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O que é ATM ?

O ATM é uma tecnologia de comunicação de dados de alta velocidade usada para interligar redes locais,
metropolitanas e de longa distância para aplicações de dados, voz, áudio, e vídeo.

Basicamente a tecnologia ATM fornece um meio para enviar informações em modo assíncrono através de uma rede
de dados, dividindo essas informações em pacotes de tamanho fixo denominados células (cells). Cada célula
carrega um endereço que é usado pelos equipamentos da rede para determinar o seu destino.

A tecnologia ATM utiliza o processo de comutação de pacotes, que é adequado para o envio assíncrono de
informações com diferentes requisitos de tempo e funcionalidades, aproveitando-se de sua confiabilidade,
eficiência no uso de banda e suporte a aplicações que requerem classes de qualidade de serviço diferenciadas.

Histórico

No fim da década de 80 e início da década de 90, vários fatores combinados demandaram a transmissão de dados
com velocidades mais altas:
• A evolução das redes transmissão para a tecnologia digital em meios elétricos, ópticos e rádio;
• A descentralização das redes e o uso de aplicações cliente / servidor;
• A migração das interfaces de texto para interfaces gráficas;
• O aumento do tráfego do tipo rajada (bursty) nas aplicações de dados e o conseqüente aumento do uso de
banda;
• O aumento da capacidade de processamento dos equipamentos de usuário (PCs, estações de trabalho,
terminais Unix, entre outros);
• A demanda por protocolos mais confiáveis e com serviços mais abrangentes.
Nessa época consolidava-se o desenvolvimento das tecnologias ISDN e Frame Relay. Entretanto, a crescente
necessidade de uso banda e de classes de serviços diferenciadas, de acordo com o tipo de aplicação, levou ao
desenvolvimento das tecnologias ATM e B-ISDN (Broadband-ISDN), com padrões e recomendações elaborados por
órgão internacionais de Telecomunicações e suportados pela indústria mundial.

Rede ATM

Uma rede ATM é composta por:


• Equipamentos de usuários (PCs, estações de trabalho, servidores, computadores de grande porte, PABX,
etc.) e suas respectivas aplicações;
• Equipamentos de acesso com interface ATM (roteadores de acesso, hubs, switches, bridges, etc.);
• Equipamentos de rede (switches, roteadores de rede, equipamentos de transmissão com canais E1 / T1 ou
de maior banda, etc.).
A conversão dos dados para o protocolo ATM é feita pelos equipamentos de acesso. Os frames gerados são
enviados aos equipamentos de rede, cuja função é basicamente transportar esse frames até o seu destino, usando
os procedimentos roteamento próprios do protocolo.

A rede ATM é sempre representada por uma nuvem, já que ela não é uma simples conexão física entre 2 pontos
distintos. A conexão entre esses pontos é feita através de rotas ou canais virtuais (virtual path / channel)
configurados com uma determinada banda. A alocação de banda física na rede é feita célula a célula, quando da
transmissão dos dados.

A figura a seguir apresenta uma rede ATM.


Vantagens e Restrições

A tecnologia ATM oferece vários benefícios, quando comparada com outras tecnologias:
• Emprega a multiplexação estatística, que otimiza o uso de banda;
• Faz o gerenciamento dinâmico de banda;
• O custo de processamento das suas células de tamanho fixo é baixo;
• Integra vários tipos diferentes de tráfego (dados, Voz e vídeo);
• Garante a alocação de banda e recursos para cada serviço;
• Possui alta disponibilidade para os serviços;
• Suporta múltiplas classes de Qualidade de Serviço (QoS);
• Atende a aplicações sensíveis ou não a atraso e perda de pacotes;
• Aplica-se indistintamente a redes públicas e privadas;
• Pode compor redes escaláveis, flexíveis e com procedimentos de recuperação automática de falhas;
• Pode interoperar com outros protocolos e aplicações, tais como Frame Relay, TCP/IP, DSL, Gigabit
Ethernet. tecnologia wireless, SDH / SONET, entre outros.
Entretanto, sua utilização irrestrita tem encontrado alguns obstáculos:
• Outras tecnologias, tais como Fast Ethernet, Gibabit Ethernet e TCP/IP, têm sido adotadas com grande
freqüência em redes de dados;
• O uso de interfaces ATM diretamente aplicadas em PC’s, estações de trabalho e servidores de alto
desempenho não tem sido tão grande como se esperava a princípio.

