buda, já por volta do da família real - pela peregrinação em lo-
século I a.C., começavam a ser registra- cais budistas. Com o objetivo de levar o
dos. Estas transcrições foram realizadas budismo a outras regiões, o rei Asoka te-
primeiramente no Sri Lanka, constituin- ria enviado emissários para Síria, Egito e
do-se assim, o Cânone Páli, que confere Macedônia. Chegando o império mauria
aos textos do Sri Lanka o reconhecimento ao final, por volta do século II a.C., a Índia
como os textos mais fiéis aos ensinamen- foi então dominada pelos Sunga e depois
tos do Buda. Esta coleção de transcrições pelos Kanva, que foram perseguidores do
é chamada de Tripitaka, é dela que as di- budismo. Durante a dinastia gupta (320 –
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540) os monarcas favoreceram o budismo Bakufu (1185-1333), o budismo populari-


e o hinduismo. Em meados do século VI, zar-se-ia, principalmente com o surgimen-
os hunos invadiram o noroeste da Índia, to de escolas como a Terra Pura, também
destruindo inúmeros mosteiros budistas. chamada de escola Shin, fundada no Ja-
Seria, contudo, a partir do século XII que o pão, no século XIII, pelo mestre Shinran e
budismo entraria em forte declínio devido com a escola Zen.
a vários fatores, dentre eles, o revitalismo
O budismo Zen enfatiza basicamente a
hindu e principalmente pela presença mu-
meditação, enquanto que o budismo shin
çulmana entre os séculos XII e XIII.
enfatiza o nenbutsu (contração do man-
tra “nanmu amida butsu”, ou seja “Buda e
O Budismo Na China eu somos um”, o Buda da luz infinita, in-
O budismo na China teria chegado ainda teligência, da felicidade e do amor. A prá-
durante o período da dinastia Han. Segun- tica do nenbutsu implica salvação pelas
do a tradição, o imperador Ming-Ti, teria ações).
avistado um ser dourado voando pelos
Mas, o que significaria a palavra “zen”?
céus do palácio, identificando o misterio-
Em japonês, “zen”, tem o mesmo significa-
so ser com o Buda indiano, teria ordenado
do que “ch’an” em chinês; “jhana” em páli;
que seus emissários fossem até a Índia e
“dhyana” em sânscrito; ou seja, significa
trouxessem quem lhe pudesse ensinar
meditação estática e dinâmica – não só a
a doutrina. Seria, contudo, somente du-
quietude estática, mas também a quietu-
rante as dinastias Wei e início da dinastia
de em meio à multiplicidade.
Tang, entre os séculos V e VI que o budis-
mo criaria força na China, expandindo-se “O budismo zen é uma corrente budis-
ali tanto as escolas indianas, quanto sur- ta chinesa resultante do encontro entre a
gindo escolas próprias chinesas. atitude contemplativa do Budismo India-
no com a mentalidade prática, objetiva e
O Budismo no Japão até certo ponto antimetafísica que pre-
domina na cultura chinesa. Reza a tradi-
Entre os séculos IV e VIII, o budismo
ção que o zen chegou à China, trazido por
desenvolveu-se na China e também na
Bodhidharma, monge indiano que chegou
Coréia e, a partir desta sua expansão, te-
à região de Cantão por via marítima, por
ria sido introduzido no Japão. O momento
volta de 520.” http://pt.wikipedia.org/wiki/Bu-
mais importante, para o desenvolvimen-
dismo
to do budismo, em terras japonesas, teria
sido durante o século VI, quando Shotoku O budismo shin enfatiza duas “leis”: a
Tenno declara o budismo a religião oficial da interdependência e a da impermanên-
do reino. Entre os séculos VI e XII, porém, cia. Caberia ao homem compreender o
o budismo manteve-se como uma religião princípio da unicidade entre as criaturas
da aristocracia, sendo o xintoísmo a reli- deste mundo, pois para o pensamento
gião mais praticada pelas camadas popu- shin “toda a humanidade e eu somos um”
lares. A partir da primeira fase do domínio (“não existe ‘esposa’, se não existir um
militar dos shogun, durante o Kamakura ‘marido’”. Haveria, portanto uma grande
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interdependência entre os pares de opos- príncipe tibetano de então, toma o poder


tos, pois um não pode existir sem o outro). e torna-se líder espiritual e temporal do
O nenbutsu é a unidade entre o sujeito e Tibete. A partir dessa data, até a invasão
o objeto. chinesa em 1958, o Dalai Lama seria reco-
nhecido como líder espiritual e temporal,
Quanto ao princípio da impermanência,
de fato o governante do Tibete.
estaria ligado à compreensão da fugaci-
dade dos sentimentos, dos medos e das
paixões; associa-se, portanto à quarta
nobre verdade, exposta pelo Buda, para a
cessação do sofrimento: o caminho óctu-
plo:

- entendimento correto,
- pensamento correto,
- linguagem correta,
- ação correta,
- modo de vida correto,
- esforço correto,
- atenção plena correta,
- concentração correta

O Budismo No Tibete
Inicialmente, entre os séculos VII e VIII,
o budismo teve pequena penetração no
Tibete, sofrendo grande represália da
religião local, o Bon, uma antiga religião
xamânica local, que partia do princípio de
que todos os seres vivos possuiriam alma.

A partir do século XI, o budismo ganha-


ria maior projeção no território tibetano,
para daí, com maior aceitação. Surgem
quatro fortes escolas budistas no Tibete:
Sakyapa, Kagyupa, Nyingmapa e Gelugpa.
O budismo tibetano (gelugpa) estende-
-se para além do Tibete e em 1578, o im-
perador mongol Alta Khan converte-se,
concedendo o título de Dali Lama ao líder
religioso do budismo gelugpa.

Em 1641, com o auxílio dos mongóis,


o quinto Dalai Lama enfrenta e derrota o
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UNIDADE 4 - Religiões Africanas

a partir de análise perceber também, al-


guns pontos de contatos entre elas, como
aponta Jostein Gaarden, em seu O livro
das Religiões:

Na maioria das tribos existe a


crença num deus supremo, embora
este receba muitos nomes. Normal-
mente associado ao céu, é ele que
Máscara tribal. concede a fertilidade, e em alguns
Imagem disponível em monomito.wordpress. mitos é representado ao lado da
com/2006/07/ deusa associada à terra.

