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Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X

v.15, n.2, p.107-117, 2010 www.ser.ufpr.br/veterinary

COMPORTAMENTO EXPLORATÓRIO EM GATOS DOMÉSTICOS


(Felis silvestris catus Linnaeus, 1758): UMA REVISÃO

Juliana Clemente Machado1, Gelson Genaro1


1
Universidade Federal de Juiz de Fora - juliajoe@terra.com.br

RESUMO: Entende-se comportamento exploratório como uma atividade promovida por um estímulo
novo e que consiste em atos e posturas que permitem a coleta de informações sobre um objeto, ou
ambiente não familiar. A exploração possui fortes implicações na sobrevivência do indivíduo e na de
sua espécie, ao facilitar a familiarização com situações de novidade. Este comportamento tem sido
avaliado de forma mais significativa em humanos e só a partir da década de 1950 os estudos com
animais não humanos começaram a ocorrer. Para gatos domésticos, a pesquisa nesta área ainda é
muito tímida e a compreensão deste comportamento poderá auxiliar nas abordagens relacionadas a
enriquecimento ambiental e bem-estar animal. Tendo em vista que o gato é hoje uma espécie de
interesse, particularmente como animal de companhia, modelo de estudo para felinos em cativeiro e
animal de experimentação, a avaliação da atual situação deste comportamento neste animal poderá
auxiliar na busca de uma relação mais adequada com a sua manutenção propiciando um manejo
orientado dentro de uma postura ética.
Palavras-chave: enriquecimento ambiental; exploração; felinos; neofilia; novidade

EXPLORATORY BEHAVIOUR IN DOMESTIC CATS (Felis silvestris catus


Linnaeus, 1758): A REVIEW

ABSTRACT: It is possible to understand exploratory behaviour as an activity sponsored by a new


stimulus, which consists in acts and postures that enable to collect information about an object or an
unfamiliar environment. The exploration has strong implications for the survival of the individual and
of its specie facilitating familiarization with new situations. This behaviour has been assessed more
significantly in humans and only in the 1950 studies with non-human animals began to occur. In cats,
research in this area is still very shy, setting a worrying scenario as the understanding of this
behaviour may help in the approaches related to environmental enrichment and animal welfare.
Considering that the cat is now an animal of interest such as pet, study model for felids in general and
animal experimentation, evaluation of the current situation of this behaviour can help the search for a
more ethical relationship with these felids.
Key words: environmental enrichment; exploration; felids; neophilia; novelty

Recebido em 30/03/2010
Aprovado em 08/8/2010
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Comportamento exploratório em gatos domésticos: uma revisão

