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28/01/2020 Vox: Resistência do Irã pagou salários a líderes da extrema direita espanhola | Internacional | EL PAÍS Brasil

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Resistência do Irã pagou salários a líderes da extrema


direita espanhola
Simpatizantes de grupo cujo braço armado já foi considerado terrorista
doaram 65.000 euros que foram entregues a dois políticos do partido Vox em
2014

Iván Espinosa de los Monteros e Santiago Abascal, líderes do Vox, no Congresso espanhol.

JOSÉ MARÍA IRUJO | JOAQUÍN GIL

Madri - 28 JAN 2020 - 12:34BRT

Dois líderes do partido ultradireitista espanhol Vox, Santiago Abascal e Iván Espinosa de los
Monteros, receberam salário da própria sigla durante oito meses, graças a doações do
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Conselho Nacional da Resistência do Irã (CNRI), segundo fontes ouvidas pelo EL PAÍS. Os
dois políticos ganharam ao todo cerca de 65.000 euros (pouco mais de 300.000 reais, pelo
câmbio atual). O CNRI teve um braço armado que figurou até 2012, um ano antes de
financiar o partido radical, na lista de organizações terroristas dos EUA.

O Vox foi fundado em 2013 com um milhão de euros do CNRI. Em 17 de


dezembro do mesmo ano, quando se inscreveu no registro de partidos
políticos do Ministério do Interior, a formação —atualmente a terceira
maior força no Parlamento, com 52 deputados— recebeu a primeira
Partido
transferência do exterior feita por simpatizantes do exílio iraniano, no valor espanhol de
de 1.156,22 euros (5.360,70 reais, pelo câmbio atual). ultradireita foi
fundado com
um milhão de
Um mês depois de criar o partido, Santiago Abascal, então secretário- euros de exílio
geral, e Iván Espinosa de los Monteros, um de seus dirigentes, começaram iraniano

a receber seus salários dos opositores do regime da República Islâmica. O


dinheiro chegou ao Vox graças às gestões do primeiro presidente e
fundador da formação ultradireitista, Alejo Vidal-Quadras. O salário de
Abascal foi estabelecido em 5.000 euros brutos, ou 3.570 euros líquidos,
A ofensiva da
que recebeu entre fevereiro e outubro de 2014. Ao todo, foram 40.000
extrema direita
euros. na Espanha para
inibir educação
sexual nas
O salário de Espinosa de los Monteros era de 3.083 euros brutos, ou 2.300 escolas
líquidos, segundo dois ex-dirigentes do partido. O parlamentar, hoje porta-
voz do Vox no Congresso, recebeu esse salário durante o mesmo período
que Abascal, mas faturou através de uma empresa. O deputado Javier Ortega Smith
recusou-se a receber um salário.

As remunerações foram decididas num café da manhã na casa de Espinosa de los Monteros
e ratificadas na sede madrilenha do grupo ultradireitista. Abascal e Espinosa de los
Monteros recusaram-se a responder às perguntas deste jornal.

Os 65.000 euros brutos que os dois hoje deputados ganharam durante oito meses
procederam de um caixa comum que se alimentou de 141 transferências internacionais
enviadas de diferentes países por simpatizantes do CNRI, segundo a planilha secreta
revelada no ano passado pelo EL PAÍS.

Entre dezembro de 2013 e abril de 2014, o a partido arrecadou 971.890,56 euros (4,5
milhões de reais, pelo câmbio atual). O dinheiro custeou a campanha eleitoral europeia de
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ões de ea s, pe o câ b o atua ) O d e o custeou a ca pa a e e to a eu ope a de
2014 e os gastos da formação, da fiança e aluguel de sua primeira sede, em Madri, até
móveis e computadores.

Para ajudar o nascimento do Vox, o CNRI mobilizou 35 arrecadadores no mundo. Fizeram


coletas em bairros e cidades de 15 países, incluindo Alemanha, Itália, Suíça, Canadá e EUA, e
cerca de mil simpatizantes contribuíram. Assim, a maioria das doações que ajudaram a
pagar os salários de Abascal e Espinosa de los Monteros foi feita de forma anônima, e suas
identidades tampouco constam na conta que o grupo abriu num banco catalão ou na
contabilidade interna do partido. Nesta última, no entanto, aparecem os nomes dos 141
doadores que transferiram os recursos.

À conta que a formação abriu para bancar sua campanha às eleições europeias de maio de
2014 só chegaram dois donativos que não procediam do movimento de resistência iraniano.
Não superaram os 2.000 euros. O fluxo estrangeiro foi interrompido antes do pleito
comunitário.

Abascal e Espinosa de los Monteros sabiam que seus salários provinham de recursos do
CNRI. Quando, em janeiro de 2019, o EL PAÍS revelou o financiamento iraniano do partido
ultradireitista, Vidal-Quadras respondeu assim à pergunta de se os dirigentes do Vox
conheciam a origem do dinheiro: “Abascal esteve a par de tudo, expliquei a ele minha
relação com o CNRI e lhe disse que nos financiariam. Achou que tudo bem. Adorou. Não pôs
nenhum empecilho”.

A relação de Vidal-Quadras com o exílio iraniano remonta à sua etapa como eurodeputado
(1999-2014), quando recebeu uma delegação desse grupo em Bruxelas. O primeiro
presidente do Vox deixou o partido em 2015 por desavenças com Abascal depois de não
obter o assento no Parlamento Europeu.

Quando Abascal começou a ganhar seu primeiro salário do Vox, carecia de outros
rendimentos. Meses antes, havia deixado o Partido Popular e perdido o cargo de diretor-
gerente da Fundação para o Mecenato e o Patrocínio Social, por causa da extinção daquele
organismo da Comunidade de Madri. Antes, Esperanza Aguirre, então presidenta da região
de Madri, o havia colocado na Direção da Agência de Proteção de Dados.

Durante uma etapa no País Basco, Abascal exerceu cargos públicos pelo PP como vereador
no município de Llodio, foi membro das Juntas Gerais da província de Álava e assessor da
Prefeitura de Vitoria. Seus oito meses de salário do Vox foram os primeiros de sua atividade
que não vinham dos cofres públicos. Quando Espinosa de los Monteros começou a receber
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que ão v a dos co es púb cos Qua do sp osa de os o te os co eçou a ecebe
do Vox, compatibilizava seu trabalho político com seus negócios privados. Por esse motivo,
causou “surpresa” no partido que pedisse uma remuneração.

Uma organização no olho do furacão


O CNRI teve um braço armado que figurou até 2012, um ano antes de financiar o
nascimento do Vox, na lista de organizações terroristas dos EUA.

Fundado em 1965 em Teerã por três universitários, a legião militar da organização, chamada
Mujahidin-e Jalq (MJ), protagonizou entre 2003 e 2014 um périplo nos tribunais
internacionais para sair das listas de organizações terroristas da União Europeia e EUA. O
Reino Unido deixou de considerá-lo grupo terrorista em 2008, após um procedimento
impulsionado um ano antes por 35 deputados. Uma investigação do jornal britânico The
Guardian publicada em novembro de 2018 ligou essa medida a uma campanha bem
financiada para conseguir o respaldo de mandatários internacionais.

O CNRI organiza anualmente em Paris uma grande concentração popular com seus
militantes, à qual Alejo Vidal-Quadras compareceu em mais de 15 ocasiões como
conferencista. Também já participaram como convidados os ex-premiês espanhóis José
María Aznar e José Luis Rodríguez Zapatero e a ex-vice-primeira-ministra María Teresa
Fernández de la Vega.

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