Foi esse deus supremo que criou


As Religiões Africanas Pri-
todas as coisas vivas, os animais e o
mais ser humano. Foi ele ainda o respon-
sável pelos decretos que regulam a
“(Em África) a religião adquire-se
sociedade, pelos costumes a que a
ao nascer como um direito de primo-
tribo tem o dever de obedecer. Com
genitura (por exemplo); não há con-
frequência ele é também o deus do
versão no sentido que se dá a esse
destino, que governa a vida dos se-
termo no Ocidente”.(Grandes Impé-
res humanos e controla a boa ou a
rios e Civilizações, p.31) .
má fortuna da tribo. (2005, pág.83)
Também chamadas de tradicionais ou
Em geral, o deus supremo não é incomo-
primitivas, são estas religiões caracteri-
dado pelos pedidos dos fiéis; estes se reme-
zadas por não apresentarem um conjunto
tem aos deuses menores e aos espíritos dos
de obras escritas. Justamente por conta
antepassados para intercederem em seu
dessa característica, nosso conhecimento
favor em caso de necessidade.
sobre elas, tem por base os relatos de eu-
ropeus e muçulmanos que registraram os Quanto aos espíritos dos ancestrais, es-
costumes e práticas sociais de vários po- tes corresponderiam aos adultos de uma
vos africanos. Embora nos revelem muito família que já faleceram. Os chefes da famí-
sobre o passado da África, tais registros, lia, os patriarcas são os espíritos ancestrais
não escapam de algumas impressões per- mais respeitados, isso porque, para a maio-
meadas pelo olhar etnocêntrico. ria das religiões primais, haveria, também
no mundo espiritual, uma divisão de status,
Originárias das sociedades tribais, as
dessa forma, o espírito do homem-comum
religiões primais seriam várias no espaço
teria menos poder de intervenção que o de
do continente africano; apresentando ca-
um antigo chefe da tribo, já falecido.
racterísticas que as diferenciam entre si
tornando-as únicas, embora possamos, Em vida, a função do chefe não seria so-
15

mente política, o chefe é também, na maio- ou seja, a crença na existência de espíritos


ria das vezes, o sacerdote supremo, o elo que habitariam a natureza e todo o mundo
entre os vivos e os mortos, responsável material. Já foi definida também como uma
por presidir diferentes tipos de cerimônias, visão mágica, em função da presença das
porém não cumpre esta tarefa sozinho, ao cerimônias e amuletos. Mas hoje, os antro-
seu lado tem o auxílio dos curandeiros, que pólogos tendem a definir essa compreen-
além de cuidar das doenças do corpo, teria são africana do mundo como “um conjunto
também por função cuidar das doenças pro- de religiões que partem do princípio da exis-
vocadas pelos maus espíritos, em geral, por tência de uma ‘força vital”. Esse termo tenta
meio de magia. englobar o princípio ordenador das cren-
ças que vêem tanto os seres da natureza
Para a maioria das religiões africanas pri- como portadores de alma, quanto àquelas
mais, a magia seria um mal a ser combatido. que crêem na intervenção dos antepassa-
Os feiticeiros e feiticeiras, seriam os res- dos como protetores de seus descenden-
ponsáveis por “influenciar os acontecimen- tes aqui na terra. Nessa visão religiosa do
tos aliciando os seres espirituais ou ativan- mundo e da vida, as diferentes religiões se
do forças naturais ocultas”, como explica colocam lado a lado na crença de que não há
Gaarden. morte, tudo na natureza renasce e mesmo
Assim, nas sociedades africanas, a ideia os homens, ao morrerem, não deixam o clã,
da manipulação e interpretação da nature- passam a ter uma nova função numa vida
za para o bem coletivo era vista como algo imaterial.
necessário, contudo, a manipulação das for- “Nas ofertas costuma atuar como
ças da natureza para o mal não era tolerada. sacerdote o chefe de família ou do
Dois seriam os princípios da magia: par- clã, mas se há altar, fazem nele os
tindo da ideia de que existem forças que seus sacrifícios e, por vezes, é aten-
nos unem e nos submetem, haveria a cren- dido por sacerdotes profissionais,
ça na capacidade dos “iguais se atraírem”, plenamente dedicados ao culto. Em
como por exemplo, chamar a chuva, imitan- quase todas as sociedades há um
do o som da chuva; bem como a crença de especialista em matérias religiosas
que a á conexão entre a parte e o todo; ou muitas vezes denominado ‘médico
seja, posso influenciar uma pessoa estando bruxo’. As suas funções não consis-
de posse de fios de seus cabelos. tem na prática da feitiçaria, mas em
descobrir a origem do mal em todas
Na busca pelo equilíbrio entre o homem e as suas formas e em aconselhar-se
as forças divinas e espirituais, vários rituais sobre a maneira de se ver livre dele.
de adivinhação e também rituais de passa- Por vezes, trata-se de uma pessoa
gem são realizados, por jovens e adultos, que também conhece as virtudes
com o intuito de alcançar o esclarecimento das ervas e faz as vezes de curandei-
e a fortuna. ro. (Para essas culturas) o mal pode
Essa compreensão religiosa da vida, já foi proceder de antepassados descon-
definida, pelos pesquisadores europeus do siderados, de espíritos malévolos ou
século XIX como sendo uma visão animista, de bruxas. Estas últimas costumam
16

ser correntes, fazendo parte da co- Olorun ocupa esse lugar entre os yo-
munidade, que podem ter, herdado rubá. Na região dos grandes lagos o
o seu poder ou ter-se tornado bruxas deus supremo é o todo-poderoso e
involuntariamente, por ciúmes, ódio onipresente Mulungu.” (Giordani, p.
ou inveja. A eliminação da bruxaria 160)
é importante, dado que a bruxa não
Além do deus-criador, haveriam os deu-
sabe por vezes que embruxou a pes-
ses secundários ligados às forças da natu-
soa em questão. No mundo africano,
reza – o trovão, os raios, a terra, as águas
não é possível separar totalmen-
etc – existindo ainda os gênios que seriam
te a magia e a bruxaria da religião.”
como espíritos que vagam pela terra po-
(Grandes Impérios e civilizações, p.
dendo ter diferentes comportamentos
33)
desde roubar comida, a revelar segredos
No caso das religiões africanas, a crença ou mesmo proteger a aldeia. Também al-
na existência de um único princípio criador guns animais representariam espíritos
para tudo o que existe facilitou em muito protetores, como o crocodilo – para egíp-
a aceitação tanto do islamismo quanto do cios e mandingas – as cobras gigantes e as
cristianismo entre os povos africanos. tartarugas. Também os astros seriam con-
“Os atributos dessa divindade su- siderados divindades - como entre os pri-
prema são imprecisos. Deus (para meiros povos da atual Etiópia – sendo o Sol
eles) reside muito longe, quer além e a Lua os mais importantes dentre eles.
do firmamento, que nas profunde- Tal como as religiões tradicionais que
zas. Este distanciamento é, em cer- eram diversas, porém com uma lógica se-
tos mitos, a punição de uma falta melhante, os cultos também possuíam
humana, pois houve um tempo em particularidades e pontos em comum. Um
que Deus e o céu estavam ao alcan- desses pontos comuns era a existência dos
ce do homem. Mas a consequência sacrifícios. A função desse era sempre a de
deste distanciamento de um Deus transferir forças, não apenas ao sacrifica-
impessoal, todo-poderoso, que não dor, mas a todo o grupo a que ele pertencia.
tem necessidade de nada e (acres- Acompanhando o sacrifício, as cerimônias
centam alguns) infinitamente bom, eram sempre marcadas pelo canto e pela
portanto não podendo fazer o mal, é dança.
que a religião quase nunca se dirige a
ele. (Para eles) Deus não tem neces- Num mundo compreendido como um
sidade dos homens. Entre os Dogon, campo envolto por tanta magia, a figura
Amma, o deus criador, possui um lu- dos sacerdotes, adivinhos e curandeiros,
gar especial no culto: cada chefe de seria sempre muito importante, esten-
família oferece-lhe sacrifício. Para dendo-se a função desses personagens a
os bambara, Faro, o deus superior, várias instâncias da vida cotidiana, como:
criou-se a si mesmo do caos original, prever problemas, detectar doenças, en-
venceu o deus da terra, Pemba, e or- contrar curas e localizar feiticeiros e feiti-
ganizou o mundo. Entre os achanti, ceiras.
Nyamé ou Nana é o deus supremo.
17