INTRODUÇÃO

A exploração de ambientes e semelhante, maximizando as respostas


objetos não familiares tem sido descrita em determinado ambiente (Blanchard e
para uma ampla variedade de animais. Cañamero, 2006). Além disso, é através
Estudos com diferentes enfoques deste comportamento que relações
avaliam a exibição deste comportamen- sociais podem ser estabelecidas e
to, em lagartos (Eulamprus heatwolei) mantidas, evitando, por exemplo,
(Stapley e Keogh, 2004), baratas conflitos no uso do espaço (Hughes,
(Blattela germanica) (Durier e Rivault, 1997). Os animais se expõem, portanto,
2003), lagostas (Cherax destructor) a certo grau de incerteza obtendo
(Pattulo e Macmillan, 2006), abelhas benefícios imediatos - ao controlar o
(Apis melifera) (Haupt e Klemt, 2005), ambiente e reduzir a falta de
roedores (Caston et al., 1998; Genaro e familiaridade com a situação, mas
Schmidek, 2000; Ennaceur et al., 2009), também benefícios de longo prazo,
primatas não humanos (Bergman e questões fundamentais para a
Kitchen, 2009), bovinos (Westerath et manutenção do bem estar em nível
al.,2009), e humanos (Berlyne, 1966; elevado (Westerath et al., 2009). Winn
Gibson,1988), propondo padrões (2001) e Broom e Fraser (2007) afirmam
motores de exibição, explicações que este comportamento reduz a
psicobiológicas, interferências fármaco- incerteza em relação ao ambiente
lógicas, genéticas e sociais. O estudo externo por meio da aquisição de
com animais não humanos teve informações sobre este, sendo instintivo
destaque a partir dos anos 50, com e adaptativo, já que provê o organismo
ênfase em roedores e primatas, o que de informações sobre disponibilidade de
justifica o grande número de alimentos, parceiros sexuais, competi-
publicações com os referidos grupos em dores, predadores, ofertas espaciais e
detrimento dos demais. outros recursos.
O comportamento exploratório
pode ser definido como um conjunto de DESENVOLVIMENTO
padrões motores direcionados a um
ambiente ou objeto desconhecido ou Autores de diferentes épocas, e
pouco familiar (Berlyne, 1966; Crusio, campos de estudo, concordam que a
2001), por meio do qual informações exibição do comportamento exploratório
sobre o ambiente, ou objeto, são só é possível devido à presença de um
coletadas (Hughes, 1997). Por meio estímulo novo que o provoque (Berlyne,
deste comportamento, os animais se 1966; Hughes, 1997; Crusio, 2001).
familiarizam com a situação de novidade Berlyne (1966) define novidade como
aprendendo, por exemplo, onde sendo um estímulo que não encontra
encontrar água, alimento ou esconde- antecedentes no passado de
rijo, influenciando ainda nas habilidades experiência do indivíduo e que produz
competitivas (Verbeek et al., 1994). A orientação, atenção e exploração.
exibição do comportamento exploratório Segundo este autor, a novidade pode
possui importantes consequências na ser absoluta, quando é totalmente
sobrevivência de um indivíduo e logo, desconhecida do indivíduo, ou relativa,
na de sua espécie. As informações quando alguns elementos do estímulo
obtidas permitem que os indivíduos novo são de conhecimento do indivíduo,
tirem vantagem da experiência mas são apresentados de uma forma
exploratória, otimizando as reações ainda não familiar. Sugere-se ainda que
futuras em qualquer situação igual, ou possa ser classificada em novidade

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relativa a um objeto, relativa a um simples opção de explorar (Hughes,


ambiente, ou novidade de coespecífico, 1997). Isso demonstra que explorar é
quando o estímulo novo é um indivíduo por si só, um comportamento recom-
da mesma espécie nunca antes pensador e que a ausência de
conhecido (Broom e Fraser, 2007). Tal oportunidade exploratória pode ser
diferenciação é importante no sentido significativamente estressante, levando
de que existem reações diferentes e a comportamentos anormais, e redução
características das espécies com do bem-estar.
relação aos tipos de novidade e, dentro Ao afirmar que um animal precisa
das espécies, estas reações podem explorar como forma de otimizar o seu
variar com a ontogenia (Broom e Fraser, bem-estar, e reduzir o estresse, deve-se
2007). Assim esta diferenciação pode ter em mente as definições clássicas
facilitar a discussão das variadas dos três conceitos: Estresse, bem-estar,
reações comportamentais dos indiví- e necessidade. Segundo Broom e
duos frente a múltiplos padrões de Johnson (1993) estresse pode ser
novidade, permitindo inclusive que se definido como um efeito ambiental sobre
compreenda quando esta novidade é o indivíduo, que ultrapassa o seu
bem recebida pelo animal, ou quando, sistema de controle, e reduz seu fitness.
representa um grau de imprevisibilidade Ainda, segundo estes autores, bem-
que gera estresse e redução do seu estar pode ser definido como uma
nível de bem-estar (Broom e Johnson, característica mensurável nos indivídu-
1993). os, que diz respeito a sua capacidade
Na exploração, o animal dirige ao de lidar com o próprio ambiente, e que
objeto, ou ambiente, praticamente todos pode variar numa escala de muito ruim
os padrões comportamentais a sua a muito bom. Quanto ao conceito de
disposição, e é dentro deste contexto necessidade, também segundo estes
que a aprendizagem e habituação autores, pode-se dizer que seja algo
podem ocorrer (Lorentz, 1983). relacionado à deficiência de um item,
Inicialmente o animal tende a tratar a que seja fundamental na biologia do
novidade com cautela, avaliando-a. animal, como um recurso particular, ou
Hoje sabe-se que diferentes grupos estímulo físico ou ambiental. Assim, ao
animais são capazes de avaliar a verificar que a exploração é a atividade
novidade quanto à forma (Yaski et al., que tem o potencial de permitir ao
2008; Bergman e Kitchen, 2009), indivíduo adquirir novas informações de
tamanho e posição (Ennaceur et al., uma situação de novidade (Crusio,
2009), e que fatores genéticos (Caston 2001), é possível concluir que se trata
et al., 1998; Crusio, 2001), fisiológicos de uma necessidade (pois se relaciona
(Genaro et al., 2004), e sociais, a deficiência de informação sobre esta
(Dingemanse e Goede, 2001; Genaro et situação nova), que aumenta o bem-
al., 2004; Genaro, 2005) interferem estar (pois aumenta a capacidade dos
nessa avaliação. De acordo com as indivíduos lidarem, de maneira ótima,
respostas do item ou do ambiente, com o seu entorno, reduzindo a
outros padrões motores podem ocorrer imprevisibilidade), e que reduz o
como fuga, perseguição e perda de estresse (pois reduz a possibilidade de
interesse (Lorentz, 1983). ocorrência de um efeito ambiental que
Em diferentes estudos em ultrapasse o sistema de controle do
laboratório, com organismos de variados indivíduo).
grupos, tem sido notado que os animais Neste contexto, a relação entre
aprendem a manejar o seu entorno, a comportamento exploratório, enriqueci-
fim de obter, como recompensa, a mento ambiental, e bem estar animal

