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ILHÉUS - BAHIA
2009
ANA LUISA DE CASTRO COIMBRA
LEONARDO ASSUNÇÃO BIÃO ALMEIDA
POLIANA RIBEIRO ALVES
ILHÉUS - BAHIA
2009
ANA LUISA DE CASTRO COIMBRA
LEONARDO ASSUNÇÃO BIÃO ALMEIDA
POLIANA RIBEIRO ALVES
Ilhéus/BA, 29/10/2009
__________________________________________________
Profa. MsC. Karen Vieira Ramos
(Orientadora)
__________________________________________________
Profa. Dra. Marlucia Mendes da Rocha
__________________________________________________
Prof. MsC. Rodrigo Bomfim Oliveira
DEDICATÓRIA
As nossas famílias, fonte de inspiração, confiança e amor que tanto nos deu suporte.
Dedicamos a eles (pais, mães, irmãos, tios, primos e agregados) este documentário, resultado
de sua confiança em nós e esforço para que concretizássemos com louvor mais uma etapa de
nossas vidas.
AGRADECIMENTOS
A Deus, força suprema, pela presença constante principalmente nas horas em que as
dificuldades se faziam presentes;
A Janete Ruiz, pela orientação teórica sobre o tema abordado e por ceder as imagens de
arquivo que ajudaram a compor nosso documentário;
Aos técnicos do curso pelo apoio prestado durante a graduação, em especial à Hélio Heleno,
Franklin Camargo, Georg Haendel e Maxsuel Fidelis pela ajuda no processo de feitura deste
trabalho de conclusão de curso;
A Alisson Fagundes, Tarcísio Messias e Samuel Touché por abraçarem esse projeto e
contribuírem, não só com seu conhecimento na área, mas com toda dedicação oferecida;
Aos professores pelo conhecimento passado e pela troca de experiências. Não citaremos
nomes, mas aqueles mais especiais que fizeram a diferença em nossa vida acadêmica, serão
sempre lembrados pelo profissionalismo dentro da sala de aula e pela amizade fora dela;
A Karen Ramos pela mútua confiança e pela crescente amizade que vem sendo construída;
Aos entrevistados, por um motivo óbvio: foram eles que fizeram este vídeo acontecer,
compartilhando conosco suas histórias e experiências de vida;
A Emiron Gouveia, pelas resenhas em sua sala, pelos cafezinhos, broncas, apoio e por nos
aturar no decorrer desses quatro anos;
À TV UESC pela experiência e conhecimento adquirido que foram tão validos para a
produção deste documentário;
A todos aqueles (que por ventura esquecemos de citar) que de uma forma geral, contribuíram
para o nosso conhecimento;
Aos amigos e companheiros de sala pelos quatro anos de convivência. Sem dúvida
aprendemos muito com eles, cada um com sua diferença. Problemas à parte, formamos uma
grande turma e o que fica são as grandes histórias e doces lembranças que juntos vivemos;
A Mirela, nossa eterna “Jah”, a responsável pela formação da panelinha inseparável que deu
certo. A ela agradecemos a amizade fiel, a compreensão, a diversão e o carinho dedicado
durante todo esse tempo;
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................1
2 OBJETIVOS ..........................................................................................................................3
2.1 Gerais ...................................................................................................................................3
2.2 Específicos ...........................................................................................................................3
3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................4
4 A AVENIDA CINQUENTENÁRIO ..................................................................................6
5 A PRÉ-PRODUÇÃO NA REAIZAÇÃO DO DOCUMENTÁRIO: A EXPERIÊNCIA DA
PESQUISA DE CAMPO NA AVENIDA CINQUENTENÁRIO .........................................9
5.1 O nascer de uma idéia ...........................................................................................................9
5.2 Pesquisa .............................................................................................................................11
5.3 Reconhecimento de campo ................................................................................................14
5.4 Construindo o pré-roteiro ...................................................................................................15
5.5 A relação entrevistado e documentarista ...........................................................................15
6 A PRODUÇÃO: DOCUMENTANDO LEMBRANÇAS SOBRE A AVENIDA ...........19
6.1 Preparativos para a gravação .............................................................................................19
6.2 Entrevistas e escolhas estéticas ..........................................................................................20
6.3 Os aspectos da encenação ..................................................................................................25
6.4 Imagens de cobertura e últimos procedimentos .................................................................26
7 A PÓS-PRODUÇÃO E A CONSTRUÇÃO “TEXTUAL” DO DOCUMENTÁRIO:
PERCEPÇÕES SOBRE A AUTONOMIA CRIATIVA NA FASE DA MONTAGEM ..28
7.1 Decupagem .......................................................................................................................29
7.2 Roteiro de edição ...............................................................................................................30
7.3 Edição (montagem) ............................................................................................................32
7.4 Computação gráfica e trilha sonora ...................................................................................35
8 ROTEIRO ...........................................................................................................................38
9 EQUIPE ..............................................................................................................................51
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................52
ANEXOS ................................................................................................................................54
1 INTRODUÇÃO
A memória1 se apresenta como uma conexão entre o passado e o futuro, o que não
implica num simples recordar, mas evidencia a relação com o tempo, com aquilo que está
invisível, ausente e distante. Dessa forma, não se trata apenas de investigar o passado, mas de
compreender o presente a partir das ressignificações que são feitas de acordo com o tempo
pretérito. Le Goff (1996) entende a memória como uma propriedade de conservação de
informações, onde o homem pode atualizar impressões passadas ou que ele representa como
passadas.
Michael Pollack (1989) fala em “enquadramento da memória”. Esse trabalho de
enquadrar a memória se alimenta do material fornecido pela história sendo que este pode ser
interpretado e combinado a um sem números de referências associadas. Além dos discursos
organizados em torno dos acontecimentos e de grandes personagens, os rastros desse trabalho
de enquadramento são os objetos materiais, entre eles os museus, as bibliotecas e os
monumentos.
Seguindo os passos destes autores, podemos observar, então, que a memória se
cristaliza não só através das histórias contadas por meio das pessoas, mas também fora de nós.
Sendo assim, é através da memória que são feitas opções do que deve ser preservado
enquanto elementos representativos de uma comunidade, entendendo-os como patrimônio, o
que em outras palavras, é um conjunto de bens reconhecidos pela sociedade que representam
a produção do passado. Na dimensão da memória coletiva, os monumentos, as imagens e o
próprio depoimento das pessoas buscam tornar memoráveis os acontecimentos e a cultura de
uma localidade
Deste modo, a leitura das características de um lugar através dos espaços urbanos,
sejam eles casas, edifícios, ruas ou avenidas, nos leva a identificar os elementos que
constituem a construção histórica de uma cidade. Em relação à memória, esta tem o papel
primordial de retratar as vivências das pessoas que habitaram e/ou habitam a cidade,
tornando-se, dessa maneira, uma ferramenta essencial para se estudar e entender o seu
1
Neste trabalho, por uma questão de estratégia argumentativa, as palavras memória, lembrança e recordação
serão usadas como sinônimos.
passado. E é a partir do contato com a recordação histórica de um lugar, que se pode
aprimorar a lembrança individual sobre o local onde se vive.
Tratando especificamente dos espaços urbanos e da importância da história e memória
em torno desses, pode-se perceber que os primeiros traços físicos, como ruas, praças ou até
mesmo casarões, dizem muito sobre a cidade da qual eles fazem parte, uma vez que estão
cobertos de memórias sobre o passado daquele lugar, sobretudo se este espaço físico foi palco
da sua gênese e do seu desenvolvimento.
Segundo Pollak, é tecnicamente difícil ou impossível captar todas as lembranças em
“objetos de memória” confeccionados. No entanto, hoje, o filme é o melhor suporte para fazê-
lo “donde o seu papel crescente na formação e reorganização e, portanto, no enquadramento
de memória.” (POLLAK, 1989, p. 11). O filme e o documentário tornaram-se instrumentos
poderosos para os rearranjos sucessivos da memória coletiva.
É desse contexto que surgiu a idéia para a construção do documentário “Do cinquenta
ao centenário – o que conta uma avenida”, uma obra audiovisual que tem como tema principal
a Avenida Cinquentenário, artéria principal de Itabuna, município do sul da Bahia. A
realização deste produto objetiva registrar como alguns que convivem com a avenida,
atribuem significados a ela.
Assim como Ramos (2008), compreendemos que o documentário é uma narrativa que
se compõe por imagens-câmera, acompanhadas, em alguns casos, de imagens de animação,
carregadas de ruídos, música e fala, para as quais olham os espectadores em busca de
asserções sobre o mundo que nos é exterior, seja esse mundo coisa ou pessoa.
Além disso, entendemos que o poder do filme é que ele proporciona ao espectador
uma sensação de testemunha dos eventos, como afirma Burke (2004). Para este autor, o
potencial do filme emerge da capacidade de fazer o passado parecer presente por meio de
superfícies e espaços. Ou seja, como afirma Nichols quando se fala em documentário, um
fator não se pode negar: “o vínculo entre o documentário e o mundo histórico é forte e
profundo. O documentário acrescenta uma nova dimensão à memória popular e à história
social (NICHOLLS, 2005, p. 27).
Sendo um dos endereços mais antigos da cidade, existindo desde 1901, é possível,
desta forma, caracterizar a Avenida Cinquentenário, através das representações e uso que este
espaço teve no decorrer da sua história, como patrimônio histórico-cultural da cidade. Nos
seus primeiros anos de existência, era um simples traçado de terra, sem calçamento, chamado
de Rua da Lama, onde desembocava dois riachos. Na década de 50, após receber alguns
outros nomes, a avenida tornou-se marco das comemorações do cinqüentenário da cidade, de
onde surgiu o nome atual da avenida. A partir daí, a Avenida Cinqüentenário passou a ser o
principal centro comercial, social e político da cidade, tornando-se palco das principais festas,
desfiles cívicos, do carnaval e principalmente da modernização de Itabuna, representando
assim um exemplo do desenvolvimento da cidade, num momento em que o cacau alavancava
a economia da região.