UNIDADE 5 - Mitraismo

gio – espécie de touca, utilizada pelos es-


cravos gregos libertos; a presença deste
adereço, na imagem de Mitra, simbolizaria
portanto a liberdade – uma faca - com a
qual cortou as folhas da árvore para tecer
suas roupas - e uma tocha, para iluminar-
-lhe o caminho, pois Mitra, embora não
seja o próprio Sol, é contudo senhor da
Luz (genitor luminis). Em outras versões
do mito, o nascimento de Mitra, dar-se-ia
dentro de uma caverna, o que justifica o
fato dos rituais que celebram Mitra acon-
tecerem nos mithraeum (cavernas). Após
o seu nascimento, Mitra teria sido adora-
Cena da tauroctonia. Imagem disponível em wiki- do pelos pastores da região, com os quais
pedia.keny.org/pt/wiki/Mitra%C3%ADsmo.html conviveu durante muito tempo.

Religião antiga, de origens indianas, Certa vez teria Mitra encontrado, o tou-
tendo sido difundida com maior força pela ro primordial, com o qual travara grande
Pérsia, a partir do II milênio a.C. Possui um batalha. Agarrado aos chifres do animal,
grande conjunto de símbolos iconográ- Mitra teria sido arrastado e chutado, mas
ficos, mistérios e rituais iniciáticos pelos sem desistir, esperou até que o animal se
quais passavam os seus fiéis, não pos- cansasse. Agarrando-o finalmente pelas
suindo um codex escrito de regras e leis. pernas, teria levado o animal até uma ca-
verna, onde um corvo enviado pelo deus
O mitraísmo derivou do zoroastrismo; Sol teria lhe informado que Mitra deve-
religião monoteísta que professava a ria sacrificar o animal. Tomando a faca às
crença no deus único Ahura Mazda, que mãos, Mitra crava o flanco do animal: da
simbolizaria o bem, e sua eterna luta con- coluna vertebral do animal, sairia o trigo;
tra o mal, representado por Arimã. Alguns seu sangue transfigurar-se-ia em vinho;
documentos do II milênio apontam para de seu sêmen, purificado pela luz da Lua,
a presença de Mitra, na mitologia persa, sairiam os animais úteis ao homem. À ca-
como um aliado de Ahura Mazda, como verna teria chegado um cão, que comeu o
uma espécie de “juiz das almas”. trigo, um escorpião que cravou as pinças
Segundo o mito, Mitra teria nascido de nos testículos do touro e uma serpente.
uma pedra, próximo a uma fonte, sob a Para os mitólogos, esta alegoria da tau-
proteção de uma árvore sagrada. Tal qual roctonia – o sacrifício do touro – simboli-
a Athena grega, Mitra também teria nas- zaria o poder de Mitra, como o ordenador
cido paramentado. O deus persa, nasceria do universo.
com a cabeça coberta com o barrete frí-
18

O mitraismo era uma religião de misté-


rios, sendo que seus praticantes, deve-
riam passar por sete estágios de iniciação:
o corax (o corvo); o cryphtus (o oculto); o
miles (o soldado); o leo (o leão); o perse (o
persa); o heliodromus (o emissário solar);
o pater (o pai). Deste processo iniciático,
destacamos, o ritual para a ascenção ao
estágio de miles, soldado, no qual o ini-
ciado deveria passar a compreender a
sua existência como um serviço militar e
a vida como um campo de batalha; neste
ritual de iniciação, o soldado era marca-
do na testa, com um pequeno sinal, feito
com um ferro quente; ao término de suas
provações, lhe era oferecida uma coroa,
que ele deveria negar, declarando desejar
somente uma coisa: a aceitação de Mitra
como seu salvador.

Mitra é ainda associado àquele que


conduz o Sol, em sua carruagem – tal qual
Marte, na mitologia romana – e foi inten-
samente cultuado no território que cor-
respondia ao Império romano. Tendo sido
introduzido em Roma, por volta do ano 70
a.C., aparentemente, até o início do século
I d.C., já gozava de grande aceitação en-
tre os soldados do exército romano, dado
a valorização da força e da beligerância,
contidas no mito e nos ritos ligados à Mi-
tra. O mitraísmo popularizou-se também
entre os comerciantes e os escravos e
mesmo os imperadores reverenciavam
Mitra, como forma de referendar a própria
autoridade.

Até o século IV, o mitraísmo conviveu,


no Império romano, lado a lado com o cris-
tianismo, tornando-se culto proibido so-
mente em 325, quando Constantino
19

UNIDADE 6 - Judaismo

rael em 722 a.C. fazendo com que os isra-


elitas, hebreus que habitavam este terri-
tório, fossem deportados ou assimilados.
Assim, o termo judaísmo só pode ser usa-
do após este período, pois refere-se aos
hebreus do reino de Judá.

Mas o judaísmo não é somente um fe-


nômeno social. Este termo representa,
também, uma mudança significativa na
própria fé. Os judeus – isto é, os hebreus
habitantes de Judá – ou melhor, parte da
população, foram deportados para a Ba-
bilônia no ano 587 ou 586 a. C. e viveram
neste exílio por mais de cinquenta anos
quando o rei da Pérsia, Ciro, autoriza seu
Estrela de Davi retorno. No entanto, nestes cinquenta
Considerada a mais antiga das religiões anos do “cativeiro babilônico” muita coisa
monoteístas abraâmicas, o Judaísmo tem havia mudado na religião hebraica o que
sua origem entre o povo hebreu, na An- nos permite afirmar que se trata, de agora
tiguidade, no Oriente Médio. Tendo como em diante, da religião judaica.
principal livro a Torá, os judeus seguem a Houve fundamentalmente a transfe-
crença no Deus único e mantém-se unido rência da centralidade do culto judaico do
por meio da preservação de suas tradi- templo para a palavra. Antes, era o Tem-
ções e de sua língua. plo de Jerusalém o símbolo máximo da fé
É preciso distinguir algumas expres- judaica, mas com sua destruição e o exílio,
sões que geralmente acabam sendo em- os judeus reorganizam seu culto em torno
pregadas de modo generalizado e sem re- da Palavra de Deus o que inclui a liturgia,
gras gerando, por isso, alguns equívocos. a transmissão e a redação das palavras
O termo hebreu remete a Abraão. Assim, de Deus. Esta foi uma transformação pro-
hebraísmo é todo o processo que envolve gressiva e lentamente vai adquirindo sua
a história do povo do livro, tudo o que é consistência transformando profunda-
coetâneo à origem acima destacada. mente a fé dos judeus, pois mesmo com
a construção de um segundo templo 520
Já o termo judeu só pode ser utilizado – 515 a.C. uma instituição não sacerdotal
historicamente após o período histórico se formará : a sinagoga. Um lugar sagrado
que segue à morte de Salomão, por volta que, ao contrário do templo, pode ser cria-
do ano 922, quando o reino de Israel divi- do em outro lugar.
diu-se em dois: ao norte, Israel e, ao sul,
Judá. Os assírios atacaram e arrasaram Is- Há, portanto, uma passagem do hebra-
20

