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Iturama, MG
2019
LETICIA MARIA SILVA
VITORIA TORRACA ROCHA
Iturama, MG
2019
FACULDADE ALDETE MARIA ALVES
PARECER DE ADMISSIBILIDADE - TC II
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Orientador: Prof(a).
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Em ____/____/____
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RESUMO
Trata-se o presente artigo de uma análise da lei 12.965/2014, conhecida como o “Marco civil
da internet”, o qual estabelece os princípios e garantias, direitos e deveres para o uso da
internet no Brasil. Conforme evidenciado, o texto legal, de fato, elencou uma série de
princípios e fundamentos que visam regulamentar o uso da internet, todavia, baseou-se quase
que inteiramente em direitos que já são amparados pela Constituição Federal do Brasil, que
tem como pressuposto básico o resguardo à dignidade da pessoa humana. E, nesse sentido,
existe até uma certa irresignação por parte da doutrina e bibliografia explorada nesse artigo
acerca da real necessidade de se regulamentar a internet, haja vista que o ordenamento
jurídico vigente, até a data de promulgação da lei, seria suficiente para resolver maior parte
dos empasses jurídicos. Ademais, no que diz respeito a responsabilidade civil nos ambientes
digitais, a qual é o foco central do artigo, a lei isenta de responsabilidade os provedores de
conexões quando do uso de seus sistemas forem disponibilizados conteúdos que causem
danos a terceiros. Ao passo que, os provedores de aplicativos somente serão responsabilizados
civilmente, caso sejam notificados judicialmente a retirar um conteúdo de seus servidores e
permaneçam inertes.
Palavras-chave: Marco civil da internet. Lei 12.965/2014. Responsabilidade civil nos
ambientes digitais.
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO
Os crescentes avanços da tecnologia têm influenciado diretamente na forma como as
pessoas se relacionam no mundo. O surgimento da internet, bem como o fenômeno das redes
sociais e informativos digitais, tem proporcionado as pessoas uma liberdade de expressão
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jamais imaginada. A velocidade que as notícias se propagam é enorme, seu acesso é imediato
e quase irrestrito.
Nesse contexto, a internet e demais redes públicas e privadas, assim como os
provedores de aplicativos, que serão objeto de estudo nesse artigo, compõem um acervo
gigantesco de dados, informações, notícias, mídias digitais dentre outros. No qual, qualquer
usuário devidamente habilitado pode acessar esses conteúdos, assim como manifestar-se
acerca de qualquer tema, redigir e editar textos, compartilhar fatos, notícias, arquivos e
imagens.
Ocorre que, até meados de 2014, poucas eram as leis que evidentemente
regulamentavam a internet, e as que existiam possuíam aplicação por analogia ou
subsidiariedade as demais normas de nosso ordenamento jurídico.
Nesse sentido, a lei do marco civil da internet foi sancionada com a finalidade de
regulamentar os princípios e garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil,
representando um grande avanço frente a toda a legislação vigente até o momento.
Dentre os diversos dispositivos jurídicos abordados pela lei, merece verdadeiro
destaque a responsabilidade jurídica dos provedores de aplicativos, na busca de se determinar
a medida de sua responsabilidade civil quando realizada uma publicação de arquivos de
imagem, vídeo ou escrita que ofenda a privacidade ou honra de um terceiro. Assim sendo,
será objeto de estudo aprofundado neste artigo a responsabilidade civil dos provedores, a
interpretação e motivações jurídicas dos legisladores no processo de elaboração da Lei
12.965/2014, visto que, no que diz respeito a responsabilidade civil, esta diverge totalmente
do sistema adotado nas demais leis infraconstitucionais.
A Lei do Marco Civil traz em seu conteúdo uma legislação que traça como norte
uma conformação constitucional ao estabelecer princípios e garantias voltados para
as relações na internet, princípios e garantias estes que já estão, em sentido amplo,
apresentados em nossa Constituição, dai, antes de tudo, a importância de realmente
se reforçar a necessidade de se compreender e utilizar uma adequada metodologia
constitucional para sua aplicação [...].
