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Família
Família
Natureza Jurídica
DO CASAMENTO: é o vínculo jurídico estabelecido entre um
homem e uma mulher, estabelecendo uma comunhão plena de
vida, com o fim de formação de família, sendo defeso a qualquer
pessoa de direito público ou privado nela interferir.
O casamento é civil e gratuita a sua celebração. Para aqueles que
comprovarem a pobreza, o processo de habilitação para o
casamento, registro, e primeira certidão será gratuito.
Somente os maiores de 16 (dezesseis) anos poderão contrair
matrimônio, sob pena de anulabilidade. Entretanto, até atingir a
maioridade (18 anos – art. 5º CC), os menores precisarão de uma
autorização dos pais ou do representante legal. Havendo negativa
de concordância, deverá haver o suprimento judicial para tanto.
Esta autorização é revogável até a celebração do casamento.
O casamento religioso terá efeitos civis, desde que registrado no
registro próprio e produzirá efeitos ex tunc, desde a data da sua
celebração.
Diversidade de sexos;
Consentimento;
Da Invalidade do
Casamento: Casamento
Putativo
Casamento putativo é o casamento celebrado indevidamente de boa-fé, ou seja, um
"casamento imaginário", no qual, se imaginava ser verdadeiro, por ter preenchido
todos os requisitos de existência, validade e produzido seus efeitos, no entanto,
posteriormente, verificou se um vício, suscetível à anulação. Trata-se do casamento
que embora nulo ou anulável gera efeitos em relação ao cônjuge que esteja de boa-
fé subjetiva
Da Eficácia do Casamento:
Princípios, Deveres dos
Cônjuges, Nome e Filiação
DA EFICÁCIA DO CASAMENTO: Através do casamento, homem e
mulher assumem a condição de consortes, companheiros e
responsáveis pelos encargos da família, em consonância com a
igualdade jurídica estabelecida pela Constituição Federal, devendo
exercer conjuntamente e em igualdade de condições o
planejamento familiar (artigos 1.565 e 1.567 do Código Civil).
O atual Código Civil permite que qualquer dos nubentes
acrescente ao seu o sobrenome do outro. Agora, o homem poderá
ter o nome de família da mulher. (§ 1º do art. 1.565 CC).
O planejamento familiar é objeto de livre decisão do casal, não
podendo o Estado interferir.
O casamento cria deveres para ambos os cônjuges (art. 1.566 CC).
São eles:
mútua assistência;
ART. 1.640.
Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará,
quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.
separação judicial;
divórcio.
I. adultério;
Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia
partilha de bens.
Litígio e Conciliação:
Mediação Familiar
A mediação virou obrigação dos tribunais graças à Resolução 125
do Conselho Nacional de Justiça, editada em 2010.
A norma determina que as Côrtes de todo país criem centros de
conciliação e mediação, chamados de Centros de Justiça e da
Cidadania (Cejusc)
São princípios da mediação:
Entidades Familiares
1.1. As Formas de Constituição das Famílias
As espécies mais conhecidas e difundidas de constituição das
famílias na doutrina e na legislação são:
a) Família Matrimonial: é a formada pelo casamento (art. 226
da CF)
b) Família Monoparental: é aquela dirigida por uma só pessoa,
o homem ou a mulher, e ocorre nos casos de separação, divórcio,
viuvez ou mesmo nos casos de pais e mães solteiros com seus
filhos. Também prevista na CF.
c) Família Homoafetiva: formada por pessoas do mesmo sexo. A
expressão “união homoafetiva” foi cunhada por Maria Berenice
Dias.
d) Família Mosaico: Família formada por pessoas que já foram
casadas por mais de uma vez e que trazem para essa nova família
os filhos dos vários relacionamentos. É uma espécie de família
reconstituída.
e) Família Anaparental: É uma espécie controvertida de família,
uma vez que não há unanimidade na doutrina sobre essa
formação. É composta pela união de pessoas que podem ou não
ter vínculos familiares biológicos. Pessoas agregadas também
podem compor um vínculo de família através do afeto. Admite-se
que a família possa ser integrada por outras pessoas, sem vínculos
familiares tradicionais.
1.2. Casamento
O casamento é a união solene entre pessoas de sexos diferentes
entre si, para a constituição de uma família e a satisfação de
interesses próprios e de eventual prole. Esse é o conceito básico
do Código Civil , porém, atualmente já é não apenas reconhecido
mas também admitido o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Desde maio de 2013, a resolução 175 do CNJ proíbe a
discriminação no reconhecimento de uniões homoafetivas e na
celebração do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Assim, apesar da disposição do art. 1514 do Código Civil que prevê
a realização do casamento entre homem e mulher, já se admite o
casamento homoafetivo, apesar da grande controvérsia a respeito
da forma como se deu essa previsão.