ísmo pré-exílico dominado pela família sa- Saul é o primeiro rei; seu sucessor foi
cerdotal de Aarão, cujo posto passava de Davi que já era soberano das tribos me-
pai para filho, para um judaísmo no qual os ridionais e que, eleito em Hebron, con-
leigos especialistas na Lei, os chamados seguiu unificar Israel, tomou a cidade de
“doutores da lei” ou “escribas” formam Jerusalém e para lá transferiu sua resi-
uma nova “classe”. Dessa classe nasce dência. Apesar de tudo, no final de seu
uma tradição de intérpretes da lei conhe- reino teve de conter a ganância de seus
cidos como “fariseus” que, depois do cris- próprios herdeiros revoltosos Absalão e
tianismo passa a ser mal vista, mas que Adonias e foi sucedido por Salomão (961
possui grande importância para a história – 922 a. C.). Este não realizou guerras nem
do judaísmo e até mesmo do cristianismo. conquistas, mas organizou o reino e deu
início a uma intensa atividade de constru-
Principais Períodos da His- ção, inclusive do Templo de Jerusalém; do
ponto de vista externo caracterizou-se
tória de Israel pela diplomacia.
1) Dos patriarcas aos Juízes.
3) Os reinos de Israel e Judá (922 –
Este período se inicia, aproximadamen- 587 a.C.)
te, no segundo milênio a.C. com a saída de
Com a morte de Salomão houve uma
Abraão da cidade de Ur na Mesopotâmia
série de tensões políticas que acabaram
até seu estabelecimento na Palestina.
por levar o reino à seguinte divisão: como
Tem início, então, o período dos patriar-
vimos, Israel ao Norte e Judá ao Sul. As ca-
cas: Abraão, seu filho Isaac e seu neto
pitais do norte foram Siquém, Tirsa e Sa-
Jacó ou Israel. O povo de Israel migra para
maria, reunia dez dos territórios das doze
o Egito, provavelmente motivado pela ca-
tribos e teve por rei Jeroboão. O reino de
restia. Alguns séculos mais tarde a escra-
Judá teve por capital Jerusalém, congrega-
vidão faz com que haja a esperança de um
va os territórios das tribos de Judá e Ben-
libertador que se concretiza em Moisés no
jamin e tinha por rei Roboão.
episódio do êxodo. Os hebreus vagaram
por quarenta anos pelo deserto. No de- Em 724 a.C. o rei da Assíria, Salma-
serto do Sinai Moisés recebe o decálogo e nasar V conquistou Israel, a qual já era um
estabelece as leis civis e religiosas. reino tributário, ou seja, que já pagava tri-
butos aos assírios. Com a queda da Sama-
Ocorre a formação das Doze Tribos e a
ria as classes mais altas foram deportadas
conquista da Palestina ou Canaã, seja por
para a Babilônia e não retornaram mais à
meios pacíficos ou por meio de guerras
Israel.
como as da tomada de Jericó ou da expul-
são dos filisteus. Este é o período dos Ju- O reino de Judá resistiu mais de um
ízes que vai desde a morte de Josué (su- século depois da conquista de Israel. En-
cessor de Moisés) até o estabelecimento frentou a imposição do culto assírio no
da monarquia. templo de Jerusalém. O rei Josias, porém,
conseguiu resistir a essa imposição e até
2) A monarquia (1020 – 926)
mesmo reconquistou terras do antigo ter-
21

ritório de Israel. Judá, no entanto, cai em por toda Palestina e depois concentrou-se
587 ou 586 a.C. sob o rei babilônico Nabu- em Jerusalém. Com a derrota dos judeus
codonosor. praticamente desaparecem alguns dos
grupos mais significativos de Jerusalém:
4) A época persa (538 – 333 a.C.) os saduceus, essênios, zelotes o sumo sa-
Em 538, Ciro autorizou o retorno dos cerdócio e o Sinédrio de Jerusalém. A so-
judeus e a reconstrução do Templo de Je- brevivência da cultura judaica só foi possí-
rusalém, pois pela política deste soberano vel pela existência de várias comunidades
havia o respeito pelos cultos dos povos no mediterrâneo e pela história, ainda
conquistados desde que se mantivessem não bem documentada da academia de
submissos aos interesses do rei. Pela cro- Jâmnia. Segundo se diz, o mestre fariseu
nologia tradicional, Esdras, que era sacer- Yohanan bem Zakkay saiu da cidade de Je-
dote e escriba, fez a leitura da lei diante do rusalém com a permissão de Vespasiano e
povo, renovando a aliança do Sinai. Isto foi fundou nesta cidade uma nova academia
feito graças à carta que Artaxerxes deu a e um novo sinédrio. Daqui se inicia o perí-
Esdras reconhecendo a lei dos judeus, re- odo conhecido como judaísmo pós-bíblico
gistrada em Esd 7, 12-26. caracterizado pela manutenção da cultu-
ra e da religião mesmo fora do território
5) A Época helenística (333 – 63 a.C.) original de Israel.
Este período se inicia com a conquista A ausência do território foi com-
da Palestina por Alexandre Magno. Nos pensada com algumas instituições cultu-
séculos seguintes, os eventos políticos rais e religiosas como a autoridade assu-
demonstram que houve um longo contato mida pela instituição das sinagogas e a
entre o judaísmo e o helenismo. Há duas tradição rabínica das halacá, “estrada” ou
sucessões de conquistas: a dos ptolomeus “caminho”, conjunto de normas ou precei-
e depois a dos selêucidas. A imposição de tos contidos na Torá. O conjunto das nor-
costumes helênicos provocou inúmeras mas escritas recebeu o nome de halakhot
revoltas como por exemplo a dos hassi- e tornado oficial instituiu a Mixná (palavra
deus e a dos macabeus. que significa “ensinamento”).
6) A Época romana A Mixná foi estudada e comentada
Inicia-se com a conquista da Palestina tanto na Palestina como na Babilônia. As
por Pompeu em 64 a.C. Depois de uma discussões dos expositores levou à cons-
série de sucessões, Herodes um funcio- trução da Guemará (complementação à
nário dos hasmoneus, foi reconhecido por Mixná) e ambas juntas forma o Talmude.
Roma como “rei federado”, ou seja, como Portanto, há dois talmudes, um palestino
rei dos judeus, mas submetido ao império ou jerosimilitano (concluído na metade do
romano e ao seu governo na Palestina. século V) e um Talmude babilônico. Dizem
Governou entre (37 a.C. até 4 d.C.) Neste os estudiosos que o Talmude se tornou a
período, as revoltas contra o novo domi- pátria do judaísmo da diáspora.
nador continuaram.

Em 66 d.C. a revolta judaica se estendeu


22

UNIDADE 7 - Cristianismo

cristianismo difunde-se primeiramente


no seio da comunidade judaica, ou seja,
inicialmente, seria entre os judeus que
teríamos os primeiros cristãos. Duran-
te o século I, teria se expandido para o
Egito, para a Ásia Menor e a Grécia; além
dos grandes centros de Alexandria, Éfe-
so e Antioquia. Até a metade do século II,
o número de cristãos cresce, formando
grandes comunidades em Roma, Gália e
Norte da África, principalmente, na re-
gião de Cartago. Sendo que a Antioquia
seria onde, pela primeira vez, os seguido-
res de Jesus seriam denominados como
cristãos.