ATM: Características

A tecnologia ATM utiliza a multiplexação e comutação de pacotes para prover um serviço de transferência de dados
orientado a conexão, em modo assíncrono, para atender as necessidades de diversos tipos de aplicações de dados,
voz, áudio e vídeo.

Diferentemente dos protocolos X.25 e Frame Relay, entre outros, o ATM utiliza um pacote de tamanho fixo
denominado célula (cell). Uma célula possui 53 bytes, sendo 48 para a informação útil e 5 para o cabeçalho. Cada
célula ATM enviada para a rede contém uma informação de endereçamento que estabelece uma conexão virtual
entre origem e destino. Este procedimento permite ao protocolo implementar as características de multiplexação
estatística e de compartilhamento de portas.

Na tecnologia ATM as conexões de rede são de 2 tipos: UNI (User-Network Interface), que é a conexão entre
equipamentos de acesso ou de usuário e equipamentos de rede, e NNI (Network Node Interface), que é a conexão
entre equipamentos de rede. No primeiro caso, informações de tipo de serviço são relevantes para a forma como
estes serão tratados pela rede, e referem-se a conexões entre usuários finais. No segundo caso, o controle de
tráfego é função única e exclusiva das conexões virtuais configuradas entre os equipamentos de rede.
O protocolo ATM foi concebido através de uma estrutura em camadas, porém sem a pretensão de atender ao
modelo OSI. A figura abaixo apresenta sua estrutura e compara com o modelo OSI.

No modelo ATM todas as camadas possuem funcionalidades de controle e de usuário (serviços), conforme
apresentado na figura. A descrição de cada camada e apresentada a seguir:
• Física: provê os meios para transmitir as células ATM. A sub-camada TC (Transmission Convergence)
mapeia as células ATM no formato dos frames da rede de transmissão (SDH, SONET, PDH, etc.). A sub-
camada PM (Physical Medium) temporiza os bits do frame de acordo com o relógio de transmissão.
• ATM: é responsável pela construção, processamento e transmissão das células, e pelo processamento das
conexões virtuais. Esta camada também processa os diferentes tipos e classes de serviços e controla o
tráfego da rede. Nos equipamentos de rede esta camada trata todo o tráfego de entrada e saída,
minimizando o processamento e aumentando a eficiência do protocolo sem necessitar de outras camadas
superiores.
• AAL: é responsável pelo fornecimento de serviços para a camada de aplicação superior. A sub-camada CS
(Convergence Sublayer) converte e prepara a informação de usuário para o ATM, de acordo com o tipo
de serviço, além de controlar as conexões virtuais. A sub-camada SAR (Segmentation and Reassembly)
fragmenta a informação para ser encapsulada na célula ATM. A camada AAL implementa ainda os
respectivos mecanismos de controle, sinalização e qualidade de serviço.
Os parágrafos a seguir descrevem as conexões virtuais, a célula ATM e os tipos de serviços.

Conexões Virtuais (Virtual Connections)

A tecnologia ATM é baseada no uso de conexões virtuais. O ATM implementa essas conexões virtuais usando 3
conceitos:
• TP (Transmission Path): é a rota de transmissão física (por exemplo, circuitos das redes de transmissão
SDH/SONET) entre 2 equipamentos da rede ATM.
• VP (Virtual Path): é a rota virtual configurada entre 2 equipamentos adjacentes da rede ATM. O VP usa
como infraestrutura os TP’s. Um TP pode ter um ou mais VP’s. Cada VP tem um identificador VPI (Virtual
Paths Identifier), que deve ser único para um dado TP.
• VC (Virtual Channel): é o canal virtual configurado também entre 2 equipamentos adjacentes da rede
ATM. O VC usa como infraestrutura o VP. Um VP pode ter um ou mais VC’s, Cada VC tem um
identificador VCI (Virtual Channel Identifier), que também deve ser único para um dado TP.
A figura a seguir ilustra esses conceitos.
A partir desses conceitos, definem-se 2 tipos de conexões virtuais:
• VPC (Virtual Paths Connection): é a conexão de rota virtual definida entre 2 equipamentos de acesso ou
de usuário. Uma VPC é uma coleção de VP’s configuradas para interligar origem e destino.
• VCC (Virtual Channel Connection): é a conexão de canal virtual definida entre 2 equipamentos de acesso
ou de usuário. Uma VCC é uma coleção de VC’s configuradas para interligar origem e destino.
Essas conexões são sempre bidirecionais, embora a banda em cada direção possa ter taxas distintas ou até mesmo
zero. Aos serem configuradas, apenas os identificadores VPI/VCI nas conexões UNI da origem e do destino tem os
mesmos valores. Nas conexões NNI entre equipamentos os valores de VPI/VCI são definidos em função da
disponibilidade de VP’s ou VC’s, conforme mostra a figura a seguir.