Para Paulo Casé, a cidade é o lugar onde abriga uma cultura dinâmica em permanente
desenvolvimento e ela reacende sua memória quando perpetua a lembrança dos atores
urbanos que ela abrigou. A importância da cidade reside não só nos aspectos econômicos e de
infra-estrutura, mas, sobretudo, “na relação afetiva com o cidadão, no significado de seus
espaços e nas suas virtudes representativas da sociedade” (CASÉ, 2000, p. 94). Os espaços
participam, portanto, da construção da memória da cidade.
O documentário, produção realizada entre julho e outubro de 2009, foi intitulado “Do
cinquenta ao centenário – o que conta uma avenida.” e possui cerca de 21 minutos de duração.
Para um melhor entendimento da importância do desenvolvimento deste projeto para a
comunidade regional, na primeira parte deste memorial, serão abordados os objetivos que
buscamos alcançar, a justificativa para a realização do documentário e a descrição do seu
objeto, a Avenida do Cinquentenário.
Em um segundo momento, iremos apresentar todo o processo de produção do produto
em questão, através de uma descrição fundamentada das etapas de realização do
documentário, dos procedimentos e das escolhas adotadas por esta equipe. Logo em seguida,
a equipe completa dos envolvidos no processo e o roteiro final serão apresentados.
2 OBJETIVOS:
2.1 Geral
• Discutir, através de um documentário, as interações histórico-afetivas entre indivíduos
e espaço físico a partir das relações que foram sendo construídas ao longo do tempo.
2.2 Específicos
• Analisar se a Av. Cinqüentenário representa um símbolo de desenvolvimento e
importância, tendo em vista o surgimento de outros centros comerciais na cidade.
• Investigar o porquê de a avenida ser palco legitimador dos principais acontecimentos
da cidade.
3 JUSTIFICATIVA
2
Para que isso seja possível, além de informativo, o vídeo precisa ser também, criativo e instigador de pesquisa,
uma vez que, segundo Jean Ferres (1996), a tecnologia do vídeo permite, em definitivo, toda sorte de pesquisas.
Para Hudson Moura (1997), o cinema (documentário) tem a responsabilidade de
armazenar a história em movimento, não apenas no sentido das imagens, mas no sentido da
própria memória que, com o passar do tempo, vai modificando os seus olhares. Segundo ele, a
memória tem dois momentos, que são divididos entre a conservação de sensações (arquivo) e
reminiscência (ato de lembrar). O cinema apresenta estes dois aspectos, ao conservar,
enquanto imagem, o registro de um tempo e de um espaço.
Dessa forma, o cinema como arquivo de memória pode se tornar uma fonte de
pesquisa histórica do imaginário e da memória coletiva. Sabe-se que ao longo de toda história
os livros, artigos, revistas, bem como os registros videográficos vêm contribuindo para que
fatos históricos sejam reavivados nas discussões sociais, culturais e acadêmicas e
contribuindo diretamente na preservação da história e da memória de um certo lugar.
Ao trabalhar com o formato de documentário é importante pensar em imagens e
principalmente na sua relação com o mundo histórico, preocupar-se com a estética e sempre
salientar a inter-relação histórica e social do assunto em questão. Então, mais do que uma
chave teórica, tal entendimento sobre a memória é um exercício que vai muito além da
análise. Quando se pensa em memória fala-se especificamente em estabelecer relações num
movimento que procura articular fatos, acontecimentos, elementos e discursos desenrolados
na história de um determinado lugar. A construção de um documentário torna mais fácil que
as histórias não caiam no esquecimento, já que a cultura da oralidade muitas vezes, não
apresenta tanta eficácia, pois muitos casos são esquecidos e deixados para trás.
A relevância deste projeto emergiu do contexto de estudar a Avenida Cinquentenário
enquanto espaço de histórias e memórias, enaltecendo o seu valor simbólico para a sociedade
itabunense, contribuindo com o seu papel monumental. E foi por meio dos depoimentos de
comerciantes, freqüentadores, moradores e transeuntes que se objetivou fazer isso, através de
um registro audiovisual do gênero documentário.
É importante ressaltar também que, no ano de 2010 a cidade e a avenida completam
um centenário de existência, o que tornou a realização deste projeto ainda mais propício,
constituindo um arquivo de memórias. Portanto, a construção de um registro documentário
sobre a Avenida Cinqüentenário, uma vez que constituirá um documento para futuras
consultas de pessoas interessadas na história e na experiência de vida que serão relatadas
pelos depoentes.
Permite pesquisar o comportamento das pessoas, a análise tanto de condutas individuais quanto de grupos,
coletividades, comunidades e, inclusive, conglomerados humanos.
Partindo do pressuposto de que o vídeo possibilita uma nova maneira de conhecimento
por meio de imagens e sons, já que o específico da linguagem audiovisual é a capacidade de
gerar emoções portadoras de significados, e uma vez aceita a idéia de que as novas
tecnologias funcionam como “prolongações do corpo humano”3, devemos concordar que
qualquer prolongação ou extensão, seja da pele, da mão ou do pé, afeta todo o conjunto
psíquico e social, buscando novos equilíbrios entre os demais órgãos e prolongamentos.
Esse projeto mostrou-se viável, pois, dispomos de uma estrutura com equipamentos
profissionais e técnicos desta instituição aptos para a execução do documentário. Contamos
também com o apoio do Centro de Documentação da Universidade Estadual de Santa Cruz –
CEDOC/UESC e do acervo público da cidade de Itabuna que dispõe de grande acervo de
jornais antigos, fotografias, vídeos tratam do assunto ora abordado, o que contribuiu para
enriquecimento e facilitação do desenvolvimento do trabalho. Para que a realização do projeto
se concretizasse a equipe contou com a estrutura e o suporte logístico da Universidade
Estadual de Santa Cruz.
4 A AVENIDA CINQUENTENÁRIO
3
Expressão utilizada por Jean Ferres (1996)
Henrique Alves, em homenagem a um articulador político da época. Anos mais tarde foi
renomeada como Rua J.J. Seabra em homenagem ao governador do Estado.
Segundo Rocha (2003) na década de 50 foi elaborado um projeto de lei para fundir os
dois trechos transformando-os em uma grande avenida que seria o principal eixo comercial da
cidade de Itabuna. Para isso, foi necessário que algumas casas fossem recuadas e outras
demolidas, para dar passagem ao prolongamento da avenida. Comerciantes mais antigos
(alguns deles presentes no documentário em questão) contam que por isso houve um
desentendimento entre o prefeito José de Almeida Alcântara e o proprietário de uma
residência que ficou inconformado ao ver sua casa destruída. Passados os transtornos e as
obras, em 1960, no aniversário de 50 anos de Itabuna, a nova avenida foi inaugurada e por
isso, levou o nome de Avenida Cinquentenário. Nota-se que, o marco das comemorações
deste cinquentenário da cidade, foi justamente a modernização e alargamento de uma das
primeiras ruas itabunenses.
Desde então o comércio foi se firmando e os pequenos estabelecimentos da década de
60 foram crescendo e se multiplicando. Sua relevância política também se acentuou com os
grandes comícios que aconteciam na Praça Adami e seguiam em passeata pela avenida e
também os grandes desfiles de Sete de Setembro e outros eventos cívicos e populares. Hoje a
palavra de ordem da avenida é movimento. Durante a semana, apresenta um fluxo de carros e
pessoas que transitam num ritmo acelerado, típico dos grandes centros urbanos.
O local abriga o maior conglomerado de lojas comerciais da cidade, podendo se notar
de “ponta a ponta” estabelecimentos dos mais variados, desde concessionárias, passando por
restaurantes, lanchonetes, butiques de roupas e mais uma infinidade de outras lojas. Sem falar
do comércio informal, onde se encontra todo o tipo de mercadoria, que tem crescido de forma
desordenada desde a crise do cacau, competindo com o comércio formal, principalmente nas
calçadas da avenida. Nos feriados e nos finais de semana, toda esta movimentação cessa e a
avenida fica praticamente vazia, já que fora os estabelecimentos 24 horas, todo o comercio
(formal e informal) encerram suas atividades por volta do meio dia de sábado.
Partindo do pressuposto que a memória da Avenida Cinqüentenário está presente em
cada parte que a compõe, é interessante notar a convivência do passado e do presente ao longo
da avenida. Os prédios antigos, as praças e igrejas resistiram a todas as transformações
sofridas ao longo dos anos. O moderno e o antigo coexistem em meio a transeuntes, camelôs e
um trânsito muitas vezes caótico. Ou seja, a representação deste espaço para a sociedade
muitas vezes cria a identificação com suas ruas, histórias e acontecimentos trazendo uma
relação de lembranças afetivas em relação ao espaço.
A avenida do Cinqüentenário além de ser um lugar por onde se passa ou se deixa de
passar, é uma rua que esta carregada de historia, está carregada de memória, está
carregada de experiência que o sujeito teve, que seu grupo teve e que a historia se
seu grupo naquele espaço teve e tem (ROCHA apud ROLNIK, 2003, p. 113).
Ao refletir sobre o tema para realizar o trabalho de conclusão de curso, optamos por
um assunto que fosse relevante para a região e também com um tema que tivéssemos
afinidade em trabalhar. Então, pensamos na Avenida do Cinqüentenário, abordar a sua
história, mas partindo das vozes não oficiais da avenida, ou seja, pessoas que viram o
nascimento, participaram da construção da história e da memória presentes nela e pessoas que
moram, trabalham ou freqüentam a avenida. Ela representa um marco para a cidade de
Itabuna – sendo considerada a artéria comercial – e é palco dos acontecimentos e
manifestações, significando a evolução e o desenvolvimento da cidade.
Partindo de uma pesquisa sobre a temática – da relação entre este espaço físico e seus
viventes- consideramos importante fazer um filme que documente a história da avenida, pois
se constatou que não há produtos videográficos que relate os acontecimentos da
Cinqüentenário.4 O que foi encontrado sobre a Avenida estava, na maioria das vezes,
relacionado a registros da história oficial da região.