Segundo o autor, a internet segue ditames próprios, possui termos técnicos inerentes a
informática, bem como regras de comportamentos e condutas distintas das de nosso convívio
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Art. 5°. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza[...]
IV – é livre a manifestação do pensamento[...]
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independente de censura ou licença.
Nathalia Masson em sua obra cita os sábios ensinamentos do hoje Ministro do STF,
Gilmar Mendes (2009, p.402 apud Masson, 2018, p.283), “ao titular dessa liberdade permite-
se expressar sentimentos, ideias e impressões de variadas formas, seja por mensagens faladas
ou escritas, como também por gestos, expressões corporais, imagens e etc.”
Desta forma, observa-se que o legislador no “caput” do art. 2° da Lei 12.965/2014
buscou rigorosamente orientar que questões relativas à liberdade de expressão na internet, ou
dito ambientes digitais, deveriam ser equiparadas à todas as outras formas de manifestação de
pensamento que já ocorriam naturalmente nos ambientes físicos em nossa sociedade, e na
mesma essência como foi concebida por nossa Carta Magna em 1988.
Ocorre que, com o avanço das tecnologias, da informática especificamente, foi
possível reproduzir em ambientes digitais (comunidades e redes sociais) as mesmas
ferramentas artísticas (de maneira genérica) que se tem nos ambientes coletivos físicos.
Nesse sentido, pode não parecer óbvio para muitos dos usuários da internet, mas as
redes sociais e demais ambientes digitais passaram a seguir as mesmas diretrizes jurídicas que
se tem na sociedade. E, portanto, qualquer expressão de pensamento abusiva está sujeita a
represálias, assim como, em contrapartida, a livre manifestação de seus usuários é digna de
proteção quando evidenciada uma potencial censura por parte de qualquer indivíduo ou
entidade jurídica.
Assim sendo, o marco civil da internet foi criado, não tão somente para gerar
represálias ou identificar e responsabilizar usuários ou pessoas jurídicas que atuam na
internet, mas sim, sobretudo para garantir que a liberdade de expressão e manifestação dos
indivíduos fossem preservadas nesses ambientes digitais. De forma que fosse garantido o
pleno direito aos usuários da internet de expor suas opiniões e pensamentos mais íntimos
acerca de qualquer tema.
Contudo, é pertinente expor que a presente lei não afasta a aplicação de dispositivos
legais específicos previstos em nosso ordenamento, como por exemplo, os casos de danos
decorrentes de atos ilícitos, perpetrados a imagem ou a honra de um indivíduo na internet que
são disciplinados pelos artigos 186 e 927 do Código Civil, bem como as matérias pertinentes
a violação de direitos autorais e seus desdobramentos que possuem legislação própria - Lei
9610/1998 ou até mesmo a publicidade abusiva em ambientes digitais que é regulamentada
pelo Código de defesa do consumidor – Lei 8.078/1990.
Portanto, no que tange a lei 12.965/2014 esta disciplina especificamente a
responsabilidade civil dos provedores de conexões e provedores de aplicativos pela exposição
de conteúdos que foram gerados por terceiros em seus servidores. E, nesse ponto, fica nítido
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que as pessoas jurídicas que se proponham a atuar no ramo da internet, como provedoras de
conexões e aplicativos devem se adequar no sentido de zelar pelos conteúdo que são expostos
em suas redes, resguardando sempre o direito de livre manifestação de seus usuários, bem
como restringindo conteúdos que se mostrem ofensivos a àqueles que a utilizam.
Outrossim, a lei, por meio do art. 3°, inciso III, também estabeleceu a importância dos
provedores enquanto guardiões dos milhares de dados que são gerados por usuários que
trafegam em suas redes, e que devem ser tratados com total privacidade e segurança. Sendo
que, esta foi recém complementada por meio da lei 13.709/2018 – Lei Geral de Proteção de
Dados Pessoais.