O ATM é um protocolo orientado a conexão. A rede estabelece uma conexão através de um procedimento de
sinalização, ou seja, um pedido de estabelecimento de conexão é enviado pela origem até o destinatário através
da rede. Se o destinatário concorda com a conexão, um VCC/VPC é estabelecido na rede, definido o VPI/VCI da
conexão entre as UNI de origem e de destino, e alocando os recursos dos VP’s e/ou VC’s ao longo da rota.

Como o ATM usa a técnica de roteamento para enviar as células, ao configurar um VPC ou VCC, o sistema usa
como parâmetros os endereços ATM dos equipamentos de origem e destino, e o VPI/VCI adotado. Essas
informações são então enviadas para as tabelas de roteamento dos equipamentos de rede, que usam para
encaminhar as células.

Em cada equipamento as células dos VPC’s são encaminhadas de acordo com o seu VPI, e as células dos VCC’s de
acordo com a combinação VPI/VCI.

A partir dessas conexões virtuais o ATM implementa todos os seus serviços. Em especial, o ATM implementa
também os circuitos virtuais (VC) mais comuns, quais sejam:
• PVC (Permanent Virtual Circuit): esse circuito virtual é configurado pelo operador na rede através do
sistema de Gerência de Rede, como sendo uma conexão permanente entre 2 pontos. Seu
encaminhamento através dos equipamentos da rede pode ser alterado ao longo do tempo devido à falhas
ou reconfigurações de rotas, porém as portas de cada extremidade são mantidas fixas e de acordo com a
configuração inicial.
• SVC (Switched Virtual Circuit): esse circuito virtual disponibilizado na rede de forma automática, sem
intervenção do operador, como um circuito virtual sob demanda, para atender, entre outras, as
aplicações de Voz que estabelecem novas conexões a cada chamada. O estabelecimento de uma
chamada é comparável ao uso normal de telefone, onde a aplicação de usuário especifica um número de
destinatário para completar a chamada, e o SVC é estabelecido entre as portas de origem e destino.
Estrutura da Célula

A célula do protocolo ATM utiliza a estrutura simplificada com tamanho fixo de 53 bytes apresentada na figura a
seguir.
O campo de Cabeçalho carrega as informações de controle do protocolo. Devido a sua importância, possui
mecanismo de detecção e correção de erros para preservar o seu conteúdo. Ele é composto por 5 bytes com as
seguintes informações:
• VPI (Virtual Path Identifier), com 12 bits, representa o número da rota virtual até o destinatário da
informação útil, e tem significado local apenas para a porta de origem. Nas conexões UNI o VPI pode
ainda ser dividido em 2 campos: o GFC (Generic Flow Control), com 4 bits, que identifica o tipo de célula
para a rede, e o VPI propriamente dito, com 8 bits.
• VCI (Virtual Channel Identifier), com 16 bits, representa o número do canal virtual dentro de uma rota
virtual específica. Também se refere ao destinatário da informação útil e tem significado local apenas
para a porta de origem.
• PT (Payload Type), com 3 bits, identifica o tipo de informação que a célula contém: de usuário, de
sinalização ou de manutenção.
• CLP (Cell Loss Priority), com 1 bit, indica a prioridade relativa da célula. Células de menor prioridade são
descartadas antes que as células de maior prioridade durante períodos de congestionamento.
• HEC (Header Error Check), com 8 bits, é usado para detectar e corrigir erros no cabeçalho.
O campo de Informação Útil, com 384 bits(48 bytes) carrega as informações de usuário ou de controle do
protocolo. A informação útil é mantida intacta ao longo de toda a rede, sem verificação ou correção de erros. A
camada ATM do protocolo considera que essas tarefas são executadas pelos protocolos das aplicações de usuário
ou pelos processos de sinalização e gerenciamento do próprio protocolo para garantir a integridade desses dados.

Quando é informação de usuário, o conteúdo desse campo é obtido a partir da fragmentação da informação
original executada na camada AAL de acordo com o serviço. O campo pode ainda servir de preenchimento nulo,
nos casos de serviços da taxa constante de bits.

Quando a informação é de controle do protocolo, o primeiro byte é usado como campo de controle e os demais
bytes contem informação de sinalização, configuração e gerenciamento da rede.