A proposta do vídeo, desde o inicio, foi trabalhar com as vozes não oficiais da
avenida, uma história narrada por muitas pessoas, diferente dos modelos de documentário
assistidos na década de 50, tidos como clássico. Segundo Fernão Pessoa Ramos (2008), nos
documentários desta época predomina a locução fora-de-campo (a voz over ou voz de Deus).
É uma voz que possui saber sobre o mundo, enunciada, em geral, por meio de tonalidades
grandiloqüentes.
Só na década de 60 que o estilo documental vai tender para uma estética mais autoral,
permitindo o uso de asserções dialógicas, fruto do aparecimento do que se chamaria de
cinema verdade. Ramos (idem) pontua que o mundo parece poder falar por si, e a fala do
mundo, a fala das pessoas, é predominantemente dialógica. A tendência mais participativa do
cinema direto/verdade introduz no documentário uma nova forma de elucidar: a entrevista ou
o depoimento.
4
Os arquivos encontrados referem-se apenas a arquivos de áudio com algumas pessoas que estão na Avenida
Cinquentenário há alguns anos.
No cinema direto/verdade as asserções continuam dialógicas, mas são fomentadas pelo
cineasta. Seguindo essa esteira, no documentário contemporâneo mais criativo, há uma forte
tendência em se trabalhar com a enunciação em primeira pessoa. É geralmente o “eu” que
fala, estabelecendo asserções e relatos sobre sua própria vida e a sua história. Baseado nesse
conceito de asserções dialógicas buscamos retratar essa participação e envolvimento dos
depoentes no vídeo a partir do que eles viveram e viram na avenida.
O material videográfico de arquivo5 que encontramos para contextualizar a parte
histórica do vídeo sobre a cidade de Itabuna e a Cinqüentenário, apresenta característica da
narrativa clássica de documentário, diferenciando-se completamente da estética que propomos
desde o início, onde a narrativa possui diversas vozes que falam do mundo, ou de si.
Partindo desta idéia, podemos também classificar o modo de produzir documentário.
Bill Nichols expõe que os modos que se produz um documentário também diferenciam de
outros tipos de filmes.
Os modos adquirem importância num determinado tempo e lugar, mas persistem e
tornam-se mais universais que os movimentos. Cada modo pode surgir, em parte,
como reação às limitações percebida em outros modos, como reação às
possibilidades tecnológicas e como reação a um contexto social em mudança.
Entretanto, uma vez estabelecidos, os modos superpõem-se e misturam-se.
(NICHOLLS, 2005, p. 63)
Os modos6 além de ter seus princípios e objetivos, também costumam apresentar uma
base mais ampla de apoio, de maneiras distintas de movimentos que podem variar de outras
formas. As opções feitas, desde o início, para a realização deste documentário, seguem a
tendência ou possuem características do modo participativo. E nesse modo podemos destacar
a relação enfática do documentarista com o tema e, durante as gravações, o envolvimento das
entrevistas acontece de maneira ainda mais direta. Freqüentemente, este modo está
relacionado ao uso de imagens de arquivos para contextualizar as questões históricas.
Para Hudson Moura (1997) o cinema-documentário se constitui principalmente como
registro, um arquivo da nossa memória, uma testemunha ocular da nossa história. Além disso,
consideramos que o documentário “lida com as relações entre as pessoas e o meio onde
vivem, as pessoas e o trabalho, as pessoas em relação a outras pessoas e qualquer combinação
5
Os matérias videográficos de arquivos encontrados foram: “Cidade de Itabuna” (1945-1948), “Progresso de
Itabuna” (1959) e “A Jovem Cidade” (1967), vídeos gentilmente cedidos pela Profa. Dra. Janete Macedo Ruiz,
diretora do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Santa Cruz.
6
Para Bill Nichols (2005) no vídeo e no filme, podemos identificar seis modos de representação propriamente
ditos: poético, expositivo, participativo, observativo, reflexivo e performático. Esses seis modos determinam
uma estrutura de afiliação frouxa, na qual os indivíduos trabalham; estabelecem as convenções que um
determinado filme pode adotar e propiciam expectativas específicas que os espectadores esperam ver satisfeitas.
dessa relação conforme percebida em qualquer sociedade existente na época da produção do
filme”(MUSBURGER, 2008, p. 120).
Podemos depreender das citações acima algumas conjecturas a respeito do processo de
realização do documentário sobre a vivência de alguns na Avenida do Cinqüentenário.
Realizar um produto audiovisual dessa natureza e com esta temática requer a observação
atenta das relações que se estabelecem frente à câmera, como enfatiza Musburger (2008), as
relações entre as pessoas e o meio onde vivem, as pessoas e o trabalho e as pessoas em
relação a outras pessoas. Propomos ir além. Realizar um documentário sobre a avenida em
questão, é estabelecer relações também a partir da conexão que os realizadores deste
audiovisual tiveram com o espaço físico - a avenida – e com os significados que lhes são
atribuídos. E estes significados, certamente estão relacionados, à memória, àquilo que é
lacunar na historiografia oficial. Retomemos então Moura, quando fala do potencial dos
produtos audiovisuais como forma de suporte para o testemunho e o registro e da memória.
5.2 Pesquisa
Com a idéia fechada sobre o que iria ser tratado no vídeo, partimos para a pré-
produção do documentário A pré-produção é a etapa de preparação e organização de todo o
processo de produção do vídeo. E para tanto, esta etapa, requer um olhar atento e
diferenciado, pois ela interfere em todo o processo de construção do audiovisual. Para
Manuela Penafria (2001),
Esta fase caracteriza-se por uma pesquisa e desenvolvimento do tema/assunto a
tratar. Não há regras a seguir, aqui trata-se de justificar o interesse de um filme.[...]
Embora não seja regra, o mais das vezes, esta fase dependente do que o
documentarista encontra in loco. Antecipar determinados acontecimentos é uma
tarefa impossível, pois os mesmos são por natureza imprevisíveis (PENAFRIA,
2001.p.3,4).
Segundo a autora, só é possível selecionar entre o que é importante filmar do que não
é, se o assunto for bem pensado antes. Ou seja, a pré-produção facilita as decisões imediatas
diante de situações inesperadas. Puccini (2009) afirma que é necessário detalhar o conteúdo
do filme, para que se possa fazer um correto levantamento das necessidades da produção.
Nessa fase é muito importante considerar fatores como a pesquisa e o
desenvolvimento do vídeo, deixando clara a intenção da equipe, da abordagem do tema e da
forma como se pretende trabalhar. Scheila Bernard (2008) também expõe que a construção de
um filme vai muito mais além do que se filma, se ilumina e como é tratado o material na pós-
produção.
Segundo a autora, conhecer por antecipação algumas respostas no dia da gravação
pode ajudar a planejar e organizar as próprias necessidades que o vídeo exige no dia da
gravação, ou seja, os equipamentos que serão utilizados, a iluminação, entre outros fatores
que envolvem o processo de construção da narrativa. A fase de pré-produção tem que estar
muito bem organizada e planejada, é nela que o esqueleto teórico do vídeo será montado e as
entrevistas, locações e roteiro serão decididos, sendo muito importante trabalhar com
hipóteses e problemas que poderão surgir eventualmente na produção.
O processo de seleção já inicia na escolha do tema, desse pedaço de mundo a ser
investigado e trabalhado na forma de um filme documentário. Continua com a
definição dos personagens e das vozes que darão corpo a essa investigação. Inclui
ainda a escolha de locações e cenários, a definição de cenas, seqüências, até chegar a
uma prévia elaboração dos planos de filmagem, dos enquadramentos, do trabalho de
câmeras e som, entre outros detalhes técnicos que podem contribuir para a qualidade
do filme (PUCCINI, 2009, p.19).
Em suma, todo o processo de realização do documentário tem que ser bem pensado e
delimitado, a pré-produção não implica unicamente em refletir sobre a idéia, mas traçar todos
os caminhos e condução do material a ser pesquisado, gravado e editado.
A princípio, fomos ao CEDOC/UESC para pesquisar os jornais e materiais de
arquivos existentes sobre a Cinquentenário e saber quais foram as histórias mais marcantes da
avenida. Através de uma conversa informal com Sr. João Cordeiro7, conhecedor da história da
avenida, obtivemos os nomes de pessoas que, possivelmente, teriam muito a contribuir com o
trabalho. Ainda nesse dia continuamos a pesquisa sobre a avenida e os materiais que seriam
importantes para se como parte do corpus na confecção do vídeo.
A estética documental não foi apenas baseada nas entrevistas dos depoentes, mas
também nas seqüências de imagens de vídeo, fotos e manchetes de jornais, dando ao
documentário uma multiplicidade de materiais imagéticos. As imagens de arquivos terão
muita relevância para o tratamento visual do filme e também para ilustrar a fala dos
personagens sobre os fatos históricos da avenida. Puccini expõe que apesar dessa fase ser um
processo exaustivo, serve como o recurso ilustrativo e muito importante dentro do vídeo.
[...] fazer um exaustivo levantamento de material de arquivo, entre fotos, filmes de
arquivo e arquivos sonoros, buscando garantir permissão para o uso no filme; [...] A
utilização de material de arquivo é recurso adotado com freqüência pelos
documentaristas como forma de ilustração visual de eventos passados. [...] A
qualidade de um filme documentário depende em grande parte da qualidade do
material de arquivo trabalhado (PUCCINI, 2009, p. 32).
Com a ida ao CEDOC tivemos acesso a fotos e manchetes de jornais antigos, bem
como as monografias que já foram escritas na universidade. A idéia de fazer o vídeo ficou
7
Funcionário do Centro de Documentação (CEDOC) da Universidade Estadual de Santa Cruz.
ainda mais concreta quando fomos descobrindo os acontecimentos da avenida: fatos
marcantes como a sua abertura, os conflitos que tiveram para o alargamento e construção
dela, a enchente de 67, que mostrou como um lugar pode se renovar depois de uma catástrofe,
entre outros fatos que circundaram o lugar.
