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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA II - do trabalhador e dos demais segurados da

FEDERATIVA DO BRASIL previdência social, não incidindo contribuição sobre


CAPÍTULO II aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral
DA SEGURIDADE SOCIAL de previdência social de que trata o art. 201;
Seção I - DISPOSIÇÕES GERAIS
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
Art. 194. A seguridade social compreende um
conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes IV - do importador de bens ou serviços do
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência
social. § 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios destinadas à seguridade social
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos constarão dos respectivos orçamentos, não integrando
termos da lei, organizar a seguridade social, com base o orçamento da União.
nos seguintes objetivos:
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade
I - universalidade da cobertura e do social será elaborada de forma integrada pelos órgãos
atendimento; responsáveis pela saúde, previdência social e
assistência social, tendo em vista as metas e
II - uniformidade e equivalência dos benefícios prioridades estabelecidas na lei de diretrizes
e serviços às populações urbanas e rurais; orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de
seus recursos.
III - seletividade e distributividade na prestação
dos benefícios e serviços; § 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema
da seguridade social, como estabelecido em lei, não
poderá contratar com o Poder Público nem dele
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.

V - eqüidade na forma de participação no § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas


custeio; a garantir a manutenção ou expansão da seguridade
social, obedecido o disposto no art. 154, I.
VI - diversidade da base de financiamento,
identificando-se, em rubricas contábeis específicas § 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade
para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a
ações de saúde, previdência e assistência social, correspondente fonte de custeio total.
preservado o caráter contributivo da previdência
social;
§ 6º As contribuições sociais de que trata este
artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa
VII - caráter democrático e descentralizado da dias da data da publicação da lei que as houver
administração, mediante gestão quadripartite, com
instituído ou modificado, não se lhes aplicando o
participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos disposto no art. 150, III, "b".
aposentados e do Governo nos órgãos
colegiados.
§ 7º São isentas de contribuição para a
seguridade social as entidades beneficentes de
Art. 195. A seguridade social será financiada por assistência social que atendam às exigências
toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos estabelecidas em lei.
da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, e das seguintes contribuições sociais: § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o
arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como
os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades
I - do empregador, da empresa e da entidade a em regime de economia familiar, sem empregados
ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: permanentes, contribuirão para a seguridade social
mediante a aplicação de uma alíquota sobre o
a) a folha de salários e demais rendimentos do resultado da comercialização da produção e farão jus
trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à aos benefícios nos termos da lei.
pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem
vínculo empregatício; § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I
do caput deste artigo poderão ter alíquotas
b) a receita ou o faturamento; diferenciadas em razão da atividade econômica, da
utilização intensiva de mão de obra, do porte da
c) o lucro; empresa ou da condição estrutural do mercado de
trabalho, sendo também autorizada a adoção de bases
de cálculo diferenciadas apenas no caso das alíneas
"b" e "c" do inciso I do caput.
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§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
recursos para o sistema único de saúde e ações de Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços
assistência social da União para os Estados, o Distrito públicos de saúde recursos mínimos derivados da
Federal e os Municípios, e dos Estados para os aplicação de percentuais calculados sobre:
Municípios, observada a respectiva contrapartida de
recursos. I - no caso da União, a receita corrente líquida do
respectivo exercício financeiro, não podendo ser
§ 11. São vedados a moratória e o parcelamento inferior a 15% (quinze por cento);
em prazo superior a 60 (sessenta) meses e, na forma
de lei complementar, a remissão e a anistia das II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o
contribuições sociais de que tratam a alínea "a" do produto da arrecadação dos impostos a que se refere o
inciso I e o inciso II do caput. art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e
159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas
§ 12. A lei definirá os setores de atividade que forem transferidas aos respectivos
econômica para os quais as contribuições incidentes na Municípios;
forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-
cumulativas. III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal,
o produto da arrecadação dos impostos a que se refere
§ 13. (Revogado). o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e
159, inciso I, alínea b e § 3º.
§ 14. O segurado somente terá reconhecida
como tempo de contribuição ao Regime Geral de § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo
Previdência Social a competência cuja contribuição menos a cada cinco anos, estabelecerá:
seja igual ou superior à contribuição mínima mensal
exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento I - os percentuais de que tratam os incisos II e III
de contribuições. do § 2º;

Seção II - DA SAÚDE II – os critérios de rateio dos recursos da União


vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a
Estado, garantido mediante políticas sociais e seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva
econômicas que visem à redução do risco de doença e redução das disparidades regionais;
de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e III – as normas de fiscalização, avaliação e
recuperação. controle das despesas com saúde nas esferas federal,
estadual, distrital e municipal;
Art. 197. São de relevância pública as ações e
serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, IV - (revogado).
nos termos da lei, sobre sua regulamentação,
fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde
diretamente ou através de terceiros e, também, por poderão admitir agentes comunitários de saúde e
pessoa física ou jurídica de direito privado.
agentes de combate às endemias por meio de processo
seletivo público, de acordo com a natureza e
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde complexidade de suas atribuições e requisitos
integram uma rede regionalizada e hierarquizada e específicos para sua atuação.
constituem um sistema único, organizado de acordo
com as seguintes diretrizes: § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o
piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os
I - descentralização, com direção única em cada Planos de Carreira e a regulamentação das atividades
esfera de governo; de agente comunitário de saúde e agente de combate
às endemias, competindo à União, nos termos da lei,
II - atendimento integral, com prioridade para as prestar assistência financeira complementar aos
atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o
assistenciais; cumprimento do referido piso salarial.

III - participação da comunidade. § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art.


41 e no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, servidor que exerça funções equivalentes às de agente
nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da comunitário de saúde ou de agente de combate às
seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito endemias poderá perder o cargo em caso de
Federal e dos Municípios, além de outras fontes. descumprimento dos requisitos específicos, fixados em
lei, para o seu exercício.

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Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei,
privada. a:

§ 1º As instituições privadas poderão participar I - cobertura dos eventos de doença, invalidez,


de forma complementar do sistema único de saúde, morte e idade avançada;
segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito
público ou convênio, tendo preferência as entidades II - proteção à maternidade, especialmente à
filantrópicas e as sem fins lucrativos. gestante;

§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos III - proteção ao trabalhador em situação de


para auxílios ou subvenções às instituições privadas desemprego involuntário;
com fins lucrativos.
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta dependentes dos segurados de baixa renda;
de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à
saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.
V - pensão por morte do segurado, homem ou
mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes,
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os observado o disposto no § 2º.
requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e
substâncias humanas para fins de transplante, § 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios
pesquisa e tratamento, bem como a coleta,
diferenciados para concessão de benefícios,
processamento e transfusão de sangue e seus
ressalvada, nos termos de lei complementar, a
derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização.
possibilidade de previsão de idade e tempo de
contribuição distintos da regra geral para concessão de
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, aposentadoria exclusivamente em favor dos
além de outras atribuições, nos termos da lei: segurados:

I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e I - com deficiência, previamente submetidos a


substâncias de interesse para a saúde e participar da avaliação biopsicossocial realizada por equipe
produção de medicamentos, equipamentos, multiprofissional e interdisciplinar;
imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva
II - executar as ações de vigilância sanitária e exposição a agentes químicos, físicos e biológicos
epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; prejudiciais à saúde, ou associação desses
agentes, vedada a caracterização por categoria
III - ordenar a formação de recursos humanos na profissional ou ocupação.
área de saúde;
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de
IV - participar da formulação da política e da contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado
execução das ações de saneamento básico; terá valor mensal inferior ao salário mínimo.

V - incrementar, em sua área de atuação, o § 3º Todos os salários de contribuição


desenvolvimento científico e tecnológico e a considerados para o cálculo de benefício serão
inovação; devidamente atualizados, na forma da lei.

VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, § 4º É assegurado o reajustamento dos


compreendido o controle de seu teor nutricional, bem benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente,
como bebidas e águas para consumo humano; o valor real, conforme critérios definidos em lei.

VII - participar do controle e fiscalização da § 5º É vedada a filiação ao regime geral de


produção, transporte, guarda e utilização de previdência social, na qualidade de segurado
substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e facultativo, de pessoa participante de regime próprio de
radioativos; previdência.

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, § 6º A gratificação natalina dos aposentados e


nele compreendido o do trabalho. pensionistas terá por base o valor dos proventos do
mês de dezembro de cada ano.
Seção III - DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral
Art. 201. A previdência social será organizada de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as
sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de seguintes condições:
caráter contributivo e de filiação obrigatória,
observados critérios que preservem o equilíbrio
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I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se § 15. Lei complementar estabelecerá vedações,
homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se regras e condições para a acumulação de benefícios
mulher, observado tempo mínimo de previdenciários.
contribuição;
§ 16. Os empregados dos consórcios públicos,
II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 das empresas públicas, das sociedades de economia
(cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, para os mista e das suas subsidiárias serão aposentados
trabalhadores rurais e para os que exerçam suas compulsoriamente, observado o cumprimento do tempo
atividades em regime de economia familiar, nestes mínimo de contribuição, ao atingir a idade máxima de
incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador que trata o inciso II do § 1º do art. 40, na forma
artesanal. estabelecida em lei.

§ 8º O requisito de idade a que se refere o inciso Art. 202. O regime de previdência privada, de
I do § 7º será reduzido em 5 (cinco) anos, para o caráter complementar e organizado de forma autônoma
professor que comprove tempo de efetivo exercício das em relação ao regime geral de previdência social, será
funções de magistério na educação infantil e no ensino facultativo, baseado na constituição de reservas que
fundamental e médio fixado em lei complementar. garantam o benefício contratado, e regulado por lei
complementar.
§ 9º Para fins de aposentadoria, será
assegurada a contagem recíproca do tempo de § 1° A lei complementar de que trata este artigo
contribuição entre o Regime Geral de Previdência assegurará ao participante de planos de benefícios de
Social e os regimes próprios de previdência social, e entidades de previdência privada o pleno acesso às
destes entre si, observada a compensação financeira, informações relativas à gestão de seus respectivos
de acordo com os critérios estabelecidos em lei. planos.

§ 9º-A. O tempo de serviço militar exercido nas § 2° As contribuições do empregador, os


atividades de que tratam os arts. 42, 142 e 143 e o benefícios e as condições contratuais previstas nos
tempo de contribuição ao Regime Geral de Previdência estatutos, regulamentos e planos de benefícios das
Social ou a regime próprio de previdência social terão entidades de previdência privada não integram o
contagem recíproca para fins de inativação militar ou contrato de trabalho dos participantes, assim como, à
aposentadoria, e a compensação financeira será exceção dos benefícios concedidos, não integram a
devida entre as receitas de contribuição referentes aos remuneração dos participantes, nos termos da lei.
militares e as receitas de contribuição aos demais
regimes. § 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de
previdência privada pela União, Estados, Distrito
§ 10. Lei complementar poderá disciplinar a Federal e Municípios, suas autarquias, fundações,
cobertura de benefícios não programados, inclusive os empresas públicas, sociedades de economia mista e
decorrentes de acidente do trabalho, a ser atendida outras entidades públicas, salvo na qualidade de
concorrentemente pelo Regime Geral de Previdência patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma,
Social e pelo setor privado. sua contribuição normal poderá exceder a do
segurado.
§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a
qualquer título, serão incorporados ao salário para § 4º Lei complementar disciplinará a relação
efeito de contribuição previdenciária e consequente entre a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios,
repercussão em benefícios, nos casos e na forma da inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de
lei. economia mista e empresas controladas direta ou
indiretamente, enquanto patrocinadores de planos de
§ 12. Lei instituirá sistema especial de inclusão benefícios previdenciários, e as entidades de
previdenciária, com alíquotas diferenciadas, para previdência complementar.
atender aos trabalhadores de baixa renda, inclusive os
que se encontram em situação de informalidade, e § 5º A lei complementar de que trata o § 4º
àqueles sem renda própria que se dediquem aplicar-se-á, no que couber, às empresas privadas
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de permissionárias ou concessionárias de prestação de
sua residência, desde que pertencentes a famílias de serviços públicos, quando patrocinadoras de planos de
baixa renda. benefícios em entidades de previdência
complementar.
§ 13. A aposentadoria concedida ao segurado de
que trata o § 12 terá valor de 1 (um) salário- § 6º Lei complementar estabelecerá os requisitos
mínimo. para a designação dos membros das diretorias das
entidades fechadas de previdência complementar
instituídas pelos patrocinadores de que trata o § 4º e
§ 14. É vedada a contagem de tempo de
disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados
contribuição fictício para efeito de concessão dos
e instâncias de decisão em que seus interesses sejam
benefícios previdenciários e de contagem
objeto de discussão e deliberação.
recíproca.
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Seção IV - DA ASSISTÊNCIA SOCIAL desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
Art. 203. A assistência social será prestada a trabalho.
quem dela necessitar, independentemente de
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: Art. 206. O ensino será ministrado com base nos
seguintes princípios:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância,
à adolescência e à velhice; I - igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola;
II - o amparo às crianças e adolescentes II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
carentes; o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas,
e coexistência de instituições públicas e privadas de
III - a promoção da integração ao mercado de
trabalho; ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
oficiais;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas V - valorização dos profissionais da educação escolar,
portadoras de deficiência e a promoção de sua garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com
integração à vida comunitária; ingresso exclusivamente por concurso público de
provas e títulos, aos das redes públicas;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício VI - gestão democrática do ensino público, na forma da
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso lei;
que comprovem não possuir meios de prover à própria VII - garantia de padrão de qualidade.
manutenção ou de tê-la provida por sua família, VIII - piso salarial profissional nacional para os
conforme dispuser a lei. profissionais da educação escolar pública, nos termos
de lei federal.
Art. 204. As ações governamentais na área da
assistência social serão realizadas com recursos do Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias
orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, de trabalhadores considerados profissionais da
além de outras fontes, e organizadas com base nas educação básica e sobre a fixação de prazo para a
seguintes diretrizes: elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no
âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
I - descentralização político-administrativa, Municípios.
cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera
federal e a coordenação e a execução dos respectivos Art. 207. As universidades gozam de autonomia
programas às esferas estadual e municipal, bem como didático-científica, administrativa e de gestão financeira
a entidades beneficentes e de assistência social; e patrimonial, e obedecerão ao princípio de
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
II - participação da população, por meio de
organizações representativas, na formulação das § 1º É facultado às universidades admitir
políticas e no controle das ações em todos os níveis. professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na
forma da lei.
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao
Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão § 2º O disposto neste artigo aplica-se às
e promoção social até cinco décimos por cento de sua instituições de pesquisa científica e tecnológica.
receita tributária líquida, vedada a aplicação desses
recursos no pagamento de:
Art. 208. O dever do Estado com a educação
será efetivado mediante a garantia de:
I - despesas com pessoal e encargos
sociais;
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4
(quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada
II - serviço da dívida; inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela
não tiveram acesso na idade própria;
III - qualquer outra despesa corrente não
vinculada diretamente aos investimentos ou ações II - progressiva universalização do ensino médio
apoiados. gratuito;

CAPÍTULO III III - atendimento educacional especializado aos


DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO portadores de deficiência, preferencialmente na rede
Seção I - DA EDUCAÇÃO regular de ensino;

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às
Estado e da família, será promovida e incentivada com crianças até 5 (cinco) anos de idade;
a colaboração da sociedade, visando ao pleno
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V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, § 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão
da pesquisa e da criação artística, segundo a prioritariamente no ensino fundamental e médio.
capacidade de cada um;
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino,
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
às condições do educando; definirão formas de colaboração, de modo a assegurar
a universalização do ensino obrigatório.
VII - atendimento ao educando, em todas as
etapas da educação básica, por meio de programas § 5º A educação básica pública atenderá
suplementares de material didático escolar, transporte, prioritariamente ao ensino regular.
alimentação e assistência à saúde.
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os
direito público subjetivo. Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da
receita resultante de impostos, compreendida a
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório proveniente de transferências, na manutenção e
pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa desenvolvimento do ensino.
responsabilidade da autoridade competente.
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal
educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos
chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo
frequência à escola. previsto neste artigo, receita do governo que a
transferir.
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada,
atendidas as seguintes condições: § 2º Para efeito do cumprimento do disposto no
"caput" deste artigo, serão considerados os sistemas
de ensino federal, estadual e municipal e os recursos
I - cumprimento das normas gerais da educação
aplicados na forma do art. 213.
nacional;

II - autorização e avaliação de qualidade pelo § 3º A distribuição dos recursos públicos


assegurará prioridade ao atendimento das
Poder Público.
necessidades do ensino obrigatório, no que se refere a
universalização, garantia de padrão de qualidade e
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para equidade, nos termos do plano nacional de
o ensino fundamental, de maneira a assegurar educação.
formação básica comum e respeito aos valores
culturais e artísticos, nacionais e regionais.
§ 4º Os programas suplementares de
alimentação e assistência à saúde previstos no art.
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, 208, VII, serão financiados com recursos provenientes
constituirá disciplina dos horários normais das escolas de contribuições sociais e outros recursos
públicas de ensino fundamental. orçamentários.

§ 2º O ensino fundamental regular será § 5º A educação básica pública terá como fonte
ministrado em língua portuguesa, assegurada às adicional de financiamento a contribuição social do
comunidades indígenas também a utilização de suas salário-educação, recolhida pelas empresas na forma
línguas maternas e processos próprios de da lei.
aprendizagem.
§ 6º As cotas estaduais e municipais da
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e arrecadação da contribuição social do salário-educação
os Municípios organizarão em regime de colaboração serão distribuídas proporcionalmente ao número de
seus sistemas de ensino. alunos matriculados na educação básica nas
respectivas redes públicas de ensino.
§ 1º A União organizará o sistema federal de
ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de Art. 213. Os recursos públicos serão destinados
ensino públicas federais e exercerá, em matéria às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas
educacional, função redistributiva e supletiva, de forma comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas
a garantir equalização de oportunidades educacionais e em lei, que:
padrão mínimo de qualidade do ensino mediante
assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem
Federal e aos Municípios;
seus excedentes financeiros em educação;
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no
ensino fundamental e na educação infantil.
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II - assegurem a destinação de seu patrimônio a II produção, promoção e difusão de bens
outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, culturais;
ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas
atividades. III formação de pessoal qualificado para a gestão
da cultura em suas múltiplas dimensões;
§ 1º - Os recursos de que trata este artigo
poderão ser destinados a bolsas de estudo para o IV democratização do acesso aos bens de
ensino fundamental e médio, na forma da lei, para os cultura;
que demonstrarem insuficiência de recursos, quando
houver falta de vagas e cursos regulares da rede
V valorização da diversidade étnica e
pública na localidade da residência do educando,
regional.
ficando o Poder Público obrigado a investir
prioritariamente na expansão de sua rede na
localidade. Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro
os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de
referência à identidade, à ação, à memória dos
estímulo e fomento à inovação realizadas por
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira,
universidades e/ou por instituições de educação
nos quais se incluem:
profissional e tecnológica poderão receber apoio
financeiro do Poder Público.
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
educação, de duração decenal, com o objetivo de IV - as obras, objetos, documentos, edificações e
articular o sistema nacional de educação em regime de
demais espaços destinados às manifestações artístico-
colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e
culturais;
estratégias de implementação para assegurar a V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
manutenção e desenvolvimento do ensino em seus paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ecológico e científico.
ações integradas dos poderes públicos das diferentes
esferas federativas que conduzam a:
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da
comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio
I - erradicação do analfabetismo;
cultural brasileiro, por meio de inventários, registros,
II - universalização do atendimento escolar;
vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras
III - melhoria da qualidade do ensino;
formas de acautelamento e preservação.
IV - formação para o trabalho;
V - promoção humanística, científica e tecnológica do
País. § 2º Cabem à administração pública, na forma da
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos lei, a gestão da documentação governamental e as
públicos em educação como proporção do produto providências para franquear sua consulta a quantos
interno bruto. dela necessitem.
Seção II - DA CULTURA
§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno produção e o conhecimento de bens e valores culturais.
exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da
cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e § 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural
a difusão das manifestações culturais. serão punidos, na forma da lei.

§ 1º O Estado protegerá as manifestações das § 5º Ficam tombados todos os documentos e os


culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das sítios detentores de reminiscências históricas dos
de outros grupos participantes do processo civilizatório antigos quilombos.
nacional.
§ 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal
2º A lei disporá sobre a fixação de datas vincular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco
comemorativas de alta significação para os diferentes décimos por cento de sua receita tributária líquida, para
segmentos étnicos nacionais. o financiamento de programas e projetos culturais,
vedada a aplicação desses recursos no pagamento
3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de de:
Cultura, de duração plurianual, visando ao
desenvolvimento cultural do País e à integração das I - despesas com pessoal e encargos
ações do poder público que conduzem à: sociais;

I defesa e valorização do patrimônio cultural II - serviço da dívida;


brasileiro;

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III - qualquer outra despesa corrente não Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas
vinculada diretamente aos investimentos ou ações desportivas formais e não-formais, como direito de
apoiados. cada um, observados:

Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, I - a autonomia das entidades desportivas


organizado em regime de colaboração, de forma dirigentes e associações, quanto a sua organização e
descentralizada e participativa, institui um processo de funcionamento;
gestão e promoção conjunta de políticas públicas de
cultura, democráticas e permanentes, pactuadas entre II - a destinação de recursos públicos para a
os entes da Federação e a sociedade, tendo por promoção prioritária do desporto educacional e, em
objetivo promover o desenvolvimento humano, social e casos específicos, para a do desporto de alto
econômico com pleno exercício dos direitos rendimento;
culturais. (
III - o tratamento diferenciado para o desporto
§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta- profissional e o não- profissional;
se na política nacional de cultura e nas suas diretrizes,
estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se
IV - a proteção e o incentivo às manifestações
pelos seguintes princípios:
desportivas de criação nacional.

I - diversidade das expressões culturais;


§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações
II - universalização do acesso aos bens e serviços relativas à disciplina e às competições desportivas
culturais; após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva,
III - fomento à produção, difusão e circulação de
regulada em lei.
conhecimento e bens culturais;
IV - cooperação entre os entes federados, os agentes
públicos e privados atuantes na área cultural; § 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de
V - integração e interação na execução das políticas, sessenta dias, contados da instauração do processo,
programas, projetos e ações desenvolvidas; para proferir decisão final.
VI - complementaridade nos papéis dos agentes
culturais; § 3º O Poder Público incentivará o lazer, como
VII - transversalidade das políticas culturais; forma de promoção social.
VIII - autonomia dos entes federados e das instituições
da sociedade civil; CAPÍTULO IV
IX - transparência e compartilhamento das DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
informações;
X - democratização dos processos decisórios com Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o
participação e controle social; desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação
XI - descentralização articulada e pactuada da gestão, científica e tecnológica e a inovação.
dos recursos e das ações;
XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos
§ 1º A pesquisa científica básica e tecnológica
orçamentos públicos para a cultura.
receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em
§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de
vista o bem público e o progresso da ciência,
Cultura, nas respectivas esferas da Federação:
tecnologia e inovação.
I - órgãos gestores da cultura;
II - conselhos de política cultural;
III - conferências de cultura; § 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á
IV - comissões intergestores; preponderantemente para a solução dos problemas
V - planos de cultura; brasileiros e para o desenvolvimento do sistema
VI - sistemas de financiamento à cultura; produtivo nacional e regional.
VII - sistemas de informações e indicadores
culturais; § 3º O Estado apoiará a formação de recursos
VIII - programas de formação na área da cultura; humanos nas áreas de ciência, pesquisa, tecnologia e
e inovação, inclusive por meio do apoio às atividades de
IX - sistemas setoriais de cultura. extensão tecnológica, e concederá aos que delas se
ocupem meios e condições especiais de
§ 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação trabalho.
do Sistema Nacional de Cultura, bem como de sua
articulação com os demais sistemas nacionais ou § 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que
políticas setoriais de governo. invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada
ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos
§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os humanos e que pratiquem sistemas de remuneração
Municípios organizarão seus respectivos sistemas de que assegurem ao empregado, desvinculada do
cultura em leis próprias. salário, participação nos ganhos econômicos
resultantes da produtividade de seu trabalho.
Seção III - DO DESPORTO
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§ 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal jornalística em qualquer veículo de comunicação social,
vincular parcela de sua receita orçamentária a observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa
científica e tecnológica. § 2º É vedada toda e qualquer censura de
natureza política, ideológica e artística.
§ 6º O Estado, na execução das atividades
previstas no caput , estimulará a articulação entre § 3º Compete à lei federal:
entes, tanto públicos quanto privados, nas diversas
esferas de governo. I - regular as diversões e espetáculos públicos,
cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza
§ 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação deles, as faixas etárias a que não se recomendem,
no exterior das instituições públicas de ciência, locais e horários em que sua apresentação se mostre
tecnologia e inovação, com vistas à execução das inadequada;
atividades previstas no caput.
II - estabelecer os meios legais que garantam à
Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de
nacional e será incentivado de modo a viabilizar o programas ou programações de rádio e televisão que
desenvolvimento cultural e socioeconômico, o bem- contrariem o disposto no art. 221, bem como da
estar da população e a autonomia tecnológica do País, propaganda de produtos, práticas e serviços que
nos termos de lei federal. possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.

Parágrafo único. O Estado estimulará a formação § 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas


e o fortalecimento da inovação nas empresas, bem alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias
como nos demais entes, públicos ou privados, a estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso
constituição e a manutenção de parques e polos II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que
tecnológicos e de demais ambientes promotores da necessário, advertência sobre os malefícios
inovação, a atuação dos inventores independentes e a decorrentes de seu uso.
criação, absorção, difusão e transferência de
tecnologia. § 5º Os meios de comunicação social não
podem, direta ou indiretamente, ser objeto de
Art. 219-A. A União, os Estados, o Distrito Federal monopólio ou oligopólio.
e os Municípios poderão firmar instrumentos de
cooperação com órgãos e entidades públicos e com
§ 6º A publicação de veículo impresso de
entidades privadas, inclusive para o compartilhamento
comunicação independe de licença de autoridade.
de recursos humanos especializados e capacidade
instalada, para a execução de projetos de pesquisa, de
desenvolvimento científico e tecnológico e de inovação, Art. 221. A produção e a programação das
mediante contrapartida financeira ou não financeira emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes
assumida pelo ente beneficiário, na forma da lei. princípios:

Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, I - preferência a finalidades educativas, artísticas,


Tecnologia e Inovação (SNCTI) será organizado em culturais e informativas;
regime de colaboração entre entes, tanto públicos
quanto privados, com vistas a promover o II - promoção da cultura nacional e regional e
desenvolvimento científico e tecnológico e a estímulo à produção independente que objetive sua
inovação. divulgação;

§ 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do III - regionalização da produção cultural, artística
SNCTI. e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em
lei;
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios legislarão concorrentemente sobre suas IV - respeito aos valores éticos e sociais da
peculiaridades. pessoa e da família.

CAPÍTULO V Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e


DA COMUNICAÇÃO SOCIAL de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa
de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez
Art. 220. A manifestação do pensamento, a anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis
criação, a expressão e a informação, sob qualquer brasileiras e que tenham sede no País.
forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer
restrição, observado o disposto nesta Constituição. § 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por
cento do capital total e do capital votante das empresas
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e
constituir embaraço à plena liberdade de informação imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a
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brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades gerações.
e estabelecerão o conteúdo da programação.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito,
§ 2º A responsabilidade editorial e as atividades de incumbe ao Poder Público:
seleção e direção da programação veiculada são
privativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais I - preservar e restaurar os processos ecológicos
de dez anos, em qualquer meio de comunicação essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e
social. ecossistemas;

§ 3º Os meios de comunicação social eletrônica, II - preservar a diversidade e a integridade do


independentemente da tecnologia utilizada para a patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades
prestação do serviço, deverão observar os princípios dedicadas à pesquisa e manipulação de material
enunciados no art. 221, na forma de lei específica, que genético;
também garantirá a prioridade de profissionais
brasileiros na execução de produções nacionais. III - definir, em todas as unidades da Federação,
espaços territoriais e seus componentes a serem
§ 4º Lei disciplinará a participação de capital especialmente protegidos, sendo a alteração e a
estrangeiro nas empresas de que trata o § 1º. supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos
§ 5º As alterações de controle societário das atributos que justifiquem sua proteção;
empresas de que trata o § 1º serão comunicadas ao
Congresso Nacional. IV - exigir, na forma da lei, para instalação de
obra ou atividade potencialmente causadora de
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e significativa degradação do meio ambiente, estudo
renovar concessão, permissão e autorização para o prévio de impacto ambiental, a que se dará
serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, publicidade;
observado o princípio da complementaridade dos
sistemas privado, público e estatal. V - controlar a produção, a comercialização e o
emprego de técnicas, métodos e substâncias que
§ 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o
prazo do art. 64, § 2º e § 4º, a contar do recebimento meio ambiente;
da mensagem.
VI - promover a educação ambiental em todos os
§ 2º A não renovação da concessão ou níveis de ensino e a conscientização pública para a
permissão dependerá de aprovação de, no mínimo, preservação do meio ambiente;
dois quintos do Congresso Nacional, em votação
nominal. VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma
da lei, as práticas que coloquem em risco sua função
§ 3º O ato de outorga ou renovação somente ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
produzirá efeitos legais após deliberação do Congresso submetam os animais a crueldade.
Nacional, na forma dos parágrafos anteriores.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica
§ 4º O cancelamento da concessão ou obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de
permissão, antes de vencido o prazo, depende de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
decisão judicial. competente, na forma da lei.

§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de § 3º As condutas e atividades consideradas


dez anos para as emissoras de rádio e de quinze para lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
as de televisão. pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de
Art. 224. Para os efeitos do disposto neste reparar os danos causados.
capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como seu
órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata
forma da lei. Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense
e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua
CAPÍTULO VI utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições
DO MEIO AMBIENTE que assegurem a preservação do meio ambiente,
inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo- arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias,
se ao Poder Público e à coletividade o dever de necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
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§ 6º As usinas que operem com reator nuclear discriminação, exploração, violência, crueldade e
deverão ter sua localização definida em lei federal, sem opressão.
o que não poderão ser instaladas.
§ 1º O Estado promoverá programas de
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso assistência integral à saúde da criança, do adolescente
VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as e do jovem, admitida a participação de entidades não
práticas desportivas que utilizem animais, desde que governamentais, mediante políticas específicas e
sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. obedecendo aos seguintes preceitos:
215 desta Constituição Federal, registradas como bem
de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural I - aplicação de percentual dos recursos públicos
brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei destinados à saúde na assistência materno-infantil;
específica que assegure o bem-estar dos animais
envolvidos.
II - criação de programas de prevenção e
atendimento especializado para as pessoas portadoras
CAPÍTULO VII de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de
Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e integração social do adolescente e do jovem portador
do Idoso de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho
e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e
Art. 226. A família, base da sociedade, tem serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos
especial proteção do Estado. arquitetônicos e de todas as formas de
discriminação.
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos dos logradouros e dos edifícios de uso público e de
termos da lei. fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de
garantir acesso adequado às pessoas portadoras de
deficiência.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é
reconhecida a união estável entre o homem e a mulher
como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua § 3º O direito a proteção especial abrangerá os
conversão em casamento. seguintes aspectos:

§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar I - idade mínima de quatorze anos para admissão
a comunidade formada por qualquer dos pais e seus ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
descendentes.
II - garantia de direitos previdenciários e
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade trabalhistas;
conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela
mulher. III - garantia de acesso do trabalhador
adolescente e jovem à escola;
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo
divórcio. IV - garantia de pleno e formal conhecimento da
atribuição de ato infracional, igualdade na relação
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da processual e defesa técnica por profissional habilitado,
pessoa humana e da paternidade responsável, o segundo dispuser a legislação tutelar específica;
planejamento familiar é livre decisão do casal,
competindo ao Estado propiciar recursos educacionais V - obediência aos princípios de brevidade,
e científicos para o exercício desse direito, vedada excepcionalidade e respeito à condição peculiar de
qualquer forma coercitiva por parte de instituições pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de
oficiais ou privadas. qualquer medida privativa da liberdade;

§ 8º O Estado assegurará a assistência à família VI - estímulo do Poder Público, através de


na pessoa de cada um dos que a integram, criando assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda,
relações. de criança ou adolescente órfão ou abandonado;

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do VII - programas de prevenção e atendimento


Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao especializado à criança, ao adolescente e ao jovem
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à dependente de entorpecentes e drogas afins.
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à § 4º A lei punirá severamente o abuso, a
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além violência e a exploração sexual da criança e do
de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, adolescente.

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§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, § 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos
na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-
sua efetivação por parte de estrangeiros. lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios
e dos lagos nelas existentes.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e § 3º O aproveitamento dos recursos hídricos,
qualificações, proibidas quaisquer designações incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a
discriminatórias relativas à filiação. lavra das riquezas minerais em terras indígenas só
podem ser efetivados com autorização do Congresso
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-
adolescente levar-se- á em consideração o disposto no lhes assegurada participação nos resultados da lavra,
art. 204. na forma da lei.

§ 8º A lei estabelecerá: § 4º As terras de que trata este artigo são


inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas,
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os imprescritíveis.
direitos dos jovens;
§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas
de suas terras, salvo, "ad referendum" do Congresso
II - o plano nacional de juventude, de duração
Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que
decenal, visando à articulação das várias esferas do
poder público para a execução de políticas ponha em risco sua população, ou no interesse da
públicas. soberania do País, após deliberação do Congresso
Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno
imediato logo que cesse o risco.
Art. 228. São penalmente inimputáveis os
menores de dezoito anos, sujeitos às normas da
§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos
legislação especial.
jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o
domínio e a posse das terras a que se refere este
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo,
educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado
dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência relevante interesse público da União, segundo o que
ou enfermidade. dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a
extinção direito a indenização ou a ações contra a
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias
dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua derivadas da ocupação de boa fé.
participação na comunidade, defendendo sua
dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à § 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto
vida. no art. 174, § 3º e § 4º.

§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão Art. 232. Os índios, suas comunidades e
executados preferencialmente em seus lares. organizações são partes legítimas para ingressar em
juízo em defesa de seus direitos e interesses,
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é intervindo o Ministério Público em todos os atos do
garantida a gratuidade dos transportes coletivos processo.
urbanos.

CAPÍTULO VIII
DOS ÍNDIOS

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua


organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, e os direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam, competindo à União
demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus
bens.

§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos


índios as por eles habitadas em caráter permanente, as
utilizadas para suas atividades produtivas, as
imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais
necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua
reprodução física e cultural, segundo seus usos,
costumes e tradições.

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DECRETO Nº 7.508, DE 28 DE da saúde executados pelos entes federativos, de forma
direta ou indireta, mediante a participação
JUNHO DE 2011. complementar da iniciativa privada, sendo organizado
Regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de forma regionalizada e hierarquizada.
de 1990, para dispor sobre a organização do
Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da Seção I
saúde, a assistência à saúde e a articulação Das Regiões de Saúde
interfederativa, e dá outras providências. Art. 4º As Regiões de Saúde serão instituídas
pelo Estado, em articulação com os Municípios,
CAPÍTULO I respeitadas as diretrizes gerais pactuadas na Comissão
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Intergestores Tripartite - CIT a que se refere o inciso I
Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 8.080, do art. 30.
de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a § 1º Poderão ser instituídas Regiões de Saúde
organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o interestaduais, compostas por Municípios limítrofes, por
planejamento da saúde, a assistência à saúde e a ato conjunto dos respectivos Estados em articulação
articulação interfederativa. com os Municípios.
Art. 2º Para efeito deste Decreto, considera-se: § 2º A instituição de Regiões de Saúde situadas
I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo em áreas de fronteira com outros países deverá
constituído por agrupamentos de Municípios limítrofes, respeitar as normas que regem as relações
delimitado a partir de identidades culturais, econômicas internacionais.
e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de Art. 5º Para ser instituída, a Região de Saúde
transportes compartilhados, com a finalidade de deve conter, no mínimo, ações e serviços de:
integrar a organização, o planejamento e a execução I - atenção primária;
de ações e serviços de saúde; II - urgência e emergência;
II - Contrato Organizativo da Ação Pública da III - atenção psicossocial;
Saúde - acordo de colaboração firmado entre entes IV - atenção ambulatorial especializada e
federativos com a finalidade de organizar e integrar as hospitalar; e
ações e serviços de saúde na rede regionalizada e V - vigilância em saúde.
hierarquizada, com definição de responsabilidades, Parágrafo único. A instituição das Regiões de
indicadores e metas de saúde, critérios de avaliação de Saúde observará cronograma pactuado nas Comissões
desempenho, recursos financeiros que serão Intergestores.
disponibilizados, forma de controle e fiscalização de sua Art. 6º As Regiões de Saúde serão referência
execução e demais elementos necessários à para as transferências de recursos entre os entes
implementação integrada das ações e serviços de saúde; federativos.
III - Portas de Entrada - serviços de atendimento Art. 7º As Redes de Atenção à Saúde estarão
inicial à saúde do usuário no SUS; compreendidas no âmbito de uma Região de Saúde, ou
IV - Comissões Intergestores - instâncias de de várias delas, em consonância com diretrizes
pactuação consensual entre os entes federativos para pactuadas nas Comissões Intergestores .
definição das regras da gestão compartilhada do SUS; Parágrafo único. Os entes federativos definirão
V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da os seguintes elementos em relação às Regiões de
distribuição de recursos humanos e de ações e serviços Saúde:
de saúde ofertados pelo SUS e pela iniciativa privada, I - seus limites geográficos;
considerando-se a capacidade instalada existente, os II - população usuária das ações e serviços;
investimentos e o desempenho aferido a partir dos III - rol de ações e serviços que serão ofertados;
indicadores de saúde do sistema; e
VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de IV - respectivas responsabilidades, critérios de
ações e serviços de saúde articulados em níveis de acessibilidade e escala para conformação dos serviços.
complexidade crescente, com a finalidade de garantir a
integralidade da assistência à saúde;
VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - Seção II
serviços de saúde específicos para o atendimento da Da Hierarquização
pessoa que, em razão de agravo ou de situação laboral, Art. 8º O acesso universal, igualitário e ordenado
necessita de atendimento especial; e às ações e serviços de saúde se inicia pelas Portas de
VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - Entrada do SUS e se completa na rede regionalizada e
documento que estabelece: critérios para o diagnóstico hierarquizada, de acordo com a complexidade do
da doença ou do agravo à saúde; o tratamento serviço.
preconizado, com os medicamentos e demais produtos Art. 9º São Portas de Entrada às ações e aos
apropriados, quando couber; as posologias serviços de saúde nas Redes de Atenção à Saúde os
recomendadas; os mecanismos de controle clínico; e o serviços:
acompanhamento e a verificação dos resultados I - de atenção primária;
terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do SUS. II - de atenção de urgência e emergência;
III - de atenção psicossocial; e
CAPÍTULO II IV - especiais de acesso aberto.
DA ORGANIZAÇÃO DO SUS Parágrafo único. Mediante justificativa técnica e
Art. 3º O SUS é constituído pela conjugação das de acordo com o pactuado nas Comissões
ações e serviços de promoção, proteção e recuperação Intergestores, os entes federativos poderão criar novas
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Portas de Entrada às ações e serviços de saúde, SUS, os quais deverão compor os Mapas da Saúde
considerando as características da Região de Saúde. regional, estadual e nacional.
Art. 10. Os serviços de atenção hospitalar e os Art. 17. O Mapa da Saúde será utilizado na
ambulatoriais especializados, entre outros de maior identificação das necessidades de saúde e orientará o
complexidade e densidade tecnológica, serão planejamento integrado dos entes federativos,
referenciados pelas Portas de Entrada de que trata o art. contribuindo para o estabelecimento de metas de
9º . saúde.
Art. 11. O acesso universal e igualitário às ações Art. 18. O planejamento da saúde em âmbito
e aos serviços de saúde será ordenado pela atenção estadual deve ser realizado de maneira regionalizada, a
primária e deve ser fundado na avaliação da gravidade partir das necessidades dos Municípios, considerando o
do risco individual e coletivo e no critério cronológico, estabelecimento de metas de saúde.
observadas as especificidades previstas para pessoas Art. 19. Compete à Comissão Intergestores
com proteção especial, conforme legislação vigente. Bipartite - CIB de que trata o inciso II do art. 30 pactuar
Parágrafo único. A população indígena contará as etapas do processo e os prazos do planejamento
com regramentos diferenciados de acesso, compatíveis municipal em consonância com os planejamentos
com suas especificidades e com a necessidade de estadual e nacional.
assistência integral à sua saúde, de acordo com
disposições do Ministério da Saúde. CAPÍTULO IV
Art. 12. Ao usuário será assegurada a continuidade DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
do cuidado em saúde, em todas as suas modalidades, nos Art. 20. A integralidade da assistência à saúde se
serviços, hospitais e em outras unidades integrantes da inicia e se completa na Rede de Atenção à Saúde,
rede de atenção da respectiva região. mediante referenciamento do usuário na rede regional
Parágrafo único. As Comissões Intergestores e interestadual, conforme pactuado nas Comissões
pactuarão as regras de continuidade do acesso às Intergestores.
ações e aos serviços de saúde na respectiva área de
atuação. Seção I
Art. 13. Para assegurar ao usuário o acesso Da Relação Nacional de Ações e Serviços de
universal, igualitário e ordenado às ações e serviços de Saúde - RENASES
saúde do SUS, caberá aos entes federativos, além de Art. 21. A Relação Nacional de Ações e Serviços de
outras atribuições que venham a ser pactuadas pelas Saúde - RENASES compreende todas as ações e
Comissões Intergestores: serviços que o SUS oferece ao usuário para atendimento
I - garantir a transparência, a integralidade e a da integralidade da assistência à saúde.
equidade no acesso às ações e aos serviços de saúde; Art. 22. O Ministério da Saúde disporá sobre a
II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos RENASES em âmbito nacional, observadas as diretrizes
serviços de saúde; pactuadas pela CIT.
III - monitorar o acesso às ações e aos serviços Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério
de saúde; e da Saúde consolidará e publicará as atualizações da
IV - ofertar regionalmente as ações e os serviços RENASES.
de saúde. Art. 23. A União, os Estados, o Distrito Federal e
Art. 14. O Ministério da Saúde disporá sobre os Municípios pactuarão nas respectivas Comissões
critérios, diretrizes, procedimentos e demais medidas Intergestores as suas responsabilidades em relação ao
que auxiliem os entes federativos no cumprimento das rol de ações e serviços constantes da RENASES.
atribuições previstas no art. 13. Art. 24. Os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão adotar relações específicas e
CAPÍTULO III complementares de ações e serviços de saúde, em
DO PLANEJAMENTO DA SAÚDE consonância com a RENASES, respeitadas as
Art. 15. O processo de planejamento da saúde responsabilidades dos entes pelo seu financiamento,
será ascendente e integrado, do nível local até o de acordo com o pactuado nas Comissões
federal, ouvidos os respectivos Conselhos de Saúde, Intergestores.
compatibilizando-se as necessidades das políticas de
saúde com a disponibilidade de recursos financeiros. Seção II
§ 1º O planejamento da saúde é obrigatório para Da Relação Nacional de Medicamentos
os entes públicos e será indutor de políticas para a Essenciais - RENAME
iniciativa privada. Art. 25. A Relação Nacional de Medicamentos
§ 2º A compatibilização de que trata o caput será Essenciais - RENAME compreende a seleção e a
efetuada no âmbito dos planos de saúde, os quais padronização de medicamentos indicados para
serão resultado do planejamento integrado dos entes atendimento de doenças ou de agravos no âmbito do
federativos, e deverão conter metas de saúde. SUS.
§ 3º O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá Parágrafo único. A RENAME será acompanhada
as diretrizes a serem observadas na elaboração dos do Formulário Terapêutico Nacional - FTN que
planos de saúde, de acordo com as características subsidiará a prescrição, a dispensação e o uso dos
epidemiológicas e da organização de serviços nos seus medicamentos.
entes federativos e nas Regiões de Saúde. Art. 26. O Ministério da Saúde é o órgão
Art. 16. No planejamento devem ser competente para dispor sobre a RENAME e os
considerados os serviços e as ações prestados pela Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas em
iniciativa privada, de forma complementar ou não ao
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âmbito nacional, observadas as diretrizes pactuadas acordo com a definição da política de saúde dos entes
pela CIT. federativos, consubstanciada nos seus planos de
Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério saúde, aprovados pelos respectivos conselhos de
da Saúde consolidará e publicará as atualizações da saúde;
RENAME, do respectivo FTN e dos Protocolos Clínicos II - diretrizes gerais sobre Regiões de Saúde,
e Diretrizes Terapêuticas. integração de limites geográficos, referência e
Art. 27. O Estado, o Distrito Federal e o Município contrarreferência e demais aspectos vinculados à
poderão adotar relações específicas e complementares integração das ações e serviços de saúde entre os
de medicamentos, em consonância com a RENAME, entes federativos;
respeitadas as responsabilidades dos entes pelo III - diretrizes de âmbito nacional, estadual,
financiamento de medicamentos, de acordo com o regional e interestadual, a respeito da organização das
pactuado nas Comissões Intergestores. redes de atenção à saúde, principalmente no tocante à
Art. 28. O acesso universal e igualitário à gestão institucional e à integração das ações e serviços
assistência farmacêutica pressupõe, cumulativamente: dos entes federativos;
I - estar o usuário assistido por ações e serviços IV - responsabilidades dos entes federativos na
de saúde do SUS; Rede de Atenção à Saúde, de acordo com o seu porte
II - ter o medicamento sido prescrito por demográfico e seu desenvolvimento econômico-
profissional de saúde, no exercício regular de suas financeiro, estabelecendo as responsabilidades
funções no SUS; individuais e as solidárias; e
III - estar a prescrição em conformidade com a V - referências das regiões intraestaduais e
RENAME e os Protocolos Clínicos e Diretrizes interestaduais de atenção à saúde para o atendimento
Terapêuticas ou com a relação específica da integralidade da assistência.
complementar estadual, distrital ou municipal de Parágrafo único. Serão de competência
medicamentos; e exclusiva da CIT a pactuação:
IV - ter a dispensação ocorrido em unidades I - das diretrizes gerais para a composição da
indicadas pela direção do SUS. RENASES;
§ 1º Os entes federativos poderão ampliar o II - dos critérios para o planejamento integrado
acesso do usuário à assistência farmacêutica, desde das ações e serviços de saúde da Região de Saúde,
que questões de saúde pública o justifiquem. em razão do compartilhamento da gestão; e
§ 2º O Ministério da Saúde poderá estabelecer III - das diretrizes nacionais, do financiamento e
regras diferenciadas de acesso a medicamentos de das questões operacionais das Regiões de Saúde
caráter especializado. situadas em fronteiras com outros países, respeitadas,
Art. 29. A RENAME e a relação específica em todos os casos, as normas que regem as relações
complementar estadual, distrital ou municipal de internacionais.
medicamentos somente poderão conter produtos com
registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Seção II
ANVISA. Do Contrato Organizativo da Ação Pública da
Saúde
CAPÍTULO V Art. 33. O acordo de colaboração entre os entes
DA ARTICULAÇÃO INTERFEDERATIVA federativos para a organização da rede interfederativa de
Seção I atenção à saúde será firmado por meio de Contrato
Das Comissões Intergestores Organizativo da Ação Pública da Saúde.
Art. 30. As Comissões Intergestores pactuarão a Art. 34. O objeto do Contrato Organizativo de
organização e o funcionamento das ações e serviços Ação Pública da Saúde é a organização e a integração
de saúde integrados em redes de atenção à saúde, das ações e dos serviços de saúde, sob a
sendo: responsabilidade dos entes federativos em uma Região
I - a CIT, no âmbito da União, vinculada ao de Saúde, com a finalidade de garantir a integralidade
Ministério da Saúde para efeitos administrativos e da assistência aos usuários.
operacionais; Parágrafo único. O Contrato Organizativo de
II - a CIB, no âmbito do Estado, vinculada à Ação Pública da Saúde resultará da integração dos
Secretaria Estadual de Saúde para efeitos planos de saúde dos entes federativos na Rede de
administrativos e operacionais; e Atenção à Saúde, tendo como fundamento as
III - a Comissão Intergestores Regional - CIR, no pactuações estabelecidas pela CIT.
âmbito regional, vinculada à Secretaria Estadual de Art. 35. O Contrato Organizativo de Ação Pública
Saúde para efeitos administrativos e operacionais, da Saúde definirá as responsabilidades individuais e
devendo observar as diretrizes da CIB. solidárias dos entes federativos com relação às ações
Art. 31. Nas Comissões Intergestores, os e serviços de saúde, os indicadores e as metas de
gestores públicos de saúde poderão ser representados saúde, os critérios de avaliação de desempenho, os
pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde - recursos financeiros que serão disponibilizados, a
CONASS, pelo Conselho Nacional de Secretarias forma de controle e fiscalização da sua execução e
Municipais de Saúde - CONASEMS e pelo Conselho demais elementos necessários à implementação
Estadual de Secretarias Municipais de Saúde - integrada das ações e serviços de saúde.
COSEMS. § 1º O Ministério da Saúde definirá indicadores
Art. 32. As Comissões Intergestores pactuarão: nacionais de garantia de acesso às ações e aos serviços
I - aspectos operacionais, financeiros e de saúde no âmbito do SUS, a partir de diretrizes
administrativos da gestão compartilhada do SUS, de estabelecidas pelo Plano Nacional de Saúde.
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§ 2º O desempenho aferido a partir dos § 2º O disposto neste artigo será implementado
indicadores nacionais de garantia de acesso servirá em conformidade com as demais formas de controle e
como parâmetro para avaliação do desempenho da fiscalização previstas em Lei.
prestação das ações e dos serviços definidos no Art. 41. Aos partícipes caberá monitorar e avaliar
Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde em a execução do Contrato Organizativo de Ação Pública
todas as Regiões de Saúde, considerando-se as de Saúde, em relação ao cumprimento das metas
especificidades municipais, regionais e estaduais. estabelecidas, ao seu desempenho e à aplicação dos
Art. 36. O Contrato Organizativo da Ação Pública recursos disponibilizados.
de Saúde conterá as seguintes disposições essenciais: Parágrafo único. Os partícipes incluirão dados
I - identificação das necessidades de saúde sobre o Contrato Organizativo de Ação Pública de
locais e regionais; Saúde no sistema de informações em saúde
II - oferta de ações e serviços de vigilância em organizado pelo Ministério da Saúde e os encaminhará
saúde, promoção, proteção e recuperação da saúde em ao respectivo Conselho de Saúde para monitoramento.
âmbito regional e inter-regional;
III - responsabilidades assumidas pelos entes
federativos perante a população no processo de CAPÍTULO VI
regionalização, as quais serão estabelecidas de forma DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
individualizada, de acordo com o perfil, a organização e a Art. 42. Sem prejuízo das outras providências
capacidade de prestação das ações e dos serviços de legais, o Ministério da Saúde informará aos órgãos de
cada ente federativo da Região de Saúde; controle interno e externo:
IV - indicadores e metas de saúde; I - o descumprimento injustificado de
V - estratégias para a melhoria das ações e responsabilidades na prestação de ações e serviços de
serviços de saúde; saúde e de outras obrigações previstas neste Decreto;
VI - critérios de avaliação dos resultados e forma II - a não apresentação do Relatório de Gestão a
de monitoramento permanente; que se refere o inciso IV do art. 4º da Lei no 8.142, de
VII - adequação das ações e dos serviços dos 1990 ;
entes federativos em relação às atualizações realizadas III - a não aplicação, malversação ou desvio de
na RENASES; recursos financeiros; e
VIII - investimentos na rede de serviços e as IV - outros atos de natureza ilícita de que tiver
respectivas responsabilidades; e conhecimento.
IX - recursos financeiros que serão Art. 43. A primeira RENASES é a somatória de
disponibilizados por cada um dos partícipes para sua todas as ações e serviços de saúde que na data da
execução. publicação deste Decreto são ofertados pelo SUS à
Parágrafo único. O Ministério da Saúde poderá população, por meio dos entes federados, de forma
instituir formas de incentivo ao cumprimento das metas direta ou indireta.
de saúde e à melhoria das ações e serviços de saúde. Art. 44. O Conselho Nacional de Saúde
Art. 37. O Contrato Organizativo de Ação Pública estabelecerá as diretrizes de que trata o § 3º do art. 15
de Saúde observará as seguintes diretrizes básicas no prazo de cento e oitenta dias a partir da publicação
para fins de garantia da gestão participativa: deste Decreto.
I - estabelecimento de estratégias que Art. 45. Este Decreto entra em vigor na data de
incorporem a avaliação do usuário das ações e dos sua publicação.
serviços, como ferramenta de sua melhoria;
II - apuração permanente das necessidades e
interesses do usuário; e
III - publicidade dos direitos e deveres do usuário
na saúde em todas as unidades de saúde do SUS,
inclusive nas unidades privadas que dele participem de
forma complementar.
Art. 38. A humanização do atendimento do
usuário será fator determinante para o estabelecimento
das metas de saúde previstas no Contrato Organizativo
de Ação Pública de Saúde.
Art. 39. As normas de elaboração e fluxos do
Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde serão
pactuados pelo CIT, cabendo à Secretaria de Saúde
Estadual coordenar a sua implementação.
Art. 40. O Sistema Nacional de Auditoria e
Avaliação do SUS, por meio de serviço especializado,
fará o controle e a fiscalização do Contrato Organizativo
de Ação Pública da Saúde.
§ 1º O Relatório de Gestão a que se refere
o inciso IV do art. 4º da Lei nº 8.142, de 28 de dezembro
de 1990, conterá seção específica relativa aos
compromissos assumidos no âmbito do Contrato
Organizativo de Ação Pública de Saúde.

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LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003.
Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências.
TÍTULO I
Disposições Preliminares
Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual
ou superior a 60 (sessenta) anos.
Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção
integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades,
para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em
condições de liberdade e dignidade.
Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com
absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao
lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
§ 1º A garantia de prioridade compreende:
I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de
serviços à população;
II – preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas;
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção ao idoso;
IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso com as demais gerações;
V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto
dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência;
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de
serviços aos idosos;
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre
os aspectos biopsicossociais de envelhecimento;
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais.
IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda.
§ 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial aos maiores de oitenta anos, atendendo-se suas
necessidades sempre preferencialmente em relação aos demais idosos.
Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou
opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.
§ 1o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso.
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção outras decorrentes dos princípios por ela
adotados.
Art. 5o A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos
termos da lei.
Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer forma de violação a esta Lei
que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento.
Art. 7o Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais do Idoso, previstos na Lei no 8.842,
de 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do idoso, definidos nesta Lei.

TÍTULO II
Dos Direitos Fundamentais
CAPÍTULO I
Do Direito à Vida
Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e
da legislação vigente.
Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de
políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade.

CAPÍTULO II
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade,
como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis.
§ 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, os seguintes aspectos:
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
II – opinião e expressão;
III – crença e culto religioso;
IV – prática de esportes e de diversões;
V – participação na vida familiar e comunitária;
VI – participação na vida política, na forma da lei;
VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.

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§ 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a
preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, idéias e crenças, dos espaços e dos objetos
pessoais.
§ 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano,
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

CAPÍTULO III
Dos Alimentos
Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da lei civil.
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores.
Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor
Público, que as referendará, e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial nos termos da lei processual
civil.
Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se
ao Poder Público esse provimento, no âmbito da assistência social.

CAPÍTULO IV
Do Direito à Saúde
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS,
garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a
prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam
preferencialmente os idosos.
§ 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio de:
I – cadastramento da população idosa em base territorial;
II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;
III – unidades geriátricas de referência, com pessoal especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social;
IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele necessitar e esteja impossibilitada
de se locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por instituições públicas, filantrópicas ou sem fins
lucrativos e eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios urbano e rural;
V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das seqüelas decorrentes do agravo da
saúde.
§ 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso
continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
§ 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão
da idade.
§ 4o Os idosos portadores de deficiência ou com limitação incapacitante terão atendimento especializado, nos
termos da lei.
§ 5o É vedado exigir o comparecimento do idoso enfermo perante os órgãos públicos, hipótese na qual será admitido
o seguinte procedimento:
I - quando de interesse do poder público, o agente promoverá o contato necessário com o idoso em sua residência;
ou
II - quando de interesse do próprio idoso, este se fará representar por procurador legalmente constituído.
§ 6o É assegurado ao idoso enfermo o atendimento domiciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro
Social - INSS, pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de saúde, contratado ou conveniado, que integre
o Sistema Único de Saúde - SUS, para expedição do laudo de saúde necessário ao exercício de seus direitos sociais
e de isenção tributária.
§ 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de oitenta anos terão preferência especial sobre os demais idosos,
exceto em caso de emergência.
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de
saúde proporcionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, segundo o critério médico.
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável pelo tratamento conceder autorização para o
acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito.
Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades mentais é assegurado o direito de optar pelo
tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável.
Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de proceder à opção, esta será feita:
I – pelo curador, quando o idoso for interditado;
II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este não puder ser contactado em tempo hábil;
III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não houver tempo hábil para consulta a curador ou
familiar;
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou familiar conhecido, caso em que deverá comunicar o
fato ao Ministério Público.
Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o atendimento às necessidades do
idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como orientação a cuidadores familiares e
grupos de auto-ajuda.

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Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão objeto de notificação
compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária, bem como serão obrigatoriamente
comunicados por eles a quaisquer dos seguintes órgãos:
I – autoridade policial;
II – Ministério Público;
III – Conselho Municipal do Idoso;
IV – Conselho Estadual do Idoso;
V – Conselho Nacional do Idoso.
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada em
local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico.
§ 2o Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória prevista no caput deste artigo, o disposto na Lei
o
n 6.259, de 30 de outubro de 1975.

CAPÍTULO V
Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que
respeitem sua peculiar condição de idade.
Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos,
metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados.
§ 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técnicas de comunicação, computação e
demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna.
§ 2o Os idosos participarão das comemorações de caráter cívico ou cultural, para transmissão de conhecimentos
e vivências às demais gerações, no sentido da preservação da memória e da identidade culturais.
Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao
processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir
conhecimentos sobre a matéria.
Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante descontos de
pelo menos 50% (cinqüenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem
como o acesso preferencial aos respectivos locais.
Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou horários especiais voltados aos idosos, com finalidade
informativa, educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de envelhecimento.
Art. 25. As instituições de educação superior ofertarão às pessoas idosas, na perspectiva da educação ao longo da
vida, cursos e programas de extensão, presenciais ou a distância, constituídos por atividades formais e não formais.
Parágrafo único. O poder público apoiará a criação de universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a
publicação de livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados ao idoso, que facilitem a leitura,
considerada a natural redução da capacidade visual.

CAPÍTULO VI
Da Profissionalização e do Trabalho
Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais
e psíquicas.
art27Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou emprego, é vedada a discriminação e a fixação de
limite máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a natureza do cargo o exigir.
Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em concurso público será a idade, dando-se preferência ao de
idade mais elevada.
Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de:
I – profissionalização especializada para os idosos, aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades
regulares e remuneradas;
II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de
estímulo a novos projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento sobre os direitos sociais e de
cidadania;
III – estímulo às empresas privadas para admissão de idosos ao trabalho.

CAPÍTULO VII
Da Previdência Social
Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do Regime Geral da Previdência Social observarão, na sua
concessão, critérios de cálculo que preservem o valor real dos salários sobre os quais incidiram contribuição, nos
termos da legislação vigente.
Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manutenção serão reajustados na mesma data de reajuste do
salário-mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do seu último reajustamento, com base
em percentual definido em regulamento, observados os critérios estabelecidos pela Lei no 8.213, de 24 de julho de
1991.
Art. 30. A perda da condição de segurado não será considerada para a concessão da aposentadoria por idade,
desde que a pessoa conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido para efeito de
carência na data de requerimento do benefício.
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Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício previsto no caput observará o disposto no caput e § 2o do art.
3o da Lei no 9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, não havendo salários-de-contribuição recolhidos a partir da
competência de julho de 1994, o disposto no art. 35 da Lei no 8.213, de 1991.
Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios, efetuado com atraso por responsabilidade da
Previdência Social, será atualizado pelo mesmo índice utilizado para os reajustamentos dos benefícios do Regime
Geral de Previdência Social, verificado no período compreendido entre o mês que deveria ter sido pago e o mês do
efetivo pagamento.
Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o de Maio, é a data-base dos aposentados e pensionistas.

CAPÍTULO VIII
Da Assistência Social
Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, de forma articulada, conforme os princípios e diretrizes
previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Política Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais
normas pertinentes.
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua
subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos
termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas.
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será
computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.
Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar, são obrigadas a firmar contrato de prestação de
serviços com a pessoa idosa abrigada.
§ 1o No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada a cobrança de participação do idoso no custeio
da entidade.
§ 2o O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma de
participação prevista no § 1o, que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer benefício previdenciário
ou de assistência social percebido pelo idoso.
§ 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante legal firmar o contrato a que se refere
o caput deste artigo.
Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a
dependência econômica, para os efeitos legais.

CAPÍTULO IX
Da Habitação
Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou desacompanhado de
seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada.
§ 1o A assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência será prestada quando verificada
inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros próprios ou da família.
§ 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica obrigada a manter identificação externa visível, sob
pena de interdição, além de atender toda a legislação pertinente.
§ 3o As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de habitação compatíveis com as
necessidades deles, bem como provê-los com alimentação regular e higiene indispensáveis às normas sanitárias e
com estas condizentes, sob as penas da lei.
Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de prioridade
na aquisição de imóvel para moradia própria, observado o seguinte:
I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades habitacionais residenciais para atendimento aos
idosos;
II – implantação de equipamentos urbanos comunitários voltados ao idoso;
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para garantia de acessibilidade ao idoso;
IV – critérios de financiamento compatíveis com os rendimentos de aposentadoria e pensão.
Parágrafo único. As unidades residenciais reservadas para atendimento a idosos devem situar-se,
preferencialmente, no pavimento térreo.

CAPÍTULO X
Do Transporte
Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos
públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos
serviços regulares.
§ 1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente qualquer documento pessoal que faça prova de
sua idade.
§ 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos
assentos para os idosos, devidamente identificados com a placa de reservado preferencialmente para idosos.
§ 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará
a critério da legislação local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade nos meios de transporte previstos
no caput deste artigo.
Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual observar-se-á, nos termos da legislação específica:
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I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-
mínimos;
II – desconto de 50% (cinqüenta por cento), no mínimo, no valor das passagens, para os idosos que excederem
as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os mecanismos e os critérios para o exercício dos
direitos previstos nos incisos I e II.
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos
estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao
idoso.
Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança do idoso nos procedimentos de embarque e desembarque
nos veículos do sistema de transporte coletivo.

TÍTULO III
Das Medidas de Proteção
CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais
Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem
ameaçados ou violados:
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento;
III – em razão de sua condição pessoal.