Durante os séculos I, II e III a expansão


do cristianismo teria sido grande, no ano
200 o rei de Abgaro, de Edessa (Meso-
potâmia), converteu-se ao cristianismo,
enquanto que na Grécia, a situação era
equilibrada, lá, com exceção de Tessalô-
Iluminura medieval. Imagem: Grandes Impérios e
nica e Corinto, o crescimento não era len-
Civilizações. A Bíblia. Ediciones Del Prado.
to, enquanto no Egito, tornava-se popu-
O cristianismo, embora tenha se tor- lar entre a população local.
nado a maior força religiosa do Ocidente,
A nova religião reforçava a importân-
na verdade é uma religião originária do
cia e a organização da vida comunitária,
Oriente Médio. Nascido na Palestina, o
levando sua mensagem às regiões mais
cristianismo constituiu-se como crença
distantes do Império Romano, indo além
e como religião após a morte do Cristo.
dos antigos limites de alcance da religião
Constituído numa Palestina domina pelo
judaica. Os primeiros cristãos vivencia-
poder romano desde os anos sessenta,
ram, ora momentos de inteira liberdade
do século I a.C., em que a religião do povo
religiosa, ora momentos de perseguições,
judeu convivia lado-a-lado com diversas
promovidas tanto por romanos quanto
seitas que esperavam pela vinda do Mes-
por judeus, os cristãos procuraram con-
sias, aquele que livraria o povo de Israel
quistar o maior número possível de adep-
do jugo romano, estabelecendo o seu rei-
tos; em grande parte, graças ao esforço
nado.
evangelizador de Pedro, João, Tiago e
Após a morte de Jesus de Nazareth, o Paulo.
23

O cristianismo iria difundir-se de fato Já as catacumbas, como espaço de cul-


pelo Ocidente, depois do período apostó- to, foram utilizadas por curto período,
lico, sendo que no mesmo momento em principalmente em Roma, contudo aca-
que sua expansão no Oriente era grande, baram por se transformar no maior dos
no Ocidente, limitava-se o cristianismo a símbolos do passado cristão. O passado,
comunidades de soldados da Gália e da ao qual as catacumbas se associam, refe-
Espanha, florescendo também entre as rir-se-ia à constituição propriamente dita
comunidades das zonas portuárias. do espaço e das práticas do culto cristão,
bem como à sua rejeição e perseguições,
Se no período da antiguidade os princi-
empreendidas com o consentimento de
pais acontecimentos da Historia da Igreja
imperadores romanos até o final do sé-
se deram no Mediterrâneo e no Oriente,
culo II.
na Idade Média os centros mais impor-
tantes localizavam-se na Itália, França, Durante os primeiros séculos da práti-
Inglaterra e Alemanha. Isso, em virtude ca do cristianismo, os cristãos martiriza-
de dois acontecimentos principais: a pe- dos passavam a serem considerados mais
netração islâmica no Sul do Mediterrâneo do que verdadeiros heróis, eram toma-
e a adoção do cristianismo pelos germâ- dos por intercessores entre os homens e
nicos e eslavos. De um lado a Igreja con- Deus. Com o propósito de invocá-los, os
quistou novos povos, de outro perdeu cristãos se reuniam em torno dos túmu-
territórios na Síria, Egito e parte do Norte los desses homens santos, túmulos es-
da África. tes que tornavam-se centros da religiosi-
dade popular. Em Roma, as comunidades
As conversões começam com os vi-
mais abastadas compravam terrenos
sigodos, no século IV; depois foram os
para sepultar seus mortos e para evitar
vândalos, os ostrogodos e outras tribos,
a profanação dos túmulos construíam
culminando a expansão cristã com a acei-
criptas no subsolo e sobre elas, edifícios
tação da fé católica por Clóvis, rei dos
de cultos (as futuras catedrais). Esses
francos.
cemitérios cristãos passaram a chamar-
O culto cristão dos primeiros tempos -se “catacumbas”. E várias cerimônias
tinha por característica a simplicidade do do ritual cristão eram realizadas nesses
ritual, realizado nas casas cedidas pelos cemitérios subterrâneos, que abrigavam
fiéis, onde se reuniam para orar e parti- túmulos de cristãos consideradas impor-
cipar da cerimônia de partilha do pão, ex- tantes para a comunidade. Assim, a vida
pressão presente no ato dos apóstolos cultural, por assim dizer, no interior das
para designar o sacramento da eucaris- catacumbas, era bastante intensa.
tia. Embora participassem da partilha do
Justamente por isso, à medida que o
pão e das orações, os primeiros cristãos,
governo de Roma passasse a ter a religião
que faziam parte da comunidade judaica,
cristã como non grata, um risco à unida-
também frequentavam o templo, uma
de do império, os acessos às catacumbas
vez que o cristianismo, inicialmente, não
passariam a ser pontos muito visados.
estava totalmente dissociado do judaís-
Os soldados acreditavam que lacrando
mo.
24

a entrada das catacumbas impediriam a


realização dos cultos, contudo, mesmo
nos períodos mais difíceis, os cristãos
reuniam-se no subsolo, cavando novos
acessos, escadarias íngremes e mesmo
construindo caminhos falsos, para ludi-
briar a guarda.

O cristianismo, entre meados do pri-


meiro século de nossa Era e até o século
IV, consolidou-se na maior força religiosa
da Europa. Entre os séculos V e XI, perío-
do de guerras e invasões, a Igreja cons-
tituía-se na única instituição sólida da
Europa, responsável pela definição dos
padrões morais culturais e mesmo artísti-
co da Europa Medieval. No século XV, com
o início das navegações e da conquista de
terras no ultramar, a Igreja àquele tempo,
fora também grande aliada dos reis euro-
peus.

Durante o século XVI, porém, um mo-


vimento que ficou conhecido como A Re-
forma, questionou as ações da Igreja, que
mantinha seu núcleo de poder em Roma.
Críticas contra a venda de indulgências, e
abusos do poder político de bispos e mes-
mo do papa, fizeram com que líderes re-
ligiosos como Martinho Lutero e Calvino
promovessem uma ruptura na Igreja cris-
tã, que passaria a dividir-se entre cristãos
católicos – ligados à hierarquia romana –
e cristãos protestantes – independentes
de Roma e contrários à alguns preceitos
da Igreja católica, como por exemplo a re-
ferência aos santos como símbolos para
o fiel cristão.
25

UNIDADE 8 - A Bíblia

Impérios e Civilizações. A Bíblia. Ediciones Del Prado.