Houve também algumas visitas ao arquivo público da cidade de Itabuna, com o intuito
de aproveitar o material de fotografias, noticias de jornais8 que contribuísse para o trabalho e
para o conhecimento desta equipe. As fotografias e manchetes de jornais que nos
interessavam foram armazenadas, através de registros fotográficos em formato digital, para a
utilização das mesmas na computação gráfica. Tanto no CEDOC quanto no arquivo público o
procedimento foi o mesmo: armazenar todo e qualquer registro que se julgasse importante
para usar no trabalho.
Depois de estar com os nomes das pessoas, iniciamos o processo de marcar as pré-
entrevistas e/ou conversar com as pessoas em seus estabelecimentos comerciais. Os nomes
sugeridos9 foram Roberto Mariano, Mariá Borges, Walmir Tolentino, Sebastião Lucas, Henry
Soussa, João Luiz Barreto, Sandra Regina e Corbulon Bittencourt. A partir dessa lista
organizamos a visita, conversamos com estas pessoas e marcamos as possíveis datas de uma
pré-entrevista sobre as vivências de cada um na avenida. Antes da pré-entrevista, fechamos
como seriam as perguntas e qual o direcionamento que iríamos dar ao vídeo, pois com isso
determinado, não haveria muitos problemas na construção da narrativa do vídeo. O fácil
acesso a Avenida do Cinqüentenário possibilitou a equipe agilidade no processo de pré-
produção, pois a mesma está localizada no centro da cidade, sendo uma das vias de maior
circulação de veículos e transeuntes.
Como a idéia foi de trabalhar com depoimentos, pensamos em utilizar duas câmeras,
pois seria a forma mais segura de garantir os contra planos na edição. Uma câmera ficaria
parada no tripé para garantir o áudio e a entrevista, sendo a oficial e a outra seria responsável
por toda a parte de planos extras. A câmera do tripé (DV CAM)10 ficaria enquadrada no
primeiro plano e a segunda câmera (XL)11 faria os planos mais fechados dos entrevistados.
8
O arquivo hemerográfico pesquisados tanto no acervo do CEDOC-UESC quanto do Arquivo Público de
Itabuna são datados da década de 20 até os dias atuais.
9
Os nomes foram sugeridos na primeira visita ao CEDOC pelo Sr. João Cordeiro. Segundo ele, essas pessoas
conhecem a fundo a história da avenida por estarem nela há muito tempo. No caso de alguns comerciantes, estão
desde a inauguração da Cinquentenário. Vale ressaltar que muitos dos nomes citados foram fontes de pesquisa
para o próprio CEDOC, assim como para outros trabalhos acadêmicos que tematizam a cidade de Itabuna. Outro
ponto relevante foi o fato dos próprios possíveis depoentes mencionarem os mesmos nomes que outrora fora
sugerido.
10
Câmera profissional que capta imagens em alta resolução
11
Câmera semi profissional
Outra vantagem de se utilizar uma segunda câmera, foi por não ocupar muito o tempo do
entrevistado, por ser um ambiente comercial, o fluxo de pessoas é muito grande e
possivelmente eles estariam ocupados em seus respectivos empregos. O uso da segunda
câmera garantiria com agilidade a proposta inicial.
Para Puccini (2009), as opções quanto ao tipo de enquadramento são mais acertadas
quando escolhidas as composições em plano médio, primeiro plano e close-up, podendo
eventualmente o entrevistado ser mostrado de corpo inteiro. Não há muito sentido em filmar
toda uma entrevista em grande plano geral, fazendo com que o entrevistado ocupe um espaço
mínimo do quadro. Penafria ainda complementa ao abordar que cada plano apresenta certo
ponto de vista, quer o documentarista tenha ou não consciência disso. Então, considera-se
importante que o documentarista defina qual o grau de envolvimento que deseja demonstrar
para um determinado momento. Por isso, decidimos trabalhar com planos mais fechados,
visando dar ênfase à emoção que o interveniente demonstrava durante a pré-entrevista.
12
Sabemos que as discussões sobre o termo “escolhas estéticas” são muito amplas, mas nesse vídeo utilizamos o
termo apenas para classificar as escolhas para a composição estética do vídeo, não tendo como pretensão
adentrar nessa discussão mais teórica sobre o termo.
usar o microfone lapela,13 considerando o mais aconselhável para a captação durante o
processo de gravação
Com relação aos depoentes, a nossa escolha foi colocar outras pessoas, não apenas os
comerciantes, mas os moradores, os “camelôs”14 e os transeuntes, para dar voz às pessoas que
tem outra rotina na Cinqüentenário e que também fazem parte da história da mesma. O
13
O lapela é um microfone omnidirecional cuja característica é captar o som vindo de todas as direções.
14
Expressão comumente utilizada para designar os vendedores ambulantes ou “vendedores de rua”.
objetivo era mostrar outro ponto de vista que não fosse apenas dos comerciantes, mas de
pessoas que vão à avenida com outros objetivos. Puccini diz que é muito comum em filmes
documentários a narração do assunto não por um personagem, mas por muitos. Essa tendência
nasce muitas vezes da busca de mostrar um universo não pelo todo, mas por uma amostragem
que seja representativa do todo (PUCCINI, 2009, p. 45).
Numa conversa mais informal, tomamos nota dos contatos e marcamos uma data
possível para uma conversa mais especifica sobre a avenida. Perto da data estipulada
ligávamos para confirmar se o depoente estaria disponível. Nesta etapa, pensamos em
algumas perguntas que seriam direcionadas aos depoentes, sendo que estas seriam “genéricas”
e não pontuais, como por exemplo, “há quanto tempo está na avenida?”, “na sua opinião,
quais os acontecimentos mais marcantes na história da Cinqüentenário?”, “o que a avenida
representa para você?”.
O que determinou a escolha dos personagens foi o grau de conhecimento sobre a
avenida, as histórias mais marcantes que se desenrolaram nela e o tempo que eles estavam
instalados na avenida. Assim, a pré-entrevista serviu de base para determinar quais os
personagens participariam do vídeo. A relação que o documentarista constrói com o depoente
torna-se essencial para intensificar a confiança entre as partes envolvidas. O documentarista
estabelece esses primeiros contatos para deixar o depoente mais livre e a vontade quando
estiver frente às câmeras.
Penafria (2001) pontua que a procura da espontaneidade por parte dos intervenientes15
no documentário é fundamental, pois como a presença da câmera pode alterar o
comportamento das pessoas dentro do filme, o documentarista tem que tentar estabelecer uma
relação de confiança com o entrevistado. Quando há essa relação de confiança por parte dos
intervenientes, a presença da câmera torna-se um terceiro elemento complementar do
processo e não um inibidor de comportamento. A autora ainda expõe que, pelo fato dos
entrevistados estarem muito envolvidos com o processo e participação do vídeo, tendem a
esquecer a presença da câmera.
Por esta razão que, durante o processo de pré-entrevistas, buscamos estabelecer esse
contato e deixar o depoente a par de toda a idéia do vídeo. Julgamos que, com essa boa
relação os entrevistados se sentiriam mais comprometidos com a equipe e com o vídeo.
15
Expressão atribuída pela autora para classificar os depoentes.
Para Puccini poderíamos dizer que a entrevista está para o documentário assim como a
encenação está para o filme de ficção. Ao final das pré-entrevistas, nos reunimos para
determinar se o depoente seria ou não um dos personagens do vídeo.
Pré-entrevistas marcam o primeiro contato entre o documentarista, ou sua equipe de
pesquisadores, e os possíveis participantes do documentário. São úteis tanto para
fornecer informações, ou aprofundar outras já coletadas, quanto para servir de teste
para avaliar os depoentes como possíveis personagens do filme no que tange ao
comportamento de cada um diante da câmera e à articulação verbal do entrevistado.
Alguns problemas freqüentes relacionados à pré-entrevista são: possíveis situações
de constrangimento, resistência ou mesmo recusa, por parte do entrevistado em
conceder a entrevista e, em um outro extremo, expectativa do entrevistado quanto a
possível participação no documentário (PUCCINI, 2009, p.33).
16
Apenas um dos participantes se mostrou menos interessado devido o horário da gravação. Considerando ser
um personagem importante para a narrativa do vídeo, pensamos na possibilidade de se chegar mais tarde em um
dia de gravação na UESC e deixá-lo por último. Apresentou-se essa opção para o entrevistado e ele se mostrou
mais receptivo.
17
O fala povo ou povo fala é um conjunto de entrevistas rápidas geralmente feitas a populares (neste caso ele foi
realizado no meio da Avenida Cinqüentenário) com o intuito de saber o que eles pensam sobre determinado
assunto. Vale ressaltar que o fala povo é feito sem nenhum contato prévio com esses populares, diferente dos
entrevistados, com os quais mantemos contato desde a fase de pesquisa.
Aos “camelôs”, caberia falar sobre questões relacionadas ao comércio informal e à
rotina na avenida. Importante ressaltar que já na pré-produção do documentário, decidimos
mostrar o primeiro camelô que chegou à avenida, no caso o Sr. Sebastião Lucas.
Já os moradores representariam a outra vertente da Cinquentenário, pois, apesar de ser
um espaço comercial, é o lugar que muitas pessoas residem, não sendo muitas vezes nem
notadas por causa da correria do comércio.