A lei do Marco Civil da Internet por meio do seu art. 3°, inciso II, estabeleceu como
princípio indisponível a proteção a privacidade de seus usuários, tendo como base, inclusive o
que já é previsto por nossa Constituição. O artigo 5° da Constituição Federal, que trata dos
direitos e garantias fundamentais, estabelece no seu inciso X, que são invioláveis a
intimidade, vida privada, honra e imagem dos indivíduos, assegurando também, em caso de
violação, a indenização pelo dano material ou moral.
Em igual sentido, o inciso XII, do mesmo artigo constitucional, traz uma proteção
mais específica ás correspondências, comunicações telegráficas, de dados e telefônicas, neste
último caso, exceto na hipótese de ordem judicial, que deve atender a forma estabelecida no
tipo legal para investigações criminais ou instruções no processo penal.
O professor José Afonso da Silva, em sua obra Curso de Direito Constitucional
Positivo, considera a privacidade como sendo:
O conjunto de informação acerca do indivíduo que ele pode decidir manter sob seu
exclusivo controle, ou comunicar, decidindo a quem, quando e onde e em que
condições, sem a isso poder sem legalmente sujeito. (...) A esfera da inviolabilidade,
assim, é ampla, abrange o modo de vida doméstico, nas relações familiares e
afetivas em geral, fatos, hábitos, local, nome, imagem, pensamentos, segredos, e,
bem assim, as origens e planos futuros do indivíduo.
por objetivo fundamental assegurar a vida privada de seus indivíduos, inclusive no âmbito da
internet.
Ocorre que, nos tempos em que vivemos é cada vez maior a exposição de situações
pessoais e cotidianas na internet, o surgimento dos provedores de aplicativos que permitem a
produção de textos, imagens, vídeos, dentre outros, só contribuem para essa interação entre
pessoas, informações e conteúdo. Contudo, os indivíduos tem particularidades que necessitam
ser conservadas, conteúdos que podem facilmente serem distorcidos por pessoas mal-
intencionadas, históricos, acessos e interesses pessoais que ficam registrados na rede.
Nesse contexto, o princípio da proteção á privacidade representa para o Marco Civil da
Internet uma garantia aos usuários de que estes estão em um ambiente seguro, fato que
contribui para o crescimento e até mesmo credibilidade da internet e seus aplicativos, que
diante de alguns escândalos que ocorrem ao longo do tempo envolvendo a divulgação
indevida de conteúdos pessoais, geram certa insegurança por parte dos usuários, que
repensam se realmente o ambiente digital seria uma continuação do ambiente real que
vivemos.
Portanto, o marco civil da internet busca garantir não tão somente a proteção da
privacidade dos usuários em face a possíveis conteúdos que sejam gerados por terceiros e
possam causar danos a imagem ou a honra destes, mas também disciplina a responsabilidade
dos provedores de conexões e aplicativos enquanto guardiões de todos os dados particulares
de seus usuários.
Podemos citar como exemplo dessa proteção a vida privada dos usuários, o art. 7° do marco
civil, encontrado no capítulo dos direitos e garantias dos usuários que estabelece, inclusive, a
possibilidade de reparação dos danos perpetrados a intimidade dos usuários, assim veja:
Em igual sentido são os incisos II e III do artigo acima citado, o qual apresenta como
direito intransponível dos usuários, a inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações
privadas, bem como de todo o conteúdo dessas comunicações que estejam armazenados nos
provedores, trazendo como única exceção quando houver ordem judicial, na forma da lei.
Vejamos também, o art. 10°, da Lei 12.965/2014 que trata da proteção e dos registros,
dados pessoais e comunicações privadas por parte dos provedores de internet e aplicações:
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Contudo, cabe acrescentar que a proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios
digitais tem sido matéria de diversos debates na Câmara dos Deputados e no Senado Federal,
com intuito de ser aprovada a Lei Geral de Proteção dos Dados Pessoais – Lei 13.709/2018,
que deve regulamentar especificamente o tema.