CAPÍTULO II
Das Medidas Específicas de Proteção
Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas nesta Lei poderão ser aplicadas, isolada ou
cumulativamente, e levarão em conta os fins sociais a que se destinam e o fortalecimento dos vínculos familiares e
comunitários.
Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a
requerimento daquele, poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade;
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar;
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes de
drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação;
V – abrigo em entidade;
VI – abrigo temporário.
TÍTULO IV
Da Política de Atendimento ao Idoso
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á por meio do conjunto articulado de ações governamentais e
não-governamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento:
I – políticas sociais básicas, previstas na Lei no 8.842, de 4 de janeiro de 1994;
II – políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que necessitarem;
III – serviços especiais de prevenção e atendimento às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso,
crueldade e opressão;
IV – serviço de identificação e localização de parentes ou responsáveis por idosos abandonados em hospitais e
instituições de longa permanência;
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos dos idosos;
VI – mobilização da opinião pública no sentido da participação dos diversos segmentos da sociedade no
atendimento do idoso.
CAPÍTULO II
Das Entidades de Atendimento ao Idoso
Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades, observadas as
normas de planejamento e execução emanadas do órgão competente da Política Nacional do Idoso, conforme a Lei
no 8.842, de 1994.
Parágrafo único. As entidades governamentais e não-governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à
inscrição de seus programas, junto ao órgão competente da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa
Idosa, e em sua falta, junto ao Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os regimes de
atendimento, observados os seguintes requisitos:
I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho compatíveis com os princípios desta Lei;
III – estar regularmente constituída;
IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes.
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Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de institucionalização de longa permanência adotarão os
seguintes princípios:
I – preservação dos vínculos familiares;
II – atendimento personalizado e em pequenos grupos;
III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso de força maior;
IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter interno e externo;
V – observância dos direitos e garantias dos idosos;
VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento de ambiente de respeito e dignidade.
Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de atendimento ao idoso responderá civil e criminalmente
pelos atos que praticar em detrimento do idoso, sem prejuízo das sanções administrativas.
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento:
I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o idoso, especificando o tipo de atendimento, as
obrigações da entidade e prestações decorrentes do contrato, com os respectivos preços, se for o caso;
II – observar os direitos e as garantias de que são titulares os idosos;
III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação suficiente;
IV – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade;
V – oferecer atendimento personalizado;
VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos familiares;
VII – oferecer acomodações apropriadas para recebimento de visitas;
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade do idoso;
IX – promover atividades educacionais, esportivas, culturais e de lazer;
X – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas crenças;
XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda ocorrência de idoso portador de doenças infecto-
contagiosas;
XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público requisite os documentos necessários ao exercício da
cidadania àqueles que não os tiverem, na forma da lei;
XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que receberem dos idosos;
XV – manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendimento, nome do idoso,
responsável, parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences, bem como o valor de contribuições, e suas
alterações, se houver, e demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento;
XVI – comunicar ao Ministério Público, para as providências cabíveis, a situação de abandono moral ou material
por parte dos familiares;
XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com formação específica.
Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos prestadoras de serviço ao idoso terão direito à
assistência judiciária gratuita.
CAPÍTULO III
Da Fiscalização das Entidades de Atendimento
Art. 52. As entidades governamentais e não-governamentais de atendimento ao idoso serão fiscalizadas pelos
Conselhos do Idoso, Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros previstos em lei.
Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6o desta Lei a supervisão, o acompanhamento, a fiscalização e a
avaliação da política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias político-administrativas." (NR)
Art. 54. Será dada publicidade das prestações de contas dos recursos públicos e privados recebidos pelas
entidades de atendimento.
Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem as determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem
prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos, às seguintes penalidades, observado o
devido processo legal:
I – as entidades governamentais:
a) advertência;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
d) fechamento de unidade ou interdição de programa;
II – as entidades não-governamentais:
a) advertência;
b) multa;
c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas;
d) interdição de unidade ou suspensão de programa;
e) proibição de atendimento a idosos a bem do interesse público.
§ 1o Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer tipo de fraude em relação ao programa, caberá o
afastamento provisório dos dirigentes ou a interdição da unidade e a suspensão do programa.
§ 2o A suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas ocorrerá quando verificada a má aplicação ou
desvio de finalidade dos recursos.
§ 3o Na ocorrência de infração por entidade de atendimento, que coloque em risco os direitos assegurados nesta
Lei, será o fato comunicado ao Ministério Público, para as providências cabíveis, inclusive para promover a

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suspensão das atividades ou dissolução da entidade, com a proibição de atendimento a idosos a bem do interesse
público, sem prejuízo das providências a serem tomadas pela Vigilância Sanitária.
§ 4o Na aplicação das penalidades, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos
que dela provierem para o idoso, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes da entidade.

CAPÍTULO IV
Das Infrações Administrativas
Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as determinações do art. 50 desta Lei:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), se o fato não for caracterizado
como crime, podendo haver a interdição do estabelecimento até que sejam cumpridas as exigências legais.
Parágrafo único. No caso de interdição do estabelecimento de longa permanência, os idosos abrigados serão
transferidos para outra instituição, a expensas do estabelecimento interditado, enquanto durar a interdição.
Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por estabelecimento de saúde ou instituição de longa
permanência de comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra idoso de que tiver conhecimento:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), aplicada em dobro no caso de
reincidência.
Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a prioridade no atendimento ao idoso:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 (um mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo
juiz, conforme o dano sofrido pelo idoso.

CAPÍTULO V
Da Apuração Administrativa de Infração às
Normas de Proteção ao Idoso
Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV serão atualizados anualmente, na forma da lei.
Art. 60. O procedimento para a imposição de penalidade administrativa por infração às normas de proteção ao
idoso terá início com requisição do Ministério Público ou auto de infração elaborado por servidor efetivo e assinado,
se possível, por duas testemunhas.
§ 1o No procedimento iniciado com o auto de infração poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se
a natureza e as circunstâncias da infração.
§ 2o Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro
de 24 (vinte e quatro) horas, por motivo justificado.
Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a apresentação da defesa, contado da data da intimação,
que será feita:
I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quando for lavrado na presença do infrator;
II – por via postal, com aviso de recebimento.
Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do idoso, a autoridade competente aplicará à entidade de
atendimento as sanções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas
pelo Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para a fiscalização.
Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida ou a saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade
competente aplicará à entidade de atendimento as sanções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das
providências que vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para a
fiscalização.

CAPÍTULO VI
Da Apuração Judicial de Irregularidades em Entidade de Atendimento
Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento administrativo de que trata este Capítulo as disposições
das Leis nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29 de janeiro de 1999.
Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidade em entidade governamental e não-governamental de
atendimento ao idoso terá início mediante petição fundamentada de pessoa interessada ou iniciativa do Ministério
Público.
Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente
o afastamento provisório do dirigente da entidade ou outras medidas que julgar adequadas, para evitar lesão aos
direitos do idoso, mediante decisão fundamentada.
Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de 10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo
juntar documentos e indicar as provas a produzir.
Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na conformidade do art. 69 ou, se necessário, designará
audiência de instrução e julgamento, deliberando sobre a necessidade de produção de outras provas.
§ 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério Público terão 5 (cinco) dias para oferecer
alegações finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
§ 2o Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de dirigente de entidade governamental, a autoridade
judiciária oficiará a autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e
quatro) horas para proceder à substituição.
§ 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das
irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem julgamento do mérito.

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§ 4o A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da entidade ou ao responsável pelo programa de
atendimento.
TÍTULO V
Do Acesso à Justiça
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições deste Capítulo, o procedimento sumário previsto no Código
de Processo Civil, naquilo que não contrarie os prazos previstos nesta Lei.
Art. 70. O Poder Público poderá criar varas especializadas e exclusivas do idoso.
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e
diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos, em qualquer instância.
§ 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude este artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o
benefício à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará as providências a serem cumpridas,
anotando-se essa circunstância em local visível nos autos do processo.
§ 2o A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite,
companheiro ou companheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos.
§ 3o A prioridade se estende aos processos e procedimentos na Administração Pública, empresas prestadoras
de serviços públicos e instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à Defensoria Publica da União, dos
Estados e do Distrito Federal em relação aos Serviços de Assistência Judiciária.
§ 4o Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados
com a destinação a idosos em local visível e caracteres legíveis.
§ 5º Dentre os processos de idosos, dar-se-á prioridade especial aos maiores de oitenta anos.

CAPÍTULO II
Do Ministério Público
Art. 72. (VETADO)
Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas nesta Lei, serão exercidas nos termos da respectiva Lei
Orgânica.
Art. 74. Compete ao Ministério Público:
I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos,
individuais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso;
II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de interdição total ou parcial, de designação de curador
especial, em circunstâncias que justifiquem a medida e oficiar em todos os feitos em que se discutam os direitos de
idosos em condições de risco;
III – atuar como substituto processual do idoso em situação de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei;
IV – promover a revogação de instrumento procuratório do idoso, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei,
quando necessário ou o interesse público justificar;
V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo:
a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado
da pessoa notificada, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil ou Militar;
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, estaduais e federais, da
administração direta e indireta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias;
c) requisitar informações e documentos particulares de instituições privadas;
VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, para a
apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção ao idoso;
VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados ao idoso, promovendo as medidas
judiciais e extrajudiciais cabíveis;
VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de que trata esta Lei,
adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades porventura
verificadas;
IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços de saúde, educacionais e de assistência
social, públicos, para o desempenho de suas atribuições;
X – referendar transações envolvendo interesses e direitos dos idosos previstos nesta Lei.
§ 1o A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros,
nas mesmas hipóteses, segundo dispuser a lei.
§ 2o As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde que compatíveis com a finalidade e
atribuições do Ministério Público.
§ 3o O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá livre acesso a toda entidade de
atendimento ao idoso.
Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na
defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vista dos autos depois das partes,
podendo juntar documentos, requerer diligências e produção de outras provas, usando os recursos cabíveis.
Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita pessoalmente.

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Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício
pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.

CAPÍTULO III
Da Proteção Judicial dos Interesses Difusos, Coletivos e Individuais Indisponíveis ou Homogêneos
Art. 78. As manifestações processuais do representante do Ministério Público deverão ser fundamentadas.
Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos
assegurados ao idoso, referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de:
I – acesso às ações e serviços de saúde;
II – atendimento especializado ao idoso portador de deficiência ou com limitação incapacitante;
III – atendimento especializado ao idoso portador de doença infecto-contagiosa;
IV – serviço de assistência social visando ao amparo do idoso.
Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção judicial outros interesses difusos,
coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, próprios do idoso, protegidos em lei.
Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá
competência absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Federal e a competência
originária dos Tribunais Superiores.
Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou
homogêneos, consideram-se legitimados, concorrentemente:
I – o Ministério Público;
II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
III – a Ordem dos Advogados do Brasil;
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos 1 (um) ano e que incluam entre os fins institucionais
a defesa dos interesses e direitos da pessoa idosa, dispensada a autorização da assembléia, se houver prévia
autorização estatutária.
§ 1o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União e dos Estados na defesa dos
interesses e direitos de que cuida esta Lei.
§ 2o Em caso de desistência ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro
legitimado deverá assumir a titularidade ativa.
Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação
pertinentes.
Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
de atribuições de Poder Público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que
se regerá pelas normas da lei do mandado de segurança.
Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a
tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao
adimplemento.
§ 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é
lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na forma do art. 273 do Código de Processo
Civil.
§ 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente do pedido
do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida
desde o dia em que se houver configurado.
Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverterão ao Fundo do Idoso, onde houver, ou na falta deste,
ao Fundo Municipal de Assistência Social, ficando vinculados ao atendimento ao idoso.
Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) dias após o trânsito em julgado da decisão serão
exigidas por meio de execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa aos
demais legitimados em caso de inércia daquele.
Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte.
Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser condenação ao Poder Público, o juiz determinará a
remessa de peças à autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e administrativa do agente a
que se atribua a ação ou omissão.
Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado da sentença condenatória favorável ao idoso sem
que o autor lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada, igual iniciativa aos demais
legitimados, como assistentes ou assumindo o pólo ativo, em caso de inércia desse órgão.
Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários
periciais e quaisquer outras despesas.
Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Ministério Público.
Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá, provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe
informações sobre os fatos que constituam objeto de ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção.
Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tribunais, no exercício de suas funções, quando tiverem
conhecimento de fatos que possam configurar crime de ação pública contra idoso ou ensejar a propositura de ação
para sua defesa, devem encaminhar as peças pertinentes ao Ministério Público, para as providências cabíveis.

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Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certidões e
informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer
pessoa, organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual
não poderá ser inferior a 10 (dez) dias.
§ 1o Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência de
fundamento para a propositura da ação civil ou de peças informativas, determinará o seu arquivamento, fazendo-o
fundamentadamente.
§ 2o Os autos do inquérito civil ou as peças de informação arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer
em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público ou à Câmara de Coordenação e
Revisão do Ministério Público.
§ 3o Até que seja homologado ou rejeitado o arquivamento, pelo Conselho Superior do Ministério Público ou por
Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público, as associações legitimadas poderão apresentar razões
escritas ou documentos, que serão juntados ou anexados às peças de informação.
§ 4o Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público de homologar
a promoção de arquivamento, será designado outro membro do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

TÍTULO VI
Dos Crimes
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as disposições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos,
aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber,
as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.

CAPÍTULO II
Dos Crimes em Espécie
Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts.
181 e 182 do Código Penal.
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de
transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania,
por motivo de idade:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
§ 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer
motivo.
§ 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do
agente.
Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de
iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses
casos, o socorro de autoridade pública:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta a morte.
Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou
não prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições
desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou
sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado:
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 2o Se resulta a morte:
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa:
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo de idade;
II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;
III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistência à saúde, sem justa causa, a
pessoa idosa;
IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação
civil a que alude esta Lei;
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei, quando
requisitados pelo Ministério Público.

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Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida nas
ações em que for parte ou interveniente o idoso:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes
aplicação diversa da de sua finalidade:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do idoso, como abrigado, por recusa deste em outorgar
procuração à entidade de atendimento:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem
como qualquer outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.
Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações ou imagens depreciativas ou
injuriosas à pessoa do idoso:
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de administração
de bens ou deles dispor livremente:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus atos, sem a devida
representação legal:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

TÍTULO VII
Disposições Finais e Transitórias
Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do Ministério Público ou de qualquer outro agente
fiscalizador:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 110. O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
"Art. 61. ............................................................................
II - ............................................................................
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
"Art. 121. ............................................................................
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada
de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
"Art. 133. ............................................................................
§ 3o ............................................................................
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos." (NR)
"Art. 140. ............................................................................
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de
pessoa idosa ou portadora de deficiência:
"Art. 141. ............................................................................
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
"Art. 148. ............................................................................
§ 1o............................................................................
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do agente ou maior de 60 (sessenta) anos.
"Art. 159............................................................................
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60
(sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
"Art. 183............................................................................
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos." (NR)
"Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou
inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os
recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada;
deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo:
............................................................................" (NR)
Art. 111. O O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa a
vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:
"Art. 21............................................................................
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos." (NR)

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Art. 112. O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455, de 7 de abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte
redação:
"Art. 1o ............................................................................
§ 4o ............................................................................
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
anos;
............................................................................" (NR)
Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21 de outubro de 1976, passa a vigorar com a seguinte
redação:
"Art. 18............................................................................
III – se qualquer deles decorrer de associação ou visar a menores de 21 (vinte e um) anos ou a pessoa com idade
igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha, por qualquer causa, diminuída ou suprimida a capacidade de
discernimento ou de autodeterminação:
............................................................................" (NR)
Art. 114. O art 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as
gestantes, as lactantes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendimento prioritário, nos termos
desta Lei." (NR)
Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará ao Fundo Nacional de Assistência Social, até que o
Fundo Nacional do Idoso seja criado, os recursos necessários, em cada exercício financeiro, para aplicação em
programas e ações relativos ao idoso.
Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos dados relativos à população idosa do País.
Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacional projeto de lei revendo os critérios de
concessão do Benefício de Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica da Assistência Social, de forma a garantir
que o acesso ao direito seja condizente com o estágio de desenvolvimento sócio-econômico alcançado pelo País.
Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (noventa) dias da sua publicação, ressalvado o disposto
no caput do art. 36, que vigorará a partir de 1o de janeiro de 2004.

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QUESTÕES – ESTATUTO DO IDOSO
1. (UTFPR – UTFPR – Assistente em Administração – 2017)
É crime contra o idoso, conforme define a Lei nº 10.741/2003:
a) recusar atendimento a suas exigências pessoais.
b) impedir acesso ao transporte coletivo municipal, quando este der prova de sua idade, des-
de que não seja nos serviços de transporte seletivos e especiais, quando prestados parale-
lamente aos serviços regulares.
c) negar acesso a emprego ou cargo público por motivo de saúde.
d) receber doação por ele feita de boa-fé e de plena consciência, mas que não tenha sido sub-
metida à autoridade mediadora.
e) recusar-se a oferecer o assento privativo aos idosos nos ônibus coletivos municipais ou in-
termunicipais.

2. (FUNCAB – PC-PA – Escrivão de Polícia Civil – 2016)


Acerca do Estatuto do idoso, Lei nº 10.741, de 2003, é correto afirmar que:
a) constitui crime discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a opera-
ções bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro
meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade.
b) constitui crime deixar de prestar assistência ao idoso, mesmo quando impossível fazê-lo
sem risco pessoal.
c) o Estatuto do idoso é destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade
igual ou superior a 65 (sessenta e cinco) anos.
d) admite-se possibilidade de cobrança de valores diferenciados em razão da idade, sem a
caracterização da discriminação do idoso.
e) a limitação expressa no edital concurso público para o provimento de cargo efetivo, quanto
ao limite de idade, afasta a incidência da prática do crime de obstar o acesso de alguém a
qualquer cargo público por motivo de idade.

3. (IDECAN – Prefeitura de Natal – RN – Pedagogo – 2016)


De acordo com Frange (2004), o Estatuto do Idoso é um verdadeiro exercício bioético. Come-
çou pelo que poderia chamar de Comissão de Bioética, já que ele é fruto de trabalho conjunto
de parlamentares, especialistas, profissionais das áreas de Saúde, Direito, Assistência Social e
das entidades e organizações não-governamentais voltadas para a defesa dos direitos e prote-
ção aos idosos. Tudo está contemplado no Estatuto: a saúde, a educação, a habitação, a ação
do Ministério Público para acelerar processos em defesa do idoso. Poderíamos dizer que o Esta-
tuto do Idoso representa um exercício de cidadania no resgate da dignidade da pessoa humana
(contemplado na Bioética). De fato, é correto afirmar que o Estatuto do Idoso
a) assegura aos idosos com mais de 65 anos o benefício de um salário mínimo.
b) transforma em crime, com penas que vão até 12 anos de prisão, maus-tratos a pessoas ido-
sas.
c) assegura o fornecimento de medicamentos, especialmente os de uso continuado, excetu-
ando próteses.
d) estabelece como dever da família, da sociedade e do poder público assegurar ao idoso,
com relativa prioridade, o efetivo direito à vida, à saúde, à alimentação, ao transporte, à
moradia, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade,
ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

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4. (FGV – TJ-PI – Analista Judiciário – Psicólogo – 2015)
O Sr. Otávio, de 72 anos, reside com seu filho e seu neto . Ocorre que há alguns meses o convívio
familiar vem se revelando conturbado porque o idoso tem sido agredido pelo neto, que faz uso
contumaz de substâncias entorpecentes. Diante da situação descrita, segundo as disposições
do Estatuto do Idoso (lei 10.741/2003), é correto afirmar que:
a) o Conselho Municipal do Idoso deve determinar a inclusão do neto em instituição de
tratamento para usuários dependentes de drogas;
b) a Vara do Idoso deve determinar o pagamento de danos morais e materiais em favor do
idoso, que deve ser ressarcido pelos maus tratos praticados contra ele;
c) o Ministério Público deverá determinar o pagamento de danos morais e materiais para o
idoso, valor que deve ser preferencialmente assumido pelo neto e facultativamente pelo
filho do idoso;
d) o Conselho Municipal do Idoso deverá determinar que o idoso seja abrigado em entidade
protetiva, de forma a ser afastado dos maus tratos domésticos;
e) o Ministério Público pode determinar a inclusão do neto em instituição de tratamento para
usuários dependentes de drogas.

5. (VUNESP – PC-CE – Escrivão de Polícia Civil de 1a Classe – 2015)


O Estatuto do Idoso ( Lei nº 10.741/03) prevê um tipo especial de omissão de socorro, contra
vítimas maiores de 60 anos. Em relação à omissão de socorro do art. 135 do CP, o art. 97 do
Estatuto do Idoso
a) tem pena privativa de liberdade máxima igual à prevista pelo CP.
b) tem pena privativa de liberdade mínima dobrada em relação ao CP.
c) não apresenta qualquer alteração no que concerne às penas cominadas.
d) inova ao, obrigatoriamente, cumular pena privativa de liberdade com pena de multa
e) comina pena triplicada em caso de morte, sendo mais rígido que o CP nesse aspecto, que
apenas a duplica.

6. (IBFC – PC-SE – Escrivão Substituto – A – 2014)


A respeito dos crimes previstos no Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03), assinale a alternativa
INCORRETA:
a) Constitui crime recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da
ação civil objeto da referida Lei, quando requisitados pelo Ministério Público.
b) Constitui crime negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho, salvo havendo
justa causa para tanto
c) Constitui crime recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistência
à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa
d) Constitui crime deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de
ordem judicial expedida na ação civil a que alude a referida Lei.

7. (MPE-PR – MPE-PR – Promotor – 2014)


Assinale a alternativa incorreta:
a) O direito ao respeito consiste também na preservação de objetos pessoais do idoso;
b) Com a finalidade de coibir o preconceito, constitui infração administrativa negar a alguém,
por motivo de idade, emprego ou trabalho;
c) É correto afirmar que o conjunto legislativo priorizou o atendimento do idoso em sua
família, seguido das formas alternativas ao asilamento e, por último, a institucionalização;
d) O envelhecimento é um direito personalíssimo;
e) Dificultar o acesso do idoso a operações bancárias, por motivo de idade, é crime com pena
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de 6 (seis) meses a 1(um) ano e multa.

8. (CESPE – Câmara dos Deputados – Analista Legislativo – 2014)


Com relação aos crimes contra o idoso e à violência familiar e doméstica contra a mulher, jul-
gue o item.
Caso um filho, maior de dezoito anos de idade, pratique atos humilhantes contra seu pai —
com sessenta anos de idade — e, por esse motivo, seja processado e condenado por crime
previsto no Estatuto do Idoso, haverá isenção da pena prevista no Código Penal em razão de o
condenado ser descendente da vítima.
( ) Certo   ( ) Errado
9. (CESPE – DPE-DF – Defensor Público – 2013)
Com base no que dispõem a Lei nº 10.741/2003 e a Lei nº 8.069/1990, julgue o item abaixo.
Aos crimes descritos na Lei nºº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) para os quais a pena máxima privativa
de liberdade não ultrapasse quatro anos aplica-se o procedimento previsto na Lei nºº 9.099/1995,
mas não se aplicam as suas medidas despenalizadoras, como, por exemplo, a transação penal.
( ) Certo   ( ) Errado
10. (COPS-UEL – Parana Previdência – Técnico – Previdenciário – 2013)
No Título VI, Dos Crimes, em seu Art. 107, o Estatuto do Idoso dispõe que coagir, de qualquer
modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração é passível de reclusão por um
período de:
a) 6 meses a 1 ano e multa. b) 1 a 3 anos e multa. c) 1 a 4 anos. d) 2 a 5 anos.
e) 4 a 12 anos.
11. (FCC – DPE-AM – Defensor Público – 2013)
O Estatuto do Idoso estabelece que aos crimes em espécie, previstos em seu texto, cuja pena
máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento
previsto na Lei nº 9.099/95. Com base nos princípios norteadores da Lei nº 10.741/03, é
correto afirmar:
a) Todos os benefícios da Lei nº 9.099/95 devem ser aplicados à espécie, uma vez que a
celeridade das ações penais é corolário da prioridade de atendimento ao idoso.
b) A regra permite, tão somente, a aplicação do procedimento sumaríssimo previsto na Lei nº
9.099/95 e não outros benefícios nela previstos.
c) O benefício da transação penal é uma das etapas do procedimento previsto na Lei nº 9.099/95,
tendo o Estatuto do Idoso ampliado o conceito de delito de pequeno potencial ofensivo.
d) A ampliação do conceito de delito de pequeno potencial ofensivo deve beneficiar todos os
idosos em razão de sua peculiar condição de vulnerável social.
e) As regras simplificadoras da Lei nº 9.099/95 devem ser aplicadas em sua integralidade em
relação aos crimes praticados contra os idosos visando à celeridade e à informalidade do
provimento jurisdiciona
12. (MPE-PR – MPE-PR – Promotor de Justiça – 2012)
Assinale a alternativa correta:
a) Na legislação brasileira, as formas alternativas ao asilamento para pessoas com idade igual
ou superior a 60 (sessenta anos) de idade são de enumeração taxativa;
b) Como condições gerais de acessibilidade há, atualmente, a previsão legal somente de
remoção de barreiras urbanísticas e nas edificações;
c) O idoso que se recursar a outorgar procuração à entidade de atendimento perde o direito
ao acolhimento ou permanência, como abrigado;
d) As entidades governamentais e não governamentais de atendimento ao idoso serão

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fiscalizadas exclusivamente pelos Conselhos do Idoso e Ministério Público;
e) Constitui crime recusar, retardar ou omitir dados técnicos indipensáveis à propositura
de ação civil pública destinada à proteção de interesses coletivos ou difusos das pessoas
portadoras de deficiência, quando requisitados pelo Ministério Público.
13. (FADES – MPE-PA – Analista Jurídico – 2012)
Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência ou
congêneres, ou não prover suas necessidades básicas quando obrigado por lei ou mandado,
sujeita o infrator a pena de detenção de seis meses a;
a) dois anos, mais multa. b) três anos, mais multa. c) dois anos d) três anos.
14. (CESPE – DPE-BA – Defensor Público – 2010)
Em relação ao Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), julgue o item seguinte.
Aos crimes previstos nesse estatuto e cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse
quatro anos aplica-se o procedimento previsto na Lei nºº 9.099/1995 e, subsidiariamente, no
que couber, aplicam-se as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.
( ) Certo   ( ) Errado
15. (FESMIP-BA – MPE-BA – Promotor de Justiça – 2010)
Marque a alternativa incorreta:
a) No sistema de transporte coletivo interestadual, para ter acesso às vagas gratuitas reserva-
das por veículo, em atendimento à Lei nº 10.741/03 (Estatuto do Idoso), basta que o idoso
apresente qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade.
b) A Ordem dos Advogados do Brasil tem legitimidade para as ações cíveis fundadas em inte-
resses difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos em favor de idosos.
c) Desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo,
constitui crime apenado com reclusão de 6(seis) meses a 1(um) ano e multa.
d) O idoso tem direito a descontos de pelo menos 50% (cinqüenta por cento) nos ingressos
para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos
respectivos locais.
e) Compete ao Ministério Público oficiar em todos os feitos em que se discutam os direitos de
idosos em condições de risco.
16. (FUNDEP (Gestão de Concursos) – TJ-MG – Psicólogo Judicial – 2010)
Em relação ao Estatuto do Idoso (Lei Federal n. 10.741/03 e alterações posteriores), assinale a
afirmativa INCORRETA.
a) Entre as medidas específicas de proteção do idoso, podem-se citar o abrigo em entidade,
o encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade e a inclusão
do próprio idoso ou de pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação em programa
oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes de
drogas lícitas ou ilícitas.
b) São linhas de ação da política de atendimento ao idoso o serviço de identificação e
localização de parentes ou responsáveis por idosos abandonados em hospitais e instituições
de longa permanência e a mobilização da opinião pública, no sentido da participação dos
diversos segmentos da sociedade no atendimento do idoso
c) Entre as penalidades a que podem estar sujeitas as entidades não governamentais de
atendimento ao idoso que descumprirem as determinações do Estatuto do Idoso, não está
prevista a suspensão do repasse de verbas públicas, pois isso, implicaria ainda mais danos
imediatos aos idosos atendidos por tais entidades.
d) Desdenhar, humilhar e menosprezar o idoso, tanto como dificultar seu acesso a operações
bancárias, aos meios de transporte e ao direito de contratar são crimes previstos no
Estatuto do Idoso.
Gabarito: 1. B 2. A 3. B 4. E 5. D 6. B 7. B 8. ERRADO 9. CERTO 10. D 11. B 12. E 13. B 14. ERRADO 
15. A 16. C 32
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Questões – Maria da Penha
1 - Assinale a alternativa que está de acordo com o disposto na Lei Maria da Penha (Lei n.º 11.340/2006).
a) Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, a ser
decretada pela autoridade policial competente, desde que esta entenda urgente e indispensável a sua aplicação.
b) Nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, poderão ser aplicadas ao réu as penas de
detenção, reclusão, de pagamento de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a imposição de
multa.
c) Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, poderá ser aplicada ao agressor, entre
outras, a medida protetiva de urgência de afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida,
podendo a intimação ser entregue pela ofendida diretamente ao agressor.
d) No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre
outras providências, conceder-lhe as medidas protetivas de urgência cabíveis no caso.
e) O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade
física e psicológica, a manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho,
por até seis meses.

2 - Fulano, casado com Ciclana, num momento de discussão no lar, destruiu parte dos instrumentos de trabalho
de sua esposa. Considerando a conduta de Fulano em face do disposto na Lei Maria da Penha, pode-se afirmar
que
a) Fulano, pela sua conduta, poderá ser submetido à pena de pagamento de cestas básicas em favor de
entidades assistenciais.
b) Fulano não se sujeitará às penas da Lei Maria da Penha, pois a sua conduta ocorreu apenas dentro do
ambiente familiar.
c) Fulano estará sujeito à prisão preventiva, a ser decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério
Públi co ou mediante representação da autoridade policial.
d) Fulano não poderá ser processado pela Lei Maria da Penha, tendo em vista que esta se destina a proteger a
mulher contra agressões físicas, psicológicas ou morais, mas não patrimoniais.
e) Ciclana terá direito a obter medida judicial protetiva de urgência contra Fulano, podendo entregar
pessoalmente a intimação da respectiva medida ao seu marido.

3 - Assinale a alternativa incorreta:


a) O Estatuto da Igualdade Racial considera desigualdade de gênero e raça a assimetria no âmbito da sociedade
que acentua a distância social entre mulheres negras e demais segmentos sociais;
b) Em nosso país, há obrigatoriedade de estudo, tanto no ensino fundamental, quanto no ensino médio, da
história geral da África e da história da população negra no Brasil;
c) É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos pela Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da
Penha), o Juizado do seu domicílio ou residência, do lugar do fato em que se baseou a demanda ou do domicílio
do agressor;
d) Povos e comunidades tradicionais são grupos culturalmente indiferenciados que usam territórios e recursos
naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica;
e) É a autoidentificação o critério fundamental para definir os grupos aos quais se aplicam as disposições da
Convenção nº 169, da OIT.

4 - Tendo em vista que, de acordo com legislação especial, a tutela da criança e do adolescente e da mulher
recebe tratamento específico, julgue os itens a seguir.
No caso de violência doméstica contra a mulher, o processo, o julgamento e a execução das causas cíveis e
criminais regem-se pelas normas do Código de Processo Penal e do Código de Processo Civil e pela legislação
específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com a Lei Maria da Penha.
( ) Certo ( ) Errado

5 - Com a finalidade de proteger patrimônio comum ou particular de mulher vitimada por violência, o juiz deverá
impor, em caráter liminar, a separação de corpos.
( ) Certo ( ) Errado

6 - Segundo a Lei de Violência Doméstica (Lei n° 11.340/06), o Ministério Público deverá:


a) intervir, quando não for parte, nas causas criminais, sendo dispensada sua intervenção nas causas cíveis
decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher.
b) cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.
c) determinar, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de
programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.

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d) encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento.
e) assegurar à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e
psicológica, acesso prioritário à remoção, quando servidora pública, integrante da administração direta ou
indireta.

7 - A questão baseia-se na Lei Maria da Penha.


Quanto ao atendimento da mulher/vítima dos crimes estipulados na Lei Maria da Penha, analise as
afrmativas abaixo:
I. A autoridade policial deve adotar providências imediatas ao constatar que as medidas protetivas de urgência
deferida que não foram adotadas em relação à vítima.
II. Os órgãos policiais devem providenciar transporte para a ofendida quando for importante colocá-la em um
abrigo.
III. A autoridade policial deverá mandar em 24 horas um expediente apartado para o Juiz, com a fnalidade de
propor a aplicação de medidas protetivas de urgência em relação à ofendida.
Assinale a alternativa CORRETA.
a) As afrmativas I, II e III estão corretas.
b) As afrmativas I, II e III estão incorretas.
c) Apenas a afrmativa I está correta.
d) Apenas as afrmativas I e II estão corretas.

8 - Ainda sobre a Lei Maria da Penha, o Juiz poderá decidir:


a) Apreender imediatamente a arma do agressor, cancelando por cinco anos seu porte de arma de fogo.
b) Determinar o afastamento defnitivo do domicílio comum com a ofendida.
c) Pela proibição da alienação ou locação de bens comuns, liminarmente.
d) Prestação de caução por perdas e danos materiais decorrentes da violência mediante recibo da vítima, sob
pena de prisão.

9 - É correto afirmar, nos termos do que determina a Lei contra a Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
(Lei n.° 11.340/06) que
a) a autoridade policial poderá determinar, de imediato, o afastamento do agressor do lar, domicílio ou local de
convivência com a ofendida.
b) a autoridade policial deverá fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local
seguro, quando houver risco de vida.
c) ao agressor condenado é cabível a aplicação de pena de pagamento de cesta básica ou outras de prestação
pecuniária
d) as medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, mas em nenhuma hipótese,
poderão ser substituídas.
e) A autoridade policial poderá, de imediato, determinar a restituição de bens indevidamente subtraídos pelo
agressor à ofendida.

10 - De acordo com a Lei n.º 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, constatada a prática de
violência doméstica e familiar contra a mulher, o juiz poderá aplicar ao agressor, de imediato, a seguinte
medida protetiva de urgência:
a) proibição de aproximar-se da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando limite mínimo de
distância entre estes e o agressor.
b) decretação da prisão temporária do agressor.
c) proibição de contato direto com a ofendida, seus familiares e testemunhas, salvo indiretamente, por telefone
ou carta.
d) arbitramento do valor a ser prestado a título de alimentos definitivos à ofendida e aos filhos menores.

GABARITOS:
1-E 2-C 3-D 4-C 5-E 6-C 7-D 8-C 9-B 10 - A

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LEI Nº 12.435, DE 6 DE JULHO DE 2011.
Altera a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da Assistência Social.

Art. 1º Os arts. 2º , 3º , 6º , 12, 13, 14, 15, 16, 17, 20, 21, 22, 23, 24, 28 e 36 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro
de 1993, passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 2º A assistência social tem por objetivos:

I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos,
especialmente:

a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;


b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;
c) a promoção da integração ao mercado de trabalho;
d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; e
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem
não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família;

II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a
ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos;

III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões
socioassistenciais.

Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-se de forma integrada às
políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições para atender contingências sociais e
promovendo a universalização dos direitos sociais.” (NR)

“Art. 3º Consideram-se entidades e organizações de assistência social aquelas sem fins lucrativos que, isolada
ou cumulativamente, prestam atendimento e assessoramento aos beneficiários abrangidos por esta Lei, bem como as
que atuam na defesa e garantia de direitos.

§ 1º São de atendimento aquelas entidades que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam
serviços, executam programas ou projetos e concedem benefícios de prestação social básica ou especial, dirigidos às
famílias e indivíduos em situações de vulnerabilidade ou risco social e pessoal, nos termos desta Lei, e respeitadas
as deliberações do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), de que tratam os incisos I e II do art. 18.

§ 2º São de assessoramento aquelas que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços e
executam programas ou projetos voltados prioritariamente para o fortalecimento dos movimentos sociais e das
organizações de usuários, formação e capacitação de lideranças, dirigidos ao público da política de assistência
social, nos termos desta Lei, e respeitadas as deliberações do CNAS, de que tratam os incisos I e II do art. 18.

§ 3º São de defesa e garantia de direitos aquelas que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam
serviços e executam programas e projetos voltados prioritariamente para a defesa e efetivação dos direitos
socioassistenciais, construção de novos direitos, promoção da cidadania, enfrentamento das desigualdades sociais,
articulação com órgãos públicos de defesa de direitos, dirigidos ao público da política de assistência social, nos
termos desta Lei, e respeitadas as deliberações do CNAS, de que tratam os incisos I e II do art. 18.” (NR)

“Art. 6º A gestão das ações na área de assistência social fica organizada sob a forma de sistema descentralizado
e participativo, denominado Sistema Único de Assistência Social (Suas), com os seguintes objetivos:

I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação técnica entre os entes federativos que,
de modo articulado, operam a proteção social não contributiva;

II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social, na forma
do art. 6º -C;

III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na organização, regulação, manutenção e expansão
das ações de assistência social;

IV - definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades regionais e municipais;


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V - implementar a gestão do trabalho e a educação permanente na assistência social;

VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e

VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos.

§ 1º As ações ofertadas no âmbito do Suas têm por objetivo a proteção à família, à maternidade, à infância, à
adolescência e à velhice e, como base de organização, o território.

§ 2º O Suas é integrado pelos entes federativos, pelos respectivos conselhos de assistência social e pelas
entidades e organizações de assistência social abrangidas por esta Lei.

§ 3º A instância coordenadora da Política Nacional de Assistência Social é o Ministério do Desenvolvimento


Social e Combate à Fome.” (NR)

“Art. 12. .......................................................................

II - cofinanciar, por meio de transferência automática, o aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e


os projetos de assistência social em âmbito nacional;

IV - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assistência social e assessorar Estados, Distrito


Federal e Municípios para seu desenvolvimento.” (NR)

“Art. 13. ..........................................................................

I - destinar recursos financeiros aos Municípios, a título de participação no custeio do pagamento dos benefícios
eventuais de que trata o art. 22, mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos Estaduais de Assistência Social;

II - cofinanciar, por meio de transferência automática, o aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e


os projetos de assistência social em âmbito regional ou local;

VI - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assistência social e assessorar os Municípios para seu
desenvolvimento.” (NR)

“Art. 14. ..........................................................................

I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento dos benefícios eventuais de que trata o art. 22,
mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos de Assistência Social do Distrito Federal;

VI - cofinanciar o aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de assistência social em


âmbito local;

VII - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assistência social em seu âmbito.” (NR)

“Art. 15. .........................................................................

I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento dos benefícios eventuais de que trata o art. 22,
mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos Municipais de Assistência Social;

VI - cofinanciar o aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de assistência social em


âmbito local;

VII - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assistência social em seu âmbito.” (NR)

“Art. 16. As instâncias deliberativas do Suas, de caráter permanente e composição paritária entre governo e
sociedade civil, são:

Parágrafo único. Os Conselhos de Assistência Social estão vinculados ao órgão gestor de assistência social,
que deve prover a infraestrutura necessária ao seu funcionamento, garantindo recursos materiais, humanos e
financeiros, inclusive com despesas referentes a passagens e diárias de conselheiros representantes do governo ou
da sociedade civil, quando estiverem no exercício de suas atribuições.” (NR)

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“Art. 17. .......................................................................

§ 4º Os Conselhos de que tratam os incisos II, III e IV do art. 16, com competência para acompanhar a execução
da política de assistência social, apreciar e aprovar a proposta orçamentária, em consonância com as diretrizes das
conferências nacionais, estaduais, distrital e municipais, de acordo com seu âmbito de atuação, deverão ser
instituídos, respectivamente, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, mediante lei específica.” (NR)

“Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com
deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção nem de tê-la provida por sua família.

§ 1º Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os
pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os
menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.

§ 2º Para efeito de concessão deste benefício, considera-se:

I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou
sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade com as demais pessoas;

II - impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e
para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.

§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda
mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.

§ 4º O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito
da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza
indenizatória.

§ 5º A condição de acolhimento em instituições de longa permanência não prejudica o direito do idoso ou da


pessoa com deficiência ao benefício de prestação continuada.

§ 6º A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de incapacidade, composta por
avaliação médica e avaliação social realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS).

“Art. 21. ........................................................................

§ 3º O desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais e a realização de atividades não


remuneradas de habilitação e reabilitação, entre outras, não constituem motivo de suspensão ou cessação do
benefício da pessoa com deficiência.

§ 4º A cessação do benefício de prestação continuada concedido à pessoa com deficiência, inclusive em razão
do seu ingresso no mercado de trabalho, não impede nova concessão do benefício, desde que atendidos os
requisitos definidos em regulamento.” (NR)

“Art. 22. Entendem-se por benefícios eventuais as provisões suplementares e provisórias que integram
organicamente as garantias do Suas e são prestadas aos cidadãos e às famílias em virtude de nascimento, morte,
situações de vulnerabilidade temporária e de calamidade pública.

§ 1º A concessão e o valor dos benefícios de que trata este artigo serão definidos pelos Estados, Distrito Federal
e Municípios e previstos nas respectivas leis orçamentárias anuais, com base em critérios e prazos definidos pelos
respectivos Conselhos de Assistência Social.

§ 2º O CNAS, ouvidas as respectivas representações de Estados e Municípios dele participantes, poderá propor,
na medida das disponibilidades orçamentárias das 3 (três) esferas de governo, a instituição de benefícios subsidiários
no valor de até 25% (vinte e cinco por cento) do salário-mínimo para cada criança de até 6 (seis) anos de idade.

§ 3º Os benefícios eventuais subsidiários não poderão ser cumulados com aqueles instituídos pelas Leis nº
10.954, de 29 de setembro de 2004, e nº 10.458, de 14 de maio de 2002.” (NR)

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“Art. 23. Entendem-se por serviços socioassistenciais as atividades continuadas que visem à melhoria de vida da
população e cujas ações, voltadas para as necessidades básicas, observem os objetivos, princípios e diretrizes
estabelecidos nesta Lei.

§ 1º O regulamento instituirá os serviços socioassistenciais.

§ 2º Na organização dos serviços da assistência social serão criados programas de amparo, entre outros:

I - às crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social, em cumprimento ao disposto no art. 227 da
Constituição Federal e na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);

II - às pessoas que vivem em situação de rua.” (NR)

“Art. 24. ........................................................................

§ 2º Os programas voltados para o idoso e a integração da pessoa com deficiência serão devidamente
articulados com o benefício de prestação continuada estabelecido no art. 20 desta Lei.” (NR)

“Art. 28. ..........................................................................

§ 1º Cabe ao órgão da Administração Pública responsável pela coordenação da Política de Assistência Social
nas 3 (três) esferas de governo gerir o Fundo de Assistência Social, sob orientação e controle dos respectivos
Conselhos de Assistência Social.

§ 3º O financiamento da assistência social no Suas deve ser efetuado mediante cofinanciamento dos 3 (três)
entes federados, devendo os recursos alocados nos fundos de assistência social ser voltados à operacionalização,
prestação, aprimoramento e viabilização dos serviços, programas, projetos e benefícios desta política.” (NR)

“Art. 36. As entidades e organizações de assistência social que incorrerem em irregularidades na aplicação dos
recursos que lhes foram repassados pelos poderes públicos terão a sua vinculação ao Suas cancelada, sem prejuízo
de responsabilidade civil e penal.” (NR)

Art. 2º A Lei nº 8.742, de 1993, passa a vigorar acrescida dos seguintes artigos:

“Art. 6º-A. A assistência social organiza-se pelos seguintes tipos de proteção:

I - proteção social básica: conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social que visa a
prevenir situações de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e
do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários;

II - proteção social especial: conjunto de serviços, programas e projetos que tem por objetivo contribuir para a
reconstrução de vínculos familiares e comunitários, a defesa de direito, o fortalecimento das potencialidades e
aquisições e a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de violação de direitos.

Parágrafo único. A vigilância socioassistencial é um dos instrumentos das proteções da assistência social que
identifica e previne as situações de risco e vulnerabilidade social e seus agravos no território.”

“Art. 6º-B. As proteções sociais básica e especial serão ofertadas pela rede socioassistencial, de forma
integrada, diretamente pelos entes públicos e/ou pelas entidades e organizações de assistência social vinculadas ao
Suas, respeitadas as especificidades de cada ação.

§ 1º A vinculação ao Suas é o reconhecimento pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome de


que a entidade de assistência social integra a rede socioassistencial.

§ 2º Para o reconhecimento referido no § 1º , a entidade deverá cumprir os seguintes requisitos:

I - constituir-se em conformidade com o disposto no art. 3º ;

II - inscrever-se em Conselho Municipal ou do Distrito Federal, na forma do art. 9º ;

III - integrar o sistema de cadastro de entidades de que trata o inciso XI do art. 19.

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§ 3º As entidades e organizações de assistência social vinculadas ao Suas celebrarão convênios, contratos,
acordos ou ajustes com o poder público para a execução, garantido financiamento integral, pelo Estado, de serviços,
programas, projetos e ações de assistência social, nos limites da capacidade instalada, aos beneficiários abrangidos
por esta Lei, observando-se as disponibilidades orçamentárias.

§ 4º O cumprimento do disposto no § 3º será informado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à


Fome pelo órgão gestor local da assistência social.”

“Art. 6º-C. As proteções sociais, básica e especial, serão ofertadas precipuamente no Centro de Referência de
Assistência Social (Cras) e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), respectivamente, e
pelas entidades sem fins lucrativos de assistência social de que trata o art. 3º desta Lei.

§ 1º O Cras é a unidade pública municipal, de base territorial, localizada em áreas com maiores índices de
vulnerabilidade e risco social, destinada à articulação dos serviços socioassistenciais no seu território de abrangência
e à prestação de serviços, programas e projetos socioassistenciais de proteção social básica às famílias.

§ 2º O Creas é a unidade pública de abrangência e gestão municipal, estadual ou regional, destinada à


prestação de serviços a indivíduos e famílias que se encontram em situação de risco pessoal ou social, por violação
de direitos ou contingência, que demandam intervenções especializadas da proteção social especial.

§ 3º Os Cras e os Creas são unidades públicas estatais instituídas no âmbito do Suas, que possuem interface
com as demais políticas públicas e articulam, coordenam e ofertam os serviços, programas, projetos e benefícios da
assistência social.”

“Art. 6º-D. As instalações dos Cras e dos Creas devem ser compatíveis com os serviços neles ofertados, com
espaços para trabalhos em grupo e ambientes específicos para recepção e atendimento reservado das famílias e
indivíduos, assegurada a acessibilidade às pessoas idosas e com deficiência.”

“Art. 6º-E. Os recursos do cofinanciamento do Suas, destinados à execução das ações continuadas de
assistência social, poderão ser aplicados no pagamento dos profissionais que integrarem as equipes de referência,
responsáveis pela organização e oferta daquelas ações, conforme percentual apresentado pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome e aprovado pelo CNAS.

Parágrafo único. A formação das equipes de referência deverá considerar o número de famílias e indivíduos
referenciados, os tipos e modalidades de atendimento e as aquisições que devem ser garantidas aos usuários,
conforme deliberações do CNAS.”

“Art. 12-A. A União apoiará financeiramente o aprimoramento à gestão descentralizada dos serviços, programas,
projetos e benefícios de assistência social, por meio do Índice de Gestão Descentralizada (IGD) do Sistema Único de
Assistência Social (Suas), para a utilização no âmbito dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, destinado,
sem prejuízo de outras ações a serem definidas em regulamento, a:

I - medir os resultados da gestão descentralizada do Suas, com base na atuação do gestor estadual, municipal e
do Distrito Federal na implementação, execução e monitoramento dos serviços, programas, projetos e benefícios de
assistência social, bem como na articulação intersetorial;

II - incentivar a obtenção de resultados qualitativos na gestão estadual, municipal e do Distrito Federal do Suas;
e

III - calcular o montante de recursos a serem repassados aos entes federados a título de apoio financeiro à
gestão do Suas.

§ 1º Os resultados alcançados pelo ente federado na gestão do Suas, aferidos na forma de regulamento, serão
considerados como prestação de contas dos recursos a serem transferidos a título de apoio financeiro.

§ 2º As transferências para apoio à gestão descentralizada do Suas adotarão a sistemática do Índice de Gestão
Descentralizada do Programa Bolsa Família, previsto no art. 8º da Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004, e serão
efetivadas por meio de procedimento integrado àquele índice.

§ 3º (VETADO).

§ 4º Para fins de fortalecimento dos Conselhos de Assistência Social dos Estados, Municípios e Distrito Federal,
percentual dos recursos transferidos deverá ser gasto com atividades de apoio técnico e operacional àqueles
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colegiados, na forma fixada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, sendo vedada a utilização
dos recursos para pagamento de pessoal efetivo e de gratificações de qualquer natureza a servidor público estadual,
municipal ou do Distrito Federal.”

“Art. 24-A. Fica instituído o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif), que integra a proteção
social básica e consiste na oferta de ações e serviços socioassistenciais de prestação continuada, nos Cras, por meio
do trabalho social com famílias em situação de vulnerabilidade social, com o objetivo de prevenir o rompimento dos
vínculos familiares e a violência no âmbito de suas relações, garantindo o direito à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. Regulamento definirá as diretrizes e os procedimentos do Paif.”

“Art. 24-B. Fica instituído o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (Paefi),
que integra a proteção social especial e consiste no apoio, orientação e acompanhamento a famílias e indivíduos em
situação de ameaça ou violação de direitos, articulando os serviços socioassistenciais com as diversas políticas
públicas e com órgãos do sistema de garantia de direitos.

Parágrafo único. Regulamento definirá as diretrizes e os procedimentos do Paefi.”

“Art. 24-C. Fica instituído o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), de caráter intersetorial,
integrante da Política Nacional de Assistência Social, que, no âmbito do Suas, compreende transferências de renda,
trabalho social com famílias e oferta de serviços socioeducativos para crianças e adolescentes que se encontrem em
situação de trabalho.

§ 1º O Peti tem abrangência nacional e será desenvolvido de forma articulada pelos entes federados, com a
participação da sociedade civil, e tem como objetivo contribuir para a retirada de crianças e adoles centes com idade
inferior a 16 (dezesseis) anos em situação de trabalho, ressalvada a condição de aprendiz, a partir de 14 (quatorze)
anos.

§ 2º As crianças e os adolescentes em situação de trabalho deverão ser identificados e ter os seus dados
inseridos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), com a devida identificação das
situações de trabalho infantil.”

“Art. 30-A. O cofinanciamento dos serviços, programas, projetos e benefícios eventuais, no que couber, e o
aprimoramento da gestão da política de assistência social no Suas se efetuam por meio de transferências
automáticas entre os fundos de assistência social e mediante alocação de recursos próprios nesses fundos nas 3
(três) esferas de governo.

Parágrafo único. As transferências automáticas de recursos entre os fundos de assistência social efetuadas à
conta do orçamento da seguridade social, conforme o art. 204 da Constituição Federal, caracterizam-se como
despesa pública com a seguridade social, na forma do art. 24 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000.”

“Art. 30-B. Caberá ao ente federado responsável pela utilização dos recursos do respectivo Fundo de
Assistência Social o controle e o acompanhamento dos serviços, programas, projetos e benefícios, por meio dos
respectivos órgãos de controle, independentemente de ações do órgão repassador dos recursos.”

“Art. 30-C. A utilização dos recursos federais descentralizados para os fundos de assistência social dos Estados,
dos Municípios e do Distrito Federal será declarada pelos entes recebedores ao ente transferidor, anualmente,
mediante relatório de gestão submetido à apreciação do respectivo Conselho de Assistência Social, que comprove a
execução das ações na forma de regulamento.

Parágrafo único. Os entes transferidores poderão requisitar informações referentes à aplicação dos recursos
oriundos do seu fundo de assistência social, para fins de análise e acompanhamento de sua boa e regular utilização.”

Art. 3º Revoga-se o art. 38 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

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ACESSO A INFORMAÇÕES
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do
art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal.

Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:


I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de
Contas, e Judiciário e do Ministério Público;
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais
entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Art. 2o Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam,
para realização de ações de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante
subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos
congêneres.

Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as entidades citadas no caput refere-se à parcela dos
recursos públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas a que estejam legalmente
obrigadas.

Art. 3o Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à
informação e devem ser executados em conformidade com os princípios básicos da administração pública e com as
seguintes diretrizes:
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção;
II - divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações;
III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação;
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública;
V - desenvolvimento do controle social da administração pública.

Art. 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se:


I - informação: dados, processados ou não, que podem ser utilizados para produção e transmissão de
conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato;
II - documento: unidade de registro de informações, qualquer que seja o suporte ou formato;
III - informação sigilosa: aquela submetida temporariamente à restrição de acesso público em razão de sua
imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado;
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural identificada ou identificável;
V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes à produção, recepção, classificação, utilização, acesso,
reprodução, transporte, transmissão, distribuição, arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação, destinação
ou controle da informação;
VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou
sistemas autorizados;
VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido produzida, expedida, recebida ou modificada por
determinado indivíduo, equipamento ou sistema;
VIII - integridade: qualidade da informação não modificada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino;
IX - primariedade: qualidade da informação coletada na fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem
modificações.

Art. 5o É dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será franqueada, mediante procedimentos
objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão.

CAPÍTULO II
DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO

Art. 6o Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observadas as normas e procedimentos específicos
aplicáveis, assegurar a:
I - gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso a ela e sua divulgação;
II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade, autenticidade e integridade; e
III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal, observada a sua disponibilidade, autenticidade,
integridade e eventual restrição de acesso.

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Art. 7o O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter:
I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser
encontrada ou obtida a informação almejada;
II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades,
recolhidos ou não a arquivos públicos;
III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com
seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política,
organização e serviços;
VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos
administrativos; e
VII - informação relativa:
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e entidades
públicas, bem como metas e indicadores propostos;
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle
interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores.
§ 1o O acesso à informação previsto no caput não compreende as informações referentes a projetos de pesquisa e
desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
§ 2o Quando não for autorizado acesso integral à informação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o
acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da parte sob sigilo.
§ 3o O direito de acesso aos documentos ou às informações neles contidas utilizados como fundamento da tomada
de decisão e do ato administrativo será assegurado com a edição do ato decisório respectivo.
§ 4o A negativa de acesso às informações objeto de pedido formulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1 o,
quando não fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei.
§ 5o Informado do extravio da informação solicitada, poderá o interessado requerer à autoridade competente a
imediata abertura de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva documentação.
§ 6o Verificada a hipótese prevista no § 5o deste artigo, o responsável pela guarda da informação extraviada
deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que comprovem sua alegação.

Art. 8o É dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente de requerimentos, a divulgação em
local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de informações de interesse coletivo ou geral por eles
produzidas ou custodiadas.
§ 1o Na divulgação das informações a que se refere o caput, deverão constar, no mínimo:
I - registro das competências e estrutura organizacional, endereços e telefones das respectivas unidades e horários
de atendimento ao público;
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recursos financeiros;
III - registros das despesas;
IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como
a todos os contratos celebrados;
V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.
§ 2o Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e entidades públicas deverão utilizar todos os meios e
instrumentos legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede mundial de
computadores (internet).
§ 3o Os sítios de que trata o § 2o deverão, na forma de regulamento, atender, entre outros, aos seguintes
requisitos:
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o acesso à informação de forma objetiva, transparente,
clara e em linguagem de fácil compreensão;
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais
como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações;
III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos em formatos abertos, estruturados e legíveis por
máquina;
IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estruturação da informação;
V - garantir a autenticidade e a integridade das informações disponíveis para acesso;
VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso;
VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o
órgão ou entidade detentora do sítio; e
VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos
termos do art. 17 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9o da Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008.
§ 4o Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória
na internet a que se refere o § 2o, mantida a obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, de informações relativas

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à execução orçamentária e financeira, nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei Complementar no 101, de
4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).

Art. 9o O acesso a informações públicas será assegurado mediante:


I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e entidades do poder público, em local com condições
apropriadas para:
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informações;
b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas respectivas unidades;
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a informações; e
II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à participação popular ou a outras formas de
divulgação.
CAPÍTULO III
DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO

Seção I
Do Pedido de Acesso

Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso a informações aos órgãos e entidades referidos
no art. 1o desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a identificação do requerente e a
especificação da informação requerida.
§ 1o Para o acesso a informações de interesse público, a identificação do requerente não pode conter exigências
que inviabilizem a solicitação.
§ 2o Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso
por meio de seus sítios oficiais na internet.
§ 3o São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos determinantes da solicitação de informações de
interesse público.

Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conceder o acesso imediato à informação disponível.
§ 1o Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma disposta no caput, o órgão ou entidade que receber
o pedido deverá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias:
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou parcial, do acesso pretendido; ou
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a
detém, ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o interessado da remessa de seu
pedido de informação.
§ 2o O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual
será cientificado o requerente.
§ 3o Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão
ou entidade poderá oferecer meios para que o próprio requerente possa pesquisar a informação de que necessitar.
§ 4o Quando não for autorizado o acesso por se tratar de informação total ou parcialmente sigilosa, o requerente
deverá ser informado sobre a possibilidade de recurso, prazos e condições para sua interposição, devendo, ainda,
ser-lhe indicada a autoridade competente para sua apreciação.
§ 5o A informação armazenada em formato digital será fornecida nesse formato, caso haja anuência do requerente.
§ 6o Caso a informação solicitada esteja disponível ao público em formato impresso, eletrônico ou em qualquer
outro meio de acesso universal, serão informados ao requerente, por escrito, o lugar e a forma pela qual se poderá
consultar, obter ou reproduzir a referida informação, procedimento esse que desonerará o órgão ou entidade pública
da obrigação de seu fornecimento direto, salvo se o requerente declarar não dispor de meios para realizar por si
mesmo tais procedimentos.

Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informação é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de
documentos pelo órgão ou entidade pública consultada, situação em que poderá ser cobrado exclusivamente o
valor necessário ao ressarcimento do custo dos serviços e dos materiais utilizados.

Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos previstos no caput todo aquele cuja situação econômica não
lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos termos da Lei no 7.115, de 29 de
agosto de 1983.

Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida em documento cuja manipulação possa prejudicar sua
integridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, com certificação de que esta confere com o original.
Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de cópias, o interessado poderá solicitar que, a suas expensas e
sob supervisão de servidor público, a reprodução seja feita por outro meio que não ponha em risco a conservação
do documento original.

Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia.

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Seção II
Dos Recursos

Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou às razões da negativa do acesso, poderá o
interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência.
Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarquicamente superior à que exarou a decisão
impugnada, que deverá se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias.

Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente
poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se:
I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for negado;
II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou parcialmente classificada como sigilosa não indicar a
autoridade classificadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido pedido de acesso ou
desclassificação;
III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados;
e
IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedimentos previstos nesta Lei.
§ 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria-Geral da União depois de
submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão
impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2o Verificada a procedência das razões do recurso, a Controladoria-Geral da União determinará ao órgão ou
entidade que adote as providências necessárias para dar cumprimento ao disposto nesta Lei.
§ 3o Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral da União, poderá ser interposto recurso à Comissão
Mista de Reavaliação de Informações, a que se refere o art. 35.

Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de desclassificação de informação protocolado em órgão da


administração pública federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da área, sem prejuízo das
competências da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, previstas no art. 35, e do disposto no art. 16.
§ 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido às autoridades mencionadas depois de submetido
à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à autoridade que exarou a decisão
impugnada e, no caso das Forças Armadas, ao respectivo Comando.
§ 2o Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como objeto a desclassificação de informação secreta ou
ultrassecreta, caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações prevista no art. 35.

Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões denegatórias proferidas no recurso previsto no art. 15 e de
revisão de classificação de documentos sigilosos serão objeto de regulamentação própria dos Poderes Legislativo e
Judiciário e do Ministério Público, em seus respectivos âmbitos, assegurado ao solicitante, em qualquer caso, o
direito de ser informado sobre o andamento de seu pedido.

Art. 19. (VETADO).


§ 1o (VETADO).
§ 2o Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público informarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao
Conselho Nacional do Ministério Público, respectivamente, as decisões que, em grau de recurso, negarem acesso a
informações de interesse público.

Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de
que trata este Capítulo.
CAPÍTULO IV
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO

Seção I
Disposições Gerais

Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos
fundamentais.
Parágrafo único. As informações ou documentos que versem sobre condutas que impliquem violação dos direitos
humanos praticada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição
de acesso.

Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as
hipóteses de segredo industrial decorrentes da exploração direta de atividade econômica pelo Estado ou por pessoa
física ou entidade privada que tenha qualquer vínculo com o poder público.

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Seção II
Da Classificação da Informação quanto ao Grau e Prazos de Sigilo

Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de
classificação as informações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam:
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do território nacional;
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do País, ou as que tenham
sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais;
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou monetária do País;
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos das Forças Armadas;
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a
sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacional;
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares;
ou
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalização em andamento,
relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações.

Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públicas, observado o seu teor e em razão de sua
imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta ou
reservada.
§ 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, conforme a classificação prevista no caput, vigoram
a partir da data de sua produção e são os seguintes:
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
II - secreta: 15 (quinze) anos; e
III - reservada: 5 (cinco) anos.
§ 2o As informações que puderem colocar em risco a segurança do Presidente e Vice-Presidente da República e
respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob sigilo até o término do mandato
em exercício ou do último mandato, em caso de reeleição.
§ 3o Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, poderá ser estabelecida como termo final de restrição de
acesso a ocorrência de determinado evento, desde que este ocorra antes do transcurso do prazo máximo de
classificação.
§ 4o Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o evento que defina o seu termo final, a informação
tornar-se-á, automaticamente, de acesso público.
§ 5o Para a classificação da informação em determinado grau de sigilo, deverá ser observado o interesse público
da informação e utilizado o critério menos restritivo possível, considerados:
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do Estado; e
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que defina seu termo final.

Seção III
Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas

Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação de informações sigilosas produzidas por seus órgãos
e entidades, assegurando a sua proteção. (Regulamento)
§ 1o O acesso, a divulgação e o tratamento de informação classificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que
tenham necessidade de conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na forma do regulamento, sem prejuízo
das atribuições dos agentes públicos autorizados por lei.
§ 2o O acesso à informação classificada como sigilosa cria a obrigação para aquele que a obteve de resguardar o
sigilo.
§ 3o Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas a serem adotados para o tratamento de informação
sigilosa, de modo a protegê-la contra perda, alteração indevida, acesso, transmissão e divulgação não autorizados.

Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providências necessárias para que o pessoal a elas subordinado
hierarquicamente conheça as normas e observe as medidas e procedimentos de segurança para tratamento de
informações sigilosas.

Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que, em razão de qualquer vínculo com o poder público,
executar atividades de tratamento de informações sigilosas adotará as providências necessárias para que seus
empregados, prepostos ou representantes observem as medidas e procedimentos de segurança das informações
resultantes da aplicação desta Lei.

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Seção IV
Dos Procedimentos de Classificação, Reclassificação e Desclassificação

Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito da administração pública federal é de


competência:
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
a) Presidente da República;
b) Vice-Presidente da República;
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerrogativas;
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes no exterior;
II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I, dos titulares de autarquias, fundações ou empresas
públicas e sociedades de economia mista; e
III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos incisos I e II e das que exerçam funções de direção,
comando ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores, ou de
hierarquia equivalente, de acordo com regulamentação específica de cada órgão ou entidade, observado o disposto
nesta Lei.
§ 1o A competência prevista nos incisos I e II, no que se refere à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá
ser delegada pela autoridade responsável a agente público, inclusive em missão no exterior, vedada a
subdelegação.
§ 2o A classificação de informação no grau de sigilo ultrassecreto pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e”
do inciso I deverá ser ratificada pelos respectivos Ministros de Estado, no prazo previsto em regulamento.
§ 3o A autoridade ou outro agente público que classificar informação como ultrassecreta deverá encaminhar a
decisão de que trata o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a que se refere o art. 35, no prazo
previsto em regulamento.

Art. 28. A classificação de informação em qualquer grau de sigilo deverá ser formalizada em decisão que conterá,
no mínimo, os seguintes elementos:
I - assunto sobre o qual versa a informação;
II - fundamento da classificação, observados os critérios estabelecidos no art. 24;
III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou dias, ou do evento que defina o seu termo final,
conforme limites previstos no art. 24; e
IV - identificação da autoridade que a classificou.

Parágrafo único. A decisão referida no caput será mantida no mesmo grau de sigilo da informação classificada.

Art. 29. A classificação das informações será reavaliada pela autoridade classificadora ou por autoridade
hierarquicamente superior, mediante provocação ou de ofício, nos termos e prazos previstos em regulamento, com
vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de sigilo, observado o disposto no art. 24.
§ 1o O regulamento a que se refere o caput deverá considerar as peculiaridades das informações produzidas no
exterior por autoridades ou agentes públicos.
§ 2o Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser examinadas a permanência dos motivos do sigilo e a
possibilidade de danos decorrentes do acesso ou da divulgação da informação.
§ 3o Na hipótese de redução do prazo de sigilo da informação, o novo prazo de restrição manterá como termo
inicial a data da sua produção.

Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade publicará, anualmente, em sítio à disposição na internet e
destinado à veiculação de dados e informações administrativas, nos termos de regulamento:
I - rol das informações que tenham sido desclassificadas nos últimos 12 (doze) meses;
II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, com identificação para referência futura;
III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem
como informações genéricas sobre os solicitantes.
§ 1o Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da publicação prevista no caput para consulta pública em
suas sedes.
§ 2o Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista de informações classificadas, acompanhadas da data, do
grau de sigilo e dos fundamentos da classificação.
Seção V
Das Informações Pessoais

Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito de forma transparente e com respeito à intimidade,
vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais.
§ 1o As informações pessoais, a que se refere este artigo, relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem:
I - terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos
a contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e

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II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por terceiros diante de previsão legal ou consentimento
expresso da pessoa a que elas se referirem.
§ 2o Aquele que obtiver acesso às informações de que trata este artigo será responsabilizado por seu uso
indevido.
§ 3o O consentimento referido no inciso II do § 1o não será exigido quando as informações forem necessárias:
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única
e exclusivamente para o tratamento médico;
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evidente interesse público ou geral, previstos em lei,
sendo vedada a identificação da pessoa a que as informações se referirem;
III - ao cumprimento de ordem judicial;
IV - à defesa de direitos humanos; ou
V - à proteção do interesse público e geral preponderante.
§ 4o A restrição de acesso à informação relativa à vida privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser
invocada com o intuito de prejudicar processo de apuração de irregularidades em que o titular das informações
estiver envolvido, bem como em ações voltadas para a recuperação de fatos históricos de maior relevância.
§ 5o Regulamento disporá sobre os procedimentos para tratamento de informação pessoal.