O casamento exige para sua existência, do consentimento dos
nubentes e de celebração solene, feita por celebrante competente.
Para ser válido, o casamento não pode conter vícios nem
impedimentos.
O casamento é civil, apesar de se admitir p casamento religioso
(art.1515) na forma prevista no Código Civil. Também se admite o
casamento por procuração ( art.1542 CC), o casamento consular
( Art. 1544 CC) , e o casamento nuncupativo (art. 1540 CC) .
A idade núbil (idade para casar) ocorre aos dezesseis anos. Mas
aos dezesseis anos será necessário a autorização dos pais para o
casamento.
1. Regime de bens
Não havendo estipulação em contrário por parte dos
companheiros, será aplicado à união estável, por analogia, o
regime da comunhão parcial de bens. Mas nada impede que os
companheiros ajustem outro tipo de regime patrimonial, sempre
por escrito. A forma não precisa ser a mesma do casamento, ou
seja, por escritura pública e pacto antenupcial, em função da
informalidade que reveste a união estável. Porém o instrumento
público dá mais segurança aos companheiros. O acordo, uma vez
concretizado, também pode ser usado como meio de prova da
existência da união estável. Dessa forma, os companheiros
também podem escolher entre o regime da comunhão universal,
comunhão parcial, separação de bens ou participação final nos
aqüestos, desde que o façam por escrito (artigo 1725 do Código
Civil).
Diante da disposição legal aplicável à união estável com relação
ao regime de bens, pode-se afirmar que fica excluída da união
estável, ou seja, de eventual partilha de bens entre os
companheiros:
I - os bens que cada companheiro possuir ao estabelecer a
união estável;
II - os bens havidos por doação ou sucessão, mesmo que a
doação ou a herança ocorra na constância da união estável;
III - bens adquiridos na constância da união estável com
recursos exclusivamente pertencentes a um dos companheiros,
provenientes da venda de bens doados ou herdados durante a
união estável;
IV - as obrigações (dívidas) anteriores à união estável;
V- as obrigações provenientes de ato ilícito, salvo se
reverterão em proveito de ambos os companheiros;
VI - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de
profissão;
VII - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VIII - pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas
semelhantes;
IX - os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior à
união.
Família Homoafetiva:
Generalidades
2 - Reconhecimento da União Homoafetiva pelo STF
O Supremo Tribunal Federal reconheceu, em 2011, a união
homoafetiva como entidade familiar, ao julgar a Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADIn) n. 4277 e a Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n. 132,
estabelecendo a isonomia de direitos entre casais hetero e
homossexuais.
A base da decisão foi a igualdade assegurada na Constituição
Federal. A decisão do STF tem efeito vinculante, e tem por objetivo
garantir todos os direitos advindos das uniões estáveis
reconhecidas.
Filiação
DA IGUALDADE ENTRE OS FILHOS
De acordo com o princípio da igualdade de tratamento entre os
filhos, não é permitido nenhum tipo de discriminação em função
da origem da filiação. A Constituição Federal de 1988, em seu
artigo 227 estabeleceu a igualdade plena de tratamento entre
filhos havidos ou não do casamento. Em função disso, aos filhos
devem ser assegurados os meios para preservação e
desenvolvimento de seus direitos fundamentais e todos os demais
direitos da personalidade.
É proibida a prática de qualquer ato que possa prejudicar os
interesses da criança e do adolescente. Além da consagração do
princípio da não discriminação e da igualdade entre os filhos
havidos ou não do casamento, adotou-se o princípio do melhor
interesse do menor, integrado ao ordenamento jurídico pátrio
desde 1.990, quando entrou em vigor o Estatuto da criança e do
adolescente.
Por fim, o art. 1596 dispôs expressamente sobre a igualdade entre
os filhos:
“Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por
adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.”
Verifica-se que a previsão de igualdade é aplicada tanto aos filhos
naturais ou biológicos , quanto aos adotivos.
Filiação: Presunção de
Paternidade
DA PRESUNÇÃO LEGAL DE PATERNIDADE
O art. 1597 do CC, incisos I a V, tratam da presunção legal de
paternidade. É uma presunção juris tantum (relativa) com relação
ao pai, baseada em probabilidades. Com relação a terceiros, trata-
se de presunção juris et de jure (absoluta), porque ninguém pode
por em dúvida a paternidade atribuída a outro indivíduo, por falta
de legitimidade para a ação.
