O documento descreve a identificação de quatro níveis deposicionais de sedimentos fluviais na depressão tectônica de Ijaci, MG, com idades entre 13.600 e 20.050 anos. Foi estimada uma alta taxa de incisão de 3.455,9 mm/ka, provavelmente devido à erosão de depósitos e saprolitos na região. A acumulação anômala de sedimentos e rupturas de declive indicam que a depressão esteve sob subsidência periódica no Neoquaternário, enquanto o Rio Grande respondia
Descrição original:
Título original
Rezende e Castro (2019) Níveis deposicionais e incisão fluvial na depressão tectônica de Ijaci - MG
O documento descreve a identificação de quatro níveis deposicionais de sedimentos fluviais na depressão tectônica de Ijaci, MG, com idades entre 13.600 e 20.050 anos. Foi estimada uma alta taxa de incisão de 3.455,9 mm/ka, provavelmente devido à erosão de depósitos e saprolitos na região. A acumulação anômala de sedimentos e rupturas de declive indicam que a depressão esteve sob subsidência periódica no Neoquaternário, enquanto o Rio Grande respondia
O documento descreve a identificação de quatro níveis deposicionais de sedimentos fluviais na depressão tectônica de Ijaci, MG, com idades entre 13.600 e 20.050 anos. Foi estimada uma alta taxa de incisão de 3.455,9 mm/ka, provavelmente devido à erosão de depósitos e saprolitos na região. A acumulação anômala de sedimentos e rupturas de declive indicam que a depressão esteve sob subsidência periódica no Neoquaternário, enquanto o Rio Grande respondia
NÍVEIS DEPOSICIONAIS E INCISÃO FLUVIAL NA DEPRESSÃO TECTÔNICA DE
IJACI – MG
Éric Andrade Rezende ¹; Paulo de Tarso Amorim Castro ²
¹ Universidade Federal de Ouro Preto/Universidade Federal de Minas Gerais. (ear.88@hotmail.com).
² Universidade Federal de Ouro Preto. (ptacastro@gmail.com).
Resumo: Planaltos soerguidos em regiões tropicais tipicamente possuem um baixo potencial
de preservação de sedimentos fluviais. No sul de Minas Gerais, o alto/médio vale do Rio Grande segue esse padrão, já que possui relativa escassez de registros sedimentares associados à dinâmica fluvial pretérita. Contudo, a 440 km de sua nascente o Rio Grande adentra uma pequena depressão na região de Ijaci que chama a atenção por abrigar uma sedimentação anômala associada a amplos patamares planos. Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo realizar a identificação dos níveis deposicionais, assim como a datação de depósitos, de modo a situar cronologicamente pelo menos um dos episódios de entulhamento do vale e calcular taxas de incisão aproximadas. Foi empregada a análise de modelo digital de elevação, juntamente com observações de campo e datação por luminescência opticamente estimulada. A área deprimida coincide aproximadamente com uma ocorrência de metacalcários e calcifilitos limitados por falhas de direção NNE e ESE. Foram identificados pelo menos quatro níveis deposicionais com topos atualmente preservados em alturas máximas de 105, 78, 63 e 21 metros acima do canal. Duas datações apontaram idades de 13.600 ± 1.420 e 20.050 ± 2.500 em depósitos situados na margem direita e esquerda respectivamente. Ambos pertencem ao terceiro nível deposicional, que atinge mais de 30 m de espessura em alguns pontos e inclui estratos cascalhosos, arenosos e lamosos. Uma alta taxa de incisão de 3455,9 mm/ka pôde ser estimada e provavelmente reflete o fato do rio erodir ali seus próprios depósitos e saprolitos de elevada erodibilidade. A acumulação anômala de sedimentos aluviais, assim como a gênese de rupturas de declive nos principais rios que confluem para a depressão, indicam que tal feição constitui um graben que esteve periodicamente sob subsidência durante o Neoquaternário. Nos intervalos entre os episódios de subsidência o Rio Grande passaria a responder ao soerguimento regional, o que explicaria o escalonamento dos níveis deposicionais. Além do controle tectônico, é possível inferir uma influência morfoclimática na dinâmica fluvial, já que as idades encontradas se inserem no último glacial, para o qual são comumente atribuídas condições mais frias e secas no sudeste brasileiro.