CAPÍTULO V
DAS RESPONSABILIDADES

Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabilidade do agente público ou militar:
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento
ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente,
informação que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do exercício das
atribuições de cargo, emprego ou função pública;
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso à informação;
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir acesso indevido à informação sigilosa ou informação
pessoal;
V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal
cometido por si ou por outrem;
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou
em prejuízo de terceiros; e
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos concernentes a possíveis violações de direitos humanos
por parte de agentes do Estado.
§ 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, as condutas descritas
no caput serão consideradas:
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Armadas, transgressões militares médias ou graves,
segundo os critérios neles estabelecidos, desde que não tipificadas em lei como crime ou contravenção penal; ou
II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e suas alterações, infrações administrativas,
que deverão ser apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela estabelecidos.
§ 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou agente público responder, também, por improbidade
administrativa, conforme o disposto nas Leis nos 1.079, de 10 de abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de 1992.

Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver informações em virtude de vínculo de qualquer natureza
com o poder público e deixar de observar o disposto nesta Lei estará sujeita às seguintes sanções:
I - advertência;
II - multa;
III - rescisão do vínculo com o poder público;
IV - suspensão temporária de participar em licitação e impedimento de contratar com a administração pública por
prazo não superior a 2 (dois) anos; e
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a administração pública, até que seja promovida a
reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade.
§ 1o As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, assegurado o
direito de defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias.
§ 2o A reabilitação referida no inciso V será autorizada somente quando o interessado efetivar o ressarcimento ao
órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso IV.
§ 3o A aplicação da sanção prevista no inciso V é de competência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou
entidade pública, facultada a defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura
de vista.

Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem diretamente pelos danos causados em decorrência da
divulgação não autorizada ou utilização indevida de informações sigilosas ou informações pessoais, cabendo a
apuração de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.

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Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pessoa física ou entidade privada que, em virtude de vínculo
de qualquer natureza com órgãos ou entidades, tenha acesso a informação sigilosa ou pessoal e a submeta a
tratamento indevido.
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 35. (VETADO).


§ 1o É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de Informações, que decidirá, no âmbito da administração
pública federal, sobre o tratamento e a classificação de informações sigilosas e terá competência para:
I - requisitar da autoridade que classificar informação como ultrassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo,
parcial ou integral da informação;
II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou secretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa
interessada, observado o disposto no art. 7o e demais dispositivos desta Lei; e
III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada como ultrassecreta, sempre por prazo determinado,
enquanto o seu acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à soberania nacional ou à integridade do
território nacional ou grave risco às relações internacionais do País, observado o prazo previsto no § 1 o do art. 24.
§ 2o O prazo referido no inciso III é limitado a uma única renovação.
§ 3o A revisão de ofício a que se refere o inciso II do § 1o deverá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após
a reavaliação prevista no art. 39, quando se tratar de documentos ultrassecretos ou secretos.
§ 4o A não deliberação sobre a revisão pela Comissão Mista de Reavaliação de Informações nos prazos previstos
no § 3o implicará a desclassificação automática das informações.
§ 5o Regulamento disporá sobre a composição, organização e funcionamento da Comissão Mista de Reavaliação
de Informações, observado o mandato de 2 (dois) anos para seus integrantes e demais disposições desta Lei.

Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante de tratados, acordos ou atos internacionais atenderá às
normas e recomendações constantes desses instrumentos.

Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, o Núcleo de
Segurança e Credenciamento (NSC), que tem por objetivos:
I - promover e propor a regulamentação do credenciamento de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e
entidades para tratamento de informações sigilosas; e
II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive aquelas provenientes de países ou organizações
internacionais com os quais a República Federativa do Brasil tenha firmado tratado, acordo, contrato ou qualquer
outro ato internacional, sem prejuízo das atribuições do Ministério das Relações Exteriores e dos demais órgãos
competentes.

Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a composição, organização e funcionamento do NSC.

Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 de novembro de 1997, em relação à informação de pessoa,
física ou jurídica, constante de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público.

Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proceder à reavaliação das informações classificadas como
ultrassecretas e secretas no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo inicial de vigência desta Lei.
§ 1o A restrição de acesso a informações, em razão da reavaliação prevista no caput, deverá observar os prazos e
condições previstos nesta Lei.
§ 2o No âmbito da administração pública federal, a reavaliação prevista no caput poderá ser revista, a qualquer
tempo, pela Comissão Mista de Reavaliação de Informações, observados os termos desta Lei.
§ 3o Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto no caput, será mantida a classificação da
informação nos termos da legislação precedente.
§ 4o As informações classificadas como secretas e ultrassecretas não reavaliadas no prazo previsto no caput serão
consideradas, automaticamente, de acesso público.

Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou
entidade da administração pública federal direta e indireta designará autoridade que lhe seja diretamente
subordinada para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade, exercer as seguintes atribuições:
I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso a informação, de forma eficiente e adequada aos
objetivos desta Lei;
II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e apresentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento;
III - recomendar as medidas indispensáveis à implementação e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos
necessários ao correto cumprimento do disposto nesta Lei; e
IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao cumprimento do disposto nesta Lei e seus regulamentos.

Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da administração pública federal responsável:

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I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de fomento à cultura da transparência na administração
pública e conscientização do direito fundamental de acesso à informação;
II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à
transparência na administração pública;
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da administração pública federal, concentrando e
consolidando a publicação de informações estatísticas relacionadas no art. 30;
IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de relatório anual com informações atinentes à implementação
desta Lei.

Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da
data de sua publicação.

Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte
redação:
“Art. 116. ...................................................................
............................................................................................
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou,
quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente para apuração;
.................................................................................” (NR)

Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei no 8.112, de 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:
“Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal ou administrativamente por dar ciência à
autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra autoridade competente para
apuração de informação concernente à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em
decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pública.”

Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, em legislação própria, obedecidas as normas
gerais estabelecidas nesta Lei, definir regras específicas, especialmente quanto ao disposto no art. 9 o e na Seção II
do Capítulo III.

Art. 46. Revogam-se:


I - a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005; e
II - os arts. 22 a 24 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991.

Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após a data de sua publicação.

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LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO
1. Com base na Lei nº 12.527/2011 e no Decreto nº 7.724/2012, que tratam do acesso a informações, julgue os
seguintes itens.
É dever dos órgãos e entidades, mediante requerimento, a divulgação de informações de interesse coletivo ou geral
por eles produzidas ou custodiadas. O pedido deve ser apresentado em formulário padrão, contendo,
obrigatoriamente, nome do requerente, número de documento de identificação, especificação da informação
requerida, motivo determinante da solicitação e endereço do requerente.

2. Com base na Lei nº 12.527/2011 e no Decreto nº 7.724/2012, que tratam do acesso a informações, julgue os
seguintes itens.
A recusa em fornecer informação solicitada, o fornecimento proposital de informação incorreta, a destruição,
inutilização, desfiguração, alteração ou ocultação de informação que esteja sob a guarda de servidor são atitudes
consideradas infrações administrativas.

3. A chamada Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 20 11) foi um marco nas relações
entre cidadão e Estado. Ela estabelece que as informações de interesse coletivo ou geral deverão ser divulgadas de
ofício pelos órgãos públicos, espontânea e proativamente, independentemente de solicitações. Sinteticamente,
estabelece que o acesso à informação pública é a regra, e o sigilo, a exceção. Sobre esta lei, avalie os itens a seguir
e assinale a opção incorreta.

a) São estabelecidos prazos para que sejam repassadas as informações ao solicitante. A resposta deve ser dada
imediatamente, se estiver disponível, ou em até 20 dias, prorrogáveis por mais 10 dias.
b) Justificado o pedido, e identificado o requerente, o serviço de busca e fornecimento das informações é gratuito,
salvo cópias de documentos.
c) Nos casos em que a informação estiver sob algum tipo de sigilo previsto em Lei, é direito do requerente obter o
inteiro teor da negativa de acesso.
d) Quando a informação for parcialmente sigilosa, fica assegurado o acesso, por meio de certidão, extrato ou cópia,
com a ocultação da parte sob sigilo.
e) Informações sob a guarda do Estado que dizem respeito à intimidade, honra e imagem das pessoas, por exemplo,
não são públicas e só podem ser acessadas pelos próprios indivíduos e por terceiros, apenas em casos excepcionais
previstos na Lei.

4. De acordo com o disposto, expressamente, na Lei Federal n.o 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação), se
depois de solicitar a informação, o interessado souber que houve o extravio da informação solicitada:
a) poderá pedir indenização à autoridade administrativa competente. b) poderá requerer à autoridade competente a
imediata abertura de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva documentação. c) deverá providenciar
dados e documentos que tiver e fornecê-los à autoridade competente para restituição da respectiva informação.
d) deverá requerer judicialmente a restituição da informação.
e) poderá requerer a abertura de processo administrativo para punição do responsável e obtenção de respectiva
indenização por danos morais.

5. Para os efeitos da Lei Federal nº 12.527/11, considera-se informação sigilosa aquela submetida temporariamente à
restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade para
a) todos os setores das Polícias Civil e Militar.
b) os órgãos de inteligência civil e militar.
c) a Administração Pública.
d) a segurança da sociedade e do Estado.
e) o serviço reservado militar.

6. É dever dos órgãos e entidades públicas promover a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas
competências, de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. Para esse fim, os
órgãos e entidades públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legítimos de que dispuserem, sendo
obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computadores (internet).
No entanto, ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet:
a) as autarquias.
b) as empresas públicas.
c) os órgãos integrantes da Polícia Civil. d) as sociedades de economia mista.
e) os Municípios com população de até dez mil habitantes.

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7.De acordo com o que dispõe a Lei n.º 12.527/11, os procedimentos nela previstos destinam-se a assegurar o direito
fundamental de acesso à informação e devem ser executados em conformidade com os princípios básicos da
administração pública e, entre outras, com a seguinte diretriz:
a) trabalho incansável do administrador público para evitar o controle social da administração pública.
b) divulgação de todo o tipo de informação, pública ou privada, desde que solicitada.
c) vedação da utilização dos meios de comunicação eletrônicos para transmissão das informações de interesse
público.
d) proibição da transparência na administração pública.
e) observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção.

8. Filisteu Bárbaro da Silva pretende obter uma determinada informação de órgão público. Ocorre que Filisteu é pobre
e não pode pagar eventuais custos para obter essa informação sem prejuízo do seu próprio sustento. Nessa situação,
de acordo com o disposto na Lei n.º 12.527/2011, o serviço de busca e fornecimento da informação a ser prestado
pela Administração Pública
a) deve ser cobrado normalmente de Filisteu, já que esse tipo de serviço é cobrado de qualquer pessoa que o solicite,
independentemente de ser rico ou pobre.
b) deve ser cobrado de Filisteu, pois o fato de ser pobre não o isenta do respectivo pagamento do serviço público a
ser prestado a qualquer interessado.
c) deve ser cobrado de Filisteu pelo valor mínimo estabelecido para esses casos.
d) não pode ser cobrado de Filisteu, nem mesmo o ressarcimento dos custos de reprodução de documentos, em
razão de Filisteu não poder pagar essa despesa sem prejuízo do seu sustento.
e) deve ser gratuito, exceto quanto aos custos de reprodução de documentos pelo órgão ou entidade pública
consultada, que deverão ser ressarcidos por Filisteu.

GABARITO:
1. Errado 2. CORRETO 3. C 4. B 5. D 6. E 7. E 8. D

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LEI Nº 8.06/90.
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.
Título I
Das Disposições Preliminares
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
aquela entre doze e dezoito anos de idade.

Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e
um anos de idade.

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e
de dignidade.

Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de
nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de
desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que
diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem.

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade,
a efetivação dos direitos referentes:
À VIDA À SAÚDE À ALIMENTAÇÃO À EDUCAÇÃO AO ESPORTE AO LAZER AO RESPEITO

À PROFISSIONALIZAÇÃO À CULTURA À DIGNIDADE À LIBERDADE

À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:


a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos
fundamentais.

Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum,
os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em
desenvolvimento.

Título II
Dos Direitos Fundamentais
Capítulo I
Do Direito à Vida e à Saúde
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
o
Art. 8 É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento
reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento
pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde.
o
§ 1 O atendimento pré-natal será realizado por profissionais da atenção primária.
o
§ 2 Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao
estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher.
o
§ 3 Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta
hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de apoio
à amamentação.
o
§ 4 Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal,
inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal.

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o o
§ 5 A assistência referida no § 4 deste artigo deverá ser prestada também a gestantes e mães que manifestem
interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que se encontrem em situação de privação
de liberdade.
o
§ 6 A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do
trabalho de parto e do pós-parto imediato.
o
§ 7 A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento materno, alimentação complementar saudável e crescimento
e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de estimular o
desenvolvimento integral da criança.
o
§ 8 A gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso,
estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos.
o
§ 9 A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-
natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto.
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob
custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema
Único de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino competente, visando ao
desenvolvimento integral da criança.

Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno,
inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade.
o
§ 1 Os profissionais das unidades primárias de saúde desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas,
visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento
materno e à alimentação complementar saudável, de forma contínua.
o
§ 2 Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta
de leite humano.

Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados
a:
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem
prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem
como prestar orientação aos pais;
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento
do neonato;
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe.
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a
mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente.

Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio
do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a ações e serviços para promoção, proteção e
recuperação da saúde.
o
§ 1 A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas
necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e reabilitação.
o
§ 2 Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e
outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de acordo
com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades específicas.
o
§ 3 Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente de crianças na primeira infância receberão formação
específica e permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o
acompanhamento que se fizer necessário.

Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados
intermediários, deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável,
nos casos de internação de criança ou adolescente.

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra
criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo
de outras providências legais.
o
§ 1 As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente
encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude.
o
§ 2 Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entrada, os serviços de assistência social em seu componente
especializado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de
Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na
faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, formulando projeto
terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar.

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Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e odontológica para a prevenção das
enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores
e alunos.
o
§ 1 É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias.
o
§ 2 O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal,
integral e intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à mulher e à criança.
o
§ 3 A atenção odontológica à criança terá função educativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê
nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de vida, com
orientações sobre saúde bucal.
o
§ 4 A criança com necessidade de cuidados odontológicos especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde.
§ 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro
instrumento construído com a finalidade de facilitar a detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da criança, de
risco para o seu desenvolvimento psíquico.

Capítulo II
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo
de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:

I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
II - opinião e expressão;
III - crença e culto religioso;
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
VI - participar da vida política, na forma da lei;
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do
adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos
espaços e objetos pessoais.

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento
desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais,
pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas
ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.

Parágrafo único. Para os fins desta Lei, CONSIDERA-SE:


I - CASTIGO FÍSICO: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o
adolescente que resulte em:
a) sofrimento físico; ou b) lesão;

II - TRATAMENTO CRUEL OU DEGRADANTE: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou


ao adolescente que:
a) humilhe; ou b) ameace gravemente; ou c) ridicularize.

Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas
socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou
protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação
ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão
aplicadas de acordo com a gravidade do caso:

 Encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;


 Encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
 Encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
 Obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado;
 Advertência.

Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras
providências legais.

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Capítulo III
Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária
Seção I
Disposições Gerais
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família
substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.
o
§ 1 Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua
situação reavaliada, no máximo, a cada 3 meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório
elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de
reintegração familiar ou pela colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei
o
§ 2 A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de
18, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade
judiciária
o
§ 3 A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer
outra providência, caso em que será esta incluída em serviços e programas de proteção, apoio e promoção, nos termos
o
do § 1 do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei.
o
§ 4 Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas
periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável,
independentemente de autorização judicial.
o
§ 5 Será garantida a convivência integral da criança com a mãe adolescente que estiver em acolhimento
institucional.
o
§ 6 A mãe adolescente será assistida por equipe especializada multidisciplinar.

Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o
nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude.
o
§ 1 A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, que apresentará
relatório à autoridade judiciária, considerando inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e puerperal.
o
§ 2 De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante
sua expressa concordância, à rede pública de saúde e assistência social para atendimento especializado.
o
§ 3 A busca à família extensa, conforme definida nos termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o prazo
máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período.
o
§ 4 Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de não existir outro representante da família extensa apto a
receber a guarda, a autoridade judiciária competente deverá decretar a extinção do poder familiar e determinar a
colocação da criança sob a guarda provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que desenvolva
programa de acolhimento familiar ou institucional.
o
§ 5 Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado,
o
deve ser manifestada na audiência a que se refere o § 1 do art. 166 desta Lei, garantido o sigilo sobre a entrega.

§ 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência nem o genitor nem representante da família extensa para confirmar a
intenção de exercer o poder familiar ou a guarda, a autoridade judiciária suspenderá o poder familiar da mãe, e a criança
será colocada sob a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-la.
o
§ 7 Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 (quinze) dias para propor a ação de adoção, contado do dia
seguinte à data do término do estágio de convivência.
o
§ 8 Na hipótese de desistência pelos genitores - manifestada em audiência ou perante a equipe interprofissional - da
entrega da criança após o nascimento, a criança será mantida com os genitores, e será determinado pela Justiça da
Infância e da Juventude o acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias.
o
§ 9 É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimento, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei.

§ 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crianças acolhidas não procuradas por suas famílias no prazo de
30 (trinta) dias, contado a partir do dia do acolhimento.

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Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de acolhimento institucional ou familiar poderão participar de programa
de apadrinhamento.
o
§ 1 O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição
para fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral,
físico, cognitivo, educacional e financeiro.

§ 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maiores de 18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros de adoção,
desde que cumpram os requisitos exigidos pelo programa de apadrinhamento de que fazem parte.
o
§ 3 Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou adolescente a fim de colaborar para o seu desenvolvimento.
o
§ 4 O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado será definido no âmbito de cada programa de
apadrinhamento, com prioridade para crianças ou adolescentes com remota possibilidade de reinserção familiar ou
colocação em família adotiva.
o
§ 5 Os programas ou serviços de apadrinhamento apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser
executados por órgãos públicos ou por organizações da sociedade civil.
o
§ 6 Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento
deverão imediatamente notificar a autoridade judiciária competente.

Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações,
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.

Art. 21. O pátrio poder poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que
dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade
judiciária competente para a solução da divergência.

Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse
destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.

Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no
cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas,
assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei.

Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do pátrio
poder poder familiar.
o
§ 1 Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido
em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas oficiais de proteção, apoio
e promoção.
o
§ 2 A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de
condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha.

Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento
contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres
e obrigações a que alude o art. 22.

Seção II
Da Família Natural
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.

Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos
ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém
vínculos de afinidade e afetividade.

Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio
termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da
filiação.

Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar
descendentes.

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Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser
exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.

Seção III
Da Família Substituta
Subseção I
Disposições Gerais
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação
jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
o
§ 1 Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado
seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente
considerada.
o
§ 2 Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu consentimento, colhido em audiência.
o
§ 3 Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim
de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida.
o
§ 4 Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a
comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução
diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais.
o
§ 5 A colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de sua preparação gradativa e
acompanhamento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à
convivência familiar.

§ 6o Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade


remanescente de quilombo, é ainda obrigatório:

I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como
suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela
Constituição Federal;

II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma
etnia;

III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, no caso de
crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá
acompanhar o caso.

Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a
natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.

Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades
governamentais ou não-governamentais, sem autorização judicial.

Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade de
adoção.

Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o
encargo, mediante termo nos autos.

Subseção II
Da Guarda
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a
seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.

§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.

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§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou
suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prática de atos
determinados.

§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive
previdenciários.
o
§ 4 Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a
medida for aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não
impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de
regulamentação específica, a pedido do interessado ou do Ministério Público.

Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a
forma de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar.
o
§ 1 A inclusão da criança ou adolescente em programas de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento
institucional, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da medida, nos termos desta Lei.
o o
§ 2 Na hipótese do § 1 deste artigo a pessoa ou casal cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá receber a
criança ou adolescente mediante guarda, observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei.
o
§ 3 A União apoiará a implementação de serviços de acolhimento em família acolhedora como política pública, os quais
deverão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de crianças e de adolescentes em residências de
famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de adoção.
o
§ 4 Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distritais e municipais para a manutenção dos serviços de
acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a própria família acolhedora.

Art. 35. A GUARDA poderá ser revogada a qualquer tempo,


mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.
Subseção III
Da Tutela
Art. 36. A TUTELA será deferida, nos termos da lei civil, a
pessoa de até 18 anos incompletos.
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do pátrio poder poder
familiar e implica necessariamente o dever de guarda.

Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art.
o
1.729 da Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da
sucessão, ingressar com pedido destinado ao controle judicial do ato, observando o procedimento previsto nos arts. 165 a
170 desta Lei.

Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente
sendo deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade, se restar comprovado que a medida é
vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la.

Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24.

Subseção IV
Da Adoção
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta Lei.
o
§ 1 A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de
manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta
Lei.

§ 2 ********** É vedada a adoção por procuração.


o

o
§ 3 Em caso de conflito entre direitos e interesses do adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos,
devem prevalecer os direitos e os interesses do adotando.
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela
dos adotantes.

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Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios,
desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.

§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o
cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.

CAI § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus
ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária.
NA
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 anos, independentemente do estado civil.
PROVA o
§ 2 Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou
mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família.

§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando.
o
§ 4 Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que
acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do
período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não
detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão.
o o
§ 5 Nos casos do § 4 deste artigo, desde que demonstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda
o
compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.
o
§ 6 A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do
procedimento, antes de prolatada a sentença.

Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.

Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o
pupilo ou o curatelado.

Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando.

§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham
sido destituídos do pátrio poder poder familiar.

§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também necessário o seu consentimento.

Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo
de 90 dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do caso.
o
§ 1 O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante
durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo.
o
§ 2 A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência.
o
§ 2 -A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão
fundamentada da autoridade judiciária.
o
§ 3 Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no
mínimo, 30 dias e, no máximo, 45 dias, prorrogável por até igual período, uma única vez, mediante decisão fundamentada
da autoridade judiciária.
o o
§ 3 -A. Ao final do prazo previsto no § 3 deste artigo, deverá ser apresentado laudo fundamentado pela equipe
o
mencionada no § 4 deste artigo, que recomendará ou não o deferimento da adoção à autoridade judiciária.
o
§ 4 O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política de garantia do direito à
convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida.
o
§ 5 O estágio de convivência será cumprido no território nacional, preferencialmente na comarca de residência da
criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a competência do
juízo da comarca de residência da criança.

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Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do
qual não se fornecerá certidão.

§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes.

§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original do adotado.


o
§ 3 A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua
residência.
o
§ 4 Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões do registro.
o
§ 5 A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação
do prenome.
o
§ 6 Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o
o o
disposto nos §§ 1 e 2 do art. 28 desta Lei.
o
§ 7 A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no
o
§ 6 do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito.
o
§ 8 O processo relativo à adoção assim como outros a ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu
armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua conservação para consulta a qualquer tempo.

§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o adotando for criança ou adolescente com
deficiência ou com doença crônica.

§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por
igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.

Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual
a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos.

Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a
seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.

Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o pátrio poder poder familiar dos pais naturais.

Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em
condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.

§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público.

§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das
hipóteses previstas no art. 29.
o
§ 3 A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um período de preparação psicossocial e jurídica, orientado
pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.
o o
§ 4 Sempre que possível e recomendável, a preparação referida no § 3 deste artigo incluirá o contato com crianças e
adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em condições de serem adotados, a ser realizado sob a orientação,
supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio dos técnicos responsáveis
pelo programa de acolhimento e pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.
o
§ 5 Serão criados e implementados cadastros estaduais e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem
adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção.
o
§ 6 Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residentes fora do País, que somente serão consultados na
o
inexistência de postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no § 5 deste artigo.
o
§ 7 As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a
troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema.
o
§ 8 A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 horas, a inscrição das crianças e adolescentes em condições de
serem adotados que não tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida

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o
sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no § 5 deste artigo, sob pena de
responsabilidade.
o
§ 9 Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior
comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira.

§ 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de pretendentes habilitados residentes no País com perfil
compatível e interesse manifesto pela adoção de criança ou adolescente inscrito nos cadastros existentes, será realizado
o encaminhamento da criança ou adolescente à adoção internacional.

§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que
possível e recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em programa de acolhimento familiar.

§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério
Público.

§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos
termos desta Lei quando:

I - se tratar de pedido de adoção unilateral;


II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que
o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a
ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.

§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, que
preenche os requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei.

§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas interessadas em adotar criança ou adolescente com deficiência,
com doença crônica ou com necessidades específicas de saúde, além de grupo de irmãos.

Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual o pretendente possui residência habitual em país-parte da
Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção
o
Internacional, promulgada pelo Decreto n 3.087, de 21 junho de 1999, e deseja adotar criança em outro país-parte da
Convenção.
o
§ 1 A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando
restar comprovado:

I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao caso concreto;


II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou adolescente em família adotiva brasileira,
com a comprovação, certificada nos autos, da inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil com perfil
compatível com a criança ou adolescente, após consulta aos cadastros mencionados nesta Lei;
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de
desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe interprofissional,
o o
observado o disposto nos §§ 1 e 2 do art. 28 desta Lei.
o
§ 2 Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de
criança ou adolescente brasileiro.
o
§ 3 A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de
adoção internacional.

Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes
adaptações:

I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de
habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim
entendido aquele onde está situada sua residência habitual;

II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar,
emitirá um relatório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes
para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua aptidão para
assumir uma adoção internacional;

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III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a
Autoridade Central Federal Brasileira;

IV - o relatório será instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe
interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de
vigência;

V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os
tratados e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público juramentado;

VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do
postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida;

VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a
nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao
seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo de
habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano;

VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da
Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, conforme indicação efetuada pela
Autoridade Central Estadual.
o
§ 1 Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção
internacional sejam intermediados por organismos credenciados.
o
§ 2 Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros
encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com posterior comunicação às Autoridades
Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet.

§ 3o Somente será admissível o credenciamento de organismos que:


I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade
Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando para atuar em adoção internacional no
Brasil;

II - satisfizerem as condições de integridade moral, competência profissional, experiência e responsabilidade exigidas


pelos países respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira;

III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação e experiência para atuar na área de adoção
internacional;

IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade
Central Federal Brasileira.

§ 4o Os organismos credenciados deverão ainda:


I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do
país onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira;

II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação
ou experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia Federal e
aprovadas pela Autoridade Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal competente;

III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida,
inclusive quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira;

IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem
como relatório de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no período, cuja cópia será encaminhada ao
Departamento de Polícia Federal;

V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central
Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de cópia
autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado;

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VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira
cópia da certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos.
o o
§ 5 A não apresentação dos relatórios referidos no § 4 deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a
suspensão de seu credenciamento.
o
§ 6 O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção
internacional terá validade de 2 (dois) anos.
o
§ 7 A renovação do credenciamento poderá ser concedida mediante requerimento protocolado na Autoridade Central
Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respectivo prazo de validade.
o
§ 8 Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional, não será permitida a saída do
adotando do território nacional.
o
§ 9 Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição de alvará com autorização de
viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as características da criança ou
adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição
da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e certidão de
trânsito em julgado.

§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das
crianças e adolescentes adotados

§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade
Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente comprovados, é causa de seu descredenciamento.

§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser representados por mais de uma entidade credenciada para
atuar na cooperação em adoção internacional.

§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo
ser renovada.

§ 14. É vedado o contato direto de representantes de organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes
de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com crianças e adolescentes em condições de serem
adotados, sem a devida autorização judicial.

§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos
sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado.

Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de
organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a
pessoas físicas.

Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente
e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente

Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de
adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de residência e atendido o disposto na
Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil.
o
§ 1 Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser
homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.

o
§ 2 O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado
no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça.

Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do
país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o
pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará as
providências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Provisório.

72
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o
§ 1 A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela
decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse
superior da criança ou do adolescente.

o o
§ 2 Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1 deste artigo, o Ministério Público deverá
imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se
as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à
Autoridade Central do país de origem.

Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país
de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança
ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as
regras da adoção nacional.

Capítulo IV
Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
ART. 53. A CRIANÇA E O ADOLESCENTE TÊM DIREITO À EDUCAÇÃO, VISANDO AO PLENO DESENVOLVIMENTO DE SUA
PESSOA, PREPARO PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA E QUALIFICAÇÃO PARA O TRABALHO, ASSEGURANDO-SE-LHES:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;


II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.

Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição
das propostas educacionais.

ART. 54. É DEVER DO ESTADO ASSEGURAR À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE:

I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde.

§ 1º O ACESSO AO ENSINO OBRIGATÓRIO E GRATUITO É DIREITO


PÚBLICO SUBJETIVO.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da
autoridade competente.

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§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos
pais ou responsável, pela freqüência à escola.

Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.

Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os


casos de:

I - maus-tratos envolvendo II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão III - elevados níveis de


seus alunos; escolar, esgotados os recursos escolares; repetência.

Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo,
metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental
obrigatório.

Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da
criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.

Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços
para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude.

Capítulo V
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de 14 anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da
legislação de educação em vigor.
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios:
I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regular;
II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;
III - horário especial para o exercício das atividades.

Art. 64. Ao adolescente até 14 anos de idade é assegurada bolsa de aprendizagem.


Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de 14 anos, são assegurados os direitos
trabalhistas e previdenciários.
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido.
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola
técnica, assistido em entidade governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
I - noturno, realizado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte;
II - perigoso, insalubre ou penoso;
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico,
moral e social;
IV - realizado em horários e locais que não permitam a freqüência à escola.

74
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Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou
não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe condições de capacitação
para o exercício de atividade regular remunerada.

§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao
desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.

§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu
trabalho não desfigura o caráter educativo.

Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre
outros:
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.

Título III
Da Prevenção
Capítulo I
Disposições Gerais
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.

Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão atuar de forma articulada na elaboração de
políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante
e difundir formas não violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo como principais ações:
I - a promoção de campanhas educativas permanentes para a divulgação do direito da criança e do adolescente de serem
educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de proteção
aos direitos humanos;
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho
Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as entidades não governamentais que atuam
na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente;
III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais de saúde, educação e assistência social e dos demais
agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente para o desenvolvimento das
competências necessárias à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas as
formas de violência contra a criança e o adolescente;
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de conflitos que envolvam violência contra a criança e o
adolescente;
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a
atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo de promover a informação, a reflexão, o
debate e a orientação sobre alternativas ao uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no processo
educativo;
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a articulação de ações e a elaboração de planos de atuação
conjunta focados nas famílias em situação de violência, com participação de profissionais de saúde, de assistência social
e de educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente.

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Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e
políticas públicas de prevenção e proteção.

Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar,
em seus quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus-
tratos praticados contra crianças e adolescentes.

Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por
razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crianças e
adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão, culposos ou dolosos.

Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e
serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela
adotados.

Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos
desta Lei.

Capítulo II
Da Prevenção Especial
Seção I
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos
Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regulará as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a
natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre
inadequada.

Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil
acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especificada
no certificado de classificação.

Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e espetáculos públicos classificados como adequados à
sua faixa etária.

Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação
ou exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável.

Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horário recomendado para o público infanto juvenil,
programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas.

Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua
transmissão, apresentação ou exibição.

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Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de
programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em desacordo com a classificação atribuída pelo
órgão competente.

Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a
faixa etária a que se destinam.

Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser
comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo.
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam
protegidas com embalagem opaca.

Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias,
legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e
sociais da pessoa e da família.

Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de
jogos, assim entendidas as que realizem apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja permitida a
entrada e a permanência de crianças e adolescentes no local, afixando aviso para orientação do público.

Seção II
Dos Produtos e Serviços

Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:


I - armas, munições e explosivos;
II - bebidas alcoólicas;
III - produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de
provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.

Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento
congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.

Seção III
Da Autorização para Viajar
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou
responsável, sem expressa autorização judicial.
§ 1º A autorização não será exigida quando:

a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região
metropolitana;
b) a criança estiver acompanhada:
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder autorização válida por dois anos.
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.

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Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a criança ou adolescente:
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento com firma
reconhecida.

Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou adolescente nascido em território nacional poderá
sair do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.

Parte Especial
Título I
Da Política de Atendimento
Capítulo I
Disposições Gerais
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de
ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:


I - políticas sociais básicas;
II - serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social de garantia de proteção social e de prevenção e
redução de violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências;
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos,
exploração, abuso, crueldade e opressão;
IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças e adolescentes desaparecidos;
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a garantir o
efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes;
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio
familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas
de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.

Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:


I - municipalização do atendimento;
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e
controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de organizações
representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais;
III - criação e manutenção de programas específicos, observada a descentralização político-administrativa;
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança
e do adolescente;
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social,
preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua
autoria de ato infracional;
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da
execução das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de agilização do atendimento de crianças e de
adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rápida reintegração à

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família de origem ou, se tal solução se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família substituta, em
quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei;
VII - mobilização da opinião pública para a indispensável participação dos diversos segmentos da sociedade.
VIII - especialização e formação continuada dos profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira
infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre desenvolvimento infantil;
IX - formação profissional com abrangência dos diversos direitos da criança e do adolescente que favoreça a
intersetorialidade no atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento integral;
X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência.
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do
adolescente é considerada de interesse público relevante e não será remunerada.

Capítulo II
Das Entidades de Atendimento
Seção I
Disposições Gerais
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades, assim
como pelo planejamento e execução de programas de proteção e sócio-educativos destinados a
crianças e adolescentes, em regime de:
 ORIENTAÇÃO E APOIO SÓCIO-FAMILIAR
 APOIO SÓCIO-EDUCATIVO EM MEIO ABERTO
 COLOCAÇÃO FAMILIAR
 ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE
 LIBERDADE ASSISTIDA
 SEMILIBERDADE E INTERNAÇÃO

o
§ 1 As entidades governamentais e não governamentais deverão proceder à inscrição de seus programas, especificando
os regimes de atendimento, na forma definida neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, o qual manterá registro das inscrições e de suas alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar e
à autoridade judiciária.

o
§2 Os recursos destinados à implementação e manutenção dos programas relacionados neste artigo serão previstos
nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das áreas de Educação, Saúde e Assistência Social,
dentre outros, observando-se o princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente preconizado pelo caput do art.
o
227 da Constituição Federal e pelo caput e parágrafo único do art. 4 desta Lei.

o
§ 3 Os programas em execução serão reavaliados pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no
máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para renovação da autorização de funcionamento:
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como às resoluções relativas à modalidade de atendimento
prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os níveis;
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela
Justiça da Infância e da Juventude;

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III - em se tratando de programas de acolhimento institucional ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na
reintegração familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o caso.

Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da
respectiva localidade.
o
§ 1 Será negado o registro à entidade que:
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
b) não apresente plano de trabalho compatível com os princípios desta Lei;
c) esteja irregularmente constituída;
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e deliberações relativas à modalidade de atendimento prestado
expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os níveis.

o
§2 O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
o
Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação, observado o disposto no § 1 deste artigo.

Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes
princípios:
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da reintegração familiar;
II - integração em família substituta, quando esgotados os recursos de manutenção na família natural ou extensa;
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação;
V - não desmembramento de grupos de irmãos;
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras entidades de crianças e adolescentes abrigados;
VII - participação na vida da comunidade local;
VIII - preparação gradativa para o desligamento;
IX - participação de pessoas da comunidade no processo educativo.

o
§ 1 O dirigente de entidade que desenvolve programa de acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos
os efeitos de direito.

o
§ 2 Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional remeterão à
autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado acerca da situação de cada criança ou
o
adolescente acolhido e sua família, para fins da reavaliação prevista no § 1 do art. 19 desta Lei.

o
§3 Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a permanente
qualificação dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em programas de acolhimento institucional e destinados
à colocação familiar de crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério Público e Conselho
Tutelar.

o
§ 4 Salvo determinação em contrário da autoridade judiciária competente, as entidades que desenvolvem programas de
acolhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social,

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estimularão o contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao disposto nos incisos I e
VIII do caput deste artigo.

o
§ 5 As entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional somente poderão receber recursos
públicos se comprovado o atendimento dos princípios, exigências e finalidades desta Lei.

o
§ 6 O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigente de entidade que desenvolva programas de acolhimento
familiar ou institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade administrativa, civil
e criminal.

o
§ 7 Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à
atuação de educadores de referência estáveis e qualitativamente significativos, às rotinas específicas e ao atendimento
das necessidades básicas, incluindo as de afeto como prioritárias.

Art. 93. As entidades que mantenham programa de acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de
urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da autoridade competente, fazendo comunicação do
fato em até 24 horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade.

Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o
apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas necessárias para promover a imediata reintegração familiar da
criança ou do adolescente ou, se por qualquer razão não for isso possível ou recomendável, para seu encaminhamento a
o
programa de acolhimento familiar, institucional ou a família substituta, observado o disposto no § 2 do art. 101 desta
Lei.

Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de internação têm as seguintes obrigações, entre
outras:

I - observar os direitos e garantias de que são titulares os adolescentes;


II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição na decisão de internação;
III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unidades e grupos reduzidos;
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e dignidade ao adolescente;
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos vínculos familiares;
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os casos em que se mostre inviável ou impossível o
reatamento dos vínculos familiares;
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança
e os objetos necessários à higiene pessoal;
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos;
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farmacêuticos;
X - propiciar escolarização e profissionalização;
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas crenças;
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis meses, dando ciência dos resultados
à autoridade competente;

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XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre sua situação processual;
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de adolescentes portadores de moléstias infecto-
contagiosas;
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos adolescentes;
XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanhamento de egressos;
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles que não os tiverem;
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendimento, nome do adolescente,
seus pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua formação, relação de
seus pertences e demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento.

o
§ 1 Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes deste artigo às entidades que mantêm programas de
acolhimento institucional e familiar.
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as entidades utilizarão preferencialmente os recursos da
comunidade.

Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em
caráter temporário, devem ter, em seus quadros, profissionais capacitados a reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar
suspeitas ou ocorrências de maus-tratos.
Seção II
Da Fiscalização das Entidades
Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo
Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares.

Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão apresentados ao estado ou ao município, conforme a
origem das dotações orçamentárias.

Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento que descumprirem obrigação constante
do art. 94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos:
I - às entidades governamentais:
a) advertência;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
d) fechamento de unidade ou interdição de programa.
II - às entidades não-governamentais:
a) advertência;
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
d) cassação do registro.

o
§ 1 Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades de atendimento, que coloquem em risco os direitos
assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou representado perante autoridade judiciária
competente para as providências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou dissolução da entidade.

82
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o
§2 As pessoas jurídicas de direito público e as organizações não governamentais responderão pelos danos que seus
agentes causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o descumprimento dos princípios norteadores das
atividades de proteção específica.

Título II
Das Medidas de Proteção
Capítulo I
Disposições Gerais
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III - em razão de sua conduta.

Capítulo II
Das Medidas Específicas de Proteção
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a
qualquer tempo.

Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem
ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação das medidas:
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos
previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal;
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada
à proteção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são titulares;
III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a
adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta expressamente ressalvados, é de
responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e
da possibilidade da execução de programas por entidades não governamentais;
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos
da criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for devida a outros interesses legítimos no âmbito da
pluralidade dos interesses presentes no caso concreto;
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela
intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada;
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo
seja conhecida;
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja
indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do adolescente;
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em que a
criança ou o adolescente se encontram no momento em que a decisão é tomada;
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para com
a criança e o adolescente;

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X - prevalência da família: na promoção de direitos e na proteção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência
às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou extensa ou, se isso não for possível, que
promovam a sua integração em família adotiva;
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade
de compreensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos seus direitos, dos motivos que determinaram a
intervenção e da forma como esta se processa;
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de responsável
ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e
na definição da medida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela
o o
autoridade judiciária competente, observado o disposto nos §§ 1 e 2 do art. 28 desta Lei.
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre
outras, as seguintes medidas:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do
adolescente;
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
VII - acolhimento institucional;
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
IX - colocação em família substituta.

o
§ 1 O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma
de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando
privação de liberdade.
o
§ 2 Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das
providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar é de
competência exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem
tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o
exercício do contraditório e da ampla defesa.

o
§ 3 Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que executam programas de
acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade
judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros:
I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou de seu responsável, se conhecidos;
II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com pontos de referência;
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua guarda;
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio familiar.

o
§ 4 Imediatamente após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entidade responsável pelo programa de
acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendimento, visando à reintegração familiar,
ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciária competente, caso em que
também deverá contemplar sua colocação em família substituta, observadas as regras e princípios desta Lei.

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o
§ 5 O plano individual será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de atendimento
e levará em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável.

o
§ 6 Constarão do plano individual, dentre outros:
I - os resultados da avaliação interdisciplinar;
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou
responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa e fundamentada determinação
judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta supervisão da autoridade
judiciária.

o
§7 O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e,
como parte do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a necessidade, a família de origem será incluída
em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e estimulado o contato com a
criança ou com o adolescente acolhido.

o
§ 8 Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o responsável pelo programa de acolhimento familiar ou
institucional fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5
(cinco) dias, decidindo em igual prazo.

o
§ 9 Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família de origem, após seu
encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório
fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e a expressa
recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política municipal de garantia do
direito à convivência familiar, para a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda.

§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição
do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos complementares ou de outras providências
indispensáveis ao ajuizamento da demanda.

§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas
sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e institucional sob sua responsabilidade, com
informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, bem como as providências tomadas para sua
reintegração familiar ou colocação em família substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei.

§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os
Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar
sobre a implementação de políticas públicas que permitam reduzir o número de crianças e adolescentes afastados do
convívio familiar e abreviar o período de permanência em programa de acolhimento.

Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo serão acompanhadas da regularização do registro civil.
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos
elementos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária.

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§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que trata este artigo são isentos de multas, custas e
emolumentos, gozando de absoluta prioridade.

o
§ 3 Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado procedimento específico destinado à sua averiguação,
o
conforme previsto pela Lei n 8.560, de 29 de dezembro de 1992.

o o
§4 Nas hipóteses previstas no § 3 deste artigo, é dispensável o ajuizamento de ação de investigação de paternidade
pelo Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a paternidade a ele
atribuída, a criança for encaminhada para adoção.

o
§ 5 Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimento são
isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
o
§ 6 São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requerida do reconhecimento de paternidade no assento de
nascimento e a certidão correspondente.
Título III
Da Prática de Ato Infracional
Capítulo I
Disposições Gerais
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção
penal.
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de 18 anos, sujeitos às medidas
previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à
data do fato.
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no
art. 101.

Capítulo II
Dos Direitos Individuais
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente.

Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado
acerca de seus direitos.

Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à
autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.

Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.

Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade,
demonstrada a necessidade imperiosa da medida.

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Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de
proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.

Capítulo III
Das Garantias Processuais
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal.
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias:

I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio


equivalente;
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir
todas as provas necessárias à sua defesa;
III - defesa técnica por advogado;
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento.

Capítulo IV
Das Medidas Sócio-Educativas
Seção I
Disposições Gerais
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente
as seguintes medidas:
I - ADVERTÊNCIA;
II - OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO;
III - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE;
IV - LIBERDADE ASSISTIDA;
V - INSERÇÃO EM REGIME DE SEMI-LIBERDADE;
VI - INTERNAÇÃO EM ESTABELECIMENTO EDUCACIONAL;
VII - QUALQUER UMA DAS PREVISTAS NO ART. 101, I A VI.

§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da
infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em
local adequado às suas condições.

Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.


Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da
autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da materialidade e indícios suficientes da
autoria.
Seção II
Da Advertência
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada.
Seção III
Da Obrigação de Reparar o Dano
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o
adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.

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Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada.

Seção IV
Da Prestação de Serviços à Comunidade
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período
não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres,
bem como em programas comunitários ou governamentais.

Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante
jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a
freqüência à escola ou à jornada normal de trabalho.

Seção V
Da Liberdade Assistida
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar,
auxiliar e orientar o adolescente.

§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou
programa de atendimento.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de 6 meses, podendo a qualquer tempo
ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério
Público e o defensor.

Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade competente, a realização dos seguintes
encargos, entre outros:
I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em
programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
IV - apresentar relatório do caso.
Seção VI
Do Regime de Semi-liberdade
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição para o meio
aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial.
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos
existentes na comunidade.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação.

Seção VII
Da Internação
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa
determinação judicial em contrário.

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§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão
fundamentada, no máximo a cada seis meses.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-
liberdade ou de liberdade assistida.
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
o o
§ 7 A determinação judicial mencionada no § 1 poderá ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária.

Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:


I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa;
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.
o
§ 1 O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser
decretada judicialmente após o devido processo legal.
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada.

Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado
ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.

Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes:

I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;


II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;
V - ser tratado com respeito e dignidade;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou
responsável;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização;
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo
comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade;
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.

§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.


§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem
motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.

Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas
de contenção e segurança.

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Capítulo V
Da Remissão
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público
poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato,
ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou
extinção do processo.
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece
para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto
a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido
expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.

Título IV
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:

I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da


família;
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar;
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;
VII - advertência;
VIII - perda da guarda;
IX - destituição da tutela;
X - suspensão ou destituição do pátrio poder poder familiar.

Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23
e 24.

Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a
autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o
adolescente dependentes do agressor.

Título V
Do Conselho Tutelar
Capítulo I
Disposições Gerais
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.

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Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho
Tutelar como órgão integrante da administração pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população
local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de escolha.

Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:
I - reconhecida idoneidade moral;
II - idade superior a vinte e um anos;
III - residir no município.

Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive
quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o direito a:
I - cobertura previdenciária;
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 do valor da remuneração mensal;
III - licença-maternidade;
IV - licença-paternidade;
V - gratificação natalina.

Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao
funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continuada dos conselheiros tutelares.

Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de
idoneidade moral.

Capítulo II
Das Atribuições do Conselho
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art.
101, I a VII;
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos
da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o
adolescente autor de ato infracional;
VII - expedir notificações;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de
atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da
Constituição Federal;
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após
esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural.

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XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento para o
reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes.
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do
convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal
entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família.
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem
tenha legítimo interesse.

Capítulo III
Da Competência
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência constante do art. 147.
Capítulo IV
Da Escolha dos Conselheiros
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob
a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério
Público.

o
§ 1 O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a
cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial.

o
§ 2 A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha.

o
§ 3 No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou
entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor.

Capítulo V
Dos Impedimentos
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou
nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.

Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao
representante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro
regional ou distrital.
Título VI
Do Acesso à Justiça
Capítulo I
Disposições Gerais
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder
Judiciário, por qualquer de seus órgãos.

§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem, através de defensor público ou advogado
nomeado.

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§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumentos,
ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.

Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos
assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou processual.

Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses destes
colidirem com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de representação ou assistência legal ainda que
eventual.

Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes
a que se atribua autoria de ato infracional.

Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se
fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome.

Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade
judiciária competente, se demonstrado o interesse e justificada a finalidade.

Capítulo II
Da Justiça da Infância e da Juventude
Seção I
Disposições Gerais
Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude,
cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de infra-estrutura e
dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.

Seção II
Do Juiz
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na
forma da lei de organização judiciária local.
A
rt. 147. A competência será determinada:
I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou responsável.

§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de
conexão, continência e prevenção.

§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade competente da residência dos pais ou responsável, ou do
local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente.

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§ 3º Em caso de infração cometida através de transmissão simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma
comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora ou
rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado.

Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para:


I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para apuração de ato infracional atribuído a
adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do processo;
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente,
observado o disposto no art. 209;
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente;
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.

Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da
Infância e da Juventude para o fim de:
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
b) conhecer de ações de destituição do pátrio poder poder familiar, perda ou modificação da tutela ou guarda;
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou materna, em relação ao exercício do pátrio poder poder
familiar;
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais;
f) designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais
ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente;
g) conhecer de ações de alimentos;
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros de nascimento e óbito.

Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável, em:
a) estádio, ginásio e campo desportivo;
b) bailes ou promoções dançantes;
c) boate ou congêneres;
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.
II - a participação de criança e adolescente em:
a) espetáculos públicos e seus ensaios;
b) certames de beleza.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
a) os princípios desta Lei;
b) as peculiaridades locais;
c) a existência de instalações adequadas;
d) o tipo de freqüência habitual ao local;
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou frequência de crianças e adolescentes;

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f) a natureza do espetáculo.
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as
determinações de caráter geral.

Seção III
Dos Serviços Auxiliares
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de
equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da Juventude.

Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local,
fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de
aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade
judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico.

Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de servidores públicos integrantes do Poder Judiciário responsáveis pela
realização dos estudos psicossociais ou de quaisquer outras espécies de avaliações técnicas exigidas por esta Lei ou por
determinação judicial, a autoridade judiciária poderá proceder à nomeação de perito, nos termos do art. 156 da Lei no
13.105, de 16 de março de 2015

Capítulo III
Dos Procedimentos
Seção I
Disposições Gerais
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação
processual pertinente.

§ 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade absoluta na tramitação dos processos e procedimentos
previstos nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências judiciais a eles referentes.

§ 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus procedimentos são contados em dias corridos, excluído o
dia do começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro para a Fazenda Pública e o Ministério Público.

Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade
judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério Público.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para o fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua
família de origem e em outros procedimentos necessariamente contenciosos.
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.

Seção II
Da Perda e da Suspensão do Pátrio Poder Poder Familiar
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do pátrio poder poder familiar terá início por provocação do
Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse.

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Art. 156. A petição inicial indicará:
I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se
tratando de pedido formulado por representante do Ministério Público;
III - a exposição sumária do fato e o pedido;
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas e documentos.

Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão
do pátrio poder poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou
adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade.

o
§ 1 Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária determinará, concomitantemente ao despacho de citação e
independentemente de requerimento do interessado, a realização de estudo social ou perícia por equipe interprofissional
ou multidisciplinar para comprovar a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar,
ressalvado o disposto no § 10 do art. 101 desta Lei, e observada a

o
§ 2 Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe
o
interprofissional ou multidisciplinar referida no § 1 deste artigo, de representantes do órgão federal responsável pela
o
política indigenista, observado o disposto no § 6 do art. 28 desta Lei.

Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem
produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos.
o
§ 1 A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios para sua realização.
o
§ 2 O requerido privado de liberdade deverá ser citado pessoalmente.
o
§ 3 Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o
encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, informar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho
do dia útil em que voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar, nos termos do art. 252 e seguintes da Lei
o
n 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
o
§ 4 Na hipótese de os genitores encontrarem-se em local incerto ou não sabido, serão citados por edital no prazo de 10
(dez) dias, em publicação única, dispensado o envio de ofícios para a localização.

Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família,
poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de resposta, contando-se o
prazo a partir da intimação do despacho de nomeação.

Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento da
citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor.

Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará de qualquer repartição ou órgão público a apresentação de
documento que interesse à causa, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público.

Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido concluído o estudo social ou a perícia realizada por equipe
interprofissional ou multidisciplinar, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias,
salvo quando este for o requerente, e decidirá em igual prazo.

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§ 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a oitiva de
testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar previstas
o
nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), ou no art. 24 desta Lei.
o
§ 2 (Revogado).
o
§ 3 Se o pedido importar em modificação de guarda, será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança
ou adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida.
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem identificados e estiverem em local conhecido, ressalvados os
casos de não comparecimento perante a Justiça quando devidamente citados.
o
§ 5 Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a autoridade judicial requisitará sua apresentação para a
oitiva.
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo
quando este for o requerente, designando, desde logo, audiência de instrução e julgamento.
§ 1º (Revogado).
o
§ 2 Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o
parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e o
Ministério Público, pelo tempo de 20 (vinte) minutos cada um, prorrogável por mais 10 (dez) minutos.
o
§ 3 A decisão será proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua
leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias.
o
§ 4 Quando o procedimento de destituição de poder familiar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá necessidade
de nomeação de curador especial em favor da criança ou adolescente.

Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no caso de
notória inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir esforços para preparar a criança ou o adolescente com vistas
à colocação em família substituta.

Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro
de nascimento da criança ou do adolescente.
Seção III
Da Destituição da Tutela
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedimento para a remoção de tutor previsto na lei processual civil e,
no que couber, o disposto na seção anterior.

Seção IV
Da Colocação em Família Substituta
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de colocação em família substituta:
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste;
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente,
especificando se tem ou não parente vivo;
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus pais, se conhecidos;
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão;
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.

Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão também os requisitos específicos.

97
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Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem aderido
expressamente ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser formulado diretamente em cartório, em
petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada a assistência de advogado.

o
§ 1 Na hipótese de concordância dos pais, o juiz:
I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes, devidamente assistidas por advogado ou por defensor público, para
verificar sua concordância com a adoção, no prazo máximo de 10 (dez) dias, contado da data do protocolo da petição ou
da entrega da criança em juízo, tomando por termo as declarações; e
II - declarará a extinção do poder familiar.
o
§ 2 O consentimento dos titulares do poder familiar será precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela
equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, em especial, no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade
da medida.
o
§ 3 São garantidos a livre manifestação de vontade dos detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das
informações.
o o
§ 4 O consentimento prestado por escrito não terá validade se não for ratificado na audiência a que se refere o § 1 deste
artigo.
o o
§ 5 O consentimento é retratável até a data da realização da audiência especificada no § 1 deste artigo, e os pais
podem exercer o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, contado da data de prolação da sentença de extinção do
poder familiar.
o
§ 6 O consentimento somente terá valor se for dado após o nascimento da criança.
o
§ 7 A família natural e a família substituta receberão a devida orientação por intermédio de equipe técnica
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis
pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.

Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização
de estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão de guarda provisória,
bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de convivência.

Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provisória ou do estágio de convivência, a criança ou o adolescente
será entregue ao interessado, mediante termo de responsabilidade.

Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente,
dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.

Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda ou a suspensão do pátrio poder poder familiar constituir
pressuposto lógico da medida principal de colocação em família substituta, será observado o procedimento contraditório
previsto nas Seções II e III deste Capítulo.

Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento,
observado o disposto no art. 35.

Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47.

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Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento
familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias.

Seção V
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.

Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial
competente.

Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para atendimento de adolescente e em se tratando de ato
infracional praticado em co-autoria com maior, prevalecerá a atribuição da repartição especializada, que, após as
providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria.

Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade
policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, deverá:
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente;
II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação da materialidade e autoria da infração.

Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência
circunstanciada.

Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade
policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no
mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua
repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal ou
manutenção da ordem pública.

Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do
Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade de
atendimento, que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À falta
de repartição policial especializada, o adolescente aguardará a apresentação em dependência separada da destinada a
maiores, não podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo anterior.

Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial encaminhará imediatamente ao representante do Ministério
Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.

Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios de participação de adolescente na prática de ato infracional,
a autoridade policial encaminhará ao representante do Ministério Público relatório das investigações e demais
documentos.

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Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado em
compartimento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.

Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão,
boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação sobre os
antecedentes do adolescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou
responsável, vítima e testemunhas.

Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o representante do Ministério Público notificará os pais ou responsável
para apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das polícias civil e militar.

Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo anterior, o representante do Ministério Público poderá:
I - promover o arquivamento dos autos;
II - conceder a remissão;
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-educativa.

Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a remissão pelo representante do Ministério Público,
mediante termo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para
homologação.
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da
medida.
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho
fundamentado, e este oferecerá representação, designará outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou
ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada a homologar.

Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério Público não promover o arquivamento ou conceder a
remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária, propondo a instauração de procedimento para aplicação da
medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada.
§ 1º A representação será oferecida por petição, que conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional
e, quando necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada pela autoridade
judiciária.
§ 2º A representação independe de prova pré-constituída da autoria e materialidade.

Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, estando o adolescente internado
provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.

Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de apresentação do adolescente,
decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo.
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados do teor da representação, e notificados a comparecer à
audiência, acompanhados de advogado.
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, determinando
o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação.

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§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou
responsável.

Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento
prisional.
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as características definidas no art. 123, o adolescente deverá ser
imediatamente transferido para a localidade mais próxima.
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em
seção isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob
pena de responsabilidade.

Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos,
podendo solicitar opinião de profissional qualificado.
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão, ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo
decisão.
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de internação ou colocação em regime de semi-liberdade, a
autoridade judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado constituído, nomeará defensor, designando,
desde logo, audiência em continuação, podendo determinar a realização de diligências e estudo do caso.
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo de três dias contado da audiência de apresentação,
oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas.
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as
diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional, será dada a palavra ao representante do Ministério Público e
ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da
autoridade judiciária, que em seguida proferirá decisão.

Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a
autoridade judiciária designará nova data, determinando sua condução coercitiva.

Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do
procedimento, antes da sentença.

Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, desde que reconheça na sentença:
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato ato infracional;
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional.

Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adolescente internado, será imediatamente colocado em liberdade.

Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de internação ou regime de semi-liberdade será feita:
I - ao adolescente e ao seu defensor;
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou responsável, sem prejuízo do defensor.
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á unicamente na pessoa do defensor.
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.

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Seção V-A
Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação de Crimes contra a Dignidade Sexual de Criança e de
Adolescente”
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com o fim de investigar os crimes previstos nos arts.
240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A,218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes regras:
I – será precedida de autorização judicial devidamente circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites da
infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público;
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou representação de delegado de polícia e conterá a
demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e,
quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas;
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não
exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da autoridade
judicial.

§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão requisitar relatórios parciais da operação de infiltração antes do
término do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste artigo.
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste artigo, consideram-se:
I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP)
utilizado e terminal de origem da conexão;
II – dados cadastrais: informações referentes a nome e endereço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado
para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código de acesso tenha sido atribuído no momento da
conexão.

§ 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não será admitida se a prova puder ser obtida por outros meios.

Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela
autorização da medida, que zelará por seu sigilo.

Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao
delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo das investigações.

Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e
materialidade dos crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-
A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).

Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos
excessos praticados.

Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante
procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações necessárias à efetividade da identidade fictícia
criada.
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta Seção será numerado e tombado em livro específico.

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Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados durante a operação deverão ser registrados,
gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, juntamente com relatório circunstanciado.

Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e
apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito policial, assegurando-se a preservação da identidade do
agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e dos adolescentes envolvidos.

Seção VI
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento
Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em entidade governamental e não-governamental terá início
mediante portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde conste,
necessariamente, resumo dos fatos.

Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente
o afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão fundamentada.

Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar
documentos e indicar as provas a produzir.
A
rt. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a autoridade judiciária designará audiência de instrução e
julgamento, intimando as partes.
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações finais,
decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária
oficiará à autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para a substituição.
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades
verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem julgamento de mérito.
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da entidade ou programa de atendimento.

Seção VII
Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de Proteção à Criança e ao Adolescente

Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade administrativa por infração às normas de proteção à criança e ao
adolescente terá início por representação do Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado por
servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por duas testemunhas, se possível.
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a
natureza e as circunstâncias da infração.
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos
motivos do retardamento.

Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação de defesa, contado da data da intimação, que será feita:
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na presença do requerido;
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado, que entregará cópia do auto ou da representação ao
requerido, ou a seu representante legal, lavrando certidão;

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III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for encontrado o requerido ou seu representante legal;
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante legal.

Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério
Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo.

Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo
necessário, designará audiência de instrução e julgamento.

Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão sucessivamente o Ministério Público e o procurador do requerido,
pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida
proferirá sentença.

Seção VIII
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste:
I - qualificação completa;
II - dados familiares;
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou casamento, ou declaração relativa ao período de união estável;
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas;
V - comprovante de renda e domicílio;
VI - atestados de sanidade física e mental
VII - certidão de antecedentes criminais;
VIII - certidão negativa de distribuição cível.

Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, que
no prazo de 5 (cinco) dias poderá:
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a que
se refere o art. 197-C desta Lei;
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos postulantes em juízo e testemunhas;
III - requerer a juntada de documentos complementares e a realização de outras diligências que entender
necessárias.

Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o preparo dos
postulantes para o exercício de uma paternidade ou maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios desta
Lei.
o
§ 1 É obrigatória a participação dos postulantes em programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude,
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à
convivência familiar e dos grupos de apoio à adoção devidamente habilitados perante a Justiça da Infância e da
Juventude, que inclua preparação psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial, de crianças ou de adolescentes
com deficiência, com doenças crônicas ou com necessidades específicas de saúde, e de grupos de irmãos
o o
§ 2 Sempre que possível e recomendável, a etapa obrigatória da preparação referida no § 1 deste artigo incluirá o
contato com crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar ou institucional, a ser realizado sob orientação,

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supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude e dos grupos de apoio à adoção, com
apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento familiar e institucional e pela execução da política
municipal de garantia do direito à convivência familiar.
o
§ 3 É recomendável que as crianças e os adolescentes acolhidos institucionalmente ou por família acolhedora sejam
preparados por equipe interprofissional antes da inclusão em família adotiva.

Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da participação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a autoridade
judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério Público e
determinará a juntada do estudo psicossocial, designando, conforme o caso, audiência de instrução e julgamento.

Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará
a juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em
igual prazo.

Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua
convocação para a adoção feita de acordo com ordem cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de crianças
ou adolescentes adotáveis.
o
§ 1 A ordem cronológica das habilitações somente poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas
hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser essa a melhor solução no interesse do
adotando.
o
§ 2 A habilitação à adoção deverá ser renovada no mínimo trienalmente mediante avaliação por equipe
interprofissional.
o
§ 3 Quando o adotante candidatar-se a uma nova adoção, será dispensável a renovação da habilitação, bastando a
avaliação por equipe interprofissional.
o
§ 4 Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado, à adoção de crianças ou adolescentes indicados dentro do perfil
escolhido, haverá reavaliação da habilitação concedida.
o
§ 5 A desistência do pretendente em relação à guarda para fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente
depois do trânsito em julgado da sentença de adoção importará na sua exclusão dos cadastros de adoção e na vedação
de renovação da habilitação, salvo decisão judicial fundamentada, sem prejuízo das demais sanções previstas na
legislação vigente.

Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habilitação à adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável por igual
período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.

Capítulo IV
Dos Recursos
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas
o
socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei n 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), com
as seguintes adaptações:
I - os recursos serão interpostos independentemente de preparo;
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa será
sempre de 10 (dez) dias;
III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão revisor;

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VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de
agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo de cinco
dias;
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão remeterá os autos ou o instrumento à superior instância dentro
de vinte e quatro horas, independentemente de novo pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos dependerá
de pedido expresso da parte interessada ou do Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da intimação.

Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149 caberá recurso de apelação.

Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será recebida
exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção internacional ou se houver perigo de dano irreparável ou
de difícil reparação ao adotando.

Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que
deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo.

Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e de destituição de poder familiar, em face da relevância das
questões, serão processados com prioridade absoluta, devendo ser imediatamente distribuídos, ficando vedado que
aguardem, em qualquer situação, oportuna distribuição, e serão colocados em mesa para julgamento sem revisão e com
parecer urgente do Ministério Público.
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
contado da sua conclusão.
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da data do julgamento e poderá na sessão, se entender necessário,
apresentar oralmente seu parecer.

Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a instauração de procedimento para apuração de responsabilidades se
constatar o descumprimento das providências e do prazo previstos nos artigos anteriores.

Capítulo V
Do Ministério Público
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.

Art. 201. Compete ao Ministério Público:


I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo;
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescentes;
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os procedimentos de suspensão e destituição do pátrio poder poder
familiar, nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como oficiar em todos os demais procedimentos da
competência da Justiça da Infância e da Juventude;
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação
de contas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens de crianças e adolescentes nas hipóteses do art.
98;
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos
à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal;
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los:

106
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a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado,
requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar;
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, estaduais e federais, da
administração direta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias;
c) requisitar informações e documentos a particulares e instituições privadas;
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e determinar a instauração de inquérito policial, para
apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude;
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as
medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos
interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao adolescente;
X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por infrações cometidas contra as normas de proteção à
infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível;
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de
pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades porventura verificadas;
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência
social, públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições.
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta Lei.
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde que compatíveis com a finalidade do Ministério
Público.
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre
criança ou adolescente.
§ 4º O representante do Ministério Público será responsável pelo uso indevido das informações e documentos que
requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério Público:
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instaurando o competente procedimento, sob sua presidência;
b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade reclamada, em dia, local e horário previamente notificados ou
acertados;
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública afetos à criança e ao
adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita adequação.

Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa
dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar
documentos e requerer diligências, usando os recursos cabíveis.

Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita pessoalmente.

Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou
a requerimento de qualquer interessado.

Art. 205. As manifestações processuais do representante do Ministério Público deverão ser fundamentadas.

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Capítulo VI
Do Advogado
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na
solução da lide poderão intervir nos procedimentos de que trata esta Lei, através de advogado, o qual será intimado para
todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça.

Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e gratuita àqueles que dela necessitarem.

Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será
processado sem defensor.
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir
outro de sua preferência.
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto,
ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato.
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido
indicado por ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária.