A Bíblia é hoje considerada um livro, vros. O termo testamento significa pacto


mas trata-se de um conjunto de livros, ou aliança, em grego, diatheké. No Antigo
pois o termo grego bíblia é o plural de bi- Testamento representa a aliança de Deus
blion que significa “livro”. Os estudiosos com o povo de Israel registrada em várias
observam, porém que o termo mais cor- passagens como Gênesis 9,9 e Êxodo 24,
reto seria considerar a Bíblia como uma li- 3-8. No Novo Testamento forma-se uma
teratura e não um livro, pois, como vimos, “nova aliança” tal como anunciada em Je-
trata-se de uma coletânea de textos. Na remias 31,31 e na Carta aos Hebreus 9,
tradição cristã a Bíblia é dividida em duas 11-22.
grandes unidades: o Antigo Testamento
Interpretar a Bíblia não é uma tarefa fá-
e o Novo Testamento, totalizando 73 li-
cil, porque há uma série de questões que
26

devem ser compreendidas pelo seu leitor. OS CÂNONES BÍBLICOS


Ali encontramos textos históricos, poé-
ticos, jurídicos, alegóricos, por exemplo, Há dois cânones fundamentais da Bí-
e todos eles devem ser compreendidos a blia: a Bíblia Cristã e a Bíblica Judaica. Elas
partir de criteriosas análises estilísticas, se diferenciam pela divisão que fazem das
linguísticas e históricas, Desta forma, Sagradas Escrituras e pelo fato de que
distingue-se a teologia que interpreta as nem todos os livros que se encontram na
Sagradas Escrituras do ponto de vista da Bíblia Cristã se encontram na Bíblia Judai-
fé, sem descartar os critérios acima e as ca. Há correntes da cristandade, como,
ciências da religião abordam-na sem o re- por exemplo o luteranismo, que adotam
ferencial da fé. o cânone judaico. Esta diferença entre os
cânones do Antigo Testamento pode ser
AS LÍNGUAS DA BÍBLIA compreendida pelo fenômeno da diáspo-
ra judaica, pois enquanto os hebreus da
A Bíblia foi escrita originalmente em Palestina consideravam que a inspiração
hebraico em sua maior parte, mas deve- divina se encerrava em Esdras, outras co-
-se observar que esta língua apresenta munidades continuaram a adotar textos
diversas fases, das quais podemos des- como sagrados e estes textos eram redi-
tacar: o hebraico pré-exílico, o pós-exílico gidos em grego.
no qual manifesta-se a influência do ara-
maico e o hebraico do período helenístico. O cânone adotado pela igreja católica
Há alguns trechos escritos em aramaico, é conhecido como tradução dos Setenta
uma língua semítica que se tornou bas- ou Septuaginta iniciada em Alexandria
tante utilizada na Palestina onde, a partir sob o reinado de Ptolomeu Filadelfo (285
da época pós-exílica, passou a substituir – 246 a.C.) e há indícios que alguns textos
o hebraico no uso comum, um versículo tenham sido traduzidos até por volta do
de Jeremias e grandes trechos de Esdras século I a.C. O termo “setenta” deriva da
foram escritos nessa língua. No século III lenda que afirma sua tradução ter sido en-
a Bíblia foi traduzida para o grego, no en- comendada pelo rei Ptolomeu Filadelfo,
tanto, este não era mais o clássico, mas pois este desejava que em sua biblioteca
o koiné ou grego comum, esta tradução não faltasse nenhuma obra, então seis
ficou conhecida como Bíblia dos Setenta sábios de cada uma das tribos de Israel fo-
ou Septuaginta. O Novo Testamento foi ram chamados para proceder a tradução
inteiramente escrito neste mesmo grego, dos originais hebraico e aramaico para o
observando-se no entanto, que a koiné é grego, totalizando 72 tradutores.
um fenômeno linguístico que nada tem de O cânone hebraico-palestino, por sua
uniforme. Destaca-se, no entanto, a Vul- vez, foi estabelecido em Jâmnia por volta
gata tradução feita para o latim – a partir do primeiro século da era cristã e contem-
da Bíblia dos Setenta – desde o século II, pla textos escritos em sua grande maioria
mas que atinge uma forma estável entre em hebraico e alguns em aramaico. Além
390 e 460 a partir da tradução de São Je- disso, o cânone hebraico é menor do que o
rônimo. grego, pois possui somente 24 livros. Este
cânone é dividido em três partes: Torá,
27

Profetas e Livros as quais também rece- mou; Números – contagem – no deserto;


bem os títulos hebraicos de Torá, neviim e Deuteronômio – a segunda lei – palavras.
ketuvim. A primeira parte é composta por
O Pentateuco atingiu sua forma final a
cinco livros e por isso também é conhecido
partir do ano 400 a.C. Os principais argu-
por pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico,
mentos que fundamentam esta tese são:
Números e Deuteronômio.
até por volta do ano 250 a.C. foi comple-
Os neviim contam como um só livro 1 – tada a tradução da Septuaginta o que nos
2 Samuel, 1 – 2 Reis e os profetas meno- faz supor um original hebraico; no Penta-
res. Os ketuvim contam como um só livro teuco não há influência do helenismo que
Esras, Neemias e 1 – 2 Crônicas. Este câ- ocorre a partir da invasão de Alexandre
none não inclui os seguintes livros: Eclesi- Magno a partir de 330 a.C.; por fim, Sama-
ástico,Tobias, Judite, Baruc e 1 Macabeus, ritanos e Judeus separam seus cultos em
cujos originais hebraicos foram perdidos. um período pouco anterior à invasão ma-
Além disso, não considera também os se- cedônica e ambos tomam esta parte da
guintes originais escritos diretamente em Bíblia como escritura sagrada.
grego: Sabedoria, 2 Macabeus bem como
Muitos estudiosos tomam o Pentateu-
alguns acréscimos de Ester e Daniel.
co como uma biografia de Moisés, pois Gê-
nesis narra a história de seu antepassado,
OS LIVROS DO ANTIGO Êxodo é o seu nascimento e sua missão;
TESTAMENTO Deuteronômio narra sua morte. O Gêne-
sis narra a história da criação do universo
O Antigo Testamento, na tradição cris-
e do homem; o pecado original e toda sua
tã, pode ser dividido em livros históricos,
sequência até o dilúvio. O Êxodo narra a
dentro do qual destaca-se a Tora; livros
libertação dos judeus, a apresentação do
sapienciais ou poéticos como Jó, Salmos,
decálogo e a aliança com Deus; o Levítico
Eclesiástico, Cântico dos Cânticos e ou-
descreve as regras dos rituais de sacrifí-
tros; e livros proféticos, dividido entre
cios de purificação; investidura de sacer-
profetas maiores como Isaías e Jeremias e
dotes etc.; o Números apresenta o re-
profetas menores, como Ezequiel, Amós,
censeamento de toda a congregação dos
Miquéias, Malaquias e outros. A diferença
filhos de Israel, mas também fatos histó-
entre os profetas maiores e os menores é
ricos como a primeira tentativa de entrar
dada pela extensão de seus textos.
em Canaã; Deuteronômio apresenta três
A Torá, como vimos, é composta por discursos de Moisés a seu povoe da indi-
cinco livros. Seus nomes mais conhecidos cação de Josué como seu sucessor.
em português derivam da tradução grega
que apresenta uma definição livro como O NOVO TESTAMENTO
um título, mas em hebraico, o nome é deri-
Há inúmeros debates sobre a autentici-
vado da primeira palavra mais importante.
dade e a datação dos textos que compõe o
Assim:
Novo Testamento. Em geral, é dividido da
Gênesis – origem – no início; Êxodo – sa- seguinte maneira: quatro Evangelhos e os
ída – os nomes; Levítico – a lei – ele cha- Atos dos Apóstolos; Um corpus de cartas
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de São Paulo ou atribuídas a ele; seis car- Quarto livro: formação dos discípu-
tas de apóstolos ou atribuídas a eles e um los e discurso eclesiástico;
livro profético de São João: o Apocalipse. Quinto livro: Judéia e Jerusalém e o
O primeiro elemento a destacarmos é discurso escatológico.
o chamado fato ou fenômeno sinótico. Os O Evangelho de Marcos é considerado
evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas o mais antigo dos quatro evangelhos, foi
são assim denominados em razão do para- escrito em grego entre os anos 70 e 76
lelismo de seus conteúdos, mas foram es- provavelmente em Roma e é dirigido a
critos independentemente. Várias teorias cristãos de origem pagã. Uma das caracte-
surgiram para explicar o fenômeno sinóti- rísticas de seu evangelho é não apresen-
co sendo que se considera que após a mis- tar dados a respeito da vida de Jesus antes
são de Jesus e o anúncio do Evangelho (o de seu ministério. O tema fundamental e
querigma) surge a tradição comum. Esta tipicamente marciano é o “segredo mar-
tradição comum explica as semelhanças ciano”. Normalmente é dividido em três
entre os sinóticos, além do Evangelho de partes:
João e as cartas paulinas. Mas a teoria da
fonte Q (quelle, em alemão, fonte) expli- o ministério de Jesus na Galiléia;
caria as semelhanças ainda mais sólidas a viagem de Jesus à Jerusalém, paixão
entre os três evangelhos sinóticos, tra- e morte;
ta-se de uma coletânea de lógia (ditos de
capítulo final sobre o túmulo vazio e a
Jesus) que também foram utilizados por
ressurreição.
Mateus, Marcos e Lucas.
O Evangelho de Lucas foi escrito depois
O Evangelho de Mateus não é o mais an-
do ano 70 e é dirigido a uma comunida-
tigo, mas é o primeiro na ordem canônica,
de cristã de origem pagã; foi escrito em
foi escrito provavelmente entre 80 e 85,
grego. Lucas não conheceu Jesus. Utili-
em grego, mas já se supôs que tenha sido
zou como fonte o Evangelho de Marcos,
escrito em aramaico, provavelmente na
a fonte “Q” e tradições orais e escritas de
Palestina e se dirige à comunidade judai-
diversas origens. Um dos aspectos mais
co-cristã, utiliza metodologias rabínicas e
relevantes do Evangelho de Lucas é a
cita abundantemente o Antigo Testamen-
apresentação dos cantos Magnificat, Be-
to. Este evangelho é atribuído ao apósto-
nedictus e Nunc dimittis apresentando
lo, mas os estudiosos também falam em
uma dimensão universalista e de atenção
uma “escola mateana”. Em geral, a divisão
aos pobres e humildes. Este Evangelho é
deste evangelho é feita da seguinte for-
parte da obra de Lucas, pois ele também
ma:
é autor dos Atos dos Apóstolos. As princi-
Primeiro livro: o anúncio do reino pais partes são:
com o sermão da montanha;
prólogo e narrações da infância;
Segundo livro: ministério na Galiléia
e o discurso missionário; ministério na Galiléia;