Nosso Código Civil adotou a teoria romana pela qual “pater is est
quem justae nuptiae demonstrant” (pai é aquele que o casamento
indica como tal) ” . Dessa forma, o marido é o pai dos filhos
nascidos de sua mulher após o casamento, até que em ação
movida exclusivamente pelo marido, se prove o contrário.
É importante frisar que a presunção de paternidade não se aplica
às uniões estáveis, por força do texto do artigo 1597 caput, que
faz menção expressa apenas aos filhos advindos do casamento. Ao
fazer referência expressa da presunção de filiação durante a
constância do casamento, o legislador não garantiu idêntica
proteção aos filhos nascidos durante a constância de uma união
estável. Assim, companheiro em união estável pode se negar a
reconhecer o filho nascido de sua companheira, devendo ser
proposta a competente ação de investigação de paternidade para
garantir o reconhecimento da paternidade á criança.
A lei presume a filiação havida na constância do casamento, do
nascido:
a) em no mínimo 180 dias após o início da convivência conjugal;
Nesse caso, a paternidade não pode ser contestada se o marido,
ao casar, tinha conhecimento da gravidez de sua mulher. Também
não poderá contestar a paternidade se o suposto pai assistiu por si
ou por procurador habilitado, à lavratura do registro de
nascimento sem contestar.
O prazo mínimo de gestação é de cerca de seis meses, de acordo
com a Medicina, havendo viabilidade para o nascimento da
criança. Por isso foi adotado esse parâmetro para a presunção.
b) em 300 dias, subsequentes à dissolução da sociedade conjugal;
Se a mulher contrair novo casamento e der a luz a um filho seu,
este será presumivelmente do primeiro marido se nascer nos 300
dias contados de sua morte, do divórcio ou outra forma de
extinção do casamento.
Esse prazo de 300 dias foi adotado porque uma gestação humana
não ultrapassa esse período, de acordo com a Medicina.
O art. 1600 dispõe que o adultério da mulher, mesmo que
confessado, não é suficiente para afastar a presunção legal de
paternidade. O legislador assim resolveu para que ficassem
protegidos o estado de filiação e os interesses do menor,
considerados mais relevantes.
c) havido a partir de inseminação artificial feita com prévia
autorização do marido.
O legislador estabeleceu as seguintes presunções de paternidade
a partir das técnicas de reprodução humana assistida: a da
fecundação artificial homóloga, a dos embriões excedentários e a
da inseminação artificial heteróloga expressamente consentida
previamente pelo marido. As questões envolvendo essa forma de
reprodução, e consequentemente, da presunção de paternidade,
são polêmicas, e por isso, serão tratadas em tópico próprio.
2 - DA REPRODUÇÃO ASSISTIDA
A reprodução assistida, ou inseminação não-natural, ainda tem
muitos opositores, sobretudo entre os religiosos e determinados
grupos sociais, que entendem como verdadeira e legítima apenas
a reprodução natural.
3 - Inseminação artificial homóloga
A inseminação artificial homóloga é a que contém material
genético proveniente dos próprios cônjuges interessados em ter
filhos. Ou seja, o marido é quem fornece o material genético, isto
é, o esperma, enquanto é utilizado o óvulo da própria mulher.
Nessas condições , presume-se que o filho assim concebido é filho
havido na constância do casamento.
O Código Civil atribui efeitos jurídicos à inseminação homóloga,
determinando a presunção de paternidade do doador do material
genético, ou seja, o marido. O uso desse material genético
depende da anuência prévia do doador, já que trata-se de
propriedade destacada de seu corpo. A disposição sobre a
fecundação homóloga está diretamente relacionada com o
previsto no artigo 1.799, I, do CC. O marido, ao elaborar seu
testamento, pode contemplar os filhos que serão concebidos com
material genético congelado.
Se o marido estiver falecido, mas já tiver dado sua autorização, a
inseminação poderá ser feita, e a paternidade atribuída ao
falecido. Entretanto, o Código Civil não dispõe sobre
inseminação post mortem realizada sem autorização do marido
falecido. Esses casos deverão ser analisados individualmente, pois
afetam não apenas a questão da paternidade, como também os
direitos sucessórios dos eventuais herdeiros do falecido. A questão
é bastante polêmica.
Filiação: Reconhecimento de
Paternidade
Reconhecimento dos filhos
O reconhecimento vem a ser o ato que declara a filiação havida
fora do casamento, e estabelece juridicamente o parentesco entre
pai, mãe e filho. Sim, porque o reconhecimento pode ser da
paternidade ou da maternidade, embora este último seja raro.