Capítulo VII
Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e Coletivos
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à
criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular:
I - do ensino obrigatório;
II - de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência;
III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade;
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
V - de programas suplementares de oferta de material didático-escolar, transporte e assistência à saúde do educando do
ensino fundamental;
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como
ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem;
VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes privados de liberdade.
IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e promoção social de famílias e destinados ao pleno exercício
do direito à convivência familiar por crianças e adolescentes.
X - de programas de atendimento para a execução das medidas socioeducativas e aplicação de medidas de proteção.
XI - de políticas e programas integrados de atendimento à criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência.

o
§ 1 As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou
coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos pela Constituição e pela Lei.
o
§ 2 A investigação do desaparecimento de crianças ou adolescentes será realizada imediatamente após notificação aos
órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de transporte
interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos os dados necessários à identificação do desaparecido.

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Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou
omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a
competência originária dos tribunais superiores.

Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos ou difusos, consideram-se legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público;
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os territórios;
III - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa
dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a autorização da assembléia, se houver prévia autorização
estatutária.
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa dos interesses e
direitos de que cuida esta Lei.
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado
poderá assumir a titularidade ativa.

Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às
exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial.

Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações
pertinentes.
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas do Código de Processo Civil.
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
poder público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas
da lei do mandado de segurança.

Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela
específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao
juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citando o réu.
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de
pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o
dia em que se houver configurado o descumprimento.

Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do
respectivo município.
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas através de execução
promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta
com correção monetária.

Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte.

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Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa de
peças à autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e administrativa do agente a que se atribua a
ação ou omissão.

Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória sem que a associação autora lhe
promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.

Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu os honorários advocatícios arbitrados na conformidade do §
4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), quando reconhecer que a pretensão é
manifestamente infundada.

Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela propositura da
ação serão solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por perdas e danos.

Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
quaisquer outras despesas.

Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe
informações sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e indicando-lhe os elementos de convicção.

Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a
propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis.

Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certidões e
informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze dias.

Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá
ser inferior a dez dias úteis.
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a
propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o
fundamentadamente.
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta
grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério
público, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do
inquérito ou anexados às peças de informação.
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público,
conforme dispuser o seu regimento.
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do
Ministério Público para o ajuizamento da ação.

Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985.

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Título VII
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
Capítulo I
Dos Crimes
Seção I
Disposições Gerais
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem
prejuízo do disposto na legislação penal.

Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo,
as pertinentes ao Código de Processo Penal.
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondicionada
Seção II: Dos Crimes em Espécie
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de Pena - detenção de seis meses a dois anos.
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter
registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem
no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de
responsável, por ocasião da alta médica, declaração de colocação em lar substituto:
nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
desenvolvimento do neonato:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a
Parágrafo único. Se o crime é culposo: terceiro, mediante paga ou recompensa:
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de efetiva a paga ou recompensa.
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar
corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao
como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância
Lei: das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. fraude:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, correspondente à violência.
procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato
infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar,
competente: por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica,
Pena - detenção de seis meses a dois anos. envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à
o
apreensão sem observância das formalidades legais. § 1 Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta,
coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda
de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à quem com esses contracena.
o
autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à § 2 Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o
pessoa por ele indicada: crime:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de
exercê-la;
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de
guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento: hospitalidade; ou
Pena - detenção de seis meses a dois anos. III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo ou
afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador,
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro
ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.
tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em envolvendo criança ou adolescente:
benefício de adolescente privado de liberdade: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir,
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de
membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro
Público no exercício de função prevista nesta Lei:

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registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim
envolvendo criança ou adolescente: de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. sexualmente explícita.
o
§ 1 Nas mesmas penas incorre quem: Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste situação que envolva criança ou adolescente em atividades
artigo; sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata sexuais.
o caput deste artigo.
o o
§ 2 As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 deste artigo Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de
são puníveis quando o responsável legal pela prestação do qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou
serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao explosivo:
conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo. Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que
fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente,
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos
adolescente: componentes possam causar dependência física ou psíquica:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato
não constitui crime mais grave.
o
§ 1 A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de
pequena quantidade o material a que se refere o caput deste Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de
artigo. qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou
o
§ 2 Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam
finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização
das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta indevida:
Lei, quando a comunicação for feita por: Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
I – agente público no exercício de suas funções;
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos
o
suas finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e no caput do art. 2 desta Lei, à prostituição ou à exploração
o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste sexual:
parágrafo; Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo
de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da
até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o
policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé.
o o
§ 3 As pessoas referidas no § 2 deste artigo deverão manter
o
sob sigilo o material ilícito referido. § 1 Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o
responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo.
o
cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, § 2 Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da
montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra licença de localização e de funcionamento do
forma de representação visual: estabelecimento.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a
venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, praticá-la:
adquire, possui ou armazena o material produzido na forma Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
do caput deste artigo.
o
§ 1 Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios
o
meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. § 2 As
libidinoso: penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. terço no caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no
o o
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: rol do art. 1 da Lei n 8.072, de 25 de julho de 1990.
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena
de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato
libidinoso;

Capítulo II
Das Infrações Administrativas
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental,
pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita
ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

112
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Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos
II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou
documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato
infracional:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato
infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir
sua identificação, direta ou indiretamente.
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a
autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação ou a suspensão da programação da emissora até por
dois dias, bem como da publicação do periódico até por dois números.

Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2018)


Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência, independentemente das
despesas de retorno do adolescente, se for o caso.

Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao pátrio poder poder familiar ou decorrente de tutela
ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses
ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere:
Pena – multa.
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do
estabelecimento por até 15 (quinze) dias.
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e
terá sua licença cassada.

Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85
desta Lei:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada
do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no
certificado de classificação:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a
que não se recomendem:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa
de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.

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Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua
classificação:
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá
determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias.

Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão competente como inadequado às
crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do
espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em desacordo com a classificação
atribuída pelo órgão competente:
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 desta Lei:


Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de
apreensão da revista ou publicação.

Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de
criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no espetáculo:
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a instalação e operacionalização dos cadastros previstos no
art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei:
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais).

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de
adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes
em regime de acolhimento institucional ou familiar.

Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar
imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em
entregar seu filho para adoção:
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais).

Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de programa oficial ou comunitário destinado à garantia do direito
à convivência familiar que deixa de efetuar a comunicação referida no caput deste artigo.

Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do art. 81:


Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais);
Medida Administrativa - interdição do estabelecimento comercial até o recolhimento da multa aplicada.

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Disposições Finais e Transitórias
Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo
sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da política de atendimento fixadas no art. 88 e ao que
estabelece o Título V do Livro II.

Parágrafo único. Compete aos estados e municípios promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às diretrizes e
princípios estabelecidos nesta Lei.

Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo essas integralmente deduzidas do imposto de renda,
obedecidos os seguintes limites:
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real;
e
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual,
o
observado o disposto no art. 22 da Lei n 9.532, de 10 de dezembro de 1997.
o
§ 1 -A. Na definição das prioridades a serem atendidas com os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e
municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão consideradas as disposições do Plano Nacional de Promoção,
Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacional
pela Primeira Infância.
o
§ 2 Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de utilização,
por meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente percentual para
incentivo ao acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e para programas de atenção integral à
primeira infância em áreas de maior carência socioeconômica e em situações de calamidade.
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a
comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo .
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais referidos neste artigo.
o o o o
§ 5 Observado o disposto no § 4 do art. 3 da Lei n 9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata o inciso
I do caput:
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a limite em conjunto com outras deduções do imposto; e
II - não poderá ser computada como despesa operacional na apuração do lucro real.

Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata o
inciso II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração de Ajuste Anual.
o
§ 1 A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado
na declaração:
I - (VETADO);
II - (VETADO);
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012.
o
§ 2 A dedução de que trata o caput:
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado na declaração de que trata o inciso II
do caput do art. 260;
II - não se aplica à pessoa física que:
a) utilizar o desconto simplificado;

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b) apresentar declaração em formulário; ou
c) entregar a declaração fora do prazo;
III - só se aplica às doações em espécie; e
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em vigor.
o
§ 3 O pagamento da doação deve ser efetuado até a data de vencimento da primeira quota ou quota única do imposto,
observadas instruções específicas da Secretaria da Receita Federal do Brasil.
o o
§ 4 O não pagamento da doação no prazo estabelecido no § 3 implica a glosa definitiva desta parcela de dedução,
ficando a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença de imposto devido apurado na Declaração de Ajuste Anual
com os acréscimos legais previstos na legislação.
o
§ 5 A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo
ano-calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente municipais, distrital,
estaduais e nacional concomitantemente com a opção de que trata o caput, respeitado o limite previsto no inciso II do art.
260.

Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 poderá ser deduzida:
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídicas que apuram o imposto trimestralmente; e
II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente.
Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do período a que se refere a apuração do imposto.

Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei podem ser efetuadas em espécie ou em bens.
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem ser depositadas em conta específica, em instituição financeira
pública, vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art. 260.

Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo em favor do doador, assinado por pessoa competente e pelo
presidente do Conselho correspondente, especificando:
I - número de ordem;
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e endereço do emitente;
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do doador;
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e
V - ano-calendário a que se refere a doação.
o
§ 1 O comprovante de que trata o caput deste artigo pode ser emitido anualmente, desde que discrimine os valores
doados mês a mês.
o
§2 No caso de doação em bens, o comprovante deve conter a identificação dos bens, mediante descrição em campo
próprio ou em relação anexa ao comprovante, informando também se houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço
dos avaliadores.

Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador deverá:


I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documentação hábil;
II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos, quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso
de pessoa jurídica; e
III - considerar como valor dos bens doados:
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última declaração do imposto de renda, desde que não exceda o valor de
mercado;

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b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens.
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será considerado na determinação do valor dos bens doados,
exceto se o leilão for determinado por autoridade judiciária.

Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo
de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da dedução perante a Receita Federal do Brasil.

Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
nacional, estaduais, distrital e municipais devem:
I - manter conta bancária específica destinada exclusivamente a gerir os recursos do Fundo;
II - manter controle das doações recebidas; e
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os
seguintes dados por doador:
a) nome, CNPJ ou CPF;
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou em bens.

Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do
Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério Público.

Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais divulgarão
amplamente à comunidade:
I - o calendário de suas reuniões;
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de atendimento à criança e ao adolescente;
III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança
e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais;
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário e o valor dos recursos previstos para implementação das
ações, por projeto;
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por projeto atendido, inclusive com cadastramento na base
de dados do Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência; e
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais.

Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos
fiscais referidos no art. 260 desta Lei.
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação
judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá atuar de ofício, a requerimento ou representação de qualquer
cidadão.

Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da
Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, arquivo eletrônico contendo a relação atualizada dos Fundos
dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, estaduais e municipais, com a indicação dos respectivos
números de inscrição no CNPJ e das contas bancárias específicas mantidas em instituições financeiras públicas,
destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos.

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Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto nos
arts. 260 a 260-K.

Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da criança e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a
que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão efetuados perante a autoridade judiciária da comarca a
que pertencer a entidade.

Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos estados e municípios, e os estados aos municípios, os recursos
referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão logo estejam criados os conselhos dos direitos da criança e
do adolescente nos seus respectivos níveis.

Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, as atribuições a eles conferidas serão exercidas pela
autoridade judiciária.

Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
alterações:
1) Art. 121 ............................................................
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências
do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço, se o
crime é praticado contra pessoa menor de catorze anos.
2) Art. 129 ...............................................................
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º.
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
3) Art. 136.................................................................
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de catorze anos.
4) Art. 213 ..................................................................
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:
Pena - reclusão de quatro a dez anos.
5) Art. 214...................................................................
Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
Pena - reclusão de três a nove anos.»

Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de 1973, fica acrescido do seguinte item:
"Art. 102 ....................................................................
6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. "

Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, da administração direta ou indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo poder público federal promoverão edição popular do texto integral deste Estatuto, que será
posto à disposição das escolas e das entidades de atendimento e de defesa dos direitos da criança e do adolescente.

Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos meios de
comunicação social.

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Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será veiculada em linguagem clara, compreensível e adequada a
crianças e adolescentes, especialmente às crianças com idade inferior a 6 (seis) anos.

Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua publicação.

Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão ser promovidas atividades e campanhas de divulgação e
esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei.

Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais
disposições em contrário.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE:
01. O Artigo 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe sobre a proteção:
a) integral à criança e ao adolescente.
b) parcial à criança e ao adolescente.
c) integral à criança e parcial ao adolescente.
d) parcial à criança e integral ao adolescente.
e) integral à criança e facultativa ao adolescente.

02. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica, .................. se configura como
o conjunto de valores e práticas que proporcionam a produção, a socialização de significados no espaço
social, além de ser um meio pelo qual se constroem identidades socioculturais por parte dos educandos.
Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna do texto.
a) Currículo
b) Livro didático
c) Regimento interno
d) Boletim informativo
e) Estatuto da Criança e do Adolescente

03. Segundo consta no Estatuto da Criança e do adolescente, é dever do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, exceto:
a) ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria.
b) progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio.
c) atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
d) atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a doze anos de idade.

04. De acordo com o art. 54 do Estatuto da Criança e do Adolescente, é dever do Estado assegurar à criança e
ao adolescente:
a) obrigatoriedade e gratuidade do ensino médio.
b) oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador.
c) atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade.
d) atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência obrigatoriamente na rede regular de ensino.
e) ensino fundamental obrigatório e gratuito exclusivamente para a faixa etária dos 7 aos 14 anos.

05. De acordo com Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no que concerne à adoção, assinale a
opção correta:
a) A adoção é medida excepcional e pode ser revogável a qualquer tempo.
b) Podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando, em razão dos laços afetivos e consanguíneos.
c) O adotando deve contar com, no máximo, doze anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos
adotantes.
d) Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil.
e) Para adoção conjunta, é dispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável,
bastando que se comprove, por qualquer meio admissível em direito, a estabilidade afetiva da família.

06. As afirmativas a seguir se referem ao Estatuto da Criança e do Adolescente, à exceção de uma. Assinale-a.
a) Estabelece que a carência de recursos materiais da família não constitui motivo para a perda do poder familiar.
b) Estabelece regras para financiamento de programas educativos para a Educação Básica, voltados para a saúde e o
desenvolvimento de crianças e adolescentes.
c) Estabelece o atendimento no ensino fundamental por meio de programas suplementares de material didático-
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
d) Estabelece o direito dos responsáveis de ter ciência dos processos pedagógicos e de participar da definição das
propostas educacionais.
e) Estabelece para crianças e adolescentes o direito a contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias
escolares superiores.

07. Com base no disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), julgue o item que se segue. Pessoas
com doze anos de idade completos são consideradas crianças.
( ) Certo ( ) Errado

08. Em conformidade com o ECA, complete a lacuna seguinte: “Nenhuma ______ será objeto de qualquer
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais."
a) criança ou adolescente. b) criança.
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c) bebê. d) adolescente.

09. As crianças e adolescentes brasileiros são protegidos por uma série de regras e leis estabelecidas pelo
país. Após anos de debates e mobilizações, chegou-se ao consenso de que a infância e a adolescência devem
ser protegidas por toda a sociedade das diferentes formas de violência. Partindo dessa premissa, o arcabouço
legal brasileiro traz vários instrumentos que designam os direitos das crianças e asseguram a sua proteção.
Sendo assim, são exemplos de leis que garantem os direitos da criança, EXCETO:
a) A Constituição Federal de 1988.
b) O Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990.
c) O Decreto nº 22.626.
d) A Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996.

10. Leia o fragmento a seguir: “a causa principal dos problemas na educação está na falta, em quase todos os
planos e iniciativas, da determinação dos fins de educação (aspecto filosófico e social) e da aplicação (aspecto
técnico) dos métodos científicos aos problemas de educação". Assinale a opção que indica o documento
apresentado.
a) Manifesto dos Pioneiros
b) Lei de Diretrizes e Bases
c) Carta de Goiânia
d) Estatuto da Criança e Adolescente
e) Constituição Federal

11. Tendo por base o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no que concerne ao Direito à Liberdade, ao
Respeito e à Dignidade, assinale a opção incorreta:
a) O direito à liberdade compreende o aspecto de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários,
ressalvadas as restrições legais.
b) O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente,
abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e
objetos pessoais.
c) É dever exclusivo do Estado velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
d) A criança e o adolescente têm o direito de ser educado e cuidado sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel
ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes
da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por
qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los
e) A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de
desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

12. A Lei 8.069 de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, aponta dentre os deveres
que competem ao Estado:
a) Informar ao conselho tutelar sobre a proposta pedagógica das escolas.
b) Matricular os filhos na rede regular de ensino.
c) Participar da definição das propostas educacionais.
d) Informar os elevados níveis de repetência.
e) Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um.

13. Acerca do direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer, o Estatuto da Criança e do Adolescente
determina que devem ser asseguradas, EXCETO:
a) Direito a opinar nas avaliações institucionais externas.
b) Direito de ser respeitados por seus educadores.
c) Direito de participação em entidades estudantis.
d) Direito de igualdade de condições para acesso e permanência.
e) Direito a escola pública próximo a residência do estudante.

14. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069/90, art. 60, é proibido qualquer
trabalho a menores:
a) De quatorze anos de idade, inclusive na condição de aprendiz.
b) De quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
c) De dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
d) De dezesseis anos de idade, inclusive na condição de aprendiz.
e) De dezessete anos de idade, inclusive na condição de aprendiz.

15. O direito à liberdade da criança e do adolescente previsto na Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do
Adolescente) compreende vários aspectos. Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquele que NÃO se
enquadra no rol indicado na legislação.
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a) Liberdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, sem qualquer possibilidade de restrição
legal.
b) Liberdade de opinião e expressão.
c) Liberdade de brincar, praticar esportes e divertir-se.
d) Liberdade de participar da vida política, na forma da lei.
e) Liberdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.

16. Em relação ao Estatuto da Criança e do Adolescente analise as afirmativas abaixo:


I - Considera criança a pessoa de até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela compreendida entre doze
e dezoito anos.
II - Destinam recursos financeiros por meio de transferência automática no custeio do pagamento dos benefícios a
criança e ao adolescente.
III - Relaciona inúmeras condutas atentatórias aos direitos de crianças e adolescentes que, se praticadas, podem
caracterizar crimes e outras que constituem as chamadas infrações administrativas.
IV - Garante que as crianças e adolescentes brasileiros, sejam reconhecidos como objetos de intervenção da família e
do Estado.
Está CORRETO o que se afirma em:
a) Apenas as afirmativas I, III e IV.
b) Apenas as afirmativas I e III.
c) Apenas as afirmativas II e IV.
d) Apenas as afirmativas III e IV.

17. Com base no disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), julgue o item que se segue. Por
serem voluntárias, as atividades dos membros do conselho tutelar não podem ser remuneradas.
( ) Certo ( ) Errado

18. Conforme previsão expressa do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), os dirigentes de
estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de
a) vestimenta inadequada aos padrões formais da educação.
b) atrasos reiterados ou faltas constantes, ainda que justificadas.
c) briga ou discussão acirrada entre alunos e professores.
d) elevados níveis de repetência e maus-tratos envolvendo seus alunos.
e) ausência dos pais em reuniões escolares periódicas.

19. Com base no disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), julgue o item que se segue. Em
cada município e em cada região administrativa do Distrito Federal deve haver, no mínimo, um conselho
tutelar.
( ) Certo ( )Errado

20. O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 54, III, afirma que: “É dever do Estado assegurar à
criança e ao adolescente (...) atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino”. Sobre a Escola Inclusiva, o Referencial Curricular Nacional para
a Educação Infantil aborda os critérios que devem ser considerados para que ocorra um processo de
integração com qualidade. Assinale a alternativa correta acerca desses critérios.
a) Tempo em que a criança frequentou uma escola especializada, acesso aos recursos pela família e envolvimento da
comunidade em ajudar na integração.
b) Idade cronológica e avaliação psicológica, acesso aos recursos e sua utilização e envolvimento da comunidade na
integração.
c) Disponibilidade de recursos pela escola, tempo que frequentou a escola anterior e a série que pretende cursar e
envolvimento da comunidade em acompanhar o desenvolvimento do educando.
d) Grau de deficiência e potencialidades da criança, idade cronológica, disponibilidade de recursos e de materiais e
estágio de desenvolvimento dos serviços de educação especial já implantados.
e) Frequentar escola especializada em sua necessidade em período contraturno, possuir recursos para ser
acompanhado por referida tutora (caso necessário) e grau de envolvimento da comunidade com o transporte do
educando.
Respostas: 01: 02: 03: 04: 05: 06: 07: 08: 09: 10: 11: 12: 13:
14: 15: 16: 17: 18: 19: 20:

21. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:


1. Progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio.
2. Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência.
3. Atendimento em creche e pré-escola às crianças de seis anos de idade.
4. Oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador.
Estão corretos apenas os itens:
a) 1, 3 e 4. b) 1, 2 e 4. c) 1 e 3.
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d) 1 e 4. e) 2 ,3 e 4 .

22. Julgue o item subsequentes, com base nos instrumentos legais que dispõem acerca da educação
brasileira, considerando que CF corresponde à Constituição Federal de 1988 e LDB, à Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional. Condições para acesso e permanência na escola pública ou privada,
independentemente do local de residência do aluno, constitui um direito assegurado pelo Estatuto da Criança
e do Adolescente.
( ) Certo ( ) Errado

23. Com relação aos aspectos legais da educação, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.
( ) A Constituição Federal de 1988 declarou, pela primeira vez, a educação como um direito social.
( ) O Estatuto da Criança e do Adolescente garante a igualdade de condições para o acesso e a permanência na
escola.
( ) A Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação estabelecem que a educação é dever do
Estado e da família.
As afirmativas são, respectivamente,
a) V, F e V. b) F, V e F. c) V, V e V.
d) V, V e F. e) F, F e V.

24. Com base no disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), julgue o item que se segue. Para ser
membro do conselho tutelar, a pessoa deve ter idade superior a dezoito anos, reconhecida condição financeira
e idoneidade moral, além de residir por, no mínimo, cinco anos no município.
( ) Certo ( ) Errado

25. Segundo o Artigo 232 da Lei Federal 8069/90, submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda
ou vigilância a vexame ou a constrangimento, terá com pena:
a) multa de dez salários mínimos.
b) detenção de seis meses.
c) detenção de seis meses a um ano.
d) detenção de seis meses a dois anos.

26. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso,
que o adolescente:
a) preste, durante um ano, serviços comunitários que consistem na realização de tarefas gratuitas de interesse geral.
b) responda criminalmente por seus atos infracionais.
c) seja encaminhado a um sistema prisional comum.
d) restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
e) seja obrigado a prestar trabalho forçado, no período proporcional à gravidade do delito.

27. Complete com a alternativa que completa corretamente. Nos termos do § 2º do artigo 19 do ECA, a
permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por
mais de _______ anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente
fundamentada pela autoridade judiciária.
a) 01 ano. b) 02 anos. c) 03 anos.
d) 04 anos. e) Nenhuma alternativa está correta.

28. Em relação ao Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho, é correto afirmar que:


a) não há legislação especial a respeito do trabalho dos adolescentes.
b) ao adolescente em pregado, aprendiz, é permitido realizar seu trabalho entre as vinte e duas horas de um dia e as
cinco horas do dia seguinte.
c) ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de aprendizagem.
d) na formação técnico-profissional, a frequência não é obrigatória.
e) estabelecer inter-relação entre organização do currículo, do trabalho pedagógico e da jornada de trabalho do
professor, tendo como objetivo cumprira legislação.

29. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases, o poder público, na esfera de sua competência federativa,
deverá, dentre outras ações, recensear:
a) mensalmente as crianças e adolescentes em idade escolar, bem como os jovens e adultos que não concluíram o
ensino fundamental.
b) de dois em dois anos as crianças em idade escolar, bem como os jovens e adultos que não concluíram a educação
básica.
c) anualmente as crianças e adolescentes em idade escolar, bem como os jovens e adultos que não concluíram a
educação básica.
d) anualmente as crianças e adolescentes em idade escolar, bem como os jovens e adultos que concluíram a
educação básica.
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30. Sobre adoção de criança e de adolescentes, leia as afirmativas.
I. Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o
cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.
II. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela
dos adotantes.
III. Os divorciados e os judicialmente separados não poderão adotar conjuntamente, independente de qualquer
condição.
Está correto apenas o que se afirma em:
a) II. b) I. c) I e II. d) II e III. e) I e III.

31. “A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa,
preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”.
De acordo com o ECA todas as alternativas são direitos das crianças, EXCETO:
a) Acesso a escola pública e gratuita próxima da sua residência.
b) Abandonar a escola para trabalhar e ajudar no sustento da família.
c) Igualdade de condições para acesso a escola e permanência nela.
d) Ser respeitado por seus educadores e contestar critérios avaliativos.

32. O bullying vem sendo tratado como uma dinâmica psicossocial expansiva que envolve um número cada
vez maior de crianças e adolescentes, meninos e meninas. A escola cidadã deve combater quaisquer
processos de bullying e de discriminação. Baseado nessa premissa, assinale a alternativa CORRETA:
a) Hoje, o bullying ganhou mais requinte, com a utilização de ferramentas disponíveis na internet e nos telefones
celulares para espalhar boatos, difamações, humilhações, causando graves transtornos para a vítima e seus familiares.
Esta nova modalidade de ataque é denominado cyberbullying ou assédio virtual.
b) O bullying não está diretamente relacionado à formação de gangues, ao uso de drogas e armas, à violência
doméstica e sexual e aos crimes contra o patrimônio.
c) O bullying não nasce da recusa a uma diferença, da intolerância, do desrespeito ao outro e sim em decorrência de
uma causa reativa: discussão, conflitos ou brigas entre dois ou mais indivíduos.
d) Os estudos sobre bullying tiveram início no Brasil no fim dos anos de 1980 e início de 2000.

33. A respeito das múltiplas infâncias e adolescências, analise as afirmativas a seguir.


I. Os alunos do ensino fundamental regular são crianças e adolescentes de faixas etárias cujo desenvolvimento está
marcado por interesses próprios, relacionando aos seus aspectos físico, emocional, social e cognitivo, em constante
interação.
II. Durante a etapa da escolarização obrigatória que os alunos entram na puberdade e se tornam adolescentes. Esse é,
pois, um período em que se deve intensificar a aprendizagem das normas da conduta social.
III.Nos anos iniciais do ensino fundamental, a criança desenvolve a capacidade de representação, indispensável para a
aprendizagem da leitura, dos conceitos matemáticos básicos e para a compreensão da realidade que a cerca,
conhecimentos que se postulam para esse período da escolarização.
Está (ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
a) I, II e III. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) I e III, apenas.

34. A Lei nº. 9394/96 determina quanto ao Ensino Fundamental de 9 (nove) anos:
a) Jornada integral obrigatória de trabalho efetivo em sala de aula em todos os sistemas de ensino.
b) O estudo sobre os símbolos nacionais, incluído enquanto tema transversal.
c) Obrigatoriedade do desdobramento do ensino fundamental em ciclos.
d) Ensino religioso de matrícula obrigatória.
e) Inclusão facultativa de conteúdo que trate dos direitos da criança e do adolescente nas séries finais.

35. Acerca da importância do diálogo no processo de formação e na relação pedagógica, julgue o item
seguinte. De acordo com Piaget, a importância do diálogo na formação do homem enquanto ser social
pressupõe a existência de um sistema de signos comuns e de definições. Nesse sentido, a maneira de ser
social de uma criança de cinco anos é diferente da de um adolescente. Logo, o docente que atua nos anos
iniciais da educação básica deve adequar seu discurso à clientela, o que é desnecessário para o que atua com
adolescentes, pois estes já dominam o pensamento operatório.
( ) Certo ( ) Errado

Respostas: 21: 22: 23: 24: 25: 26: 27: 28: 29: 30: 31: 32: 33: 34:
35:

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LEI Nº. 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990.
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.

DISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados isolada ou
conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou
privado.

TÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições
indispensáveis ao seu pleno exercício.

§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e


sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que
assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços p ara a sua promoção, proteção e
recuperação.

§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade.

Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos
bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do
País.

Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo anterior, se
destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social.

TÍTULO II
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

DISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais,
estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público,
constitui o Sistema Único de Saúde (SUS).

§ 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições públicas federais, estaduais e municipais de
controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados,
e de equipamentos para saúde.

§ 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de Saúde (SUS), em caráter complementar.

CAPÍTULO I
Dos Objetivos e Atribuições

Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:

I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde;

II - a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social, a observância do
disposto no § 1º do art. 2º desta lei;

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III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a
realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas.

Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS):

I - a execução de ações:

a) de vigilância sanitária;

b) de vigilância epidemiológica;

c) de saúde do trabalhador; e

d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;

II - a participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico;

III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde;

IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;

V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho;

VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de


interesse para a saúde e a participação na sua produção;

VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde;

VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano;

IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de


substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico;

XI - a formulação e execução da política de sangue e seus derivados.

§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir
riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação
de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo:

I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde,


compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e

II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde.

§ 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a


detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual
ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou
agravos.

§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de atividades que se destina,
através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos
trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos
riscos e agravos advindos das condições de trabalho, abrangendo:

I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional e do


trabalho;

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II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas,
avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho;

III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), da normatização,


fiscalização e controle das condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e
manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do
trabalhador;

IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;

V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de


acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações
ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética
profissional;

VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas


instituições e empresas públicas e privadas;

VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho, tendo na sua
elaboração a colaboração das entidades sindicais; e

VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina,
de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou
saúde dos trabalhadores.

CAPÍTULO II
Dos Princípios e Diretrizes

Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que
integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art.
198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios:

I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;

II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços
preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade
do sistema;

III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;

IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie;

V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;

VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário;

VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a


orientação programática;

VIII - participação da comunidade;

IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo:

a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;

b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;

X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico;

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XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população;

XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e

XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos.

CAPÍTULO III
Da Organização, da Direção e da Gestão

Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), seja diretamente
ou mediante participação complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma regionalizada e
hierarquizada em níveis de complexidade crescente.

Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de acordo com o inciso I do art. 198 da
Constituição Federal, sendo exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos:

I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;

II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão
equivalente; e

III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente.

Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para desenvolver em conjunto as ações e os serviços
de saúde que lhes correspondam.

§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o princípio da direção única, e os respectivos


atos constitutivos disporão sobre sua observância.

§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), poderá organizar-se em distritos de forma a
integrar e articular recursos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de saúde.

Art. 11. (Vetado).

Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de
Saúde, integradas pelos Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas da sociedade civil.

Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e programas de


interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS).

Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das comissões intersetoriais, abrangerá, em
especial, as seguintes atividades:

I - alimentação e nutrição;
II - saneamento e meio ambiente;
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia;
IV - recursos humanos;
V - ciência e tecnologia; e
VI - saúde do trabalhador.

Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de integração entre os serviços de saúde e as
instituições de ensino profissional e superior.

Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finalidade propor prioridades, métodos e
estratégias para a formação e educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de Saúde (SUS),
na esfera correspondente, assim como em relação à pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições.

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CAPÍTULO IV
Da Competência e das Atribuições

Seção I
Das Atribuições Comuns

Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exercerão, em seu âmbito administrativo,
as seguintes atribuições:

I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação e de fiscalização das ações e serviços de
saúde;

II - administração dos recursos orçamentários e financeiros destinados, em cada ano, à saúde;

III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde da população e das condições


ambientais;

IV - organização e coordenação do sistema de informação de saúde;

V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade e parâmetros de custos


que caracterizam a assistência à saúde;

VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade para promoção da saúde


do trabalhador;

VII - participação de formulação da política e da execução das ações de saneamento básico e


colaboração na proteção e recuperação do meio ambiente;

VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde;

IX - participação na formulação e na execução da política de formação e desenvolvimento de recursos


humanos para a saúde;

X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de Saúde (SUS), de conformidade com o


plano de saúde;

XI - elaboração de normas para regular as atividades de serviços privados de saúde, tendo em vista a sua
relevância pública;

XII - realização de operações externas de natureza financeira de interesse da saúde, autorizadas pelo
Senado Federal;

XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de situações de


perigo iminente, de calamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade competente da esfera
administrativa correspondente poderá requisitar bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas,
sendo-lhes assegurada justa indenização;

XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados;

XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos internacionais relativos à saúde,


saneamento e meio ambiente;

XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, proteção e recuperação da saúde;

XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do exercício profissional e outras entidades
representativas da sociedade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pesquisa, ações e
serviços de saúde;

XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde;

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XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde;

XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscalização inerentes ao poder de polícia sanitária;

XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos estratégicos e de atendimento emergencial.

Seção II
Da Competência

Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde (SUS) compete:

I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição;

II - participar na formulação e na implementação das políticas:

a) de controle das agressões ao meio ambiente;

b) de saneamento básico; e

c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho;

III - definir e coordenar os sistemas:

a) de redes integradas de assistência de alta complexidade;

b) de rede de laboratórios de saúde pública;

c) de vigilância epidemiológica; e

d) vigilância sanitária;

IV - participar da definição de normas e mecanismos de controle, com órgão afins, de agravo sobre o m eio
ambiente ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana;

V - participar da definição de normas, critérios e padrões para o controle das condições e dos ambientes
de trabalho e coordenar a política de saúde do trabalhador;

VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância epidemiológica;

VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras, podendo a
execução ser complementada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios;

VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle da qualidade sanitária de produtos,
substâncias e serviços de consumo e uso humano;

IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fiscalização do exercício profissional, bem


como com entidades representativas de formação de recursos humanos na área de saúde;

X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução da política nacional e produção de insumos
e equipamentos para a saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais;

XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência nacional para o estabelecimento de


padrões técnicos de assistência à saúde;

XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde;

XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o
aperfeiçoamento da sua atuação institucional;

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XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e os serviços
privados contratados de assistência à saúde;

XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas e para os Municípios, dos serviços e


ações de saúde, respectivamente, de abrangência estadual e municipal;

XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados;

XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde, respeitadas as competências


estaduais e municipais;

XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito do SUS, em cooperação técnica com os
Estados, Municípios e Distrito Federal;

XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a avaliação técnica e financeira do SUS
em todo o Território Nacional em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Federal. (Vide
Decreto nº 1.651, de 1995)

Parágrafo único. A União poderá executar ações de vigilância epidemiológica e sanitária em


circunstâncias especiais, como na ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do controle
da direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou que representem risco de disseminação nacional.

Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) compete:

I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços e das ações de saúde;

II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do Sistema Único de Saúde (SUS);

III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e executar supletivamente ações e serviços de
saúde;

IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e serviços:

a) de vigilância epidemiológica;
b) de vigilância sanitária;
c) de alimentação e nutrição; e
d) de saúde do trabalhador;

V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agravos do meio ambiente que tenham
repercussão na saúde humana;

VI - participar da formulação da política e da execução de ações de saneamento básico;

VII - participar das ações de controle e avaliação das condições e dos ambientes de trabalho;

VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar e avaliar a política de insumos e


equipamentos para a saúde;

IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e gerir sistemas públicos de alta complexidade,


de referência estadual e regional;

X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública e hemocentros, e gerir as unidades que
permaneçam em sua organização administrativa;

XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o controle e avaliação das ações e serviços de
saúde;

XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suplementar, de procedimentos de controle de


qualidade para produtos e substâncias de consumo humano;

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XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;

XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indicadores de morbidade e mortalidade no


âmbito da unidade federada.

Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) compete:

I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir e executar os serviços
públicos de saúde;

II - participar do planejamento, programação e organização da rede regionalizada e hierarquizada do


Sistema Único de Saúde (SUS), em articulação com sua direção estadual;

III - participar da execução, controle e avaliação das ações referentes às condições e aos ambientes de
trabalho;

IV - executar serviços:

a) de vigilância epidemiológica;
b) vigilância sanitária;
c) de alimentação e nutrição;
d) de saneamento básico; e
e) de saúde do trabalhador;

V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e equipamentos para a saúde;

VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente que tenham repercussão sobre a saúde
humana e atuar, junto aos órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para controlá-las;

VII - formar consórcios administrativos intermunicipais;

VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros;

IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e


fronteiras;

X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras
de serviços privados de saúde, bem como controlar e avaliar sua execução;

XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços privados de saúde;

XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públicos de saúde no seu âmbito de atuação.

Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reservadas aos Estados e aos Municípios.

CAPÍTULO V
Do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena

Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o atendimento das populações indígenas, em todo
o território nacional, coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei.

Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, componente do Sistema Único de
Saúde – SUS, criado e definido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990, com o qual
funcionará em perfeita integração.

Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, financiar o Subsistema de Atenção à Saúde
Indígena.

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Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema instituído por esta Lei com os órgãos
responsáveis pela Política Indígena do País.

Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições governamentais e não-governamentais poderão


atuar complementarmente no custeio e execução das ações.

Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a realidade local e as especificidades da


cultura dos povos indígenas e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que se deve pautar
por uma abordagem diferenciada e global, contemplando os aspectos de assistência à saúde, saneamento
básico, nutrição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação sanitária e integração
institucional.

Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá ser, como o SUS, descentralizado,
hierarquizado e regionalizado.

§ 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como base os Distritos Sanitários Especiais
Indígenas.

§ 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, devendo,


para isso, ocorrer adaptações na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as populações
indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento necessário em todos os níveis, sem discriminações.

§ 3o As populações indígenas devem ter acesso garantido ao SUS, em âmbito local, regional e de centros
especializados, de acordo com suas necessidades, compreendendo a atenção primária, secundária e terciária
à saúde.

Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a participar dos organismos colegiados de formulação,
acompanhamento e avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional de Saúde e os
Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for o caso.

CAPÍTULO VI
DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO DOMICILIAR

Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de Saúde, o atendimento domiciliar e a
internação domiciliar.

§ 1o Na modalidade de assistência de atendimento e internação domiciliares incluem-se, principalmente,


os procedimentos médicos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência social, entre outros
necessários ao cuidado integral dos pacientes em seu domicílio.

§ 2o O atendimento e a internação domiciliares serão realizados por equipes multidisciplinares que


atuarão nos níveis da medicina preventiva, terapêutica e reabilitadora.

§ 3o O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser realizados por indicação médica, com
expressa concordância do paciente e de sua família.

CAPÍTULO VII
DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DURANTE O
TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO

Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada, ficam
obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de
trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.

§ 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo será indicado pela parturiente.

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§ 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos direitos de que trata este artigo constarão do
regulamento da lei, a ser elaborado pelo órgão competente do Poder Executivo.

Art. 19-L. (VETADO)

TÍTULO III
DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE

CAPÍTULO I
Do Funcionamento

Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracterizam-se pela atuação, por iniciativa própria,
de profissionais liberais, legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na promoção,
proteção e recuperação da saúde.

Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saúde, serão observados os princípios éticos
e as normas expedidas pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às condições para seu
funcionamento.

Art. 23. É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou de capitais estrangeiros na assistência
à saúde, salvo através de doações de organismos internacionais vinculados à Organização das Nações
Unidas, de entidades de cooperação técnica e de financiamento e empréstimos.

§ 1° Em qualquer caso é obrigatória a autorização do órgão de direção nacional do Sistema Único de


Saúde (SUS), submetendo-se a seu controle as atividades que forem desenvolvidas e os instrumentos que
forem firmados.

§ 2° Excetuam-se do disposto neste artigo os serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por
empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes, sem qualquer ônus para a seguridade
social.

CAPÍTULO II
Da Participação Complementar

Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a cobertura assistencial à
população de uma determinada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados
pela iniciativa privada.

Parágrafo único. A participação complementar dos serviços privados será formalizada mediante contrato
ou convênio, observadas, a respeito, as normas de direito público.

Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos terão preferência
para participar do Sistema Único de Saúde (SUS).

Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços e os parâmetros de cobertura assistencial
serão estabelecidos pela direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no Conselho Nacional
de Saúde.

§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de pagamento da remuneração aludida n este
artigo, a direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato em demonstrativo
econômico-financeiro que garanta a efetiva qualidade de execução dos serviços contratados.

§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técnicas e administrativas e aos princípios e


diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do contrato.

§ 3° (Vetado).

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§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entidades ou serviços contratados é vedado
exercer cargo de chefia ou função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS).

TÍTULO IV
DOS RECURSOS HUMANOS

Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será formalizada e executada, articuladamente,
pelas diferentes esferas de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos:

I - organização de um sistema de formação de recursos humanos em todos os níveis de ensino, inclusive


de pós-graduação, além da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de pessoal;

II - (Vetado) III - (Vetado)

IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).

Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema Único de Saúde (SUS) constituem campo
de prática para ensino e pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente com o sistema
educacional.

Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessoramento, no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS), só poderão ser exercidas em regime de tempo integral.

§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou empregos poderão exercer suas atividades
em mais de um estabelecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos servidores em regime de tempo integral, com
exceção dos ocupantes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento.

Art. 29. (Vetado).

Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço sob supervisão serão regulamentadas por
Comissão Nacional, instituída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação das entidades
profissionais correspondentes.

TÍTULO V
DO FINANCIAMENTO

CAPÍTULO I
Dos Recursos

Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema Único de Saúde (SUS) de acordo com a
receita estimada, os recursos necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta elaborada
pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos da Previdência Social e da Assistência Social, tendo
em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos provenientes de:

I - (Vetado)

II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assistência à saúde;

III - ajuda, contribuições, doações e donativos;

IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital;

V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS); e

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VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais.

§ 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade da receita de que trata o inciso I deste artigo,
apurada mensalmente, a qual será destinada à recuperação de viciados.

§ 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) serão creditadas diretamente em
contas especiais, movimentadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas.

§ 3º As ações de saneamento que venham a ser executadas supletivamente pelo Sistema Único de
Saúde (SUS), serão financiadas por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, Distrito Federal,
Municípios e, em particular, do Sistema Financeiro da Habitação (SFH).

§ 4º (Vetado).

§ 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico em saúde serão co-financiadas


pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de recursos de
instituições de fomento e financiamento ou de origem externa e receita própria das instituições executoras.

§ 6º (Vetado).

CAPÍTULO II
Da Gestão Financeira

Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) serão depositados em conta especial,
em cada esfera de sua atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conselhos de Saúde.

§ 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do Orçamento da Seguridade Social, de outros


Orçamentos da União, além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saúde, através do Fundo
Nacional de Saúde.

§ 2º (Vetado). § 3º (Vetado).

§ 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu sistema de auditoria, a conformidade à


programação aprovada da aplicação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada a
malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Ministério da Saúde aplicar as medidas
previstas em lei.

Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da receita efetivamente arrecadada transferirão
automaticamente ao Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado o critério do p arágrafo único deste artigo, os
recursos financeiros correspondentes às dotações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos
e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da Seguridade Social será observada a mesma
proporção da despesa prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social.

Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos a Estados, Distrito Federal e Municíp ios,
será utilizada a combinação dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas e projetos:

I - perfil demográfico da região;

II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;

III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde na área;

IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período anterior;

V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos estaduais e municipais;

VI - previsão do plano qüinqüenal de investimentos da rede;

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VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para outras esferas de governo.

§ 1º Metade dos recursos destinados a Estados e Municípios será distribuída segundo o quociente de sua
divisão pelo número de habitantes, independentemente de qualquer procedimento prévio.

§ 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório processo de migração, os critérios


demográficos mencionados nesta lei serão ponderados por outros indicadores de crescimento populacional,
em especial o número de eleitores registrados.

§ 3º (Vetado). § 4º (Vetado). § 5º (Vetado).

§ 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação dos órgãos de controle interno e externo e
nem a aplicação de penalidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas na gestão dos
recursos transferidos.

CAPÍTULO III
Do Planejamento e do Orçamento

Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS) será ascendente, do
nível local até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessidades da política de
saúde com a disponibilidade de recursos em planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal
e da União.

§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e programações de cada nível de direção do
Sistema Único de Saúde (SUS), e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamentária.

§ 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento de ações não previstas nos planos de
saúde, exceto em situações emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde.

Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes a serem observadas na elaboração dos
planos de saúde, em função das características epidemiológicas e da organização dos serviços em cada
jurisdição administrativa.

Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxílios a instituições prestadoras de serviços
de saúde com finalidade lucrativa.

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 39. (Vetado). § 1º (Vetado). § 2º (Vetado). § 3º (Vetado). § 4º (Vetado).

§ 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps para órgãos integrantes do Sistema Único de
Saúde (SUS) será feita de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social.

§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inventariados com todos os seus acessórios,
equipamentos e outros

§ 7º (Vetado).

§ 8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados, mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo
Ministério do Trabalho e da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e Municipais de
Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao processo de gestão, de forma a permitir a gerencia
informatizada das contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas médico-hospitalares.

Art. 40. (Vetado)

Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer,
supervisionadas pela direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão como referencial de
prestação de serviços, formação de recursos humanos e para transferência de tecnologia.

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Art. 42. (Vetado).

Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preservada nos serviços públicos contratados,
ressalvando-se as cláusulas dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades privadas.

Art. 44. (Vetado).

Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de ensino integram-se ao Sistema Único de
Saúde (SUS), mediante convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação ao patrimônio, aos
recursos humanos e financeiros, ensino, pesquisa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que
estejam vinculados.

§ 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais de previdência social deverão integrar-se à


direção correspondente do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atuação, bem como
quaisquer outros órgãos e serviços de saúde.

§ 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os serviços de saúde das Forças Armadas poderão
integrar-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, para esse fim, for
firmado.

Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanismos de incentivos à participação do setor
privado no investimento em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia das universidades e
institutos de pesquisa aos serviços de saúde nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas
nacionais.

Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis estaduais e municipais do Sistema Único de
Saúde (SUS), organizará, no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saúde, integrado em
todo o território nacional, abrangendo questões epidemiológicas e de prestação de serviços.

Art. 48. (Vetado).

Art. 49. (Vetado).

Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios, celebrados para implantação dos
Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for sendo
absorvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Art. 51. (Vetado).

Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui crime de emprego irregular de verbas ou
rendas públicas (Código Penal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS)
em finalidades diversas das previstas nesta lei.

Art. 53. (Vetado).

Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de 1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975,
e demais disposições em contrário.

Brasília, 19 de setembro de 1990; 169º da Independência e 102º da República.

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QUESTÕES LEI DO SUS - 8.080/90

1. A lei 8080/90 define os princípios e diretrizes do SUS (Sistema Único de Saúde). A esse
respeito é incorreto afirmar que:
a) Devem-se organizar os serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins
idênticos.
b) Deve-se dar ênfase na descentralização dos serviços para os municípios.
c) O direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde, é um dos princípios do
SUS.
d) A universalidade de acesso é entendida como um conjunto articulado e contínuo das
ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada
caso em todos os níveis de complexidade do sistema.
___________________________________________________________________________

2. Sobre o controle social no SUS, assinale a alternativa incorreta:


a) O Conselho de Saúde tem caráter permanente, mas não deliberativo, devendo suas
decisões ser analisadas pelo secretário de saúde da instância correspondente.
b) As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão sua organização e normas de
funcionamento definidas em regimento próprio e aprovadas pelo respectivo Conselho.
c) A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos vários
segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação
da política de saúde nos níveis correspondentes.
d) A participação da comunidade é um dos princípios do SUS.
___________________________________________________________________________

3. Sobre o financiamento do SUS, assinale a alternativa incorreta:


a) Estados e municípios devem investir em Saúde, pelo menos 15% de sua receita.
b) A participação da iniciativa privada no SUS é permitida, mas apenas de modo
complementar.
c) Gastos com saneamento básico e aposentadoria de servidores da saúde não podem ser
incluídos pelos municípios como despesas em saúde.
d) Recursos da Previdência e Seguridade Social não são atualmente uma das fontes de
financiamento do SUS.
___________________________________________________________________________

4.Considerando o Pacto pela Saúde, no componente Pacto de Gestão, no que diz respeito às
responsabilidades da Gestão do SUS, não é responsabilidade dos municípios:
a) Elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saúde, considerando as diretrizes
estabelecidas no âmbito nacional.
b) Assumir integralmente a gerência de toda a rede pública de serviços de atenção básica,
englobando as unidades próprias e as transferidas pelo estado ou pela união.
c) Assumir a gestão e a gerência de unidades públicas de hemonúcleos e hemocentros
e elaborar normas complementares para a organização e funcionamento desta rede de
serviços.

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d) Promover a estruturação da assistência farmacêutica e garantir, em conjunto com as
demais esferas de governo, o acesso da população aos medicamentos cuja dispensação
esteja sob sua responsabilidade.
___________________________________________________________________________

5) Sobre a legislação do SUS, assinale a alternativa correta:


a) Segundo a lei 8080/90, normatizar e coordenar o Sistema Nacional de Sangue,
Componentes e Derivados, é competência do gestor estadual.
b) Segundo a Lei 8142/90, os municípios não poderão estabelecer consórcio para execução
de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas de recursos públicos.
c) A Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS) de 2002 interrompeu o processo de
Municipalização da Saúde.
d) Segundo a Constituição da República Federativa do Brasil, ao Sistema Único de
saúde compete, além de outras atribuições, incrementar em sua área de atuação o
desenvolvimento científico e tecnológico.
___________________________________________________________________________

6) Sobre a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS) de 2002, município que,


apresente papel de referência para outros municípios, em qualquer nível de atenção é
denominado:
a) Município Sede.
b) Unidade territorial de qualificação na assistência à saúde.
c) Município Polo.
d) Município Piloto.
___________________________________________________________________________

7) O decreto 7508 de 2011 regulamenta a Lei 8080/90. Considerando a organização do SUS,


como expressa nesse decreto, assinale a alternativa incorreta:
a) Poderão ser instituídas Regiões de Saúde interestaduais.
b) Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Pronto Atendimento são consideradas
Serviços Especiais de Acesso Aberto.
c) Região de Saúde é o espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de
Municípios limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de
redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de
integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde.
d) Ao usuário será assegurada a continuidade do cuidado em saúde, em todas as suas
modalidades, nos serviços, hospitais e em outras unidades integrantes da rede de atenção da
respectiva região.
___________________________________________________________________________

8) Considerando a estrutura organizacional do Sistema Nacional de Sangue, Componentes e


Derivados – SINASAN, assinale a alternativa incorreta:
a) Órgãos gestores do SUS nos três níveis de governo não integram o SINASAN.
b) Serviços de hemoterapia habilitados à execução de captação e triagem de candidatos à
doação, coleta, processamento, seleção, controle e garantia da qualidade, estocagem,
distribuição de sangue, seus componentes e hemoderivados, integram o SINASAN.

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c) Bancos de células de cordão umbilical e de medula óssea integram o SINASAN.
d) Serviços de hemoterapia filantrópicos e privados integram o SINASAN.
___________________________________________________________________________

9) Considerando a estrutura do Ministério da Saúde, o Sistema Nacional de Sangue,


Componentes e Derivados – SINASAN é subordinado à (ao):
a) Secretaria de Atenção à Saúde.
b) Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.
c) Secretaria de Vigilância à Saúde.
d) Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos.
___________________________________________________________________________

10) A Portaria MS nº 1.353, de 13.06.2011 aprovou o regulamento técnico de procedimentos


hemoterápicos. Considerando essa legislação, analise as sentenças abaixo e assinale
V(verdadeiro) ou F(falso):
( ) A frequência máxima admitida e o intervalo entre as doações são de três doações anuais
para o homem e de duas doações anuais para a mulher, exceto em circunstâncias especiais
que devem ser avaliadas e aprovadas pelo responsável técnico.
( ) O doador de sangue ou componentes deve ter idade máxima de 64 anos, 11 meses e 29
dias.
( ) O peso mínimo para um candidato a doador ser aceito para a doação é de 50 kg. A
sequência correta, de cima para baixo, é:
a) V,V,V.
b) F,V,F.
c) V,F,F.
d) F,F,V

GABARITO:
1. D 2. A 3. A 4. C 5. D 6. C 7. B 8. A 9. A 10. D

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QUESTÕES – ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
1. No que se refere ao Estatuto da Pessoa com Deficiência, julgue os seguintes itens. A
pessoa com deficiência tem o direito de receber cobranças de tributos de forma acessível,
independentemente de solicitação.
( ) Certo   ( ) Errado

2. O direito ao atendimento prioritário da pessoa com deficiência, da forma como prevê o Estatuto
da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), NÃO se aplica plenamente
a) aos acompanhantes e atendentes pessoais no que diz respeito aos atendimentos em
instituições e serviços de atendimento ao público
b) à proteção e socorro em quaisquer circunstâncias.
c) ao recebimento de restituição do imposto de renda.
d) à tramitação processual e de procedimentos judiciais e administrativos em que for parte ou
interessada.
e) aos serviços de emergência públicos e privados, pois ficam condicionados aos protocolos
de atendimento médico.

3. De acordo com a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência,
quanto ao Direito ao Trabalho é correto afirmar.
a) A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade de oportunidades com as demais
pessoas, às condições justas e favoráveis de trabalho, exceto quanto à igual remuneração
por trabalho de igual valor.
b) As pessoas jurídicas de direito público são obrigadas a garantir ambientes de trabalho
acessíveis e inclusivos e as de direito privado ficam com a responsabilidade exclusiva de
manter ações de promoção valorativa as pessoas com deficiência.
c) É garantida aos trabalhadores com deficiência que demonstrem bom desempenho
cognitivo e de aprendizagem a acessibilidade em cursos de formação e de capacitação.
d) É vedada restrição ao trabalho da pessoa com deficiência e qualquer discriminação
em razão de sua condição, inclusive nas etapas de recrutamento, seleção, contratação,
admissão, exames admissional e periódico, permanência no emprego, ascensão profissional
e reabilitação profissional, bem como exigência de aptidão plena.

4. Segundo o Estatuto da Pessoa com deficiência, avaliação da deficiência, quando necessária, será:
a) multiprofissional, interdisciplinar e bioativa;
b) biopsicossocial, multiprofissional e interrelacional;
c) interdisciplinar, multiprofissional e biopsicossocial;
d) interprofissional, multisocial e bioativa;
e) biopsicossocial, interrelacional e multiativa.

5. Para a avaliação da deficiência, quando necessária, serão considerados os itens abaixo, a


exceção de(a).
a) a limitação no desempenho de atividades;
b) a restrição de participação.
c) os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
d) os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
e) as funções atitudinais e reflexivas do desenvolvimento.

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6. De acordo com a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência,
a avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe
multiprofissional e interdisciplinar. Assinale a alternativa correta quanto ao que deve ser
considerado nessa avaliação.
a) Os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; os fatores socioambientais,
psicológicos e pessoais; a limitação no desempenho de atividades; e a restrição de
participação.
b) A acessibilidade e ausência de tecnologia assistiva, ou seja, os produtos, equipamentos,
dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem
promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com
deficiência e o nível de aceitação de sua família e outros grupos sociais.
c) A adequação ou não dos fatores espaciais e humanos que lhes garantam a presença de
barreiras urbanísticas aquelas existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos
ao público ou de uso coletivo e as barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios
públicos e privados no meio urbano.
d) Exclusivamente a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e
autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes,
informação e comunicação.

7. 1) O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/15) é uma lei instituída no Brasil para
buscar a inclusão da pessoa com Deficiência tendo como base a Convenção sobre os Direitos
das Pessoas com deficiência e seu Protocolo Facultativo incorporados na legislação brasileira
com força de Emenda Constitucional, diante do disposto no Art. 5º, § 3º da CF. Portanto, é uma
norma que busca implementar a igualdade de oportunidades para as pessoas com deficiência.
A lei prevê nas suas disposições preliminares o direito da pessoa com deficiência receber
atendimento prioritário para diversas finalidades, a maioria destes atendimentos são extensivos
ao acompanhante ou ao atendente pessoal da pessoa com deficiência, por este motivo, marque
a alternativa abaixo que traz um atendimento prioritário, constante no Estatuto, não extensivo
aos acompanhantes e atendentes pessoais da pessoa com deficiência.
a) atendimento em todas as instituições e serviços de atendimento ao público.
b) disponibilização de recursos, tanto humanos quanto tecnológicos, que garantam
atendimento em igualdade de condições com as demais pessoas.
c) disponibilização de pontos de parada, estações e terminais acessíveis de transporte coletivo
de passageiros e garantia de segurança no embarque e no desembarque.
d) acesso a informações e disponibilização de recursos de comunicação acessíveis.
e) tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos em que for parte ou
interessada, em todos os atos e diligências.

8. Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/15), uma lei instituída no Brasil
para buscar a inclusão da pessoa com Deficiência tendo como base a Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com deficiência e seu Protocolo Facultativo incorporados na legislação
brasileira com força de Emenda Constitucional, diante do disposto no Art. 5º, § 3º da CF.
Marque a alternativa que não traz um direito previsto no estatuto citado anteriormente.
a) As operadoras de planos e seguros privados de saúde são obrigadas a garantir à pessoa
com deficiência, no mínimo, todos os serviços e produtos ofertados aos demais clientes.
b) Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, a pessoa com
deficiência ou o seu responsável goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia
própria.

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c) À pessoa com deficiência internada ou em observação é assegurado o direito a
acompanhante ou a atendente pessoal, devendo o órgão ou a instituição de saúde
proporcionar condições adequadas para sua permanência em tempo integral.
d) É assegurado à pessoa com deficiência que não possua meios para prover sua subsistência
nem de tê-la provida por sua família o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos
termos da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993.
e) A pessoa com deficiência tem direito à residência inclusiva, no seio da família natural ou
substituta, com seu cônjuge ou companheiro ou desacompanhada.

9. De acordo com os conceitos previstos no Estatuto da Pessoa com Deficiência − Lei nº 13.146/15,
é correto afirmar:
a) Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de
natureza física, mental ou sensorial, excluídos os impedimentos de ordem intelectual.
b) Acompanhante é aquele que acompanha a pessoa com deficiência, podendo ou não
desempenhar as funções de atendente pessoal.
c) Tecnologia assistiva ou ajuda técnica são aquelas que dificultam ou impedem o acesso da
pessoa com deficiência às tecnologias.
d) Residências inclusivas são moradias com estruturas adequadas capazes de proporcionar
serviços de apoio coletivos e individualizados que respeitem e ampliem o grau de
autonomia de jovens e adultos com deficiência.
e) Barreiras arquitetônicas são aquelas existentes nas vias e nos espaços públicos e privados
abertos ao público ou de uso coletivo.

10. A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei Federal nº 13.146, de 6 de julho
de 2015) é destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos
direitos e das liberdades fundamentais da pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social
e cidadania.
Sobre o direito à educação prevista na Lei, é incorreto afirmar:
a) A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurado sistema educacional
inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida,de forma a alcançar
o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais,
intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de
aprendizagem.
b) responsabilidade do poder público assegurar à pessoa com deficiência o acesso à educação
superior e à educação profissional e tecnológica em igualdade de oportunidades e
condições com as demais pessoas.
c) Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar,
acompanhar e avaliar a oferta de profissionais de apoio escolar, com formação superior em
Pedagogia.
d) É vedada às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino, a cobrança de
valores adicionais, de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas, de
alunos com necessidades especiais.
11. Quanto à realização de tratamento, procedimento, hospitalização e pesquisa científica
relacionados à pessoa com deficiência, a Lei nº 13.146/2015 estabelece que
a) é indispensável o seu consentimento prévio, livre e esclarecido, podendo, no entanto, ser
suprido em situação de curatela, na forma da lei.
b) é dispensável o seu consentimento, desde que o objetivo a ser alcançado seja para o seu
próprio bem-estar.
c) se exige o seu prévio e livre consentimento por escrito, não podendo ser suprido mesmo
em situação de curatela.

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d) não se exigirá o seu consentimento pessoal, no caso de pesquisa científica, se os seus pais
ou responsáveis legais assim se manifestarem em seu lugar.
e) será exigido o seu prévio e livre consentimento apenas para a hipótese de pesquisa
científica, podendo ser dispensado nos demais casos.
12. Fulana, pessoa com deficiência, foi atendida em hospital particular com vários hematomas em
seu corpo, levando o agente de saúde a suspeitar que ela teria sido vítima de violência. Nessa
situação, a Lei nº 13.146/2015 estabelece que
a) o agente de saúde deverá envidar todos os esforços para confirmar a violência sofrida
pela pessoa com deficiência e, uma vez confirmada, deverá notificar compulsoriamente o
Ministério da Saúde.
b) o agente de saúde nada poderá fazer nesse caso, uma vez que se trata apenas de uma
suspeita.
c) deverá ser feita a notificação compulsória do fato suspeito à autoridade policial e ao
Ministério Público, além dos Conselhos dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
d) o hospital, por ser particular, não está obrigado a notificar as autoridades, uma vez que a
notificação compulsória é imposta apenas aos hospitais públicos.
e) o hospital deve, assim que teve conhecimento do fato, tomar o depoimento por escrito da
vítima e notificar o juiz da Comarca para as devidas providências.

13. De acordo com a Lei nº 13.146/2015, os hotéis, pousadas e similares devem ser construídos
observando-se os princípios do desenho universal, além de adotar todos os meios de
acessibilidade, conforme legislação em vigor. Com relação aos estabelecimentos já existentes,
os meios de acessibilidade
a) devem ser garantidos na ordem de 20%, pelo menos, do total de seus dormitórios,
garantidas, ao menos, duas unidades acessíveis.
b) não serão obrigatórios, podendo ser adaptadas suas unidades em livre proporção.
c) devem ser garantidos em, pelo menos, 10% de seus dormitórios, garantida, no mínimo,
uma unidade acessível.
d) devem ser garantidos na mesma proporção que os novos empreendimentos, devendo ser
efetuadas as obras necessárias para atender às exigências da Lei.
e) não são obrigatórios, devendo a lei de cada Estado da Federação oferecer vantagens e
benefícios para que esses estabelecimentos possam oferecer a mesma acessibilidade.

14. No que diz respeito ao direito das pessoas com deficiência à educação e ao trabalho, assinale a
alternativa correta à luz do Estatuto da pessoa com deficiência (Lei nº 13.146/2015).
a) Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino, é permitida a cobrança
de valores adicionais em suas mensalidades, anuidades e matrículas com o objetivo de
cumprir as determinações da lei para receber os estudantes com deficiência.
b) Os tradutores e intérpretes da Libras, quando direcionados à tarefa de interpretar nas
salas de aula dos cursos de graduação e pós-graduação, devem, no mínimo, possuir ensino
médio completo e certificado de proficiência na Libras.
c) A tradução completa do edital e de suas retificações em Libras é uma das medidas a serem
adotadas nos processos seletivos para ingresso e permanência nos cursos oferecidos
pelas instituições de ensino superior e de educação profissional e tecnológica, públicas e
privadas.
d) A pessoa com deficiência tem direito ao acesso a cursos, treinamentos, educação
continuada, planos de carreira, promoções, bonificações e incentivos profissionais
oferecidos pelo empregador, sem concorrer com os demais empregados.
e) A prioridade no atendimento à pessoa com deficiência com maior dificuldade de inserção
no campo de trabalho impossibilita a colocação competitiva da pessoa com deficiência em
igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

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15. A recém-editada Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
Deficiência), Lei 13.146, de 6 de julho de 2015, entra em vigor 180 dias após sua publicação,
e opera importantes modificações no Código Civil Brasileiro. A respeito dessas modificações,
assinale a única alternativa CORRETA:
a) Em relação ao regime das incapacidades, a alteração operada foi que as pessoas que, por
causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade deixaram de ser
absolutamente incapazes e passaram a relativamente incapazes.
b) Quanto à possibilidade de serem testemunhas, foi revogado o dispositivo relativo aos
cegos e surdos, mantendo-se o relativo às pessoas que, por enfermidade ou retardamento
mental, não tiverem discernimento para a prática dos atos da vida civil.
c) Sobre a nulidade do casamento contraído “pelo enfermo mental sem o necessário
discernimento para os atos da vida civil", essa nulidade, antes absoluta, foi tornada relativa.
d) Quanto à interdição, ficou estabelecido que o processo que define os termos da curatela
pode ser promovido pela própria pessoa a ser curatelada.
e) Foi inserido novo instituto para suprir a capacidade das pessoas com deficiência, a tomada
de decisão apoiada, pela qual o juiz elege duas pessoas idôneas para apoiar a tomada de
decisão das pessoas com deficiência nos autos de processos judiciais.

GABARITO:

1. Errado, pois é preciso a solicitação – Art. 62.


2. E – Art. 9, § 2º.
3. D – Art. 34, § 3º.
4. C – Art. 2º, § 1º.
5. E – Art. 2º, § 1º, I ao IV.
6. A – Art. 2º, § 1º da Lei nº 13.146/2015.
7. E – Art. 9º, § 1º da Lei nº 13.146/15 (Art. 9, VII).
8. E – A- ok – Art. 20; B- ok – Art. 32; C- ok – Art. 22; D) ok – Art. 40; E) Art. 31 – errado.
9. B – Art. 3º, XIV.
10. C – Art. 28, XVII.
11. A – Art. 11 e Art. 12.
12. C – Art. 7º.
13. C – Art. 45, § 1º.
14. C – Art. 30, VII
15. D – Arts. 112, 113, 114, 115 e 116 ambos do Estatuto.