Terceiro livro: controvérsias e pará- Viagem e ministério de Jesus em Je-


bolas; rusalém;
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Paixão, morte, ressurreição e ascen- salém.


ção.
O Corpus paulino é um conjunto de ca-
O Evangelho de João foi escrito em gre- torze cartas outrora atribuídas a Paulo.
go, por volta do ano 100, provavelmente Hoje, os estudiosos consideram que sete
no interior de uma comunidade que tinha destas cartas ou não são de Paulo ou ain-
como principal líder o apóstolo João, cujas da há divergências. A Carta aos Hebreus é,
características o diferenciam dos três com certeza de outro autor, pois desde a
anteriores. Nele não há as parábolas que antiguidade sua autenticidade já era pos-
marcam os Evangelhos sinóticos, mas a ta em dúvida; já as cartas pastorais (1 e 2
presença de discursos, cujo motivo são os Tm e Tt), Efésios, Colossenses, 2 Tessalo-
milagres. Os estudiosos costumam afir- nicenses ainda se discute a autenticida-
mar que predomina nele a temática teo- de. As outras sete cartas são considera-
lógica, por exemplo, com assuntos como a das autênticas: Romanos, 1 e 2 Coríntios,
vida, a luz, a verdade, os sinais, os sacra- Gálatas, Filipenses, 1 Tessalonicenses,
mentos, o conhecimento a Igreja e a es- Filemon. Há uma outra forma de dividir o
catologia. Com a descoberta dos manus- corpus paulino separando as chamadas
critos de Qumran pode-se fazer contatos “cartas da prisão” as quais, sem se levar
lexilógicos entre o Evangelho de João e os em conta a autenticidade são: Efésios, Fi-
textos gnósticos. A divisão deste Evange- lipenses, Colossences e Filemon.
lho é:
As Cartas Católicas são um conjunto
A primeira parte apresenta narra- de epístolas que não fazem parte do cor-
ções, os milagres e discursos, em uma pus paulino e recebem este nome por que
ordem que não corresponde à cronologia possuem um caráter “universal” e não são
dos eventos; dirigidas à uma comunidade em particu-
lar. Assim como a Carta aos Hebreus são
A segunda parte inclui os discursos
textos deuterocanônicos, isto é, aceitos
de despedida e a história da paixão e a
pelas igrejas cristãs num período poste-
ressurreição e uma primeira conclusão.
rior ao dos outros textos canônicos. Estas
Depois a aparição no lago e conclui com
cartas possuem autores diversos. Elas são
um segundo epílogo.
atribuídas uma a Judas, uma a Tiago, duas
O Atos dos Apóstolos foi composto pelo a Pedro e três a João.
mesmo autor do Evangelho de Lucas, es-
O Apocalipse também é um texto deu-
crito em grego provavelmente entre 80
terocanônico sendo aceito somente no
e 85. O período que ele cobre é o da res-
século IV no cânon grego. Foi composto,
surreição até a prisão de Paulo em Roma.
provavelmente no final do primeiro sécu-
Destaca-se que a teologia lucana apre-
lo. Seus principais temas são:
senta diferenças em relação à paulina e
que há discordâncias em eventos que os Sete cartas dirigidas às sete Igrejas
dois apóstolos viveram, por exemplo, o da Ásia Menor;
número de viagens feitas por Paulo à Je- A abertura dos sete selos;
rusalém e a descrição do Concílio de Jeru-
o som das sete trombetas;
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a luta do dragão e do cordeiro;


o esvaziamento das taças;
a condenação da Babilônia-Roma;
a parusia, o julgamento, a descida na
Nova Jerusalém.
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UNIDADE 9 - Islamismo

Mesquita islâmica. Imagem: Grandes Impérios e Civilizações. O mundo islamita. Ediciones Del Prado.