Classes de Serviços

O tratamento dos diversos tipos de serviços do ATM é feito na camada AAL. Para tanto foram definidos tipos de
serviços, baseado na qualidade de serviço esperada: CBR, VBR, ABR e UBR.

O serviço CBR (Constant Bit Rate) é aplicado a conexões que necessitam de banda fixa (estática) devido aos
requisitos de tempo bastante apertados entre a origem e o destino. Aplicações típicas deste serviço são: áudio
interativo (telefonia), distribuição de áudio e vídeo (televisão, pay-per-view, etc), áudio e vídeo on demand, e
emulação de circuitos TDM.

O serviço VBR (Variable Bit Rate) pode ser de tempo real ou não. Na modalidade tempo real (rt-VBR), é aplicado a
conexões que tem requisitos apertados de tempo entre origem e destino, porém a taxa de bits pode variar.
Aplicações típicas deste serviço são voz com taxa variável de bits e vídeo comprimido (MPEG, por exemplo).

Na modalidade não tempo real (nrt-VBR), o VBR pode ser utilizado com ou sem conexão, a destina-se a conexões
que, embora críticas e com requisitos de tempo apertados, podem aceitar variações na taxa de bits. Aplicações
típicas deste serviço são os sistemas de reserva de aviação, home banking, emulação de LAN’s e interligação de
redes com protocolos diversos (interação com redes Frame Relay, etc.).

O serviço ABR (Available Bit Rate) é aplicado a conexões que transportam tráfego em rajadas que podem
prescindir da garantia de banda, variando a taxa de bits de acordo com a disponibilidade da rede ATM. Aplicações
típicas deste serviço também são as interligações entre redes (com protocolo TCP/IP, entre outros) e a emulação
de LAN’s onde os equipamentos de interfaces têm funcionalidades ATM.

O serviço UBR (Unspecified Bit Rate) é aplicado a conexões que transportam tráfego que não tem requisitos de
tempo real e cujos requisitos e atraso ou variação do atraso são mais flexíveis. Aplicações típicas deste serviço
também são as interligações entre redes e a emulação de LAN’s que executam a transferência de arquivos e
emails.

ATM: Sinalização e Controle

A tecnologia ATM foi desenvolvida para ser um recurso abrangente de rede de dados, com serviços confiáveis e de
qualidade garantida, a partir de um único meio de acesso. Para implementar esses requisitos suas premissas
foram a simplicidade do frame (célula) e mecanismos de sinalização e controle de tráfego e congestionamento
confiáveis.

Sinalização

Os mecanismos de sinalização do protocolo ATM são parte dos seus mecanismos de controle. As funções principais
definidas são as seguintes:
• Estabelecimento e finalização de conexões ponto a ponto;
• Seleção e alocação de VPI/VCI;
• Solicitação de classe de qualidade de serviço;
• Identificação de solicitante de conexão;
• Gerenciamento básico de erros;
• Notificação de informações na solicitação de conexões;
• Especificação de parâmetros de tráfego.
O ATM possui procedimentos de sinalização específicos para essas funções baseados no envio de mensagens a
partir dos equipamentos de acesso (ou de usuário) de origem para os equipamentos de destino, a fim de negociar
ao longo da rede o estabelecimento de conexões.

È basicamente uma evolução dos procedimentos de estabelecimento de chamadas dos sistemas de telefonia
convencional aplicados às redes de dados, com sinalizações indicando se a conexão pode ser efetuada ou não, se
ela deve ou não ser terminada de forma normal ou anormal e o estado da conexão. Sua duração pode ser variável,
para uma conexão estabelecida sob demanda e de forma automática, ou permanente, para uma conexão
configurada pelo operador que deve estar sempre disponível.

A partir desse conjunto de funções podem ser estabelecidas as diversas funcionalidades dos serviços existentes no
ATM. Entre elas podemos citar:
• Estabelecimento de conexões ponto-a-ponto;
• Estabelecimento de conexões ponto-multiponto;
• Estabelecimento de conexões multiponto-multiponto;
• Estabelecimento de conexões multicast (um para muitos unidirecional).
Congestionamento

A capacidade de transporte da Rede ATM é limitada pela sua banda disponível. Conforme o tráfego a ser
transportado aumenta, a banda vai sendo alocada até o limiar onde não é possível receber o tráfego adicional.
Quando atinge esse limiar, a rede é considerada congestionada, embora ainda possa transportar todo o tráfego
entrante.