146
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LEI Nº 8.429 – 92 / LEI DE IMPROBIDADE

SERVIDOR. ENRIQUECIMENTO MANDATO


ILÍCITO
EMPEGADO
AGENTES PÚBLICO.
PÚBLICOS CARGO
SANÇÕES AGENTES
HONORÍFICOS

AGENTES
POLÍTICOS:
INSTRUMENTOS políticos+M PREJUÍZO AO ERÁRIO EMPREGO OU
FUNÇÃO NA
DE CONTROLE . P + JUÍZES. ADMINISTRAÇÃ
O PUBLICA
DIRETA,
INDEPENDE DE RECEBER OU NÃO CONTRA OS PRINCÍPIOS DA INDIRETA OU
REMUNERAÃO ADM. FUNDACIONAL

___________________________________________________________________
CAPÍTULO I

Das Disposições Gerais


Art. 1°

ATOS DE
IMPROBIDADE
ATOS DE ADMINISTRAÇÃO
IMPROBIDADE DIRETA, INDIRETA OU
FUNDAMENTAL
PODERES DA UNIÃO,
Enriquecimento PRATICADOS POR DOS ESTADOS, DO
ilícito QUALQUER DISTRITO FEDERAL, SERÃO
SERVIDOR OU DOS MUNICÍPIOS, DE PUNIDOS
Prejuízo ao erário NÃO CONTRA A TERRITÓRIO, DE NA FORMA
ADMINISTRAÇÃO EMPRESA DESTA LEI.
PÚBLICA INCORPORADA AO
PATRIMÔNIO PÚBLICO
Contra os OU DE ENTIDADE
princípios.
_______________________________________________
DE ÓRGÃO
PATRIMÔNIO DE
ENTIDADE QUE
Parágrafo Unico. PÚBLICO
RECEBA SUBVENÇÃO

ESTÃO TAMBÉM
SUJEITOS ÀS
PENALIDADES
DESTA LEI ATO
PRATICADOS
BENEFÍCIO OU CONTRA FISCAL OU
INCENTIVO CREDITÍCIO

147
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Art. 2°

____________________________________________________________________________________

Art. 3°

AS
MESMO NÃO SENDO AGENTE
DISPOSIÇÕES PÚBLICO, INDUZA OU CONCORRA
DESTA LEI PARA A PRÁTICA DO ATO DE
SÃO IMPROBIDADE OU DELE SE BENEFICIE
APLICÁVEIS SOB QUALQUER FORMA DIRETA OU
INDIRETA.

___________________________________________________________________________________

Art. 4°

A VELAR PELA ESTRITA


OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS
SÃO OBRIGADOS DE LEGALIDADE,
IMPESSOALIDADE, MORALIDADE
E PUBLICIDADE NO TRATO DOS
ASSUNTOS QUE LHE SÃO
AFETOS.

___________________________________________________________________-________________
Art. 5°

AÇÃO OU OMISSÃO
OCORRENDO
LESÃO AO
PATRIMÔNIO DAR-SE-Á O
PÚBLICO DOLOSA OU INTEGRAL
CULPOSA RESSARCIMENTO
DO DANO.

DO AGENTE OU DE
TERCEIRO

148
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Art. 6°

O AGENTE
BENS OU VALORES
PÚBLICO OU
TERCEIRO PERDERÁ ACRESCIDOS AO SEU
PATRIMÔNIO.
ENRIQUECIMENTO BENEFICIÁRIO
ILÍCITO

___________________________________________________________________
Art. 7°

CABERÁ

____________________________________________________________________________________
Parágrafo único.

INDISPONIBILIDADE

-_____________________________________________________________________________________
Art. 8°

está sujeito às cominações desta lei


até o limite do valor da herança.

149
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CAPÍTULO II
Dos Atos de Improbidade Administrativa

IMPROBIDADE: 3 TIPOS

Art. 9° Art.10° Art.11°


ENRIQUECIMENTO CONTRA OS PRINCÍPIOS
PREJUÍZO AO ERÁRIO
ILÍCITO DA ADMINISTRAÇÃO

QUALQUER AÇÃO OU
QUALQUER AÇÃO OU OMISSÃO, OMISSÃO QUE VIOLE OS
DOLOSA OU CULPOSA, QUE DEVERES DE
ENSEJA PERDA PATRIMONIAL
HONESTIDADE,
FACILITAR A INCORPORAÇÃO IMPARCIALIDADE,
AO PATRIMÔNIO PARTICULAR- LEGALIDADE E LEALDADE.
PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA-
PRATICAR ATO VISANDO
BENS E RENDAS;
PERMITIR QUE PESSOA FIM PROIBIDO EM LEI;
PRIVADAUTILIZE BENS(...);
RETARDAR OU DEIXAR DE
DOAR BENS,RENDAS,VERBAS
OU
PRATICAR ATO DE OFÍCIO;
PERMITIR OU FACILITAR
REVELAR INFORMAÇÕES
▪ A ALIENAÇÃO(...) POR
QUE DEVA PERMANECER
PREÇO INFERIOR AO DE
MERCADO EM SEGREDO;
▪ A AQUISIÇÃO(...) POR
NEGAR PUBLICIDADE AOS
PREÇO SUPERIOR AO DE
MERCADO
ATOS OFICIAIS;
REALIZAR OPERAÇÂO
FRUSTRAR A LICITUDE DE
FINANCEIRA ILEGAL;
CONCURSO PÚBLICO;
CONCEDER BENEFÍCIO
ADMINISTRATIVO OU FISCAL; DEIXAR DE PRESTAR
FRUSTRAR A LICITUDE DE
CONTA QUANDO ESTEJA
PROCESSO LICITATÓRIO OU
DISPENSA-LO INDEVIDAMENTE;
OBRIGADO A FAZÊ-LO;
ORDENAR OU PERMITIR A REVELAR INFORMAÇÕES
REALIZAÇÃO DE DESPESAS NÃO
ANTES DA DIVULGAÇÃO
AUTORIZADAS EM LEI OU
REGULAMENTO; OFICIAL;
AGIR NEGLIGENTEMENTE NA
DESCUMPRIR AS NORMAS
ARRECADAÇÃO DE TRIBUTO OU
RENDA;
RELATIVAS À
LIBERAR VERBA PÚBLICA DE CELEBRAÇÃO,
FORMA IRREGULA; FISCALIZAÇÃO E
PERMITIR QUE TERCEIRO SE APROVAÇÃO DE CONTAS
ENRIQUEÇA ILICITAMENTE; DE PARCERIAS FIRMADAS;
PERMITIR QUE SE UTILIZE BENS
E SERVIÇOS PÚBLICOS; TRANSFERIR RECURSO A
CELEBRAR CONTRATO ENTIDADE PRIVADA, EM
IRREGULAR; RAZÃO DA PRESTAÇÃO DE
CELEBRAR CONTRATO DE SERVIÇOS NA ÁREA DE
RATEIO DE CONCÓRCIO SAÚDE SEM A PRÉVIA
PÚBLICO DOTAÇÃO. CELEBRAÇÃO DE
CONTRATO, CONVÊNIO OU
INSTRUMENTO
____________________________________________________________________________________
CONGÊNERE.

150
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CAPÍTULO III
Art.12
DAS PENAS

ENRIQUECIMENTO ILICITO

PERDA DE VALORES E BENS ILICITAMENTE ADQUIRIDOS

RESSARCIMENTO INTEGRAL DO DANO, QUANDO OUVER

PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA

SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS ( DE 8 A 10 ANOS)

MULTA CIVIL (ATÉ 3X O VALOR DO ACRÉSCIMO


PATRIMONIAL)

PROIBIÇÃO DE CONTRATAR COM O PODER PÚBLICO OU


RECEBER BENEFÍCIOS ( PELO PRAZO DE 10 ANOS)

RESSARCIMENTO INTEGRAL DO DANO

PERDA DE BENS E VALORES ILICITAMENTE ADQUIRIDOS, SE


INCORRER NESSA HIPÓTESE

PREJUÍZO
PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA
AO ERÁRIO

SUSPENSÃO DOS DIREITOS PULÍTICOS (DE 5 A 8 ANOS)

MULTA CIVIL (ATÉ 2X O VALOR DO DANO)

PROIBIÇÃO DE CONTRATAR COM O PODER PÚBLICO OU


RECEBER BENEFÍCIOS (PELO PRAZO DE 5 ANOS)

RESSARCIMENTO INTEGRAL DO DANO, QUANDO HOUVER

PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA

ATENTADO AOS SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOX


PRINCÍPIOS
(DE 3 A 5 ANOS)

MULTA CIVIL
(ATÉ 100X O VALOR DA REMUNERAÇÃO)

PROIBIÇÃO DE CONTRATAR COM O PODER PÚBLICO OU


RECEBER BENEFÍCIOS (PELO PRAZO DE 3 ANOS)

151
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_____________________________________________________________________________________

CAPÍTULO IV

Art.13

COMPREENDERÁ O DECLARANTE, PODERÁ


IMÓVEIS, MÓVEIS, ENTREGAR CÓPIA DA
SEMOVENTES, DECLARAÇÃO ANUAL DE
DINHEIRO, TÍTULOS, BENS APRESENTADA À
AÇÕES, E QUALQUER DELEGACIA DA RECEITA
OUTRA ESPÉCIE DE FEDERAL NA
BENS E VALORES CONFORMIDADE DA
PATRIMONIAIS E LEGISLAÇÃO DO
QUANDO FOR O CASO IMPOSTO SOBRE A
TAMBÉM ABRANGERÁ DA
RENDA E PROVENTOS DE
OS BENS DAS PESSOAS DECLARAÇÃO QUALQUER NATUREZA,
QUE VIVAM SOB A
DEPENDÊNCIA DE BENS COM AS NECESSÁRIAS
ECONÔMICA DO ATUALIZAÇÕES.
DECLARANTE.

SERÁ PUNIDO COM A


PENA DE DEMISSÃO, A
BEM DO SERVIÇO
SERÁ ANUALMENTE PÚBLICO, SEM PREJUÍZO
ATUALIZADA E NA DE OUTRAS SANÇÕES
DATA EM QUE O CABÍVEIS, O AGENTE
AGENTE PÚBLICO PÚBLICO QUE SE
DEIXAR O EXERCÍCIO RECUSAR A PRESTAR
DO MANDATO, DECLARAÇÃO DOS BENS,
CARGO, EMPREGO OU DENTRO DO PRAZO
FUNÇÃO. DETERMINADO, OU QUE A
PRESTAR FALSA.

___________________________________________________________________

CAPÍTULO V

Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial


Art.14
PARA QUE SEJA
QUALQUER INSTAURADA
PESSOA PODERÁ INVESTIGAÇÃO
REPRESENTAR À DESTINADA A
AUTORIDADE APURAR A
ADMINISTRATIVA PRÁTICA DE ATO
DE IMPROBIDADE.

152
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A AUTORIDADE
ADMINISTRATIVA A REPRESENTAÇÃO SERÁ:
REJEITARÁ A
REPRESENTAÇÃO, EM • ESCRITA OU REDUZIDA A TERMO
DESPACHO E ASSINADA;
FUNDAMENTADO, SE ESTA • CONTERÁ
NÃO CONTIVER AS • A QUALIFICAÇÃO DO
FORMALIDADES REPRESENTANTE,
ESTABELECIDAS NO § 1º
DESTE ARTIGO. A
• AS INFORMAÇÕES SOBRE
REJEIÇÃO NÃO IMPEDE A O FATO E SUA AUTORIA E
REPRESENTAÇÃO AO • A INDICAÇÃO DAS PROVAS
MINISTÉRIO PÚBLICO, NOS DE QUE TENHA
TERMOS DO ART. 22 DESTA CONHECIMENTO.
LEI.

A AUTORIDADE DETERMINARÁ A
IMEDIATA APURAÇÃO DOS
FATOS QUE, EM SE TRATANDO
DE SERVIDORES FEDERAIS,
SERÁ PROCESSADA NA FORMA ATENDIDOS OS
PREVISTA NOS ARTS. 148 A 182 REQUISITOS DA
DA LEI Nº 8.112, DE 11 DE REPRESENTAÇÃO
DEZEMBRO DE 1990 E, EM SE
TRATANDO DE SERVIDOR
MILITAR, DE ACORDO COM OS
RESPECTIVOS REGULAMENTOS
DISCIPLINARES.

_____________________________________________________________________________________

Art. 15 MINISTÉRIO
CONHECIMENTO AO
MINISTÉRIO PÚBLICO E PÚBLICO OU
AO TRIBUNAL OU TRIBUNAL OU
CONSELHO DE CONTAS CONSELHO DE
DA EXISTÊNCIA DE CONTAS
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO PARA
APURAR A PRÁTICA DE
ATO DE IMPROBIDADE.

PODERÁ, A
REQUERIMENTO,
DESIGNAR
REPRESENTANTE
PARA
ACOMPANHAR O
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO.

_____________________________________________________________________________________
153
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Art. 16. HAVENDO FUNDADOS
INDÍCIOS DE DECRETAÇÃO DO SEQUESTRO DOS BENS
RESPONSABILIDADE DO AGENTE OU TERCEIRO NOS TERMOS
A COMISSÃO DO ARTS. 822 E 825 DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL.
REPRESENTARÁ AO
MINISTÉRIO PÚBLICO OU
À PROCURADORIA DO
ÓRGÃO

QUANDO FOR O CASO, O PEDIDO INCLUIRÁ


• A INVESTIGAÇÃO
• O EXAME
• E O BLOQUEIO DE BENS, CONTAS
BANCÁRIAS E APLICAÇÕES FINANCEIRAS
MANTIDAS PELO INDICIADO NO EXTERIOR,
NOS TERMOS DA LEI E DOS TRATADOS
INTERNACIONAIS.

____________________________________________________________________________________

Art. 17.
PESSOA JURÍDICA
DENTRO DE
INTERESSADA 30 DIAS DA
A AÇÃO
EFETIVAÇÃO
PRINCIPAL SERÁ PROPOSTA:
DA MEDIDA
MINISTÉRIO CAUTELOSA
PÚBLICO

É VEDADA A NO CASO DE A AÇÃO


TRANSAÇÃO, PRINCIPAL TER SIDO
ATUARÁ
ACORDO OU PROPOSTA PELO MINISTÉRIO OBRIGATORIAMENTE,
CONCILIAÇÃO PÚBLICO, APLICA-SE, NO QUE
COMO FISCAL DA LEI,
NAS AÇÕES COUBER, O DISPOSTO NO §
SOB PENA DE
3O DO ART. 6O DA LEI NO 4.717, NULIDADE
DE 29 DE JUNHO DE 1965.

AS AÇÕES
NECESSÁRIAS À
A FAZENDA COMPLEMENTAÇÃO
PROMOVERÁ DO RESSARCIMENTO
PÚBLICA DO PATRIMÔNIO
PÚBLICO.

A JURISDIÇÃO DO JUÍZO
PARA TODAS AS AÇÕES
A
POSTERIORMENTE
PROPOSITURA PREVINARÁ INTENTADAS QUE POSSUAM
DA AÇÃO A MESMA CAUSA DE PEDIR
OU O MESMO OBJETO.
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INDÍCIOS SUFICIENTES
DA EXISTÊNCIA DO
ATO DE IMPROBIDADE
OU COM RAZÕES
A COM FUNDAMENTADAS DA
AÇÃO SERÁ DOCUMENTOS OU IMPOSSIBILIDADE DE
INSTRUÍDA JUSTIFICAÇÃO QUE APRESENTAÇÃO DE
CONTENHAM QUALQUER DESSAS
PROVAS, OBSERVADA
A LEGISLAÇÃO
VIGENTE, INCLUSIVE
AS DISPOSIÇÕES
INSCRITAS NOS ARTS.
16 A 18 DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL.

PARA OFERECER
ESTANDO
AUTUÁ-LA E MANIFESTAÇÃO POR
A INICIAL ESCRITO, QUE
EM ORDENARÁ A
O JUIZ PODERÁ SER
DEVIDA NOTIFICAÇÃO INSTRUÍDA COM
FORMA MANDARÁ
DO REQUERIDO DOCUMENTOS E
, JUSTIFICAÇÕES,
DENTRO DO PRAZO
DE QUINZE DIAS.

SE CONVENCIDO DA INEXISTÊNCIA RECEBIDA A


DO ATO DE IMPROBIDADE, DA MANIFESTAÇÃO
IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO OU DA O JUIZ POR ESCRITO
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. REJEITARÁ NO PRAZO DE
A AÇÃO 30 DIAS

RECEBIDA A SERÁ O RÉU CITADO PARA


PETIÇÃO INICIAL, APRESENTAR CONTESTAÇÃO.

§ 10. DA DECISÃO QUE RECEBER A PETIÇÃO INICIAL, CABERÁ AGRAVO DE INSTRUMENTO.

O PROCESSO SEM RECONHECIDA A


JULGAMENTO DO SE INADEQUAÇÃO DA AÇÃO
MÉRITO DE IMPROBIDADE
O JUIZ EXTINGUIRÁ

§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos por esta Lei o
disposto no art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal.
§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera pessoa jurídica interessada o ente tributante
que figurar no polo ativo da obrigação tributária de que tratam o § 4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei
Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003.
___________________________________________________________________________________

155
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Art. 18. A SENTENÇA QUE: O PAGAMENTO OU A
• JULGAR REVERSÃO DOS BENS,
PROCEDENTE AÇÃO
CIVIL DE REPARAÇÃO CONFORME O CASO, EM
DE DANO FAVOR DA PESSOA
DETERMINARÁ
OU JURÍDICA PREJUDICADA
• DECRETAR A PERDA PELO ILÍCITO.
DOS BENS HAVIDOS
ILICITAMENTE

_________________________________________________________________________________

CAPÍTULO VI
Das Disposições Penais
Art. 19 e Art.20

_____________________________________________________________________________________
Art.21
I - DA EFETIVA OCORRÊNCIA DE DANO AO
A APLICAÇÃO
PATRIMÔNIO PÚBLICO, SALVO QUANTO À
DAS SANÇÕES
PENA DE RESSARCIMENTO;
PREVISTAS
NESTA LEI
II - DA APROVAÇÃO OU REJEIÇÃO DAS
INDEPENDE
CONTAS PELO ÓRGÃO DE CONTROLE
INTERNO OU PELO TRIBUNAL OU
Art. 22 CONSELHO DE CONTAS.
PODERÁ
PARA
APURAR
QUALQUER
MP REQUISITAR
A INSTAURAÇÃO DE IP OU PAD
ILÍCITO
PREVISTO
NESTA LEI

DE OFÍCIO, A REQUERIMENTO DE AUTORIDADE ADMINISTRATIVA OU


MEDIANTE REPRESENTAÇÃO FORMULADA DE ACORDO COM O
DISPOSTO NO ART. 14,
156
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____________________________________________________________________________________
CAPÍTULO VII
DA PRESCRIÇÃO
Art. 23.
AS AÇÕES DESTINADAS A LEVAR A EFEITOS AS SANÇÕES PREVISTAS NESTA LEI PODEM SER
PROPOSTAS

ATÉ CINCO ANOS APÓS O TÉRMINO DO EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO OU DE


DE MANDATO FUNÇÃO DE CONFIANÇA;

DENTRO DO PRAZO FALTAS DISCIPLINARES NOS CASOS DE EXERCÍCIO DE


PRESCRICIONAL PREVISTO EM PUNÍVEIS COM DEMISSÃO A BEM CARGO EFETIVO OU EMPREGO.
LEI ESPECÍFICA DO SERVIÇO PÚBLICO
À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA
PRESTAÇÃO DE CONTAS FINAL
ATÉ CINCO ANOS DA DATA DA APRESENTAÇÃO PELAS ENTIDADES REFERIDAS
NO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART.
1O DESTA LEI
__________________________________________________________________
CAPÍTULO VIII
Das Disposições
Finais

Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e
demais disposições em contrário.

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IMPROBIDADE ADMINSTRATIVA:
1 - A respeito de agentes públicos, responsabilidade civil do Estado e improbidade administrativa, julgue os itens que
se seguem. Consideram-se sujeitos ativos dos ilícitos previstos na Lei de Improbidade Administrativa o agente público
e o terceiro particular que, mesmo não sendo agente público, induzir ou concorrer para o ato ou dele se beneficiar
direta ou indiretamente.
( ) Certo ( ) Errado

2 - A respeito de agentes públicos, responsabilidade civil do Estado e improbidade administrativa, julgue os itens que
se seguem.
Conforme a recente jurisprudência do STJ, para a configuração dos atos de improbidade administrativa que causem
lesão ao erário previstos na Lei de Improbidade Administrativa, exige-se comprovação de efetivo dano ao erário e de
culpa, ao menos em sentido estrito.
( ) Certo ( ) Errado

3 - O Sr. XYZ, Secretário Municipal de determinado Município do Estado do Maranhão, foi responsável pela
contratação direta de quinze pessoas para trabalharem na Prefeitura, sem a realização do respectivo concurso público.
Posteriormente, descobriu-se ilegal o procedimento adotado por XYZ, que atuou com imperícia no trato da coisa
pública, isto é, não agiu dolosamente. Diante disso, o Ministério Publico ingressou com ação de improbidade
administrativa contra o Secretário. No caso narrado e nos termos da Lei nº 8.429/1992, o Sr. XYZ
a) praticou ato ímprobo que importa enriquecimento ilícito.
b) praticou ato ímprobo causador de prejuízo ao erário.
c) não praticou ato de improbidade, haja vista ser necessário o dolo para a caracterização do ato ímprobo narrado.
d) praticou ato ímprobo que atenta contra os princípios da Administração pública.
e) é parte ilegítima para figurar como ré em ação de improbidade.

4 - Matheus, servidor público, concedeu benefício administrativo sem a observância das formalidades legais aplicáveis
à espécie e foi condenado por improbidade administrativa, tendo em vista o cometimento de ato ím probo causador de
lesão ao erário. A propósito do tema, considere as afirmativas abaixo:
I. Comporta a medida de indisponibilidade de bens.
II. Não tem como uma de suas sanções a condenação em multa civil.
III. Admite conduta culposa.
IV. Não atinge, em qualquer hipótese, o sucessor do agente ímprobo.
Nos termos da Lei nº 8.429/1992 e tendo em vista as características e peculiaridades do ato ímprobo cometido por
Matheus, está correto o que consta APENAS em
a) I e IV.
b) I, II e III.
c) II e IV.
d) II, III e IV.
e) I e III.

5 - Tíbério, Governador de determinado Estado brasileiro, foi condenado às seguintes sanções pelo cometimento de
ato ímprobo: ressarcimento de dano e perda de valores acrescidos ilicitamente ao seu patrimônio. Após a condenação
tornar-se definitiva, o Ministério Público requereu a execução do julgado, a fim de serem aplicadas as sanções. No
entanto, o juiz responsável pelo processo indeferiu o requerimento, sob o fundamento de que a aplicação das sanções
dependeria da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal de Contas, o que
ainda não havia ocorrido. A postura do magistrado está
a) incorreta, haja vista tratar-se de Governador de Estado.
b) correta, haja vista tratar-se de Governador de Estado.
c) correta, pois, em razão da natureza das sanções impostas a Tibério, é necessária a aprovação ou rejeição das
contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal de Contas, antes de serem aplicadas.
d) incorreta, pois a aplicação de quaisquer das sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa independe da
aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal de Contas.
e) incorreta, pois tal requisito só se faz necessário para a aplicação da sanção de perda da função pública.

6 - A Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992) trata da importância da apresentação da declaração de


bens e valores pertencentes ao patrimônio privado do agente público. De acordo com a referida lei, trata-se de
condição para
a) a nomeação e a posse.
b) a posse, apenas.
c) o exercício, apenas.
d) a nomeação, apenas.
e) a posse e o exercício.

7 - O Sr. XYZ, Secretário Municipal de determinado Município do Estado do Maranhão, foi responsável pela
contratação direta de quinze pessoas para trabalharem na Prefeitura, sem a realização do respectivo concurso público.
Posteriormente, descobriu-se ilegal o procedimento adotado por XYZ, que atuou com imperícia no trato da coisa pblica,
158
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isto é, não agiu dolosamente. Diante disso, o Mistério Publico ingressou com ação de improbidade administrativa
contra o Secretário. No caso narrado e nos termos da Lei no 8.429/1992, o Sr. XYZ
a) praticou ato ímprobo que importa enriquecimento ilícito.
b) praticou ato ímprobo causador de prejuízo ao erário.
c) não praticou ato de improbidade, haja vista ser necessário o dolo para a caracterização do ato ímprobo narrado.
d) praticou ato ímprobo que atenta contra os princípios da Administração pública.
e) é parte ilegítima para figurar como ré em ação de improbidade.

8 - Certo deputado federal foi condenado recentemente por improbidade administrativa em decorrência de sua
participação societária em empresa contratada por um município para prestação de serviços de consultoria e
assessoria técnica.
Além de deputados (estaduais e federais), também podem ser punidos por improbidade administrativa
a) qualquer agente público, servidor ou não, desde que exerça atividade remunerada e de caráter não transitório.
b) qualquer servidor público, desde que ocupante de cargo efetivo.
c) os demais agentes políticos, exceto o juiz de direito.
d) os demais agentes políticos, exceto os prefeitos, que em casos de improbidade responderão por crime de
responsabilidade.
e) qualquer agente público, desde que a conduta tenha importado enriquecimento ilícito, causado lesão ao erário ou
atentado contra princípios da Administração pública.

9 - Com relação aos atos de improbidade administrativa que importam enriquecimento ilícito, analise as proposições
abaixo.
1) No caso de enriquecimento ilícito, o agente público ou terceiro beneficiário não perderá os bens ou valores
acrescidos ao seu patrimônio, estando sujeito somente às sanções penais.
2) Na hipótese de enriquecimento ilícito, o agente está sujeito, dentre outras penalidades, à suspensão dos direitos
políticos, de oito a dez anos.
3) Dentre as penalidades previstas ao administrador público que pratica ato de improbidade, gerando o enriquecimento
ilícito, incluem-se a reclusão e a detenção.
4) A perda de função pública e a proibição de contratar com o poder público são penas previstas aos agentes públicos
que praticam ato de improbidade administrativa.
De acordo com a Lei n° 8.429/92, estão corretas, apenas, as proposições:
a) 1 e 2.
b) 1 e 3.
c) 2 e 4.
d) 2 e 3.
e) 3 e 4.

10 - Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da Administração Pública de acordo
com a Lei nº 8.429/92:
a) concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente.
b) retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício.
c) frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente.
d) perceber vantagem econômica para intermediar a aplicação de verba pública de qualquer natureza.
e) conceder benefício fiscal sem a observância das formalidades legais aplicáveis à espécie.
GABARITOS:
1 - C 2 - C 3 - C 4 - E 5 - D 6 - E 7 - C 8 - E 9 - C 10 - B

11 - Com base nas disposições das Leis n. os 9.784/1999 e 8.429/1992, julgue os itens subsequentes.
Aquele que exercer, mediante designação, função transitória e sem remuneração na Universidade de Brasília poderá
responder por ato de improbidade administrativa.
( ) Certo ( ) Errado

12 - Para efeitos da Lei nº. 8.429/92, que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos
de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta,
indireta ou fundacional e dá outras providências, assinale a alternativa INCORRETA:
a) No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao
seu patrimônio.
b) Frustrar a licitude de concurso público constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública.
c) Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o
parcial ressarcimento do dano.
d) Ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento constitui ato de improbidade
administrativa que causa prejuízo ao erário.
e) O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações
desta Lei até o limite do valor da herança.
13 - Quanto aos aspectos materiais e processuais da Lei de Improbidade Administrativa, assinale a
opção INCORRETA.
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a) Aplicam-se as sanções da Lei de Improbidade Administrativa ao particular que concorrer para a prática do ato de
improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
b) Não cabe transação, acordo ou conciliação nas ações de improbidade administrativa.
c) A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com a publicação da sentença
condenatória.
d) A conduta consistente em frustrar a licitude de concurso público caracteriza ato de improbidade administrativa que
atenta contra os princípios da Administração Pública.
e) As ações destinadas a levar a efeito as sanções da Lei de Improbidade Administrativa podem ser propostas até 5
(cinco) anos após o término de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança.

14 - Quanto aos atos de improbidade administrativa, assinale a alternativa correta.


a) Na hipótese em que o agente público aufere vantagem patrimonial indevida, em razão de seu cargo, est ará
praticando um ato de improbidade administrativa que importa enriquecimento ilícito.
b) Em hipótese alguma, poderá ser decretada a indisponibilidade dos bens do indiciado pelo crime de improbidade.
c) O ato praticado, pelo servidor público, que venha a violar os deveres de imparcialidade, consubstanciará em um ato
que causa prejuízo ao erário público.
d) Uma vez julgado e punido, na esfera penal, o servidor indiciado não poderá sofrer as cominações da Lei de
Improbidade Administrativa.
e) A iniciativa para a instauração de processo tendente a apurar um ato de improbidade administrativa somente poderá
advir de um servidor público.

15 - A prática de ato de improbidade suscita determinadas consequências desfavoráveis aos envolvidos, ainda que não
sejam servidores públicos em sentido estrito. As sanções previstas na Lei de Improbidade convivem com a
possibilidade de tramitação de processos e apenamento nas esferas civil, administrativa e penal. Quando resta
evidenciado o enriquecimento ilícito, a Lei de Improbidade
a) abranda seus efeitos, exigindo prévia condenação criminal que tenha analisado os fatos objeto da conduta ímproba.
b) é mais rigorosa para o enquadramento do acusado no conceito de agente público constante da lei, exigindo, seja
ele, ocupante de cargo ou emprego públicos.
c) permite que a autoridade administrativa apresente representação ao Ministério Público para solicitar as medidas
necessárias à indisponibilidade dos bens do indiciado.
d) abranda o conceito de agente público, para somente assim considerar aqueles que tenham praticado conduta
dolosa e gerado prejuízo ao erário.
e) é mais branda que nas hipóteses de lesão ao erário, pois exclui do alcance das disposições legais os sucessores do
agente público.

16 - Com relação à Lei Federal n° 8.429/1998 (Lei de Improbidade Administrativa), assinale a


alternativa CORRETA:
a) Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação
ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente,
frustrar a licitude de concurso público.
b) É possível transação, acordo ou conciliação nas ações de improbidade.
c) O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações
desta lei até o limite do dano causado ao erário.
d) As disposições desta lei são aplicáveis apenas aos agentes públicos.

17 - Nos termos da Lei Federal n° 8.429/1992, "receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou
indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado" constitui ato de . .
improbidade sujeito, dentre outras, à seguinte pena:
a) proibição de contratar com o poder público pelo prazo máximo de 3 anos.
b) pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano.
c) suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos.
d) pagamento de multa civil de até cem vezes o valor do dano.
e) perda da função pública.
18 - Mateus, agente público, recebeu vantagem econômica, diretamente de Bruno, para tolerar a exploração de jogo de
azar por parte deste último. Nos termos da Lei nº 8.429/92, a conduta de Mateus
a) constitui ato ímprobo causador de prejuízo ao erário.
b) constitui ato ímprobo que importa enriquecimento ilícito.
c) não constitui ato ímprobo, embora seja conduta criminosa.
d) constitui ato ímprobo, na modalidade atentatória aos princípios da Administração pública.
e) não constitui ato ímprobo, mas caracteriza falta funcional passível de punição na seara administrativa.

19 - Com relação à disciplina jurídica dos serviços públicos e do controle legislativo, julgue os próximos itens.
Considere que uma pessoa ocupante de cargo em comissão em determinada fundação pública tenha sido presa em
flagrante, durante operação da polícia federal, por desvio de dinheiro público. Nessa situação, essa pessoa responderá
criminalmente por esse ato e poderá ser destituída do cargo. Entretanto, ela estará isenta das sanções decorrentes do
ato de improbidade administrativa, as quais são aplicadas somente aos servidores públicos ocupantes de cargo efetivo.
( ) Certo ( ) Errado
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20 - Considerando a disciplina constitucional relativa à administração pública, julgue os itens subsequentes.
A CF expressamente dispõe que, independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na
legislação específica, o responsável pelo ato de improbidade terá obrigatoriamente decretada a suspensão dos seus
direitos políticos pelo período de oito a dez anos.
( ) Certo ( ) Errado
GABARITOS:
11 - C 12 - C 13 - C 14 - A 15 - C 16 - A 17 - E 18 - B 19 - E 20 - E

21 - Mario Alberto é empregado de uma empresa pública, cujo capital e controle pertencem integralmente a ente
público federal. No regular exercício de suas funções, promoveu, em nome de sua empregadora e sem realização de
licitação, a contratação de empresa para prestação de serviços de informática nas diversas dependências da sede.
Agradecidos, os diretores dessa empresa gratificaram Mario Alberto em espécie. A conduta de Mario Alberto.
a) pode ser enquadrada como ato de improbidade residual, caso não se tipifique nenhuma outra infração funcional,
tendo em vista que não ficou comprovado prejuízo à empresa e dolo por parte de Mario Alberto.
b) não pode ser enquadrada como ato de improbidade, uma vez que a gratificação foi dada após a contratação.
c) não pode ser enquadrada como ato de improbidade, tendo em vista que Mario Alberto é empregado celetista,
condição que não se enquadra no conceito de funcionário para os fins da lei de improbidade.
d) pode ser considerada ato de improbidade, uma vez que os empregados públicos se enquadram no conceito de
agente público da lei de improbidade.
e) pode ser considerada ato de improbidade desde que tenha havido dolo por parte de Mario Alberto e que este seja
empregado público efetivo, contratado por meio de concurso público.

22 - Acerca do regime jurídico dos servidores públicos, julgue os itens subsecutivos.


O conceito de agente público para a aplicação da Lei de Improbidade Administrativa abrange aqueles que exerçam,
sem remuneração, função no âmbito da PCDF.
( ) Certo ( ) Errado

23 - A propósito das disposições gerais da Lei n.º 8.429/1992, assinale a opção correta.
a) Não será considerado agente público, para os efeitos da lei em pauta, aquele que exerça, sem remuneração, função
em autarquia federal.
b) O dano deve ser ressarcido integralmente caso ocorra lesão ao patrimônio público por ação ou omissão dolosa do
agente público, sendo dispensável o ressarcimento na hipótese de omissão culposa.
c) Estará sujeito às cominações da lei em questão o sucessor daquele que se enriquecer ilicitamente, até o limite do
valor das vantagens patrimoniais recebidas indevidamente.
d) Na hipótese em que o ato de improbidade ensejar enriquecimento ilícito, caberá à autoridade administrativa
responsável pelo inquérito representar ao TCU, visando a indisponibilidade dos bens do indiciado.
e) Deve ser punido, na forma da lei em apreço, o ato de improbidade administrativa praticado por agente público contra
entidade para cuja criação o erário tenha concorrido com mais de 50% do patrimônio.

24 - A respeito dos atos de improbidade administrativa previstos na Lei n.º 8.429/1992, assinale a opção correta.
a) Os atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da administração pública estão disciplinados
na lei em apreço, em um rol taxativo de condutas.
b) Não constitui ato de improbidade administrativa causador de lesão ao erário a doação, a pessoa jurídica de fins
assistenciais, de bens integrantes do patrimônio de fundação pública de direito público, ainda que não haja a
observância das formalidades regulamentares aplicáveis.
c) A ação dolosa que enseje malbaratamento dos haveres de entidade que receba incentivo fiscal de órgão público
constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário.
d) Constitui ato de improbidade administrativa que importa enriquecimento ilícito a facilitação da incorporação, ao
patrimônio particular de pessoa física, de renda integrante do acervo patrimonial de órgão pertencente ao Poder
Judiciário da União.
e) A conduta consistente no recebimento, por técnico judiciário, de bem móvel, a título de presente destinado a terceiro,
dado por pessoa que tenha interesse indireto, que possa ser amparado por ação decorrente das atribuições do referido
agente público, não constitui ato de improbidade administrativa que importa enriquecimento ilícito.

25 - Com relação ao princípio da oficialidade no processo administrativo, à improbidade administrativa e à


responsabilidade civil da administração, julgue os itens:
Na fixação das sanções por ato de improbidade administrativa, o juiz deve sempre levar em conta a extensão do dano
causado e o proveito patrimonial obtido pelo agente que o praticou.
( ) Certo ( ) Errado

26 - A respeito de controle e responsabilização da administração, julgue os itens seguintes.


O agente público que se recusar a fornecer, dentro do prazo determinado, a declaração de bens será punido com a
pena de demissão. ( ) Certo ( ) Errado

27 - O pressuposto para o ressarcimento do dano gerado ao patrimônio público é uma ação ou omissão dolosa, não
sendo passíveis de reparação os casos culposos.
( ) Certo ( ) Errado
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28 - No que se refere ao regime jurídico administrativo, julgue os itens subsecutivos.
Somente são considerados atos de improbidade administrativa aqueles que causem lesão ao patrimônio público ou
importem enriquecimento ilícito.
( ) Certo ( ) Errado

29 - A respeito de controle e responsabilização da administração, julgue os itens seguintes.


Considere que o Ministério Público ingressou com uma ação judicial pleiteando o ressarcimento ao erário de valores
provenientes de enriquecimento ilícito de um prefeito municipal. Nessa situação, a morte do prefeito gera a imediata
extinção do processo, já que a obrigação de ressarcimento não se transmite aos herdeiros.
( ) Certo ( ) Errado

30 - Com base no disposto na Lei n.º 8.429/1992, que versa sobre improbidade administrativa, julgue o próximo item.
Não configura improbidade administrativa a conduta do servidor público que, ciente de conduta ilícita de colega
ímprobo, de mesma hierarquia, não comunica o fato ao superior hierárquico.
( ) Certo ( ) Errado
GABARITOS:
21 - D 22 - C 23 - E 24 - C 25 - C 26 - C 27 - E 28 - E 29 - E 30 - E

31 - Os atos de improbidade administrativa importarão:


1. a suspensão dos direitos políticos.
2. a indisponibilidade dos bens.
3. o ressarcimento ao erário.
4. a deportação.
Está/estão correto(s) o(s) iten(s):
a) 3 apenas.
b) 2 e 4 apenas.
c) 1, 2 e 3 apenas.
d) 1 e 4 apenas.
e) 1, 2, 3 e 4.

32 - ATENÇÃO: Esta questão foi anulada pela banca que organizou o concurso.")

33 - Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito, nos termos da Lei nº 8.429/92,
a) perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza.
b) permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado.
c) deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo.
d) ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento.
e) realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou
inidônea.

34 - No que se refere aos princípios básicos da administração pública federal, regulamentados pela Lei n.º 8.429/1992
e suas alterações, julgue os itens subsecutivos.
Agente público que, ao assumir cargo público, preste, pela segunda vez, falsa declaração de bens deve ser punido
com demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.
( ) Certo ( ) Errado

35 - No que se refere aos princípios básicos da administração pública federal, regulamentados pela Lei n.º 8.429/1992
e suas alterações, julgue os itens subsecutivos.
A contratação temporária de servidores sem concurso público bem como a prorrogação desse ato amparadas em
legislação local são consideradas atos de improbidade administrativa.
( ) Certo ( ) Errado

36 - ATENÇÃO: Esta questão foi anulada pela banca que organizou o concurso.")

37 - No que se refere aos princípios básicos da administração pública federal, regulamentados pela Lei n.º 8.429/1992
e suas alterações, julgue os itens subsecutivos.
A probidade, que deve nortear a conduta dos administradores públicos, constitui fundamento do princípio da eficiência.
( ) Certo ( ) Errado

38 - Marque a alternativa correta sobre atos de improbidade administrativa, nos termos da Lei nº. 8.429/1992.
a) Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,
que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres do agente
público; mas não constitui improbidade administrativa doar a pessoa jurídica rendas, verbas ou valores do patrimônio
de qualquer das entidades públicas; desde que tenha fins educativos ou assistenciais.
b) Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário receber o agente público, para si ou para
outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão,
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percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado
por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público.
c) No caso de improbidade administrativa que importe em enriquecimento ilícito, a pena poderá ser de perda dos bens
ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função
pública e dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo
patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público, pelo prazo de dez anos.
d) A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores que
compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente. Será punido com a pena
de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a
prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado.
e) As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas pela Lei de improbidade administrativa podem ser
propostas até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança; e
dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do
serviço público, em qualquer caso.

39 - É ato de Improbidade Administrativa (Lei n.º 8.429/92), que causa prejuízo ao erário:
a) permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio da administração direta,
indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes dos Estados, por preço inferior ao de mercado.
b) utilizar, em obra ou serviço particular, trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados pela
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes dos Estados.
c) receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou
declaração a que esteja obrigado.
d) utilizar, em obra ou serviço particular, veículos e máquinas da administração direta, indireta ou fundacional de
qualquer dos Poderes dos Estados.
e) perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza.

40 - No tocante à Declaração de Bens, prevista na Lei de Improbidade Administrativa (Lei n.º 8.429/92), é correto
afirmar que
a) não supre a exigência contida na Lei de Improbidade Administrativa a entrega, em substituição à Declaração de
Bens, da cópia da declaração anual de bens
apresentada à Delegacia da Receita Federal.
b) a posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores que
compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
c) a declaração de bens será quinquenalmente atualizada e na data em que o agente público deixar o exercício do
mandato.
d) somente será punido com a pena de demissão a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o
agente público que prestar falsa declaração de bens.
e) será punido com a pena de repreensão escrita o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens.
GABARITOS:
31 - C 32 - A 33 - A 34 - C 35 - E 36 - E 37 - E 38 - D 39 - A 40 - B

41 - No tocante à Lei de Improbidade Administrativa (Lei n.º 8.429/92), é correto afirmar que
a) as ações destinadas a levar a efeito as sanções previstas nessa Lei podem ser propostas até 20 (vinte) anos após o
término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança.
b) a aplicação das sanções previstas nessa Lei depende da aprovação ou rejeição das contas pelo Tribunal ou
Conselho de Contas.
c) as disposições dessa Lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou
concorra para a prática do ato de improbidade.
d) a autoridade judicial competente somente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo
após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
e) a aplicação das sanções previstas nessa Lei depende da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle
interno.

42 - Com base no disposto na Lei n.º 8.429/1992, julgue os itens seguintes.


O servidor que estiver sendo processado judicialmente pela prática de ato de improbidade somente perderá a função
pública após o trânsito em julgado da sentença condenatória. ( ) Certo ( ) Errado

43 - As penalidades aplicadas ao servidor ou a terceiro que causar lesão ao patrimônio público são de natureza
pessoal, extinguindo-se com a sua morte. ( ) Certo ( ) Errado

44 - José é empregado público federal em uma empresa


pública. Recentemente, ele usou um veículo de propriedade da empresa em que trabalha para transportar materiais de
construção para a reforma de sua residência. Considerando essa situação hipotética, julgue os itens a seguir.
Considerando que tenha sido a primeira vez que José procedeu dessa forma, ele não cometeu ato de improbidade
administrativa de acordo com o disposto na Lei n. o 8.429/1992.
( ) Certo ( ) Errado
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45 - Acerca da Lei n.º 8.429/1992, julgue o próximo item.
Constitui ato de improbidade administrativa perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição,
permuta ou locação de bem móvel ou imóvel.
( ) Certo ( ) Errado

46 - Felipe, servidor público ocupante de cargo em comissão no âmbito do Ministério da Fazenda, revelou a
empresários com os quais mantinha relações profissionais anteriormente ao ingresso no serviço público, teor de
medida econômica prestes a ser divulgada pelo Ministério, tendo em vista que a mesma impactaria diretamente os
preços das mercadorias comercializadas pelos referidos empresários. A conduta de Felipe
a) somente é passível de caracterização como ato de improbidade administrativa se comprovado que recebeu
vantagem econômica direta ou indireta em decorrência da revelação.
b) não é passível de caracterização como ato de improbidade administrativa, tendo em vista o agente não ser ocupante
de cargo efetivo.
c) é passível de caracterização como ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
Administração, independentemente de eventual enriquecimento ilícito.
d) é passível de caracterização como ato de improbidade administrativa, desde que comprovado efetivo prejuízo ao
erário.
e) não é passível de caracterização como ato de improbidade administrativa, podendo, contudo, ensejar a
responsabilização administrativa do servidor por violação do dever de sigilo funcional.

47 - Mário, servidor do município de Barrancas, permitiu que terceiros tivessem acesso a dados sigilosos que detinha
em razão de sua função pública, violando assim a norma prevista na Lei n.º 8.429/1992, que prescreve como ímprobo
o ato de revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em
segredo.
Com base na Lei n.º 8.429/1992, a ação praticada por Mário constitui ato de
a) improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário.
b) gestão fraudulenta.
c) improbidade administrativa que importa enriquecimento ilícito.
d) gestão temerária.
e) improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública.

48 - A respeito de controle e responsabilização da administração pública, julgue os itens subsequentes.


A configuração da improbidade exige os seguintes elementos: o enriquecimento ilícito, o prejuízo ao erário e o atentado
contra os princípios fundamentais (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência), presente o
elemento subjetivo doloso.
( ) Certo ( ) Errado

49 - Em relação à improbidade administrativa prevista na Lei n.º 8.429/1992, assinale a alternativa correta.
a) Atos de improbidade administrativa podem ser praticados apenas por servidor público.
b) Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o
integral ressarcimento do dano.
c) É permitida a conciliação nas ações judiciais que apuram atos de improbidade administrativa.
d) Cabe apenas ao Ministério Público representar a autoridade administrativa para que seja instaurada investigação
destinada a apurar prática de ato de improbidade.
e) A responsabilidade do sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público é ilimitada.

50 - Assinale a alternativa correta a respeito da Lei de Improbidade Administrativa (Lei n.º 8.429/1992).
a) Na ação judicial de improbidade administrativa, a perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos se
efetivam com o deferimento da liminar pela autoridade judiciária competente.
b) Além de outras penalidades, aquele que cometer ilícito previsto na Lei de Improbidade Administrativa ficará sujeito à
cassação de seus direitos políticos.
c) As penas cominadas pela Lei de Improbidade Adminis- trativa são específicas e individualizadas, não podendo
atingir o sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente.
d) Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá à vítima
representar à autoridade judiciária, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
e) Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente
público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
GABARITOS:
41 - C 42 - C 43 - E 44 - E 45 - C 46 - C 47 - E 48 - C 49 - B 50 - E

51 - ATENÇÃO: Esta questão foi anulada pela banca que organizou o concurso.")

52 - Felipe, servidor público ocupante de cargo em comissão no âmbito do Ministério da Fazenda, revelou a
empresários com os quais mantinha relações profissionais anteriormente ao ingresso no serviço público, teor de
medida econômica prestes a ser divulgada pelo Ministério, tendo em vista que a mesma impactaria diretamente os
preços das mercadorias comercializadas pelos referidos empresários. A conduta de Felipe
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a) é passível de caracterização como ato de improbidade administrativa, desde que comprovado efetivo prejuízo ao
erário.
b) não é passível de caracterização como ato de improbidade administrativa, podendo, contudo, ensejar a
responsabilização administrativa do servidor por vio- lação do dever de sigilo funcional.
c) somente é passível de caracterização como ato de improbidade administrativa se comprovado que recebeu
vantagem econômica direta ou indireta em decorrência da revelação.
d) não é passível de caracterização como ato de improbidade administrativa, tendo em vista o agente não ser ocupante
de cargo efetivo.
e) é passível de caracterização como ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
Administração, independentemente de eventual enriquecimento ilícito.

53 - Dentre as possíveis providências expressamente constantes da Lei n o 8.429/92, que cabem à autoridade
administrativa responsável diante de ato de improbidade que cause lesão ao patrimônio público está
a) o dever de representar ao Ministério Púbico para viabilizar a indisponibilidade dos bens do indiciado.
b) o dever de, em se tratando de indiciado servidor público, colocá-lo em disponibilidade não remunerada,
contingenciando- se os vencimentos para eventual ressarcimento dos danos.
c) a obrigação de promover arrolamento cautelar de bens do indiciado para a recomposição do dano causado.
d) a faculdade de providenciar diretamente a indisponibilidade dos bens do indiciado no inquérito, mediante
comunicação aos órgãos públicos oficiais.
e) a faculdade de providenciar o sequestro de bens suficientes a garantir o prejuízo apurado.

54 - Paulo, servidor público federal, deixou de praticar, deliberadamente, ato de ofício que era de sua competência. A
referida conduta
a) poderá caracterizar ato de improbidade administrativa, desde que comprovado que o servidor auferiu vantagem
indevida para a sua prática.
b) configura ato de improbidade administrativa que atenta contra os Princípios da Administração pública, passível da
aplicação da pena de perda da função pública.
c) não configura ato de improbidade administrativa, sendo passível, contudo, punição disciplinar.
d) não configura ato de improbidade administrativa, salvo se comprovado, cumulativamente, enriquecimento ilícito e
dano ao erário.
e) configura ato de improbidade administrativa, passível de aplicação de pena de multa, exclusivamente.

55 - A Lei n.º 8.429/92 estabelece as penas para quem comete atos de Improbidade Administrativa. Nesse sentido,
considerandose o disposto, expressamente, no referido diploma legal, assinale a alternativa correta.
a) Quando o ato de improbidade ensejar enriquecimento ilícito, caberá à autoridade administrativa, responsá vel pelo
inquérito, decretar a indisponibilidade dos bens do indiciado.
b) Dependendo da gravidade do ato, as penas que podem ser impostas ao infrator são, entre outras, perda dos bens
ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função
pública e cassação dos direitos políticos.
c) As cominações previstas na Lei são personalíssimas, não podendo atingir os sucessores daquele que causar lesão
ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente.
d) As penas previstas na Lei de Improbidade não são aplicáveis a quem não é agente público, mesmo que tenha
concorrido para a prática do ato de improbidade.
e) O agente público que se recusar a prestar declaração de bens do seu patrimônio, dentro do prazo determi nado, ou
que a prestar falsa, será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções
cabíveis.

56 - A respeito de processo administrativo e da legislação administrativa brasileira, julgue os itens seguintes.


Se condenado por improbidade administrativa, o servidor público que, para beneficiar um amigo, tiver deixado de
praticar, indevidamente, ato de ofício deverá realizar o ressarcimento integral do dano causado e perderá sua função
pública, sendo vedada a suspensão de seus direitos políticos.
( ) Certo ( ) Errado

57 - De acordo com a legislação, para que determinado ato seja caracterizado como ato de improbidade administrativa,
é necessário ter havido lesão ao erário, em virtude de ação ou omissão, desde que na modalidade culposa.
( ) Certo ( ) Errado

58 - Julgue os itens que se seguem, em relação à improbidade administrativa.


Apenas o Ministério Público possui legitimidade para representar, contra ato de improbidade administrativa, à
autoridade administrativa competente. Assim, a representação somente poderá ser apresentada de forma escrita,
devendo conter a qualificação do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de
que tenha conhecimento, sob pena de ser rejeitada.
( ) Certo ( ) Errado

59 - Aquele que viola os deveres de legalidade e quem retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício
pratica ato de improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário. ( ) Certo ( ) Errado
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60 - Considerando os dispositivos constantes da Lei n.º 8.429/1992, assinale a opção correta.
a) Considere que João, um cidadão que não é agente público, tenha induzido um agente público a praticar ato qu e
gerou prejuízo ao erário, mas que não gerou benefício a João. Nessa situação, a lei em tela não se aplica a João, visto
que ele não é agente público.
b) O Tribunal ou Conselho de Contas podem, de ofício, designar representante para acompanhar procedimento
administrativo instaurado para apurar prática de ato de improbidade.
c) Considerando-se que um servidor público tenha doado verbas públicas a um ente despersonalizado, com fins
educativos e assistenciais, sem cumprir algumas formalidades legais, é correto afirmar que, nessa situação, o ato de
doação não caracteriza ato de improbidade administrativa causador de lesão ao erário, em virtude de a conduta do
servidor ter sido dolosa.
d) Cabe somente ao MP representar à autoridade administrativa competente para que seja instaurada investigação
destinada a apurar prática de ato de improbidade.
e) A referida lei não se aplica aos agentes políticos, que, consequentemente, não respondem por improbidade
administrativa.
GABARITOS:
51 - E 52 - E 53 - A 54 - B 55 - E 56 - E 57 - E 58 - E 59 - E 60 - B

61 - Com relação aos princípios básicos da administração, à


responsabilidade da administração e à improbidade administrativa, julgue os itens a seguir.
Um terceiro que pratique, juntamente com um agente público, ato do qual decorra prejuízo ao erário não estará sujeito
às sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa.
( ) Certo ( ) Errado

62 - Julgue o item a seguir de acordo com a Lei n.º 8.429/1992. Frustrar a licitude de concurso público configura ato de
improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública.
( ) Certo ( ) Errado

63 - Nos termos da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92) marque a alternativa CORRETA:
I. Constitui ato de improbidade administrativa que importa em enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem
patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade exercida na
Administração Pública;

II. Reputa-se agente público todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
função na Administração Pública direta ou indireta;

III. Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá à
autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos
bens do indiciado;
IV. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, o responsável
pelo ato de improbidade fica sujeito às cominações legais impostas pela citada Lei, que podem ser aplicadas somente
de forma isolada e independente da gravidade do fato;
a) Somente os itens I, III e IV estão corretos.
b) Somente os itens II, III e IV estão corretos.
c) Somente os itens I, II e III estão corretos.
d) Todos os itens estão corretos.

64 - Determinado servidor público foi condenado criminalmente pela prática de crime contra a Administração Pública. A
sanção criminal, nos termos da Lei n o 8.429/92,
a) impede a aplicação das penalidades previstas na Lei de Improbidade, sempre menos graves que a condenação
criminal.
b) impede que sejam acumuladas sanções civis, administrativas e por ato de improbidade, ainda que sejam
identificadas infrações residuais.
c) permite a aplicação das penalidades previstas na Lei de Improbidade, desde que por conduta culposa, tendo em
vista que as infrações dolosas são absorvidas pelo ilícito penal.
d) permite a aplicação das cominações previstas na Lei de Improbidade, isolada ou cumulativamente.
e) permite a aplicação das penalidades previstas na Lei de Improbidade, desde que por conduta dolosa, porque são tão
graves quando o ilícito penal.

65 - De acordo com a Constituição Estadual de Minas Gerais, os atos de improbidade administrativa importam as
seguintes consequências, EXCETO:
a) perda da função pública
b) perda dos direitos políticos
c) indisponibilidade dos bens
d) ressarcimento ao erário

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66 - É certo que, no processo judicial por atos de improbidade administrativa, o afastamento do agente público do
exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à
instrução processual, poderá ser determinado apenas por parte
a) da autoridade judicial ou administrativa competente.
b) da autoridade judicial competente.
c) do Ministério Público, quando autor da ação.
d) da autoridade administrativa competente.
e) do Poder Judiciário ou do Ministério Público.

67 - O servidor que praticar ato de improbidade estará sujeito às


a) cominações estabelecidas na Lei de Improbidade (Lei n o 8.429/92), que, por mais graves, afastam a aplicação de
outras sanções penais ou civis.
b) cominações estabelecidas na Lei de Improbidade (Lei n o 8.429/92) e às sanções penais cabíveis, excluindo-se a
incidência de outras sanções de natureza civil ou administrativa.
c) sanções administrativas, no que concerne às infrações disciplinares, e às cominações previstas na Lei de
Improbidade, afastando-se apenas a aplicação de sanções penais e civis, para evitar duplicidade de penalização pelo
mesmo fato.
d) sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação e às cominações previstas na Lei de Improbidade,
isolada ou cumulativamente.
e) sanções penais, civis, administrativas ou às cominações previstas na Lei de Improbidade, isoladamente e nessa
ordem de preferência, como critério de gravidade.

68 - Nos termos da Lei nº 8.429/1992, praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele
previsto na regra de competência constitui
a) ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da Administração Pública.
b) mero ilícito administrativo.
c) ato de improbidade administrativa que importa enriquecimento ilícito.
d) conduta lícita, não caracterizando qualquer irregularidade.
e) ato de improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário.

69 - Estão sujeitos às penalidades previstas na Lei de improbidade administrativa:


a) agentes públicos, assim entendidos apenas aqueles detentores de mandato eletivo e seus auxiliares diretos.
b) ocupantes de cargo, função ou emprego público, exclusivamente.
c) agentes públicos e detentores de mandato eletivo, exclusivamente.
d) servidores públicos e particulares, desde que ligados ao poder público por vínculo contratual.
e) agentes públicos e particulares que se beneficiem de forma direta ou indireta do ato de improbidade.

70 - De acordo com a Lei no 8.429/1992, configuram atos de improbidade administrativa


a) os que causem dano ao erário, exclusivamente.
b) os que causem, sempre cumulativamente, dano ao erário e enriquecimento ilícito.
c) também aqueles que atentem contra os princípios da Administração pública, ainda que não causem dano ao erário.
d) apenas os que configuram crimes contra a Administração, na forma prevista na legislação penal.
e) os que causem, sempre cumulativamente, dano ao erário, enriquecimento ilícito e violação aos princípios da
Administração.
GABARITOS:
61 - E 62 - C 63 - C 64 - D 65 - B 66 - b 67 - D 68 - A 69 - E 70 - C

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LEI Nº 8.842, DE 4 DE JANEIRO DE 1994.
Dispõe sobre a política nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. .

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

CAPÍTULO I
Da Finalidade

Art. 1º A política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições
para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.

Art. 2º Considera-se idoso, para os efeitos desta lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade.

CAPÍTULO II
Dos Princípios e das Diretrizes

SEÇÃO I
Dos Princípios

Art. 3° A política nacional do idoso reger-se-á pelos seguintes princípios:

I - a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo
sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida;

II - o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e
informação para todos;

III - o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza;

IV - o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através desta
política;

V - as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano
do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta lei.

SEÇÃO II
Das Diretrizes

Art. 4º Constituem diretrizes da política nacional do idoso:

I - viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, que proporcionem sua
integração às demais gerações;

II - participação do idoso, através de suas organizações representativas, na formulação, implementação e


avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem desenvolvidos;

III - priorização do atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar,
à exceção dos idosos que não possuam condições que garantam sua própria sobrevivência;

IV - descentralização político-administrativa;

V - capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de
serviços;

VI - implementação de sistema de informações que permita a divulgação da política, dos serviços oferecidos,
dos planos, programas e projetos em cada nível de governo;

VII - estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre
os aspectos biopsicossociais do envelhecimento;
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VIII - priorização do atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados prestadores de serviços, quando
desabrigados e sem família;

IX - apoio a estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento.

Parágrafo único. É vedada a permanência de portadores de doenças que necessitem de assistência médica ou
de enfermagem permanente em instituições asilares de caráter social.

CAPÍTULO III
Da Organização e Gestão

Art. 5º Competirá ao órgão ministerial responsável pela assistência e promoção social a coordenação geral da
política nacional do idoso, com a participação dos conselhos nacionais, estaduais, do Distrito Federal e municipais do
idoso.

Art. 6º Os conselhos nacional, estaduais, do Distrito Federal e municipais do idoso serão órgãos permanentes,
paritários e deliberativos, compostos por igual número de representantes dos órgãos e entidades públicas e de
organizações representativas da sociedade civil ligadas à área.

Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6 o desta Lei a supervisão, o acompanhamento, a fiscalização
e a avaliação da política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias político-administrativas.

Art. 8º À União, por intermédio do ministério responsável pela assistência e promoção social, compete:

I - coordenar as ações relativas à política nacional do idoso;

II - participar na formulação, acompanhamento e avaliação da política nacional do idoso;

III - promover as articulações intraministeriais e interministeriais necessárias à implementação da política


nacional do idoso;

IV - (Vetado;)

V - elaborar a proposta orçamentária no âmbito da promoção e assistência social e submetê-la ao Conselho


Nacional do Idoso.

Parágrafo único. Os ministérios das áreas de saúde, educação, trabalho, previdência social, cultura, esporte e
lazer devem elaborar proposta orçamentária, no âmbito de suas competências, visando ao financiamento de
programas nacionais compatíveis com a política nacional do idoso.

Art. 9º (Vetado.)

Parágrafo único. (Vetado.)

CAPÍTULO IV
Das Ações Governamentais

Art. 10. Na implementação da política nacional do idoso, são competências dos órgãos e entidades públicos:

I - na área de promoção e assistência social:

a) prestar serviços e desenvolver ações voltadas para o atendimento das necessidades básicas do idoso,
mediante a participação das famílias, da sociedade e de entidades governamentais e não-governamentais.

b) estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao idoso, como centros de convivência,


centros de cuidados diurnos, casas-lares, oficinas abrigadas de trabalho, atendimentos domiciliares e outros;

c) promover simpósios, seminários e encontros específicos;

d) planejar, coordenar, supervisionar e financiar estudos, levantamentos, pesquisas e publicações sobre a


situação social do idoso;
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e) promover a capacitação de recursos para atendimento ao idoso;

II - na área de saúde:

a) garantir ao idoso a assistência à saúde, nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde;

b) prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde do idoso, mediante programas e medidas profiláticas;

c) adotar e aplicar normas de funcionamento às instituições geriátricas e similares, com fiscalização pelos
gestores do Sistema Único de Saúde;

d) elaborar normas de serviços geriátricos hospitalares;

e) desenvolver formas de cooperação entre as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal, e dos
Municípios e entre os Centros de Referência em Geriatria e Gerontologia para treinamento de equipes
interprofissionais;

f) incluir a Geriatria como especialidade clínica, para efeito de concursos públicos federais, estaduais, do Distrito
Federal e municipais;

g) realizar estudos para detectar o caráter epidemiológico de determinadas doenças do idoso, com vistas a
prevenção, tratamento e reabilitação; e

h) criar serviços alternativos de saúde para o idoso;

III - na área de educação:

a) adequar currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais destinados ao idoso;

b) inserir nos currículos mínimos, nos diversos níveis do ensino formal, conteúdos voltados para o processo de
envelhecimento, de forma a eliminar preconceitos e a produzir conhecimentos sobre o assunto;

c) incluir a Gerontologia e a Geriatria como disciplinas curriculares nos cursos superiores;

d) desenvolver programas educativos, especialmente nos meios de comunicação, a fim de informar a população
sobre o processo de envelhecimento;

e) desenvolver programas que adotem modalidades de ensino à distância, adequados às condições do idoso;

f) apoiar a criação de universidade aberta para a terceira idade, como meio de universalizar o acesso às
diferentes formas do saber;

IV - na área de trabalho e previdência social:

a) garantir mecanismos que impeçam a discriminação do idoso quanto a sua participação no mercado de
trabalho, no setor público e privado;

b) priorizar o atendimento do idoso nos benefícios previdenciários;

c) criar e estimular a manutenção de programas de preparação para aposentadoria nos setores público e privado
com antecedência mínima de dois anos antes do afastamento;

V - na área de habitação e urbanismo:

a) destinar, nos programas habitacionais, unidades em regime de comodato ao idoso, na modalidade de casas-
lares;

b) incluir nos programas de assistência ao idoso formas de melhoria de condições de habitabilidade e adaptação
de moradia, considerando seu estado físico e sua independência de locomoção;

c) elaborar critérios que garantam o acesso da pessoa idosa à habitação popular;


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d) diminuir barreiras arquitetônicas e urbanas;

VI - na área de justiça:

a) promover e defender os direitos da pessoa idosa;

b) zelar pela aplicação das normas sobre o idoso determinando ações para evitar abusos e lesões a seus direitos;

VII - na área de cultura, esporte e lazer:

a) garantir ao idoso a participação no processo de produção, reelaboração e fruição dos bens culturais;

b) propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços reduzidos, em âmbito nacional;

c) incentivar os movimentos de idosos a desenvolver atividades culturais;

d) valorizar o registro da memória e a transmissão de informações e habilidades do idoso aos mais jovens, como
meio de garantir a continuidade e a identidade cultural;

e) incentivar e criar programas de lazer, esporte e atividades físicas que proporcionem a melhoria da qualidade
de vida do idoso e estimulem sua participação na comunidade.

§ 1º É assegurado ao idoso o direito de dispor de seus bens, proventos, pensões e benefícios, salvo nos casos
de incapacidade judicialmente comprovada.

§ 2º Nos casos de comprovada incapacidade do idoso para gerir seus bens, ser-lhe-á nomeado Curador especial
em juízo.

§ 3º Todo cidadão tem o dever de denunciar à autoridade competente qualquer forma de negligência ou
desrespeito ao idoso.

CAPÍTULO V
Do Conselho Nacional

Art. 11. (Vetado.)

Art. 12. (Vetado.)

Art. 13. (Vetado.)

Art. 14. (Vetado.)

Art. 15. (Vetado.)

Art. 16. (Vetado.)

Art. 17. (Vetado.)

Art. 18. (Vetado.)

CAPÍTULO VI
Das Disposições Gerais

Art. 19. Os recursos financeiros necessários à implantação das ações afetas às áreas de competência dos
governos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais serão consignados em seus respectivos orçamentos.

Art. 20. O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de sessenta dias, a partir da data de sua publicação.