Observa-se ainda que a Lei 12.965/2014 se atentou ao grande prejuízo que tal violação
pode gerar e em seus artigos seguintes trouxe a responsabilização dos provedores de
aplicações frente á alguma negligência nesse sentido por parte destes, matéria esta que será
amplamente abordada nesse artigo.
A lei 12.965/2014 em seu art. 3°, inciso IV, inova, do ponto de vista jurídico, ao
apontar como um de seus princípios basilares “a preservação e garantia da neutralidade da
rede”, tendo sido incluída, seção específica (seção I), por meio do art. 9° que estabelece regras
jurídicas destinadas para assegurar a referida neutralidade da rede.
O termo “neutralidade da rede”, por si, já era empregado em diversos textos legais
relacionados a telecomunicação, todavia, como já dito, somente a partir da criação do marco
civil da internet é que houve uma regulamentação específica de sua abrangência e aplicação
em nosso ordenamento jurídico. Ocorre que, até então, não existia evidente interesse em
normatizar a “matéria”, ou por parte de muitos legisladores, sequer havia o conhecimento das
reais implicações acerca do tema.
Desta forma, a partir da iniciativa de projeto de lei da criação do marco civil, o tema
da neutralidade da rede foi fomentado no Brasil, sendo objeto de diversas discussões acirradas
no Congresso Nacional, seja pelo vasto potencial econômico a ser explorado e que foi
finalmente vislumbrado, ou pelo aumento de casos no judiciário relacionados ao impedimento
de acesso a algumas aplicações pelos usuários ou a degradação de conexões da rede, de forma
que provedores de serviços ou usuários visam garantir o acesso a aplicações sem qualquer
tipo de filtro ou diferenciação.
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[...] assegurar que todas as informações que trafegam na rede devem ser tratadas da
mesma forma, navegando a mesma velocidade, sendo o referido princípio que
garantiria o livre acesso a qualquer tipo de informação na rede.
exposto, o direito de utilizar de forma comercial os ambientes digitais, seja por meio dos
provedores de conexões ou aplicativos, pode até parecer algo distante de nosso cotidiano, e
que a “neutralidade da internet” seja vista somente como mais um termo jurídico, contudo
você pode se surpreender com a quantidade de publicidade direcionada que recebe em seu e-
mail, seus navegadores ou redes sociais. Não obstante, ao impacto que o filtro ou manipulação
de informações na internet tem em criar tendências, formar opiniões, gerar empatia ou
desprezo por determinada “coisa” ou pessoa.
Colocadas essas observações, o art, 9°, diz respeito expressamente ao dever legal que
os provedores de conexões e aplicativos tem em garantir a “neutralidade da rede”, bem como
o parágrafo 1º,estabelece situações especificas, em caráter exceção, que os dados na internet
podem sofrer degradação ou discriminação por parte dos provedores, assim veja:
É possível observar que o “caput” do art. 9°, traz em sua essência a ideia central do
princípio da neutralidade, conforme abordamos acima. Ao passo que, o parágrafo 1°, incisos I
e II, estabelecem que a discriminação ou degradação de trafego, será regulamentada por lei
especifica, e que somente decorrerá em razão de requisitos técnicos indispensáveis à prestação
adequada dos serviços de aplicações, assim como será priorizado tendo em vista serviços a
serem realizados com emergência. Percebe-se aqui que o legislador trouxe situações
inequívocas, relacionadas exclusivamente a manutenção da própria atividade dos provedores
de internet e aplicativos.