Caso os equipamentos de usuário continuem a enviar tráfego adicional, a rede é levada ao estado de
congestionamento severo, o que provoca a perda de células por falta de banda. Nesse estado, os procedimentos
de reenvio de pacotes perdidos dos equipamentos usuários concorrem com o tráfego existente e a rede entra em
acentuado processo de degradação.

O ATM possui os seguintes mecanismos de gerenciamento de congestionamento:


• Alocação de Recursos: evita que ocorra o congestionamento fazendo o controle severo de alocação dos
recursos de armazenamento (buffers) dos equipamentos e de banda, e recusando as solicitações de
novas conexões.
• UPC (Usage Parameter Control): se o processo de controle do uso da rede indicar estado de descarte, os
equipamentos situados na periferia da rede não aceitam novo tráfego evitando o congestionamento.
• CAC (Connection Admission Control): caso o parâmetro de admissão de novas conexões estiver
selecionado para “cheio”, não serão aceitas novas conexões onde não se possa garantir a qualidade de
serviços com os recursos existentes.
Além disso, outros mecanismos para evitar o congestionamento estão inseridos no próprio protocolo ou nos
processos de gerenciamento do sistema, conforme descrito a seguir:
• Aviso Explícito de Congestionamento: este mecanismo utiliza o bit EFCI (Explicit Foward Congestion
Indication) do campo PT do cabeçalho da célula, descrito anteriormente, para avisar os equipamentos de
usuários e de rede sobre o estado da rede. O equipamento que se encontra em estado de
congestionamento ou na iminência de entrar nesse estado, ativa o bit. Desta forma podem ser iniciados
procedimentos de controle de fluxo para diminuir o tráfego até que este se normalize.
• Alteração de Prioridade da Célula: caso o processo de verificação de uso da rede verificar a ocorrência de
congestionamento, este pode ativar o bit CLP do cabeçalho das células, forçando o seu descarte até a
rede se normalize.
• Controle de Estabelecimento de Conexões: o processo de admissão de novas conexões atinge o estado de
sobrecarregado e recusa as chamadas até que a rede se normalize.
• Algoritmos de Controle de Fluxo: em alguns sistemas ATM são usados algoritmos de controle de fluxo,
baseados em janelas de tempo de resposta de envio de células, taxa de envio variável de células ou
quantidade de células para envio, os quais permitem ao sistema obter um feedback do estado de
congestionamento de forma implícita e agir para normalizar o problema.

ATM: Padrões e Recomendações

No período de 1984 a 1988 os órgãos internacionais de padronização ITU-T (Europa) e ANSI (EUA), entre outros,
estabeleceram uma série de recomendações com técnicas para transmissão, comutação e sinalização e controle
para implementar redes inteligentes baseadas em fibra óptica. Nesse período definiu-se o uso do protocolo ATM e
das redes de transmissão SDH / SONET como base para os serviços Broadband-ISDN (B-ISDN).

Em 1991 empresas do segmento industrial formaram o ATM Fórum, com o objetivo de promover a implementação
e uso da tecnologia ATM. Foram formados então comitês para abordar os aspectos técnicos, de mercado e de
usuários finais.

Em 1996 o ATM Fórum publicou o Anchorage Accord, que contém o conjunto fundamental de especificações do
ATM, assim como as especificações para migração para redes ATM e implementação futura de novos serviços,
totalizando mais de 60 recomendações. Esse acordo tinha como objetivo proporcionar uma base sólida para
fornecedores e usuário planejarem investimentos na nova tecnologia.

Desde então o padrão ATM tem sido consolidado, e outros órgãos internacionais têm interagido com o ATM Fórum
para viabilizar especificações bilaterais visando a interação dos protocolos ou serviços. Como exemplo podem ser
citados: o FR Fórum, para viabilizar a interação do Frame Relay com o ATM, e o IETF, para viabilizar a interação do
TCP/IP e MPLS com o ATM.

Um sumário dos padrões e recomendações definidos pelos principais órgãos internacionais é apresentado nas
tabelas e parágrafos a seguir.

ITU-T

A tabela a seguir apresenta as principais recomendações do ITU-T para o ATM. Como foi mencionado
anteriormente, existe sempre uma estreita relação entre o B-ISDN e o ATM, e algumas recomendações citadas,
embora tenham como objetivo outros protocolos ou serviços, especificam a interação desses com o ATM.