Nos organizamos de forma que cada um pudesse participar de todo o processo durante
as gravações. Portanto, nos dividimos em três funções as quais julgamos imprescindíveis:
direção, assistente de áudio e produtor/relator do processo. O diretor foi o responsável por
conduzir a entrevista e o assistente de áudio foi o encarregado pela captação do áudio. Já a
função de produtor/relator do processo ficou encarregado por estar atento ao ambiente da
entrevista, além de relatar o que estava acontecendo. As funções foram atribuídas a cada um
de forma aleatória, havendo o revezamento de funções a cada entrevista. (VER ANEXO A)
Acreditamos que a definição das motivações que levam os executores de um projeto
como este a escolher tal universo, esteja totalmente atrelada a sua forma. A fase de pré-
produção, momento de idealização e maturação da proposta de realização do vídeo “Do
cinqüenta ao centenário - o que conta uma avenida”, nos demonstrou que a definição
temática, a fase de pesquisa, o contato com os “intervenientes” o delineamento do pré-roteiro
a partir das entrevistas, a escolha do ritmo do vídeo, enfim, todas estas etapas significaram o
delineamento do próprio vídeo, enquanto escolha estética e ideológica.
Concordamos com Fernão Pessoa Ramos (2008) quando afirma que o documentário é
uma realização “autoral” em que os realizadores imprimem suas vontades e escolhas dentro
do vídeo. Quando propomos fazer um documentário, pensamos na idéia de se estabelecer uma
relação mais participativa de pessoas, depoentes, que mantém uma relação com a avenida. E
dar voz a elas demonstra como uma história pode ir muito mais além do que relata a história
oficial, explorar a memória dessas pessoas carregadas de história, através de um
documentário, é relatar de maneira afetiva e pessoal a vida, trajeto e evolução da Avenida
Cinqüentenário.
6 A PRODUÇÃO: DOCUMENTANDO LEMBRANÇAS SOBRE A AVENIDA
18
Documentos assinados pelos entrevistados onde consta o consentimentos em ceder a voz e imagem para obra
realizada bem como a liberação do local onde a gravação ocorreu. Conferir anexos B e C
Quanto à iluminação, que foi previamente discutida pelo grupo, optamos por uma luz
que se aproximasse da luz natural, pois contávamos com as imagens externas que seriam
capturadas e não queríamos uma discrepância na fotografia do documentário.
19
Segundo Kellison (2007) o conceito primário de enquadramento envolve filmar uma imagem de um tamanho
específico, assim como os elementos que estiverem a sua volta ou que a afetarem.
20
Ainda segundo Kellison (idem) composição é a relação dos objetos entre si no enquadramento. Cores,
iluminação, cenário e a posição da câmera, tudo contribui para a composição da cena.
Estando o entrevistador fora do quadro, uma única direção do olhar estabelece,
para o espectador, uma conversa com uma só pessoa, mesmo que a voz dessa
pessoa, o entrevistador, não seja ouvida. Dependendo da situação de filmagem e
do assunto, essa orientação pode propiciar um tom mais intimista à entrevista
(PUCCINI, 2009, p. 69).
Era, justamente, o tom que desejávamos. Uma vez que a proposta era trabalhar com as
histórias pessoais daqueles que assistiram ao desenvolvimento da avenida. Para atingir esse
objetivo, contamos não só com a câmera que estava fixa no tripé, mas com imagens da
segunda câmera na qual os planos mais fechados foram priorizados.
Enquanto dois dos integrantes do grupo permaneceram na loja de Seu Walmir
arrumando os equipamentos e recolhendo a autorização de imagem e de locação, o diretor da
segunda entrevista já se dirigia para o local onde iria ocorrer. Esse procedimento aconteceu
nas demais entrevistas.
Mariá Borges, a Dona Mariá, havia acabado de chegar à loja. Dessa vez a escolha do
local para a entrevista partiu da própria entrevistada que demonstrava certo nervosismo com a
gravação e por isso preferiu o lugar mais recuado da loja. Respeitando a vontade da
entrevistada e também observando o local, sabíamos que estávamos limitados já que, mais
uma vez, não poderíamos atrapalhar o andamento das vendas na loja. Sendo assim, os
equipamentos de iluminação, captação de áudio e de imagem foram dispostos. Apesar da
timidez da entrevistada e das interrupções na entrevista por conta do telefone que estava perto
da câmera, a gravação correu dentro do esperado durando cerca de uma hora.
O último entrevistado do dia foi Sebastião Lucas, considerado o primeiro “camelô” da
Avenida Cinquentenário. Foi a entrevista mais trabalhosa do dia, pois a banca de “Seu Sisi”,
como é conhecido, fica na calçada. O tráfego de pessoas era intenso, exigindo uma atenção
redobrada da equipe. O áudio também foi outro ponto relevante nessa entrevista, já que os
carros de som passavam bem próximo ao local da gravação.
O segundo dia de gravação foi iniciado com a entrevista de Henry Soussa, proprietário
da maior rede de sorveteria da cidade. O local escolhido para a entrevista foi sugestão do
entrevistado, pois o seu estabelecimento tem um fluxo intenso de clientes e funcionários. Foi
sugerido o pavimento superior da loja, por ser menos conturbado e com boa luminosidade.
Checamos o espaço, escolhemos enquadrar tendo ao fundo pinturas da artista plástica
Waldirene Borges, muito conhecida na região, para preencher melhor a cena. O entrevistado
apesar de agitado devido a outros compromissos no mesmo horário correspondeu com o
esperado pela equipe.
A entrevista seguinte foi com Roberto Mariano, comerciante antigo da Avenida
Cinquentenário. Através da pré-entrevista realizada, notamos que os fatos mais marcantes que
aconteceram na avenida foi presenciado por Seu Mariano. O entrevistado tinha uma boa
fluência na fala e, apesar do barulho intenso, já que sua propriedade fica localizada em um
cruzamento, a entrevista transcorreu de maneira satisfatória. O movimento tanto de clientes
quanto de funcionários não foi cessado durante a entrevista o que nos exigiu atenção para as
possíveis interferências que poderiam ocorrer durante a gravação. O estabelecimento é um dos
pontos comerciais tradicionais da cidade e possui uma decoração antiga. Levando em conta
esse fator, escolhemos por enquadrá-lo próximo a objetos que remetesse a esse universo.
Como se pode notar na fala dos intervenientes, não só um tempo estava sendo ali
retratado. As lembranças misturavam-se com fatos do presente e mostrava os anseios do
tempo que está por vir. Para Penafria (2001), considerações acerca do presente ou do passado
são comuns nos documentários. No entanto, também é possível e legítimo manifestar
considerações sobre o futuro.
Outras três entrevistas ainda foram feitas neste mesmo dia, sendo elas a de dois
vendedores ambulantes – Davidson Sebastião e Gabriele Silva – e João Luiz Barreto,
comerciante que herdou a loja do pai. Chegamos à loja no horário marcado previamente com
o entrevistado – o mesmo só poderia gravar depois das seis horas. Por esse motivo, ocorreu
uma conversa prévia com Emiron Gouveia, gerente de laboratório, notificando-o que
possivelmente neste dia, iríamos precisar de um tempo a mais para as gravações. Com o
consentimento e a ciência do gerente, a gravação pode ser realizada. Notamos que o primeiro
enquadramento que escolhemos não estava adequado. Muitos objetos desorganizados ao
fundo causaram uma confusão visual e não destacava o personagem. Mudamos para outro
enquadramento sugerido pelo cinegrafista. Com respostas objetivas, a entrevista ocorreu
dentro do previsto pela equipe.
Incluir o cinegrafista na gravação do documentário, não apenas como operador de
equipamento, sempre foi uma proposta do grupo. Antes de gravarmos, conversamos com
Hélio Heleno e explicamos o projeto para que ele se sentisse parte da equipe. Como denota
Bernard, o melhor meio de garantir a narrativa visual é envolver o cinegrafista e não
simplesmente usá-lo como profissional que faz as tomadas. “Ser capaz de enquadrar imagens
com beleza não é a mesma coisa que ser capaz de enquadrar com beleza imagens
significativas” (BERNARD, 2008, p. 183).
Watts define que a instrução deve ser direta. Algumas palavras sobre o que será
gravado são necessárias. Esse procedimento “pode demorar alguns minutos, mas é importante
que seja claramente entendida” (WATTS, 1992, p. 31). Sendo assim, o cinegrafista irá
trabalhar para o sucesso do produto.
As duas primeiras entrevistas, do terceiro dia de gravação, ocorreram com os
moradores Sandra Caldas e Corbulon Bitencourt. O apartamento de ambos era pequeno, o que
acabou ocasionando um maior cuidado com a escolha do enquadramento. A varanda do
apartamento de Sandra tinha vista para a avenida e, por mais que soubéssemos que havia o
risco da variação de luz, esse foi o local escolhido para que a gravação ocorresse. Já
Corbulon, reside em apartamento recuado, decidimos enquadrá-lo sentado em um sofá, uma
vez que o espaço remetia a casa e como estávamos tratando de moradores, julgamos
apropriado. Nesta mesma data, outro ambulante foi entrevistado: Márcio Higino da Silva.
Sem dúvida, o último dia foi o que demandou mais trabalho e maior planejamento.
Esta etapa ficou destinada para gravarmos os transeuntes. Como essa parte do vídeo seria feita
no estilo “fala povo”, não houve o agendamento prévio com ninguém. Enquanto as perguntas
estavam sendo feitas por um de nós, outro cuidava do som e o terceiro procurava outro
personagem para a entrevista seguinte. Por se tratar de uma avenida que serve de acesso para
outras localidades, muitas pessoas não quiseram parar alegando “pressa”. Outros diziam não
ter desenvoltura suficiente para falar diante da câmera e ainda um terceiro fator: por mais que
explicássemos do que se tratava o documentário, fomos confundidos com as equipes das TVs
locais o que fez com que muitas pessoas desistissem de dar seu depoimento. Após varias
tentativas, conseguimos um número de pessoas que julgamos suficiente. E principalmente, a
relação com o “outro”, tão necessária para a realização de um documentário, foi
satisfatoriamente estabelecida.
Durante todo o processo de gravação, a atenção com o áudio foi constante. Estávamos
atentos não só ao microfone ligado ao entrevistado, mas também no som ambiente que estava
sendo captado. Era frequente um dos participantes perguntar ao cinegrafista se o microfone da
câmera estava ligado. Captar o som ambiente dá mais veracidade às imagens acrescentando
no resultado final do documentário. As características da avenida tinham que ficar registradas
não só nas imagens, por isso as conversas dos ambientes retratados, os carros, apitos, enfim,
tudo tinha que está presente. Watts lembra que os efeitos sonoros podem ser incluídos na
edição, mas “nem de longe se comparam com a infinita variedade de sons no mundo real”
(WATTS, 1992, p. 51).