Na sequência, o §2° e demais incisos do artigo acima referido, prevê ainda que os
provedores de conexões e aplicativos, no que diz respeito a discriminação e restrição de
conteúdos devem: I – Abster-se de causar danos aos usuários (a discriminação do conteúdo
não deve causar quaisquer danos, nos termos do art. 927, do Código Civil); II – agir com
proporcionalidade, transparência e isonomia; III – informar previamente de forma
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Como exemplo, também pode ser considerado como “terminal”, todo e qualquer
smartphone ou tablet com acesso a internet.
O registro de conexão é o que permite identificar quais os sites acessados, qual terminal
foi utilizado e qual a data e hora do acesso – informações importantes principalmente na
repressão de crimes cibernéticos.
VII - aplicações de internet: o conjunto de funcionalidades que podem ser acessadas por
meio de um terminal conectado à internet;
4.1 INTRODUÇÃO
A responsabilidade tem sua origem na raiz latina spondeo, pela qual se vinculava o
devedor, solenemente, nos contratos verbais do direito romano. A responsabilidade civil, da
forma como é concebida por nosso ordenamento jurídico, remete a ideia de restaurar o
equilíbrio material e moral provocado pelo autor de um dano.
Assim sendo, a partir da prática de um ato ilícito em face a um indivíduo, com a
consequente perpetração de um dano, surge o dever de reparação a vítima. Sendo múltiplas as
atividades humanas, inúmeras são também as espécies de responsabilidade, que abrangem
todos os ramos do direito e extravasam os limites da vida jurídica.
O Código Civil de 2002, contudo, dedicou poucos dispositivos à responsabilidade
civil, sendo que por meio do art. 186 e 187, estabeleceu a espécie de responsabilidade
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Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
Sobre o assunto, Caio Mario da Silva Pereira, leciona que o autor do ato ilícito
responderá civilmente pelos prejuízos causados, cabendo ao lesado o ônus de comprovar
todos os elementos: o dano, a infração da norma e o nexo de causalidade.
Por sua vez, o art. 927, “caput”, dispõe sobre a obrigação de reparação do dano
causado e decorrente de um ato ilícito praticado dolosamente (ação ou omissão voluntária),
quando o agente pratica o ato com vontade e consciência de prejudicar, ou culposamente,
quando há a negligência ou imprudência do agente, o que configura a culpa no sentido estrito.
Além da responsabilidade subjetiva, o nosso diploma Civil, mais precisamente em seu
art. 927, “paragrafo único”, dispõe sobre responsabilidade civil objetiva, isto é, quando
independe da comprovação de culpa do agente, que somente ocorre nos casos previstos em
lei, como, por exemplo, a responsabilidade do dono do animal por seus ataques (art. 936 do
CC), coisas caídas de uma habitação (art. 938 do CC), danos causados na relação de consumo
(arts. 12 e 14 do CDC), ou então quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, em riscos para o direito de outrem.
Ocorre que, o legislador do marco civil por meio da seção III da lei, artigos 18 a 21,
criou uma modalidade de responsabilidade civil em total contrassenso a defesa de seus
usuários e aos princípios e garantias constitucionais, visto que limita a responsabilidade dos
provedores de aplicativos a simples hipótese de indenização quando da sua inércia, bem como
condiciona os usuários “vitimas” de atos ilícitos ao ingresso de medida judicial com a
finalidade de cessar o dano, que por si só consiste em uma pratica morosa dado o volume de
pendências de nosso judiciário, e que, só contribui para permanência do dano.
Outrossim, o marco civil da internet é completamente incongruente ao que prevê os
demais dispositivos infraconstitucionais supracitados, vez que ignora a hipótese de
responsabilidade civil objetiva em razão do risco a atividade (art.927, “PU”) adotada pelo
Código de Defesa do Consumidor, já que para muitos doutrinadores os usuários e provedores
de internet e aplicativos deveriam ser responsabilizados pelos atos ilícitos cometidos por seus
usuários, e seria este o ônus do exercício da atividade.
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Parece claro que o provedor de conexão não é responsável por quaisquer atos
praticados pelos terceiros que usam os canais de comunicação por eles fornecidos.