Art. 21. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

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ORIENTAÇÕES TÉCNICAS

ATENDIMENTO NO SUAS ÀS FAMILIAS E AOS


INDIVÍDUOS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE
E RISCO PESSOAL E SOCIAL POR VIOLAÇÃO DE
DIREITOS ASSOCIADA AO CONSUMO DE ÁLCOOL E
OUTRAS DROGAS

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INTRODUÇÃO

A publicação dessas orientações técnicas sobre o atendimento às famílias e


indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco por violação de direitos associada
ao consumo de álcool e outras drogas, tem por objetivo contribuir para a
qualificação do SUAS no atendimento a estas situações, na perspectiva do direito e
na construção de uma rede de proteção social às famílias e indivíduos no território.
Destinam-se aos gestores, conselheiros, trabalhadores, usuários, parceiros públicos e
entidades sociais e pretende contribuir para a identificação das situações vivenciadas
pelas famílias e indivíduos no território; as ofertas do SUAS que podem contribuir
com a proteção social; a identificação da rede de serviços existentes e a construção
de agendas articuladas e integradas.

O reconhecimento de que o consumo de álcool e outras drogas refere-se a


um fenômeno com múltiplas causas e consequências nas vidas das pessoas e suas
famílias remete naturalmente para a construção de alguns consensos como, por
exemplo: para o entendimento de que a intervenção não é campo de atuação
exclusivo de uma única política pública e/ou de uma disciplina; para fazer frente aos
seus múltiplos aspectos é preciso políticas capazes de reconhecer as questões de
saúde pública, segurança e exclusão social, cujos usuários e suas famílias encontram-
se em situação de vulnerabilidade, risco por direitos violados. Esta realidade impõe
ao poder público ações articuladas e integradas, envolvendo amplos setores do
Estado e da sociedade na perspectiva da prevenção, do tratamento, de cuidados, de
proteção social e segurança, buscando garantir direitos e contribuir para a construção
da autonomia.

Ao longo dos últimos anos no Brasil, as políticas públicas têm buscado a


construção de redes de serviços para o enfrentamento das questões associadas ao
consumo de crack e outras drogas, como direito de cidadania. Estas ações têm
objetivado identificar as necessidades de suportes e apoios a estas pessoas, na
perspectiva de oferecer-lhes ações integradas e articuladas de saúde, cuidados, acesso
à educação, trabalho, redução dos danos, fortalecimento de vínculos familiares,
comunitários e sociais, melhora das condições de vida, construção de oportunidades
e fortalecimento das famílias na sua função protetiva.

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Contudo, apesar dos inúmeros esforços das políticas públicas, ainda
observam-se fragilidades diante dos desafios atuais, como a construção de
diagnósticos no território sobre ocorrência e prevalência dos usos e tipos de drogas
mais utilizadas, motivações pessoais para os usos, conhecimento sobre os usuários,
suas famílias e suas reais necessidades de acolhida, dentre outras. Estas fragilidades
implicam ações públicas pontuais, emergenciais, com objetivos pouco definidos e
resultados insatisfatórios, com forte teor coercitivo da polícia, sem a necessária
articulação em redes e baixa adesão dos usuários e suas famílias.

A sociedade, por sua vez se queixa de desproteção, insegurança, insuficiência


de informações, mas não se sente motivada a participar do enfrentamento ao tema, e,
diante de várias situações de violência, muitas associadas ao consumo de drogas, se
coloca receosa e de forma por vezes preconceituosa, diminuindo a sua possibilidade
de colaboração, que é de fundamental importância para ao sucesso das ações.

Na perspectiva de avançar neste debate, o Governo Federal aprovou o Plano


Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas que implementa o Programa
Crack, é Possível Vencer, no ano de 2010, representando uma importante estratégia
intersetorial de governo para organizar as suas ações em três eixos: prevenção,
cuidados - envolvendo as áreas de saúde e assistência social, e autoridade -
envolvendo a segurança pública. O Programa Crack, é Possível Vencer possibilitou a
implantação, a ampliação e a qualificação das ações das respectivas áreas envolvidas,
de forma descentralizada, para estados, municípios e Distrito Federal, com a
participação e cofinanciamento nos três níveis de governo.

A partir de 2015, o Governo Federal prioriza as ações relacionadas ao uso de


álcool e outras drogas na redução de seu impacto social, privilegiando os segmentos
mais expostos a essas consequências, seja por características de seu ciclo de vida,
como as crianças e os adolescentes, seja por se encontrarem em situação de maior
vulnerabilidade social.

Para o período de 2016 a 2019 foram definidos, no Plano Plurianual do


Governo Federal, como principais objetivos: prevenir e retardar o uso de drogas
lícitas e ilícitas, principalmente entre crianças, adolescentes e jovens; ofertar cuidado

11
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e ações de reinserção social para as pessoas que têm problemas com álcool e outras
drogas e apoiar as famílias para lidar com as consequências do uso de drogas.

Nesse contexto, a política de assistência social ganha relevância pela


consonância de suas competências legais de garantir proteção social a famílias e
indivíduos em situações de vulnerabilidade e risco pessoal e social por violação de
direitos, inclusive, as associadas aos usos de álcool e outras drogas, por meio da
oferta de serviços, programas, projetos e benefícios.

Vale ressaltar que o SUAS , enquanto sistema público que organiza, de forma
descentralizada, os serviços socioassistenciais no país, dispõe de uma rede de
proteção social à famílias e indivíduos, considerando as situações de vulnerabilidades
e risco próprias de cada ciclo de vida: crianças, adolescentes, jovens e pessoas idosas
ou de determinadas condições/situações vivenciadas, tais como: deficiência, gênero,
raça/cor, etnia, orientação sexual; situações de violência, negligência, maus tratos,
abandono, abuso e exploração sexual; tráfico de pessoas; convivência com a extrema
pobreza; situação de rua; cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto;
consumo de álcool e outras drogas, dentre outras.

Para tanto, o SUAS organiza suas ações por níveis de proteção:

a) Proteção Social Básica (PSB): ofertada nos Centros de Referência da


Assistência Social (CRAS) e em unidades referenciadas.

b) Proteção Social Especial (PSE): A PSE se divide em Média e Alta


Complexidade, sendo que na Média Complexidade os serviços são ofertados nos
Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), nos Centros
de Referência Especializados para População em Situação de Rua - Centros POP,
nos Centros-dia de Referência para Pessoa com Deficiência, Pessoa Idosas e suas
famílias e em unidades referenciadas ao CREAS. Em relação à Alta Complexidade
são ofertados serviços de Acolhimento em distintos equipamentos, para atender a
diversos perfis de usuários.

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Os serviços públicos e gratuitos do SUAS são cofinanciados pelos três níveis
de governo, implantados pelos Municípios, pelo Distrito Federal e de forma
regionalizada pelos Estados, podendo ainda, de acordo com a Tipificação Nacional
de Serviços Socioassistenciais, serem executados em parceria com Entidades Sociais
abrangidas pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Desta forma, o SUAS
se consolida por meio da construção de serviços sociassistenciais em rede no
território, de forma articulada com os serviços das demais políticas, e em integração
com os órgãos de garantia e de defesa de direitos.

Neste sentido, a organização do SUAS conta com uma coordenação da


Política Nacional de Assistência Social (PNAS) no nível federal, pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), a coordenação da política nos
Estados e nos Municípios e a oferta dos serviços e benefícios pelos Municípios e/ou
pelos Estados e pelo Distrito Federal.

As orientações técnicas para o atendimento no SUAS às famílias e


indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco por violação de direitos, associada
ao consumo de álcool e outras drogas, elaboradas sob a coordenação da Secretaria
Nacional de Assistência Social, conta com a participação dos Departamentos de
Proteção Social Básica e Especial, de consultores especialistas na área, além da
participação de profissionais de diversos serviços do SUAS, localizados em
distintos municípios/estados e com experiências em atendimento a famílias e
indivíduos com histórico de consumo de álcool e outras drogas.

A troca de informações e de experiências na construção deste documento foi


fundamental para fazer discussões sobre as complexas demandas apresentadas à
assistência social pelos usuários, a oferta pública de serviços especializados, a
diversidade dos desafios encontrados e as estratégias de soluções adotadas nos
territórios. O envolvimento do órgão gestor da assistência social na articulação com
os demais órgãos na perspectiva de construção de uma rede qualificada de serviços e
a capacitação dos trabalhadores foram consideradas estratégias determinantes para o
sucesso dos serviços.

Neste contexto, o Capítulo I trata dos aspectos históricos, políticos e sociais


do consumo de álcool e outras drogas e as dimensões implícitas aos atendimentos

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ofertado no SUAS diante das situações de vulnerabilidade, risco e violação de
direitos. Apresenta algumas reflexões e problematizações gerais sobre as drogas e
sua diversidade, os sujeitos das políticas públicas, sua caracterização e alguns
aspectos das drogas disseminados na realidade brasileira.

O Capítulo II aborda aspectos da legislação brasileira e das políticas sobre


drogas no Brasil. Aqui, realiza-se breve retrospectiva que contempla, a legislação
inicial,, as principais diretrizes e orientações sobre o tema, a atual Política Nacional
sobre Drogas,, , e os avanços do Sistema único da Assistência Social (SUAS) para
incorporar novas dimensões aos seus Serviços e importantes pilares para a efetivação
da proteção social a indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco, associados ao
consumo de álcool e outras drogas e suas famílias.

O Capítulo III é dedicado à discussão mais pormenorizada sobre a Rede


SUAS nos territórios e as contribuições dos serviços de Proteção Social Básica
(PSB) e da Proteção Social Especial (PSE) de média e de alta complexidade na
atenção às famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco, inclusive
associada ao consumo de álcool e outras drogas. Esse capítulo contempla
importantes reflexões sobre a capacidade destes serviços, ampliada pela
possibilidade de atuação integrada com as demais unidades do SUAS e em
articulação com os serviços da demais políticas, órgãos de garantia e de defesa de
direitos.

Nas considerações finais, destaca-se o papel essencial e estratégico dos


gestores da política de Assistência Social na organização e gestão de processos de
trabalho qualificados no SUAS, frente às demandas apresentadas nos territórios,
especialmente quando envolvem situações implicadas com usos de drogas. Demarca-
se, ainda, a importância da gestão das unidades de oferta dos serviços
socioassistenciais, importante referência na articulação intersetorial e na integração
das ações e serviços das diversas políticas públicas nos territórios.

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1.1. Refletindo sobre os usos do crack, álcool, e outras drogas no contexto do
SUAS

A proteção social a indivíduos e famílias que se encontram em


situação de vulnerabilidade e risco por violação de direitos, inclusive associada ao
consumo de álcool e outras drogas, exige um conjunto de ações que não são
exclusivas do escopo da proteção social ofertada pelo SUAS mas, seguramente esta
política pública que se envolve com o fortalecimento de vínculos, superação e/ou
enfrentamento de à extrema pobreza, ao trabalho infantil, à situação de mulheres
vítimas de violência, ao tráfico de pessoas, à situação de rua e outras desproteções,
tem um papel fundamental na construção de uma rede de proteção dessas pessoas.
Nesse sentido, as atenções no SUAS buscam considerar a diversidade do público e
seu cotidiano no território, sem perder de vista os efeitos negativos de construções
históricas de negligência, preconceito e exclusão social a que as pessoas usuárias de
álcool e outras drogas e suas famílias foram expostas ao longo dos anos, ainda
fortemente refletidos nos dias atuais.

Não se pode falar em usos de drogas somente a partir do


concreto ou de fatos pontuais ou visíveis, mas deve-se considerar o
imaginário social construído em torno das drogas e da invisibilidade
das situações sociais e afetivas relacionais que perpassam os usos, os
usuários e suas vivências no território.

Esta perspectiva implica considerar que, além das dimensões fármaco-


químicas dos usos de drogas, esta prática está imbricada na dimensão sociocultural,
permeada, também, pela vulnerabilidade, pelo medo, preconceito, fascínio,
criminalização, dentre outras, o que demanda diagnósticos no território para
qualificar as ações de atenção aos usuários e de promoção de dinâmicas que
enriqueçam e fortaleçam vínculos na colaboração para a construção de processos de
autonomia e segurança de famílias e indivíduos nos territórios.

Vale destacar que nas distintas culturas presentes no mundo e no Brasil,


inclusive, existem pessoas que bebem, fumam, aspiram, inalam, sorvem, injetam,
comem ou friccionam sobre a pele substâncias indutoras de múltiplas formas de

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alteração da consciência, como entorpecimento, ampliação da atenção, relaxamento,
indução a estados oníricos e alucinações, etc. As motivações alegadas são inúmeras,
como a busca espiritual, o deleite estético, a ampliação do rendimento profissional e
estudantil, a falta de sono ou a luta contra ele, o combate à angústia e ao sofrimento,
a falta de coragem, a fome, dentre outras.

A noção de “uso de drogas” envolve diferentes usos, de diferentes


substâncias, com objetivos diversos e sentidos variados. Quando se fala nos “efeitos
das drogas”, é comum que se privilegie o que se poderia chamar de “efeitos
colaterais”, ou seja, o impacto do uso de uma determinada droga sobre o organismo,
com ênfase nos riscos e danos associados. Não é apenas isso, existe ainda a dimensão
da compreensão dos usos de drogas como desejo (vontade) do sujeito, suas intenções
ao consumir determinada substância, deste ou daquele jeito, nesta ou naquela
circunstância, associado ou não à dependência.

Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), droga “é


toda substância não produzida pelo organismo, que tem a propriedade de atuar
sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento”
(BRASIL, 2011). A definição da OMS é adotada pela Secretaria Nacional de
Políticas sobre Drogas no Brasil e considera que a droga pode produzir benefícios,
por ocasião do tratamento de doenças, como os medicamentos, mas pode trazer
malefícios à saúde, como as substâncias tóxicas e venenos.

Ao chamar a atenção para a pluralidade dos sujeitos e das questões associadas


ao consumo do álcool e outras drogas, é importante ressaltar as situações de
vulnerabilidades e riscos pela fragilização de vínculos familiares, sociais e
comunitários; dificuldades na realização de atividades cotidianas, como trabalho,
estudos, lazer e outros papéis sociais, como ser pai, mãe, companheiro, filho, amigo;
vivências com baixa autoestima; sensação de culpa e derrota, agressividade,
desconfiança, delírios; privações vividas pelo não acesso às políticas públicas;
segregação, preconceito e estigma e pela negação da cidadania, entre outros.. Neste
contexto, a compreensão da diversidade humana possibilita a ampliação do olhar
para a fragilização social da vida quando associada às drogas. Entender essa
diversidade possibilita evitar ações que reproduzam efeitos estigmatizantes ou
segregadores por vezes mais danosos que o próprio consumo da droga.

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Como referenciado neste documento, existem variados usos e tipos de drogas,
mas não existe um sujeito claramente identificável como “usuário de drogas”. Não há
características que possibilitem a construção de um “perfil” do usuário de drogas.
São pessoas de todas as idades, religiões, posições políticas e orientações sexuais, de
todas as classes sociais e graus de escolaridade.

Envolver-se com drogas não é exclusividade de uma classe social,


de uma etnia, de um gênero, de uma orientação sexual, de uma faixa
etária, de uma opção religiosa. É preciso ter atenção a este fato, pois a
generalização implica diminuição do repertório de estratégias de
atendimento a estas pessoas.

Em relação às representações sociais relativas às questões de gênero, por


exemplo, é importante observar a exposição a riscos sociais e pessoais nas quais os
homens vivenciam nas sociedades, cuja masculinidade é enaltecida e exigida como
padrão social independente das consequências advindas e da fragilidade dessa
exposição tais como violência, tráfico, homicídio, etc. Nesse sentido, vale fazer o
destaque também para a questão de raça, onde a vulnerabilidade é ainda maior no
que se refere aos jovens negros, os quais ocupam o topo da lista nos índices de
mortes violentas e em virtude do tráfico de drogas no Brasil.

Outro recorte decorrente das questões de gênero é a vulnerabilidade social de


mulheres com relação às drogas, por vezes, incluem a convivência com a perda de
seus irmãos, filhos e companheiros, pessoas importantes na dimensão afetiva e,
muitas vezes, para prover o sustento da família. Na obra “Falcão: mulheres do
tráfico”, Athayde e Bill (2007) relatam seus encontros com diversas destas mães,
esposas, filhas e irmãs. O autor mostra que, muitas vezes, as famílias pobres
chefiadas por mulheres sofrem com a cobrança da sociedade no que se refere aos
cuidados e proteção de seus membros, sentem-se impotentes e isoladas e com
dificuldades para assumirem sozinhas a proteção da família.

Neste contexto, nos serviços da Assistência Social, a escuta qualificada dos


profissionais pode se desdobrar em uma ampliação do olhar para as vulnerabilidades
da família, no entendimento de suas histórias de vida, dos pactos e alianças, do

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sofrimento compartilhado e da necessidade de uma intervenção mais ampla,
considerando a complexidade das relações familiares e das variáveis que ali
interferem, participando ativamente dos cuidados coletivos, contribuindo para
atenuar sofrimentos, restabelecer vínculos e ampliar as redes de proteção social,
independência e autonomia no território.

Esta perspectiva reconhece a amplitude das vulnerabilidades e dos riscos


pessoais e sociais quando associadas ao consumo de álcool e outras drogas,
percebendo que não se trata de questões passíveis de serem conduzidas com
intervenções unilaterais, tampouco desprotegendo os indivíduos e famílias
envolvidas. As estratégias construídas pelo Estado para fazer frente a estas questões
precisam ser intersetoriais, envolvendo as áreas de saúde, assistência social,
educação, esporte, cultura, lazer, trabalho, habitação, qualificação profissional,
segurança pública, dentre outras, como direito de cidadania, com o objetivo de
garantir o acesso a bens e serviços em igualdade de oportunidades, contribuindo para
ampliar aquisições e condições para a superação ou enfrentamento das situações
apresentadas.

1.2 Conhecendo um pouco mais sobre o álcool e outras drogas para qualificar as
ações do SUAS com indivíduos e famílias

Conhecer, mesmo que basicamente, sobre os vários tipos de drogas; os efeitos


esperados; as condições pessoais, sociais e de convivência cotidiana de famílias e
indivíduos no território, e que podem ampliar as situações de vulnerabilidade e risco,
é muito importante não só para a estruturação dos serviços, como para a garantia da
atuação qualificada dos seus profissionais.

Para compreender o consumo de drogas em suas várias modalidades (uso,


abuso e dependência) é fundamental refletir sobre algumas questões: por que as
pessoas procuram as drogas? Os efeitos de uma droga são os mesmos para qualquer
pessoa? Por que algumas pessoas consomem drogas de forma moderada e outras de
forma abusiva? Por que será que sob o efeito da mesma quantidade de droga algumas
pessoas ficam alegres, outras ficam agressivas ou mesmo violentas?

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Vários estudos apontam que os efeitos de uma droga dependem de três
elementos:

1. Suas propriedades farmacológicas (estimulantes, depressoras ou


perturbadoras);

As depressoras são conhecidas por causar diminuição da realização de atividade, da


capacidade motora, da reação à dor e à ansiedade e podem produzir euforia inicial e
sonolência, por exemplo, o álcool e os solventes. As estimulantes costumam induzir
ao aumento da atividade, alerta exagerado, insônia, aceleração dos processos
psíquicos, dentre elas, a cocaína. Por ultimo, as drogas consideradas perturbadoras,
que podem desencadear alucinações, perturbações e delírios, dentre elas, a maconha.
(SENAD, 2011. p. 18)

2. A pessoa que a usa, suas condições físicas e psíquicas, inclusive suas


expectativas;

3. O ambiente e o contexto de uso dessa droga, tais como as companhias, o


lugar de uso e o que representa esse uso socialmente.

Olhando com cuidado, entretanto, os três elementos acima convergem para


um deles, apenas: o usuário. O mesmo ambiente e o mesmo contexto influenciam
diferentemente as pessoas. O mesmo ocorre em relação às propriedades
farmacológicas das drogas, uma vez que a expressão dos seus efeitos depende da
capacidade de metabolização daquela droga por cada usuário e de suas condições
psíquicas e mentais no momento do uso. Ou seja, ainda que as substâncias sejam
classificadas nas categorias acima citadas (alucinógenas, depressoras e estimulantes),
cada uma delas terá um efeito específico a partir de cada história de vida e é neste
ponto onde se localiza a potencialidade da intervenção psicossocial.

Neste caderno, serão destacadas reflexões sobre o consumo de algumas


drogas que podem estar presentes no cotidiano de pessoas e famílias atendidas pelos
serviços da assistência social: o crack, álcool, maconha e os solventes.

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1.2.1 O uso do álcool

Com frequência, considera-se que drogas são apenas produtos ilegais, como a
maconha, a cocaína e o crack; porém, do ponto de vista da saúde, muitas substâncias
legalizadas podem ser igualmente perigosas, como o álcool, que é considerado uma
droga como as demais.

O álcool está presente em uma série de bebidas legais, na maioria dos países,
na maior parte do tempo. Tal característica implica em maior disponibilidade, e em
menor estigmatização das pessoas que bebem.

O levantamento domiciliar levado a cabo pelo CEBRID no ano de 2005


apontou que 74,6% dos entrevistados já havia feito consumo de álcool em algum
momento de suas vidas, subindo para 83,5% entre os homens, e caindo para 68,3%
entre as mulheres. A mesma pesquisa aponta que 12,3% dos entrevistados
apresentavam características que permitiam sua caracterização como “dependentes”,
sendo que entre os homens a taxa é de 19,5%, contra 6,9% para as mulheres. A faixa
de idade com maior incidência foi situada entre 18 e 24 anos (19,2%). Quando
isolados apenas os homens nesta faixa etária, o índice sobe para incríveis 27,4%, e
entre as mulheres, cai para 12,1% (CARLINI, 2006, p. 41). Ainda segundo a mesma
pesquisa, para cada seis homens que experimentam álcool, um desenvolve
dependência; entre as mulheres, esta taxa é de uma para cada dez (idem, p. 389).

Por mais que o crack venha ocupando grandes espaços nos meios de
comunicação de massa, o álcool segue sendo a droga mais utilizada, e também a que
causa mais males à saúde, às famílias e à sociedade como um todo. O uso prejudicial
de álcool, por sua magnitude, pode ser considerado como um dos mais graves
problemas sociais e de saúde, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Os problemas relacionados ao consumo de álcool e às suas consequências vão


além da saúde individual de quem usa, envolvendo acidentes de trânsito, atos de
violência (especialmente doméstica) e problemas relacionados ao mundo do trabalho.
Para o usuário de álcool existem ainda os efeitos do preconceito: perda da confiança,
fragilização dos vínculos familiares, descrédito e dificuldade para o acolhimento na
escola, no trabalho, rebaixamento da autoestima, falta de perspectivas, entre outros.

É importante salientar a complexidade do tema, de modo a evitar abordagens


simplistas, fincadas única e exclusivamente na busca pela abstinência.

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 Álcool e Adolescentes

A Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (SENAD) financiou, em


2010, a maior pesquisa realizada entre estudantes brasileiros sobre uso de drogas.
Foram entrevistados mais de 50 mil crianças e jovens entre 10 e 19 anos em escolas
públicas e privadas das 27 capitais brasileiras.

Entre escolares, o álcool é, de longe, a droga mais consumida: 59% dos


entrevistados afirmaram que já experimentaram. O tabaco, segunda mais consumida,
foi citado por 17,9%. Apesar de alto, o uso de álcool entre escolares brasileiros é
comparável ao de países da Europa e Américas. Na comparação com outros países, o
Brasil apresenta baixos índices de uso na vida de maconha e cocaína e crack, 8,6% e
3,4%, respectivamente. Já o uso de inalantes no Brasil é um dos mais altos do mundo
– na faixa de 15-15 anos, 10,8% dos entrevistados já tinham experimentado. A título
de comparação, esse percentual é de 6,1% no Chile e 3,7% na Bolívia.

A idade de início do uso de drogas é um fator importante para o desenho de


políticas de prevenção. Estudos demonstram que, quanto mais cedo o uso, maior a
probabilidade de desenvolver dependência. No Brasil, o primeiro uso de álcool,
inalantes, tabaco e medicamentos psicotrópicos (calmantes, por exemplo) acontece,
em média, aos 13 anos. Cocaína e crack são experimentados entre os 14 e 15 anos.

Houve diminuição do uso de drogas recente (no ano anterior à pesquisa) de


drogas entre os estudantes na comparação com a pesquisa realizada em 2004. Essa
diminuição (de 19,6% para 9,9% excluindo álcool e tabaco) inverte uma tendência de
aumento crescente que vinha sendo observada em todos os levantamentos realizados
desde a década de 90. A exceção é a cocaína, cujo consumo aumentou (1,7% em
2004 para 1,9% em 2010) mas ainda é minoritário em relação a outras drogas como
álcool, tabaco, inalantes e maconha. No caso do crack, também houve diminuição do
uso (de 0,7% em 2004 para 0,4% em 2010), mas o número de estudantes usuários é
tão pequeno que não possibilita fazer afirmações seguras.

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1.2.2 O uso do crack

No final do século XX, a discussão sobre uso e comércio do crack torna-se


cada vez maior, despertando a preocupação da sociedade e o interesse dos meios de
comunicação em geral. Várias notícias associando violência ao consumo de drogas e
vários debates foram desencadeados, dando visibilidade a um problema importante,
sem, contudo trazer grandes alternativas de enfrentamento destas questões e ainda
carregadas de muito preconceito. A expressão “crackolândia” para se referir a
territórios nas cidades com grande frequência e usos de crack popularizou-se nos
territórios ocupados por pessoas em situação de rua, em uma clara confusão entre a
presença de pessoas em situação de rua e suas identidades e histórias de vida, e
pessoas que usam drogas e que podem estar nas ruas.

A complexidade deste fenômeno aumenta quando associado ao início do uso


na tenra idade, à convivência com a extrema pobreza, a fragilidade dos vínculos
familiares e comunitários, a falta de aceso a serviços de saúde, educação, cultura,
esporte, lazer, trabalho, habitação, proteção social e outro; a associação ao tráfico e à
violência, ampliando consideravelmente as situações de vulnerabilidade, risco e
violação de direitos dos usuários, suas famílias e suas relações no território.

Uma referência importante sobre o levantamento de dados sobre o uso do


crack no Brasil se refere ao estudo realizado no ano 2012, pela SENAD e a Fundação
Oswaldo Cruz – FIOCRUZ. O estudo foi realizado por meio de pesquisa, na
perspectiva de avaliar a gravidade do ponto de vista social e da saúde, que o
consumo do crack representa aos usuários, estimar o número de usuários e delinear
características do perfil dos mesmos. Foram realizadas 7 mil entrevistas com usuários
regulares de crack que ajudaram o governo a construir o perfil dos abusadores de
crack do país, resumido no quadro abaixo.

A pesquisa consolidou algumas ideias que já norteavam a construção da


política sobre drogas no Brasil. A primeira delas é a de que a exclusão social agrava
as consequências da dependência de drogas, que, por sua vez, aprofunda a
vulnerabilidade social, em um círculo vicioso. Os abusadores de crack são, em geral,
homens e negros ou pardos (80% dos entrevistados) e tem idade média de 30 anos. 8
em cada 10 não chegaram ao ensino médio, e 3 em cada 10 estão em situação de rua.

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Nas capitais, essa situação é um pouco mais grave e metade dos usuários estão nas
ruas. 30% dos entrevistados foram presos no ano anterior à pesquisa.

A situação das mulheres pode ser ainda mais grave: 30% delas já sofreram
violência sexual, 40% se prostituem e 50% das entrevistadas tiveram gestações
enquanto usavam crack. Entretanto, a pesquisa também desafiou algumas ideias
comumente relacionadas à dependência de crack. A história de uso de crack entre os
entrevistados é de 8 anos em média, sendo que 50% fazem uso diário, contrariando a
imagem de rápida letalidade da droga.

Os impactos para a saúde são enormes. 70% dos usuários compartilham


apetrechos de uso, aumentando bastante o risco de hepatites. A prevalência de
Hepatite C entre usuários de crack é 2,5 vezes maior do que a da população
brasileira. 70% nem sempre usam preservativos em suas relações sexuais. Porém,
apesar desse risco, 60% dos entrevistados disseram nunca ter feito testagem para
HIV. A prevalência de HIV+ entre os abusadores de crack (4,9%) é oito vezes maior
do que a estimada para a população geral brasileira (0,6%).

A mortalidade dos usuários é seis vezes maior do que a da população em


geral. Pesquisa que acompanhou um grupo de usuários de crack durante 12 anos1
mostrou que, a cada 10 abusadores, 6 morrem assassinados, 3 devido à AIDS/
hepatites e 1 por overdose.

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Demandas com relação à rede de cuidados chamam atenção na Pesquisa.
Quando perguntados sobre o que esperam dos serviços de saúde, os entrevistados
evidenciam a busca por direitos bem mais abrangentes, que vão dos mais imediatos
(comida, banho, curativos) aos mais essenciais (educação, trabalho, abrigo, lazer).
Todas essas respostas obtiveram mais de 80% de frequência. Também frequente foi a
preocupação com a separação entre esses serviços e as forças de segurança pública.
Tais informações demonstram a importância crucial dos serviços de assistência
social para a aproximação dessa parcela marginalizada da sociedade ao estado
brasileiro.

A pesquisa afirma que os adolescentes são minoria nas cenas de uso, mas não
captou informações sobre seu perfil. Sabe-se, no entanto, que o uso de crack e/ou
cocaína já atingia dez anos atrás até 4 em cada 10 adolescentes em situação de rua
(Notto, 2003) . Outras fontes informam que o tráfico de drogas vem se tornando o
primeiro motivo para aplicação de medidas de privação de liberdade para
adolescentes (FSP, 11/08/2013). Ou seja, se no conjunto da população que abusa de
crack os adolescentes são um grupo menos significativo, dentre os adolescentes com
alta vulnerabilidade social (que estão em situação de rua e/ou em conflito com a lei)
o envolvimento com o crack é muito frequente e está associado ao agravamento da
exclusão social. Pode-se dizer que, na ausência de políticas eficazes, esses
adolescentes seguirão com os anos a trajetória dos homens e mulheres
marginalizados descritos acima.

Os resultados apontados no estudo em referência mostram a alta


vulnerabilidade social das pessoas que fazem uso de crack,
indicando a importância da construção de políticas públicas
integradas que tenham como objetivo das respostas promovendo à
informação, à saúde, à educação, trabalho, à habitação, a cuidados,
à proteção social, à segurança, dentre outras, de forma continuada,
possibilitando a quebra de estigmas e a inserção nas políticas
publicas, bem como produzindo um novo olhar da sociedade sobre o
tema e em relação aos usuários de drogas.

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1.2.3 O uso da maconha

Cannabis Sativa é o nome científico dado no Brasil para a maconha, planta


cujas folhas podem ser ingeridas ou fumadas. Seus efeitos causam sensação de bem
estar, calma e relaxamento, menos fadiga, embora em outras ocasiões, possam causar
angústia, atordoamento, ansiedade, e medo. (SENAD, 2011, p. 29). Trata-se da droga
qualificada como ilícita mais consumida no mundo. Há inúmeros estudos sobre o
tema com diferentes enfoques e resultados. Existem pesquisas que apontam para a
intensificação de sintomas em pessoas que apresentam algum transtorno mental e
fazem o uso da maconha, ao passo que outras pesquisas apontam os potenciais
terapêuticos da planta, especialmente como coadjuvante no tratamento de certos tipos
de câncer, e também de complicações associadas à AIDS. Aliás, as polêmicas não se
restringem ao campo acadêmico, e envolvem organizações de pessoas que usam a
droga, e que desejam participar dos debates sobre a planta (MEDEIROS &
CECCHIM, 2011, p. 41-52).

Segundo Escohotado (1997), as pessoas que usam maconha experimentam


estados de embriaguez, que resultam em um relaxamento da atenção e do foco. Seus
efeitos intensificam as sensações corporais, acalmando as tensões, produzindo um
sono sem sonhos (ESCOHOTADO, 1997, p. 201-202). Becker (2008, p. 62)
menciona tontura, sede e certa dificuldade em avaliar tempo e distâncias.

O Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) de 2012, da


Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), concluiu que mais de 1,5 milhão de
brasileiros consomem maconha todos os dias. O estudo detectou que 62% das
pessoas tinham menos de 18 anos quando entraram em contato com a maconha.
Segundo o estudo, 8 milhões de pessoas já experimentaram maconha alguma vez na
vida, o equivalente a 7% da população brasileira.

O estudo concluiu ainda que mais de 1% da população brasileira são


dependentes de maconha. Cerca de 40% de todos os usuários de maconha são
dependentes da droga. A pesquisa aponta para uma questão de gênero importante, os
homens consomem três vezes mais maconha do que as mulheres.

Verificou-se ainda um aumento significativo no número de usuários


adolescentes. Em 2006 existia menos de um adolescente para cada adulto usuário,

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enquanto que em 2012 esse índice subiu para 1,4 adolescentes para cada adulto. No
último ano, a taxa encontrada foi 3%, equivalente a mais de 470.000 adolescentes.

O estudo avaliou o padrão de uso das drogas e a associação de fatores como


depressão, qualidade de vida, saúde física e violência infantil e doméstica. Além
disso, é válido destacar que o uso da maconha associado a outras drogas pode
potencializar seus efeitos. Sem dúvida nenhuma, estes dados são importantes para
demonstrar que os adolescentes (homens) são especialmente suscetíveis ao uso de
maconha. Esta é uma informação importante para as políticas de proteção social,
uma vez que no âmbito da assistência social, configura-se como um ponto de atenção
na oferta de serviços socioassistenciais.

1.2.4 O uso dos solventes

Os inalantes mais populares são a cola de sapateiro, esmalte, benzina, lança-


perfume, loló, gasolina, acetona, tíner, éter, aguarrás e tintas. Seus principais efeitos
são: redução da sensação de fome e de frio; redução da sensação de dor; e produção
de sensações agradáveis, inclusive alucinações.

A recente emergência do crack como droga extremamente debatida pelos


meios de comunicação de massa colocou os inalantes em segundo plano. Durante
muito tempo as populações em situação de rua eram identificadas com o uso de
inalantes. À distância, tem-se a impressão de que estas drogas desapareceram por
completo, restando apenas o crack e assemelhados, mas esta não é a realidade, os
inalantes ainda estão muito presentes na realidade e no cotidiano de muitos usuários
como forma de amenizar algumas das adversidades da situação de rua (fome, frio,
dor física, sofrimento psíquico decorrentes dos maus tratos e de várias formas de
violência).

As caracterizações das drogas apresentadas apontam para uma possível


correlação de certas drogas com as classes socialmente mais empobrecidas e
vulnerabilizadas. Desvela, também, uma correlação ainda mais preocupante: à
medida que as pessoas vão usando diferentes tipos de drogas e fazendo diferentes
“usos”, vão se aproximando ainda mais de situações de violações de direitos.
Mergulham muitas vezes na dependência cruzada (duas ou mais drogas), fragilizam

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ou rompem vínculos familiares, ficam à margem do mundo do trabalho, abandonam
projetos de vida, e, ainda, potencializam as condições de riscos sociais e de novas
vulnerabilidades.

Neste contexto, é necessária atenção especial com as famílias, crianças e


adolescentes envolvidas com usos de drogas convivendo com a extrema pobreza, em
situação de rua, trabalho infantil, mulheres vítimas de violência, dentre outros fatores
identificados no estudo. Esta superposição de fatores justifica a inclusão dessas
pessoas nos serviços e benefícios do escopo da política pública de assistência social,
de Proteção Social Básica e Proteção Social Especial, na perspectiva de fortalecer o
protagonismo dos usuários na construção de projetos pessoais de autonomia e
segurança, bem como, para fortalecimento das famílias na sua função protetiva e dos
vínculos comunitários.

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2.1. A Política Nacional sobre Drogas e os instrumentos normativos sobre
Drogas no Brasil

O abuso de drogas é um problema e um desafio mundial. Não existe solução


única, nem remédio milagroso. Prova disso é que mundo afora os países têm buscado
soluções novas, que dialoguem com a complexidade do problema e a diversidade das
necessidades dos cidadãos. Cientistas e clínicos, e a própria Organização das Nações
Unidas (ONU), têm afirmado que é com apoio às famílias, solidariedade social e
redução das desigualdades que vamos diminuir o problema das drogas.

As novas experiências internacionais levam em conta que a questão do uso de


drogas é considerado um fenômeno complexo que envolve questões sociais,
familiares, pessoais e culturais e que qualquer forma de intervenção deve ter como
principal foco a saúde com abordagem multidisciplinar, o aumento da oferta de
cuidados e atenção aqueles que se encontram em sofrimento devido ao uso
problemático de substâncias psicoativas ilícitas ou não, bem como a continuidade
dos esforços de repressão aos grandes produtores, distribuidores e financiadores do
tráfico de drogas.

A Lei Federal n.º 11.343, de 23 de agosto de 2006, que regula o tema no Brasil,
estabeleceu como um de seus princípios a redução de riscos e de danos sociais e à
saúde. Essa proposta orienta as atividades de atenção e de reinserção social de
usuários e dependentes a partir de projetos terapêuticos individualizados com o
respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, especialmente quanto à sua
autonomia e à sua liberdade.

Em relação à repressão criminal, distintos arranjos foram desenvolvidos ao


longo do tempo, em várias partes do mundo. Ainda predomina, na maioria dos
países, manter a criminalização e penas severas para o comércio de drogas ilícitas; no
entanto, para o uso de drogas, as punições têm sido menos severas. Em alguns países,
como no Brasil, mantém-se a criminalização, mas sem a previsão de pena de prisão
aos usuários; já outros países têm optado pela infração administrativa, e não criminal,
ou seja, pela descriminalização. Outros arranjos possíveis são a descriminalização,

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para uso medicinal, de alguma substância inicialmente proibida ou a permissão do
uso recreativo de algumas drogas específicas mediante a legalização ou a regulação
desse uso.

Cada uma das políticas adotadas pelos países tem diversos argumentos
favoráveis e contrários à sua adoção. É importante saber que existem vários arranjos
possíveis e que o resultado das experiências internacionais ao longo dos anos pode
servir para que o Brasil avalie e construa sua política sobre drogas. Algumas
legislações nacionais são importantes para compreender como o Brasil tem lidado
com as questões das drogas em seus vários aspectos. A linha do tempo a seguir traz
os principais instrumentos legais do nosso país na construção de políticas sobre
drogas

Como passo fundamental para a implementação da Política Nacional sobre


Drogas (PNAD) no Brasil, destaca-se a Lei n.º 11.343, conhecida como Lei de
Drogas. Essa lei substituiu as duas leis anteriores sobre o tema e instituiu o Sistema
Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD). No artigo 28 está previsto
que o porte para uso de drogas deverá estar sujeito a penalidades alternativas à prisão
e relacionadas ao objetivo de prevenção e ressocialização. Entre elas, destacam-se:

- advertência sobre os efeitos das drogas;


-prestação de serviços à comunidade, preferencialmente em locais públicos
ou privados que se ocupem da prevenção do uso ou da recuperação de usuários e
dependentes de drogas;
- medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo;

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-atendimento gratuito em estabelecimento de saúde, preferencialmente
ambulatorial, para tratamento especializado colocado à disposição pelo Estado ao
usuário ou dependente.

A Política Nacional sobre Drogas tem, entre seus princípios, o respeito aos
direitos fundamentais da pessoa humana. Isso demonstra o quanto se caminhou em
direção ao reconhecimento de que a prioridade absoluta das políticas públicas sobre
drogas deve ser o usuário e o dependente, entendido como sujeito de direitos, a quem
deve tratar com dignidade e respeitas suas particularidades e especificidades,
ofertando uma diversidade de sérvios de atenção e cuidados àqueles que desejarem.

2.2. As Diretrizes do Sistema Único de Saúde: A Política para Atenção


Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas e a Rede de Atenção Psicossocial

2.2.1 A Política para Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras


Drogas no SUS

De forma resumida, a história das políticas de saúde mental no Brasil é


marcada por embates e disputa de diferentes interesses, o que levou a uma
mobilização de diversos setores da sociedade para que houvesse um cuidado mais
digno e humanizado a pessoas com transtorno mental. Este movimento ficou
conhecido como Luta Antimanicomial e propôs as mudanças para a consolidação da
Reforma Psiquiátrica, que, de uma forma geral, defendia a inversão do sistema de
manicômios fechados para o tratamento de pessoas com transtorno mental, os quais
na maioria das vezes eram excludentes e desumanizados, para serviços extra
hospitalares e chamados de “porta aberta” e de base comunitária, como os Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS).

O marco legal da Reforma Psiquiátrica, a Lei Federal 10.216 de 06 de abril


de 2001, ratificou, de forma histórica, as diretrizes básicas que constituem o Sistema
Único de Saúde, garantindo aos usuários de serviços de saúde mental e,
consequentemente, aos que sofrem com problemas decorrentes do consumo de álcool
e outras drogas, o direito a um tratamento que respeite a sua cidadania e que, por

193
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isso, deve ser realizado preferencialmente em serviços comunitários, de base
territorial, sem excluí-las da comunidade, portanto, do convívio na sociedade.

Com o objetivo de direcionar o cuidado a pessoas com problemas decorrentes


do uso de drogas, o Ministério da Saúde publicou, em 2003, a Política para Atenção
Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas. Essa política, além de reafirmar o uso
de drogas como um fenômeno complexo que deve envolver a atuação de várias
políticas setoriais e da sociedade civil organizada, define a Redução de Danos como
marco teórico-político, tendo em vista o rompimento com as metas de abstinência
como única possibilidade terapêutica.

“ A redução de danos

A abstinência não pode ser, então, o único objetivo a ser alcançado. Aliás,
quando se trata de cuidar de vidas humanas, temos que, necessariamente,
lidar com as singularidades, com as diferentes possibilidades e escolhas que
são feitas. As práticas de saúde, em qualquer nível de ocorrência, devem
levar em conta esta diversidade. Devem acolher, sem julgamento, o que em
cada situação, com cada usuário, é possível, o que é necessário, o que está
sendo demandado, o que pode ser ofertado, o que deve ser feito, sempre
estimulando a sua participação e o seu engajamento. Aqui a abordagem da
redução de danos nos oferece um caminho promissor. E por quê? Porque
reconhece cada usuário em suas singularidades, traça com ele estratégias
que estão voltadas não para a abstinência como objetivo a ser alcançado,
mas para a defesa de sua vida. Vemos aqui que a redução de danos oferece-
se como um método (no sentido de métodos, caminho) e, portanto, não
excludente de outros. Mas, vemos também, que o método está vinculado à
direção do tratamento e, aqui, tratar significa aumentar o grau de liberdade,
de corresponsabilidade daquele que está se tratando. “Implica, por outro
lado, no estabelecimento de vínculo com os profissionais, que também
passam a ser coresponsáveis pelos caminhos a serem construídos pela vida
daquele usuário, pelas muitas vidas que a ele se ligam e pelas que nele se
expressam.” (A Política do Ministério da Saúde para atenção integral a
usuários de álcool e outras drogas).

Neste princípio, o fundamental deixa de ser a abstinência e passa a ser a


possibilidade de novas formas de estar no mundo, de estabelecer relações, de
trabalhar, e mesmo o uso de álcool e outras drogas pode ser pensado de forma menos
nociva à própria pessoa e às pessoas próximas.

194
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A Redução de Danos não é uma estratégia isolada e sim uma incorporação
nas ações do cotidiano do cuidado. O usuário deve ser o protagonista de seu cuidado
e o serviço deve atuar como fortalecedor de novas atitudes de vida, no qual o vínculo
é encarado como estratégia primando à autonomia. Quando falamos de RD, também
falamos do desenvolvimento de estratégias de RD no território, em seu conceito mais
ampliado. Este território com o qual realizamos intervenções é constituído de pelo
menos três dimensões (PETUCO, 2014):

a. OBJETIVA – É o território em sua materialidade, com seus endereços e pontos de


referência.

b. TEMPORAL – O território constituído nos usos de drogas não possui apenas lugar
no mapa; possui também lugar no tempo. Não adianta procurar usuários de drogas
em um determinado lugar, se chegamos no tempo incorreto, e este tempo está
presente não apenas no relógio, mas também no calendário, pois os usos da cidade
determinam muitas vezes migrações temporárias dos usuários de um lugar para
outro, em decorrência, por exemplo, de megaeventos.

c. AFETIVA – É possível que alguns trabalhadores sociais e/ou de saúde adentrem o


território de uso de drogas no horário e momento certos, e, ainda assim, não
percebam o que se passa ali. Este é um território que não se mostra, justamente por
conta da criminalização. A parceria com uma liderança comunitária local,
reconhecida e respeitada pelos usuários, ou mesmo com algum usuário já vinculado a
um serviço, costuma dar bons resultados. Os usuários com necessidades decorrentes
do uso de álcool e outras drogas, na grande maioria das vezes, apresentam demandas
não restritas ao uso/abuso em si. Isso significa que suas demandas também envolvem
situações de vulnerabilidade sociais, como desemprego, desabrigamento e laços
sociais enfraquecidos.

A Política para Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas está


organizada a partir do estabelecimento de uma rede de atenção aos usuários de álcool
e outras drogas, pois não se pode pensar neste atendimento de forma fragmentada e
sim de forma integral e intersetorial. Esses dois princípios reforçam a importância
de garantir a oferta dos serviços e benefícios socioassistenciais no cuidado integral

195
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aos usuários, de acordo com suas necessidades e problemas, especialmente aos que
se encontram em situação de exclusão social

O texto da Política destaca fatores que reforçam a exclusão social dos


usuários de drogas, apresentados abaixo, e que devem ser alvo de atenção especial do
SUAS.

1. Associação do uso de álcool e drogas à delinquência, sem critérios


mínimos de avaliação;

2. O estigma atribuído aos usuários, promovendo a sua segregação social;

3. Inclusão do tráfico como uma alternativa de trabalho e geração de renda


para as populações mais empobrecidas, em especial à utilização de mão de
obra de jovens neste mercado;

4. A ilicitude do uso impede a participação social de forma organizada desses


usuários e;

5. O tratamento legal e de forma igualitária a todos os integrantes da “cadeia


organizacional do mundo das drogas” é desigual em termos de penalização e
alternativas de intervenção.

Ainda outros fatores podem ser incluídos acima, considerando as alterações


socioeconômicas vivenciadas pela população brasileira nos últimos anos, todos
demonstrando que a situação de exclusão social agrava os problemas relacionados ao
uso de drogas e que seu enfrentamento demanda a oferta de serviços que promovam
o acesso a outros direitos fundamentais que, muitas vezes, não estão garantidos às
pessoas que têm problemas com álcool e outras drogas.

2.2.2 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)

O SUS para superar a fragmentação do acesso e a fragilidade na integralidade


do cuidado, estabeleceu-se uma organização do cuidado através da consolidação das
Redes de Atenção à Saúde (RAS), estabelecidas como arranjos organizativos de
ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que, integradas por
meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a
integralidade do cuidado. .

196
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Dentre as Redes prioritárias, foi instituída a Rede de Atenção Psicossocial –
RAPS (Portaria nº 3.088/2011), que concretiza os princípios da Reforma Psiquiátrica
e as diretrizes da Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, com a
finalidade de ampliar e articular os serviços/pontos de atenção à saúde para pessoas
com sofrimento ou transtorno mental, e com necessidades decorrentes do uso de
crack, álcool e outras drogas

A RAPS possui componentes de diferentes complexidades da rede de saúde,


os quais compreendem um conjunto de serviços para atender às diferentes
necessidades de pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades
decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Por essa característica, esses serviços
são, também, chamados de pontos de atenção.

Conhecer a organização e o funcionamento da RAPS e de seus serviços é


fundamental para a construção de estratégias conjuntas de atendimento (cuidado
compartilhado) entre as unidades de assistência social e saúde. A partir da definição
de fluxos de atendimento, da realização de estudos de casos conjuntos e do
compartilhamento dos Planos Individuais de Atendimento – PIA e Projetos
Terapêuticos Singulares – PTS, instrumentos de acompanhamentos da assistência
social e saúde respectivamente, se consolida a articulação entre SUS e SUAS no
território.

Componentes da RAPS

A RAPS possui 07 componentes: 1) atenção básica em saúde; 2) atenção


psicossocial especializada; 3) atenção de urgência e emergência; 4) atenção
residencial de caráter transitório; 5) atenção hospitalar; 6) estratégias de
desinstitucionalização e 7) estratégias de reabilitação psicossocial. Cada componente
compreende os seguintes serviços:

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SERVIÇO/PONTO
COMPONENTE DESCRIÇÃO
DE ATENÇÃO

Local prioritário de atuação das


equipes de Atenção Básica, (equipes
de saúde da família e outras
modalidades de equipes de atenção
básica), pelos Núcleos de Apoio as
equipes de Saúde da Família (NASF),
pelas equipes dos Consultórios na
Rua e as de Atenção Domiciliar
(Melhor em Casa). São responsáveis
por acompanhar a saúde da população
de seu território, devem, também,
realizar ações coletivas de promoção
Unidades Básicas de da saúde, que podem ser por
Saúde intermédio de grupos de caminhada
no bairro, grupos de gestantes na
unidade de saúde ou sessões de
exercício físico. Podem,
ainda, realizar ações de prevenção de
agravos à saúde, como oficinas de
pais para fortalecimento dos vínculos
familiares em parceria com escolas da
Atenção Básica comunidade, grupos de jovens
envolvidos com drogas e/ou em
conflito familiar ou estratégias de
inserção social, por exemplo, de
pessoas com transtornos mentais na
comunidade.
Equipes multiprofissionais que atuam
de forma integrada com as equipes de
Saúde da Família (ESF), as equipes de
Núcleo de Apoio à
atenção básica para populações
Saúde da Família
específicas (consultórios na rua,
equipes ribeirinhas e fluviais) e com o
Programa Academia da Saúde.
Os Consultórios na Rua realizam um
importante trabalho com usuários de
drogas em situação de rua para a
redução de riscos e danos. Seus
profissionais têm papel crucial para
Consultório na Rua
integrar a rede de cuidados no
atendimento a essa população,
garantindo seu acesso a outros
componentes da RAPS e da atenção
especializada em saúde.

198
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Foco na promoção de saúde,
realizando, sob a supervisão de
profissionais de saúde, cultura e
esportes, atividades esportivas e
Centros de culturais que contribuam para o bem-
Convivência e Cultura estar e a cidadania de quem vive na
comunidade. São dispositivos que
buscam integrar a comunidade,
especialmente seus grupos mais
vulneráveis.
Constituídos por equipes
multiprofissionais que acompanham
pessoas com sofrimento ou
transtornos mentais graves e
persistentes, incluindo aquelas com
necessidades decorrentes do uso de
álcool, crack e de outras drogas.
Atenção
Centros de Atenção Responsáveis pela articulação com
Psicossocial
Psicossocial – CAPS outros serviços de saúde; conversar
Estratégica
com as equipes da atenção básica;
visitar pacientes internados em
hospitais gerais para planejar sua alta;
acompanhar quem está acolhido em
uma Unidade de Acolhimento,
Comunidade Terapêutica e Unidades
de Acolhimento do SUAS.
A atenção hospitalar à saúde mental
deve estar inserida nos hospitais
gerais, e não mais nos antigos
Samu 192 hospitais psiquiátricos, aliada a outras
especialidades médicas. Nesse
Atenção de modelo, leitos ou pequenas
Urgência e enfermarias de saúde mental realizam
Emergência Sala de estabilização internações breves (a maioria de uma
UPA 24 h e portas a três semanas) para casos agudos que
hospitalares de necessitem de cuidado médico
atenção à intensivo, ou que tragam
urgência/pronto- complicações clínicas associadas aos
socorro transtornos mentais e ao uso
prejudicial de drogas.

Leitos de Saúde O atendimento de urgência a quadros


Atenção Mental na clínica de saúde mental pode ser realizado,
Hospitalar médica ou pediatria preferencialmente, nos CAPS e
em Hospital Geral também nos prontos-socorros gerais e
Unidades de Pronto Atendimento
(UPA). A estabilização do quadro
depende, nesses casos, tanto de

199
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medicação quanto de um ambiente
adequado para escutar o paciente, seus
familiares e mediar conflitos. Por fim,
casos de urgência podem requerer um
atendimento pré-hospitalar, que é
realizado pelo Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU).
Oferta cuidado a pessoas com
dependência de drogas,
Unidade de particularmente daquelas sem rede
Acolhimento social de apoio, por meio de um
Atenção acolhimento residencial
Residencial de supervisionado.
Caráter Entidades que realizam o acolhimento
Transitório de pessoas, em caráter voluntário,
Serviço de Atenção em com problemas associados ao uso
Regime Residencial nocivo ou dependência de substância
psicoativa, caracterizadas como
comunidades terapêuticas.
Serviços Residenciais Para possibilitar a saída dos
Terapêuticos manicômios de pessoas que não têm
Programa de Volta mais onde nem com quem morar,
para Casa foram criados os Serviços
Programa de Residenciais Terapêuticos (SRTs),
Desinstitucionalização os quais funcionam como casas onde
podem viver cerca de dez pessoas,
com graus variados de supervisão de
cuidadores/profissionais, a depender
das condições de seus moradores. As
casas – quase mil em todo o Brasil
atualmente – são vinculadas aos
CAPS, aos quais seus moradores
mantêm vínculo de cuidado em saúde
Estratégias de
mental.
Desinstitucionaliza
ção
Fortalecimento do As estratégias de
protagonismo de desinstitucionalização visam
usuários e familiares promover não só a inserção social dos
moradores de hospitais psiquiátricos,
mas também objetivam evitar que
novos pacientes entrem neste circuito
de abandono e institucionalização,
promovendo mudanças no modelo
assistencial e na cultura da sociedade.

Como complemento à iniciativa das


SRTs, foi instituído pela Lei n.º
10.708, de 31 de julho de 2003, o
auxílio-reabilitação psicossocial para

200
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pacientes acometidos de transtornos
mentais egressos de longas
internações psiquiátricas, que faz
parte do programa De Volta pra Casa.
As ações de caráter intersetorial
destinadas à reabilitação psicossocial,
por meio da inclusão produtiva,
formação e qualificação para o
trabalho de pessoas com transtorno
mental ou com necessidades
decorrentes do uso de crack, álcool e
outras drogas em iniciativas de
geração de trabalho e
renda/empreendimentos solidários/
Iniciativas de geração de cooperativas sociais.
Estratégias de trabalho e
reabilitação renda/empreendimentos As iniciativas de geração de trabalho e
psicossocial solidários/cooperativas renda/empreendimentos
sociais solidários/cooperativas sociais devem
articular sistematicamente as redes de
saúde e de economia solidária com os
recursos disponíveis no território para
garantir a melhoria das condições
concretas de vida, ampliação da
autonomia, contratualidade e inclusão
social de usuários da rede e seus
familiares.

No âmbito da atenção psicossocial estratégica, o CAPS AD (Centros de


Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas) assume a referência no cuidado em álcool e
outras drogas, atuando como instâncias não só de cuidado aos usuários, mas também
de organização e articulação de toda a rede de atenção aos usuários de álcool e outras
drogas. As principais atividades e funções desenvolvidas pelas CAPS AD são:
• Prestar atendimento diário aos usuários dos serviços, dentro da lógica de
redução de danos;
• Gerenciar os casos, oferecendo cuidados personalizados;
• Oferecer atendimento de acordo com a necessidade do usuário garantindo
que eles recebam atenção e acolhimento;
• Oferecer condições para o repouso e desintoxicação ambulatorial de
usuários que necessitem de tais cuidados;

201
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• Oferecer cuidados aos familiares dos usuários dos serviços;
• Promover, mediante diversas ações, esclarecimento e educação da
população, a reinserção social dos usuários, utilizando recursos intersetoriais;
• Trabalhar, junto a usuários e familiares, os fatores de proteção para o uso e
dependência de substâncias psicoativas, buscando ao mesmo tempo minimizar a
influência dos fatores de risco para tal consumo;
• Trabalhar a diminuição do estigma e preconceito relativos ao uso de
substâncias psicoativas, mediante atividades de cunho preventivo/educativo.

Por meio do estabelecimento desta rede de atenção integral ao usuário e tendo


o CAPS AD articulado a outros níveis de atenção à saúde e setores da sociedade, a
política preconiza que a assistência deve pautar-se por ações de prevenção, cuidado e
reinserção social a partir das estratégias de redução de danos. No quadro a seguir
foram sintetizadas as principais Portarias que foram publicadas após a RAPS entre
2011 e 2015 e norteiam a atenção ao usuário de saúde mental, álcool e outras drogas:

 Portaria GM/MS nº 3088 de 23/12/11 – Portaria da RAPS


 Portaria GM/MS nº 3090 de 23/12/11 – Serviço Residencial
Terapêutico
 Portaria GM/MS nº 130 de 26/01/12 – CAPS ad III
 Portaria GM/SM nº 121 de 25/01/12 – Unidade de Acolhimento (UA)
 Portaria GM/SM nº 122 de 25/01/12 – Consultório na Rua
 Portaria GM/SM nº 123 de 25/01/12 – Consultório na Rua
 Portaria GM/SM nº 131 de 26/01/12 – Comunidade Terapêutica
 Portaria 2.840, de 29 de dezembro de 2014 – Cria o Programa de
Desinstitucionalização

202
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2.3. A Política Nacional: Redução do impacto social do álcool e outras drogas -
Prevenção, Cuidado e Reinserção Social

A Política Nacional, executada intersetorialmente por diversos Ministérios do


Governo Federal, tem como foco a redução do impacto social do álcool e outras
drogas por meio de ações integradas de prevenção, cuidado e reinserção social.
Nesse sentido, o Ministério da Justiça em conjunto com Ministério da Saúde,
Ministério do Desenvolvimento Social, Ministério da Educação e Secretaria
Nacional de Direitos Humanos, definiu 04 objetivos estratégicos para o período de
2016/2019, conforme previsto no Plano Plurianual apresentados a seguir.

OBJETIVO 1: Fortalecer a prevenção do uso do álcool e outras drogas, com


ênfase para crianças, adolescentes e jovens.

Prevenir e retardar o início do uso de álcool e outras drogas por crianças,


adolescentes e jovens diminui as chances de seu uso problemático na vida adulta. As
evidências científicas mostram que a prevenção nesse segmento depende de (1)
fortalecer fatores de proteção individuais que fazem parte de um conjunto amplo de
habilidades para a vida, (2) um ambiente normativo que desestimule o uso precoce e
o uso abusivo e (3) acesso facilitado a informação de qualidade e orientação
imediata. As ações de prevenção também devem contribuir para evitar a
estigmatização de usuários de drogas e promover maior conhecimento sobre a
temática.

Ações de prevenção ligadas às escolas e ao trabalho com famílias no SUAS


são estratégias efetivas e eficientes para alcançar o segmento de crianças e
adolescentes. Os desafios a serem enfrentados pelas intervenções preventivas
envolvem a sua adequação aos contextos locais culturais e organizacionais, a
preservação de seus componentes centrais de efetividade, a aceitabilidade da
intervenção e facilidade de sua multiplicação para trabalhadores da ponta e o
desenvolvimento de mecanismos de gestão que garantam ao mesmo tempo a
fidelidade da intervenção e a viabilidade de sua capilarização nas redes de educação,
do SUAS, e do SUS.

A capilarização dos programas de prevenção deve ser buscada por dentro das
redes e políticas da educação, assistência social e saúde, exigindo articulação com as

203
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três esferas de gestão. As ações de prevenção mais estruturadas devem priorizar
grupos em situação de maior risco pela sua desvantagem social, utilizando-se para
isso dos mecanismos de priorização de segmentos em situação de maior
vulnerabilidade já existentes em programas como o Mais Educação e o Brasil sem
Miséria. A formação para a prevenção de trabalhadores da rede de proteção de
direitos das crianças e adolescentes e do sistema socioassistencial também são ações
a serem priorizadas pelo potencial de seu impacto em um segmento de alta
vulnerabilidade.

No que tange à difusão de informação sobre álcool e outras drogas, devem ser
observadas as diretrizes do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes
(UNODC).

OBJETIVO 2: Articular, expandir e qualificar a rede de cuidado e de reinserção


social das pessoas e famílias que têm problemas com álcool e outras drogas.

Cuidar das pessoas que têm problemas com drogas e suas famílias exige
eliminar barreiras de acesso aos serviços, ofertar uma diversidade de estratégias de
cuidado adaptadas às necessidades e contextos das pessoas, garantir continuidade do
cuidado e articular ações de saúde com acesso a moradia, geração de trabalho e renda
e formação profissional. O foco do cuidado são as pessoas, suas trajetórias de vida e
seus contextos atuais de inserção social.

Nesse sentido, o governo federal alinha ações de acesso aos serviços do


Sistema Único de Assistência Social, a programas de moradia social, formação para
o trabalho e reinserção por meio da formação de empreendimentos econômicos
solidários e/ou cooperativas sociais.

OBJETIVO 3: Promover a gestão transversal das políticas públicas relativas a álcool


e outras drogas.

A gestão das políticas sobre álcool e outras drogas deve garantir um contexto
de conhecimento de qualidade sobre o fenômeno das drogas e sobre a efetividade e a
eficácia das políticas utilizadas, além da articulação entre os diversos atores dessa

204
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política, de forma a atingir os melhores resultados com os recursos disponibilizados.
Assim, produzir e disseminar informações de qualidade sobre o fenômeno das drogas
e sobre a avaliação das políticas implementadas, formar e qualificar uma comunidade
de agentes que atuam na política sobre drogas para a troca de conhecimentos e
disseminação de boas práticas são as diretrizes que o governo federal propõe para a
gestão dessa política

As políticas sobre álcool e outras drogas envolvem ações de diversos setores


da administração pública e da sociedade civil. Dessa forma, promover a gestão
dessas políticas por meio da crescente institucionalização da intersetorialidade nos
processos de planejamento e de implementação das políticas é essencial. O governo
federal propõe ações que pretendem apoiar estados e municípios na construção de
políticas locais que articulem, no nível da gestão e da oferta de serviços, as
iniciativas de saúde, educação, assistência social, trabalho, moradia, dentre outras
com foco na prevenção, no cuidado e na reinserção social.

Além do apoio à articulação local das políticas, o governo federal propõe a


criação de uma plataforma de educação permanente na temática sobre drogas que
permita articular as diversas ofertas disponíveis de formação, presenciais ou à
distância, de modo a otimizar recursos e garantir flexibilidade para a utilização dos
conteúdos ofertados por uma gama mais diversa e ampla de atores.

Por fim, o planejamento, a execução e a avaliação de uma política integral


sobre drogas devem estar fundamentados em evidências e estudos científicos,
envolvendo cada uma das etapas: diagnósticos precisos e sistemáticos das tendências
do consumo de drogas e suas consequências; investimentos em técnicas inovadoras
nas áreas de prevenção, tratamento e reinserção social; e pesquisas que permitam
avaliar a efetividade das ações em curso. Para isso, é preciso desenvolver um
conjunto sistemático de diagnósticos de situação, como os Levantamentos
Domiciliares sobre o Uso de Drogas no Brasil e a série de pesquisas epidemiológicas
focadas em grupos populacionais específicos, como estudantes do ensino
fundamental e médio e população prisional.

Também se faz necessário identificar e incentivar novas técnicas de


tratamento da dependência química, especialmente com relação ao álcool e cocaína
fumada ou inalada. Além disso, é fundamental avaliar as políticas públicas sobre

205
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drogas nacionais, regionais ou locais, a fim de orientar o planejamento das ações e
garantir os melhores resultados frente ao investimento realizado. Nesse aspecto, a
elaboração de relatórios periódicos, contendo a avaliação de especialistas na área, e a
consolidação e divulgação das informações no Observatório Brasileiro de
Informações sobre Drogas (OBID) atende tanto ao propósito de garantir amplo
acesso ao público em geral, quanto ao de subsidiar a política pública nos diversos
níveis. Por fim, dado o caráter supranacional do problema das drogas, cabe destacar
o importante papel da cooperação internacional para compartilhar boas práticas e
buscar soluções conjuntas e integradas nessa área.

OBJETIVO 4: Fomentar a rede de proteção de crianças e adolescentes e suas


famílias com problemas decorrentes do uso e/ou do comércio ilegal de álcool e
outras drogas.

Crianças e adolescentes sem acesso ao convívio familiar, à educação, à


moradia digna, aos cuidados de saúde e/ou submetidas a situações de violência e
exploração são mais vulneráveis ao uso de álcool e outras drogas e a participação no
comércio de drogas ilícitas. Assim, para que as políticas públicas tenham impacto na
redução do envolvimento de crianças e adolescentes com as drogas, é necessário
priorizar a garantia de direitos de todas elas.