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tem sido avaliada em alguns trabalhos. resposta será. Durr e Smith (1997)
Pesquisas com suínos (Sus scrofa ressaltam que o estímulo novo não deve
domesticus) (Bracke e Spoolder, 2007), ser nem tão intenso, gerando neofobia
leopardos (Felis bengalensis) (Carlstead reduzindo a exploração, nem tão fraco,
et al., 1993), ratos (Rattus novergicus) gerando desinteresse. As características
(Zimmermann et al., 2001), e búfalos da espécie estudada devem ser
(Westerath et al., 2009), demonstram consideradas, bem como sua habilidade
que animais mantidos em ambientes em percepção de forma, cores, sons,
empobrecidos exibem baixa proporção odores, e movimento, garantindo que o
de comportamento exploratório e, na estimulo apresentado seja bem aceito
presença da novidade, mostram pela espécie, não gerando estresse e,
interação crescente e prolongada. Este promovendo a neofilia, ser capaz de
fato é resultado da ausência de estímulo elevar o bem-estar ou mantê-lo em nível
na vida diária destes animais, ótimo.
ressaltando que o ambiente empobre- Dos diferentes testes utilizados
cido é um fator estressante que leva o para avaliar o comportamento explo-
animal a explorar intensamente, quando ratório, os mais usados são os testes de
possível, como forma de recompensa. exploração forçada, em que o animal é
Os trabalhos demonstram também que colocado em um ambiente novo: testes
os animais de ambientes restritos, em de labirinto em cruz elevado, em que o
situação de novidade, são super animal é colocado em um aparato com
responsivos ao novo e que como quatro braços, sendo geralmente, dois
tiveram poucas experiências relevantes abertos, e dois fechados nas extremida-
para comparar com a vivenciada, des; testes de exploração livre, em que
necessitam de um longo tempo para o animal tem a opção de explorar um
aprender sobre o objeto novo ou ambiente novo, ou continuar no seu
ambiente. Respostas mais intensas são familiar; e testes de exploração de um
verificadas em animais que vivem em objeto em que este normalmente é
ambientes mais pobres, já que não têm introduzido no ambiente do animal
para onde direcionar a intensa (Hughes, 1997). Os testes de explora-
motivação para explorar. Esses animais, ção forçada e labirinto em cruz elevado
no entanto exibem menor riqueza de são altamente criticados na atualidade
atos comportamentais. A habituação ao porque na maioria das vezes é
longo do tempo é uma constante, mas, impossível saber se o animal explora
varia de acordo com a intensidade da por motivação intrínseca de curiosidade,
motivação para explorar (Van de Weerd ou extrínseca, numa tentativa de fuga
e Day, 2009) ou seja, aqueles com de uma condição aversiva (Chemero e
maior motivação exploratória, habituam- Heyser, 2005). Representam ainda, uma
se menos rapidamente. situação ecológica muito improvável já
Trickett et al., (2009) ao estudarem que o animal na natureza raramente irá
a habituação de porcos a dois diferentes se deparar com uma situação de
tipos de enriquecimento ambiental, absoluta novidade, em que ele não
discutem que não só o grau de tenha a opção de explorar, ou não. A
novidade, mas a características do exploração livre, e o oferecimento de um
estímulo determinam a atratividade, e objeto não familiar, são testes mais
que a aleatoriedade na apresentação ecologicamente válidos (Durr e Smith,
reduz a habituação. Fica evidenciada 1997). Segundo Hughes (1997), a
então que, as características do exploração de objeto não familiar é a
estímulo são fundamentais para prever melhor forma de avaliar o
quão significativa, e duradoura, a comportamento exploratório sem pos-