Assim como companhia de telefones não são responsáveis, por exemplo, pela
extorsão que alguém cometesse por telefone, não se pode responsabilizar o provedor
de conexão pelos ilícitos praticados pelos seus usuários.
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Civil – Dano Moral – Internet – Matéria ofensiva a honra inserida em página virtual
– Ação movida pelo ofendido em face do titula desta e do hospedeiro –
Corresponsabilidade – Não caracterização – Extensão – Pertinência subjetiva quanto
ao provedor – Ausência – Sentença que impõe condenação solidária – Reforma.
Em contrato de hospedagem de página da internet, ao provedor incumbe abrir ao
assinante o espaço virtual de inserção na rede, não lhe competindo interferir na
composição da página e seu conteúdo, ressalvada a hipótese de flagrante ilegalidade.
O sistema jurídico brasileiro atual não preconiza a responsabilidade civil do
provedor hospedeiro, solidária ou objetiva, por danos morais decorrente de inserção
pelo assinante, em sua página virtual, de matéria ofensiva a honra de terceiro.
No caso em tela, não obstante na data do processo não haver dispositivo legal em
nosso ordenamento que previsse a responsabilidade civil dos provedores de conexão, o
magistrado decidiu pela ausência de responsabilidade solidaria ou objetiva sob o argumento
de que o provedor de conexão apenas disponibilizava o espaço virtual para o assinante de seus
serviços, e não realizava qualquer interferência no conteúdo da página.
usuários decorrentes de conteúdos gerados por terceiros, em decisão agora a luz do art.18º,
“caput” da Lei 12.965/2014.
Nesse sentido, o art. 15, “caput” do marco civil, complementa a definição de provedor
de aplicações, o qual, segundo este seria, a pessoa jurídica, que exerce a atividade de
administração desses sistemas de aplicações, de forma organizada, profissionalmente e com
fins lucrativos. Vale ressaltar aqui que “a finalidade lucrativa” conforme definido pelo marco
civil, evidentemente não está ligada ao fato do provedor de aplicativo cobrar os usuários para
utilizar das funcionalidades de seu sistema, mas sim considerando que este obtenha lucro de
suas atividades, seja ele por meio da venda de produtos e serviços, propagandas, dentre
outros.
Feitas essas considerações, o art. 19, “caput” é o único dispositivo legal que
especificamente regulamenta a responsabilidade dos provedores de aplicações no âmbito do
marco civil, assim veja:
Destarte, como o provedor de aplicações que o presente artigo trata, não modera, filtra
ou controla diretamente o conteúdo gerado por terceiros, devemos estudar sua
responsabilidade objetiva e subjetiva.
Cabe ressaltar mais uma vez aqui, que dá análise do art. 19, “caput” fica claro que este
disciplina especialmente a responsabilidade civil dos provedores de aplicativos por danos a
usuários decorrentes de conteúdos gerados por terceiros em seus sistemas, fato este que não
afasta a incidência de demais normas infraconstitucionais que regulamentam por exemplo, a
qualidade da prestação de seu serviço, o acesso e manutenção ao seu sistema e demais
matérias relativas ao Código de Defesa do Consumidor – Lei 8.078/1990, e portanto não se
aplica a regra da responsabilidade civil objetiva.
O fato é que, de acordo com a quantidade de usuários e, consequentemente, da
receita dos provedores oriundos das informações registradas nas funcionalidade como
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consentimento expresso para tais finalidades, o que na prática já ocorre na maioria dos casos
mediante anuência dos conhecidos Termos de Uso e Políticas de Privacidade.