Por entender a situação peculiar de desenvolvimento das crianças e dos


adolescentes, o Brasil aprovou o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº
8.069/90), orientado pelo paradigma da proteção integral, considerando a criança e o
adolescente como sujeitos de direitos e como pessoas em condição peculiar de
desenvolvimento, cujas prioridades compreendem: (a) a primazia de receber proteção
e socorro em quaisquer circunstâncias; (b) a precedência de atendimento nos serviços
públicos ou de relevância pública; (c) a preferência na formulação e na execução das
políticas sociais públicas; e (d) a destinação privilegiada de recursos públicos nas
áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

O governo federal propõe, além da proteção de diretos de crianças e


adolescentes de forma universal, ações para garantir o acesso daquelas com
problemas decorrentes do uso e/ou do comércio ilegal de álcool e outras drogas a

206
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serviços qualificados e articulados de atendimento de saúde, de educação, de
assistência social, do sistema socioeducativo e dos conselhos tutelares. A partir dessa
qualificação e articulação, o governo federal ampliará o diálogo com o sistema de
justiça para evitar os encaminhamentos de adolescentes com problemas decorrentes
do uso de álcool ou outras drogas para o sistema socioeducativo em meio fechado. O
conjunto das ações do Estado devem priorizar a vinculação ao território, valorizando
os mecanismos de organização e autonomia instituídos.

2.4. Diretrizes para o atendimento no SUAS de pessoas e famílias em situação de


vulnerabilidade e risco por violação de direitos associada ao consumo de álcool e
outras drogas

O Sistema Único da Assistência Social (SUAS), em implantação desde o ano


2005, vem avançando na qualificação de sua rede de serviços reafirmando princípios
e diretrizes caros à Política Nacional de Assistência Social como o direito de
cidadania e a integralidade do sujeito, o que permite o deslocamento do olhar
focado nas drogas e seus usos, para os sujeitos. Trata-se de não fixar a atenção
somente no que mais diretamente se relaciona com situações de vulnerabilidade e
risco pessoal e social, associada ao consumo de álcool e outras drogas, mas acolher
as demandas reais dos sujeitos, inclusive naquilo que parece não ter relação
específica com as drogas.

Os sujeitos são muito mais do que sua simples presença no mundo:


sua história, suas tradições, suas crenças, seus desejos, seus medos e
esperanças, seus amigos, seus antepassados, suas alianças, sua
família, seus amores.

Acolher os sujeitos em sua integralidade implica ampliar possibilidades e


contribuições no contexto da família, nos grupos de convivência e na comunidade,
fortalecendo as relações no território. Implica acolher sujeitos diversos, que têm
histórias diferentes, que podem se beneficiar de distintas abordagens, nos diferentes
serviços no território, na perspectiva do direito de cidadania.

207
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As dimensões sociais, econômicas, culturais, de direitos humanos, dentre
outras, que envolvem as famílias e indivíduos na convivência e consumo de álcool e
outras drogas permite apontar para a potência das contribuições dos serviços da rede
no território.

A visão integral de sujeito e a intersetorialidade das ofertas em rede no


SUAS, pressupõem Serviços organizados no território cuja atenção aos usuários
tenham como ponto de partida a escuta qualificada e a acolhida das reais demandas
dos usuários do serviço, a valorização de suas potencialidades e as interações no
território. Significa não atender as pessoas apenas em virtude dos seus sofrimentos
relacionados aos usos de álcool e outras drogas, mas reconhecer que estas pessoas e
suas famílias estão vivenciando uma série de vulnerabilidades e risco por violação de
direitos como: como a fragilidade ou ruptura de vínculos; a convivência com a
extrema pobreza; vivendo em situação de rua; baixa ou nenhuma escolaridade; pouca
qualificação profissional e oportunidade de trabalho; moradia precária; não acesso a
serviços essenciais; possuir alguma deficiência, doença mental ou outras doenças
associadas; inexistência de documentos pessoais; convivência com ameaça de morte;
falta de comida, abrigo, dentre outras, e que estas situações dificultam a
sobrevivência, o acesso a serviços essenciais, inclusive a adesão a serviços
especializados como tratamento de saúde, internação hospitalar, dentre outros.

Estas necessidades não são todas do escopo de competência da assistência


social, razão pela qual, ao verificar outras demandas, os serviços devem articular-se
com as outras políticas públicas no território para atuação conjunta. Considerar a
intersetorialidade no território para a atenção integral das condições apresentadas
torna-se fundamental, além do envolvimento com parceiros e laços estabelecidos
como: entidades sociais; grupos sociais; família original, ampliada ou estendida;
amigos; grupos religiosos; núcleos de produção cultural, esporte, lazer, dentre outros.

Não há como prescrever caminhos uniformes capazes de


atender a todos. O que é significativo para uma pessoa pode ser
absolutamente sem sentido para outra, e aquilo que fortalece os
laços protetivos de uma família pode ser totalmente inócuo para
outra.

208
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Na perspectiva do cotidiano do SUAS, os gestores da política pública de
assistência social devem construir diagnósticos das situações presentes no território
para a estruturação dos serviços conforme tipificados, de forma qualificada e de
acordo com as diretrizes da Política Nacional de Assistência Social: serviços
descentralizados; ofertas integradas pelas unidades do SUAS e articuladas com as
demais políticas; abrangência municipal, no Distrito Federal ou regional; primazia
da responsabilidade do Estado na oferta, mesmo que em parceria com Entidades
Sociais e a centralidade na família (original, ampliada, estendida).

De igual importância destacamos as responsabilidades e atribuições dos


órgãos gestores da assistência social na contratação da Equipe de Referência e
demais trabalhadores de cada Serviço, conforme NOB/RH/SUAS. Sendo então
necessário: capacitação permanente; planejamento das ações nos serviços;
construção de Planos Individuais ou Familiares de Atendimento; utilização de
protocolos ou outros instrumentos de registros; estratégias de avaliação dos
resultados; planejamento de novas ações; adoção de metodologias e técnicas
acessíveis e criativas, que considere as diversas situações possíveis a serem
apresentadas pelos usuários (históricos de usos de drogas, desinteresse pelo serviço,
desânimo, desmotivação, sonolência, oscilação de humor, ansiedade, depressão,
agitação, dentre outras); construção de pautas conjuntas de trabalho com as áreas de
saúde, órgãos de garantia e de defesa de direitos, segurança pública, entre outras,
conforme o caso.

Vale ressaltar que em situações de consumo de álcool e outras


drogas atreladas a agravos de saúde e/ou alteração do estado de
consciência, os serviços do SUAS deverão estar em constante
articulação com a área da saúde no território. É importante que seja
garantido ao usuário acesso a medicamentos, tratamento e cuidados
próprios da rede SUS (Serviços de Atenção Básica, Consultórios na
Rua, Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS ad),
Centros Especializados em Reabilitação(CER), dentre outros.

209
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Nestes casos, os serviços da assistência social devem continuar ofertando
atendimentos às famílias e indivíduos, na perspectiva do fortalecimento de vínculos,
apoio aos usuários, acesso a informações, incentivo à adesão a serviços
especializados, acesso a serviços e benefícios como: documentação pessoal; inclusão
no Cadastro Único e no Programa Bolsa Família; requerimento do Benefício de
Prestação Continuada, entre outros, quando for o caso.

Outra dimensão importante dos serviços do SUAS é a observância dos


princípios éticos pelos profissionais, descritos na Norma Operacional Básica de
Recursos Humanos (NOB/RH-SUAS): de respeito à dignidade, diversidade e não
discriminação de qualquer natureza, do acesso à informação, proteção à privacidade
dos usuários, dentre outros.

Os estigmas do bêbado e do noiado, por exemplo, imprimem marcas


profundas sobre pessoas e famílias, com impactos tão sérios quanto os decorrentes do
uso propriamente dito no organismo. Nessa direção, o trabalho social desenvolvido
no SUAS requer estratégias para o enfrentamento de estigmas e preconceitos
diversos, bem como balizar-se no respeito às diferentes formas de ser e estar no
mundo, sem discriminação de qualquer natureza, por gênero, orientação sexual,
etnia, geração, credo, escolaridade, classe social ou decorrente do próprio consumo
de drogas. Não condicionar oferta de atendimento à exigência de frequência, à
abstinência, respeitando sempre o momento e o desejo do usuário e evitando juízos
de valor moral.

Ainda sobre a importância da atuação profissional de forma propositiva no


serviço, destaca-se o respeito à autonomia dos sujeitos na construção de trajetórias de
vida no território como fundamental, mesmo que, por vezes, isto requeira
desconstruções históricas em relação a vivências e experiências singulares de cada
um. Portanto, o serviço será mais efetivo quando suas ações forem planejadas
conjuntamente com as pessoas e famílias, e não de modo prescritivo. Nesse processo,
é importante observar que cada pessoa tem seu ritmo, seus recursos e potencialidades
para reconstruir trajetórias e construir novos planos.

Considerar a centralidade na família e o território como dimensões


importantes nas atenções ofertadas pelo SUAS é respeitar o indivíduo, suas
vulnerabilidades e riscos e suas relações na família e no território como

210
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significativas, promotoras de desenvolvimento e, portanto, com potencialidades e
desafios de convivência, onde os cidadãos se protegem e também criam tensões,
constituindo locus fundamental do desenvolvimento humano e social.

Neste contexto, os objetivos das políticas públicas e das ações da sociedade


no território devem visar à construção de esforços coletivos que convirjam em uma
rede de proteção para as famílias e os indivíduos.

A Política de Assistência Social, materializada por meio do SUAS e dos seus


Serviços da Proteção Social Básica e Especial, têm papel fundamental na construção
de redes de proteção, ao atender os usuários dos Serviços no território, investindo no
protagonismo e nas potencialidades dos sujeitos, dos grupos sociais e nas interações
para o fortalecimento das relações. Da mesma forma, a ampliação dos laços sociais
entre sujeitos e famílias, e destes com redes sociais e comunitárias, é de extrema
importância para a cooperação no território. Para tanto, as articulações com
instituições comunitárias, formais e informais, apresentam-se como alternativa
possível na qualidade dos serviços do SUAS.

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A rede SUAS, no ano de 2016, está composta por mais de sete mil Centros de
Referência de Assistência Social (CRAS); de mais de dois mil Centros de Referência
Especializados de Assistência Social (CREAS); mais de 300 Centros Especializados
para População em Situação de Rua (Centros POP); cerca de 500 Equipes do Serviço
Especializado de Abordagem Social e demais unidades, distribuídas nos territórios
brasileiros, além da inserção dos usuários no Cadastro Único e identificação dos
perfis para o Programa Bolsa Família; acesso ao Benefício de Prestação Continuada
e acesso aos benefícios eventuais nos Municípios e no Distrito Federal. Caracteriza-
se, portanto em uma ampla rede de serviços, benefícios e programas que desempenha
importante papel no que se refere à atenção às famílias e indivíduos em situações de
vulnerabilidade e risco por violação de direitos, inclusive daquelas ao consumo de
álcool e outras drogas.

3.1. PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA: prevenção e vigilância sociassistencial

A Proteção Social Básica (PSB) possui uma dimensão inovadora, pois supera
a atenção às situações críticas ou dificuldades já instaladas para assegurar, a partir
das potencialidades das famílias e dos indivíduos no território, novos patamares de
cidadania na garantia de direitos e na prevenção de riscos por violação de direitos.

O objetivo central da Proteção Social Básica é a prevenção de ocorrências de


situações de vulnerabilidade, risco social e violações de direitos nos territórios. Em
suas ações, efetivam-se investimentos na diminuição das vulnerabilidades sociais e
na ampliação das potencialidades e aquisições, fortalecendo fatores de proteção às
famílias, por meio da oferta territorializada de serviços socioassistenciais,
compreendidos como atividades continuadas que objetivam a melhoria da qualidade
de vida da população.

O trabalho social coordenado pelos Centros de Referência de Assistência


Social (CRAS) volta-se à população que vive em situação de fragilidade decorrente
da pobreza, ausência de renda, acesso precário ou nulo aos serviços essenciais
públicos ou fragilização de vínculos afetivos (discriminações etárias, étnicas, de
gênero, por deficiências, usos de crack, álcool e outras drogas, dentre
outras)(BRASIL, 2012).

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A Proteção Social Básica prevê, além do acesso à renda, por meio dos
benefícios socioassistenciais e programas de transferência de renda, o
desenvolvimento de serviços, programas e projetos afiançando acolhida, convivência
familiar e comunitária e fortalecimento de vínculos de famílias e seus indivíduos,
conforme as vulnerabilidades identificadas. Esses serviços e programas deverão
incluir crianças, adolescentes, jovens, adultos, pessoas com deficiência, pessoas
idosas, de modo a inseri-las nas diversas ações ofertadas pela rede socioassistencial.

O caráter protetivo da PSB compreende também a concessão do Benefício de


Prestação Continuada (BPC) e dos Benefícios Eventuais. O BPC está previsto na
LOAS e destina-se a idosos e pessoas com deficiência cuja renda per capita seja
inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo que não tenham como prover sua própria
existência em função da deficiência ou do processo de envelhecimento. Os
benefícios eventuais são provisões suplementares e provisórias concedidas às
famílias em virtude de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade temporárias e
de calamidade pública. A concessão e o valor dos benefícios são definidos e
efetivados pelos estados, municípios e Distrito Federal.

No tocante ao seu papel de prevenção, há que se destacar a conformação de


uma extensa rede de Proteção Social Básica, a partir da implantação dos CRAS nos
territórios que apresentem índices de vulnerabilidades sociais.
O CRAS se diferencia das demais unidades de referência do SUAS, pois além
da oferta de serviços e ações, possui as funções exclusivas de trabalho social com
famílias por meio da oferta do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família
(PAIF) e da gestão territorial da rede socioassistencial de Proteção Social Básica.
(BRASIL, 2012 p. 10).

Os serviços coordenados e referenciados pelo CRAS são de caráter


preventivo, protetivo e proativo e serão ofertados e planejados a partir de um bom
conhecimento das famílias, do território, das situações de vulnerabilidade e risco
social e dos recursos disponíveis na rede socioassistencial e intersetorial.

A rede socioassistencial pode ser compreendida como um conjunto integrado


de ações de iniciativa pública e da sociedade, a partir da oferta de benefícios,
serviços, programas e projetos, observadas a especificidade, complexidade e dos
níveis de proteção social básica e especial.

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No âmbito da PSB destacam-se, ainda, as ações de participação social e
comunitárias, mobilizando o coletivo por meio de campanhas e palestras, filmes,
debates, projetos de sensibilização e uma série de outras atividades que contribuem
para a ampliação da oferta de espaços de convivência estimulantes e agregadores nos
territórios. Essas são importantes estratégias de prevenção aos usos de álcool, crack e
outras drogas, em especial para crianças e adolescentes, grupos particularmente
suscetíveis a situações de vulnerabilidade e risco social.

Frente à importância da atuação dos serviços socioassistenciais de PSB, os


territórios não podem prescindir dessa rede de proteção, em especial dos serviços que
podem contribuir para a redução de fatores de risco e a promoção do
desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, sobretudo em áreas de maior
vulnerabilidade social.

Entende-se que a concepção de vulnerabilidade social adotada pela PNAS


(2004) possibilita à Assistência Social uma visão mais ampla deste fenômeno, para
além da convivência com a extrema pobreza, ao considerar outros fatores presentes
na interação do cotidiano no território, como a discriminação, o preconceito e as
barreiras sociais que desqualificam o convívio social e provocam o isolamento de
indivíduos inclusive, com histórico de usos de álcool e outras drogas e suas famílias,
seciando direitos e ampliando riscos.

A identificação de territórios de vulnerabilidade dá um sentido dinâmico para


o estudo das desigualdades, possibilitando um maior poder explicativo de uma
realidade social cada vez mais complexa e composta por uma heterogeneidade de
situações de desproteção social, além de propiciar o reconhecimento de
potencialidades das famílias para superação das situações vivenciadas.

Sob esta ótica, o enfrentamento das vulnerabilidades sociais associadas a usos


de drogas pressupõe identificar e reconhecer nos territórios e nos contextos
familiares fatores de risco e de proteção em relação aos usuários da política de
Assistência Social, ou seja, a família e seus membros. O trabalho com foco na
prevenção pressupõe, para além da atuação do SUAS, a articulação intersetorial e
interinstitucional entre os diversos atores nos territórios, na perspectiva de atender as
diferentes demandas dos sujeitos.

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Nesse documento, é importante ressaltar o caráter estratégico dos serviços
socioassitenciais da PSB ofertados nos territórios - Serviço de Proteção e
Atendimento Integral à Família (PAIF) e Serviço de Convivência e Fortalecimento
de Vínculos -, e sua estreita interação com os serviços da Proteção Social Especial
(PSE), particularmente, o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a
Famílias e Indivíduos (PAEFI), como perspectiva de construção da rede de proteção
no território.

3.1.1 Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF)

O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) ofertado


exclusivamente no CRAS tem por objetivo contribuir para o fortalecimento da
função protetiva da família e a melhoria da sua qualidade de vida. Fortalecer a
função protetiva da família é reconhecê-la, conforme preconiza a PNAS (2004),
como espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização primárias,
provedora de cuidados aos seus membros, mas que precisa também ser cuidada e
protegida.

O PAIF consiste no trabalho social com famílias, de caráter continuado, com


a finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a ruptura de seus
vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua
qualidade de vida. Ao prever o desenvolvimento de potencialidades e aquisições das
famílias, o trabalho desenvolvido no PAIF incide em um conjunto de procedimentos
implementados pelos trabalhadores sociais nos CRAS, a partir de pressupostos
éticos, conhecimento teórico-metodológico e técnico-operativo.

Esses procedimentos visam contribuir para o processo de convivência social


das famílias, identificadas como um conjunto de pessoas unidas por laços
consanguíneos, afetivos e/ou de solidariedade, a fim de proteger seus direitos, apoiá-
las no desempenho da sua função de proteção e socialização de seus membros, bem
como assegurar o convívio familiar e comunitário de maneira “preventiva, protetiva
e proativa”.

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O PAIF contribui para a materialização da responsabilidade
constitucional do Estado de proteger as famílias.

Segundo Kaztman (2007), a vulnerabilidade das famílias resultaria da relação


entre duas variáveis: estrutura de oportunidades e capacidades dos lugares
(territórios). Como estrutura de oportunidades o autor exemplifica o mercado
(empregos, estrutura ocupacional); a sociedade, em especial capital social, relações
interpessoais de apoio mútuo, geradas com base em princípios de reciprocidade; e o
estado políticas de bem estar e estruturas de representação de demandas e interesses.
Em relação à capacidade dos lugares ou territórios, relaciona-se ao acesso a
habitação, transporte, saúde, serviços públicos, entre outros. Estes elementos
combinados poderiam fortalecer os cidadãos para o enfrentamento das
vulnerabilidades. (BRASIL, 2012).

Os profissionais do PAIF deverão planejar ações voltadas às funções


protetivas da família, reconhecendo os diferentes saberes, fazeres e linguagens
próprios da cultura local, valorizando a produção comunitária e a participação
popular.

O trabalho social do PAIF poderá identificar estigmas ligados à raça, etnia,


gênero, idade ou associados ao consumo de álcool e outras drogas, e desenvolver
estratégias para a garantia dos direitos sociais e superação das invisibilidades, por
meio de ações que valorizem as práticas comunitárias e as identidades raciais, étnicas
e de gênero ou grupos que valorizem o protagonismo e qualidade de vida das pessoas
idosas, grupos de apoio e ajuda às pessoas que usam álcool e outras drogas e outras
questões da população residente naquele território.

As ações do PAIF são desenvolvidas na perspectiva da garantia das


seguranças socioassistenciais: de acolhida; de convívio ou vivência familiar; de
sobrevivência ou de rendimento e de autonomia (PNAS, 2004).

O trabalho do PAIF pressupõe a compreensão dos novos arranjos e dinâmicas


familiares e suas relações, valores, crenças e identidades e a identificação de
potencialidades, mas também, de distintas formas de violência, preconceito e
discriminação.

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Segundo o pesquisador Demo (2000), para sermos capazes de entender a
realidade é preciso desconstruir os conceitos mais internalizados sobre as verdades
absolutas, por exemplo, de um modelo ideal de família, entendendo que, muitas
vezes, a família não é somente espaço de proteção e cuidado, mas um lugar onde
podem existir conflitos, violências e rebatimentos de diversas questões sociais, por
vezes, engendradas pela pobreza e desigualdades sociais.

Nesse serviço, é necessário que os profissionais estejam atentos para não


reforçar paradigmas e estereótipos de culpabilização das famílias, em razão de sua
desmotivação e não participação ou adesão às ações de caráter protetivo e
preventivo. É necessário, ainda, pensar metodologias de trabalho social que
contribuam para desnaturalizar práticas de violação de direitos nas relações
familiares e nos territórios.

O PAIF é estratégico para o SUAS por contribuir na integração dos serviços


socioassistenciais, programas de transferência de renda e benefícios
socioassistenciais, promovendo o trabalho social de atendimento e acompanhamento
às famílias nos territórios de referência dos CRAS.

O PAIF também centra esforços para que as famílias tenham acesso o mais
rápido possível a programas de transferência de renda e/ou a benefícios
socioassistenciais, desenvolvendo, ainda, outras estratégias de acesso à renda, tais
como: o encaminhamento a serviços de intermediação de mão de obra, qualificação
profissional e inclusão produtiva e a outros serviços setoriais, quando for o caso.

Dentre as diversas vulnerabilidades e riscos sociais às quais as famílias


podem estar expostas no território, uma delas diz respeito à convivência com álcool e
outras drogas, um fenômeno multicausal e multidimensional, que requer dos serviços
de Proteção Social Básica a atuação em estreita articulação com as áreas da saúde,
educação, trabalho, habitação e segurança pública uma vez que existem questões de
violência, associação ao tráfico, ameaça de morte, dentre outros.

Indivíduos com histórico de consumo de álcool e outras drogas e suas


famílias podem ter agravadas as situações de vulnerabilidade, uma vez que esta
situação pode interferir negativamente na qualidade de vida, reduzir a capacidade

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para o trabalho e estudos, dificultar as relações intrafamiliares, potencializar a
ocorrência de violência intrafamiliar, com vizinhos e no território, entre outros.

Para a realização de um plano de trabalho preventivo dentro do território de


abrangência do CRAS, visando superar riscos e/ou vulnerabilidades sociais, é
necessário a realização de diagnóstico socioterritorial, a partir de informações da
vigilância socioassistencial, da busca ativa e de parceiros de outras políticas,
identificando potencialidades e vulnerabilidades. Tal conhecimento do território
possibilita nortear as ações desenvolvidas no PAIF, mapeando necessidades de oferta
de outros serviços de proteção social básica.

No tocante às ações de prevenção de situações de vulnerabilidade e/ou risco


social associada ao consumo de álcool e outras drogas, fica evidente a importância da
oferta dos serviços de Proteção Social Básica em sintonia com demais serviços,
programas e projetos socioassistenciais e intersetoriais, articulando esforços para o
desenvolvimento de estratégias de base territorial.

3.1.2 Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV)

De acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais:

O serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) –


é caracterizado pela oferta um conjunto de atividades em grupos,
organizadas a partir de percursos e de acordo com os ciclos de
vida, de modo a ampliar as aquisições dos usuários, em
complemento ao trabalho social com famílias, com o objetivo de
contribuir para a prevenção de ocorrências de situações de risco
social. É uma forma de intervenção social planejada que cria
situações desafiadoras, estimula e orienta os usuários na
construção de suas historias, vivencias individuais e coletivas, na
família e no território (BRASIL, 2009, p.9).

O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) organiza-se


articulado e complementar ao PAIF. Nesse sentido, as situações de vulnerabilidade
enfrentadas por pessoas e famílias devem receber atenção diferenciada, de acordo
com cada situação. Suas potencialidades devem ser ponto de partida para a
organização dos serviços da PSB e para o estímulo à participação social.

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O SCFV tem como objetivos prioritários: Complementar o trabalho social
com família; prevenir a institucionalização e a segregação de crianças, adolescentes,
jovens e idosos, em especial, das pessoas com deficiência, assegurando o direito à
convivência familiar e comunitária; promover acessos a benefícios e serviços
socioassistenciais, fortalecendo a rede de proteção social de assistência social nos
territórios; promover acessos a serviços setoriais, em especial das políticas de
educação, saúde, cultura, esporte e lazer existentes no território, contribuindo para o
usufruto dos usuários aos demais direitos; oportunizar o acesso às informações sobre
direitos e sobre participação cidadã; possibilitar acessos a experiências e
manifestações artísticas, culturais, esportivas e de lazer; favorecer o desenvolvimento
de atividades intergeracionais, propiciando trocas de experiências e vivências.

O Serviço está organizado por faixa etária e atende a crianças de até 6 anos;
crianças e adolescentes de 06 a 15 anos; adolescentes de 15 a 17 anos, jovens de 18 a
29 anos; adultos de 30 a 59 anos e aos Idosos e podem ser ofertado nos CRAS, em
outras unidades públicas ou em entidades de Assistência Social, desde que
referenciadas ao CRAS. Deve contar como uma equipe de profissionais capacitados
para atender às demandas das faixas etárias e dos públicos prioritárias. Na escolha de
temas a serem abordados nos grupos os relativos ao consumo de álcool e outras
drogas devem ser incluídos com conteúdos e metodologias conforme peculiaridade
de cada faixa etária;

Vale ressaltar que o SCFV para os grupos de crianças, adolescentes de 06 a


17 anos busca constituir espaços de convivência e formação para a participação e
exercício da cidadania, fortalecendo vínculos familiares e comunitários, o
protagonismo e a autonomia das crianças e adolescentes, a partir de seus interesses,
demandas e potencialidades. Nesse contexto, as atividades desenvolvidas devem
contemplar a prevenção de situações de risco e/ou vulnerabilidade social, associada
ao consumo de álcool e outras drogas, como a realização de atividades que informem
crianças e adolescentes sobre o tema das drogas, com sessões de debates,
estimulando a participação e o protagonismo infanto-juvenil no desenvolvimento de
ações de prevenção.

Nas ações de convivência familiar e comunitária é fundamental que haja o


envolvimento e a participação das crianças, adolescentes na elaboração e efetivação

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de atividades de cunho preventivo. Nesse sentido, o SCFV deve assegurar espaços de
discussão, estimulando a participação na vida das comunidades, na medida em que
contribui para o desenvolvimento de competências e para a compreensão crítica da
realidade social. O SCFV para os jovens de 18 A 29 anos busca assegurar espaços
de referência para o convívio grupal, comunitário e social e o desenvolvimento de
relações de afetividade, solidariedade e respeito mútuo, de modo a desenvolver a sua
convivência familiar e comunitária, contribuindo para a ampliação do universo
informacional, artístico e cultural dos jovens, bem como estimular o
desenvolvimento de potencialidades para novos projetos de vida, propiciar sua
formação cidadã e vivências para o alcance de autonomia e protagonismo social,
detectar necessidades, motivações, habilidades e talentos.

As atividades devem possibilitar o reconhecimento do trabalho e da formação


profissional como direito de cidadania e desenvolver conhecimentos sobre o mundo
do trabalho e competências específicas básicas para contribuir para a inserção,
reinserção e permanência dos jovens no sistema educacional e no mundo do trabalho,
além de propiciar vivências que valorizam as experiências que estimulem e
potencializem a condição de escolher e decidir, contribuindo para o desenvolvimento
da autonomia e protagonismo social dos jovens, estimulando a participação na vida
pública no território, ampliando seu espaço de atuação para além do território.

Diretrizes para realização de ações de prevenção ao consumo de álcool e


outras drogas com crianças e adolescentes

Como mencionado, no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos


as ações de prevenção a situações de risco e vulnerabilidade tem espaço privilegiado,
sendo orientada a sua organização e execução a partir dos ciclos de vida, ganhando
destaque as ações direcionadas para crianças, adolescentes e jovens.

Destaca-se que, no âmbito da prevenção ao uso de drogas, além de se buscar


evitar o início do uso, tem-se também como objetivos:

 Retardar a idade de início do uso quando este não puder ser evitado.
 Reduzir os riscos e os danos relacionados ao uso de drogas.
 Evitar a transição para um uso problemático.

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Para cada um desses objetivos anteriormente descritos, faz-se necessária uma
intervenção diferenciada. Nesse sentido, apresentamos abaixo as orientações do
Ministério da Saúde para a realização de ações de prevenção ao consumo de drogas
em comunidades e escolas, constante no Guia estratégico para o cuidado de
pessoas com necessidades relacionadas ao consumo de álcool e outras drogas:
Guia AD, que pode ser acessado, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do
Ministério da Saúde.

1. Prevalência de consumo de drogas e suas faixas etárias.


No Capítulo 1 foram citadas algumas referências acerca do uso de álcool
entre adolescentes. Saber com que idade os jovens estão iniciando o uso de álcool e
outras drogas ajuda a definir as ações mais adequadas e que podem ter um efeito
mais ampliado de proteção e cuidado. Quanto mais tarde o sujeito inicia o consumo
de drogas, menores são as chances de ele vir a ter um consumo problemático ou
abusivo; por isso, as ações de prevenção antes do início do uso têm uma relevante
capacidade protetiva.
Ressalta-se também que não é indicado que as ações de prevenção com
crianças de faixas etárias que não estão dentro da média de início de consumo
contenham informações isoladas sobre drogas, pois elas podem vir a gerar um efeito
de curiosidade sobre elas. Recomenda-se, para esse público, as abordagens com foco
no desenvolvimento de habilidades de vida e de autocontrole.

2. Necessidades de adequação aos diferentes contextos individuais, sociais, políticos


e culturais.
As ações de prevenção consideradas mais eficazes são aquelas que atuam na
interação, objetivando minimizar os fatores de risco e maximizar os fatores de
proteção que ampliam a coesão social. As interações entre os fatores de risco e de
proteção permitem compreender que a prevenção centrada nos sujeitos e suas
mudanças de comportamento pode conseguir alguns avanços, mas que dificilmente
se sustentam no tempo quando se encontram com as normas sociais e culturais que o
influenciam. É difícil mudar comportamentos de risco sem mudar as normas e as
condutas que os influenciam. O estudo dessa cadeia de mediações entre fatores de
risco e proteção permite também identificar onde e como devem ser feitas as

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intervenções, ou seja, os pontos mais sensíveis onde tais intervenções podem
provocar maior impacto, incluindo, por exemplo, impactos diferentes sobre gêneros.

3. Articulação em rede entre os setores e o controle social.


Apesar de estratégias isoladas e pontuais tais como palestras, depoimentos de
ex-usuários de drogas, “caravanas” comunitárias, inicialmente aliviarem os atores da
rede de proteção social quanto à tarefa educadora que temos com as crianças e
adolescentes, essas são ineficazes no objetivo de diminuir o consumo de drogas e,
por isso, ao longo do tempo, tornam-se desmotivadoras.
Amplia-se a potencialidade das intervenções no campo da prevenção ao levar
em consideração que, se há fatores de risco, há também fatores de proteção ao
desenvolvimento do uso abusivo de álcool e outras drogas. A infância e a
adolescência são estágios de grande intensidade no desenvolvimento social dos
sujeitos. A teoria do desenvolvimento social indica que esse processo pode ser
analisado por duas dimensões que estão inter-relacionadas: os níveis de sucesso e
fracasso definidos por aspectos externos, por exemplo, como esse indivíduo é
considerado diante de seus pares e da sociedade; e os aspectos internos, como o bem-
estar; e, por fim, as relações de interação entre essas dimensões. A adequação das
respostas dos indivíduos a essas demandas das tarefas sociais específicas de cada
contexto, compreendidas também no campo das crenças, não deve ser abordada
como meramente individual, mas na interação social. Ao abordarmos os aspectos
relacionais, considerando a infância e a adolescência como estágios para as ações de
prevenção, nos referimos às relações entre: familiares e a criança/adolescente,
professores e a criança/adolescente, comunidade e a criança/ adolescente. A melhoria
desses indicadores de adequação requer uma intervenção para a mudança nos
padrões de interação entre os sujeitos nos primeiros anos de desenvolvimento
(infância e adolescência).
Ao propiciar sua melhora, aumenta-se muito a probabilidade de
desenvolvimento, a longo prazo, de respostas mais definitivas, positivas, no campo
da saúde mental: diminuição de comportamentos agressivos, antissociais, uso
abusivo de drogas e transtornos mentais severos. Experiências de atuação nesse
campo e produções de conhecimento destacam os seguintes fatores como
responsáveis por um efeito de proteção a crianças e adolescentes: o convívio com
adultos acolhedores, principalmente os familiares; o sentimento de que pertença a um

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grupo social; o acesso à educação formal; às ações de promoção, proteção e
recuperação da sua saúde; ao desenvolvimento e à qualificação profissional; e à
possibilidade de realização de seus projetos de vida, reconhecendo os fatores sociais,
econômicos, políticos e culturais que influenciam sua exequibilidade.
Consistem em fatores de diversas dimensões – individuais, sociais e
culturais– o que denota a constituição “coletiva” da problemática em questão. A
fragmentação entre os atores da rede de proteção social na construção de ações
efetivas para um problema coletivo gera uma roda sem fim de tentativas isoladas que
acabam por colocar em descrença a própria potência da prevenção e por produzir
aquilo que procuramos evitar: (a) seu insucesso leva à descrença de que “prevenir”
seja uma intervenção possível e com resultados efetivos; (b) as ações podem,
inclusive, afastar os indivíduos sob intervenção e fortalecer suas interações que os
mantêm vulneráveis.

4. Organização de ações baseadas em boas práticas no campo da prevenção.


A ciência da prevenção fez muitos avanços nos últimos 20 anos, produzindo
um conjunto de evidências sobre a interação entre os fatores de risco e de proteção
que devem ser considerados no planejamento das ações. Revisões de vários trabalhos
de especialistas na área apontam problemas como o excesso de iniciativas pontuais e
sem continuidade, as dificuldades metodológicas (planejamento e avaliação), a falta
de sistemas de registro dos processos e do seguimento dos resultados alcançados,
entre outros aspectos. Também se questionam os modelos predominantes de caráter
fundamentalmente informativos, baseados em palestra e seminários, sem que se
objetive o protagonismo dos envolvidos no processo e sem a promoção de
alternativas protetivas aos fatores de risco.
Recomendações indicam que as políticas e os programas preventivos devem
sustentar-se na efetividade de programas já validados, sendo que há uma significativa
produção científica sobre a avaliação internacional de programas preventivos. Os
informes de medidas sobre drogas na Europa demonstram que, apesar de as
intervenções preventivas estarem bastante difundidas, boa parte ainda não se apoia
em evidências, o que tem sido indicado como um dos pontos frágeis nas políticas de
prevenção. O desenvolvimento de estratégias de prevenção com base em evidências
tem sido considerado essencial para melhorar a eficácia das políticas na área e para

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garantir a escolha de “boas práticas” e o uso adequado de verbas públicas investidas
nesse tema.
As intervenções baseadas no modelo de habilidades de vida têm,
internacionalmente, demonstrado ser um caminho de efetividade para diferentes
grupos. Essas intervenções se baseiam nas habilidades de autoconhecimento,
relacionamento interpessoal, empatia, lidar com as emoções, lidar com o estresse,
comunicação eficaz, pensamento crítico, pensamento criativo, tomada de decisão,
resolução e problemas. A execução de programas fundamentada em habilidades de
vida deve trabalhar com instruções, demonstrações, role play, práticas e exercício
fora da escola, feedback e reforço social.

5. Necessidade e avaliação contínua dos efeitos das ações de prevenção.


A avaliação contínua das ações de prevenção deve ser uma diretriz contínua
dos territórios e pode ser feita nas parcerias com universidades e institutos de
pesquisas. Os estudos devem incluir a avaliação de processo, a validação
instrumental e a avaliação de resultados por meio de estudos controlados
randomizados. Essa cadeia de estudos agrega, no processo, segurança dos efeitos da
implementação e, por isso, qualifica uma política pública no campo da prevenção. A
finalidade de tal cadeia de pesquisas e etapas para a disseminação de ações de
prevenção é a obtenção de atividades, procedimentos e materiais que sejam
percebidos como atrativos, motivadores, claros, compreensíveis, pertinentes,
relevantes para o novo contexto e adequados à cultura do público-alvo.

O SCFV para adultos de 30 a 59 anos e idosos tem por foco o


fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e encontros intergeracionais de
modo a desenvolver a sua convivência familiar e comunitária, evitar as situações de
isolamento e exclusão social ampliar o acesso a serviços essenciais, dentre outros.

Esse serviço em todas as suas dimensões, tem papel estratégico na prevenção


de situações de risco pessoal e social, inclusive os associadas ao consumo de álcool e
outras drogas, por meio de ações socioeducativas que permitem refletir sobre
interesses, potencialidades e dificuldades e estratégias de superação, principalmente,
da juventude e adultos. Os encontros devem constituir-se em espaços privilegiados
para o diálogo aberto e para reflexão com vistas ao fortalecimento da autonomia e do
protagonismo dos jovens. O envolvimento grupal, laços de amizade e outras

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possibilidades de fortalecimento de atitudes saudáveis são fatores importantes para a
prevenção.

É importante que esse serviço atue em articulação com demais serviços,


programas e projetos socioassistenciais e intersetoriais, unindo esforços para o
desenvolvimento de estratégias do proteção social no territorial. As ações
desenvolvidas no âmbito da PSB apontam para o fortalecimento dos laços sociais,
tendo a família como espaço privilegiado de investimento.

Uma investigação realizada por Carlini et al (2004, p. 31) sobre o consumo


de drogas entre pessoas em situação de rua, apontam para a necessidade de dar
atenção as famílias na intervenção social. A pesquisa estabelece um recorte entre as
crianças e adolescentes em situação de rua que mantém vínculos com a família, e
outras cujas relações familiares encontram-se rompidas. A problematização dos
dados permite desnaturalizar a ideia de que toda criança ou adolescente em situação
de rua usa drogas, e mostrar que crianças e adolescentes que mantém vínculos
familiares têm maior participação em atividades que podem constituir-se em fatores
de proteção ao consumo de drogas (escola regular, cursos profissionalizantes,
atividades artísticas e culturais, atividades religiosas), ao passo que os jovens cujos
vínculos familiares encontram-se rompidos apresentam maior exposição a situações
de risco (uso, envolvimento na cadeia produtiva de drogas qualificadas como ilícitas,
furtos e roubos, venda de favores sexuais)

As vulnerabilidades e risco associados aos usos de álcool e outras drogas não


significam necessariamente que justifique o encaminhamento de indivíduos e
famílias para os Serviços da Proteção Social Especial ou para os serviços
especializados de saúde, como os CAPSad. Destaque-se que o Serviço da Proteção
Social Básica, a partir de suas competências deve identificar as situações, os
elementos que possui e com quem pode contar inclusive valendo-se das relações com
os demais serviços do SUAS e do SUS. Em outras palavras: deve-se partir do
princípio da implicação, da responsabilidade, para daí buscar apoio, não apenas junto
aos parceiros da rede intersetorial, mas também no âmbito da própria Assistência
Social.

Desse modo, é importante a inserção de crianças e adolescentes nesse serviço,


tanto na perspectiva do acesso à informação sobre os riscos dos usos de drogas, e
autocuidados, quanto para aqueles que estão frequentando serviços de saúde ou

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saindo destes, com o objetivo de fortalecer vínculos familiares, comunitários e
sociais, favorecer o acesso a benefícios e serviços essenciais, como educação,
qualificação profissional, trabalho, habitação, dentre outros. A inclusão em ações
socioeducativas no território representa, para crianças e adolescentes implicadas com
usos de drogas, possibilidades de construção de itinerários e o restabelecimento dos
laços com as redes sociais presentes no território em que convive.

3.2. PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL - PSE: atendimento especializado a


famílias e indivíduos em situação de risco por violação de direitos

A atenção na Proteção Social Especial, de acordo com a PNAS, tem como


objetivo contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, o
fortalecimento de potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e indivíduos
para o enfrentamento das situações de risco pessoal e social, por violação de direitos.

Nesta perspectiva, os serviços de PSE exigem maior especialização nas


intervenções profissionais. Caracterizam-se por um acompanhamento mais
singularizado e por uma exigência maior de flexibilidade e diálogo com redes
intersetoriais, tendo em vista a complexidade das demandas apresentadas pelos seus
usuários, incluídos aqueles cujas situações de risco estão associadas ao consumo de
álcool e outras drogas.

De acordo com a Tipificação Nacional (2009), a PSE está divida em Média e


Alta Complexidade.

3.2.1 Proteção Social Especial de Média Complexidade: Unidades de


Referência e Serviços Especializados

O Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS) é


uma unidade pública estatal de abrangência municipal ou regional que tem como
papel constituir-se em lócus de referência, nos territórios, da oferta de trabalho social

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especializado no SUAS as famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou
social, por violação de direitos” (BRASIL, 2011a, p. 23).

No CREAS são ofertados serviços a famílias e indivíduos em situação de


risco pessoal e social, por violação de direitos, em conformidade com as demandas
identificadas no território, a exemplo de: violência física, psicológica, negligência,
maus tratos e/ou abandono; violência sexual, abuso ou exploração sexual;
afastamento do convívio famíliar, devido à aplicação de medida de proteção;
situação de rua; trabalho infantil; discriminações em decorrência a orientação sexual,
etnia, raça, deficiência, idade, convivência com consumo de álcool e outras drogas,
entre outras.

O CREAS oferta obrigatoriamente o Serviço de Proteção e Atendimento


Especializado a Família e Indivíduos (PAEFI) e, de acordo com a Tipificação, o
CREAS pode ofertar:

 Serviços Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida


Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à
Comunidade (PSC);

 Programa de Trabalho Infantil (PETI)

 Serviço Especializado em Abordagem Social;

 Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e


suas famílias.

3.2.1.a Serviço e Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos


(PAEFI)

O Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e


Indivíduos – PAEFI é o serviço socioassistencial estruturante da unidade CREAS,
responsável pelo trabalho social a famílias que estão em situação de risco pessoal e
social por violação de direitos. Segundo a Tipificação Nacional de Serviços
Socioassistenciais, o atendimento no serviço fundamenta-se no respeito à
heterogeneidade, potencialidades, valores, crenças e identidades das famílias. O
Serviço deve buscar contribuir para o fortalecimento da família na sua função
protetiva, contribuir para romper com padrões violadores de direitos, para a

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reparação de danos, prevenir a reincidência de violação de direitos, dentre outros
objetivos.

O PAEFI deve ser ofertado, obrigatoriamente, no CREAS, seja de


abrangência municipal ou regional. Os indivíduos e famílias podem acessar o PAEFI
por meio de encaminhamentos dos serviços que compõem a rede socioassistencial e
a rede intersetorial das diversas políticas públicas e órgãos de defesa de direitos.
Também podem acessá-lo por demanda espontânea, ou seja, famílias e indivíduos
que buscam atendimento, voluntariamente, quando necessitam.

Tendo em vista a complexidade das situações de seu âmbito de atuação, a


equipe do PAEFI deve procurar compreender suas histórias e o contexto das
situações vivenciadas pelos usuários a partir do contexto familiar, comunitário e
social na qual estão inseridos, assim como as fragilidades/dificuldades e
potencialidades/recursos. É importante atentar-se para as dinâmicas dos grupos
familiares e suas constituições, o nascimento dos filhos, a idade escolar, os
envelhecimentos na família, a convivência com consumo de álcool e outras drogas,
dentre outras condições que ampliam riscos por violação de direitos. Essas questões
têm significados particulares para cada uma e influenciam as dinâmicas das famílias,
potencializando ou fragilizando vínculos no território.

Nesse sentido, é importante compreender que o foco da


intervenção do PAEFI é o investimento nas potencialidades dos
sujeitos, suas famílias e suas redes de apoio para o enfrentamento
das situações de violações de direitos vivenciadas, a ampliação da
participação social e o fortalecimento de vínculos familiares,
sociais e comunitários.

Dada às múltiplas dimensões que delineiam as situações de risco por violação


de direitos que podem ser apresentadas pelos indivíduos com histórico de
consumo de álcool e outras drogas e suas famílias, é imprescindível que a
coordenação do CREAS e a equipe técnica do PAEFI desenvolvam posturas
acolhedoras e de escuta qualificada ao longo de todo o período do

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acompanhamento, construa o Planos de Atendimento Individual ou Familiar
conjuntamente com os usuários, e desenvolvam ações articuladas com os demais
serviços do SUAS no território, com as demais políticas públicas, em especial
com a saúde, e com os órgãos de garantia e de defesa de direitos, na perspectiva
de garantir a visão integral de sujeito e da garantia de direitos.

Destaca-se também que a equipe do PAEFI, em articulação com a equipe


técnica do PAIF e demais políticas públicas, deve apoiar os usuários na
construção e/ou resgate de vínculos familiares, comunitários e sociais, na
perspectiva de fortalecê-los e de identificar potencialidades para efetivar desejos e
projetos pessoais.

O PAEFI pode identificar que o usuário do Serviço apresenta necessidades do


campo da saúde, por exemplo relacionadas ao consumo de álcool e outras drogas,
como avaliação médica, cuidados, orientações especializadas, uso de
medicamentos, internações hospitalares, dentre outras. Nestes casos, o Serviço
deve articular-se com a área da saúde para realizar encaminhamentos no território.
O encaminhamento à rede de saúde, nesse caso, faz parte do processo de
acompanhamento do PAEFI e os técnicos do serviço devem estar atentos ao
processo de vinculação do usuário ao encaminhamento, ás respostas da política de
saúde, e articular estratégias de acompanhamentos conjuntas, estimular a
continuidade dos atendimentos e a adesão ao tratamento proposto. Nesse
processo, os encaminhamentos não consistem simplesmente em atos
administrativos. Requer do Serviço que a pessoa e a família sejam informadas
sobre os motivos dos encaminhamentos, a importância da adesão a outros
serviços, reafirmando a importância da atuação articulada e integrada dos Serviços
do SUAS.

A fim de potencializar o trabalho Intersetorial do SUAS, é importante que as


equipes se reúnam periodicamente, para assegurar uma convergência positiva das
ações, conceitos, concepções, atividades e objetivos, potencializando o trabalho
intersetorial. Este diálogo permite discutir as competências e delimitar as atuações
dos técnicos de cada área, organizar as intervenções conjuntas, e a elaboração de
instrumentos como o Plano de Acompanhamento Individual e/ou Familiar no
SUAS e Projeto Terapêutico Singular no SUS, de forma integrada, sempre que

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possível e quando necessário. O diálogo entre as equipes é fundamental, tanto
para ampliar os objetivos das ações, quanto para evitar a sobreposição de ações.

O PAEFI também representa espaço estratégico e importante


para o desenvolvimento de ações de acesso a informações sobre
drogas, seus usos e efeitos, bem como de acesso a serviços
essenciais de apoio e de atenção especializada, que em conjunto
com o PAIF, poderá propor atividades e intervenções que
contribuam para a prevenção ao consumo de drogas no território.
A realização de oficinas e outras atividades incluindo famílias,
crianças, adolescentes e, até mesmo, grupos da comunidade,
podem contribuir para ampliar a rede de proteção prevenção e
diminuição de estigmas e preconceitos.

3.2.1.b Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida


Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e Prestação de Serviços à
Comunidade (PSC)

O Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida


Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e Prestação de Serviços à Comunidade
(PSC) é ofertado no CREAS e tem por objetivo o acompanhamento de adolescentes
(12 a 18 anos incompletos) autores de ato infracional e, excepcionalmente, jovens
(18 a 21 anos) em cumprimento de medida socioeducativa de Liberdade Assistida
(LA) ou de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC), “aplicadas pela Justiça da
Infância e da Juventude ou, na ausência desta, pela Vara Civil correspondente”
(BRASIL, 2009, p. 24).

A medida de PSC consiste na realização por parte do(a) adolescente, de


serviços comunitários gratuitos e de interesse geral. Esta medida deve ser cumprida
em jornada não superior a oito horas semanais, sem prejuízo de atividades escolares
ou laborais, nos casos de adolescentes maiores de 16 anos, ou 14, na condição de
aprendiz. As atividades e os locais escolhidos para cumprimento da PSC devem ser
pensados de acordo com as características de cada jovem/adolescente, buscando

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favorecer o desenvolvimento de potencialidades e a redução de vulnerabilidades e
risco por violação de direitos. Já a Liberdade Assistida (LA) é uma medida de caráter
socioeducativo em que o adolescente encontra-se limitado em alguns de seus direitos
devido às condições impostas para que sejam atingidos os objetivos pedagógicos,
conforme planejado no Plano Individual de Atendimento (PIA). A LA tem prazo
mínimo de seis meses, embora possa ser a qualquer momento reavaliada, prorrogada
ou substituída.

O acompanhamento do adolescente pelo Serviço de Proteção Social durante o


período de cumprimento da PSC/LA deve ser sistemático, observando o caráter
pedagógico e socializante da medida contando com ações voltadas ao atendimento
individual e grupal, visitas domiciliares, inserção na escola, preparação para o
mercado de trabalho, entre outras.

Uma das ferramentas metodológicas utilizadas na aplicação de medidas


socioeducativas definidas pelo Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
(SINASE, 2011) é o Plano de Atendimento Individual (PIA), construído pelos
técnicos do Serviço, juntamente com os adolescentes e suas famílias. O plano deve
contemplar objetivos claros a serem perseguidos durante o cumprimento da medida,
bem como perspectivas futuras. Na construção do PIA, a equipe deve dialogar com
todas as politicas setoriais envolvidas para estabelecer compromissos e realizar os
encaminhamentos necessários a partir das demandas apresentadas, inclusive para
serviços de saúde nas situações relativas a usos de álcool, crack e outras drogas.
Igualmente, deve-se avaliar a necessidade de acompanhamento especializado da
família pelo CREAS/PAEFI.

É frequente que muitos adolescentes em cumprimento de medidas


socioeducativas de LA/PSC respondam por ato infracional em decorrência de algum
tipo de envolvimento com drogas ilícitas. Dentre estes, pode ser que muitos tenham
problemas relacionados ao uso de álcool, crack ou outras drogas, e necessitem de
acompanhamento especializado, enquanto outros podem ter algum tipo de
envolvimento com o comércio, mas não com o uso. Independente do caso, o vínculo
com o Serviço deve permitir a estes adolescentes a possibilidade de reflexão e apoio
em novos projetos de vida, que podem ser viabilizados por meio de ações e
articulações intersetoriais.

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Quando for necessário o atendimento mais continuado das questões relativas
a usos de crack, álcool e outras drogas o Serviço deve buscar uma atuação conjunta
com os serviços de saúde responsáveis no território. A elaboração de planos de
atendimento integrados e a realização de intervenções conjuntas configuram
iniciativas a serem consideradas pelas duas equipes, lembrando que a construção de
estratégias intersetoriais, com itinerários de atendimentos singulares, são
preocupações não apenas no campo da Assistência Social, mas também da Saúde.
Sendo assim, o diálogo com as equipes de saúde permite ampliar os efeitos positivos
do acompanhamento no Serviço de Medidas Sócioeducativas (MSE).
Excepcionalmente, pode ser constatada a necessidade de internação para tratamento
de saúde, a equipe do Serviço de MSE deve avaliar, em conjunto com a equipe de
saúde, quais as melhores estratégias para a continuidade do acompanhamento do
adolescente pelo Serviço. Nesses casos, a situação deve ser comunicada à autoridade
judiciaria, tendo em vista a especificidade da medida socioeducativa e os objetivos
terapêuticos estabelecidos para o adolescente, observada a Lei nº 12.594/2012, Lei
do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE).

As articulações intersetoriais a partir deste Serviço do SUAS são importantes


e, nesse sentido, quando houver situação de usos de drogas os parceiros mais
indicados neste atendimento são o CAPSad e o CAPSi. Nas cidades em que estes
serviços não estejam disponíveis, deve-se buscar apoio junto à Estratégia de Saúde
da Família (ESF) e outros serviços de saúde disponíveis na rede local. O diálogo
entre as equipes de Assistência Social e Saúde nesse atendimento é fundamental,
tanto para ampliar a potência dos planos, quanto para evitar abordagens
contraditórias das duas áreas com a mesma pessoa.

É importante lembrar que os adolescentes em cumprimento de Medidas


Socioeducativas podem ter certas dificuldades para acessar os serviços de saúde,
devido a ausência de documentação, necessidade de deslocamentos, agendamento
prévio, dentre outras. Por isso, é importante que o Serviço de MSE e a equipe de
saúde estabeleçam fluxos e protocolos para o atendimento desse público. É
fundamental que a relação entre o atendimento socioassistencial e o atendimento de
saúde esteja prevista nos Planos de Atendimento Socioeducativo dos municípios e
estados, previsto na Lei do SINASE.

232
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Em todos os casos, é importante que o Serviço de MSE seja um espaço de
diálogo. Mais uma vez, é fundamental a postura acolhedora e aberta ao longo de
todo o processo de atendimento e acompanhamento, pois é a partir dela que se
podem construir espaços em que a voz dos sujeitos pode circular. É na
problematização conjunta que podem emergir questões relacionadas a usos de
drogas, que devem ser discutidas de modo aberto.

Nessa escuta, nesse diálogo problematizador, se constroem ideias que podem


incidir positivamente no processo de (re) construção de projetos de vida com o
adolescente/jovem. Nesses encontros, constrói-se um espaço fértil ao surgimento de
entendimentos, diante dos quais a equipe deve contribuir a partir de seus
conhecimentos técnicos para a resignificação de vivências.

No que tange à PSC, um fator importante para que a medida cumpra sua
função socioeducativa é o cuidado na construção de parceiras com instituições para a
prestação de serviços comunitários, de modo que a instituição compartilhe dos
princípios e diretrizes do Serviço de MSE.

Este não é um trabalho simples, especialmente diante de um imaginário


social que demoniza e atribui aos adolescentes/jovens em conflito com a lei a
responsabilização pela violência e, especialmente, aqueles envolvidos com usos ou
comércio de drogas qualificadas como ilícitas. Neste sentido, a definição de locais
não depende apenas de acordos e documentos, mas também da sensibilidade e da
empatia das pessoas com quem os adolescentes vão conviver durante o período de
cumprimento da PSC, construídas por meio de processos de discussão e reflexão. A
presença de adolescentes em cumprimento da medida de PSC no cotidiano de
trabalho das instituições contribui para a construção de relações de confiança,
prestígio, diminuição de estigmas e preconceito e resulta em papel social importante
para a instituição onde se cumpre a medida.

A própria natureza das medidas socioeducativas exige um intenso diálogo


com a Justiça da Infância e da Juventude ou Vara Civil correspondente, sem contar
que as relações com o Ministério Público e com a Defensoria Pública também são
muito importantes, especialmente quando houver ameaça de morte. Nesses casos as
autoridades devem ser informadas e a equipe orientada.

233
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O cumprimento de medidas socioeducativas não impede o acesso a direitos,
em especial o da educação, notadamente porque se trata de jovens/adolescentes cujo
acesso à educação é de fundamental importância para o desenvolvimento. Cabe,
portanto à equipe do Serviço preocupar-se com a inclusão e os apoios necessários à
frequência dos adolescentes na escola, compartilhando com o corpo técnico-
pedagógico informações que possam facilitar o vínculo do adolescente/jovem em
questão, articulando e viabilizando com os profissionais da educação todas as
possibilidades para a inserção e permanência dos adolescentes e jovens na escola.

Também é fundamental articular-se com as Escolas Técnicas, universidades,


centros de cultura, lazer, esporte, iniciativas de aprendizagem profissional, projetos
sociais desenvolvidos por organizações da sociedade civil, observando sempre
interesses, necessidades e aptidões dos adolescentes/jovens. Estes são alguns
exemplos de parcerias que podem somar-se aos serviços do SUAS, como o Serviço
de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, desde que signifique a ampliação de
potencialidades e a redução de vulnerabilidades e risco por violação de direitos de
adolescentes/jovens e suas famílias.

Outra estratégia importante é o fortalecimento e o resgate dos vínculos


familiares e da função protetiva da família, que deve ser considerada em todos os
serviços socioassistenciais. Nestes casos as famílias dos jovens/adolescentes podem
ser acompanhadas pelo PAEFI/CREAS; as famílias referenciados aos CRAS,
conforme o caso.

Na mesma direção, os vínculos sociais e comunitários devem também ser


observados e trabalhados ao longo do acompanhamento dos jovens/adolescentes em
cumprimento de MSE, buscando sempre que possível inserir em grupos e espaços de
interação favoráveis ao seu desenvolvimento, de acordo com suas características,
potencialidades, desejos e história de vida. A construção de novas possibilidades de
interação e vinculação sociais e comunitárias poderá contribuir para que o
adolescente estabeleça para si novos espaços e papéis sociais.

As ações desenvolvidas ao longo do cumprimento da MSE, de


caráter individual ou coletivo, poderão ser planejadas
estrategicamente para maior interação do adolescente/jovem com o
seu contexto social, contribuindo para o acesso a direitos, novas

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vivências e oportunidades; para a capacidade de reflexão sobre suas
ações; e para a (re) construção de projetos, sem perder de vista,
contudo, a perspectiva da sua conscientização, frente ao ato
infracional praticado.

Os usos de crack, álcool e outras drogas podem representar para alguns dos
adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas tanto um importante
objeto de consumo (portanto, de afirmação social), como objeto de comércio que
garante acesso a outros bens de consumo, ou os dois considerando as necessidades de
estratégias de sobrevivência, empoderamento das drogas, visibilidade, entre outros.
Neste sentido, o investimento em ações e informações que possam contribuir para a
prevenção e tratamento devem se expressar na ampliação crítica do universo
simbólico dos adolescentes e suas famílias.

O acompanhamento aos adolescentes em cumprimento de medida


socioeducativa de LA/PSC deve ser construído de modo reflexivo, respeitando e
valorizando a história, a potência e as necessidades dos sujeitos, de modo a contribuir
para múltiplas dimensões do desenvolvimento dos adolescentes e suas famílias.

Por fim, é necessário reiterar que a aplicação de Medidas Socioeducativas se


limita aos casos de ato infracional, como previsto no Estatuto da Criança e do
Adolescente. Não é possível a cerceamento de liberdade, a internação hospitalar ou a
imposição de medidas socioeducativas em meio aberto motivadas exclusivamente
pelo uso de drogas pelo adolescente. Pelo contrário, o uso contínuo de drogas,
inclusive com o caráter de dependência, exige uma resposta do âmbito da saúde
pública e dos seus distintos serviços, e não a responsabilização do adolescente, como
aponta o próprio Estatuto: “Os adolescentes portadores de doença ou deficiência
mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas
condições” (art. 112, § 3º).

3.2.1.c Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI)

O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - PETI teve inicio, em 1996,


como ação do Governo Federal, com o apoio da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), para combater o trabalho de crianças em carvoarias da região de

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Três Lagoas (MS). Sua cobertura foi, em seguida, ampliada para os estados de
Pernambuco, Bahia, Sergipe e Rondônia, num esforço do Estado Brasileiro para
implantar políticas públicas voltadas ao enfrentamento do trabalho infantil. A partir
de então, o PETI foi progressivamente alcançando todos os estados do País.

Em 2005, ocorreu a integração do PETI com o Programa Bolsa Família, o que


trouxe modificações significativas que racionalizaram e aprimoraram a gestão de
ambos os programas, incrementando a intersetorialidade e o potencial das ações, ao
se evitar a fragmentação e a superposição de esforços e de recursos.

Em 2011, o PETI foi introduzido na Lei Orgânica da Assistência Social


(LOAS), conforme o disposto no Art. 24-C da Lei 12.435, de 06 de julho de 2011,
ratificando o “[...] caráter intersetorial, integrante da Política Nacional de Assistência
Social, que, no âmbito do SUAS, foi consolidado com as ações que compreendem
transferências de renda, trabalho social com famílias e oferta de serviços
socioeducativos para crianças e adolescentes que se encontrem em situação de
trabalho”.

Com a implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), a


partir de 2005, o enfrentamento ao trabalho infantil, no âmbito da assistência social,
passou a ser realizado através de um esforço articulado dos serviços
socioassistenciais, e atualmente é composto por:

 busca ativa realizada pelo Serviço Especializado em Abordagem Social nos


CREAS e pelas equipes volantes do CRAS;
 registro das famílias no CadÚnico;
 atendimento das crianças e adolescentes no Serviço de Convivência e
Fortalecimento de Vínculos (SCFV), que integra a Proteção Social Básica;
 trabalho social com as famílias, nos serviços continuados do Serviço de
Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) e do Serviço de Proteção
e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI);
 acesso à profissionalização às famílias e aos adolescentes a partir dos
dezesseis anos com ofertas do Programa Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico e Emprego (Pronatec) por intermédio do Programa de Promoção do
Acesso ao Mundo do Trabalho (Acessuas/Trabalho).

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A partir de 2013, foi iniciada a discussão do Redesenho do PETI, que teve
sua pactuação final em abril de 2014, com o objetivo de contribuir para a aceleração
das ações de prevenção e de erradicação do trabalho infantil e, desse modo, permitir
o cumprimento das metas estabelecidas nas Convenções nº 138 e nº 182 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT) e das diretrizes do Plano Nacional de
Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente
Trabalhador.

O redesenho do PETI consiste na realização de ações estratégicas voltadas ao


enfrentamento das novas incidências de atividades identificadas no Censo IBGE
2010 e no fortalecimento do Programa em compasso com os avanços da cobertura e
da qualificação da rede de proteção social do SUAS, estruturados em cinco eixos de
atuação:

(I) informação e mobilização, com realização de campanhas e audiências


públicas;

(II) identificação, busca ativa e registro no Cadastro Único para Programas


Sociais do Governo Federal;

(III) Proteção social, por todo o sistema de garantia de direitos, inclusive


transferências de renda, acompanhamento familiar e comunitário e inserção das
crianças, adolescentes e suas famílias em serviços de fortalecimento de vínculos,
encaminhamento para serviços de saúde, educação, cultura, esporte, lazer ou
trabalho;

(IV) Responsabilização com reforço das ações de fiscalização, acompanhamento


das famílias com aplicação de medidas protetivas, articuladas com Poder Judiciário,
Ministério Público e Conselhos Tutelares; e

(V) monitoramento a partir dos sistemas da rede SUAS e das políticas setoriais.

O PETI está avançando na qualificação, fortalecendo a intersetorialidade e na


gestão integrada de benefícios e serviços destinados às famílias cujas crianças e
adolescentes estejam em situação de trabalho infantil, iminência ou retirados da
situação de trabalho.

É possível que as atividades de trabalho que fizeram com que uma criança ou
adolescente fosse incluída no PETI tenham alguma relação com a produção,

237
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circulação ou comércio de drogas qualificadas como ilícitas, ou existir usos de crack
e outras drogas por parte da criança ou adolescente. O exercício dessas atividades,
que estão entre as consideradas como piores formas de trabalho infantil, resulta em
risco por violação de direitos pessoal ou familiar. Nestes casos, as relações com o
Ministério Público e com a Defensoria Pública são muito importantes.

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Como previsto na lista das piores formas de trabalho infantil
(TIP) – Dec. nº 6.481, de 12/06/2008, as atividades ligadas à cadeia
produtiva de drogas qualificadas como ilícitas e ao circuito de
exploração o sexual são consideradas piores formas de trabalho
infantil. Sendo assim, os serviços e ações articuladas pelo PETI
devem prever tais ocorrências e se preparar para as especificidades
de atenção as famílias cujos filhos estejam envolvidos em tais
situações, especialmente no que tange a articulação de ações e redes
intersetoriais.

As crianças e adolescentes com histórico de trabalho infantil, vivendo em


situação de rua, implicadas com usos de drogas e/ou convivendo em ambientes com
usos de drogas estão convivendo com o direito violado. Nesses casos, os Serviços do
SUAS devem considerar as articulações específicas junto às redes intersetoriais que
tratam da questão, a exemplo dos Conselhos Tutelares, órgãos de garantia e defesa
dos direitos, Centros de Atenção Psicossocial para Crianças e Adolescentes (CAPSi)
e Centros de Atenção Psicossocial Álcool e drogas (CAPSad) para as devidas
atenções especializadas.

Por outro lado, mesmo que as crianças e adolescentes inseridas no PETI não
tenham envolvimento com o uso ou comércio de drogas, a situação de
vulnerabilidade que levou à entrada precoce no trabalho pode estar ligada ao uso de
álcool, crack e outras drogas indiretamente protagonizada por seus familiares,
precarizando os cuidados, o que amplia o risco por violação de direitos e indica a
necessidade de acompanhamento pelos Serviços do SUAS.

A inclusão das famílias nos CRAS e nos CREAS, e das crianças e


adolescentes no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos objetiva a
ampliação das trocas culturais, o desenvolvimento de sentimentos de pertença e de
identidade, entre outros para fortalecimento da função protetiva da família. Possui
caráter preventivo e proativo de violação de direitos, tem por objetivos a defesa e a

239
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afirmação de direitos e o desenvolvimento de capacidades e potencialidades
emancipatórias para o enfrentamento de vulnerabilidades e riscos sociais.

Os profissionais dos Serviços do SUAS devem sempre manter uma postura


acolhedora diante da emergência de questões relacionadas a crianças e adolescentes e
os usos de crack, álcool e outras drogas, investindo na construção de relações de
vínculo e confiança e no fortalecimento dos laços familiares e na convivência
comunitária.