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síveis confusões de interpretação. A deva suportar o peso do animal, deva


riqueza de informações pode ser obtida ficar paralelo ao solo e deva ter
a partir da sequência detalhada das distância, largura e altura proporcionais
respostas exploratórias dos animais ao corpo do animal estudado.
permitindo ainda o desenvolvimento de Muitos trabalhos abordando enri-
abordagens de aprendizado e memória. quecimento ambiental, embora não
Nesta perspectiva, é possível avaliar a objetivem diretamente a avaliação do
exibição do comportamento exploratório comportamento exploratório, têm
na introdução de objetos que combinam utilizado a exibição deste como
barulho e movimento (Durr e Smith, parâmetro para avaliar a eficiência do
1997), ou complexidade de cor e forma enriquecimento em questão, ou a
(Bergman e Kitchen, 2009). As supressão deste comportamento como
características do ambiente onde o indicativo de estresse. Tem-se utilizado
objeto está sendo inserido também novidades áudio-visuais como
devem ser consideradas. Harris e televisões para gatos (Ellis e Wells,
Knowlton (2001) demonstram, por 2008), espelhos para golfinhos
exemplo, que coiotes (Canis latrans) (Tursiops truncatus), e elefantes
cativos costumam investigar objetos (Elephas maximus) (Reiss e Marino,
novos muito mais em ambiente não 2001; Plotnik et al., 2006), e
familiar que no familiar, o mesmo computadores para primatas não
ocorrendo para odores. A reação humanos (Platt e Navak, 1997), a fim de
apresentada pelos animais é justificada estimular a exploração de diferentes
pelo fato do ambiente, não familiar, ser grupos animais. Sons de diferentes
mais rico em novidades promovendo fontes, como sons da natureza, para
mais exploração. A presença do objeto jaguatiricas, e música clássica para
em um local familiar induz a ansiedade cães, também têm sido empregados
de não se conhecer parte da (Powell, 1997; Wells, 2004). Todas
discrepância espacial que o objeto essas novas formas de estimulação
significa, e a situação é tratada com sensorial têm obtido significativos
cautela. resultados na redução de compor-
Chemero e Heyser (2005) defen- tamentos estereotipados, automutilação
dem enfaticamente o uso de objetos no e inatividade. De maneira geral a
estudo do comportamento exploratório. exibição do comportamento exploratório
Segundo os autores duas vantagens tem sido uma ferramenta na
podem ser percebidas no estudo com demonstração da efetiva utilidade de um
exploração de objetos. Primeiro não é determinado item de enriquecimento, já
necessário privar o animal de nenhum que a maioria dos testes é feita
recurso básico como alimento e água, o permitindo ao animal optar por explorar,
que oferece uma observação da ou não. Além dos já referidos estímulos
exploração por si mesma. E segundo, visuais e sonoros, formas diferenciadas
possibilita o estudo de outros temas de apresentação de alimentos, estímu-
como habituação, memória e los cognitivos, e estímulos odoríferos
aprendizado. Os autores mostram que têm sido utilizados como forma de
pouca ou nenhuma atenção tem sido aumentar a complexidade de um
dada a descrever as características dos determinando ambiente de cativeiro
objetos avaliados, e por vezes, objetos (Wells et al., 2006).
de característica muito diferentes (em O comportamento exploratório dos
forma, tamanho e textura, por exemplo), gatos domésticos não tem sido avaliado
são comparados sem qualquer critério. de forma significativa no meio científico
Os autores aconselham que o objeto e os poucos trabalhos que relatam este