Recom. Título

I.113 Vocabulary of Terms for Broadband Aspect of ISDN

I.121 Broadband Aspects of ISDN

I.150 B-ISDN Asynchronous Transfer Mode Functional Characteristics

I.211 B-ISDN Service Aspects

I.311 B-ISDN General Network Aspects

I.321 B-ISDN Protocol Reference Model and Application

I.327 B-ISDN Functional Architecture


I.356 B-ISDN ATM Layer cell transfer performance

I.361 B-ISDN ATM Layer Specification

I.362 B-ISDN ATM Adaptation Layer (AAL) Functional Description

I.363 B-ISDN ATM Adaptation Layer (AAL) Specification

I.364 Support of Broadband Connectionless Data Service on B-ISDN

I.365.1 Frame Relay Service Specific Convergence Sublayer (FR-SSCS)

I.365.2 Service specific co-ordination function to provide CONS

I.365.3 Service specific co-ordination function to provide COTS

I.371 Traffic Control and Congestion Control in B-ISDN

I.413 B-ISDN User-Network Interface

I.430 Basic User-Network Interface - layer 1 specification

I.432.1 B-ISDN UNI - physical layer specification General Aspects

I.432.2 B-ISDN UNI - Physical Layer Specification for 155 520 kbit/s and 622 080 kbit/s

I.432.3 B-ISDN UNI - Physical Layer Specification for 1544 kbit/s and 2048 kbit/s

I.432.4 B-ISDN UNI - Physical Layer Specification for 51840 kbit/s

I.555 Frame Relay Bearer Service Interworking

I.580 General Arrangements for Internetworking between B-ISDN and 64 kbit/s Based on ISDN

I.610 B-ISDN Operation and Maintenance Principles and Functions

Maiores detalhes podem ser pesquisados no site do ITU-T indicado no fim do tutorial.

ANSI

A tabela a seguir apresenta os principais padrões do ANSI, adaptados para o ambiente dos EUA a partir das
recomendações do ITU-T. Mais uma vez, e como foi mencionado anteriormente, existe sempre uma estreita
relação entre o B-ISDN e o ATM, e algumas recomendações citadas, embora tenham como objetivo outros
protocolos ou serviços, especificam a interação desses com o ATM.

Padrão Título

T1.624 B-ISDN UNI: Rates and Formats Specifications

T1.627 B-ISDN ATM Funcionality and Specificatons

T1.629 B-ISDN ATM Adaptation Layer 3/4 Commom Part Funcionality and Specification

T1.630 B-ISDN - Adaptation Layer for Constant Bit Rate Services Funcionality and Specification

T1.633 Frame Relay Bearer Service Interworking

T1.634 Frame Relay Service Specific Convergence Sublayer (FR-SSCS)

T1.636 B-ISDN ATM Adaptation Layer Type 5

Maiores detalhes podem ser pesquisados no site do ANSI indicado no fim do tutorial.
ATM Fórum

Como foi mencionado anteriormente, o Anchorage Accord constitui a pedra fundamental do ATM para o ATM
Fórum. Existem ainda nesse fórum diversos Grupos de Trabalho dedicados a especificar e atualizar as
recomendações referentes a interfaces e protocolos, serviços e redes. Entre eles poderíamos citar:
• AIC/ATM-IP Collaboration (formerly LanE);
• Architecture;
• B-ICI;
• Control Signalling Policy Routing, Version 1.0;
• Data Exchange Interface;
• Directory and Naming Services;
• Frame-based ATM;
• ILMI (Integrated Local Mgmt. Interface);
• Network Management;
• Physical Layer;
• P-NNI;
• Routing and Addressing;
• Residential Broadband;
• Service Aspects and Applications;
• Security;
• Signaling;
• Testing;
• Traffic Management;
• Voice & Telephony over ATM;
• User-Network Interface (UNI).
A lista das recomendações elaboradas por cada grupo pode ser pesquisada com maiores detalhes no site do ATM
Fórum indicado no fim do tutorial.

FR Fórum

A tabela a seguir apresenta os principais IA’s do FR Fórum. Seu objetivo é basicamente definir a interação entre os
protocolos ATM e Frame Relay.

IA Título

FRF.5 Frame Relay/ATM PVC Network Interworking Implementation Agreement

FRF.8 Frame Relay/ATM PVC Service Interworking Implementation Agreement

Maiores detalhes podem ser pesquisados no site do FR Fórum indicado no fim do tutorial.

IETF

A tabela a seguir apresenta os principais RFC’s do IETF. Seu objetivo é basicamente definir a interação entre os
protocolos ATM e TCP/IP e MPLS.