Portanto, os provedores de aplicações, como o Marco Civil, têm a permissão legal,
mediante consentimento do usuário, de guardar e utilizar comercialmente todas as
informações de seus usuários, desde que não vedado expressamente por Lei, assim como,
desde que tais cláusulas estejam destacadas das demais (art. 7, inciso XI). Com o começo da
Internet e o aumento das técnicas eletrônicas de comunicação no país, a proteção ao direito
fundamental de privacidade ganhou maior atenção. As questões de maior divergência sobre a
falta de precauções com cookies, base de dados, prática de spaming e monitoramento de e-
mails. Diante de tal questão, considerando que o Código de Defesa do Consumidor já
determina que a prestação de serviços seja realizada com clareza, atualmente há uma lei
especificando tal questão no sentido de que as regras sensíveis devem ser destacadas das
demais, por esse ângulo, os provedores de aplicações poderão executar suas atividades
comerciais com maior segurança jurídica.
Além disso, ponderando que os provedores de aplicações que são utilizados para
práticas ilícitas são grandes grupos econômicos, já que quanto maior o numero de usuários
utilizando a função, maior a disseminação e exposição do conteúdo considerado ofensivo. Os
provedores tem o dever de, através de seus termos de uso, impor as regras para o emprego de
suas funcionalidades, conferindo sanções administrativas na hipótese de eventual
descumprimento. O contrato de prestação de serviço entre o provedor de funcionalidades de
internet e seus usuários em certas circunstancias pode impedir de forma eficiente
determinadas discussões, também esclarecer dúvidas e permitir condutas, sem se fazer
necessário a busca de um processo judicial, contanto que sejam observadas as normas de
ordem pública.
Por meio do contrato de prestação de serviços que é assinado pelo usuário de forma
eletrônica, é capaz de conter cláusulas individualizadas sobre o tratamento das atuações
ilícitas efetuadas dentro da plataforma, disciplinando os usuários por meio de cancelamento
dos serviços, suspensão ou advertência. É válido salientar que devem se tratar de casos em
que não exista duvidas sobre a ilicitude da conduta, casos em que além de aplicar sanções
administrativas ao usuário, o provedor tem o dever de retirar de forma urgente o conteúdo a
contar do momento de sua ciência, como por exemplo nos casos de racismo, violação da
propriedade intelectual e pornografia infantil.
Contudo, quando o provedor encontra um conteúdo que não é claramente ilegal,
existindo insegurança sobre a ilicitude ou não da conduta,
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta é a parte final do artigo, na qual se apresenta uma recapitulação do que já foi
tratado no desenvolvimento do trabalho, por isso não deve conter assuntos ou temas novos
que não tenham sido abordados ao longo do estudo.
Trata-se de uma recapitulação sintética dos resultados da pesquisa, ressaltando o
alcance de suas contribuições. Dessa forma, não se trata de um simples resumo da pesquisa,
mas uma síntese interpretativa dos principais argumentos abordados no desenvolvimento.
Se na Introdução foram apresentadas hipóteses, as mesmas deverão ser retomadas no
sentido de responder se conseguiu ou não chegar ao que havia sido proposto.
REFERÊNCIAS
As referências são obrigatórias e devem ser elaboradas conforme a NBR 6023, apresentadas
em ordem alfabética alinhadas à esquerda, em espaço simples (1,0 cm) e separados entre si
por um espaço simples (1,0 cm). Exemplo:
CORREIA, Larissa Costa; SOUZA, Nadia Aparecida de. Pesquisa bibliográfica ou revisão de
literatura: traçando limites e ampliando compreensões. In: XIX ENCONTRO ANUAL DE
INICIAÇÃO CIENTÍFICA. 2010, Guarapuava. Anais eletrônicos... Guarapuava, PR:
UNICENTRO, 2010, p. 1-4. Disponível em: <http://anais.unicentro.br/xixeaic/pdf/1262.pdf>.
Acesso em: 20 fev. 2017.
MACEDO, Neusa Dias de. Iniciação à pesquisa bibliográfica: guia do estudante para a
fundamentação do trabalho de pesquisa. 2. ed. São Paulo: Loyola, 1994.
AGRADECIMENTOS (opcional)