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comportamento possuem o enfoque do que a interferência da presença dos


voltado para relações dominância (Durr visitantes. Já para primatas, o efeito
e Smith, 1997; Crowell-Davis et al., parece ser contrário, com os visitantes
2004), relações mãe e filhote (Bateson, exercendo intenso papel no
2000; Deag et al., 2000), e comportamento exibido. De acordo com
comportamento alimentar (Fitzgerald e a pobreza do recinto, com
Turner, 2000). Trabalhos com impossibilidade de exploração e fuga,
enriquecimento ambiental também tem esconderijos, e sem a presença de itens
utilizado o comportamento exploratório que estimulem a atividade, felinos
como medida de atividade (Ellis, 2007). tendem a apresentar alto grau de
Tanto o estudo com gatos domésticos estereotipias e inatividade (Tilson e
quanto as pesquisas com compor- Seal, 1987). Isto demonstra quão
tamento exploratório têm um histórico significativo para este grupo animal é o
recente, o que justifica a dificuldade em oferecimento de oportunidades de
se encontrar na literatura trabalhos com exibição do seu repertório comporta-
este comportamento voltado para estes mental, melhorando a qualidade do
felinos, como tem sido feito para outros ambiente. Esta melhoria deve versar
grupos animais, principalmente roedores desde fatores simples, como a textura
e primatas. Considerando o papel do do assoalho, e local para abrigo, como
gato doméstico na sociedade atual, e questões mais complexas como: itens
também no meio científico e, tendo em que estimulem a capacidade cognitiva
vista o crescimento das temáticas dos animais, e que promovam a
ligadas ao comportamento exploratório, exploração da área.
é de esperar que ao longo dos anos a Dos poucos trabalhos que lidam
avaliação aprofundada deste compor- com o comportamento exploratório de
tamento, para este grupo se efetue, com forma mais central na família Felidae,
vistas à melhor compreensão do merecem destaque os trabalhos de
repertório comportamental destes feli- Glickman e Sroges (1968), Carlstead et
nos, e aplicação do conhecimento no al., (1993) e Durr e Smith (1997), bem
oferecimento de condições que como os trabalhos de Wells e Egli
permitam a melhoria do seu bem-estar, (2004) e Ellis (2007).
Em 1977, West avaliou o Glickman e Sroges (1968) desen-
comportamento exploratório de filhotes volveram um interessante trabalho em
de gatos domésticos, e o descreveu da que analisaram a curiosidade em
seguinte maneira: “A exploração gira em animais de zoológico, com a introdução
torno da percepção visual, atração, de objetos não familiares que variassem
olfação e/ou touque, sem a manipulação textura, forma e odor. Os resultados
efetiva do objeto, com patas ou boca, demonstram diferenças significativas
enquanto lentamente move-se em entre vários grupos taxonômicos, tanto
direção, ou em volta do objeto.” Tilson e na quantidade quanto na forma de
Seal (1987) defendem que os felinos de manipulação dos itens. Os autores
uma maneira geral, tendem a ser muito concluíram que os Primatas, e os
mais neofílicos que neofóbicos, o que Carnívoros, foram os que exibiram
pode ser justificado pelo papel de maior comportamento de investigação;
predadores que apresentam. Hosey os animais jovens tendem a ser mais
(2008), ao avaliar as relações entre o reativos que os adultos, e que os
homem e os animais em zoológico, pequenos felinos do gênero Felis foram
verifica que para felinos, muitas vezes o menos reativos que os grandes felinos
efeito da qualidade do recinto é muito do gênero Panthera. Com relação a
mais perceptível em seu comportamento sequências motoras, a principal reação