6.3 Os aspectos da encenação
21
Termo que segundo Fernão Pessoa Ramos (2008), não designa somente o corpo físico que sustenta a câmera,
mas a subjetividade que é fundada pelo espectador na tomada.
6.4 Imagens de cobertura e últimos procedimentos
Todas as entrevistas foram encerradas sem maiores problemas. Ao final de cada dia,
recolhíamos e organizávamos os equipamentos e retornávamos à UESC para a devolução dos
mesmos dentro do horário estipulado pela gerência de laboratórios.
Seguindo o pré-roteiro elaborado ainda na fase de pré-produção, diversas imagens de
cobertura foram capturadas, de diferentes pontos da cidade. Para Bernard é importante que a
filmagem seja feita de um modo que torne a edição possível. É preciso que “haja cobertura
suficiente para dar opções e para que a cena funcione [...] não está sendo filmadas notícias,
para as quais uma tomada por cena pode ser suficiente” (BERNARD, 2008, p. 185).
Imagens de ângulos diversos foram gravadas, desde câmera parada, imagens
registradas do alto dos prédios, detalhes de elementos representativos da avenida (como sinal
de trânsito, rodas dos carros, barracas dos “camelôs”). Planos sequências da avenida também
foram capturados: uma tomada foi gravada do início da avenida com o cinegrafista dentro do
carro em movimento e as outras sequências foram registradas com o tripé, uma no final da
avenida e a outra do terraço de uma casa onde a câmera registrou o entardecer da mesma por
cerca de vinte minutos ininterruptos. A idéia para esse último plano citado era acelerar na ilha
de edição para que a queda da luz, bem como o fluxo de carros, retratasse o dinamismo da
avenida durante o dia até o cair da noite.
Como lembra Puccini (2009), os longos planos sequência obtidos nas tomadas podem
ou não ser mantidos pela montagem. O montador pode optar por recortá-lo criando vários
planos menores que serão colocados dentro do vídeo de maneira aleatória.
Esta fase da produção só pode ter êxito porque um planejamento prévio existiu. Por
mais que um roteiro de documentário sirva como um guia e não seja seguido por completo, a
noção do todo e do que realmente queríamos retratar tinha sido esquematizado pela equipe e
uma preparação pode ser feita para que tudo ocorresse sem problemas que, eventualmente,
pudessem prejudicar o resultado final do documentário.
Para Penafria, o momento das filmagens propriamente ditas é extremamente
importante, e não apenas porque é a fase que se estreita a relação documentarista-
intervenientes, mas, também, porque o material recolhido é decisivo para o filme final. “O
momento em que se liga e em que se desliga a câmera de filmar condiciona a fase seguinte - a
pós-produção” (PENAFRIA, 2001, p. 5).
A montagem do filme e o sucesso do resultado final dependem diretamente da fase do
planejamento – pré-produção, e da produção em si. Por mais que alguns problemas possam
ser minimizados na ilha de edição, se o material não for suficiente para que a edição seja
possível, de nada terá valido o esforço da realização das etapas anteriores.
7 A PÓS-PRODUÇÃO E A CONSTRUÇÃO “TEXTUAL” DO DOCUMENTÁRIO:
PERCEPÇÕES SOBRE A AUTONOMIA CRIATIVA NA FASE DA MONTAGEM.
22
Puccini (2009) fala da necessidade do material de filmagem ser encaixado em uma estrutura discursiva, com
começo, meio e fim, se esta for a intenção dos seus realizadores. Parafraseando este autor, a pós-produção é o
momento em que o produto audiovisual irá efetivamente adquirir a sua lógica seja ele um documentário poético,
um registro amador, um exercício de experimentação autobiográfica, dentre tantas outras possibilidades. Aqui
podemos nos remeter aos estilos apresentados por Bill Nichols e as possibilidades criativas de realização do
documentário.
7.1 Decupagem
Esta última fase se iniciou com a nossa organização para o processo de decupagem,
etapa que se antecede à feitura do roteiro de edição, e que para Puccini é o “resultado de uma
leitura atenta das imagens e dos sons contidos no material bruto” (PUCCINI, 2009, p.101). A
importância desta fase para aqueles que trabalham com a feitura de documentários baseados
em entrevistas, como o nosso, também é explicada pelo autor:
Em documentários que se utilizam de entrevistas como recurso para a condução do
tema, a transcrição destas no papel é sempre aconselhável. Essa transcrição pode
ser feita de maneira detalhada, palavra por palavra, ou se contentar com a anotação
de tópicos que resumam o assunto de cada parte (PUCCINI, 2009, p. 102).
O roteiro de edição foi escrito em reunião. A sinopse já havia sido escrita no pré-
roteiro e não foi modificada. Ela é a responsável por concretizar a idéia do vídeo,
evidenciando as características que se quer abordar, apresentar o perfil dos entrevistados e
ainda trazer algumas informações sobre o tema abordado, neste caso, a Avenida
Cinqüentenário e o que significam para alguns de seus viventes.
A estrutura do roteiro foi pensada da seguinte forma: seguindo o pré-roteiro, iríamos
dividir o vídeo em blocos temáticos, para que a evolução ocasionada pelo passar dos anos
fosse evidenciada. Primeiro, um bloco falando sobre os fatos históricos que envolviam a
Avenida Cinqüentenário (as obras do alargamento, a enchente de 1967, os concursos de
vitrines, as manifestações sociais), seguido da parte onde damos enfoque à sua importância
comercial para Itabuna, o alastramento do comercio informal e os moradores que ali residem.
Dando voz aos transeuntes, pensamos em montar dois blocos de “fala-povo”, cada um com
três depoimentos de pessoas diferentes falando da importância da avenida em suas vidas e
para a região. As entrevistas do “fala povo” entrariam de forma rápida remetendo à idéia de
passantes, sendo que os transeuntes não estão fixos na avenida como os moradores,
comerciantes e “camelôs”.
Trabalhar com essa estrutura de blocos temáticos para contar a história da Avenida
Cinqüentenário através das experiências de alguns de seus viventes, nos permite montar no
decorrer do documentário uma narrativa lógica que evidencia a passagem do tempo, os
acontecimentos e a evolução pela qual a avenida passou. De acordo com as idéias de Penafria,
Um documentário pauta-se por uma estrutura dramática e narrativa, que caracteriza
o cinema narrativo. A estrutura dramática é constituída por personagens, espaço da
ação, tempo da ação e conflito. A estrutura narrativa implica saber contar uma
história; organizar a estrutura dramática em cenas e sequências, que se sucedem de
modo lógico (PENAFRIA, 2001, p. 02).
É nesta fase que o vídeo toma forma e as idéias previamente discutidas no roteiro são
postas em prática. Segundo Murch “o trabalho de edição não é tanto o de colar pedaços, mas
muito mais o de achar caminho” (MURCH, 2001, p. 15-16). Complementando esta idéia
Puccini coloca que a etapa da montagem (ou edição) do filme documentário marca a
conclusão do roteiro, que desde a pré-produção encontra-se em aberto.
Assim iniciamos a edição do nosso documentário. Já com o roteiro completo em mãos,
com indicação de falas e imagens de cobertura, começamos a captura dos trechos
selecionados. Neste dia contamos com a presença da nossa orientadora durante uma boa parte
da tarde. Como o processo de captura é longo, este primeiro momento foi dedicado a ela, mas
mesmo assim, parte do material ficou para ser capturado no dia seguinte, onde já
começaríamos a esqueletar o vídeo. Porém, quando chegamos à ilha de edição na tarde do dia
seguinte para iniciarmos os trabalhos, percebemos que algum problema tinha acontecido com
a máquina, pois grande parte do nosso material capturado havia sumido.
Das nove entrevistas, apenas duas estavam intactas, além das imagens de cobertura
que também não estavam mais lá. Enquanto George Haendel e Alisson Fagundes (editores)
tentavam resolver o problema, fomos fazer alguns ajustes no roteiro. Quando retornamos,
fomos comunicados que o material não fora recuperado e teríamos que capturar tudo
novamente, e por isso, teríamos um dia e meio a mais para o processo de edição, devido ao
período de trabalho perdido (tanto o dia da captura, quanto o tempo que os técnicos tentavam
resolver o problema). Dessa forma, às 16:00h daquele dia, começamos novamente a capturar
o material e assim ficamos até o final do tarde
Posteriormente, começamos a esqueletar o nosso documentário. Pela primeira vez
começamos a ver a idéia pensada no roteiro tomando forma na tela. Segundo Filho, a “edição
é o processo de colocar as imagens na ordem estabelecida pelo roteiro [...]. É na edição, em se
tratando de tevê, e na montagem, no caso do cinema, que se imprime ritmo à narrativa,
alongando ou encurtando cenas” (FILHO, 2001, p. 317). Como trabalhamos o nosso conteúdo
com o cuidado que cada entrevistado complementasse a informação que outro estava
passando, isso nos fez lançar mão de muitos cortes para alcançarmos o ritmo desejado da
narrativa. De acordo com Leone, “entendendo-se a montagem como uma modalidade
fundamental para a narrativa, ela estabelecerá um interdependência de todas as expressões ao
agir, através do corte, como transformadora das materialidades.” (LEONE, 2005, p. 25). O
corte é o responsável por imprimir certa velocidade na narrativa e nos documentários ele tem
um importante papel de não torná-lo maçante, propiciando uma constante mudança de planos
e ponto de vista. Murch (2001) coloca que cortar é mais do que uma técnica de tornar
contínua a descontinuidade, ou seja, é uma influência positiva na criação de um filme. E como
no processo de gravação estávamos munidos de uma segunda câmera, para a gravação dos
contra-planos, todos os cortes foram pensados de tal forma que casassem com as imagens
obtidas por essa câmera de apoio.
