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O Sabbath das Bruxas

"Henri Bouget, um jurista francês, detalhou em sua obra "Discours des Sorciers", em 1608, as
atividades que ocorriam [ou ocorrem] durante o sabbath francês. Ele diz que: "Em tais
assembléias, a primeira coisa que os bruxos fazem é adorar Satã, que se apresenta ou na forma
de um grande homem negro ou de um bode [da mesma cor], e como forma de reverência eles
oferecem a ele velas que queimam com uma flama azul e beijam seu ânus [osculum infame] ou
seus ombros. Às vezes ele segura uma figura negra a qual os bruxos beijam ao mesmo tempo
que acendem o pavio de uma vela que portam na chama da vela que o Diabo carrega entre seus
chifres. Em seguida, eles começam uma curiosa dança circular, onde ficam de costas um para o
outro, enquanto os bruxos que são mancos os incentivam a pular e a dançar. Eles não gostam da
música que provém de um oboé, mas alguém sempre é obrigado a tocá-la; às vezes, o Diabo
toca uma flauta. Mas, se nenhuma orquestra se apresenta, o Diabo e os bruxos começam a
cantar, cada um, sua própria canção, criando uma verdadeira cacofonia. Às vezes dançam em
duplas, [...] mas sempre numa terrível confusão. Eles dançam de costas para não serem
reconhecidos, e é, também, por essa razão que se reúnem à noite.
Após a dança, eles se juntam numa grande orgia.
A atividade seguinte da programação é um banquete composto de diferentes tipos de alimentos,
variando de acordo com o local do encontro e seus participantes; mas, de acordo com alguns, o
prato principal era sempre uma criança morta. Havia manteiga, queijo e carne à mesa [...]. Eles
bebiam vinho em cálices de madeira, mas a bebida principal era água. Nesses encontros nunca
havia sal, pois ele é um emblema da imortalidade, coisa que o Diabo mais odeia. [...]
Antes de começar o banquete, e ao terminá-lo, os bruxos agradecem, mas não como nós, porque
eles adicionam blasfêmias e dizem que o Diabo é o provedor de tudo. Uma coisa curiosa acerca
da comida servida é que todas as autoridades concordam que ela não tem sabor nem gosto, que
a carne é de cavalo e que quando os bruxos levantam da mesa, estão mais famintos do que
quando sentaram.
Terminado de comer, os bruxos relatam ao Diabo o que fizeram desde o último encontro; aqueles
que mais causaram mortes a homens e animais, doenças e estragaram colheitas são os mais
queridos. Os outros que causaram menos danos são zombados por todos; estes são colocados à
parte e espancados por seu Mestre.
Eles então renovavam sua renúncia a Deus e aos sacramentos da Igreja, e juravam nunca mais
falar de Deus, da Virgem Maria ou dos Santos, a não ser em zombaria e escárnio; eles desistem
do Paraíso e juram que serão para sempre fiéis ao seu Mestre. Ele então os envia para suas
tarefas malignas, como causar danos a seus vizinhos, fazendo-os adoecer, matando seu gado e
vingando-se contra seus inimigos, dizendo: "Vinguem-se ou morrerão." Diz que devem apodrecer
os frutos da terra, entregando a eles pós e unguentos para tal finalidade. [...]
Os bruxos causam chuva de granizo especificamente para destruir plantações e frutos.
[...] Ao final do evento, o Diabo assume a forma de um bode e se consome em chamas, sendo
reduzido a cinzas, a qual os bruxos coletam e a guardam para usá-las em seus feitiços
diabólicos."
— "The Devil in Britain and America", pág. 167, de John Ashton.
Michael Soares

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