Nascida no século VII, em região que no juízo final.


hoje corresponde à Arábia, o Islamismo
“Islam” significa “submissão à vontade
é uma das mais antigas religiões mono-
de Deus”, vem do mesmo radical da pa-
teístas, antecedida pelo Judaísmo e pelo
lavra árabe “salam”, que significa “paz”,
Cristianismo. Essa religião que crê na exis-
enquanto “muslim” – muçulmano - , refe-
tência de um Deus único, Alá; na figura
re-se àquele que se submete à vontade
de Mohammed (Maomé), difundiu-se, em
de Deus. Duas, seriam as premissas da re-
menos de um século da Península Arábica
ligião islâmica: a fé nas palavras do profe-
para o Norte da África, África Ocidental,
ta e a obediência em relação às regras de
Planalto da Anatólia, Península Ibérica
comportamento, sendo que, como afirma
além da região dos Bálcãs.
Nabhan, os pilares do islamismo seriam: a
A religião islâmica tem por base a crença profissão da fé (chahada, testemunho), a
no Deus único, nos anjos (por Ele criados), oração (çalat), o jejum (çawn), a peregri-
nos livros sagrados, entre eles o Torá, os nação (hajj) à Meca e a esmola (çadaqa ou
Salmos, os Evangelhos e principalmente, zakah).
o Corão, livro que encerra os ensinamen-
Embora servo da vontade de Deus, o is-
tos de Alá ao profeta Mohammed; a crença
lamismo não nega a liberdade de escolha
nos profetas (entre os profetas da tradi-
aos homens, mesmo acreditando na exis-
ção islâmica encontram-se: Adão, Abraão,
tência da predestinação (maktub – está
Moisés, Jesus e o último e mais importante
escrito). “O homem estaria submetido à
para os muçulmanos: Mohammed – Mao-
predestinação porque ele não é Deus,
mé); a crença na predestinação e a crença
mas ele é livre, porque está feito à Sua
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imagem”. o livro mais importante do islamismo, tra-


ta de uma vasta gama de assuntos, como
No período anterior ao islamismo, os
a natureza da alma, a criação, a astrono-
árabes eram regidos pelas regras morais e
mia, os reinos vegetal e animal e mesmo
sociais que caracterizavam as sociedades
sobre a reprodução humana; tendo sido
do deserto. A sociedade era patriarcal, co-
concebido a partir do registro da palavra
mandada pelo senhor (sayyid) considera-
de Deus ao profeta;como explica Neuza
do como modelo a ser seguido por todos.
Neif Nabhan, em seu livro Islamismo, de
Quanto à religião, cada tribo seguia seus
Maomé aos nossos dias.
deuses, que não tinham a função de inter-
vir junto aos fatos da vida cotidiana em fa- “A cada revelação o profeta Mao-
vor dos homens, mas sim a função de dar- mé pedia a seus companheiros que a
-lhes força para enfrentar as vicissitudes. tivessem de cor na memória e a es-
crevessem, multiplicando as cópias.
A trajetória do profeta do islamismo,
A organização do livro como um todo
Mohammed (Maomé) teve início em 570
foi elaborada pouco tempo após a
quando nasceu em Meca. Cedo, ficou ór-
morte do profeta (632), pelo primei-
fão de pai e mãe, tendo sido criado, inicial-
ro escriba de Maomé, Zaid Ibn Tabit,
mente por seu avô e a partir dos seis anos
a pedido de Abu Bakr, primeiro califa
por seu tio Abu Talib.
(sucessor) do Islã. O livro é compos-
Maomé foi comerciante e pastor, ca- to por 114 capítulos (suratas) e 6235
sou-se com uma rica viúva, aos 25 anos. versículos; os capítulos foram classi-
Aos 40, anos recebeu sua primeira revela- ficados por ordem de extensão de-
ção e a partir daí, passou a pregar a crença crescente, não se respeitando a cro-
na existência do Deus único, pedindo aos nologia da revelação.” (1996, p.23)
crentes da nova verdade que abandonas-
Entre os escritos que norteiam o isla-
sem os antigos ídolos da Caaba.
mismo, destacamos as Sunas, que des-
As peregrinações de Maomé têm início crevem o cotidiano do profeta e seus se-
em 612 e, a partir daí, iniciam-se também guidores; ela tem sua narrativa apoiada
os conflitos entre os qorachitas, tribos na valorização da tradição. Referenciar
que apoiavam o culto aos ídolos da Caaba um pensamento ou atitude pela tradição,
e que rompem comercialmente com os se- pela fala e pela concordância dos antepas-
guidores de Maomé; e os hachemitas, da sados, já era uma prática entre as culturas
tribo de Moisés, que migram para Yatrib árabes pré-islâmicas.
em 622. Os khazraj, povo de Yatrib, acei-
Contudo, trinta anos, aproximadamen-
taram bem os emigrantes hachemitas e,
te, após a morte do profeta, teria início
assim sendo, nessa cidade Maomé viveria
um grande conflito entre as diferentes
até sua morte em 632.
tribos de seguidores do islamismo; estava
No islamismo, os fatos da vida terrena em questão o direito de sucessão do pro-
e os da vida espiritual estão sempre em feta, como líder dos muçulmanos.
contato. Em árabe, “Al Qur’ran” ou Alco-
Assim sendo sunitas, xiitas e karijitas,
rão, significaria “A Leitura”, “o ato de ler”,
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surgiriam como grupos de visões políticas te o califado de Harun Al-Hashid (786-


e religiosas distintas: 809).

Sunitas = Grupo que, em relação à fé Almóadas = Correspondem aos ber-


islâmica, aceita como sagrados, o Corão, beres do Marrocos, que se opunham aos
as Sunas e também outros quatro livros almorávidas, liderados por Ibn Tumart
da tradição hadith (coleção de narrações, (1080-1130), e que controlaram a Espa-
feitas por diferentes narradores, sobre nha islâmica entre os séculos XII e XIII.
ações e pregações do profeta). Acredita-
Almorávidas = Correspondem aos ber-
vam que o poder do califa não teria que
beres do Saara Ocidental, que professa-
vir, necessariamente de seu parentesco
vam a fé islâmica ortodoxa. Controlaram a
com o profeta, mas sim de sua habilidade
Espanha islâmica entre os séculos XI e XII.
em manter a lei e a persuasão.
Aiubidas = Descendentes de Saladino
Xiitas = Consideravam que Ali, genro e
( Salah al- Din Yusuf bin Aiub), sultão do
primo do profeta, deveria te-lo sucedido
Egito entre 1164 e 1193.
como líder dos muçulmanos, pois acredi-
tavam que o líder islâmico deveria vir da
descendência direta em relação ao pro-
feta. Os xiitas aceitam somente o Corão
como livro sagrado islâmico.

Karijitas = “os que cindiram”, entre 655


e 661, colocaram-se contra as duas teses
sobre a sucessão do profeta. Considera-
vam que qualquer homem, até mesmo um
escravo, poderia ser eleito califa, desde
que tivesse um elevado caráter moral e
religioso.
Outras são as divisões que exigem uma
melhor compreensão de seus significados,
para uma melhor compreensão dos relatos
sobre os povos islâmicos.

Omíadas = (do persa Umayyad) Cor-


responde à primeira dinastia de califas
(persas), que substituem o profeta, em-
bora não tivessem o seu sangue.

Abássidas = Terceira dinastia de cali-


fas, descendentes de Abu Al-Abbas al-Sa-
ffa, descendente do tio do profeta, que
reinou entre 750 e 1258 e que liderou o
mundo islâmico, com sede em Bagdá. O
auge do governo abássida ocorreu duran-
34

REFERÊNCIAS

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Bíblia. Associação laical para o estudo da
Bíblia. Tradução: José Afonso Beraldin.
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