RFC Título

1483 Multiprotocol Encapsulation over ATM

1577 Classical IP over ATM

Maiores detalhes podem ser pesquisados no site do FR Fórum indicado no fim do tutorial.
ATM: Aplicações

As aplicações típicas da tecnologia ATM são apresentadas a seguir.

Interligação de Redes Corporativas

A interligação das redes corporativas (LAN) de vários escritórios compondo uma rede WAN, é uma aplicação típica
para o uso da tecnologia ATM. O tráfego usual das redes de dados é normalmente de 2 tipos: interativo (comando
– resposta), ou seja, solicitação de usuários e aplicações clientes e respostas de aplicações servidoras, e por
rajadas (bursty), quando grandes quantidades de dados são transferidas de forma não contínua.

O ATM, através de roteadores instalados nos escritórios, permite utilizar uma porta única em cada escritório para
compor redes do tipo malha (meshed) onde a comunicação de um escritório com todos os outros é possível sem a
complexidade do uso de múltiplas portas e múltiplos circuitos dedicados.

Como serviços adicionais, o ATM pode ainda oferecer, na mesma estrutura, os serviços de voz e mesmo de vídeo
conferência ponto a ponto ou ponto multiponto.

O transporte de Voz, fax e sinais de modens analógicos sobre ATM atende os requisitos de atraso (delay)
específicos para esse tipo de aplicação, já que pode ser definida a qualidade de serviço necessária. Para a maioria
dos administradores de rede de Voz e dados, a possibilidade de transportar a Voz proveniente de PABX’s, sinais de
fax e de modens, e dados através da mesma porta ATM e usando procedimentos comuns de gerenciamento e
manutenção atende os requisitos de redução de custos e de complexidade das grandes redes corporativas.

Os sistemas de vídeo conferência podem fazer uso dos serviços de tempo real do ATM para vídeo comprimido,
utilizando parte da banda alocada para cada escritório, com pleno atendimento os seus requisitos de tempo e taxa
de bits.

Interligação com Sistemas Legados

A tecnologia ATM possui facilidades de encapsulamento de múltiplos protocolos. O protocolo da tecnologia SNA
pode ser utilizado sobre o ATM para interligar computadores de grande porte com escritórios, agências bancárias,
caixas eletrônicos e outras aplicações onde o acesso a esses computadores de missão crítica se faz de forma
remota.

O tempo de latência (delay), as taxas de transferência de dados, a disponibilidade e o gerenciamento de rede


oferecidos pela rede ATM, torna esse tipo de aplicação de missão crítica viável e com custos aceitáveis.
Estas funcionalidades permitem aos roteadores e até mesmo os dispositivos de acesso Frame Relay (FRAD), que
fornecem a conectividade de rede, suportarem o tráfego de sistemas SNA, sensíveis a atrasos (delays), e de redes
LAN simultaneamente com o desempenho adequado.

Ainda nesse mesmo ambiente, os equipamentos de acesso ATM possuem interfaces prontas para o protocolo
SDLC, e para sistemas BSC.

Interação ATM - Frame Relay

Para buscar aumentar a interoperabilidade do ATM com outros protocolos de dados, ATM Fórum e o FR Fórum
desenvolveram padrões para interligar equipamentos dessas tecnologias através de PVC’s.

Foram padronizadas duas formas de interoperabilidade. A primeira, chamada de Frame Relay/ATM Network
Interworking for PVC’s, padroniza uma funcionalidade responsável pelo encapsulamento dos PVC’s para que os
mesmos possam ser transportados indistintamente nas redes da 2 tecnologias. Seu uso típico ocorre quando a
rede Frame Relay tem com núcleo uma rede ATM, para otimizar ainda mais o uso de banda e a segurança. A figura
a seguir apresenta esta solução.

A segunda forma de interoperabilidade, chamada de Frame Relay/ATM Service Interworking for PVC’s, padroniza
uma funcionalidade responsável pela conversão dos protocolos (FR <--> ATM), que pode ser incorporada tantos
aos equipamentos de acesso como aos equipamentos da rede. Seu uso típico ocorre quando o usuário possui redes
Frame Relay em alguns escritórios que devem se interligar com a rede ATM da matriz. A figura a seguir apresenta
esta solução.
Redes Públicas

Os prestadores de serviços de telecomunicações possuem múltiplas redes com diversos protocolos e interfaces
para oferecer serviços de dados ao mercado. Os sistemas de transmissão têm sido padronizados na sua maioria
com a tecnologia SDH (ou SONET). As redes de acesso TDM possuem mais novas possuem funcionalidades para
oferecer acesso usando o protocolo frame relay, além dos circuitos TDM. Além disso existem as redes de acesso a
internet e de serviços IP.