Trata-se de ato declaratório, podendo ser voluntário ( ato
particular onde se assume a paternidade ou maternidade em
relação ao filho por declaração verbal ou escrita) ou
forçado/judicial (por meio da propositura de ação de investigação
de paternidade ou maternidade, por exemplo). O ordenamento
jurídico favorece e estimula as formas de reconhecimento de
filhos, para que se alcance o princípio da proteção integral à
criança e ao adolescente.
O Código Civil dispõe sobre o reconhecimento dos filhos nos
artigos 1.607 a 1.617.
Do Reconhecimento Voluntário
O reconhecimento voluntário decorre da livre manifestação do
suposto pai em assumir a paternidade de um filho, fruto de uma
relação sexual por ele mantida com uma mulher , ou ainda de uma
inseminação artificial não consentida.
O reconhecimento voluntário da paternidade pode ser feito:
a) no registro de nascimento;
b) por meio de escritura pública ou de instrumento particular
arquivado no cartório;
c) por meio de disposição testamentária, sendo esta uma hipótese
de reconhecimento post mortem;
d) perante o juiz de direito.
Filiação : Paternidade
Socioafetiva e Negatória de
Paternidade
Paternidade Socioafetiva
O que se vive hoje é o reconhecimento da importância da
paternidade ou maternidade biológica, porém, sem a prevalência
da verdade genética sobre a afetiva. Ou seja, existem situações
em que a filiação é construída com base na socioafetividade,
independentemente do vínculo genético, esse afeto prevalece
sobre a própria verdade biológica.
A Negatória de Paternidade
A paternidade pode ser impugnada por aquele cujo nome veio
declarado no registro de nascimento da criança. Esse é o que
chamamos de pai registral.
A ação adequada para desconstituir a declaração do registro é a
negatória de paternidade, prevista no artigo 1601 do CC. A ação é
imprescritível e personalíssima, pois somente o pai registral pode
ajuizá-la.
Uma vez iniciada a ação negatória de paternidade, seus herdeiros
podem prosseguir no processo em caso de falecimento do autor,
mas não têm legitimidade para a propositura da ação, uma vez
que a ação é personalíssima, como já mencionamos.
A intenção do legislador ao determinar a imprescritibilidade da
ação negatória de paternidade foi equipara os direitos do filho aos
direitos do pai, pois a ação de investigação de paternidade sempre
foi imprescritível. No Código Civil anterior, a negatória de
paternidade prescrevia em dois anos.
Apesar das boas intenções, a imprescritibilidade da negatória pode
gerar grandes problemas para os filhos e sua identidade. Se
imaginarmos que um pai pode promover a ação até contra seu
filho adulto de qualquer idade, perceberemos que a ação pode até
destruir famílias, pois toda a relação de afeto poderá ruir por
conta da propositura da ação.
A ação negatória de paternidade pode ser ajuizada pelo pai
biológico que pretende desconstituir o vínculo estabelecido
mediante registro civil. Entretanto, caso o vínculo tenha se
estabelecido entre o pai registral e o filho, transformando-se em
filiação socioafetiva, o vínculo registral deve ser mantido, a fim de
se proteger a família e preservar o afeto que se estabeleceu. É
nesse sentido que muitos tribunais têm decidido.
Nos casos de caracterização de filiação socioafetiva, não cabe à
procedência da ação negatória de paternidade nem mesmo
quando os interessados se sujeitaram à realização do exame de
DNA o resultado foi negativo. Essa é a tendência da jurisprudência.
Poder Familiar
Conceito e Características do Poder Familiar
Poder familiar é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos
pais, no que se refere à pessoa e aos bens dos filhos menores.
O poder familiar atribui muitos deveres aos pais e alguns direitos.
Aos pais cabe zelar pelos bens dos filhos, por sua educação e
segurança. Também cabe aos pais, por força do poder familiar,
representar os filhos menores em juízo ou fora dele.
Percebemos que o poder familiar é instituído no interesse dos
filhos e da família, e não em proveito dos pais, sobretudo em
respeito ao princípio constitucional da paternidade responsável,
estabelecido no artigo 226, § 7º, da Constituição Federal.