As crianças e adolescentes, preferencialmente, devem ser inseridas nos


Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SCFV que oferecem
atividades para ampliar as possibilidades de convívio social, tanto para pessoas que
usam drogas quanto para suas famílias. O acesso e inserção na Escola é outro
elemento extremamente importante para a ampliação das aquisições,
desenvolvimento pessoal e construção de projetos de vida de crianças e adolescentes
em situação de trabalho infantil. Neste contexto, os Serviços do SUAS devem buscar
o diálogo com as escolas para a inclusão destas crianças e adolescentes e
envolvimento das famílias no circuito escolar. É preciso conhecer as histórias destas
famílias, seus sonhos, suas crenças. Por meio do diálogo, é possível construir
caminhos mais potentes, sustentáveis e criativos, capazes de seduzir e empolgar não
apenas às crianças e adolescentes identificadas em situação de trabalho infantil, mas
também às suas famílias.

A inclusão no PETI de famílias cujos filhos estiveram


envolvidos em atividades relacionadas à cadeia produtiva das drogas
ou em atividades de exploração sexual como meio de sustento do uso
de drogas (especialmente o crack), poderá representar uma
possibilidade de construção de novos projetos de vida.

3.2.1.d Serviço Especializado em Abordagem Social

O Serviço Especializado em Abordagem Social está tipificado no âmbito da


proteção social especial de média complexidade, e tem por objetivo assegurar o
trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a
incidência de situações de risco pessoal e social como, por exemplo, trabalho infantil,

240
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exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua, entre outras,
considerando as praças, entroncamento de estradas, fronteiras, espaços públicos,
comercio, terminais de ônibus, três, metrô e outros (BRASIL, 2009, p. 22). O serviço
deve ser vinculado ao CREAS, ao Centro POP ou à unidade referenciada ao CREAS.

Nessa direção, o serviço oferta atendimento a crianças, adolescentes, jovens,


adultos, pessoas com deficiência, pessoas idosas e famílias que utilizam espaços
públicos como forma de moradia e/ou sobrevivência. Configura-se como importante
canal de identificação de situações de risco pessoal e social que podem, em
determinados casos, associar-se ao consumo de álcool e outras drogas.

Cabe ressaltar que o Serviço Especializado em Abordagem


Social, não é exclusivo ou específico de segmentos, mas tem a função
de atuar sobre todas as situações e públicos elencados e construir
estratégias metodológicas de abordagem e articulações intersetoriais,
que considerem os diferentes públicos em que atua. A equipe deve
ter clareza do seu papel como agentes sociais que intervêm em
situações de graves violações de direitos de indivíduos ou famílias
com vínculos muito fragilizados, ou rompidos, e, portanto, sua
atuação deve contribuir para a construção/reconstrução de
processos e projetos de saída das ruas e de interrupção dos ciclos de
violações de direitos em que estes estejam vivenciando.

Nesse sentido, o serviço deve assegurar acompanhamento especializado à


população em situação de rua nos espaços públicos, contribuir para o entendimento
dos direitos sociais e humanos, oferecer acesso às políticas públicas, desenvolver
atividades direcionadas para o resgate, fortalecimento ou construção de novos
vínculos interpessoais e/ou familiares, tendo em vista a importância de apoiar a
construções de projetos pessoais e sociais e novas trajetórias de vida, que favoreçam
o processo gradativo de saída das ruas para vivências em espaços mais protegidos, e

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incentivar a participação deste nos esforços de ampliação da participação social,
como direito de cidadania.

Uma ação importante do Serviço Especializado de Abordagem Social para a


intervenção qualificada nos espaços públicos é o mapeamento dos territórios para
identificação das situações de risco e violação de direitos, inclusive as associadas ao
consumo de álcool e outras drogas e do perfil do público alvo de sua atuação. Este
mapeamento será um importante instrumento para fundamentar o planejamento de
um processo de abordagem social articulado e coordenado da assistência social com
a saúde nos territórios, notadamente os consultórios na rua1.

A oferta do serviço deve propiciar, também, a inclusão da população em


situação de rua no Cadastro Único dos Programas Sociais - CADúnico, com
possibilidade de inclusão no Programa Bolsa Família e outros programas e benefícios
que usam o CADúnico como base de acesso. Além disso, propiciar acesso a
restaurantes populares e cozinhas comunitárias, onde houver, encaminhamentos das
pessoas com deficiência e pessoas idosas para o acesso ao Benefício de Prestação
Continuada, dentre outras ações.

A vinculação de famílias e indivíduos em situação de rua às redes de


proteção social, em muitos casos, somente será possível por meio de
um processo gradativo de aproximação, conhecimento e construção
de vínculos de referência e confiança do público atendido com os
profissionais e com o Serviço de Abordagem Social.

É importante ressaltar que nem toda população em situação de rua é usuária


de álcool e outras drogas, razão pela qual esta associação não deve ser feita e
constitui um dos estigmas mais perversos com esta população. Por outro lado,
existem pessoas que usam drogas sem, contudo, constituir vulnerabilidade e risco por
violação de direitos, não sendo, portanto, público-alvo dos serviços da assistência
social.

1
Equipes de Consultório na Rua são equipes multiprofissionais, da política de Saúde, que atuam
frente aos diferentes problemas e necessidades de saúde da população em situação de rua. Atuam nas
ruas de forma itinerante.

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Os profissionais do Serviço Especializado de Abordagem Social devem
considerar as dificuldades de abordar pessoas com quem ainda não constituíram
vínculos, em especial pessoas em uso de crack, álcool ou outras drogas em seus
estados de alteração do pensamento, depressão ou outros. Se alguém não está
disposto a falar sobre seus usos, não convém forçar a situação, sendo melhor investir
na construção de vínculos de respeito e confiança, construindo possibilidades para
uma escuta qualificada. Como já referenciado, a identificação dos territórios e seu
cotidiano permite o planejamento de ações do serviço em conjunto com as áreas de
saúde, como os consultórios na rua, serviços de saúde de emergência acessados em
unidades básicas de saúde, hospitais gerais, Unidades de Pronto Atendimento (UPA),
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), CAPS, entre outras, de acordo
com a rede instalada no território.

Não cabe à Assistência Social fazer avaliação de condições de saúde e seus


agravos. Nos casos em que se observarem sinais que indiquem a necessidade de
atenção na área da saúde, é preciso acionar estes serviços, de acordo com a
necessidade e a existência no território.

No âmbito do SUAS, o Serviço Especializado de Abordagem Social é


um importante canal para a identificação de situações que
demandem o atendimento continuado na rede socioassistencial e nas
demais políticas. Nesse sentido, o trabalho social a ser desenvolvido
requer conhecimento das ofertas existentes nos territórios, rede de
serviços da saúde, educação, trabalho, habitação, benefícios,
programas de transferência de renda, além das redes informais com
as quais as pessoas e famílias podem contar.

Em situações como, por exemplo, trabalho infantil, exploração sexual de


crianças e adolescentes, abandono, situação de rua, violações de direitos vivenciadas
por mulheres, idosos, pessoas com deficiência, inclusive as situações associadas a
usos de crack , álcool e outras drogas, o olhar dos serviços das diversas políticas

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públicas com atuação no mesmo território, além de estratégico, é também
complementar, uma vez que exige cooperação e convergência de atuação, na
perspectiva de garantir atenção integral de famílias e indivíduos. Nessa perspectiva, o
atendimento especializado nos serviços do SUAS e os encaminhamentos para os
serviços das outras políticas somam-se aos ofertados pelo Serviço Especializado de
Abordagem Social.

A atuação do serviço se articula nos territórios não só com outros


serviços/unidades de saúde, como também com as bases de Polícia Comunitária,
vinculadas à política de Segurança Pública e órgãos de defesa e de garantia de
direitos. A materialização dessa integração requer: postura acolhedora entre os
profissionais, conhecimento mútuo da missão de cada política e serviço, encontros
periódicos para planejamento e avaliação conjunta dos trabalhos realizados nos
territórios, entre outras. A gestão da unidade de oferta do Serviço de Abordagem
Social tem, por excelência, o papel de articular este com os demais serviços.

Considerando a dinâmica dos territórios, é desejável que a equipe do


serviço planeje e realize abordagens conjuntas com profissionais da
saúde. Atuações articuladas e/ou conjuntas com profissionais da
segurança pública devem ser avaliadas em cada contexto,
considerando a necessidade de resguardar os vínculos já construídos
no território entre as pessoas com as equipes de abordagem social e,
também, a própria segurança de usuários e trabalhadores do
serviço. Se em determinadas situações a entrada em um
determinado território representar risco para as equipes de
abordagem, convém discutir as situações com as equipes da saúde e
de segurança pública para definir as melhores estratégias de
trabalho.

Em relação à abordagem social de crianças e adolescentes cabe especial


atenção, pois requer esforço ainda mais intenso frente à particularidade da condição
de pessoa em desenvolvimento. O envolvimento com o comércio de drogas

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qualificadas como ilícitas nas ruas é bastante frequente, por exemplo, na forma do
chamado “avião” (aquele que liga compradores e vendedores de drogas). Muitas
crianças e adolescente vivem nas proximidades de pontos de venda de drogas
qualificadas como ilícitas ou em regiões com grande concentração de casas noturnas,
o que as expõe a uma situação de maior risco.

É comum que crianças e adolescentes, de ambos os sexos, com vivência de


situações de risco nas ruas sejam envolvidos em dinâmicas de exploração sexual,
rendendo-lhes recursos usados, muitas vezes, para sustentar o consumo de drogas,
especialmente o crack. Frente a essa realidade, é preciso investigar todas as
possibilidades de inserção das crianças e adolescentes em serviços e ações
favorecedoras da saída da rua, verificar possibilidades de identificação da família
e/ou outras referências afetivas e articular com o PAEFI e PAIF a realização do
acompanhamento familiar.

Crianças e adolescentes em situação de rua e em consumo de drogas devem


ter garantido o direito à saúde e educação, cabendo aos gestores o diálogo e as
articulações necessárias para esta efetivação do direito. As equipes de abordagem
social têm papel fundamental na busca da inserção e vinculação das crianças e
adolescentes em instituições de ensino e em cuidados médicos.

As situações que envolvem usos de drogas por crianças e adolescentes em


situação de rua configuram grave situação de risco pessoal e social e guardam
especificidades. Diante de casos como este, fica nítida a importância de se manter
uma postura cuidadosa durante o trabalho, de modo a evitar que as crianças e
adolescentes sintam-se ameaçadas pela chegada das equipes de abordagem, o que
pode dificultar a aproximação.

Os conselheiros tutelares são parceiros importantes no trabalho com crianças


e adolescentes em situação de risco nas ruas, inclusive quando associada a usos de
drogas. Também as relações com os demais órgãos de defesa de direitos, a exemplo
do Ministério Público e da Defensoria Pública, podem ser de uma importância vital,
especialmente diante em casos de violação de direitos ou quando houver ameaça de
morte, situações diante das quais os órgãos de defesa de direitos devem ser
mobilizados.

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No trabalho de campo, as equipes do Serviço Especializado de Abordagem
Social precisam ser acolhidas nos territórios de sua atuação. Este processo desafiador
exige atenção e paciência. Dificilmente se conseguirá este acesso em um primeiro
momento. Na maioria dos casos, será preciso investir em aproximações gradativas e
insistir nas visitas para que as barreiras iniciais possam ser gradualmente transpostas,
e para que se possa começar efetivamente a construir um trabalho mais consistente
junto a um determinado grupo de pessoas.

3.2.1.e Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas
e suas famílias

O Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência,


Idosas e suas famílias é responsável pela oferta de atendimento especializado a
pessoas com deficiência ou pessoas idosas, com algum grau de dependência e suas
famílias, que tiveram suas limitações agravadas por violações de direitos, como
isolamento, confinamento, atitudes discriminatórias e preconceituosas, falta de
cuidados adequados por parte do cuidador, entre outras situações que aumentam a
dependência e comprometem o desenvolvimento e a autonomia.

Esse serviço promove atividades que garantem a autonomia, a inclusão social


e a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido, visa à diminuição da
exclusão social tanto da pessoa cuidada quanto do cuidador, da sobrecarga
decorrente da situação de dependência/prestação de cuidados prolongados, bem
como a superação das violações de direitos que fragilizam o indivíduo e intensificam
o grau de dependência da pessoa com deficiência ou idosa.

De acordo com a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais do


SUAS, o Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência,
Idosas e suas famílias pode ser ofertado no CREAS, em Unidades Referenciadas, no
domicílio ou em Centros-dia de referência.

O Centro-dia é um equipamento socioassistencial destinado à atenção diurna


à, pessoas com deficiência e à, pessoas idosas, em situação de dependência, é uma
das unidades onde pode ser ofertado o Serviço de Proteção Social Especial para

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Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias. O Centro-dia é composto por uma
equipe multidisciplinar, visando o fortalecimento de vínculos, autonomia e
inclusão social, por meio de ações de acolhida; escuta, informação e orientação;
elaboração de Plano Individual e/ou Familiar de Atendimento; orientação e apoio
nos autocuidados; apoio ao desenvolvimento do convívio familiar, grupal e social;
identificação e fortalecimento de redes comunitárias de apoio; identificação e acesso
a tecnologias assistivas e/ou ajudas técnicas de autonomia no serviço, no
domicílio, e na comunidade; apoio e orientação aos cuidadores familiares com
vistas a favorecer a autonomia da dupla pessoa cuidada e cuidador familiar.

Os cuidados cotidianos com os usuários durante o atendimento no Centro-Dia


incluem acompanhamento e assessoramento em todas as atividades da vida diária;
apoio na administração de medicamentos indicados por via oral e de uso
externo, prescrito por profissionais; ingestão assistida de alimentos; higiene e
cuidados pessoais; ações preventivas de acidentes; atividades recreativas e
ocupacionais de acordo com as possibilidades; colaboração nas práticas indicadas
por profissionais (fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeutas ocupacionais, dentre
outros); difusão de ações de promoção de saúde e inclusão social; acompanhamento
nos deslocamentos e locomoção do seu cotidiano; orientação às famílias sobre
cuidados, dentre outras atividades.

O serviço ofertado em Centro-dia considera que algumas situações


vivenciadas pelas pessoas com deficiência, idosas e suas famílias, como histórico de
usos de crack, álcool e outras drogas, aumentam o risco por violação dos direitos
sociais, tanto da pessoa com deficiência, da pessoa idosa quanto dos cuidadores
familiares, e são indicativos de prioridade de atendimento no serviço em estreita
articulação com os serviços de saúde no território. A ocorrência de outras situações
de risco pessoal ou social como as abaixo relacionadas, de forma isolada ou
simultânea, ampliam a possibilidade de acontecerem violações de direitos das
pessoas com deficiência, idosas e suas famílias, e devem ser consideradas na
identificação dos casos prioritários para atendimento nos Centros-Dia:

▪ Convivência com a situação de pobreza;

▪ Desassistência da pessoa com deficiência e idosa pelos serviços essenciais;

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▪ Não participação da pessoa com deficiência e idosa em atividades e serviços
no território;

▪ Isolamento social das pessoas cuidadas e dos cuidadores familiares;

▪ Situações de abandono, negligência e/o maus tratos, violência física e ou


psicológica;

▪ Ausência de cuidadores familiares ou a precariedade dos cuidados familiares


em virtude do envelhecimento, doença ou ausência dos pais ou responsáveis;

▪ Situação de estresse do cuidador familiar, em virtude da oferta de cuidados de


longa permanência;

▪ Alto custo da oferta familiar de cuidados; e

▪ Impedimento de acesso à inclusão produtiva dos cuidadores familiares em


virtude da necessidade de ofertar cuidados na família.

Considerando o exposto, o serviço ofertado em Centro-Dia integra a rede de


ofertas do SUAS e é considerado importante para ampliar e qualificar os cuidados
familiares com a pessoa com deficiência e idosa, ao tempo em que contribui para
diminuir riscos por violação de direitos devido às desproteções às pessoas cuidadas e
aos cuidadores, inclusive agravadas pelas situações associadas a usos de álcool e
outras drogas.

Conforme referenciado neste documento, sempre que o Serviço de Proteção


Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias identificar
associações com usos de drogas deve articular-se com os serviços de saúde no
território para avaliação e orientação sobre as melhores formas de acompanhamento.

3.2.1.f Serviço Especializado para Pessoas em situação de Rua (Centro Pop)

O Centro Pop configura-se como uma unidade de referência da Proteção


Social Especial de Média Complexidade do SUAS voltada à oferta do Serviço
Especializado para Pessoas em Situação de Rua. Este Serviço é destinado a
indivíduos e famílias que utilizam as ruas como espaço de moradia e/ou

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sobrevivência. A criação do Centro Pop para ofertar o Serviço Especializado para a
População em Situação de Rua foi prevista no Decreto nº 7.053/2009, que institui a
Política Nacional para a População em Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de
Acompanhamento e Monitoramento. Esta unidade especializada também está
prevista na Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais do SUAS.

O Centro Pop, considerando sua finalidade, deve funcionar em espaço físico


próprio, contar com instalações amplas e acessíveis, integradas por ambientes
destinados à acolhida, guarda de pertences, realização de oficinas socioeducativas,
higiene pessoal, dentre outras finalidades, conforme Orientações Técnicas sobre o
Serviço disponíveis no site do MDS.

As ofertas de espaços de cuidado, no Centro Pop, devem ser entendidas como


parte da metodologia do Serviço no processo de ação com os usuários deste e,
portanto, como elementos de resgate da autoestima, do autovalor e da possibilidade
de ressignificação do sujeito em sua vivencia pessoal e social. Nesse sentido, devem
ser humanizados e acessíveis. Como unidade de referência para a população em
situação de rua, deve prever funcionamento de 8 horas por dia e servir como
endereço de referência para as pessoas em situação de rua, inclusive para a inserção
destes no Cadastro Único dos Programas Sociais.

As práticas profissionais deste serviço devem expressar capacidade de


acolher os usuários em duas dimensões (acolhida inicial e a postura receptiva ao
longo de todo o atendimento e acompanhamento). As atividades ofertadas em seu
âmbito devem contribuir para a garantia das seguintes seguranças socioassistenciais:
segurança de acolhida: acolhimento no Serviço em condições de dignidade, resgate
ou minimização de danos decorrentes de vivências de isolamento, violências, abusos,
abandono, preservação de identidade, integridade e história de vida; segurança de
convívio ou vivência familiar, comunitária e social: fortalecimento, resgate e
construção ou reconstrução de vínculos familiar sociais e comunitário, acesso a
serviços essenciais não só do âmbito do SUAS, como das demais políticas públicas
setoriais, conforme necessidades; e, segurança de desenvolvimento de autonomia
individual, familiar e social: garantia de vivências pautadas pelo respeito,
fundamentadas em princípios éticos de justiça e cidadania, apoio à construção de

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projetos pessoais e sociais e fortalecimento da autoestima, acesso à documentação
civil, apoio à construção de autonomia e bem-estar, dentre outros suportes e apoios.

O serviço ofertado pelo Centro POP, ao assegurar acompanhamento


especializado à população em situação de rua procura oferecer atividades
direcionadas para o desenvolvimento e fortalecimento de vínculos, resgate,
fortalecimento ou construção de novos vínculos interpessoais e/ou familiares, tendo
em vista a importância de apoiar a construções de projetos pessoais e sociais e novas
trajetórias de vida, que favoreçam o processo gradativo de saída das ruas para
vivências em espaços mais protegidos, tornar o território mais acolhedor e incentivar
a participação deste nos esforços de ampliação da participação social, como direito
de cidadania.

Para efetivar estes objetivos e garantir acesso desta população à serviços


essenciais, direitos e proteção social, conforme previsto na Política Nacional de
Inclusão da População em Situação de Rua (Decreto 7.053 de 23 de dezembro de
2009), o serviço atua de forma articulada com a rede socioassistencial, das demais
políticas públicas e órgãos de garantia e defesa de direitos,

Vale destacar que a convivência com desproteções e graves violações de


direitos é uma constante entre pessoas em situação de rua sob distintas formas de
violências, ameaças, expulsões, agressões: efeitos perversos do brutal processo de
desproteção a que esta população está submetida. Diferentes formas de violência são
expressas nos relatos, em narrativas de medo e vergonha e, também, nos corpos, em
feridas expostas e cicatrizes. Em muitas destas narrativas, destas marcas, é possível
encontrar interfaces com consumo de álcool e outras drogas o que amplia ainda mais
o risco e a violação de direitos desta população.

No atendimento e acompanhamento destes casos, a equipe pode valer-se de


interfaces com a área de saúde e outras políticas públicas, para a avaliação das
prioridades de atenção, estabelecimento de estratégias de atendimento e mobilização
de redes mais amplas de apoio, podendo contar com parcerias com organizações da
sociedade civil, com o Movimento Nacional de População em Situação de Rua,
organismos de direitos humanos e órgãos de defesa e de garantia de direitos.

O planejamento do serviço deve ser participativo e os usuários devem,


inclusive, ser sujeitos ativos na construção de acordos e regras de convivência, bem

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como, serem estimulados ao cuidado com a manutenção do espaço, garantindo um
local agradável, de convivência mais harmônica e em que eles se reconheçam e se
sintam corresponsáveis. Nesse sentido as atividades devem partir de demandas
coletivas e da capacidade de articulação deles, com apoio da equipe técnica.

Em todo caso, o serviço dispõe de diversas técnicas incluindo a realização de


escuta qualificada e respeitosa, que possibilite a criação de vínculos e a acolhida e
permita aos técnicos e usuários construírem atendimentos e encaminhamentos que
contribuam para a superação das diversas violações. Nesse sentido, sempre que
possível, pode-se propor a inserção em atividades coletivas, que fortaleçam a
autoestima e identidade, o desenvolvimento de sociabilidades e vínculos
interpessoais e/ou familiares; e oportunizem a construção de novos projetos de vida,
com vistas a superação das situações de vulnerabilidade e risco. Tais atividades
podem ser realizadas como oficinas socioeducativas, grupos temáticos, reuniões no
Centro Pop e na comunidade, bem como pelo acesso a projetos culturais, e das
demais políticas, inserindo-os, assim, no cenário sociourbano, de forma a
reconhecer-se como sujeito de direitos e acolhidos no território. .

Em diversas cidades do Brasil, as Secretarias Municipais


responsáveis pelas áreas de Esporte e Cultura ofertam cursos e
oficinas, atividades artísticas, esportivas, espetáculos, campeonatos e
outras. Atividades deste tipo devem ter a participação incentivada e
apoiada pelo serviço, pois representam possibilidades de promoção
de cidadania e ampliação de processos de socialização, para além do
universo das ruas. Para além disto, a pessoa em situação de rua deve
ser estimulada ao exercício da autonomia, obtendo informações
sobre a vida cultural, bem como sobre os direitos de acesso a
museus, cinemas, teatros, parques públicos, escolas, e outros espaços
públicos.

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Outra dimensão importante a ser considerada no serviço ofertado pelo Centro
Pop é que, dentre a população em situação de rua, existem pessoas que possuem
residência, mesmo que distante, e que usam a rua como espaço de trabalho e de
sobrevivência, situações que merecem especial atenção, apoio e orientação sobre o ir
e vir com segurança, dignidade e respeito ao próximo nas vivências de rua, que
consiste, muitas vezes, em um território de desproteção, com características de
tensões, conflitos e disputas de poder, podendo, portanto, ampliar a exposição a
riscos.

O serviço deve, ainda, orientar o usuário sobre outras ofertas públicas como:
abrigamento/acolhimento, restaurantes populares, transporte, qualificação
profissional e acesso a trabalho, ou outros que possam servir de apoio a esta
população.

Ademais, o Centro Pop deve promover o acesso à documentação pessoal


dessa população, a inclusão dos usuários do serviço no Cadastro Único para
Programas Sociais (CADÚnico), necessário para o acesso ao Programa Bolsa
Família e a outros benefícios no município, e acesso ao Benefício Prestação
Continuada (BPC), conforme o caso. Para facilitar a inclusão no Cadastro Único e o
acesso a outros direitos, o endereço do Centro Pop pode, inclusive, ser utilizado
como endereço de referência pelo usuário. Na perspectiva da integração entre
serviços, benefícios e programas de transferência de renda, estes encaminhamentos
devem ser realizados no contexto de sua vinculação a serviços.

As iniciativas de outras políticas como trabalho e renda, qualificação


profissional, habitação, educação, entre outras, devem ser buscadas, assim como o
acompanhamento conjunto com a rede de saúde, quando identificadas demandas com
este perfil.

Ao proporcionar espaço de acompanhamento especializado à população em


situação de rua, o serviço também pode contribuir para a promoção de saúde,
inclusive nos casos associados ao consumo de álcool e outras drogas, seja pelo
desenvolvimento de atividades preventivas, seja no encaminhamento e diálogo com
os serviços de saúde, especialmente nos casos que exijam atendimento concomitante
pelas duas políticas.

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O serviço pode incorporar atividades como oficinas de prevenção, com temas
diversos (DST’s, hepatites e Aids, consumo de álcool e outras drogas, tuberculose,
entre outras). Pode-se ainda receber equipes de saúde para participação em reuniões
técnicas, de modo a possibilitar trabalho conjunto. Nestes encontros, pode-se planejar
reuniões periódicas para discussão de casos, articular o acompanhamento de
situações que exijam a atenção concomitante das duas políticas e, até mesmo, o
desenvolvimento de ações estratégicas junto à comunidade.

Mais uma vez, é importante salientar a importância do Plano de


Acompanhamento Individual e/ou Familiar, cuja construção deve acontecer de forma
participativa envolvendo horizontalmente os atores envolvidos, de forma que os
usuários se sintam de fato participantes, escutados, valorizados e estimulados a
porem-se em movimento.

Na construção e no desenvolvimento do Plano, é importante identificar


necessidades, demandas e potencialidades dos usuários e, também, da rede local, na
perspectiva da construção do fortalecimento desses sujeitos e do processo gradativo
de saída da situação de rua e vivências em espaços mais protegidos.

Além da articulação com os serviços de saúde, a interface com as Secretarias


de Educação no território podem contribuir na identificação de estratégias de
alfabetização e escolarização de pessoas em situação de rua. Sem contar que é
possível que existam projetos e programas especiais, adequados às necessidades do
público atendido, quando necessário. A equipe do serviço tem a função de estimular
e orientar para que os usuários do serviço possam acessar rede de ensino local, bem
como os diversos programas de educação ofertados nos municípios.

Ao atender dentre seus usuários, pessoas com histórico de cosnumo


de álcool e outras drogas, a equipe do Serviço Especializado para
Pessoas em Situação de Rua deve considerar a importância de
garantir acesso à atenção à saúde. A adesão pelo usuário à esta
atenção algumas vezes não acontece com facilidade , especialmente
devido ao conjunto das fragilidades vivenciadas no cotidiano em
situação de rua. A partir da referência e dos vínculos de confiança

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estabelecidos no Centro pop, a equipe pode fortalecer o suporte
técnico de incentivo, orientação e apoio visando a vinculação das
pessoas aos serviços de saúde e a continuidade do acompanhamento
na unidade.

Neste contexto, o encaminhamento não consiste simplesmente em um ato


administrativo de encaminhar as pessoas para atendimento em outro serviço ou
política, mas requer que a pessoa seja informada sobre os motivos do
encaminhamento, a importância do atendimento nos outros serviços e a continuidade
da vinculação ao Centro Pop. Vale ressaltar, ainda, que o monitoramento e o
acompanhamento dos encaminhamentos realizados é de suma importância,
considerando que o serviço constitui-se em uma importante referência da pessoa em
situação de rua. Este processo, no entanto não deve considerar o usuário do serviço,
como incapaz, mas sobretudo, considerá-lo sujeito com potencialidades e com
capacidade de decisão. Os profissionais devem considerar as eventuais dificuldades
ao longo do processo, com idas e vindas de boas fases e outras não tão boas assim,
para acolher as novas demandas apresentadas, oferecer informações e orientações
adequadas para o sucesso dos usuários.

Frente ao exposto, para além do trabalho social e de saúde dirigido


diretamente a esta população, é preciso pensar na construção de estratégias que
tenham como objetivo o enfrentamento dos processos de produção de estigma e
preconceito contra pessoas que usam drogas e, também, contra pessoas em situação
de rua, com vistas à transformação do contexto social em que se encontram
inseridas.

3.2.2. Proteção Social Especial de Alta Complexidade: Proteção Integral e


Acolhimento

A Proteção Social Especial de Alta Complexidade compreende a oferta de


serviços de acolhimento, em distintas modalidades, para famílias e/ou indivíduos que
se encontram sem referência familiar ou comunitária ou necessitam ser afastados do

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núcleo familiar e/ou comunitário de origem, como forma de garantir a proteção
integral. Destina-se a públicos diferenciados, como crianças e adolescentes, jovens
entre 18 e 21 anos, jovens e adultos com deficiência, adultos e famílias, mulheres em
situação de violência doméstica, idosos e famílias ou indivíduos
desabrigados/desalojados.

Em geral, os serviços de acolhimento funcionam como moradias provisórias


até que seja viabilizado o retorno à família de origem, o encaminhamento para
família substituta – quando for o caso – ou o alcance da autonomia (moradia
própria/alugada ou mesmo outras formas de usufruto desta).
Há aspectos fundamentais em relação à oferta dos Serviços de Acolhimento,
dentre os quais destacamos:

 Garantia da excepcionalidade e provisoriedade do afastamento do convívio familiar;

 Atendimento às famílias/indivíduos de forma personalizada, em pequenos grupos;

 Garantia de privacidade aos usuários e de respeito à sua trajetória de vida, aos seus
costumes, contemplando a especificidade dos ciclos de vida e a diversidade de
arranjos familiares, raça/etnia, religião, gênero e orientação sexual;

 Garantia do direito à convivência familiar e comunitária;

 Preservação, fortalecimento ou resgate dos vínculos familiares e comunitários,


sempre que possível, e construção de novas referências, quando for o caso;
Promoção do acesso a direitos socioassistenciais, bem como a serviços, programas e
benefícios; Garantia de espaços adequados com infraestrutura para acolher
indivíduos e famílias, em condições de dignidade e segurança, seguindo os
parâmetros de cada oferta;

 Realização de acompanhamento técnico-profissional, respeitada a composição e


formação das equipes de referência, em quantidade adequada ao conjunto e às
especificidades dos usuários em cada serviço;

 Atuação na perspectiva da intersetorialidade;

 Participação dos usuários nas decisões e fomento à construção de seus projetos de


vida.

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É importante ressaltar que, nos serviços de acolhimento, busca-se,
essencialmente, desenvolver processos de reintegração familiar, sempre que esta for
possível. No entanto, existem casos em que a reintegração familiar fica inviabilizada
ou mesmo em que inexiste esta alternativa. Além disso, outras situações podem
restringir as possibilidades de vida independente das pessoas, gerando a necessidade
de cuidados de longa duração. Nesses casos, excetuando-se as crianças e
adolescentes que devem contar com as possibilidades de colocação para adoção, o
serviço de acolhimento para os demais públicos deve trabalhar na construção de
novos projetos de vida, ainda que isto envolva, enquanto possibilidade de proteção
social, a permanência no acolhimento por períodos mais prolongados.
De acordo com a Tipificação Nacional, há distintas modalidades e unidades
de oferta dos Serviços de Acolhimento, a depender do público atendido, quais sejam:

Público Modalidades de serviços Unidades de oferta

Serviços de Acolhimento Abrigo Casa-lar


Institucional institucional
Crianças e
adolescentes Serviço de Acolhimento em Unidades de referência da PSE e
Família Acolhedora residências das famílias
acolhedoras

Jovens entre 18 e 21 anos Serviço de Acolhimento em República


República

Jovens e adultos com Serviço de Acolhimento Residência Inclusiva


deficiência Institucional

Serviços de Acolhimento Abrigo Casa de


Institucional institucional Passagem
Adultos e famílias
Serviço de Acolhimento em República
República

Mulheres em situação de Serviço de Acolhimento Abrigo institucional


violência doméstica Institucional

Serviços de Acolhimento Abrigo Casa-lar


Institucional institucional
Pessoas idosas
Serviço de Acolhimento em República
República

Famílias e indivíduos Serviço de Proteção em Unidades referenciadas ao órgão


desabrigados/desalojados Situações de Calamidades gestor da Assistência Social
Públicas e de Emergências

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Para atender aos seus objetivos, os Serviços de Acolhimento
devem atuar no território em estreita articulação com os demais
Serviços Sociassistenciais do SUAS, em especial, CRAS/PAIF,
Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos,
CREAS/PAEFI, Centro POP e Centro Dia de Referência para
Pessoa com Deficiência; com outras políticas (saúde, educação,
trabalho, moradia), com os órgãos de defesa de direitos e com o
sistema de justiça, na perspectiva de garantir o acesso das pessoas
acolhidas aos serviços e benefícios no território.

Quando as situações de acolhimento envolvem pessoas com histórico de usos


de crack, álcool e outras drogas, é fundamental a realização de estratégias articuladas
com os serviços de saúde existentes no território. Ressalta-se que as equipes de saúde
devem ser acionadas para avaliar, inclusive, se há necessidade de atendimento
ambulatorial, hospitalar especializado ou em unidade de acolhimento da saúde. Essa
decisão é exclusiva da área da Saúde. É importante que as equipes dos serviços de
acolhimento mantenham interface com as equipes de saúde para que possam estar a
par das informações necessárias para o manejo das situações que podem configurar
efeitos do tratamento de saúde, como agitação, depressão, pensamentos confusos,
dentre outras.

Nos casos em que a área de saúde decidir sobre a atenção em unidades de


acolhimento de saúde, os Serviços de Acolhimento do SUAS devem manter contato
frequente com estes e com as pessoas acolhidas nesta condição, de modo a contribuir
no processo terapêutico e preparar-se para o retorno das pessoas ao serviço de
acolhimento do SUAS quando ocorrer o desligamento da unidade da Saúde. Nesses
casos, as equipes dos Serviços de Acolhimento devem realizar ações de informação e
sensibilização do usuário sobre a importância da adesão ao atendimento nos serviços
de saúde para sua qualidade de vida, fortalecimento dos vínculos familiares e sociais
e para a ampliação de sua participação social.

Nesse contexto, o matriciamento entre os Serviços de Acolhimento no


território às unidades do SUS correspondentes, como as unidades básicas de saúde,

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equipes do PSF (Estratégia de Saúde da Família), serviços especializados,
atendimento em saúde bucal, CAPS e outros serviços, por exemplo, é importante
para a realização de parcerias e estratégias de atenção em saúde, ações preventivas,
consultas, realização de curativos, encaminhamentos para exames, vacinas, entre
outros.

A capacitação continuada dos trabalhadores é de fundamental importância


para a qualificação dos Serviços de Acolhimento, devendo considerar as
características do público atendido e possíveis situações vivenciadas relacionadas a
consumo de álcool e outras drogas. Neste contexto, torna-se imprescindível adotar
práticas que incluam:

1) acesso a conteúdos relativos ao tema para ampliar o conhecimento,


superando estigmas e preconceitos;

2) realização de atividades que favoreçam o diálogo aberto, a integração dos


profissionais e o fortalecimento das equipes;

3) adoção de posturas que possibilitem encaminhamentos coletivos mais


criativos, consistentes e resolutivos;

4) promoção de troca de informações e a prática de supervisão das equipes


com a presença de profissionais externos, visando dar suporte ao aprimoramento
individual e coletivo aos trabalhadores.

A construção de Planos Individuais e/ou Familiares de Atendimento é um


espaço de singularidade da relação entre o usuário e o Serviço de Acolhimento.Estes
instrumentos norteiam a relação entre os usuários e os profissionais do serviço,
devendo conter, em sua estrutura, objetivos, ações e metas. Os Planos devem ser
capazes de orientar o trabalho de intervenção junto ao usuário durante sua
permanência no serviço, visando à superação das situações que levaram ao
acolhimento. Estes instrumentos também devem considerar a história de vida de cada
usuário e a situação e dinâmica familiar, quando for o caso. Deve ser construído com
o usuário e sua família, sempre que possível, podendo contar com a participação de
outros profissionais da rede socioassistencial em sua construção. Da mesma forma,
se outros serviços ou programas de outras políticas estiverem envolvidos na atenção

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ao usuário, é importante a participação dos profissionais destes na elaboração e
desenvolvimento das ações do Plano, assim como no acompanhamento e avaliação
dos resultados. No caso das crianças e adolescentes, é importante considerar,
também, a necessidade de envolvimento dos órgãos de defesa de direitos e do
Sistema de Justiça na elaboração do Plano. O envolvimento da rede local é
indispensável para que sejam alcançados resultados mais efetivos.

Por fim, no contexto de desligamento dos usuários dos Serviços de


Acolhimento, merece destaque o acompanhamento das pessoas e famílias, no sentido
de fortalecer os processos de reintegração familiar e comunitária, dando suporte às
famílias e evitando possíveis reingressos no serviço de acolhimento. Nesses casos, os
CRAS/PAIF e os CREAS/PAEFI deverão realizar o acompanhamento do usuário e
sua família após desligamento do serviço, observando a natureza e as especificidades
das situações vivenciadas. Nos casos de pessoas em situação de rua, por exemplo, o
Centro Pop deve ser a referência deste acompanhamento, caso haja a referida
unidade no território.

3.2.2.a Serviços de Acolhimento para crianças, adolescentes e jovens: Casa-Lar,


Abrigo Institucional, Família Acolhedora e República

Os Serviços de Acolhimento para o público infanto-juvenil são aqueles que


ofertam acolhimento provisório e excepcional para crianças e adolescentes de 0 a 18
anos, afastados do convívio familiar em decorrência da aplicação de medida
protetiva por autoridade judicial (ECA, Art. 101), em função de abandono ou cujas
famílias ou responsáveis encontrem-se temporariamente impossibilitados de cumprir
a sua função de cuidado e proteção, até que seja viabilizado o retorno ao convívio
com a família de origem ou, na sua impossibilidade, o encaminhamento para família
substituta – quando for o caso -, ou, ainda, o alcance da autonomia. Podem ser
ofertados em distintas modalidades, conforme quadro a seguir:

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Unidade de Capacidade de Características
oferta do serviço atendimento

Unidade com características residenciais, inserida na


comunidade, que deve proporcionar ambiente
Até 20 crianças e acolhedor e condições de atendimento com
Abrigo
adolescentes por dignidade. No abrigo institucional, há equipe técnica
Institucional
unidade e cuidadores que são responsáveis pelo atendimento
das crianças e adolescentes, observadas as
competências de cada um.

Unidade residencial em que pelo menos uma pessoa


ou casal trabalha como educador/cuidador residente -
Até 10 crianças e
em uma casa que não é a sua -, contando com o
Casa-Lar adolescentes por
suporte de uma equipe de referência. Na casa-lar,
unidade
existe a possibilidade do desenvolvimento de relações
mais próximas de um ambiente familiar.

Acolhimento da criança/adolescente se dá nas


residências de famílias acolhedoras cadastradas,
Até 1 criança ou selecionadas, capacitadas e acompanhadas pela
adolescente por família equipe técnica do serviço. C onforme diretrizes
(exceto grupo de internacionais adotadas pelo Brasil, esta opção é
Família irmãos, que devem particularmente recomendada para crianças muito
Acolhedora ficar juntos na mesma pequenas e dependentes (de 0 a 3 anos) e para
família acolhedora) aquelas que tenham possibilidades de retornar às
famílias de origem. Observa-se que a equipe de
referência do serviço deverá estar sediada em unidade
de referência da Proteção Social Especial.

Para jovens de 18 a 21 anos, há o Serviço de Acolhimento em República,


que oferece moradia e acompanhamento técnico aos jovens, preferencialmente após
desligamento de Serviços de Acolhimento para crianças e adolescentes, por estarem
em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social, com vínculos familiares

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rompidos ou extremamente fragilizados e/ou sem condições de moradia e
autossustentação. O Serviço deve ser ofertado de forma a possibilitar o
desenvolvimento gradual da autonomia e independência de seus moradores. As
Repúblicas, organizadas em unidades femininas emasculinas, devem favorecer o
acesso a serviços essenciais e benefícios no território, em especial a saúde, a
educação, a moradia, a qualificação profissional e o acesso e inserção no mundo do
trabalho, contribuindo para a construção dos projetos de vida dos jovens.

A partir das diretrizes e dos princípios contidos nos instrumentos legais de


proteção a crianças e adolescentes, como a Convenção sobre os Direitos da Criança e
o ECA, por exemplo, o enfrentamento das situações de vulnerabilidade e risco por
violação de direitos associadas ao consumo de álcool e outras drogas constituem um
desafio a ser enfrentado pelo Serviço, em articulação com as redes existentes no
território. A convivência no território com usos de drogas nesse ciclo de vida, por si
só, já representa uma violação de direitos e, não raro, expõe crianças e adolescentes,
assim como jovens, a outras situações de risco, com destaque para as vivências de
situação de rua, envolvimento com o comércio e o tráfico de drogas, roubo, dentre
outras. Assim, é fundamental que os Serviços de Acolhimento compreendam os
contextos sociais do território e das pessoas envolvidas e as singularidades que
determinaram cada situação de uso da droga, de forma a considerá-los nas
metodologias de atendimento e nas intervenções profissionais, o que possibilitará a
obtenção de resultados mais efetivos.

O Serviço de Acolhimento precisa reconhecer a diversidade humana e as


dimensões implicadas no uso de drogas por crianças, adolescentes e jovens,
aguçando o olhar, a escuta e os demais sentidos para a compreensão das vivências de
cada um. Ainda, é preciso recusar rótulos estigmatizantes que, por vezes, impedem a
construção de vínculos de confiança, atitude fundamental no desenvolvimento do
trabalho social com crianças e adolescentes acolhidas e suas famílias, evitando tanto
a culpabilização quanto a vitimização ou revitimização, fortalecendo vínculos e
identificando estratégias de enfrentamento e superação das situações apresentadas.
Neste contexto, os órgãos gestores, os coordenadores dos serviços, as equipes

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técnicas e os cuidadores (e mesmo as famílias acolhedoras) precisam estar dispostos
a abrir-se para novas construções e atitudes que valorizem as potencialidades dos
sujeitos e suas interações nos territórios, facilitando a construção de respostas
conjuntas, com os usuários, que sejam criativas, inclusivas e produtoras de
autonomia.

O reconhecimento da impossibilidade de uma política enfrentar isoladamente


este tipo de demanda não aponta para a fragilidade das equipes, mas, exatamente,
para o seu oposto: o reconhecimento da complexidade do tema e das situações
apresentadas e a necessidade da articulação efetiva, permanente e consistente
com parceiros da rede que sejam capazes de contribuir para a resolutividade de
cada caso. Para que tais arranjos da rede possam efetivar-se, é preciso contar não
apenas com o esforço cotidiano das equipes e coordenadores dos serviços, mas
também com o apoio e o diálogo efetivo dos gestores locais.

No caso de adolescentes (entre 12 a 18 anos de idade), de ambos os sexos,


com necessidade de cuidados contínuos de saúde e acompanhamento terapêutico
decorrentes de usos de crack, álcool e outras drogas, faz-se necessário que as equipes
dos serviços de acolhimento do SUAS identifiquem e se articulem com as unidades
de atenção em Saúde para o acompanhamento necessário.

É importante lembrar que o dirigente do Serviço de Acolhimento do SUAS é


equiparado ao guardião da criança/adolescente acolhido, para todos os efeitos legais
de direitos. Isso implica dizer que, quando um adolescente usuário do Serviço de
Acolhimento do SUAS, em virtude do consumo de álcool e/ou outras drogas, é
encaminhado, pela área da Saúde, para atendimento sob a forma de internação, o
Serviço de Acolhimento do SUAS deverá prestar o suporte necessário, no sentido de
prestar os esclarecimentos necessários, incentivar a adesão ao tratamento
(diligenciando por sua continuidade) desenvolver estratégias para a manutenção dos
vínculos familiares durante o período de tratamento, aprender manejos e cuidados
relativos a esta situação e preparar-se/adequar-se para o retorno do adolescente ao
Serviço de Acolhimento do SUAS.

No contexto do Serviço de Acolhimento do SUAS, é importante ressaltar que


não cabe ao serviço avaliar condições de saúde e seus agravos, tampouco configurar-

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se como espaço para internação de crianças e adolescentes que fazem uso de crack,
álcool e outras drogas. Nos casos em que for observada a necessidade de cuidados
contínuos de saúde, é preciso haver a articulação com os serviços competentes,
corresponsabilizando-se pelas questões pertinentes à Assistência Social.

A atuação intersetorial dos Serviços de Acolhimento com a rede local


(inclusive com as unidades da rede socioassistencial do território, como CRAS,
CREAS e Centro Pop) é fundamental para evitar a ocorrência de determinadas
situações, tais como: o não acesso a serviços essenciais; o isolamento e a
desarticulação dos serviços e das equipes; a descrença no potencial do trabalho em
rede ou no próprio usuário atendido, dentre outras. Nesse sentido, a articulação entre
os gestores e as equipes da Assistência Social e da Saúde constitui estratégia central
para qualificar os serviços destas políticas, dentro de suas competências, e
compartilhar responsabilidades na perspectiva da garantia dos direitos de crianças e
adolescentes.

No acompanhamento constante de casos e por meio do diálogo permanente


entre as equipes dos serviços de saúde e de assistência social, é possível manter
avaliação constante do usuário atendido, que permita eventuais ajustes, inclusive
quanto ao uso de medicação. Respeitados os limites ético-profissionais, é importante
que as equipes dos Serviços de Acolhimento compartilhem impressões relacionadas
à atenção em saúde, do mesmo modo que as equipes de saúde também discutam
aspectos relativos ao Serviço de Acolhimento que, juntos, contribuirão para a
resolutividade de cada caso.

Vale ressaltar que, na construção de Planos Individuais de Atendimento nos Serviços


de Acolhimento do SUAS, os serviços da saúde, como os CAPSi e CAPSad
envolvidos, são parceiros estratégicos. Convêm lembrar que os CAPS realizam seu
trabalho a partir da construção de projetos terapêuticos singulares, que possuem
analogias com os planos elaborados no âmbito dos serviços de acolhimento da
Assistência Social. Outro aspecto que merece consideração é a relação com os órgãos
de garantia e de defesa de direitos, como o Ministério Público e o Conselho Tutelar,
parceiros importantes na garantia dos direitos de crianças e adolescentes em situação
de risco, inclusive, daquela associada ao consumo de álcool e outras drogas.

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No que se refere a crianças e adolescentes, convém salientar
que o Serviço de Acolhimento não poderá abrir mão de princípios
como a excepcionalidade do atendimento, aprovisoriedade do
afastamento da família e a preservação e fortalecimento dos vínculos
familiares e comunitários.

Sempre que possível, em qualquer decisão sobre as crianças e adolescentes


acolhidos, a participação destes e das suas famílias deve ser assegurada. Igualmente,
os cuidadores devem ser partícipes nas decisões tomadas e nos encaminhamentos
realizados, pois são referências fundamentais no serviço para a vinculação aos
serviços de saúde de crianças e adolescentes implicadas com consumo de drogas.

3.2.2.b Serviços de Acolhimento para Adultos e Famílias: Abrigo Institucional,


Casa de Passagem e República

A proteção social de indivíduos e famílias (acompanhados ou não de filhos


ou dependentes)2 em situação de rua e desabrigo por abandono, migração e ausência
de residência ou pessoas em trânsito e sem condições de autossustento representa um
desafio para todas as políticas públicas. No âmbito dos Serviços de Acolhimento,
este desafio se traduz na perspectiva destes se constituírem numa moradia de apoio,
de caráter provisório, ao mesmo tempo em que possibilita o desenvolvimento de
condições para a independência e o autocuidado e promove o acesso à rede
socioassistencial e demais políticas públicas (saúde, educação, qualificação
profissional, trabalho e renda, habitação, entre outras).

Como já referenciado neste documento, esta população vivencia fragilidades


e desproteções no seu cotidiano que dificultam a construção de projetos pessoais para
vivências em espaços mais protegidos. Os agravos decorrentes da pobreza, da
fragilidade ou ruptura dos vínculos familiares, da baixa escolaridade, da precária ou
inexistente qualificação profissional e outras condições reduzem ou dificultam a
capacidade de ingresso e permanência no mundo do trabalho, a inclusão em projetos

2
As crianças e adolescentes (de 0 a 18 anos incompletos) só poderão ser atendidas neste serviço
quando estiverem acompanhadas dos pais e/ou responsáveis.

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de habitação popular, a retomada da educação formal e o acesso a programas de
qualificação profissional, que poderiam contribuir para a mudança ou mesmo ruptura
desta problemática. Ainda, é importante referir que a associação direta das pessoas
em situação de rua, por exemplo, a usuários de álcool e outras drogas, apoiada no
senso comum, agrava ainda mais o risco e a violação de direitos desse grupo
populacional, , produzindo, reproduzindo e até fortalecendo práticas higienistas e
segregacionistas, em especial na área da segurança pública, reafirmando, também, o
preconceito e a discriminação da sociedade e ampliando a exclusão social dessas
pessoas.

Embora seja necessário descontruir as concepções do senso comum de que


toda pessoa em situação de rua faria uso de drogas, é provável que dentre os usuários
dos Serviços de Acolhimento do SUAS possam existir pessoas nessa condição.
Nesses casos, quando for identificada demanda de cuidados em saúde e/ou
acompanhamento terapêutico, o Serviço de Acolhimento deve articular-se com a área
de saúde para que sejam realizados os atendimentos e acompanhamentos necessários.

Os Serviços de Acolhimento para Adultos e Famílias estão organizados em


duas modalidades: Serviços de Acolhimento Institucional (nas modalidades Abrigo
Institucional e Casa de Passagem) e Serviço de Acolhimento em República (na
modalidade de idêntico nome).

O Abrigo Institucional constitui-se em unidade que funciona


ininterruptamente e conta com equipe de referência. Deve atender, no máximo, 50
(cinquenta) pessoas por unidade, garantindo atendimento individualizado A Casa de
Passagem constitui-se em unidade de acolhimento imediato e emergencial, que,
assim como o abrigo institucional, funciona ininterruptamente, e atende ao limite
máximo de 50 (cinquenta) pessoas por unidade. As ações desenvolvidas no serviço
são realizadas na perspectiva de atender a demandas específicas, verificar a situação
apresentada pelo usuário e, desse modo, realizar os devidos encaminhamentos.
Deverá contar com equipe de referência para atender e receber os usuários, a
qualquer horário do dia ou da noite, e realizar estudo de caso para os
encaminhamentos necessários.

A diferença entre as duas modalidades de serviços descritas anteriormente é


que a Casa de Passagem contempla atendimento imediato, emergencial e estudo

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diagnóstico para a realização dos encaminhamentos mais adequados diante de cada
caso, ao passo que o Abrigo Institucional pressupõe atendimento continuado,
considerando a possibilidade de resgate de vínculos familiares e comunitários,
inserção em Serviço de Acolhimento em República e/ou construção de novos
vínculos e estratégias de construção do processo de saída das ruas com dignidade e
respeito à vontade e nível de autonomia do usuário.

O Serviço de Acolhimento em República, desenvolvido em sistema de


autogestão ou co-gestão, em unidades distintas para homens e mulheres com até 10
(dez) usuários, possibilita o desenvolvimento gradual da autonomia e independência
de seus residentes. Para os adultos em processo de saída das ruas, a República pode
ser a moradia intermediária de reaproximação e restabelecimento de vínculos
familiares, sociais e comunitários, com vistas à construção da autonomia.

A constatação de que nos serviços socioassistenciais não se tem a


competência, o saber e as condições necessárias para o atendimento integral das
demandas relacionadas ao consumo de álcool e outras drogas não deve ser
compreendida como uma incapacidade de contribuir a partir do que lhes é específico,
o que significa, nesses casos, o acolhimento de pessoas e famílias com esta demanda.
As pessoas ou famílias com histórico de usos de drogas podem requerer diferentes
combinações de serviços e equipamentos, de modo a constituir uma rede local que
atenda às diversas dimensões e necessidades apresentadas por cada pessoa/família.

Ao acolher e identificar pessoas com necessidades de atenção especializada


da saúde em virtude do consumo de álcool e outras drogas, é necessário que a equipe
do Serviço de Acolhimento aborde o assunto de modo cuidadoso para sensibilizar,
orientar e prestar o suporte necessário para a vinculação do usuário aos serviços
especializados, se for o caso, e articular-se com a rede de saúde no território, por
exemplo, os CAPS, para avaliação das estratégias de atendimento em saúde mais
adequadas para cada caso. Isso, todavia, não retira a responsabilidade do Serviço de
Acolhimento sobre o compartilhamento do acompanhamento, tendo em vista a
complexidade das demandas apresentadas pelos sujeitos frente às situações de risco
por violação de direitos, para além dos usos de drogas, especialmente aqueles que
não contam com referências familiares para o suporte necessário.

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As pessoas podem ter receio em admitir ao consumo de drogas por medo de
serem impedidos de acessar ou permanecer no Serviço de Acolhimento, sofrerem
algum tipo de discriminação ou, ainda, serem denunciados à polícia. É importante
que elas percebam que serão acolhidos em condições de respeito, sem julgamentos
morais e estigmatização. A equipe do Acolhimento deve demonstrar confiança,
informando que qualquer atitude a ser tomada será comunicada e decidida
conjuntamente, resguardada a segurança dos usuários.

Ainda que nos acolhimentos imediatos e emergenciais, faz-se necessário


acolher as histórias de vida dos sujeitos, seus anseios, desejos, angústias, dificuldades
e, especialmente, suas potencialidades enquanto sujeitos de direitos, ou seja, a
atuação não deve estar focada somente nas necessidades decorrentes do consumo de
drogas, reduzindo as pessoas aos problemas que vivenciam.

É importante reafirmar a visão de sujeito para além das


situações que envolvem os consumo de álcool e outras drogas e os
contextos vivenciados nos territórios de desproteção e exclusão
social, para não minimizar os efeitos destas inter-relações e para
ampliar as possibilidades de suporte e apoio.

É possível que as demandas apresentadas pelos indivíduos e famílias ao


Serviço de Acolhimento incluam questões como situação de rua, falta de condições
de autossustento, migração, violência sexual ou de gênero, dentre outras. Nesses
casos, articulações com os serviços, benefícios e programas ofertados pela rede
socioassistencial e por outras políticas públicas devem ser permanentemente
realizadas para a atenção ampliada das situações com as quais se depara.

Especificamente em relação às pessoas migrantes, é importante lembrar que


elas podem ter chegado ao município em busca de um trabalho específico, por
exemplo, e podem necessitar de um Serviço de Acolhimento por tempo limitado,
contudo, por não terem vínculos familiares fragilizados ou rompidos, ao contrário
das pessoas em situação de rua, têm diferentes perspectivas, o que deve influenciar
na escolha do Serviço de Acolhimento mais adequado para atendê-las.

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Em relação ao acolhimento de famílias, este pressupõe a importância da não
separação dos pais/mães de suas crianças e adolescentes, dos grupos de irmãos e dos
casais, inclusive do mesmo sexo, de modo a respeitar as diversas configurações
familiares. A despeito das situações de vulnerabilidade e risco por violação de
direitos vivenciadas pelo conjunto dos membros da família, o Serviço de
Acolhimento deverá resguardar a manutenção dos vínculos protetivos durante o
acolhimento.

Quando do acolhimento de famílias, o Serviço poderá se deparar com a


situação de cosnumo de drogas por algum de seus membros, que poderão revelar-se
de múltiplas formas. Pode ser que se trate de uma questão assumida no seio da
família ou, ainda, despercebida ou até naturalizada. Poderá ser um uso temporário ou
continuado, por distintas motivações, o que exige que cada situação seja avaliada
pelas equipes, considerando todos os fatores que possam estar envolvidos,
principalmente os impactos sobre a família.

Ainda a respeito dos Serviços de Acolhimento para jovens e adultos,


ressaltamos que é frequente confundi-los com as Comunidades Terapêuticas. As
Comunidades Terapêuticas são considerados Serviços de Atenção em Regime
Residencial, conforme Portaria nº 131, de 26 de janeiro de 2012 do Ministério da
Saúde, destinados a oferecer cuidados contínuos, de caráter residencial transitório
para adultos com necessidades clínicas estáveis decorrentes de álcool e outras
drogas. Estas unidades devem obedecer a Resolução da ANVISA nº 29/2011 e a
Resolução do CONAD Nº 01/2015, que estabelecem parâmetros e diretrizes de
funcionamento das entidades que realizam o acolhimento de pessoas, em caráter
voluntário, com problemas associados ao uso nocivo ou dependência de substância
psicoativa. Não se configuram, portanto, em Serviços de Acolhimento ou unidades
do SUAS.

3.2.2.c Serviço de Acolhimento para mulheres em situação de violência: Abrigo


Institucional

O Serviço de Acolhimento para Mulheres em situação de no âmbito do SUAS


trata-se de acolhimento provisório para mulheres, acompanhadas ou não de seus

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filhos, em situação de risco ou ameaças em razão de violência doméstica e familiar.
Trata-se de uma medida emergencial, que visa à proteção integral das mulheres e
seus dependentes.
As proteções nas situações de violência e violação de direitos, como a
violência física, psicológica, sexual e outras, causadoras de lesão ou provocadoras de
sofrimento psicológico ou dano moral, são de fundamental importância e, às vezes,
requerem medidas protetivas de urgência, dentre as quais se destaca o afastamento
das vítimas de suas residências, gerando, em diversos casos, a necessidade de
atendimento da mulher em um serviço de acolhimento, a exemplo dos abrigos
institucionais, unidades do SUAS que atendem a esse público em específico.

A violência doméstica ou familiar é entendida como uma


modalidade de violência de gênero, que ocorre no ambiente
doméstico ou familiar da mulher, podendo ser perpetrada por
pessoas que compartilhem seu convívio doméstico, em relações de
afeto, independente de coabitação, consanguinidade ou orientação
sexual. Dessa forma, pode ser perpetrada pelo pai, padrasto,
madrasta, mãe, irmão(s), filho(s) ou companheiro(a), entre outros.

Por sua vez, a violência de gênero é uma violação dos direitos humanos e não
se trata de problema pontual ou particular, pois suas raízes se assentam num contexto
cultural e histórico de violações de direitos das mulheres, baseando-se nas
construções sociais a respeito do papel que as mulheres devem desempenhar e o
lugar que devem ocupar na vida em sociedade.

A provisoriedade, o sigilo (para proteção e segurança das próprias usuárias,


sem que se revele, por exemplo, a identidade das pessoas acolhidas e o endereço da
unidade de oferta do serviço) e o fortalecimento da autonomia das usuárias são
princípios orientadores da oferta do serviço. O convívio comunitário pode ser
preservado, dentro das possibilidades de sociabilização, no limite de que a
convivência com a comunidade de origem não gere maior insegurança sobre a
integridade e proteção da mulher e de seus filhos ou dependentes. A articulação com
a rede socioassistencial, com as demais políticas públicas e o Sistema de Justiça

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favorece o acesso aos atendimentos jurídicos e psicológicos para as usuárias e seus
filhos e/ou dependentes quando estiverem sob sua responsabilidade, como forma de
possibilitar a superação da situação de violência vivenciada e o resgate da autonomia
das usuárias do serviço. O Serviço deverá, ainda:

a) Garantir a proteção integral das acolhidas e sua integridade física e


psicológica, propiciando condições de segurança física e emocional às
mulheres;
b) Contribuir para a construção dos projetos pessoais das acolhidas,
desenvolvendo capacidades e habilidades, visando à superação das
situações de violência;
c) Resgatar a autonomia pessoal e social das mulheres, fortalecendo sua
autoestima;
d) Promover o acesso das mulheres às políticas de trabalho e renda e aos
benefícios socioassistenciais, com vistas à sua autonomia, acesso à renda
e inclusão produtiva.
Nos casos associados ao consumo de álcool e outras drogas, é importante
contextualizarcada situação. Caso a mulher acolhida faça uso de drogas, a articulação
com a saúde é importante para a atenção especializada. Em muitos casos, a
dependência química dos familiares tem relação direta com a violência que deflagrou
a situação de acolhimento. Nesse sentido, reforça-se a orientação quanto à
importância da articulação entre os Serviços de Acolhimento e as unidades da rede
socioassistencial, como CRAS e CREAS, além de outras políticas, como a Saúde,
para a obtenção de resultados mais efetivos, assegurando a proteção e cuidados à
mulher em situação de violência e sua família.

3.2.2.d Serviço de Acolhimento para pessoas idosas: Casa-Lar, Abrigo


Institucional (ILPI) e República

Estes Serviços destinam-se a pessoas com 60 anos ou mais de idade, de


ambos os sexos, independentes e/ou com algum grau de dependência, que não
dispõem de condições para permanecer com a família, com vivência de situações de
violência e/ou negligência, em situação de rua e abandono, com vínculos familiares
fragilizados ou rompidos. As unidades para a oferta do Serviço de Acolhimento para

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pessoas idosas devem resguardar características domiciliares na sua organização e
estar localizadas no território em áreas residenciais. O Serviço pode ser ofertado
nas unidades: Abrigo Institucional (para idosos independentes e/ou com diversos
graus de dependência), Casa Lar (para grupos de até 10 pessoas, com maior
autonomia) e República (para aqueles com condições de desenvolver, de forma
independente, as atividades da vida diária).

Seja na modalidade abrigo institucional (ou ILPI), casa-lar ou república, os


serviços de acolhimento para os idosos compõem o conjunto de ofertas do Sistema
Único de Assistência Social (SUAS), para as quais o estreitamento e a articulação
com a rede socioassistencial como um todo e as demais políticas públicas se faz
indispensável para garantir o “acolher com dignidade, qualidade e respeito”,
primando, em primeira instância, pelo direito à vida, que se estende do pré-natal à
velhice, passando pela infância, adolescência, vida adulta e meia-idade, e, não menos
importante, pelo direito ao cuidado.

A provisoriedade e a excepcionalidade dos Serviços de Acolhimento não


impedem o caráter da proteção integral ao deparar-se com o impedimento do viver
sozinho ou do retorno à família. Neste contexto, é preciso preparar não apenas a
pessoa idosa, mas também a equipe técnica responsável pelo atendimento, que deve
levar esta condição em consideração no ato de construção do Plano de Atendimento
Individual e/ou Familiar, identificando estratégias que superem o isolamento social e
garantam a participação social dos idosos. No Serviço de Acolhimento, as pessoas
idosas com vínculo de parentesco ou afinidade (casais, irmãos, amigos etc.) devem
ser atendidas na mesma unidade para fortalecer os vínculos familiares.

Tão diversos quanto à própria sociedade, os “envelhecimentos” são


atravessados pelas vivências, pelas relações sociais, pela cultura e pelo contexto
econômico e social. Desta forma, a não infantilização das pessoas idosas, a adoção
de posturas respeitosas, não estigmatizantes ou preconceituosas consideram as
vivências naturais da condição humana, como a possibilidade de vinculações afetivas
entre moradores, a sexualidade entre pares, dentre outras, exigindo dos Serviços de
Acolhimento atenção no trato destas questões, além de orientação sobre prevenção e
autocuidados em questões como AIDS, álcool e outras drogas, por exemplo.

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É possível que a expressão mais visível dos usos de drogas entre pessoas
idosas seja o consumo de bebidas alcoólicas. Hábito que muitas vezes teve início
ainda na adolescência, o uso de álcool muitas vezes acompanha os sujeitos por toda a
vida, chegando aos processos de envelhecimento. O consumo de drogas podem
tornar-se mais intensos a partir de situações envolvendo luto, solidão e abandono.
Nesses casos, são muito importantes as articulações com os serviços de saúde, pois o
uso continuado do álcool ao longo de toda uma vida aumenta a probabilidade de
desenvolver problemas de saúde que podem demandar acompanhamento clínico
constante. Nesses casos, é muito importante que a equipe do Serviço de Acolhimento
ofereça suporte adequado ao trabalho de diagnóstico e tratamento realizado no
âmbito da Saúde, por meio de uma postura acolhedora e uma escuta qualificada e da
realização de encaminhamentos e incentivo à adesão e continuidade do tratamento.

Em alguns casos, o envolvimento da pessoa idosa com as drogas refere-se a


perdas de determinadas capacidades, e há quem utilize, excessivamente,
antidepressivos, remédios contra impotência e hormônios do crescimento, que
ganham destaque na lista da dependência na maturidade. É possível haver
complicações do uso continuado de determinadas substâncias, efeitos colaterais das
medicações sobre doenças preexistentes ou associação perigosa de medicamentos.
Outro tipo de droga bastante comum entre pessoas idosas, especialmente as
mulheres, são os medicamentos psicotrópicos. Não são incomuns os casos em que foi
receitado este tipo de medicação por um período de tempo específico (para o
enfrentamento da insônia relacionada a uma situação ou contexto específico, por
exemplo), mas que termina por se perpetuar ao longo dos anos, pois há casos em que
pode haver renovação da receita sem a realização de uma nova avaliação do caso,
tornando de uso continuado uma medicação que deveria ser utilizada
temporariamente.

As articulações com o SUS no território, como a Estratégia de Saúde da


Família, são fundamentais para o Serviço de Acolhimento, tendo em vista seu papel
nos territórios de atuação. Nesse sentido, recomenda-se que o gestor da Assistência
Social articule-se com o gestor da política de Saúde para que as unidades de
acolhimento sejam incorporadas no acompanhamento das equipes de Saúde da
Família.

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