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da maioria dos animais foi morder o Durr e Smith (1997) realizaram um


item, como esperado. Além disso, os dos raros trabalhos que enfocam a
primatas seguram o item com os resposta de gatos domésticos a
membros anteriores, inspecionando estímulos de novidade. Os autores
visualmente, e manipulando o item. Os utilizaram dois grupos de animais com
Carnívoros mostraram uma aproxi- ordens sociais bem estabelecidas,
mação vigorosa, com poucos indícios de compostos de machos e fêmeas não
medo, com um padrão motor que se castrados. Segundo os autores, o
assemelha ao normalmente utilizado na melhor estímulo de novidade a ser
obtenção de presas: caminhar lenta, e oferecido não deve ser tão intenso para
silenciosamente, em direção ao objeto, não afastar os animais, nem tão suave
exibir comportamentos típicos de para não se correr o risco de não
perseguição, morder, atacar, e se chamar a atenção dos mesmos. Assim
colocar sobre as patas. Algumas os autores associaram movimento, e
possíveis técnicas de exploração típicas barulho, em um objeto que foi
das espécies foram notadas, como o introduzido no recinto desses animais
uso da língua pelas antas (Tapirus em condição natural. Outros estímulos e
terrestris) e da cauda pelo macaco condições também foram testados como
aranha (Ateles geoffroyi). Os autores alimento e exploração individual. O
remetem essas diferenças comporta-- objetivo era relacionar grau de
mentais a padrões alimentares, posição dominância social e diferenças
ecológica de presa ou predador e individuais na exploração dos itens.
correlações do desenvolvimento Avaliando a latência em dirigir a atenção
neurológico. ao objeto e o contato com o mesmo, os
Carlstead et al., (1993) conduziram autores concluíram que os animais
um trabalho com enriquecimento ambi- demonstraram diferenças individuais na
ental no recinto de gatos leopardos reação a novidade que foi independente
(Felis bengalensis), no zoológico do grau de dominância que esses
nacional de Washington/EUA, e as exibiam no grupo, ou seja, o animal
relações desse enriquecimento com dominante nem sempre o é em todas as
suas respostas adrenocorticais e situações, ou tipos de atividade. Ao
comportamentais. Por meio de contrário de lobos (Canis lupus)
enriquecimento composto por galhos, e (Svartberg, 2005) os animais
locais de esconderijo, os níveis de dominantes, no ranking social e na
cortisol urinário, e o comportamento competição alimentar, não foram os
estereotipado de “pacing”, reduziram mais neofílicos, e tal diferença é,
significativamente, enquanto que o segundo os autores, derivada de
comportamento exploratório aumentou diferenças nas características sociais
de forma considerável. Os autores das duas espécies, bem como no grau
sugerem que reduzida exibição de de domesticação.
comportamento exploratório denuncia a Sabendo-se que o olfato é talvez o
exposição crônica a condições sentido mais desenvolvido em gatos
ambientais aversivas, e que os domésticos, alguns autores têm
programas eficientes de enriqueci- direcionado suas pesquisas para
mento ambiental devem estimular o comportamento exploratório, enriqueci-
comportamento em questão. Assim, mento ambiental e bem-estar, na
fica evidenciada a abordagem “bem- questão dos odores. Assim que ocorre o
estar animal” no estudo deste parto é o olfato que irá orientar o animal
comportamento. em direção às mamas da mãe (Beaver,
1992). Além disso, o odor é utilizado na

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identificação entre gatos, bem como na possuíam interesse no odor de uma