Por meio do corte, o diretor pode manipular o ponto de vista da câmera, sua visão
da cena, simulando olhares múltiplos que se alternam como que simultaneamente.
A encenação pode ser recortada em seus fragmentos mais expressivos. Uma ação
pode ser recomposta, no filme, com base somente naquilo que lhe for mais
essencial. A montagem dará um novo formato a essa encenação, simulando uma
continuidade que não existiu na situação de filmagem (PUCCINI, 2009, p. 99).
O nosso terceiro dia na ilha de edição foi marcado pelo início do processo de
“cobertura do vídeo”. Puccini (idem) coloca que o plano de cobertura pode ser útil também
para ligar dois planos de um mesmo ator, ou atores, sem continuidade entre si, recurso que foi
amplamente explorado por nós durante o processo de montagem do documentário em questão.
Porém, montar um documentário que tem como base entrevistas, não restringe o
conteúdo informativo somente a elas. Neste caso, além dos planos captados pela câmera de
apoio23, foram filmadas imagens diversas da Avenida Cinqüentenário, utilizadas para a
confecção de mix – jogo de imagens colocadas num ritmo rápido, como um videoclipe – e que
também serviriam na montagem como imagens de cobertura, tanto dos cortes como de trechos
da própria entrevista que carecem de um apoio imagético. Um exemplo disso é o momento
em que o Sr. Henry, um dos nossos entrevistados, narra fisicamente a extensão da avenida,
desde o início até o fim, pontuando as praças que ali estão contidas e o local onde há mais
concentração de pessoas. A forma como o entrevistado narrou, embora fosse bastante
elucidativa, poderia não bastar para que o espectador conseguisse visualizar a avenida, a
menos que este conhecesse o local e o fizesse mentalmente. Dessa forma, utilizamos um
plano sequência equivalente desde ao início da avenida, no Jardim do Ó, se estendendo até o
seu final, no Canal que desemboca no Rio Cachoeira, para “cobrir” a descrição feita pelo
entrevistado e apresentar a avenida ao espectador em forma de imagens, percorrendo toda a
sua extensão.
Outro ponto que destacamos, é o uso de imagens de origens diversas. De acordo com
Puccini,
23
A partir do uso de uma câmera de apoio, como já falamos no tópico referente à produção do documentário,
dinamizamos o processo de gravação e pudemos pensar em outras possibilidades de cortes no momento da
montagem.
O repertório de imagens de um documentário é marcado pela diversidade. São
imagens de origens distintas: tanto podem ser obtidas nas filmagens feitas para o
filme como em materiais de arquivo – imagens de outros filmes que se misturam às
imagens feitas para o filme (PUCCINI, 2009, p. 96).
Desta forma, outro recurso por nós utilizado foram as imagens de arquivo sobre a
Avenida Cinqüentenário24, tanto fotos como alguns vídeos antigos. Esse material foi usado
para complementar o discurso dos entrevistados, principalmente no bloco temático sobre o
histórico da avenida. Tais materiais, assim como outras imagens de cobertura ou os contra-
planos feitos pela câmera de apoio, ajudam a manter o ritmo do vídeo, uma vez que nessa
parte histórica do documentário, não fossem tais imagens de arquivo, não haveria outro
recurso visual para “cobrir os depoimentos”.
Para Puccini (idem), “documentários que se utilizam de materiais de arquivo
incorporam imagens e sons de diferentes qualidades e origens, que são amarrados na
montagem com base não nos possíveis efeitos de continuidade de uma ação, mas na idéia
neles expressas” (p.116). Como afirma este autor, há necessidade de realizar a montagem com
base naquilo que se quer expressar, nas “asserções sobre o mundo”25 que se quer mostrar,
comprovando, destarte, o trabalho autoral dos realizadores deste tipo de produto. Há uma
tendência, portanto, em se explorar uma “montagem expressiva” em contraposição à uma
“montagem narrativa”. Ainda sobre o uso de tais imagens, Penafria aponta que “nas imagens
de arquivo o ponto de vista não foi, obviamente, escolhido pelo documentarista, mas integrar
essas imagens implica uma selecção, o que permite afirmar que essas mesmas imagens se
adequam ao filme que se está a realizar” (PENAFRIA, 2001, p. 04).
Finalizado o processo de cobertura do documentário, que foi em grande parte
acompanhado pela orientadora, ficamos à espera da feitura da computação gráfica, realizada
por Tarcísio Messias, e da trilha sonora, feita por Samuel Touché. Assim, posteriormente,
retornamos à ilha de edição com o material pronto para inserirmos no documentário (esta
etapa foi realizada pelo editor Franklin Camargo, pois aconteceu no período da manhã) e
finalizarmos esse processo de pós-produção.
Concordamos com esses autores, portanto, ao afirmar que a escolha da trilha sonora é
uma das fases mais importantes no processo de montagem de um documentário, pois esta é
esta que vai dar o tom ideal ao produto. Daí a importância em se preocupar com a sincronia da
26
Palavra de origem inglesa, é um termo referente à ação de colocar algum elemento (imagem, computação
gráfica, trilha sonora) na narrativa para completar o seu sentido.
27
Termo técnico referente ao momento em que há um aumento do volume da trilha sonora ou do som ambiente.
trilha com as imagens, uma vez que, é este “casamento” que vai proporcionar ao espectador
uma maior proximidade com a narrativa.
Para Puccini, durante todo o processo de produção (leia-se as três etapas aqui
explanadas) o documentarista deve estar sempre repensando seus conceitos iniciais, “testando
suas hipóteses e a viabilidade artística de seu projeto [...] há que se ter persistência para que o
projeto encontre sua conclusão” (PUCCINI, 2009, p 131). Realizar a etapa de pós-produção
do documentário “Do Cinqüenta ao centenário - o que conta uma avenida” observando a sua
relação com os outros momentos de realização deste produto audiovisual (pré-produção e
produção) significou repensar a colocação tão citada de Grierson sobre documentário: a de
que é o “tratamento criativo da realidade”.28 Essa idéia está presente neste trabalho, que
buscou explorar os mais diversos recursos a fim de alcançar o melhor resultado possível.
28
Esta definição de Grierson, segundo Penafria em seu texto “O documentário em debate: John Grierson e o
movimento documentarista britânico” (2004), tornou-se famosa a partir do texto “First principles of
documentary” escrito pelo autor em 1932.
8 ROTEIRO
Do cinqüenta ao centenário
O que conta uma avenida
Sinopse: Sendo um dos endereços mais antigos da cidade, existindo desde 1901, a Avenida do
Cinqüentenário pode ser considerada o mais importante patrimônio histórico-cultural da cidade de
Itabuna. No inicio era um simples traçado de terra, sem calçamento, chamado de Rua da Lama. Até a
década de 50, era separada em dois trechos: A Avenida Sete de Setembro e a Avenida J. J. Seabra.
Após uma grande obra de junção e alongamento durante o governo do prefeito José de Almeida
Alcântara, nasce uma nova avenida que tornou-se marco das comemorações do cinqüentenário da
cidade, de onde surgiu o nome atual da avenida. A partir daí, a Avenida Cinqüentenário passou a ser o
principal centro comercial, social e político da cidade, tornando-se palco das principais festas, desfiles
cívicos e do carnaval e principalmente da modernização de Itabuna, representando assim um exemplo
do desenvolvimento da cidade.
Personagens:
FADE IN
FADE OUT
Abertura (CG) – Mix de imagens da [WALMIR] [00:04:21] Essa avenida é bonita, famosa
Cinqüentenário feitas do início da avenida porque tem sua história. [00:04:32]
Juracy Magalhães. No final fazer
envelhecimento na imagem e fundir com
trecho do vídeo “A jovem cidade” (1967)
Sobe som da trilha original “retrô”
feita do mesmo local.
FADE IN
FADE OUT
Alternar imagens dos personagens feitas com Cai som da trilha original “retrô”. Vai a BG
a câmera principal com os contra planos feitos
com a câmera de apoio [MARIÁ] [00:38:43] Eu me lembro muito disso aqui
há 50 anos atrás a avenida era bem mais estreita, não
tinha esse nome, era rua J.J. Seabra. [00:39:05]
Cobrir sonora com manchete de jornal da [HENRY] [01:27:40] Me parece que houve uma
época que evidencia o incidente. confusão para retirar uma residência que estava
obstruindo. Disseram que toda a cidade já soube dessa
situação realmente dói algo muito importante para ele
ter tido a iniciativa de criar essa abertura da
Cinqüentenário, o prolongamento dela [01:28:14]
FADE IN
FADE OUT
Alternar imagens dos personagens feitas com [MARIÁ] [00:45:08] Eu gostava de passear com as
a câmera principal com os contra planos feitos crianças, quando eles eram pequenos pela avenida.
com a câmera de apoio. Aqueles primeiros anúncios de luminosos chegaram
aqui, eles faziam festas por aquilo, aquele pisca-pisca
colorido que nunca tinham visto e então, isso aí
também foi muito bom. [00:45:34]
Cobrir sonora com manchete de jornal da [MARIANO] [01:48:19] Naquela época não tinha
época que fala das vitrines da avenida. tanta violência, não tinha tanto roubo, não tinham
tanto malandro nas ruas de noite, então as lojas tinham
vitrines realmente, eram varias, varias, e as pessoas
saiam à noite, principalmente aos domingos, para
olhar as vitrines. (...) Então era um passeio, não existia
TV ainda, só era o cinema ou esse passeio noturno,
onde as moças e os rapazes se encontravam nesse
passeio noturno, mais ou menos de 7 horas até as 10 h
no máximo. [01:48:59]
FADE IN
FADE OUT
Mix com manchetes de jornais de 1967 onde a Sobe som da trilha original “retrô”
enchente foi destaque
Cobrir sonoras com fotos da avenida Cai som da trilha original “retrô”. Vai a BG
encoberta pelas águas. Utilizar também contra
planos dos personagens. [WALMIR] [00:04:06] Quando se passou aquela
grande enchente, eu já estava aqui lutando com as
águas para tirar mercadoria. Foi uma catástrofe
naquela época. Existem fotos hoje da A. C. que parece
o mar. [00:04:12]
FADE IN
FADE OUT
FADE OUT
FADE IN
FADE OUT
Mix com imagens de carros, gente andando e Sobe som Trilha original “desenvolvimento”
de barracas de camelôs.