Guarda de Filhos
Espécies de guarda
São espécies de guarda:
a. Guarda unilateral: de acordo com o parágrafo 1º do artigo
1.583 do CC, essa guarda é atribuída a apenas um dos genitores,
ou a alguém que o substitua. A guarda unilateral será concedida
ao genitor que tenha melhores condições para exercê-la, e assim,
proporcionar aos filhos o afeto nas relações familiares, saúde,
segurança, educação etc. A guarda unilateral obriga o genitor que
não detenha a guarda, a supervisionar o interesse dos filhos.
b. Guarda compartilhada: o mesmo art. 1583, parágrafo 1º
dispõe sobre a guarda compartilhada como sendo a
responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do
pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, referentes ao
poder familiar dos filhos comuns. Não deve ser confundida com
guarda alternada. É uma opção interessante para preservar o
melhor interesse dos filhos, porém, é muito importante que o casal
tenha uma convivência harmônica para que seja possível o
deferimento desta modalidade de guarda. É a forma eleita pelo
Código como a mais adequada, embora na prática não esteja
sendo aplicada com tanta frequência, justamente pelos problemas
encontrados no relacionamento entre os pais dos filhos menores.
c. Guarda alternada: nesse formato, tanto a guarda jurídica
quanto a material são atribuídas a um e ao outro genitor, o que
significa uma alternância no período em que o menor mora com
cada um dos pais. Assim, cada um dos genitores, no período de
tempo previamente estabelecido a eles, exerce de maneira
exclusiva a totalidade dos direitos e deveres que integram o poder
parental. Essa forma é desprezada pela doutrina e pela
jurisprudência, porque a criança perde seus referenciais, uma vez
que não terá um lar fixo.
d. Guarda do ninho: Nesse formato, os pais de revezam,
mudando-se para a casa onde vivem os menores, em períodos
alternados de tempo. É uma forma inviável, pois tem alto custo de
manutenção, além do desgaste dos pais com as constantes
mudanças.
e. Guarda provisória ou temporária: é atribuída
provisoriamente a um dos genitores, ou até a um terceiro,
enquanto a guarda definitiva é discutida em ação judicial.
f. Guarda definitiva: guarda fixada em sentença. É importante
lembrar que a guarda nunca é perpétua, podendo ser modificada a
qualquer tempo, em respeito ao princípio do melhor interesse do
menor previsto no ECA.
Dentre as espécies de guarda, as mais relevantes são mesmo a
guarda unilateral e a compartilhada, previstas expressamente no
atual Código Civil.
Características da guarda
Nosso Código Civil, como já dissemos, deu preferência à guarda
compartilhada quando esta for fixada pelo juiz (art. 1.584, par. 2º).
Entretanto, antes de ser fixada, é preciso que o juiz verifique a
condição do relacionamento entre os pais, essencial para que os
filhos menores tenham um bom ambiente para se desenvolver.
Em termos de procedimento, em audiência de conciliação, o juiz
informará ao pai e à mãe as consequências e as responsabilidades
da guarda, seja ela unilateral ou compartilhada.
Especificamente nos casos de guarda compartilhada, para
estabelecer as atribuições do pai e da mãe, e ainda, para fixar os
períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz poderá,
de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear
suas decisões em orientações técnico-profissionais ou de equipe
interdisciplinar. Essa é uma regra importante, já que o juiz poderá
contar com a colaboração de profissionais com formação técnica
para ajuda-lo a perceber quem terá melhores condições de exercer
a guarda, tais como psicólogos e assistentes sociais.
Se houver alteração não autorizada ou o descumprimento sem
motivação de cláusula de guarda, unilateral ou compartilhada, o
juiz poderá reduzir as prerrogativas atribuídas ao guardião,
inclusive quanto ao número de horas de convivência com os filhos.
Caso o juiz entenda que o filho não deva ficar sob a guarda de um
dos genitores, a guarda poderá ser deferida a pessoa que mostre
compatibilidade com a natureza da medida, devendo ser
considerados nesse caso, o grau de parentesco, o afeto e a
afinidade entre o terceiro e os menores.
Como é possível a flexibilização da guarda, em função do princípio
do melhor interesse do menor, o juiz poderá, havendo motivos
graves, regular a guarda de maneira distinta das estabelecidas
expressamente na lei.
A mãe ou o pai que contrair novo casamento não perderá o direito
à guarda dos filhos, que só lhe poderão ser retirados mediante
mandado judicial, se ficar provado que não são tratados
adequadamente.
O pai ou a mãe em cuja guarda não estejam os filhos, poderá
visitá-los e tê-los em sua companhia, de acordo com o que ficar
decidido com o outro genitor, ou for fixado pelo juiz, assim como
fiscalizar sua manutenção e educação.