exploração, marcação e habituação com presa que não conheciam. O trabalho
novos ambientes (Turner e Bateson, foi realizado no período da tarde, o que
2000). Qualidades sociais também também pode justificar o índice de
podem ser percebidas. (Beaver, 1992; inatividade observado.
Turner e Bateson, 2000). Assim, pode- Para espécies predadoras como
se verificar que a introdução de odores gatos, a exploração é uma importante
pode ser um interessante meio de parte na localização de alimento, e logo,
promover a atividade de avaliação e a novidade (na forma de odores) pode
identificação de um território, ou objeto, aumentar a motivação para explorar
promovendo o comportamento explora- (Ellis, 2007). Broom e Fraser (2007)
tório em felinos domésticos. defendem ainda que todos os animais
Wells e Egli (2004) realizaram um domésticos têm uma forte motivação
trabalho avaliando a influência de um para explorar quando encontram a
enriquecimento olfatório (representado novidade. Gatos reconhecem suas
por noz moscada, catnip, e odor de presas principalmente através da visão
presa – codorna) no comportamento do e da audição (Jensen, 2002), mas não
gato de patas negras (Felis nigripes) em podemos deixar de considerar, no
cativeiro. Os odores foram adicionados entanto, que sendo um animal
a uma flanela, e esta foi apresentada responsivo a estimulação odorífera, o
por 5 dias no recinto dos animais. Os odor da presa pode ser uma forma
odores estimularam os animais a passar significativa de estimulação, com
menos tempo exibindo comportamentos facilidade de aplicação em ambientes
de inatividade, aumentando o compor- cativos, por aqueles que objetivem
tamento exploratório, e a locomoção. A aumentar a taxa exploratória do animal,
noz moscada exerceu a menor em direção a melhoria da sua qualidade
influência no comportamento que de vida, e elevação do seu nível de
odores de presa e catnip. Houve bem-estar.
habituação com os estímulos ao longo
dos dias, e os autores sugerem alternar CONCLUSÃO
a apresentação, ou oferecê-los
ocasionalmente. De maneira geral, os A tendência da pesquisa etológica
odores aumentaram a atividade dos com animais tem sido a de conhecer
gatos cativos, reduzindo o sedentaris- comportamentos básicos e aplicar este
mo, e encorajando a exploração, conhecimento, principalmente, na
mudanças que são desejáveis dentro da melhoria da qualidade de vida dos
perspectiva do bem-estar animal. indivíduos sejam estes domésticos,
Ellis (2007) avaliou em 150 gatos, selvagens, ou de criação, cativos, ou de
de ambos os sexos, o efeitos de vida livre. Verificamos ainda uma lacuna
enriquecimento odorífero com lavanda, significativa na compreensão do
catnip e odor de presa (coelho). comportamento exploratório dos
Verificou que os animais demonstraram animais, como um todo, e
exploração ativa principalmente na enfaticamente, para gatos domésticos.
presença do odor de catnip e de presa, Esta defasagem reforça a manutenção
embora os demais comportamentos dos animais em situação não ideal
exibidos fossem relacionados com a prejudicando o seu bem-estar, e indo
inatividade. A autora justifica a exibição contra a abordagem ética que devemos
significativa de inatividade, com base no ter com os demais seres vivos. Novas
fato de que eram animais provenientes técnicas que objetivem a melhoria da
de cidades, que provavelmente não manutenção dos gatos cativos devem

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Machado e Genaro (2010)

ser propostas, tendo em vista todas as CARLSTEAD, K.; BROWN, J.L;


questões discutidas nesta revisão como SEIDENSTICKER, J. Behavioral and
adrenocortical responses to environmental
a importância da novidade, a influência changes in leopard cats (Felis bengalensis). Zoo
dos odores e a possibilidade da Biology, v.12, n.3, p. 321-331, 1993.
neofobia, a fim de que, no futuro,
CASTON, J.; CHIANALE, C., DELHAYE-
possamos manter gatos cativos sadios BOUCHAUD, N. et al. Role of the cerebellum in
nas diversas condições (experimentais, exploration behavior. Brain Research, v.808,
domésticas, cativeiro) não só na n.2, p.232-237, 1998.
perspectiva sanitária, mas também CHEMERO, A.; HEYSER, C. Object exploration
comportamental. and a problem with reductionism. Synthese,
v.147, n.3, p.403-423, 2005.
AGRADECIMENTOS CROWELL-DAVIS, S.L.; CURTIS, T.M.;
KNOWLES, R.J. Social organization in the cat: A
Os autores agradecem a agência modern understanding. Journal of Feline
de fomento a pesquisa CAPES, a Medicine Surgery, v.6, n.1, p.19-28, 2004.

Empresa Laboratórios DUPRAT®, e a CRUSIO, W.E. Genetic dissection of mouse


exploratory behaviour. Behavioral Brain
médica Maria José Ribeiro Toledo por Research, v.125, n.1-2, p.127-132, 2001.
apoiarem este trabalho.
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