FADE IN
FADE OUT
Mix com imagens de barracas de camelôs, Sobe som Trilha original “desenvolvimento”
gente andando, da rua, dos carros passando.
FADE IN
FADE OUT
Mix com imagens da avenida e de carros Sobe Som da trilha original “final”
passando.
Entra imagem em fast do anoitecer da avenida Sobe Som da trilha original “final”
feita de cima de um prédio da Av. Juracy
Magalhães.
Edição de imagens
Alisson Fagundes
Franklin Camargo
Trilha sonora
Samuel Touché
Computação gráfica
Tarcísio Messias
Imagens
Hélio Heleno
Supervisão
Prof. MsC. Karen Vieira Ramos
Entrevistados
Corbulon Bitencourt Sebastião Oliveira (Seu “Sissi”)
Henry Renê Soussa Walmir Sodré
João Luiz Barreto
Márcio Higino da Silva
Mariá Borges
Roberto Mariano
Sandra Regina Caldas
REFERÊNCIAS
Bibliográficas
BERNARD, Sheila Curran. Documentário: técnicas para uma produção de alto impacto. Rio
de Janeiro: Ed. Elsevier, 2008.
BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. Bauru, SP: EDUSC, 2004.
CASÉ, Paulo. A cidade desvendada : reflexões e polêmicas sobre o espaço urbano, seus
mistérios e fascínios. Rio de Janeiro : Ediouro, 2000.
DANIEL FILHO. O circo eletrônico: fazendo TV no Brasil. Rio De Janeiro: J. Zahar, 2001.
FERRÉS, Joan. Vídeo e educação. Trad. Juan Acuña Llorens. Porto Alegre: Artes médicas,
1996.
KELLISON, Cathrine. Produção e direção para TV e vídeo: uma abordagem prática. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2007.
MURCH, Walter. Num piscar de olhos: a edição de filmes sob a ótica de um mestre. Rio de
Janeiro: J. Zahar, 2004.
MUSBURGER, Robert B. Roteiro para mídia eletrônica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
RAMOS, Fernão Pessoa. Mas afinal... o que é mesmo o documentário. São Paulo: Editora
Senac São Paulo, 2008
REISZ, Karel; MILLAR, Gavin. A técnica da montagem cinematográfica. Tradução de
Marcos Cavalcanti. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
Eletrônicas
PLANO DE GRAVAÇÃO
Dia 27/08 Dia 28/08
Henry
Seu Walmir Direção: Poliana
Áudio: Ana Luisa
Direção: Poliana
Produtor e relator do processo: Leonardo
Áudio: Leonardo
Produtor e relator do processo: Ana Luisa
Mariano
Direção: Leonardo
Mariá
Áudio: Poliana
Direção: Leonardo Produtor e relator do processo: Ana Luisa
Áudio: Ana Luisa
Produtor e relator do processo: Poliana Luiz
Direção: Ana Luisa
Sebastião “Seu Sissi” Áudio: Poliana
Produtor e relator do processo: Leonardo
Direção: Ana Luisa
Áudio: Poliana
Davidson Sebastião
Produtor e relator do processo: Leonardo
Direção: Poliana
Áudio: Ana Luisa
Produtor e relator do processo: Leonardo
Imagens de cobertura
Gabriele Silva
Direção: Leonardo
Áudio: Ana Luisa
Produtor e relator do processo: Poliana
31/08 01/09
Sandra Transeuntes
Direção: Ana Luisa Obs.: Revezamento da equipe
Áudio: Leonardo
Produtor e relator do processo: Poliana
Corbulon
Direção: Poliana Imagens de Cobertura
Áudio: Ana Luisa
Produtor e relator do processo: Leonardo
Higino
Direção: Leonardo
Áudio: Ana Luisa
Produtor e relator do processo: Poliana
ANEXO B – AUTORIZAÇÃO DE IMAGEM E VOZ
NOME DO ENTREVISTADO:
BRASILEIRO(A)/ESTRANGEIRO(A):
ESTADO CIVIL:
RG:
CPF:
ENDEREÇO:
TELEFONE:
Autorizo o uso da minha imagem e som de voz, gratuitamente, para a produção e edição do
documentário “Do cinquenta ao centenário: o que conta uma avenida”, produzido pelos
alunos Ana Luisa de Castro Coimbra, Leonardo Assunção Bião Almeida e Poliana Ribeiro
Alves da Universidade Estadual de Santa Cruz, do Curso de Comunicação Social, no oitavo
semestre, como parte do projeto de conclusão de curso, sob a responsabilidade da professora
Karen Vieira Ramos. O entrevistado (ou representante do mesmo) será responsável, integral e
exclusivamente, pelas informações e declarações fornecidas na gravação e veiculação do
produto. A equipe de gravação e edição compromete-se a reproduzir as falas de acordo com o
consentimento do entrevistado.
_________________________________________________________________
ASSINATURA DO RESPONSÁVEL
ANEXO C – AUTORIZAÇÃO DE LOCAÇÃO
NOME DO ENTREVISTADO:
BRASILEIRO(A)/ESTRANGEIRO(A):
ESTADO CIVIL:
RG:
CPF:
ENDEREÇO:
TELEFONE:
_________________________________________________________________
ASSINATURA DO RESPONSÁVEL
ANEXO D – AUTORIZAÇÃO DE OBRA INTELECTUAL
NOME DO ENTREVISTADO:
BRASILEIRO(A)/ESTRANGEIRO(A):
ESTADO CIVIL:
RG:
CPF:
ENDEREÇO:
TELEFONE:
OBRA INTELECTUAL:
Autorizo o uso da obra intelectual relacionada acima deste instrumento, da forma que melhor
lhe aprouver, notadamente para toda e qualquer forma de comunicação ao público, tais como
CD (“compact disc”), CD ROM, CD-I (“compact-disc” interativo), “home video”, DAT
(“digital audio tape”), DVD (“digital video disc”), televisão aberta, fechada e por assinatura,
bem como sua disseminação via Internet, , gratuitamente, para o uso na edição do
documentário “Do cinquenta ao centenário: o que conta uma avenida”, produzido pelos
alunos Ana Luisa de Castro Coimbra, Leonardo Assunção Bião Almeida e Poliana Ribeiro
Alves da Universidade Estadual de Santa Cruz, do Curso de Comunicação Social, no oitavo
semestre, como parte do projeto de conclusão de curso, sob a responsabilidade da professora
Karen Vieira Ramos. O responsável pelas obras intelectuais irá consentir e permitir, integral e
exclusivamente, a veiculação das obras intelectuais (“Cidade de Itabuna” (1945-1948),
“Progresso de Itabuna” (1959) e “A Jovem Cidade” (1967)).
_________________________________________________________________
ASSINATURA DO RESPONSÁVEL
ANEXO E – AUTORIZAÇÃO DE OBRA FOTOGRÁFICA
NOME DO ENTREVISTADO:
BRASILEIRO(A)/ESTRANGEIRO(A):
ESTADO CIVIL:
RG:
CPF:
ENDEREÇO:
TELEFONE:
Autorizo o uso das obras fotográficas e manchetes de jornais cedidas pelo órgão responsável
pelas mesmas, da forma que melhor lhe aprouver, notadamente para toda e qualquer forma de
comunicação ao público, tais como CD (“compact disc”), CD ROM, CD-I (“compact-disc”
interativo), “home video”, DAT (“digital audio tape”), DVD (“digital video disc”), televisão
aberta, fechada e por assinatura, bem como sua disseminação via Internet, gratuitamente, para
o uso na edição do documentário “Do cinquenta ao centenário: o que conta uma avenida”,
produzido pelos alunos Ana Luisa de Castro Coimbra, Leonardo Assunção Bião Almeida e
Poliana Ribeiro Alves da Universidade Estadual de Santa Cruz, do Curso de Comunicação
Social, no oitavo semestre, como parte do projeto de conclusão de curso, sob a
responsabilidade da professora Karen Vieira Ramos. O responsável pelas imagens
fotográficas e manchetes de jornais irá consentir e permitir, integral e exclusivamente, a
veiculação deste material no documentário em questão.
_________________________________________________________________
ASSINATURA DO RESPONSÁVEL
ANEXO F – AUTORIZAÇÃO DE TRILHA SONORA
NOME DO ENTREVISTADO:
BRASILEIRO(A)/ESTRANGEIRO(A):
ESTADO CIVIL:
RG:
CPF:
ENDEREÇO:
TELEFONE:
Autorizo o uso da trilha sonora de minha autoria, da forma que melhor lhe aprouver,
notadamente para toda e qualquer forma de comunicação ao público, tais como CD (“compact
disc”), CD ROM, CD-I (“compact-disc” interativo), “home video”, DAT (“digital audio
tape”), DVD (“digital video disc”), televisão aberta, fechada e por assinatura, bem como sua
disseminação via Internet, , gratuitamente, para o uso na edição e composição musical do
documentário “Do cinquenta ao centenário: o que conta uma avenida”, produzido pelos
alunos Ana Luisa de Castro Coimbra, Leonardo Assunção Bião Almeida e Poliana Ribeiro
Alves da Universidade Estadual de Santa Cruz, do Curso de Comunicação Social, no oitavo
semestre, como parte do projeto de conclusão de curso, sob a responsabilidade da professora
Karen Vieira Ramos. O responsável pela trilha sonora irá consentir e permitir, integral e
exclusivamente, a veiculação de sua composição musical dentro do documentário em questão.
_________________________________________________________________
ASSINATURA DO RESPONSÁVEL