Todas as disposições referentes à guarda e prestação de alimentos
aos filhos menores estendem-se aos maiores incapazes.
Direito de visitas
O Artigo 1.589 do CC dispões sobre o direito de visitas:
O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá
visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com
o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz.
O que deve prevalecer na fixação das visitas é o interesse da
criança. É uma situação difícil para os filhos, pois têm que se
habituar à separação de seus pais. Os genitores não dever perder
esse interesse de vista. Quanto mais discussões e divergências
existirem entre os pais, mais difícil será a adaptação da nova
situação para a criança.
Se um dos pais tem o direito de guarda dos filhos menores, o outro
genitor tem o direito de visitas assegurado por lei. Em alguns
casos, os pais querem estar com os filhos, e outro pode tentar
impedir a visita. Essa situação pode ser gerada por vários fatores:
brigas do casal, atraso no pagamento da pensão alimentícia,
mágoas e outros. Essa conduta pode acarretar um grave
problema: a alienação parental, que estudaremos no próximo
tópico.
O atraso no pagamento de alimentos aos menores não tem relação
alguma com o direito de visitas. Se o pagamento da pensão
estiver em atraso, quem tiver a guarda do filho deve ingressar
com uma ação judicial de execução de alimentos. O impedimento
da visita prejudica não só o devedor, mas também os filhos.
As visitas dos filhos devem ser estabelecidas pelo Juiz na própria
ação de divórcio, separação ou na ação de regulamentação de
guarda cumulada com regulamentação de visitas. Deverão ser
fixados os dias e horários de visitas, bem como a definição de
quem estará com os menores nos períodos de férias e feriados.
Direito de visitas dos avós: Mesmo a guarda sendo deferida a
um ou ambos os pais, os avós têm o direito de visitar os netos.
Essa convivência familiar é fundamental para o bom
desenvolvimento e bem-estar dos menores e também dos avós.
A lei 12.938/2011 regulamentou a matéria, acrescentando o
parágrafo único ao artigo 1.589 do CC, para determinar que o
direito de visitas estende-se a qualquer dos avós. Essas visitas
deverão ser fixadas pelo juiz, caso não haja acordo com os
genitores.
Também foi modificado o art. 888 do CPC, nos seguintes termos:
Art. 888 (...)
VII - A guarda e a educação dos filhos, regulado o direito de visita
que, no interesse da criança ou do adolescente pode, a critério do
juiz, ser extensivo a cada um dos avós”
Dessa forma, os avós terão direito de buscar judicialmente a
regulamentação de visitas aos netos.
Alienação parental e a SAP
A alienação parental é uma conduta promovida por um dos
genitores junto aos filhos menores, a fim de apagar, prejudicar ou
denegrir a imagem e a reputação do outro genitor. Pode até ser
promovida por outras pessoas ligadas aos menores. Essa conduta
pode acarretar um grande mal ao menor, principalmente a
Síndrome da alienação parental – SAP, que é um distúrbio da
infância que aparece quase exclusivamente no contexto de
disputas de custódia de crianças. Sua manifestação preliminar é a
campanha denegritória contra um dos genitores, uma campanha
feita pela própria criança e que não tenha nenhuma justificação.
Resulta da combinação das instruções de um genitor (o que faz a
"lavagem cerebral, programação, doutrinação") e contribuições da
própria criança para caluniar o genitor-alvo. Quando o abuso e/ou
negligencia parentais verdadeiros estão presentes, a animosidade
da criança pode ser justificada, e assim a explicação de Síndrome
de Alienação Parental para a hostilidade da criança não
é aplicável 2.
Em nosso ordenamento jurídico, a questão ganhou relevância em
função da promulgação da lei 12.318, de 26 de agosto de 2010 - A
lei da alienação parental.
O art. 2º da referida lei estabelece que:
Considera-se ato de alienação parental a interferência na
formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou
induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a
criança ou o adolescente sob a sua autoridade, guarda ou
vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ou
estabelecimento ou à manutenção de vínculo com este.
A lei da alienação parental nasceu da necessidade de se atribuir
mais poderes, aos juízes para que fossem preservados os direitos
fundamentais da criança e do adolescente, vítimas de abusos
realizados por seus pais ou responsáveis, punindo ou inibindo
condutas que violem os deveres inerentes à autoridade parental
ou decorrentes da tutela ou da guarda dos menores.
O parágrafo único da referida lei prevê algumas formas
exemplificativas de alienação parental:
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no
exercício da paternidade ou maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar o contato da criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência
familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais
relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares,
médicas e alterações de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares
deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles
com a criança ou o adolescente;
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa,
visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o
outro genitor, com familiares deste ou com avós.