Alguns operadores já têm implantado redes de dados com o núcleo (core) ATM para aumentar a eficiência de uso
de banda em sua rede como um todo, além de oferecer também diretamente os serviços ATM.

Estas redes permitem oferecer serviços de transporte de dados, voz, áudio e imagem, implementando inclusive as
atuais VPN’s.

ATM: Considerações finais

A concepção e o desenvolvimento do ATM podem ser analisados sob os diferentes aspectos apresentados a seguir:
• Interface e protocolo: implementou uma forma de comutar tráfego com taxas constantes e variáveis de
bits ao longo de um mesmo meio de transmissão;
• Tecnologia: proporcionou o desenvolvimento de padrões de hardware e software para implementar
funcionalidades de multiplexação, conexão cruzada (cross-connect) e comutação para redes;
• Plataforma multisserviços: permitiu oferecer uma forma integrada de acesso de custo aceitável para
aplicações de dados, voz, áudio e vídeo, e mesmo para sistemas legados;
• Infraestrutura de rede: definiu uma arquitetura escalável que pode ser empregada no núcleo (core) de
redes de dados (Frame Relay, IP, e etc) e mesmo de voz, otimizando os recursos das redes de
transmissão.
A aplicação do ATM em redes corporativas privadas e em redes públicas de serviços tem sido uma constante em
todo o mundo. Para tanto foram desenvolvidos alguns procedimentos para garantir que tanto as corporações como
os prestadores de serviços possam obter o melhor desempenho da plataforma ATM.

Ao decidir pelo uso e contratação de serviços ATM, as corporações devem estar preparadas para definir
parâmetros de níveis de serviço que serão objeto de acordo a ser negociado com os prestadores de serviços. Para
cada VPC ou VCC devem ser definidos:
• As classes de qualidade de serviço (QoS) que a rede deve oferecer;
• Os parâmetros de tráfego que especificam o fluxo de células ATM a ser ofertado (máxima taxa de pico,
tráfego máximo de rajada, etc.);
• As regras de verificação de conformidade usadas para interpretar os parâmetros de tráfego;
• A regra para definir e identificar a conformidade das conexões de rede.
Por outro lado, os prestadores de serviços devem estar preparados para responder os seguintes questionamentos
e requisitos das corporações:
• Acesso: tipos e velocidades, interfaces para outras redes (Frame Relay, IP, e legados), arquitetura do
acesso entre o Cliente e a rede;
• Rede: detalhes da topologia, atraso e latência (normal e pico), parâmetros de confiabilidade e redundância
de equipamentos e da rede e tempo médio de reparo (MTTR);
• Serviços oferecidos: PVC e SVC, serviço puro de células ATM, classes de serviços (AAL 1 a 5),
interoperabilidade com outros protocolos (Frame Relay, IP, e legados), conexões ponto a ponto e ponto-
multiponto, parâmetros de serviços monitorados e garantidos, preços diferenciados para serviços de
menor prioridade;
• Equipamentos de Acesso: lista de equipamentos certificados na rede (quando forem de responsabilidade
do Cliente), opção de aluguel do equipamento como parte do serviço ofertado com ou sem upgrade
garantido;
• Operação de rede: tipo de protocolo de gerenciamento de rede (SNMP, CMIP, etc.), formas de integração
do gerenciamento de rede/serviços junto com a rede do Cliente, formas de controle de congestionamento
de tráfego da rede, etc.;
• Preços e prazos: preços e formas de faturamento de serviços, prazos de provisionamento para primeiro
serviço e novos serviços adicionais, taxas de instalação, contratos de manutenção de serviços e
equipamentos.

Referências

ANSI
American National Standards Institute, órgão americano responsável pelo desenvolvimento de padronização para
telecomunicações.

ITU
The International Telecommunication Union, órgão europeu responsável pelo desenvolvimento de padronização
para telecomunicações.

ATM Fórum
ATM Fórum, órgão responsável pelo treinamento, promoção e implementação do ATM, de acordo com os padrões e
recomendações internacionais.

FR Fórum
Frame Relay Fórum, órgão responsável pelo treinamento, promoção e implementação do Frame Relay, de acordo
com os padrões e recomendações internacionais.

IETF
The Internet Engineering Task Force, órgão responsável pelo desenvolvimento de padronização para a Internet
(RFC).

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