É bom lembrar que o rol previsto no dispositivo não é taxativo,
sendo possível ainda, o reconhecimento de outros atos praticados,
declarados pelo Juiz ou constatados por perícia.
As consequências da Síndrome da alienação parental para a
criança e o adolescente são muito graves Podem ser citadas as
seguintes: apresentação de distúrbios psicológicos como
depressão, ansiedade e pânico; desenvolvimento de vício em
drogas e álcool como forma de aliviar a dor e o sentimento de
culpa; suicídio; não conseguir uma relação estável na idade adulta
;possuir problemas de gênero, diante da desqualificação do
genitor atacado; e até a repetição do mesmo comportamento
quando tiver filhos.
Constatada a alienação, caberá ao Juiz, nos termos da lei:
Advertir o alienador;
Alimentos: Conceito e
Natureza Jurídica
Generalidades: Natureza Jurídica e Conceito
Os alimentos devem garantir o direito à vida, que é um direito de
personalidade, e o maior direito previsto na Constituição.
Considera-se alimento tudo o que for necessário para a
manutenção de uma pessoa, aí incluídos os alimentos naturais,
habitação, saúde, educação, vestuário e lazer. A soma em dinheiro
para prover os alimentos deve, em tese, ser suficiente para cobrir
todos esses itens ou parte deles, conforme a obrigação alimentar
seja parcial ou total.
O direito aos alimentos é personalíssimo, porque pertence apenas
ao alimentando, traduzido no binômio necessidade x possibilidade.
Não é permitida a cessão, a compensação e a penhora dos
alimentos (art. 1707 do CC) .
De acordo com o artigo 1.694 do CC, têm direito aos alimentos o
cônjuge, o companheiro e os parentes entre si.
Alimentos: Espécies
A classificação das espécies de alimentos é doutrinária, embora
algumas dessas denominações estejam presentes do Código Civil
e no Código de Processo Civil. Porém todas têm base legal, sendo
algumas espécies mais populares que outras. É importante dizer
que a classificação do instituto, sendo teórica e doutrinária, pode
divergir de um doutrinador a outro, pois dependerá da
metodologia adotada por cada um. A classificação adotada aqui é
baseada no trabalho dos professores Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho.
Alimentos: Legitimidade e
Renúncia aos Alimentos
Legitimidades ativa no direito aos alimentos
Os alimentos podem ser pleiteados reciprocamente entre os
cônjuges, companheiros e parentes consanguíneos ou civis. Se o
parentesco for apenas por afinidade, não há obrigação alimentar.
O parentesco na linha reta pode ser ascendente ou descendente, e
nessas situações, a obrigação alimentar atinge infinitas
possibilidades. O parentesco na linha colateral extingue-se no 4º
grau, mas com relação à obrigação alimentar, está se restringe
aos irmãos (parentes em 2º grau).
Tios e sobrinhos, a princípio, não devem alimentos uns aos outros.
Entretanto, existe entendimento na doutrina que, uma vez que os
direitos sucessórios atingem os colaterais até o quarto grau,
haveria em contrapartida o ônus da obrigação alimentar, caso não
haja outra possibilidade de subsistência.
A regra para a prestação de alimentos com relação ao parentesco
é a de que o grau mais próximo exclui o mais remoto, ou seja,
entre o pai e o avô, a obrigação recairá sobre o pai, e assim
sucessivamente.
Com relação ao idoso, existe ainda legitimidade prevista em lei. O
art. 14 do Estatuto do Idoso estabelece que:
“Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições
econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Público
esse provimento, no âmbito da assistência social”
Nesses casos, a ação é ajuizada na Justiça Federal, contra o INSS,
e geralmente a pensão é fixada em um salário mínimo.
Alimentos: Divisibilidade,
Prescritibilidade e
Transmissibilidade da
Obrigação Alimentar
Divisibilidade da Obrigação Alimentar
Nos casos em que mais de uma pessoa está obrigada a pagar os
alimentos, essa responsabilidade será dividida entre todas elas na
proporção das possibilidades de cada uma. Podemos identificar as
seguintes possibilidades de divisibilidade no pagamento de
alimentos:
I - Quando o alimentando for idoso: Aplica-se o Estatuto do
Idoso. É considerada idosa a pessoa maior de 60 anos. De acordo
com o artigo 11 do Estatuto do Idoso, os alimentos serão
prestados na forma da lei civil. Entretanto, o artigo 12 da mesma
lei estabelece que a obrigação alimentar é solidária, podendo o
idosos optar pelos prestadores da obrigação alimentar dentre as
pessoas previstas no Código Civil aptas para tal.
II - Quando o alimentante for o avô ou a avó: A princípio, os
alimentos são devidos pelo parente de grau mais próximo, e essa
é a razão pela qual os filhos devem requerer alimentos de seus
pais. Quando o alimentante é ascendente, os alimentos devem ser
pedidos para o de grau mais próximo. Entretanto, é possível
requerer alimentos para ascendente de grau maior, se ficar
comprovado que o de grau mais próximo não tem condições de
pensionar quem precisa dos alimentos. Nessa situação, os
alimentos pedidos para os ascendentes têm caráter subsidiário, e
o pagamento pode ser total, no caso da impossibilidade do
ascendente mais próximo, ou parcial, no caso de complementação,
ou seja, pagamento da diferença da parte faltante.
Eis o que diz sobre o assunto o Enunciado 342 do CJF:
342 – Art. 1.695: Observadas suas condições pessoais e sociais, os
avós somente serão obrigados a prestar alimentos aos netos em
caráter exclusivo, sucessivo, complementar e não-solidário
quando os pais destes estiverem impossibilitados de fazê-lo, caso
em que as necessidades básicas dos alimentandos serão aferidas,
prioritariamente, segundo o nível econômico-financeiro de seus
genitores.
Quando os pais não possuírem condições de pensionar os filhos
para atender suas necessidades, e os filhos optarem por ingressar
com ação de alimentos contra os avós, a jurisprudência não é
unânime sobre a formação do litisconsórcio entre os avós paternos
e maternos, ou seja, se seria possível ou não a escolha do
alimentando sobre quais avós deveriam prestar alimentos.
O STJ é favorável a obrigatoriedade de formação do litisconsórcio,
no mesmo sentido que vem entendendo os Tribunais de São Paulo
e Minas Gerais. Esse é um posicionamento que não é unânime
nem vinculante, e portanto, outros tribunais podem entender de
forma diversa. Porém, parece que o litisconsórcio obrigatório é a
tendência mais forte.
Concluímos que a responsabilidade dos avós é subsidiária e
complementar à dos pais. Entre os avós não há solidariedade, e a
responsabilidade será dividida entre todos de acordo com as suas
possibilidades.
Imprescritibilidade da Obrigação Alimentar
A ação de alimentos é imprescritível, e a qualquer momento é
possível ingressar com esta ação. Porém a pretensão deexigir a
prestação de alimentos já fixada em juízo prescreve em dois
anos (ar. 206, par. 2º CC).,
No caso da cobrança dos alimentos já fixados anteriormente, já
que ela se sujeita a prazo prescricional, é preciso observar as
causas impeditivas e suspensivas da prescrição. O art. 197, II do
CC determina que não corre a prescrição entre ascendentes e
descendentes durante o poder familiar, e o art. 198, I, estabelece
que também não corre a prescrição contra os absolutamente
incapazes, hipótese em que o prazo começa a fluir quando o
menor completa 16 anos de idade, ou quando for emancipado pelo
casamento na hipótese do art. 1.520 CC. Dessa forma, como não
corre a prescrição entre ascendentes e descendentes durante o
poder familiar, é possível, dos 18 aos 20 anos, cobrar débito
alimentar fixado ainda quando o alimentando era recém-nascido,
desde que não tenha sido emancipado.
Tutela
Embora a tutela e curatela sejam institutos independentes entre
si, possuem um ponto em comum: ambos têm por objetivo a
proteção de pessoas incapazes, de fato e de direito, que
necessitam da presença de outrem que possam agir em nome
delas. A tutela é múnus público, e tem caráter personalíssimo.
A tutela é o poder conferido por lei ou pela vontade de terceiros,
no caso, os pais de um menor, à uma pessoa capaz, para que esta
proteja e administre bens de menor que esteja fora do poder
familiar de seus pais.
Nos termos do artigo 932, II do Código Civil, o tutor é responsável
pela reparação civil pelos atos cometidos pelo tutelado que estiver
sob sua autoridade, e em sua companhia.
É permitido aos pais, com exclusividade e em conjunto, o direito
de nomear tutor, conforme dispõe o artigo 1.719 do Código Civil:
CURATELA
PESSOAS SUJEITAS À CURATELA
A curatela recai sobre os maiores incapazes. O artigo 1.767 do CC
dispõe sobre às pessoas sujeitas a curatela: