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SUMÁRIO

1 TIPOS DE ESTADO ................................................................................................................................................ 8


1.1 Estado Liberal ........................................................................................................................................................... 9
1.1.1 Núcleos do liberalismo ................................................................................................................................... 9
1.1.2 Conquistas .............................................................................................................................................................. 9
1.1.3 Transição do Estado liberal ao Estado social ................................................................................. 9
1.2 Estado Social.......................................................................................................................................................... 10
1.2.1 Núcleos do Estado Social ........................................................................................................................... 10
1.2.2 Conquistas ........................................................................................................................................................... 10
1.2.3 Estado social no Brasil ................................................................................................................................... 11
1.3 Neoliberalismo ....................................................................................................................................................... 11
2 FORMAS DE GOVERNO ...................................................................................................................................... 11
3 SISTEMAS DE GOVERNO .................................................................................................................................. 12
3.1 Presidencialismo .................................................................................................................................................. 12
3.2 Parlamentarismo ................................................................................................................................................ 13
4 FORMAS DE ESTADO .......................................................................................................................................... 13
4.1 Principais formas ................................................................................................................................................. 13
5 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES .................................................................................................. 14
5.1 Conceito ..................................................................................................................................................................... 14
5.1.1 Quanto ao conteúdo ...................................................................................................................................... 14
5.1.2 Quanto à forma ................................................................................................................................................. 14
5.1.3 Quanto ao modo de elaboração........................................................................................................... 15
5.1.4 Quanto à origem .............................................................................................................................................. 15
5.1.5 Quanto à extensão (classificação apresentada por Bonavides) ..................................... 15
5.1.6 Quanto à estabilidade.................................................................................................................................. 15
5.1.7 Elementos ............................................................................................................................................................. 16
6 SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO ............................................................................................................. 16
7 PODER CONSTITUINTE....................................................................................................................................... 16
7.1 Conceito ..................................................................................................................................................................... 16
7.2 Titularidade ............................................................................................................................................................. 17
7.3 Preâmbulo ............................................................................................................................................................... 17
7.4 Divisões ...................................................................................................................................................................... 17
7.4.1 Poder constituinte originário................................................................................................................... 17
7.4.2 Poder constituinte derivado ................................................................................................................... 18
8 CONSTITUIÇÃO ...................................................................................................................................................... 20

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8.1 Fenômenos que envolvem uma nova constituição................................................................... 20
8.2 Estrutura da Constituição ......................................................................................................................... 20
8.3 Princípios fundamentais e objetivos da República: ............................................................... 20
8.4 Eficácia das normas constitucionais ................................................................................................... 22
8.4.1 Normas de eficácia plena ......................................................................................................................... 22
8.4.2 Normas constitucionais de eficácia contida .............................................................................. 22
8.4.3 Normas constitucionais de eficácia limitada ............................................................................ 22
9 DIREITOS FUNDAMENTAIS .......................................................................................................................... 23
9.1 Aspectos importantes sobre os direitos fundamentais ........................................................... 23
9.2 Características dos direitos fundamentais ..................................................................................... 25
9.3 Eficácia .................................................................................................................................................................... 25
9.4 Sujeitos de direitos fundamentais ....................................................................................................... 25
9.5 Distinção de direitos humanos e fundamentais ........................................................................ 26
9.6 Relação dos direitos fundamentais com os tratados internacionais .......................... 26
9.7 Garantias dos direitos fundamentais ................................................................................................. 27
9.8 Limitação dos direitos fundamentais ................................................................................................ 27
10 DIREITOS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE .......................................................................................... 30
10.1 Direito à vida ....................................................................................................................................................... 30
10.2 Direito à Igualdade.......................................................................................................................................... 31
10.3 Direito à Liberdade......................................................................................................................................... 33
10.3.1 Liberdade de expressão ........................................................................................................................... 33
10.3.2 Liberdade de manifestação do pensamento .......................................................................... 33
10.3.3 Liberdade de informação ...................................................................................................................... 34
10.3.4 Liberdade religiosa .....................................................................................................................................36
10.3.5 Liberdade de profissão ............................................................................................................................39
10.3.5 Liberdade de locomoção.......................................................................................................................39
10.3.6 Liberdade de reunião ............................................................................................................................. 40
10.3.7 Liberdade de associação ...................................................................................................................... 40
10.4 Proteção à intimidade e vida privada............................................................................................... 42
10.5 Proteção do domicílio ................................................................................................................................ 42
10.6 Proteção ao sigilo das comunicações ............................................................................................. 43
10.7 Proteção à propriedade ............................................................................................................................ 44
10.8 Propriedade imaterial..................................................................................................................................46
10.8.1 Propriedade intelectual ...........................................................................................................................46
10.9 Garantias Constitucionais ......................................................................................................................... 47
11 DIREITOS SOCIAIS................................................................................................................................................49

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12 DIREITOS DE NACIONALIDADE ............................................................................................................... 50
13 DIREITOS POLÍTICOS ......................................................................................................................................... 54
13.1 Capacidade eleitoral....................................................................................................................................... 54
13.1.1 Capacidade eleitoral ativa ....................................................................................................................... 54
13.1.2 Capacidade eleitoral passiva ................................................................................................................55
13.2 Inelegibilidades .................................................................................................................................................55
13.2.1 Inelegibilidades Absolutas .....................................................................................................................55
13.2.2 Inelegibilidades Relativas.......................................................................................................................55
13.3 Perda e suspensão dos direitos políticos ........................................................................................ 57
13.3.1 Perda...................................................................................................................................................................... 57
13.3.2 Suspensão ........................................................................................................................................................ 58
14 PARTIDOS POLÍTICOS ......................................................................................................................................59
15 PRINCÍPIOS .............................................................................................................................................................. 62
15.1 Princípio da legalidade................................................................................................................................. 62
15.2 Princípio da reserva legal ...........................................................................................................................63
15.3 Princípio do devido processo legal .....................................................................................................63
15.4 Princípio da inadmissibilidade de provas ilícitas ......................................................................64
16 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO FEDERAL BRASILEIRO ................................................................64
16.1 Conceito ................................................................................................................................................................. 65
16.2 Composição........................................................................................................................................................ 65
16.3 Entes federativos............................................................................................................................................. 66
16.3.1 União Federal.................................................................................................................................................. 66
16.3.2 Estados-Membros ....................................................................................................................................... 67
16.3.3 Municípios ........................................................................................................................................................ 67
16.3.4 Distrito Federal .............................................................................................................................................. 67
16.4 Autonomia dos estados na federação ............................................................................................. 68
16.5 Procedimentos para alteração de estados – membros e municípios ....................... 68
16.5.1 Procedimentos para alteração de estados - membros .................................................... 68
16.5.2 Procedimentos para alteração de municípios ...................................................................... 69
17 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA .............................................................................................................. 71
17.1 TIPOS DE COMPETÊNCIA............................................................................................................................. 71
17.1.1 Competência comum ................................................................................................................................. 71
17.1.2 Competência exclusiva ............................................................................................................................. 72
17.1.3 Competência privativa .............................................................................................................................. 72
17.1.4 Competência concorrente ..................................................................................................................... 72
17.2 Esquema de repartição de competências ..................................................................................... 73

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17.2.1 Competência da União Federal .......................................................................................................... 73
17.2.2 Competência dos Estados - membros ......................................................................................... 73
17.2.3 Competência dos Municípios.............................................................................................................. 73
17.2.4 Competência do Distrito Federal ..................................................................................................... 74
18 INTERVENÇÃO ...................................................................................................................................................... 75
18.1 Conceito .................................................................................................................................................................. 75
18.2 Quem poderá intervir? ................................................................................................................................. 75
18.3 Intervenção federal ........................................................................................................................................ 76
18.4 Intervenção estadual .................................................................................................................................... 78
18.5 Ação Direta Interventiva ............................................................................................................................. 79
19 PROCESSO LEGISLATIVO .............................................................................................................................. 80
19.1 Emendas constitucionais............................................................................................................................ 82
19.2 Leis complementares e Leis Ordinárias ...........................................................................................84
19.3 Medidas Provisórias....................................................................................................................................... 86
19.4 Decretos ................................................................................................................................................................ 88
19.5 Leis Delegadas .................................................................................................................................................. 89
20 SEPARAÇÃO DE PODERES .......................................................................................................................... 91
20.1 PODER LEGISLATIVO ..................................................................................................................................... 91
20.1.1 Conceito ..............................................................................................................................................................93
20.1.2 Funcionamento e estruturas internas do poder legislativo ..........................................93
20.1.3 Atribuições do legislativo....................................................................................................................... 97
20.1.3.1 Atribuições fiscalizatória ..................................................................................................................... 97
20.1.3.2 Atribuições de julgamentos ............................................................................................................. 97
21 TRIBUNAL DE CONTAS ................................................................................................................................... 98
21.1 Quem será fiscalizado e em quais dimensões? .......................................................................... 99
21.2 Critérios de nomeação ................................................................................................................................ 99
21.3 Resumo ................................................................................................................................................................ 100
21.4 Competência ................................................................................................................................................... 100
21.5 Postura do STF após súmula..................................................................................................................102
22 IMUNIDADE PARLAMENTAR .................................................................................................................. 103
22.1 Imunidade material .................................................................................................................................... 104
22.2 Imunidade formal ....................................................................................................................................... 105
22.3 Foro privilegiado ........................................................................................................................................... 105
23 PODER EXECUTIVO..........................................................................................................................................110
23.1 Vacância ................................................................................................................................................................110
23.1.1 Hipóteses de vacância ............................................................................................................................... 111

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23.2 Funções do chefe do executivo ............................................................................................................ 111
23.3 Ministros e Ministérios ................................................................................................................................ 113
24 CRIME DE RESPONSABILIDADE ............................................................................................................. 113
24.1 Natureza dos crimes de responsabilidade ................................................................................... 113
24.2 Fases do processo .......................................................................................................................................... 113
24.3 Responsabilidade penal do Presidente da República ........................................................ 114
24.3.1 Foro privilegiado .......................................................................................................................................... 114
24.3.2 Quando o presidente poderá ficar suspenso de suas funções? ................................ 114
24.4 Impeachment de Prefeitos Municipais.......................................................................................... 114
24.5 Competência .................................................................................................................................................... 115
24.5.1 Competência legislativa ........................................................................................................................ 115
24.5.2 Competência nos casos de improbidade administrativa ............................................. 116
24.6 Jurisprudência ................................................................................................................................................. 116
25 PODER JUDICIÁRIO ........................................................................................................................................120
25.1 Órgãos do Poder Judiciário ....................................................................................................................120
25.2 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS ...................................................................................................120
25.3 Garantias da Magistratura ...................................................................................................................... 122
25.4 Competência dos tribunais ................................................................................................................... 122
26 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA - EMENDA nº 45/2004 ............................................. 123
27 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA........................................................................................................ 125
27.1 Ministério Público .......................................................................................................................................... 125
27.1.1 Garantias institucionais e impedimentos .................................................................................. 125
27.2 Advocacia Pública ........................................................................................................................................ 125
27.3 Advocacia ........................................................................................................................................................... 126
27.4 Defensoria Pública ....................................................................................................................................... 126
28 ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL............................................................................................................. 126
28.1 Ordem econômica e financeira .......................................................................................................... 126
28.2 Ordem social .................................................................................................................................................... 129
28.2.1 Competência ............................................................................................................................................... 130
29 DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS .......................................... 136
30 DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL .......................................................................... 138
30.1 Princípios da administração pública .............................................................................................. 138
30.1.1 Princípio da legalidade .......................................................................................................................... 138
30.1.2 Princípio da Supremacia do interesse público ................................................................... 140
30.1.3 Princípio da Publicidade..................................................................................................................... 140
30.1.4 Princípio da Igualdade/isonomia .................................................................................................... 141

6
30.1.5 Princípio da Impessoalidade ............................................................................................................ 142
30.1.6 Princípio da Moralidade administrativa ................................................................................... 142
30.1.7 Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade ............................................................... 143
30.1.8 Princípio da motivação ......................................................................................................................... 144
30.1.9 Princípio da eficiência ........................................................................................................................... 145
30.1.10 Princípio da Presunção de legitimidade e veracidade ................................................ 145
30.2 Organização da administração pública ....................................................................................... 145
30.2 .1 Centralização ou descentralização ............................................................................................. 146
30.3 Administração pública direta.............................................................................................................. 147
30.3.1 O que é um órgão? ................................................................................................................................... 147
30.3.2 Hierarquia ...................................................................................................................................................... 148
30.3.3 Classificação dos órgãos ...................................................................................................................... 148
30.3.4 Competência ............................................................................................................................................... 149
30.3.5 Personalidade judiciária ...................................................................................................................... 149
30.3.6 Criação de órgãos públicos .............................................................................................................. 150
30.3.7 Hierarquia e competência ................................................................................................................ 150
30.4 Administração pública indireta ......................................................................................................... 152
30.4.1 Entes da Administração Pública .................................................................................................... 153
30.4.2 Controle administrativo das entidades da administração indireta ...................... 155
30.5 Servidores públicos..................................................................................................................................... 156
30.5.1 Diferença entre cargo, emprego e função .............................................................................. 156
30.5.2 Regime jurídico do servidor em sentido amplo ................................................................. 156
30.5.3 Remuneração dos servidores .......................................................................................................... 157
30.5.3.1 Teto remuneratório do serviço público ................................................................................. 158
30.5.4 Processo administrativo disciplinar ............................................................................................ 158
30.5.5 Aposentadoria dos servidores públicos ................................................................................... 159
30.6 Improbidade administrativa ................................................................................................................ 159
30.6.1 Elementos do ato de improbidade administrativa .......................................................... 159
30.6.2 Sanções cabíveis ...................................................................................................................................... 160
30.6.3 Procedimentos ......................................................................................................................................... 160
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................................. 161

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1 TIPOS DE ESTADO

São tipos de Estado e suas principais características:

LIBERAL SOCIAL NEOLIBERAL

Estado omisso Estado interventivo Estado mínimo

Sociedade livre Sociedade assistida Sociedade autônoma

Economia de mercado Intervenção estatal na Economia de mercado


nacional economia global

A desigualdade é Redução da Aceitação da


natural desigualdade social desigualdade

Função do Estado: Função do Estado: Função do Estado:


segurança bem-estar social garantias mínimas

Direito natural Direito nacional-social Direito internacional


Lex mercatória

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1.1 Estado Liberal

Características do Estado liberal:

→ Surge a partir da revolução francesa e estadunidense;


→ Burguesia tomada como classe dos não-nobre e dos não-clero, e, ricos e pobres;
→ Revolta contra a noção de estamento e comemoração da liberdade individual;
→ O Estado deveria limitado, contido pelos direitos naturais. Não deveria intervir da
autonomia dos cidadãos;
→ Papel do Estado, assim, é mínimo, pois não podendo interferir na autonomia dos
cidadãos, deve apenas ater-se aos serviços principais de criação de normas mínimas
para o cumprimento dos contratos, organizar os exércitos e a chancelaria, bem como
oferecer segurança interna, além de órgãos capazes de julgar as contendas.

1.1.1 Núcleos do liberalismo

→ Núcleo moral: liberdade e dignidade individuais. Garantir-se-iam tais liberdades


através de leis gerais e abstratas iguais para todos. Igualdade e liberdade formais;
→ Núcleo político-jurídico: ideia de consentimento individual para os atos de
governo (voto), representação, soberania popular, constituição limitativa dos poderes
do Estado;
→ Núcleo econômico: individualismo ou livre iniciativa ou livre mercado. Liberdade
total na circulação dos fatores de produção. Laissez Faire Laisser Passez.

1.1.2 Conquistas

São conquistas do Estado liberal:

→ Fim da escravidão em geral;


→ Fim dos privilégios nobiliárquicos;
→ Governos representativos;
→ Liberdades econômicas;
→ Maior comércio internacional;
→ Liberdade de imprensa;
→ Existiam políticas públicas sociais, mas de caráter meramente emergenciais e
assistenciais. Existia também atuação do Estado na economia, porém mais tímida.

1.1.3 Transição do Estado liberal ao Estado social

→ Revolução industrial;
→ Primeiros problemas trabalhistas;
→ Repressão aos movimentos coletivos;
→ Reconhecimento dos movimentos coletivos;
→ Surgimento de centros urbanos;
→ Críticas de Marx;
→ Atuação de Bismarck;
→ Progressiva atuação do Estado nas áreas social e econômica;
→ Constatação da insuficiência das ideias de liberdade e igualdade formais;
→ Primeira Guerra Mundial;

9
→ Crise de 1929;
→ New Deal;
→ Segunda Guerra Mundial;
→ Doutrinas sociais da Igreja (Rerum Novarum – 1891);
→ Revoluções socialistas Russa e Mexicana, em 1917 e 1919, respectivamente;
→ Constituição de Weimar, em 1919;
→ Utilitarismo reflexivo das elites, i.e., vão-se os anéis, ficam os dedos.

1.2 Estado Social

O Estado social, também conhecido como Estado de bem-estar social ou


Welfare State, é um Estado que intervém na economia, dirigindo-a e planificando-a.
A distribuição de bens não é mais uma questão apenas de mercado, mas sim
de Estado, o qual passa a ser um instrumento de busca da felicidade para toda a
nação. O papel do Estado é, assim, de forte atuação, através de serviços públicos. De
um Estado abstencionista, passa-se a um Estado intervencionista.

1.2.1 Núcleos do Estado Social

→ Núcleo moral: Apenas a não-intervenção na esfera de liberdade e a não-


intervenção não garantem que isto passe a existir. São necessários serviços públicos
para que as pessoas possam realmente gozar de sua liberdade. A igualdade não
pode ser mais formal, mas sim material, i.e., devem existir serviços públicos que
garantam a liberdade a todos. Existência de normas prestacionais, concessoras de
direitos;
→ Núcleo político-jurídico: ideia de coletivo. Estado continua a preservar a liberdade
individual, todavia, é acrescida uma preocupação social;
→ Núcleo econômico: intervencionismo estatal. Keynesianismo. O Poder Público é
atuante na economia, regulamentado a concorrência, o regime de preços, e os
direitos mínimos.

1.2.2 Conquistas

São conquistas do Estado social:

→ Direitos trabalhistas;
→ Direito à educação primária;
→ Direitos previdenciários;
→ Direitos do consumidor;
→ Direitos da criança e do adolescente;
→ Direitos do idoso;
→ Assistência social voltada à emancipação;
→ Direitos da concorrência;
→ Proteção contratual;
→ Igualdade material, i.e., tratamento dos desiguais como desiguais, e não como
iguais. Ex.: tributos, ônus da prova, etc.

10
1.2.3 Estado social no Brasil

→ A partir da década de 1930;


→ Apareceu fortemente na Constituição de 1934, especialmente em se tratando de
direitos dos trabalhadores;
→ Por que a implantação do Estado social não fora completa no Brasil?
→ Busca de bem-estar social sem modificação da cultura aristocrática, sem serviços
públicos impessoais e, principalmente, sem democracia.

1.3 Neoliberalismo

→ Ideologia estritamente econômica, praticamente sem preocupações políticas;


→ Redução do papel do Estado;
→ Entrega dos setores antes vinculados ao Estado à iniciativa privada. Regime
privado no que antes era serviços públicos;
→ Contenção dos gastos públicos;
→ Argumento de que existe alta tributação;
→ Fundo moral: Robert Nozick, em seu famoso Anarquia, Estado e Utopia: tirar de
um para dar a outro é observar a pessoa com meio, e não como fim em si mesmo;
→ O processo de organização e estruturação do Estado responde pela existência de
três configurações institucionais, estabelecidas como três distintos regimes jurídicos.

2 FORMAS DE GOVERNO

AS CLASSIFICAÇÕES PROPOSTAS abaixo foram extraídas da obra: SILVA, José


Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros Editores.

Governo1 é o conjunto das funções pelas quais, no Estado, é assegurada a


ordem jurídica. É o modo pelo qual o poder se organiza e se distribui entre
governantes e governados, tendo como base o nível de intervenção da população no
governo. Este elemento estatal apresenta-se sob várias modalidades, quanto à sua
origem, natureza e composição, do que resultam as diversas formas de governo.

→ Quanto à sua origem: de direito ou de fato;


→ Quanto ao seu desenvolvimento: legal ou despótico;
→ Quanto à extensão do poder: absolutista ou constitucional.

→ Governo de direito: é aquele que foi constituído de conformidade com a lei


fundamental do Estado, sendo, por isso, considerado como legítimo perante a
consciência jurídica da nação;
→ Governo de fato: é aquele implantado ou mantido por via de fraude ou violência;
→ Governo legal: é aquele que, seja qual for a sua origem, se desenvolve em estrita
conformidade com as normas vigentes de direito positivo. Subordina-se ele próprio
aos preceitos jurídicos, como condição de harmonia e equilíbrio sociais;
→ Governo despótico: ao contrário do governo legal, é aquele que se conduz pelo
arbítrio dos detentores eventuais do poder, oscilando ao sabor dos interesses e
caprichos pessoais;

1
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 36. ed. São Paulo: Malheiros, 2013.

11
→ Governo constitucional: é aquele que se forma e se desenvolve sob a égide de uma
Constituição, instituindo a divisão do poder em três órgãos distintos e assegurando
a todos os cidadãos a garantia dos direitos fundamentais, expressamente
declarados;
→ Governo absolutista: é o que concentra todos os poderes num só órgão.

A classificação proposta por Aristóteles – e a opção pelo governo do meio:

Monarquia Tirania
Normais Aristocracia Anormais Oligarquia
Democracia Demagogia

3 SISTEMAS DE GOVERNO

O sistema de governo indica a forma e o conteúdo da divisão orgânica de


poder, que irá sofrer variações em conformidade com o sistema escolhido, no caso:
presidencialista ou parlamentarista.

3.1 Presidencialismo

O Presidente da República acumula as funções de Chefe de Estado (pessoa


jurídica de direito público externo, i. e, em relação aos Estados estrangeiros), a de
Chefe de Governo e Chefe da Administração Pública (pessoa jurídica de direito
público interno). Todas as funções do Presidente da República estarão descritas na
Constituição a partir do art. 84 da CF.
É importante dizer que sua permanência no poder não depende da confiança
do Poder Legislativo, nem mesmo para sua investidura, cumprindo mandato por
tempo determinado, que, no caso brasileiro, é de 4 anos, permitida uma recondução
por igual período.
Os ministros de Estado são simples auxiliares do Presidente da República que
têm poder para nomeá-los e exonerá-los a qualquer tempo, chamamos de cargos
ad nutum, exigindo-se apenas que sejam maiores de 21 anos, no caso brasileiro.
O eventual plano de governo, mesmo quando aprovado por lei, depende
exclusivamente da coordenação do Presidente da República, que o executará ou
não, apenas apresenta prestações de contas financeiras ou orçamentárias ao Poder
Legislativo.
É sistema típico das Repúblicas.
O Poder Legislativo (no nosso caso, Congresso Nacional, Assembleias
Legislativas, Câmara Distrital e Câmaras de Vereadores) não está sujeito à dissolução
e não é Parlamento no sentido estrito, pois seus membros (embora chamados
parlamentares) são eleitos pelo povo e por um período fixo de mandato;
As relações entre o Poder Executivo e o Legislativo são mais rígidas,
prevalecendo o princípio da separação de poderes independentes e autônomos,
embora possam ser harmônicos.
Presidente da República e os parlamentares são eleitos democraticamente
pelo sufrágio universal.

12
3.2 Parlamentarismo

Em grande maioria, decorre das monarquias constitucionais, como no caso


europeu.
Duas são as principais figuras do Poder Executivo: um Chefe de Estado (pessoa
jurídica de Direito Público Externo), normalmente exercido pelo Monarca ou pelo
Presidente da República, e um Chefe de Governo exercido por um Primeiro Ministro
ou Presidente do Conselho de Ministros.
O Primeiro Ministro é indicado ou mesmo nomeado pelo Presidente da
República, mas sua investidura definitiva bem como sua permanência posterior no
cargo, dependem da confiança da Câmara dos Deputados e às vezes até do próprio
Senado.
A aprovação do Primeiro Ministro e do seu Conselho de Ministros pela Câmara
de Deputados se faz pela aprovação de um plano de governo a eles apresentado, de
modo que a Câmara assume a responsabilidade de governo aprovando o plano e
empenhando-se pelo mesmo perante o povo.
O governo é responsável ante o Parlamento (Câmara dos Deputados), o que
significa que o governo depende de seu apoio e confiança para governar, ou seja, o
Parlamento é responsável perante os eleitores, de sorte que a responsabilidade
política se realiza do governo para com o Parlamento e deste para com o povo.
Assim, se o Parlamento retirar a confiança no governo, ele cai, exonera-se, porque
não tem mandato, mas apenas investidura de confiança.
O governo é assim exercido por um corpo coletivo orgânico de modo que as
medidas governamentais implicam a atividade de todos os Ministros e seus
ministérios.

4 FORMAS DE ESTADO

Critério territorial, tendo como referência a existência e o conteúdo do regime


de descentralização político-administrativa de cada Estado, indicando a existência
de um Estado Unitário ou Federal. Parte da composição geral do Estado, a estrutura
do poder, sua unidade, distribuição e competências no território do Estado.

4.1 Principais formas

ESTADO UNITÁRIO ESTADO FEDERAL


Não possui poder constituinte Possui poder decorrente, podendo,
decorrente, ou seja, não pode fazer uma assim, elaborar sua própria Constituição
Constituição local, podendo, apenas, sem precisar pedir autorização ao
fazer um Estatuto local que precisará ser governo federal.
aprovado por órgão central.
Não é prevista nenhuma participação Os Estados federados participam,
específica das regiões autônomas. através de seus representantes, na
elaboração e revisão da Constituição
Federal.
No Estado unitário, não existe qualquer No Estado Federal, existe uma segunda
segunda Câmara Parlamentar de Câmara Parlamentar, cuja composição
representação das regiões autônomas ou é definida em função dos Estados
federados (Câmara dos Deputados).

13
cuja composição seja definida em função
delas.

ESTADO CONFEDERAL ESTADO FEDERAL


Surgiu através de pacto, de um tratado. Surgiu por meio de uma Constituição.
É uma união que permite que a qualquer É uma união indissolúvel dos Estados-
momento seja quebrado o pacto e que Membros. Não há direito de secessão.
um dos Estados se retire da
Confederação.
Permite ao pacto o direito de nulificação O Estado-Membro, por atuar nas
pelo qual o Estado pode opor-se às decisões do Estado Federal através dos
decisões do órgão central. senadores, não admite discrepância em
relação às suas decisões.

5 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

5.1 Conceito

Considerada sua lei fundamental, seria, então, a organização dos seus


elementos essenciais: um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que
regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício
do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos
fundamentais do homem e as respectivas garantias; em síntese, é o conjunto de
normas que organiza os elementos constitutivos do Estado.

As classificações propostas a seguir foram extraídas da obra: SILVA, José


Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros Editores.

5.1.1 Quanto ao conteúdo

→ Constituição material: é tida como um conjunto de normas constitucionais


escritas ou costumeiras, inseridas ou não em um texto único, que regulam a estrutura
do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais. Refere-se
apenas às matérias essencialmente constitucionais, ou seja, aquelas que dizem
respeito aos elementos constitutivos do Estado, ou seja: o povo, o território, o governo
e a finalidade.
→ Constituição formal: é aquela contida em um documento solene estabelecido
pelo poder constituinte e somente modificável por processos e formalidades
especiais previstos no próprio texto constitucional.

5.1.2 Quanto à forma

→ Constituição escrita: é aquela sistematizada em um texto escrito, elaborado por


um órgão constituinte ou imposta pelo governante, contendo, em regra, todas as
normas tidas como fundamentais sobre a estrutura do Estado, a organização dos
poderes constituídos, seu modo de exercício e limites de atuação e os direitos
fundamentais. As Constituições formais serão sempre por escritas, pois apresentam
normas constantes em um texto único.

14
→ Constituições codificadas: são aquelas que se acham contidas inteiramente num
só texto, com os seus princípios e disposições sistematicamente ordenados e
articulados em títulos.
→ Constituições legais: são formadas por textos esparsos ou fragmentados -
entretanto, todos escritos. Ex.: a Constituição francesa de 1875.
→ Constituição não escrita (ou costumeira ou ainda consuetudinária): é a aquela
cujas normas não constam de um documento único e solene, baseando-se,
principalmente, nos costumes, na jurisprudência, em convenções e em textos
escritos esparsos. Ex.: Constituição Inglesa.

5.1.3 Quanto ao modo de elaboração

→ Constituição dogmática: é a elaborada por um órgão constituinte, em que


sistematiza os princípios (dogmas) fundamentais da teoria política e do direito
dominantes em uma época certa. Deverá obrigatoriamente ser escrita.
→ Constituição histórica: produto da formação histórica, dos fatos sociopolíticos,
que se cristalizam como normas fundamentais da organização de determinado
Estado. Deverá obrigatoriamente ser costumeira.

5.1.4 Quanto à origem

→ Constituições populares (ou democráticas ou promulgadas): são aquelas que se


originam de um órgão constituinte composto de representantes do povo, eleitos
para o fim de as elaborar e estabelecer. Ex.: as Constituições brasileiras de 1891, 1934,
1946 e 1988.
→ Constituições outorgadas: são as impostas pelo governante, sem a participação
popular. Ex.: Constituições brasileiras de 1824, 1937, 1967 e 1969.

5.1.5 Quanto à extensão (classificação apresentada por Bonavides)

→ Constituição concisa ou breve: abrange apenas princípios gerais ou regras


básicas de organização e funcionamento do Estado. Em regra geral, é uma
Constituição material, isto porque apresenta a matéria constitucional, em sentido
estrito. Ex.: Constituições americanas, francesas de 1946, as chilenas de 1833 e 1925 e
a dominicana de 1947.
→ Constituição prolixa: traz matéria alheia ao Direito Constitucional propriamente
dito e, ainda, preocupa-se em regulamentar os assuntos que tratam, deixando a
legislação ordinária pouco deste papel. Ex: Constituição brasileira de 1988.

5.1.6 Quanto à estabilidade

→ Constituição rígida: é somente alterável mediante processos, solenidades e


exigências formais especiais, diferentes e mais difíceis que os de formação das leis
ordinárias ou complementares. Esse é o caso da Constituição Brasileira, pois ela só se
altera mediante processo de emenda constitucional - art. 60 da CF.
→ Constituição flexível: é a que pode ser livremente modificada pelo legislador
segundo o mesmo processo de elaboração das leis ordinárias.
→ Constituição semirrígida: é a que contém uma parte rígida e uma flexível.

15
5.1.7 Elementos

Por sua generalidade, revela em sua estrutura normativa as seguintes categorias:


→ Orgânicos: se apresentam nas normas que regulam a estrutura do Estado e do
poder.
→ Limitativos: se manifestam nas normas que consubstanciam o elenco dos direitos
e garantias fundamentais; limitam a ação dos poderes estatais e dão a tônica do
Estado de Direito (individuais e suas garantias, de nacionalidade, políticos).
→ Socioideológicos: consubstanciados nas normas socioideológicas, que revelam a
caráter de compromisso das constituições modernas entre o Estado individualista e
o social intervencionista;
→ De estabilização constitucional: consagrados nas normas destinadas a assegurar
a solução dos conflitos constitucionais, a defesa da constituição, do Estado e das
instituições democráticas;
→ Formais de aplicabilidade: são os que se acham consubstanciados nas normas
que estatuem regras de aplicação das constituições, assim, o preâmbulo, o
dispositivo que contém as cláusulas de promulgação e as disposições transitórias,
assim, as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata.

6 SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO

→ Rigidez e supremacia constitucional: A rigidez decorre da maior dificuldade para


sua modificação do que as demais; dela emana o princípio da supremacia da
constituição, colocando-a no vértice do sistema jurídico.

→ Supremacia da Constituição Federal: por ser rígida, toda autoridade só nela


encontra fundamento e só ela confere poderes e competências governamentais;
exerce, suas atribuições nos termos dela; sendo que todas as normas que integram
a ordenação jurídica nacional só serão válidas se se conformarem com as normas
constitucionais federais.

Em síntese, a atual Constituição brasileira é: formal, escrita, dogmática,


promulgada, rígida, analítica ou dirigente e prolixa.

7 PODER CONSTITUINTE

7.1 Conceito

Poder constituinte é a máxima expressão da soberania popular - elemento


fundamental para a criação de um Estado”. Observação: o poder constituinte só é
exercitado em situações muito especiais.

Pode ser considerado como o poder de elaborar ou como o poder de atualizar


a Constituição mediante a criação ou o acréscimo, a supressão ou ainda a
modificação de normas constitucionais.

16
7.2 Titularidade

Parágrafo único do art. 1º da Constituição: TÍTULO I - Dos Princípios


Fundamentais:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição.

7.3 Preâmbulo

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional


Constituinte para instituir um Estado Democrático.

7.4 Divisões

7.4.1 Poder constituinte originário

É também conhecido como poder inicial, inaugural, cuja função é CRIAR UM


ESTADO NOVO, diverso do que vigorava em decorrência da manifestação do poder
constituinte que o precedeu.

Subdivisão:
a) Histórico, o verdadeiro poder constituinte originário, estruturado pela primeira vez;
b) Revolucionário: seriam os posteriores ao histórico, rompendo por completo com a
antiga ordem e instituindo uma nova

Características:
→ Formal: é um ato de criação propriamente dito, e atribui roupagem constitucional
a um complexo normativo;
→ Material: o material diz o que é constitucional, materializa e sedimente o que é
uma constituição.
→ Inicial: inaugura uma nova ordem;
→ Autônomo: terão autonomia para a instituição de uma nova ordem.
→ Ilimitado juridicamente: não tem que se preocupar com o direito anterior;
→ Incondicionado e soberano: não tem que se submeter a qualquer forma prefixada
de manifestação;
→ Poder de fato e poder político: caracterizado como uma energia, uma força social,
tem sua natureza como pré-jurídica.

Formas de Expressão:
→ Outorga: caracterizada pela expressão unilateral do agente revolucionário;
→ Assembleia nacional constituinte: nasce com a deliberação da representação
popular.

17
O BRASIL NÃO ADMITE DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS Importante!!
CONSTITUIÇÕES ORIGINÁRIAS,
JUSTAMENTE POR SEREM FRUTO DO PODER
CONSTITUINTE ORIGINÁRIO.

Decisão do STF:

A eficácia das regras jurídicas produzidas pelo poder


constituinte (redundantemente chamado de "originário")
não está sujeita a nenhuma limitação normativa, seja de
ordem material, seja formal, porque provém do exercício de
um poder de fato ou suprapositivo. Já as normas produzidas
pelo poder reformador, essas têm sua validez e eficácia
condicionadas à legitimação que recebam da ordem
constitucional. Daí a necessária obediência das emendas
constitucionais às chamadas cláusulas pétreas. [ADI 2.356
MC e ADI 2.362 MC, rel. p/ o ac. min. Ayres Britto, j. 25-11-2010,
P, DJE de 19-5-2011.]

7.4.2 Poder constituinte derivado

É denominado como instituído, constituído, secundário ou de segundo grau;


O poder constituinte derivado é criado e instituído pelo poder constituinte
originário;
É um poder limitado;
Sua atuação é condicionada pelo Poder Constituinte originário.

Subdivisão:
a) Poder constituinte derivado reformador:
Tem em capacidade de modificar a Constituição, por meio de um
procedimento específico;
Tem natureza jurídica, delimitado juridicamente;
Suas manifestações aparecem em forma de emendas constitucionais (art. 59, I
e art. 60);
O poder de reforma por meio de emendas pode em geral se manifestar a
qualquer tempo, sofrendo limites materiais, circunstanciais, formais e algumas vezes
temporais. Este poder consiste em alterar pontualmente uma determinada matéria
constitucional, adicionando, suprimindo, modificando alínea(s), inciso(s), artigo(s) da
Constituição;
Exemplos: No art. 60 parágrafos 4º e incisos, tem-se as cláusulas pétreas;
Também há impossibilidades de emendar à constituição na vigência do Estado
de defesa, de sítio e intervenção federal.

b) Poder constituinte derivado decorrente:


Também é derivado do originário e por ele limitado, também é jurídico e
encontra seus parâmetros estabelecidos pelo originário;

18
Sua missão é a de estruturar as Constituições dos Estados-membros –
competência que decorre da capacidade de auto-organização (característica dos
sistemas federativos);
Intervém para exercer uma tarefa de caráter nitidamente constituinte, tem um
caráter de complementaridade com relação à Constituição Federal;
Com relação ao âmbito de abrangência do território dos Estados-membros, o
exercício do poder constituinte derivado decorrente, foi concebido às Assembleias
legislativas, conforme estabelece o art. 11 dos ADCT.

c) Poder constituinte derivado revisor:


Também é limitado e condicionado, tem natureza jurídica e foi criado pelo
constituinte originário;
Não se trata necessariamente de um poder, mas de um processo de revisão que
está limitado pelo poder originário.
O art. 3º do ADCT determinou que a revisão constitucional aconteceria após 5
anos da promulgação constitucional, pelo voto da maioria absoluta dos membros do
Congresso nacional, em sessão unicameral;
A revisão poderia se dar numa única vez, não podendo passar por uma segunda
produção de efeitos;
O limite material do poder de revisão é o mesmo derivado do poder
constituinte reformador, qual seja, as cláusulas pétreas do art. 60, parágrafo 4º e
incisos, da Constituição Federal.

d) Poder constituinte derivado difuso (técnicas de decisão a exemplo da


interpretação conforme a Constituição):
Pode ser caracterizado como um poder de fato, que se manifesta por meio das
mutações constitucionais – ou seja, por meio da hermenêutica jurídica;
Se, por um lado, as mudanças implementadas pelo poder Constituinte
derivado reformador significam algo real, formal, palpável por meio de emendas
constitucionais, o poder constituinte difuso faz suas transformações de modo
espontâneo e informal, ou seja, através de um verdadeiro poder de fato, decorrente
das transformações sociais, políticas e econômicas.
O texto é o mesmo, mas o sentido que lhe é atribuído é outro.

PELO FATO DE AS EMENDAS


CONSTITUCIONAIS DECORREM DA
ATUAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE
DERIVADO, AS EMENDAS ENCONTRAM
LIMITAÇÕES FORMAIS E MATERIAIS,
Importante!!
PORTANTO, EMENDAS CONSTITUCIONAIS
PODEM SER DECLARADAS
INCONSTITUCIONAIS.

19
8 CONSTITUIÇÃO

8.1 Fenômenos que envolvem uma nova constituição

RECEPÇÃO: é o fenômeno pelo qual se recepciona toda a legislação


infraconstitucional (obviamente anterior à Constituição) que for materialmente
compatível com a ordem constitucional;
REPRESTINAÇÃO: ocorre quando uma legislação infraconstitucional revogada
sob a égide da Constituição anterior é revigorada pela nova ordem constitucional.
No plano constitucional no Brasil não é possível, já no plano infraconstitucional sim;
DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO: ocorreria quando a nova ordem constitucional
receberia a ordem anterior, mas dando-lhe status de norma infraconstitucional. Não
é admitida no direito brasileiro. Obs: admite-se como excepcionalidade de a
Constituição fizer de forma expressa, tal como ocorreu em relação ao art .34 do ADCT.

8.2 Estrutura da Constituição

Preâmbulo: Não tem força normativa – STF: em decorrência da palavra “Deus”:

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em


Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na
ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a
seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL.

Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da


proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição
estadual, não tendo força normativa". (ADI 2.076, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento
em 15-8-02, DJ de 8-8-03)

Normas constitucionais: 1) princípios; 2) regras (distinção de grau)


(Características do Constitucionalismo pós-guerra, que inseriu os princípios com
força normativa nas Constituições – destaque ao PRINCÍPIO DA DIGNIDADE
HUMANA);
Corpo (títulos, capítulos, artigos, incisos, alíneas);
Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (alguns mantêm
aplicabilidade até hoje).

8.3 Princípios fundamentais e objetivos da República:

Lembrando que princípios tem caráter deontológico, ou seja, estão no campo


do dever ser, possuindo força normativa. Apesar de sua maior abstração no âmbito

20
da interpretação e aplicação, os mesmos são também são diretamente aplicáveis.
ÁVILA, 2013.
Importante também referir que o Brasil adota a ideia da força normativa das
normas Constitucionais, ou seja, todas as normas gozam de alguma eficácia
constitucional.
Art. 1º da CF: A República Federativa do Brasil, formada pela
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição.

Art. 2º da CF: São Poderes da União, independentes e


harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Art. 3º da CF: Constituem objetivos fundamentais da


República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.

Art. 4º da CF: A República Federativa do Brasil rege-se nas


suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da
humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a
integração econômica, política, social e cultural dos povos da
América Latina, visando à formação de uma comunidade
latino-americana de nações.

21
8.4 Eficácia das normas constitucionais

Classificação de José Afonso da Silva obra Curso de Direito Constitucional Positivo.

8.4.1 Normas de eficácia plena

Normas constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata e


integral são aquelas normas da Constituição que, no momento em que esta entra
em vigor, estão aptas a produzir todos os seus efeitos, independentemente de norma
integrativa infraconstitucional. Como regra geral, criam órgãos ou atribuem aos
entes federativos competências. Não têm a necessidade de ser integradas.
Aproximam-se do que a doutrina clássica norte-americana chamou de normas
autoaplicáveis.
José Afonso da Silva (Curso de direito constitucional positivo) destaca que as
normas constitucionais de eficácia plena “... são as que receberam do constituinte,
normatividade suficiente à sua incidência imediata. Situam-se predominantemente
entre os elementos orgânicos da constituição. Não necessitam de providência
normativa ulterior para sua aplicação. Criam situações subjetivas de vantagem ou de
vínculo, desde logo exigíveis”. SARLET, 2013; SILVA, 2012.

8.4.2 Normas constitucionais de eficácia contida

As normas constitucionais de eficácia contida ou prospectiva têm


aplicabilidade direta e imediata, mas possivelmente não integral. Embora tenham
condições de, quando da promulgação da nova Constituição, produzir todos os seus
efeitos, poderá a norma infraconstitucional reduzir a sua abrangência.
Ao contrário do que ocorre com as normas constitucionais de eficácia limitada,
como será visto no item seguinte, em relação às quais o legislador infraconstitucional
amplia o âmbito de sua eficácia e aplicabilidade, no tocante às normas
constitucionais de eficácia contida, percebe-se verdadeira limitação (restrição) à
eficácia e à aplicabilidade. SARLET, 2013; SILVA, 2012.

8.4.3 Normas constitucionais de eficácia limitada

São aquelas normas que, de imediato, no momento em que a Constituição é


promulgada, não têm o condão de produzir todos os seus efeitos, precisando de uma
lei integrativa infraconstitucional. São, portanto, de aplicabilidade mediata e
reduzida, ou, segundo alguns autores, aplicabilidade diferida.
Nesse sentido, José Afonso da Silva, em sede conclusiva, observa que referidas
normas têm, ao menos, eficácia jurídica imediata, direta e vinculante já que: a)
estabelecem um dever para o legislador ordinário; b) condicionam a legislação
futura, com a consequência de serem inconstitucionais as leis ou atos que as ferirem;
c) informam a concepção do Estado e da sociedade e inspiram sua ordenação
jurídica, mediante a atribuição de fins sociais, proteção dos valores da justiça social
e revelação dos componentes do bem comum; d) constituem sentido teleológico
para a interpretação, integração reaplicação das normas jurídicas; e) condicionam a
atividade discricionária da Administração e do Judiciário; f) criam situações jurídicas
subjetivas, de vantagem ou de desvantagem. SARLET, 2013; SILVA, 2012.

22
ATENÇÃO!
As normas definidoras de direitos e garantias fundamentais têm aplicação
direta e imediata.

As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais, de acordo com o


art. 5º, § 1, da CF/88, têm aplicação imediata. Assim, podemos concluir que as normas
de eficácia plena e contida possuem a referida aplicabilidade imediata, não
acontecendo o mesmo com as normas de eficácia limitada, que, normalmente,
precisam de lei integrativa infraconstitucional para produzir integralmente aos seus
efeitos.

9 DIREITOS FUNDAMENTAIS

9.1 Aspectos importantes sobre os direitos fundamentais

As três dimensões ou gerações de direitos fundamentais (Obras: Ingo Sarlet,


Paulo Bonavides, Curso de Direito Constitucional):

23
1ª Dimensão
Os direitos fundamentais de primeira dimensão denominados
como os direitos civis, individuais e políticos surgiram consoantes
às ideias iniciais de constitucionalismo, marcado pelo
ascendente crescimento do pensamento individualista
característico do Estado liberal burguês. Referem-se ao direito de
liberdade dos cidadãos frente ao Estado. Sua esfera de atuação é
definir a área de domínio do Poder Público, e a área de domínio
individual, que não deve sofrer interferência do Estado, apenas o
Estado tem a função de guardião desses direitos. Por isso são
denominadas liberdades negativas e exigem do Estado à
abstenção, a não interferência. Ex.: direitos à vida, à liberdade, à
propriedade e à igualdade perante a lei. SARLET, 2013.

2ª Dimensão
Os direitos de segunda dimensão são os econômicos, sociais e
culturais. Surgiram frente ao impacto causado pela
industrialização e os graves problemas econômicos e sociais que
acompanharam este processo, podendo-se perceber que apenas
o reconhecimento formal dos direitos de igualdade e de
liberdade não é suficiente para garanti-los aos cidadãos. Para
tanto, exigiu-se do Estado uma posição efetiva para minimizar os
problemas sociais, daí seu caráter de dimensão positiva. Caberá
ao Estado outorgar aos cidadãos prestações de cunho
assistencial, propiciando saúde, educação, trabalho e outros. É a
passagem das liberdades formais abstratas para as liberdades
materiais concretas. Além do caráter de direitos de cunho
positivo, que é sua principal característica, trata também das
liberdades sociais, que envolvem a vida em sociedade, tais como:
liberdade sindical, direito de greve, direitos dos trabalhadores.
SARLET, 2013.
3ª Dimensão
A terceira dimensão de direitos, sob a influência das disparidades
de condições entre países, nações desenvolvidas e outras
subdesenvolvidas, desperta a necessidade humanitária, voltada
aos rumos da humanidade como um todo, centra-se na razão da
existência do ser humano, enquanto gênero, não apenas como
indivíduo ou uma pequena coletividade. É uma nova
preocupação concernente ao ser humano no sentido relacional,
em consonância com outros seres humanos, sem barreiras físicas
e econômicas. A essência desse direito está num sentimento
voltado ao bem-estar universal. Obviamente, fala-se dos direitos
de terceira dimensão como direitos de solidariedade,
fraternidade – sua titularidade é indeterminada- de todos. Ex.:
paz, direito das gerações futuras à proteção ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado. SARLET, 2013.

24
9.2 Características dos direitos fundamentais

→ Inalienabilidade: a impossibilidade de transferência e de abdicação destes direitos,


não importando se é a título gratuito ou oneroso;
→ Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se perdem, nem possuem
decurso de prazo, podendo ser invocados a qualquer momento;
→ Irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia por parte de seu titular;
inviolabilidade, não podem ser desrespeitados por autoridades públicas ou normas
infraconstitucionais;
→ Universalidade: abrange todos os direitos dos indivíduos, sem qualquer tipo de
distinção;
→ Efetividade: o poder público deve atuar no sentido de garantir esses direitos;
interdependência, apesar de serem autônomos estão diretamente ligados para
atingirem suas finalidades;
→ Complementaridade: não devem os direitos fundamentais ser interpretados
isoladamente, eles completam-se entre si.

9.3 Eficácia

EFICÁCIA IRRADIANTE (HORIZONTAL X VERTICAL)


Os direitos fundamentais têm sua incidência de forma direta tanto nas relações
do Estado/cidadão (vertical), bem como em relação aos particulares (horizontal),
sendo que ambos estão direta e imediatamente vinculados à realização dos direitos
fundamentais, mesmo que em diferentes graus de vinculação, quando reclamados
frente à jurisdição na tutela destes direitos.
Muito embora, o fato de se reconhecer a vinculação direta e imediata dos
particulares aos direitos fundamentais não implica sua aplicação na mesma
proporção nas relações privadas quanto ocorre nas relações entre Estado e cidadão
(vertical), visto que os particulares são detentores do princípio da autonomia privada
(e também detentores de direitos fundamentais)
Trata-se de identificar contra quem os direitos fundamentais são exercidos:
→ ESTADO: "eficácia direta contra o Estado") - Via de regra;
→ TERCEIROS: outros particulares ("eficácia horizontal" ou "indireta" ou "eficácia
perante terceiros, que não o Estado".

O efeito dos direitos fundamentais no âmbito privado é diverso e, sob certo


aspecto, menos energético do que aquele verificado nas relações com o Poder
Público, Direito fundamental x autonomia privada. (MENDES, 2013)

9.4 Sujeitos de direitos fundamentais

→ SUJEITO PASSIVO: Por excelência é o Estado, contudo, terceiros também poderão


figurar o polo passivo (chamamos de eficácia horizontal);
→ SUJEITO ATIVO: A leitura literal do caput do art. 5º levaria a pensar que são titulares
os BRASILEIROS e ESTRANGEIROS RESIDENTES. Contudo, cabe lembrar que, pela
teoria da compatibilidade, ESTRANGEIROS NÃO RESIDENTES E PESSOA JURÍDICA
podem ser titulares de direitos fundamentais, desde que compatíveis.
Exemplo 1: a proteção da propriedade de uma empresa;
Exemplo 2: um estrangeiro não residente poderá impetrar habeas corpus.

25
9.5 Distinção de direitos humanos e fundamentais

Note-se que o texto constitucional atual, no seu parágrafo terceiro, diz que
SOMENTE OS TRATADOS INTERNACIONAIS EM MATÉRIA DE DIREITOS HUMANOS
QUE TIVEREM A VOTAÇÃO QUALIFICADA (3/5 em 2 turnos em 2 casas) TERÃO
FORÇA DE EMENDA CONSTITUCIONAL – LOGO, FORÇA DE CONSTITUIÇÃO. Sendo
assim, é possível dizer que há tratados internacionais em matéria de direitos
humanos que não serão considerados direitos fundamentais (pois estes estão na
Constituição). Ante a dogmática do texto constitucional, parece que a Constituição
pretende sim adotar tal distinção que terá implicações práticas relevantes no âmbito
da hierarquia e proteção dessas normas no ordenamento jurídico brasileiro.
Distinção proposta na obra do prof. Ingo Wolfgang Sarlet (A eficácia dos direitos
fundamentais):

A diferenciação tem consequências de ordem prática, especialmente


no que diz respeito à interpretação e aplicação das normas de direitos
fundamentais e/ou direitos humanos.

9.6 Relação dos direitos fundamentais com os tratados internacionais

Art. 5°, § 2°, CF 1988 diz que "Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte".
Como se vê, a Constituição, em seu art. 5°, §2°, institui um sistema
constitucional aberto - não excluindo outros decorrentes dos tratados internacionais
em matéria de direitos humanos. O catálogo dos direitos elencados no art. 5º é
exemplificativo, não é taxativo, exaustivo, pois encontra-se direitos fundamentais
esparsos na Constituição
Art. 5º, § 3º da CF: "Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais“.
Ou seja, após a EC/45 de 2004, os tratados internacionais aprovados com a
votação acima, equiparam-se às normas de direitos fundamentais, justamente por
ser considerados o nível de uma emenda constitucional.

- Força de norma supralegal: o caso do depositário infiel


O fato é que a Constituição, no seu art. 5º, LXVII, prevê a prisão civil em caso de
inadimplemento de prestação alimentícia e em caso de depositário infiel.
A CF já dispõe, no parágrafo 2º do artigo 5º, que os direitos e garantias nela
expressos “não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte”.
Nesse sentido, existe o Pacto de São José da Costa Rica que o Brasil ratificou
em 1992, que não prevê a prisão civil de depositário infiel, contrariando dispositivo
constitucional expresso. Após grande embates entre as teorias unista (dizendo que
todo tratado quando ratificado ganhou status de emenda constitucional – que não
era a corrente adotada pelo STF) e dualista (que dizia que os tratados internacionais

26
entrariam com força de lei ordinária - ou seja, inferior a Constituição - que era até
então a posição adotada pelo STF), surge a EMENDA CONSTITUCIONAL 45/2004, que
acrescentou um parágrafo 3º ao artigo 5º da CF para dispor que esse status (a
equiparação a dispositivo constitucional) somente será alcançado se o Congresso
Nacional ratificar o respectivo tratado ou convenção, por votação em dois turnos, em
duas casas do congresso, com maioria de três quintos. Contudo, como o tratado era
anterior à emenda, a decisão do STF foi no sentido de considerar os tratados
anteriores a 2004 com força de norma supralegal. (BONAVIDES, 2016)

SÚMULA VINCULANTE DO STF N. 25


Consequência: no Brasil fica proibida a prisão civil do depositário infiel.

9.7 Garantias dos direitos fundamentais

Aplicação direta e imediata

OS DIREITOS FUNDAMENTAIS SÃO CLÁUSULAS PÉTREAS, NÃO PODEM SER


ABOLIDOS DA CONSTITUIÇÃO EM HIPÓTESES ALGUMA.

Art. 60, §4ºda CF


I - Forma Federativa;
II - Voto secreto, direto universal e periódico;
III - Separação de Poderes;
IV- Direitos e garantias individuais.

9.8 Limitação dos direitos fundamentais

DIREITOS FUNDAMENTAIS ESTÃO SUJEITOS A LIMITES E RESTRIÇÕES


Sempre está presente a máxima da otimização no sentido de máxima de
garantia e proteção dos direitos fundamentais nos estados democráticos, mas
DIREITOS FUNDAMENTAIS NÃO SÃO ABSOLUTOS, PODERÃO SOFRER
RELATIVIZAÇÕES FACE AO DIREITO FUNDAMENTAL DE OUTREM.
Limitações internas, que dizem respeito ao próprio direito, por assim dizer,
nascem juntamente com o direito.
Entre muitos os exemplos a serem arrolados, pode-se citar o art. 5º, XI, XII e XIII,
da Constituição Federal, que trata dos casos em que se restringe/limita direitos como
a inviolabilidade do domicílio, o sigilo de correspondência, o livre exercício do
trabalho (mediante a imposição de certas exceções ao exercício ilimitado destes
determinados direitos).

EXEMPLO:

É livre a locomoção no território nacional, EM TEMPO DE PAZ

Todos têm direito a voto, desde que possuam a idade


constitucionalmente exigida;

27
É livre a manifestação do pensamento, VEDADO O ANONIMATO!

ATENÇÃO!

As limitações poderão aparecer de forma expressa no texto constitucional


(essas chamamos de limitações expressas), ou as mesmas poderão ser dispostas
em normas infraconstitucionais (chamadas de limitações não expressas):
1) por reserva legal: caso em que a Constituição autoriza a limitação a um direito
fundamental. Ex.: liberdade de profissão (onde a Constituição autoriza criar
limitações ao seu exercício); ou
2) cláusula geral, quando aquela conduta é considerada proibida por outras
disposições legais. Ex.: a liberdade de expressão não comporta proferir incitar a
violência, pois é ilícito. LOGO, NÃO HÁ DIREITO FUNDAMENTAL QUE POSSA SER
INVOCADO PARA NOS PROTEGER DE ALGO ILÍCITO.

Proporcionalidade
Restrições de ordem externa, ou seja, espécies de “limitações” práticas que serão
analisadas nos casos em concreto, pois a redução deste conteúdo de direito
fundamental se realiza por força de algo que lhe é exterior ao seu próprio conteúdo,
situações fáticas as quais poderão exigir certas restrições. (ÁVILA, Humberto, Teoria
dos Princípios, 2013)

ATENÇÃO PARA OS TRÊS PASSOS:

ADEQUAÇÃO: dever de adequação do meio - exige que no caso


concreto se verifique se o fim é legítimo, se era o meio mais adequado,
apto, útil e idôneo, no sentido de atingir a finalidade pretendida;
NECESSIDADE: dever de necessidade do meio - onde se exige a adoção
do meio menos gravoso, que a utilização deste meio proporcionou
menos desvantagens e afetação a um direito fundamental, seus
resultados trazem menores prejuízos;
PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO: que é a análise da
relação custo/benefício, obtida através da análise entre o resultado
obtido pelo emprego do meio eleito e a afetação desvantajosa dele
decorrente aos direitos fundamentais. Ex.: a própria legítima defesa –
dano moral.

POSSIBILIDADE DE RESTRIÇÃO A DIREITOS FUNDAMENTAIS DESCRITAS NA


CONSTITUIÇÃO: O CASO DO ESTADO DE DEFESA E ESTADO DE SÍTIO:

ESTADO DE DEFESA ESTADO DE SÍTIO


Casos legitimadores (art. 136, caput, da CF) – Casos legitimadores (art. 136, I e II, da CF)
Preservação ou restabelecimento, em locais I - comoção grave de repercussão nacional ou
restritos e determinados, da ordem pública ocorrência de fatos que comprovem a
ou da paz social ameaçadas por grave e ineficácia de medida tomada durante o estado
iminente instabilidade institucional ou de defesa;
atingidas por calamidades de grandes II - declaração de estado de guerra ou resposta
proporções na natureza a agressão armada estrangeira

28
Presidente ouve o Conselho da República e Presidente ouve o Conselho da República e o
o Conselho de Defesa Nacional (art. 136, Conselho de Defesa Nacional (art. 137, caput, da
caput, da CF) CF)
Presidente edita diretamente decreto de Presidente solicita autorização ao Congresso
estado de defesa (art. 136, caput, da CF), que Nacional para decretar estado de sítio (art. 137,
tem vigência imediata; após edição da CF), relatando os motivos determinantes
Presidente submete em 24 horas, ao para tanto; Congresso decide por maioria
Congresso Nacional, o decreto para absoluta (art. 137, § único, da CF)
aprovação por maioria absoluta, relatando
os motivos determinantes para tanto (art.
136, § 1º, da CF)
Em caso de recesso, Congresso se reúne em Em caso de recesso, Presidente do Senado
5 dias (art. 136, § 5º, da CF) convoca o Congresso Nacional para se reunir
em 5 dias (art. 138, § 2º, da CF)
Congresso decide sobre ratificação do Congresso Nacional precisa autorizar
decreto em 10 dias (art. 136, § 6º, da CF), se previamente, por maioria absoluta, a
rejeitada cessa o estado de defesa (art. 136, § decretação (art. 137, § único, da CF)
7º, da CF)
Decreto determina: (i) tempo de duração; (ii) Decreto indica: (i) tempo de duração; (ii) as
áreas abrangidas; (iii) medidas adotadas, normas necessárias a sua execução; (iii)
nos termos e nos limites de uma lei garantias constitucionais que ficarão
ordinária (art. 136, § 1º, da CF) suspensas, e, depois de publicado, o Presidente
da República designará (iv) o executor das
medidas específicas e (v) as áreas abrangidas
(art. 138, caput, da CF)
Medidas passíveis de adoção, "dentre Medidas passíveis de adoção (art. 137, I, da CF):
outras" (art. 136, § 1º, da CF): I - obrigação de permanência em localidade
I - restrições aos direitos de: determinada;
a) reunião, ainda que exercida no seio das II - detenção em edifício não destinado a
associações; acusados ou condenados por crimes comuns;
b) sigilo de correspondência; III - restrições relativas à inviolabilidade da
c) sigilo de comunicação telegráfica e correspondência, ao sigilo das comunicações, à
telefônica; prestação de informações e à liberdade de
II - ocupação e uso temporário de bens e imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da
serviços públicos, na hipótese de lei (excluída a difusão de pronunciamentos de
calamidade pública, respondendo a União parlamentares efetuados em suas Casas
pelos danos e custos decorrentes Legislativas, desde que liberada pela respectiva
Mesa – art. 139, § único, da CF);
IV - suspensão da liberdade de reunião;
V - busca e apreensão em domicílio;
VI - intervenção nas empresas de serviços
públicos;
VII - requisição de bens
→ Art. 137, II, da CF: Cabe ao próprio decreto
indicar discricionariamente quais direitos serão
restringidos, e como esses direitos serão
restringidos

29
Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado,
determinada pelo executor da medida, será
por este comunicada imediatamente ao
juiz competente, que a relaxará, se não for
legal, facultado ao preso requerer exame de
corpo de delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de
declaração, pela autoridade, do estado
físico e mental do detido no momento de
sua autuação;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa
não poderá ser superior a dez dias, salvo
quando autorizada pelo Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do
preso.
Tempo de duração do estado de defesa não O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não
será superior a trinta dias, podendo ser poderá ser decretado por mais de trinta dias,
prorrogado uma vez, por igual período, se nem prorrogado, de cada vez, por prazo
persistirem as razões que justificaram a sua superior; no caso do inciso II, poderá ser
decretação (art. 136, § 2º, da CF) decretado por todo o tempo que perdurar a
guerra ou a agressão armada estrangeira (art.
138, § 1º, da CF)
Congresso Nacional permanece Congresso Nacional permanecerá em
funcionando enquanto vigorar o estado de funcionamento até o término das medidas
defesa (art. 137, § 6º, da CF) coercitivas (art. 138, § 3º, da CF)
Art. 140 da CF: A Mesa do Congresso Art. 140 da CF: A Mesa do Congresso Nacional,
Nacional, ouvidos os líderes partidários, ouvidos os líderes partidários, designará
designará Comissão composta de cinco de Comissão composta de cinco de seus membros
seus membros para acompanhar e fiscalizar para acompanhar e fiscalizar a execução das
a execução das medidas referentes ao medidas referentes (...) ao estado de sítio.
estado de defesa (...)
Art. 141 da CF: Cessado o estado de defesa Art. 141 da CF: Cessado (...) o estado de sítio,
(...), cessarão também seus efeitos, sem cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da
prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos responsabilidade pelos ilícitos cometidos por
cometidos por seus executores ou agentes. seus executores ou agentes.
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de Parágrafo único. Logo que cesse o estado de
defesa ou o estado de sítio, as medidas defesa ou o estado de sítio, as medidas
aplicadas em sua vigência serão relatadas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo
pelo Presidente da República, em Presidente da República, em mensagem ao
mensagem ao Congresso Nacional, com Congresso Nacional, com especificação e
especificação e justificação das justificação das providências adotadas, com
providências adotadas, com relação relação nominal dos atingidos e indicação das
nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.
restrições aplicadas.

10 DIREITOS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE

10.1 Direito à vida

É o direito à existência, o direito de estar vivo, de lutar pelo viver, engloba o


direito de defender a própria vida, bem como o de permanecer vivo. Um exemplo é

30
permitido a legítima defesa, sendo possível que em norma da defesa de sua própria
vida, seja possível tirar a vida do outro.
Nesta dimensão, engloba-se o direito à integridade física e moral: isso pois o
corpo constitui um bem vital que é necessário a manutenção da vida humana. Ex:.
da doação de órgãos.

Vedação à tortura: Art. 5º, inciso III, da CF. OBS: Constitucionalmente, não se
tem positivado quando inicia a vida humana, não há previsão expressa, muita
embora a legislação ordinária incline-se para diferentes tendências. Ex.: CC direito do
nascituro, CP, quando da concepção. Nem mesmo o final está previsto pela
Constituição, embora seja indicada pela lei de doação de órgãos e tecidos –
utilizando-se o fim da proteção jurídica do direito à vida a morte encefálica.

Proibição da pena de morte: a Constituição que dê primazia ao direito à vida


torna incongruente a aplicação da pena de morte. Observação: no entanto, a
Constituição admite no caso de guerra declarada (art. 84, XIX e art. 5º, XLVII, a).

Proibição de aborto: o Código Penal assegura o direito à vida desde sua


concepção, prevendo apenas duas hipóteses em que se torna permitido: em caso de
risco de vida à mãe e em caso de estupro. Na decisão do Supremo Tribunal Federal
ADPF 54, admitiu-se o “aborto”, em se tratando de feto diagnosticado com
Anencefalia.

Proibição da eutanásia: conhecida como homicídio piedoso, ou “morte bela”,


é não admitida no direito constitucional pátrio.

Direito de viver com dignidade (sentido positivo): implica que os poderes


públicos realizem políticas públicas em detrimento e em benefício da dignidade de
todos cidadãos. Para exemplo, tem-se as políticas públicas de saúde. Outra
abordagem deste conteúdo pode ser dada referindo-se a proibição à tortura, que
traz um dispositivo próprio na Constituição.

ATENÇÃO: Integridade física e uso de algemas


SÚMULA VINCULANTE 11
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou
de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros,
justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual
a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

10.2 Direito à Igualdade

CONSTITUIÇÃO DE 1988: MATERIAL X FORMAL


Art. 5º, I – Homens e mulheres são iguais perante a lei em direitos e obrigações.”
“nos termos desta Constituição” – pois, em certos casos, será admitida uma
diferenciação em face das condições materiais diferenciadas – reconhecendo uma
história de desigualdade e as condições físicas diferenciadas. Ex.: licença
maternidade (art. 7º, VIII, da CF); aposentadoria (art. 40, parágrafo 1º, I, a e b + art. 201,

31
parágrafo 7º, ambos da CF); dispensa do serviço militar para as mulheres em tempos
de paz.
Cabem outras diferenças decorrentes de normas infraconstitucionais? Lei nº
9.029/95 proibindo atestados de gravidez para fins de admissão no emprego; Lei nº
10.714/2003 – telefone para denúncia; Lei Maria da Penha, cotas sociais e raciais, prazo
para aposentadoria, etc.

Questão da distinção de idade, peso, altura para concursos públicos: Regra


geral: é inconstitucional a limitação de idade, pois fere o princípio da isonomia.
Exceção: quando a natureza da atividade exigir. SÚMULA 683 do STF: limite de idade
só se justifica quando em razão da natureza da atividade” e deverá atender
CRITÉRIOS DA PROPORCIONALIDADE para justificar em razão da atividade.
Ex.: provas de títulos, exigência de escolaridade, altura mínima em concursos de
segurança pública, etc.

TESE IMPORTANTE DE REPERCUSSÃO GERAL DO STF;


‘Inexiste direito dos candidatos em concurso público à prova de segunda chamada
nos testes de aptidão física, salvo contrária disposição editalícia, em razão de
circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, mantida
a validade das provas de segunda chamada realizadas até 15/5/2013, em nome da
segurança jurídica.’

RE 837311 O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o


mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera
automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas
previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por
parte da administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do
Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado
durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo
candidato. Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em
concurso público exsurge nas seguintes hipóteses: I Quando a aprovação ocorrer
dentro do número de vagas dentro do edital; II Quando houver preterição na
nomeação por não observância da ordem de classificação; III Quando surgirem
novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior,
e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da
administração nos termos acima.

SÚMULA VINCULANTE 44
Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo
público.

É possível dizer que a Constituição de 1988 admite


desigualdades conhecidas como positivas, ou seja,
tratar de forma desigual os desiguais com intuito de
DICA promover a igualdades. É vedado tratamento
meramente discriminatórios, com intuito de propagar
a desigualdade. Em vista de tais questões, o Brasil
atua com a promoção de políticas públicas, trata de

32
ações afirmativas e discute tais questões no âmbito da
justiça distributiva.
Ex.: ADPF 186 (sobre a constitucionalidade de cotas
raciais no ingresso ao ensino superior no brasil foi
considerada constitucional!

DECISÃO DO STF IMPORTANTE SOB A ÓTICA DA IGUALDADE FOI A QUESTÃO DOS


TRANSGÊNERO – STF RE- RE 670422
O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de
sua classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além
da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto
pela via judicial como diretamente pela via administrativa;
II) Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a
inclusão do termo 'transgênero';
III) Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do
ato, vedada a expedição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio
interessado ou por determinação judicial;
IV) Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar
de ofício ou a requerimento do interessado a expedição de mandados específicos
para a alteração dos demais registros nos órgãos públicos ou privados pertinentes,
os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos.

10.3 Direito à Liberdade

10.3.1 Liberdade de expressão

Engloba tanto a manifestação do pensamento (art. 5º, incisos IV, da CF) quanto o
direito à informação (art. 5º, inciso XIV c/c art. 220 – comunicação social, ambos da
CF).
Inclui faculdades diversas: comunicação do pensamento, ideias, informações,
expressões não verbais.
Artigo 5ºda CF
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato;

Direito de Resposta: possibilidade de retrucar a ofensa veiculada na mídia


Artigo 5ºda CF
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

É o Direito de reação ao uso indevido da mídia que visa à proteção da imagem


e da honra do ofendido no exercício indevido do direito de liberdade de expressão.

10.3.2 Liberdade de manifestação do pensamento

Formas de expressão:
A liberdade de opinião exterioriza-se pelo exercício das liberdades como:
comunicação, de religião, de expressão intelectual, artística, científica e cultural.

33
Art. 5º, IV: É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato. Quanto a
vedação do anonimato, nestes termos, refere-se a manifestação do pensamento
entre locutores presentes, como de uma pessoa a outra (conversa, diálogo) ou de
uma pessoa para com as outras (palestras, conferências, discursos).

"Anonimato — Notícia de prática criminosa — Persecução criminal — Impropriedade.


Não serve à persecução criminal notícia de prática criminosa sem identificação da
autoria, consideradas a vedação constitucional do anonimato e a necessidade de
haver parâmetros próprios à responsabilidade, nos campos cível e penal, de quem a
implemente." (HC 84.827, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 7-8-07, DJ de 23-
11-07)

INFORMATIVO DO STF 922 – LIBERDADE DE EXPRESSÃO E AS UNIVERSIDADADES


INCONSTITUCIONAIS OS ATOS que violam a CF/88 os atos de busca e apreensão de
materiais de cunho eleitoral e a suspensão de atividades de divulgação de ideias em
universidades públicas e privadas.
• o ingresso de agentes públicos em universidades públicas e privadas;
• o recolhimento de documentos (ex: panfletos);
• a interrupção de aulas, debates ou manifestações de docentes e discentes
universitários;
• a realização de atividade disciplinar docente e discente e a coleta irregular de
depoimentos desses cidadãos pela prática de manifestação livre de ideias e
divulgação do pensamento nos ambientes universitários ou em equipamentos sob
a administração de universidades públicas e privadas. STF. Plenário. ADPF 548 MC-
Ref/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 31/10/2018

10.3.3 Liberdade de informação

Comporta direito de se informar e ser informado.

Artigo 5º da CF: (...)


XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado
o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo
ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

Direito de passar informação: É o teor do caput do art. 220 da CF, no qual se


admite que, por qualquer forma, processo ou veiculação, a informação não sofrerá
qualquer espécie de restrição, observado o disposto nesta Constituição (art. 220 e
parágrafos e art. 221), vedada qualquer forma de censura de caráter político,
ideológico e artístico.
Direito de se informar: é uma limitação estatal em frente à esfera individual,
que permite ao sujeito pesquisar, buscar informações de seu interesse, salvo art. 5°
XXXIII, da CF (matérias sigilosas) e art. 5º, XIV, da CF (profissionais de informação
quanto ao sigilo das fontes). Observação: em se tratando de informação relativa ao
próprio sujeito quanto a informações em cadastros públicos, banco de dados ou

34
outra de caráter público, a CF em seu art. 5º, LXXII, a garantia do remédio
constitucional do habeas data.
Direito de ser informado: enquanto forma de direito de receber informação,
só pode ser investido, reivindicado, diante quando simultaneamente atribui a
outrem o DEVER de informar, que em termos na CF, atribui-se apenas ao Poder
Público, conforme art. 5º, XXXIII, e art. 37, caput.

LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO - nº 12.527, de 18 de novembro de 2011


A transparência está associada à divulgação de informações que permitam que
sejam averiguadas as ações dos gestores e a consequente responsabilização por seus
atos. Na definição de transparência, são identificadas características em relação à
informação completa, objetiva, confiável e de qualidade, ao acesso, à compreensão
e aos canais totalmente abertos de comunicação. Engloba os seguintes atributos:
acesso, abrangência, relevância, qualidade e confiabilidade.

Regra: acesso à informação.


Exceção: possibilidade de sigilo em caso de segurança do Estado e interesse
público ou casos que se justifiquem em decorrência da preservação da
privacidade intimidade (segredo de justiça);
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes Executivo,
Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público;
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de
economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios.

Art. 2o da Lei nº 12.527/11: Aplicam-se as disposições desta Lei, no


que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que
recebam, para realização de ações de interesse público,
recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante
subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria,
convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres.

Art. 24 da Lei nº 12.527/11: A informação em poder dos órgãos e


entidades públicas, observado o seu teor e em razão de sua
imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado,
poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta ou
reservada.
§ 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à informação,
conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da
data de sua produção e são os seguintes:
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
II - secreta: 15 (quinze) anos; e
III - reservada: 5 (cinco) anos.

PARLAMENTAR E A CONDIÇÃO DE ACESSO Á INFORMAÇÃO


DECISÃO DO STF: Atividade parlamentar e o direito à informação. O Plenário deu
provimento a recurso extraordinário e fixou a seguinte tese de repercussão geral
(Tema 832): "O parlamentar, na condição de cidadão, pode exercer plenamente seu

35
direito fundamental de acesso a informações de interesse pessoal ou coletivo, nos
termos do art. 5º, inciso XXXIII, da Constituição Federal e das normas de regência
desse direito".
O Tribunal entendeu que o parlamentar, na qualidade de cidadão, não pode ter
cerceado o exercício do seu direito de acesso, via requerimento administrativo ou
judicial, a documentos e informações sobre a gestão pública, desde que não estejam,
excepcionalmente, sob regime de sigilo ou sujeitos à aprovação de Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI). O fato de as casas legislativas, em determinadas
situações, agirem de forma colegiada, por intermédio de seus órgãos, não afasta,
tampouco restringe, os direitos inerentes ao parlamentar como indivíduo. RE
865401/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 25.4.2018. (RE-865401) Parte 1: Parte
1: (Informativo 899)

10.3.4 Liberdade religiosa

SIGNIFICADO DE ESTADO LAICO: “Estado separado da religião” – não possui uma


religião oficial.

Art. 5º da CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
(...)
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

ESCUSA DE CONSCIÊNCIA: aquele que alegar afronta a convicção religiosa para


não prestar serviço militar receberá uma prestação alternativa - em caso de não
cumprimento tem como punição a perda dos direitos políticos.

Art. 33 da Lei n° 9.394/96 O ensino religioso, de matrícula


facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e
constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas
de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade
cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de
proselitismo.
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos
para a definição dos conteúdos do ensino religioso e
estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos
professores.

36
§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída
pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos
conteúdos do ensino religioso.

Nº 13.796, de 3 de janeiro de 2019. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996


(Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para fixar, em virtude de escusa de
consciência, prestações alternativas à aplicação de provas e à frequência a aulas
realizadas em dia de guarda religiosa. Art. 1º 1º A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), passa a vigorar acrescida do
seguinte art. 7º-A:

Art. 7º-A Ao aluno regularmente matriculado em instituição de


ensino pública ou privada, de qualquer nível, é assegurado, no
exercício da liberdade de consciência e de crença, o direito de,
mediante prévio e motivado requerimento, ausentar-se de
prova ou de aula marcada para dia em que, segundo os
preceitos de sua religião, seja vedado o exercício de tais
atividades, devendo-se-lhe atribuir, a critério da instituição e
sem custos para o aluno, uma das seguintes prestações
alternativas, nos termos do inciso VIII do caput do art. 5º da
Constituição Federal:
I - prova ou aula de reposição, conforme o caso, a ser realizada
em data alternativa, no turno de estudo do aluno ou em outro
horário agendado com sua anuência expressa;
II - trabalho escrito ou outra modalidade de atividade de
pesquisa, com tema, objetivo e data de entrega definidos pela
instituição de ensino.
§ 1º A prestação alternativa deverá observar os parâmetros
curriculares e o plano de aula do dia da ausência do aluno.
§ 2º O cumprimento das formas de prestação alternativa de que
trata este artigo substituirá a obrigação original para todos os
efeitos, inclusive regularização do registro de frequência.
§ 3º As instituições de ensino implementarão
progressivamente, no prazo de 2 (dois) anos, as providências e
adaptações necessárias à adequação de seu funcionamento às
medidas previstas neste artigo. (Vide Lei nº 13.796, de 2019)
§ 4º O disposto neste artigo não se aplica ao ensino militar a que
se refere o art. 83 desta Lei."

PROSELITISMO: POSSIBILIDADE DE TRANSMISSÃO DE CONTEÚDO EM


EMISSORAS DE RADIOFUSÃO DE CONTEÚDO RELIGIOSO – PREVALÊNCIA DA
LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

ADI: proselitismo e liberdade de expressão. O Plenário, por maioria, julgou


procedente pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade
do § 1º (1) do art. 4º da Lei 9.612/1998. O dispositivo proíbe, no âmbito da programação
das emissoras de radiodifusão comunitária, a prática de proselitismo, ou seja, a
transmissão de conteúdo tendente a converter pessoas a uma doutrina, sistema,
religião, seita ou ideologia. Prevaleceu o entendimento do ministro Edson Fachin no

37
sentido de que a norma impugnada afronta os artigos 5º, IV, VI e IX (2), e 220 (3), da
Constituição Federal (CF). (...)simplesmente inviável se fosse impedido o discurso que
se denomina proselitista. Dessa forma, a liberdade de pensamento inclui o discurso
persuasivo, o uso de argumentos críticos, o consenso e o debate público informado
e pressupõe a livre troca de ideias e não apenas a divulgação de informações.

Sacrifício de animais em rituais – STF MANIFESTOU-SE PELA


CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL E FORMAL DE LEIS ESTADUAIS QUE
GARANTAM O EXERCÍCIO DE LIBERDADE RELIGIOSA

É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de


resguardar a liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual de
animais em cultos de religiões de matriz africana.
Com base nessa orientação, o Plenário, por maioria, negou
provimento a recurso extraordinário em que discutida a
constitucionalidade da Lei estadual 12.131/2004, que
acrescentou o parágrafo único (1) ao art. 2º da Lei 11.915/2003 do
estado do Rio Grande do Sul (Código Estadual de Proteção aos
Animais). Informativo STF 935, de 03/2019.
Sob o prisma formal, improcede a alegação de
inconstitucionalidade ao argumento de a legislação versar
sobre matéria penal. O ato normativo impugnado acrescentou
ao código estadual situação de exclusão de responsabilidade
administrativa na hipótese de abate de animais em cultos
religiosos, que em nada se relaciona com a excludente de
ilicitude penal.
O caráter penal da legislação, por sua vez, exigiria a definição
de fatos puníveis e suas respectivas
sanções. O mencionado código estabelece regras de proteção
à fauna, define conceitos e afasta a prática
de determinadas condutas. Inexiste, portanto, descrição de
infrações, tampouco de penas a serem
impostas. Dessa forma, a natureza do diploma não é penal,
mostrando-se impróprio falar em usurpação de
competência da União. Igualmente não se pode considerar
ofensa à competência da União para editar normas gerais de
proteção do meio ambiente, sobretudo ante o silêncio da
legislação federal acerca do sacrifício de animais com
finalidade religiosa. Os dispositivos apontados pelo recorrente
(arts. 29 e 37 (2) da Lei 9.605/1988) cuidam tão somente do
abate de animais silvestres, sem abranger os domésticos,
utilizados nos rituais.
A laicidade do Estado veda o menosprezo ou a supressão de
rituais, principalmente no tocante a religiões minoritárias ou
revestidas de profundo sentido histórico e social. A CF promete
uma sociedade livre de preconceitos, entre os quais o religioso.
A cultura afro-brasileira merece maior atenção do Estado, por
conta de sua estigmatização, fruto de preconceito estrutural.

38
10.3.5 Liberdade de profissão

O art. 5º, XIII, da CF: “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.

Note-se que essa é uma norma de eficácia contida, ou seja, não havendo
regulamentação é possível o exercício pleno da profissão. Contudo, a
Constituição previu através da chamada reserva legal, que norma
infraconstitucional poderá trazer exigências ao exercício da profissão.

MUITO IMPORTANTE; certamente que tais exigências devem ser absolutamente


proporcionais, ou seja, compatíveis com as necessidades oriundas da profissão.

Exemplo prático é a exigência do bacharel em direito prestar a prova da OAB para,


uma vez aprovado, estar habilitado ao exercício da profissão. Lei nº 8.906/1994, que
dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (art. 8º, IV).
O dispositivo da lei já foi julgado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal.

Contudo, posição contrário foi a do STF quando declarou inconstitucional


a exigência de diploma em curso superior para exercício da profissão de
jornalista, por considerar incompatível com o cerne da profissão, ou seja,
liberdade de expressão.

O STF também entendeu não ser exigível a inscrição em conselho de fiscalização


como condição para o exercício da profissão de músico.

10.3.5 Liberdade de locomoção

Art. 5º, XV, da CF – “é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,


podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
com seus bens;”

Direito de locomoção em tempos de paz:


→ Ingressar no território nacional;
→ Estar no território nacional;
→ Permanecer no território nacional;
→ Deslocar-se no território nacional.

Observação: vale igualmente para os estrangeiros, no entanto, deve-se observar


legislação específica, que é o caso da exigência do visto. O visto não é um direito
subjetivo, é liberdade estatal (pois embora possa preencher todos os requisitos para
o recebimento do visto documentação e exigência, o Estado não é obrigado a
concedê-lo).

Outras possibilidades de restrição constitucional à liberdade de locomoção:


→ Estado de defesa art. 136 da CF;
→ Estado de Sítio art. 137 da CF;
→ Estado de Guerra declarada art. 137 da CF.

39
10.3.6 Liberdade de reunião

Art. 5º, inciso XVI, da CF: “todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais
abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem
outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido
prévio aviso à autoridade competente”.

Este é um direito, notadamente marcado pelo repúdio ao Regime militar, anos de


repressão a direitos, especialmente, liberdades.

O foco principal é a garantia da MANIFESTAÇÃO COLETIVA DO PENSAMENTO.

Requisitos essenciais para a “liberdade de reunião”:


→ Ser pacífica;
→ Sem armas;
→ Não frustrar outra reunião agendada;
→ Locais abertos ao público;
→ Prévia comunicação das autoridades competentes;
→ Fim lícito e determinado.

ATENÇÃO! Não confundir liberdade de reunião com liberdade de


associação.

10.3.7 Liberdade de associação

Art. 5º, XVII, da CF - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de
caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de Cooperativas independem de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

Vale tanto para associações como para cooperativas.

O art. 5º, XIX, da CF– trata do encerramento e suspensão das atividades das
associações:
→ Suspensão: é temporária, provisória;
→ Dissolução é definitiva e só OCORRE APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DE
SENTENÇA JUDICIAL QUE DECRETAR A DISSOLUÇÃO.

Regra geral: é a garantia de permanência e funcionamento até a desconstituição


por seus associados.
Exceção: decisão judicial, é a única, exclusiva forma que pode mandar impedir,
mandar fechar, encerrar as atividades (não cabe processo administrativo).

O art. 5º, XXI, da CF: Direito de representação da associação: as entidades associativas,


quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados
judicial ou extrajudicialmente;”

40
STF: "A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em
favor dos associados independe da autorização destes." (SÚM. 629)
→ Judicial;
→ Extrajudicial;
→ Autorização deve ser expressa;
→ Procuração;
→ Decisão em assembleia;
→ Conformidade com o estatuto.

ATENÇÃO: cuidado com a finalidade da representação – a representação somente


autoriza fazer aquilo que tiver relação com aquilo que se propõe a associação.

SÚMULA VINCULANTE 40
A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é
exigível dos filiados ao sindicato respectivo.

NÃO OBRIGATORIEDADE DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. CONSTITUCIONAL NA


REFORMA TRABALHISTA:

Direitos e garantias fundamentais Reforma trabalhista e


contribuição sindical São compatíveis com a Constituição
Federal (CF) os dispositivos da Lei 13.467/2017 (Reforma
Trabalhista) que extinguiram a obrigatoriedade da
contribuição sindical e condicionaram o seu pagamento à
prévia e expressa autorização dos filiados. Com base nesse
entendimento, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF),
por maioria, julgou improcedentes os pedidos formulados em
ações diretas de inconstitucionalidade, e procedente o pedido
apresentado em ação declaratória de constitucionalidade, para
reconhecer a constitucionalidade do art. 1º da Lei 13.467/2017,
que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). No
âmbito formal, o STF entendeu que a Lei 13.467/2017 não
contempla normas gerais de direito tributário [CF, art. 146, III, "a"
(1)], dispensada a edição de lei complementar para tratar sobre
matéria relativa a contribuições. Também não se aplica ao caso
a exigência de lei específica prevista no art. 150, § 6º (2), da CF,
pois a norma impugnada não disciplinou nenhum dos
benefícios fiscais nele mencionados, quais sejam, subsídio ou
isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito
presumido, anistia ou remissão. Sob o ângulo material, o
Tribunal asseverou que a Constituição assegura a livre
associação profissional ou sindical, de modo que ninguém é
obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato [CF, art. 8º,
V (3)]. O princípio constitucional da liberdade sindical garante
tanto ao trabalhador quanto ao empregador a liberdade de se
associar a uma organização sindical, passando a contribuir
voluntariamente com essa representação. Ressaltou que a
contribuição sindical não foi constitucionalizada no texto
magno. Ao contrário, não há qualquer comando ao legislador

41
infraconstitucional que determine a sua compulsoriedade. A
Constituição não criou, vetou ou obrigou a sua instituição legal.

10.4 Proteção à intimidade e vida privada

Artigo 5°, inciso X, da CF: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação.

Conceito e conteúdo: A Constituição declara invioláveis a intimidade, a vida privada,


a honra e a imagem das pessoas (art. 5º, X); portanto, erigiu, expressamente, esses
valores humanos à condição de direito individual, considerando-o um direito conexo
ao da vida.

A tutela constitucional visa proteger as pessoas de 2 atentados particulares:


1) ao segredo da vida privada;
2) à liberdade da vida privada.

Observação: A privacidade está relacionada com a vida privada em sentido


amplo e, portanto, com todas as relações pessoais, tanto aquelas de caráter
íntimo como aquelas de cunho profissional, comercial, entre outras.

Segundo J. J. Canotilho, o direito à privacidade é composto por dois sub-direitos:


1) Direito a impedir o acesso de estranhos a informações sobre a vida privada e
familiar;
2) Direito a que ninguém divulgue as informações que tenha sobre a vida privada e
familiar de outrem.

Assim, outros direitos fundamentais funcionam como garantias do direito à


privacidade:
→ A inviolabilidade do sigilo de correspondência;
→ A inviolabilidade do lar e local de trabalho;
→ A proteção dos dados pessoais.

Quebra de sigilo e divulgação em site oficial. Os dados obtidos por meio da quebra
dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem ser mantidos sob reserva. Com base
nesse entendimento, o Plenário concedeu mandado de segurança para determinar
ao Senado Federal que retire de sua página na Internet os dados obtidos por meio
da quebra de sigilo determinada por comissão parlamentar de inquérito (CPI). MS
25940, rel. Min. Marco Aurélio, (Informativo 899)

10.5 Proteção do domicílio

Artigo 5°, inciso XI, da CF: A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial;

42
Casa para fins constitucionais possui um conceito extremamente amplo, incluindo
locais provisórios, como quartos de hotéis, casas de praia, etc, bem como o local de
trabalho.
Conceito de dia: STF das 6 horas às 18 horas: o não cumprimento gera prova ilícita –
devido ao princípio da proporcionalidade do STF já se aceitaram relativizações
acerca do horário.
A prova coletada sem o respeito à proteção do domicílio, por violar a intimidade ou
privacidade, constitui prova ilícita!

10.6 Proteção ao sigilo das comunicações

Art. 5º, inciso XII, da CF: É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal;

Engloba a proteção de todo o tipo de comunicação, reservado o seu direito de não


ser violado, com exceção de determinação judicial.
→ Telefônico;
→ Telégrafos: Entende o e-mail por analogia. A polêmica reside mais no fato dos e-
mails institucionais, destinados ao trabalho.
→ Dados;
→ Correspondência.

Quebra do sigilo telefônico será sempre utilizada como última medida. A Lei nº
9.296/96 regulamenta e diz que somente é permitido em processos penais:
→ SÓ SERÁ PERMITIDO NOS CRIMES PUNIDOS COM PENA DE RECLUSÃO;
→ fortes indícios de autoria (para reforçar a prova);
→ quando houver insuficiência de provas para a comprovação da autoria.

Quem poderá pedir a quebra de sigilo telefônico ao Juiz competente?


→ Autoridade policial do inquérito;
→ MP em inquérito e processo penal;
→ Art. 58, parágrafo 3º, da CF tem entendimento que a CPI poderia pedir;

Quem determina é o juiz competente que também pode fazer de ofício, somente se
o processo estiver em andamento.

PRAZO: O prazo legal é de 15 dias - prorrogáveis por + 15 dias. Em casos


extraordinários. a jurisprudência tem entendido e admitido a extensão do prazo.
Atualmente este tema é matéria de repercussão geral no STF.

Ressalta-se que há, na própria Constituição, a previsão de permissão de restrição da


garantia de sigilo das comunicações telefônicas, telegráficas e da correspondência,
em caso de Estado de Defesa e Estado de Sítio, nos arts. 136, §1º, I, c, e 139, III, ambos
da CF.

43
10.7 Proteção à propriedade

Art. 5ºda CF:


XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
Obs: propriedade intelectual também tem função social

FORMAS DE DESAPROPRIAÇÃO:
1) NECESSIDADE, UTILIDADE E INTERESSE SOCIAL: Art. 5º, inciso XXIV, da CF: a lei
estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
2) INTERESSE SOCIAL PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA: Ocorre apenas nas médias
e grandes propriedades improdutivas, sendo que a Indenização é em títulos da
dívida agrária resgatáveis em 20 anos, excetuando-se a indenização pelas
benfeitorias úteis e necessárias.

Art. 184 da CF: Compete à União desapropriar por interesse


social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja
cumprindo sua função social, mediante prévia e justa
indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte
anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização
será definida em lei.
§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em
dinheiro.
§ 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social,
para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação
de desapropriação.
§ 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento
contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial
de desapropriação.
§ 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos
da dívida agrária, assim como o montante de recursos para
atender ao programa de reforma agrária no exercício.
§ 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as
operações de transferência de imóveis desapropriados para fins
de reforma agrária.

Atenção ao caso de propriedade urbana:

Art. 182 da CF: A política de desenvolvimento urbano, executada


pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais
fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar de seus habitantes.

Política urbana é executada pelo Município, porém as diretrizes de desenvolvimento


urbano estão em lei da União (art. 22 da CF + Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257):

44
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com
mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento
e de expansão urbana.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

Conceito de função social: atender ao plano diretor


§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área
incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo
urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos,
em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os
juros legais.

Art. 185 da CF: São insuscetíveis de desapropriação para fins de


reforma agrária:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei,
desde que seu proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à
propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento
dos requisitos relativos a sua função social.

Art. 186 da CF: A função social é cumprida quando a


propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios
e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e
preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de
trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e
dos trabalhadores.

Caso de expropriação não haverá qualquer indenização ao proprietário

Art. 243 da CF: As propriedades rurais e urbanas de qualquer


região do País onde forem localizadas culturas ilegais de
plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na
forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária
e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções
previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art.
5º.

45
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico
apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será
confiscado e reverterá a fundo especial com destinação
específica, na forma da lei.

10.8 Propriedade imaterial

10.8.1 Propriedade intelectual

Ela pode ser dividida em AUTORAL E INDUSTRIAL.

PROPRIEDADE AUTORAL

Art. 5° da CF: (...)


XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos
herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e
à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas
atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos
intérpretes e às respectivas representações sindicais e
associativas;

PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Art. 5°, inciso XXIV, da CF: A lei assegurará aos autores de


inventos industriais privilégio temporário para sua utilização,
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos,
tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País.

Conceito de domínio público: após 70 anos da morte do autor ou na falta de


herdeiros.

PROPRIEDADE INDUSTRIAL
IMPORTANTE
X
DIFERENCIAR
PROPRIEDADE INTELECTUAL.

RESTRIÇÃO A PROPRIEDADE NA CONSTITUIÇÃO DE 1988

Trata-se de requisição de bens, que é restrição temporária ao direito de propriedade.

46
Art. 5°, inciso XXV, da CF: No caso de iminente perigo público, a
autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver
dano;

10.9 Garantias Constitucionais

Art. 5º da CF:
(...)
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização
que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
a vida;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
direitos e liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:

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a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do
art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos,
de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do
apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e
moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que
possam permanecer com seus filhos durante o período de
amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em
caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins, na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime
político ou de opinião;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
ilícitos;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
esta não for intentada no prazo legal;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à
família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o
de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por
sua prisão ou por seu interrogatório policial;

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LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;

Posição importante do STF:

Impossibilidade de prisão em face de condenação criminal em segunda instância


(antes do Trânsito em julgado da Sentença)

ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF: Último posicionamento do STF quanto a
possibilidade de prisão antes do trânsito em julgado da sentença

O Plenário, em conclusão de julgamento e por maioria, julgou procedentes pedidos


formulados em ações declaratórias de constitucionalidade para assentar a
constitucionalidade do art. 283 do CPP (1)

O relator afirmou que as ações declaratórias versam o reconhecimento da


constitucionalidade do art. 283 do CPP, no que condiciona o início do cumprimento
da pena ao trânsito em julgado do título condenatório, tendo em vista o figurino do
art. 5o, LVII, da CF (2). (Informativo 957).

Assim, de acordo com o referido preceito constitucional, ninguém será considerado


culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. A literalidade do
preceito não deixa margem a dúvidas: a culpa é pressuposto da sanção, e a
constatação ocorre apenas com a preclusão maior. O dispositivo não abre campo a
controvérsias semânticas

11 DIREITOS SOCIAIS

Art. 6º da CF: São direitos sociais a educação, a saúde, a


alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
90, de 2015)

ATENÇÃO A POSIÇÃO DO STF EM RELAÇÃO AO HOME SCHOOLING

RE 888815 Não existe direito público subjetivo do aluno ou de sua família ao


ensino domiciliar, inexistente na legislação brasileira.

DIREITO DE GREVE E SERVIDOR PÚBLICO – VEDADO A SERVIDORES DA


SEGURANÇA PÚBLICA:
INFORMATIVO STF: Direito de greve e carreiras de segurança pública O exercício do
direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a
todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública.
É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos
classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do Código de
Processo Civil (CPC), para vocalização dos interesses da categoria. Com base nessas

49
orientações, o Plenário, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário com
agravo interposto contra acórdão que concluiu pela impossibilidade de extensão aos
policiais civis da vedação do direito à greve dos policiais militares. Prevaleceu o voto
do ministro Alexandre de Moraes. Para ele, a interpretação teleológica dos arts. 9º,
37, VII, e 144 da Constituição Federal (CF) veda a possibilidade do exercício de greve
a todas as carreiras policiais previstas no citado art. 144. Não seria necessário,
ademais, utilizar de analogia com o art. 142, § 3º, IV, da CF, relativamente à situação
dos policiais militares. Esclareceu que a Constituição tratou das carreiras policiais de
forma diferenciada ao deixá-las de fora do capítulo específico dos servidores
públicos. Segundo o ministro, as carreiras policiais são carreiras de Estado sem
paralelo na atividade privada, visto que constituem o braço armado do Estado para
a segurança pública, assim como as Forças Armadas são o braço armado para a
segurança nacional. Diversamente do que ocorre com a educação e a saúde — que
são essenciais para o Estado, mas têm paralelo na iniciativa privada —, não há
possibilidade de exercício de segurança pública seja ostensiva pela Polícia Militar,
seja de polícia judiciária pela Polícia Civil e pela Polícia Federal, na União. Em outras
palavras, não há possibilidade de nenhum outro órgão da iniciativa privada suprir
essa atividade, que, por si só, é importantíssima e, se paralisada, afeta ainda o
exercício do Ministério Público e do próprio Poder Judiciário

12 DIREITOS DE NACIONALIDADE

BRASILEIROS ORIGINÁRIA VOLUNTÁRIA (necessita


buscar seu reconhecimento);
NATOS E DEPOIS DE NASCER (não se
UNILATERAL NASCIMENTO; dá tacitamente);
NATURALIZADOS Cada país estabelece as Processo de Naturalização
regras sobre outorga da (sempre ocorre perante a
nacionalidade p/ os que Justiça Federal);
nascerem sob seu governo. ius Estrangeiros ou Apátridas.
sanguinis – FILIAÇÃO IusSolis –
ART.12 da CF LOCAL NASCIMENTO SECUNDÁRIA

Brasileiro Nato
O Brasil adotou como primeiro critério para firmar nacionalidade o local onde a
pessoa nasceu – iussolis – CF/88 artigo 12, I, da CF – hipóteses taxativas para adquirir
nacionalidade brasileira.

Art. 12. da CF: São brasileiros:


I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu
país;

50
Requisito:
Nascer em território brasileiro. Se os pais estrangeiros estiverem a serviço do país
de origem, em princípio, o indivíduo que nascer no Brasil não será brasileiro nato.
Neste caso, para saber sua nacionalidade deveremos analisar as peculiaridades de
cada situação
A Constituição também adotou um segundo critério, o sanguíneo, para conferir
nacionalidade brasileira para filhos nascidos no estrangeiro de pai OU mãe brasileiros
E quaisquer dos pais esteja a serviço do Brasil.

Art. 12 da CF: São brasileiros:


I - natos:
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
República Federativa do Brasil;

CUIDAR: a expressão “serviço do Brasil” há de ser entendida não só como


atividade diplomática, mas também como qualquer função associada às atividades
do Poder Público (três esferas) bem como suas autarquias.

Outro critério sanguíneo adotado pelo texto da CF/88 refere-se aos casos em
que os pais, quaisquer deles brasileiros, não estão a serviço o Brasil (estão viajando
de férias, por exemplo) e o filho nasce no estrangeiro.

Art. 12 da CF São brasileiros:


I - natos: (PRIMEIRA PARTE ALÍNEA C)
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
brasileira, desde que sejam registrados em repartição
brasileira competente.

OU SEJA: DEVE SER registrado em repartição brasileira competente.

Art. 12 da CF: São brasileiros:


I - natos: (PARTE FINAL ALÍNEA C)
c) ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade,
pela nacionalidade brasileira;

Nacionalidade potestativa – a aquisição se dá no momento da fixação de


residência, mas fica sujeita à opção confirmativa, POIS, o texto da CF/88 refere casos
em que os pais, quaisquer deles brasileiros, não estão a serviço o Brasil (moram em
outro país, por exemplo) e o filho nasce no estrangeiro e vem residir no Brasil

AQUISIÇÃO DE NACIONALIDADE SECUNDÁRIA

O processo de naturalização é de competência da Justiça Federal, bem como


as causas referentes à opção de nacionalidade – art. 109, X da CF/88.

51
A naturalização depende tanto da vontade da pessoa quando da
aquiescência do Estado: agora devemos lembrar que o Estado é soberano, portanto,
discricionariamente decidirá se concederá ou não a cidadania brasileira por
solicitação do estrangeiro ou apátrida.

IMPORTANTE
Não existe naturalização TÁCITA. Só existe naturalização
EXPRESSA que se divide em ordinária ou extraordinária.

Art. 12, II, “a”, da CF – a naturalização ocorrerá segundo critérios estabelecidos em


lei (naturalização ordinária):

Estatuto do Migrante – Lei nº 13445/17, artigo 65: são condições para a concessão da
naturalização: (matéria estudada no direito internacional):

Art. 65. Será concedida a naturalização ordinária àquele que


preencher as seguintes condições:
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de
4 (quatro) anos;
III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as
condições do naturalizando; e
IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos
termos da lei.

Naturalização extraordinária

art. 12, II, “b”, da CF: “os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

Requisitos:
→ Qualquer nacionalidade;
→ Residentes no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos;
→ Sem condenação penal;
→ Solicitação pelo estrangeiro.

A naturalização extraordinária é intransferível, isto é, sua


IMPORTANTE concessão não importa na aquisição da nacionalidade brasileira
pelo cônjuge e filhos do naturalizado nem autoriza estes a
entrar ou radicar-se no Brasil, sem que satisfaçam as exigências
legais.

DISTINÇÃO ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS ADMITIDAS NA


CONSTITUIÇÃO DE 1988:

REGRA GERAL: a lei não poderá estabelecer tratamento diferente entre brasileiros
natos e naturalizados, salvo nos casos taxativos expressamente previstos pela CF/88.

52
Art. 5º, LI, da CF: Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso
de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

EXTRADIÇÃO:

Crime cometido no estrangeiro e deve ser requerido pelo Estado Estrangeiro;


Brasileiro NATO jamais será extraditado;
O NATURALIZADO será extraditado em 2(duas) situações:
a) Crime comum: apenas se cometido antes da naturalização;
b) Tráfico de Entorpecentes: em qualquer tempo, desde que reste
comprovado seu envolvimento no tráfico de drogas.
O Brasil, segundo entendimento do STF. não admite extradição se houver aplicação
de pena de morte ou perpétua: nestes casos, o país requerente deve se comprometer
a comutar a pena.

NÃO HAVERÁ EXTRADIÇÃO em casos de crime político ou de opinião (art. 5º, LII, da
CF:)

Art. 12, §3º, da CF: São privativos de brasileiro nato os cargos


[...]
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa

Art. 12, §4º, I da CF:


Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que; I - tiver cancelada sua
naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional – AQUI TRATA-SE APENAS DO NATURALIZADO.

Observação: BRASILEIRO NATO TAMBÉM PODE PERDER A NACIONALIDADE!!


Quando? Aquisição de outra nacionalidade: atinge tanto o brasileiro nato quanto o
naturalizado. Poderá se concretizar por decreto presidencial, mediante
procedimento administrativo, quando se tratar de reconhecimento de
nacionalidade originária (primária); Quando brasileiro for obrigado a se
naturalizar por força de norma impositiva estrangeira a fim de continuar
residindo no Estado em questão ou para o exercício de direitos civis (p.e., herança).

Conselho da República= Art. 89 da CF: VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais
de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República,
dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos
com mandato de três anos, vedada a recondução.

53
Art. 222 da CF: A propriedade de empresa jornalística e de
radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de
pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que
tenham sede no País.

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:


I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade
nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; )
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em
estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o
exercício de direitos civis;

ART. 13 da CF: São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino,


as armas e o selo nacionais. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
ter símbolos próprios.

13 DIREITOS POLÍTICOS

13.1 Capacidade eleitoral

→ Capacidade eleitoral ativa: Direito de Votar;


→ Capacidade eleitoral passiva: Direito de ser votado.

Observar:
INALISTÁVEL: se refere à capacidade ativa, que se reflete na passiva;
INELEGÍVEL: se refere à capacidade passiva, que pode ser absoluta (inelegível para
qualquer cargo) ou relativa (referente a alguns cargos)
.
13.1.1 Capacidade eleitoral ativa

Exercita-se o sufrágio ativo através do VOTO;

São pressupostos do voto:


a) Alistamento eleitoral na forma da lei (título eleitoral);
b) Nacionalidade Brasileira – estrangeiros não podem se alistar como eleitores (art.
14, §2º, da CF).
c) Idade mínima de 16 anos (art. 14, §1º, II, “c”, da CF);
d) Não ser conscrito durante o serviço militar obrigatório.

O Voto Direto, Secreto, Universal e periódico é cláusula pétrea (art. 60, §4º, II, da CF).
OBRIGATÓRIO: Maiores de 18 e menores de 70 anos de idade.
FACULTATIVO: Maiores de 16 e menores de 18 anos de idade; analfabetos; Maiores
de 70 anos de idade

54
13.1.2 Capacidade eleitoral passiva

São condições de elegibilidade.


Artigo 14, §3º, da CF/88, na forma da lei:
→ Nacionalidade brasileira;
→ Pleno exercício dos direitos políticos;
→ Alistamento eleitoral;
→ Domicílio eleitoral na circunscrição;
→ Filiação partidária.

Observação: PRECISA-SE OBSERVAR NA CAPACIDADE PASSIVA NÃO APENAS AS


CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE, MAS AS QUE NÃO PODEM INCORRER NAS
HIPÓTESES DE INELEGIBILIDADE – SOMENTE INELEGIBILIDADES RELATIVAS
PODERÃO SER ACRESCIDAS POR LEI COMPLEMENTAR

13.2 Inelegibilidades

13.2.1 Inelegibilidades Absolutas

NÃO PODEM CONCORRER A NENHUM CARGO:


INALISTÁVEL: estrangeiros (L.C. 64/90 e L.C. 81/94 e L.C 135/2010) e os conscritos
durante o serviço militar obrigatório;
ANALFABETO: tem capacidade eleitoral ATIVA, mas não possui capacidade eleitoral
PASSIVA.

13.2.2 Inelegibilidades Relativas

Art. 14 da Constituição e seus parágrafos.


Presidente da República, Governador do Estado e do D.F., Prefeitos não poderão ser
reeleitos p/ o 3º mandato subsequente e sucessivo.
O VICE, tendo ou não sido reeleito, se sucedeu o titular, poderá candidatar-se à
reeleição por um período subsequente, mas para candidatar-se para cargo diverso
deverá observar o art. 1º, §2º da L.C. 64/90.
Para concorrer a outros cargos Art. 14, §6º da CF/88 – Presidente, Governadores dos
Estados e do D.F. e Prefeitos, para concorrer a outros cargos deverão renunciar aos
respectivos mandatos até 6 meses antes do pleito, O candidato se desvencilha de
uma situação que o incompatibiliza p/ ser eleito (O STF entende que a expressão
“outros cargos” não se aplica nos casos de reeleição para o mesmo cargo)

Parentesco: procura dar eficácia e efetividade aos postulados republicanos e


democráticos da constituição, evitando-se a perpetuidade ou alongada presença de
familiares no poder. Art. 14, §7º, da CF - são inelegíveis no território da circunscrição
do titular o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por
adoção do: Presidente da República; Governador de Estado, Território ou do D.F.;
Prefeito; Ou quem os haja substituído dentro dos 6 meses anteriores ao pleito, salvo
se já titular de mandato eletivo e candidato a eleição.
Militares: o alistável será elegível, mas:
→ Com menos de 10 anos de serviço, deverá afastar-se das atividades;

55
→ Com mais de 10 anos, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará,
automaticamente com a diplomação, à inatividade.

SÚMULA VINCULANTE 13
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função
gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

EM DECISÃO DE REPERCUSSÃO GERAL O STF REAFIRMOU –RE 1041210


a) A criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de funções
de direção,
chefia e assessoramento, não se prestando ao desempenho de atividades
burocráticas, técnicas ou operacionais;
b) tal criação deve pressupor a necessária relação de confiança entre a autoridade
nomeante e o servidor nomeado;
c) o número de cargos comissionados criados deve guardar proporcionalidade com
a necessidade
que eles visam suprir e com o número de servidores ocupantes de cargos efetivos no
ente federativo que os criar; e
d) as atribuições dos cargos em comissão devem estar descritas, de forma clara e
objetiva, na própria lei que os instituir.

DECISÕES IMPORTANTES EM MATÉRIA DA INELEGIBILIDADE DO ART 14, § 7, da CF

Informativo 921 do STF – vedação de três mandatos consecutivos ao mesmo


núcleo familiar:

Ao se fazer uma interpretação conjugada dos §§ 5º e 7º do art.


14 da CF/88 chega-se à conclusão de que a intenção do poder
constituinte foi a de proibir que pessoas do mesmo núcleo
familiar ocupem três mandatos consecutivos para o mesmo
cargo no Poder Executivo. Em outras palavras, a CF/88 quis
proibir que o mesmo núcleo familiar ocupasse três mandatos
consecutivos de Prefeito, de Governador ou de Presidente. A
vedação ao exercício de três mandatos consecutivos de prefeito
pelo mesmo núcleo familiar aplica-se também na hipótese em
que tenha havido a convocação do segundo colocado nas
eleições para o exercício de mandato-tampão. Ex: de 2010 a
2012, o Prefeito da cidade era Auricélio. Era o primeiro mandato
de Auricélio. Seis meses antes das eleições, Auricélio renunciou
ao cargo. Em 2012, Hélio (cunhado de Auricélio) vence a eleição
para Prefeito da mesma cidade. De 2013 a 2016, Hélio cumpre
o mandato de Prefeito. Em 2016, Hélio não poderá se
candidatar à reeleição ao cargo de Prefeito porque seria o
terceiro mandato consecutivo deste núcleo familiar. STF. 2ª

56
Turma. RE 1128439/RN, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
23/10/2018.

SÚMULA VINCULANTE 18
A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta
a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.

Em caso de morte do cônjuge não é aplicável a súmula vinculante n. 18. RE 758461 –


A Súmula Vinculante 18 do STF ("A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal,
no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da
Constituição Federal") não se aplica aos casos de extinção do vínculo conjugal pela
morte de um dos cônjuges.

ATENÇÃO: (...) O STF, por ocasião do julgamento dos MS


26.602, 26.603 e 26.604, reconheceu a existência do dever constitucional de
observância do princípio da fidelidade partidária. (...)

DECISÃO DO STF: Inaplicabilidade da regra de perda do mandato por


infidelidade partidária ao sistema eleitoral majoritário.

(...) As decisões no MS 26.602, no MS 26.603 e no MS


26.604 tiveram como pano de fundo o sistema proporcional,
que é adotado para a eleição de deputados federais, estaduais
e vereadores. As características do sistema proporcional, com
sua ênfase nos votos obtidos pelos partidos, tornam a fidelidade
partidária importante para garantir que as opções políticas
feitas pelo eleitor no momento da eleição sejam minimamente
preservadas. Daí a legitimidade de se decretar a perda do
mandato do candidato que abandona a legenda pela qual se
elegeu. O sistema majoritário, adotado para a eleição de
presidente, governador, prefeito e senador, tem lógica e
dinâmica diversas da do sistema proporcional. As
características do sistema majoritário, com sua ênfase na figura
do candidato, fazem com que a perda do mandato, no caso de
mudança de partido, frustre a vontade do eleitor e vulnere a
soberania popular. CF, art. 1º, parágrafo único; e art. 14, caput).
[ADI 5.081, rel. min. Roberto Barroso, j. 27-5-2015, P, DJE de 19-8-
2015.

O reconhecimento da justa causa para transferência de partido


político afasta a perda do mandato eletivo por infidelidade
partidária. Contudo, ela não transfere ao novo partido o direito
de sucessão à vaga. [MS 27.938, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 11-
3-2010

13.3 Perda e suspensão dos direitos políticos

13.3.1 Perda

57
→ CANCELAMENTO DE NATURALIZAÇÃO (caso do brasileiro naturalizado) art. 15, I
e IV, art. 12, §4º, II da CF/88 – cancelamento da naturalização por sentença transitado
em julgado, pois o indivíduo volta à condição de estrangeiro;
→ Descumprimento de obrigação a todos imposta (serviço militar obrigatório, p.e.),
seja a obrigação propriamente dita, seja a alternativa (fixada em lei) no caso da
escusa por força do artigo 5º, VIII, da CF;
→ Perda da nacionalidade pela aquisição de outra (o que ocorre no caso do
brasileiro nato), pois a nacionalidade brasileira é pressuposto para adquirir direitos
políticos.

13.3.2 Suspensão

→ art. 15, II, III e V; art. 17-3 Dec. 3.927/2001 (Tratado de Amizade) e art. 55, II, e §1º, c/c
art. 1º, I, “b” da L.C. 64/1990;
→ Incapacidade Civil Absoluta: casos de interdição;
→ Condenação criminal transitada em julgado: enquanto durarem os efeitos da
condenação;
→ Improbidade Administrativa: Art. 37, §4º, CF/88, sendo declarada apenas através
de Processo Judicial;

FIQUE LIGADO – alteração das regras eleitorais

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua
publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua
vigência.

O princípio da anualidade eleitoral (também chamado de anterioridade eleitoral) foi


criado em 1993 com a aprovação da Emenda Constitucional (EC) nº 4, que deu nova
redação ao artigo 16 da Constituição Federal. O objetivo da emenda foi garantir que
mudanças na legislação eleitoral somente entrem em vigor se aprovadas até um ano
antes do pleito, impedindo alterações casuísticas nas regras legais.
SITUAÇÃO ATUAL: FOI APROVADA NA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA
O TEXTO DA PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO N.67/2016, QUE PROPÕE
ALTERAÇÃO:

Ementa:
Dá nova redação ao § 1º do art. 81 da Constituição Federal para determinar a
realização de eleição direta aos cargos de Presidente e Vice-Presidente da
República, na hipótese de vacância desses cargos nos três primeiros anos do
mandato presidencial.
Determina que, ocorrendo a vacância no último ano do período presidencial, a eleição
para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso
Nacional, na forma da lei.

CASO SE COMPREENDA QUE O ART. 16 SE TRATA DE UMA CLÁUSULA PÉTREA, TAL


PROPOSTA DEVERÁ SER DECLARADA INCONSTITUCIONAL CASO VENHA SER
VOTADA E APROVADA A REFERIDA EMENDA.

58
14 PARTIDOS POLÍTICOS

Art. 1º da CF: A República Federativa do Brasil, formada pela


união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
(...)
V - o pluralismo político.

Art. 17 da CF: É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de


partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
pessoa humana e observados os seguintes preceitos:
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de
entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha,
formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios
e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os
critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições
majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições
proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou
municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de
disciplina e fidelidade partidária.
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade
jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no
Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e
acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os
partidos políticos que alternativamente:
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em
pelo menos um terço das unidades da Federação, com um
mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma
delas; ou
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
Federação.
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de
organização paramilitar.
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos
previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e
facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que
os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins

59
de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso
gratuito ao tempo de rádio e de televisão

DICAS ESPECIAIS SOBRE PARTIDOS POLÍTICOS E SEU TRATAMENTO NA


JURISPRUDÊNCIA DO STF:
É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos
fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos, para o STF.
“A Constituição da República assegura a livre criação, fusão e incorporação de
partidos políticos. Liberdade não é absoluta, condicionando-se aos princípios do
sistema democrático-representativo e do pluripartidarismo. São constitucionais as
normas que fortalecem o controle quantitativo e qualitativo dos partidos, sem
afronta ao princípio da igualdade ou qualquer ingerência em seu funcionamento
interno”.

VEDAÇÃO DE DOAÇÃO DE PESSOAS JURÍDICAS PARA PARTIDOS POLÍTICOS


FOMENTAREM SUAS CAMPANHAS NACIONAIS:

Limites de doação por naturais e uso de recursos próprios pelos


candidatos. Compatibilidade material com os cânones
democrático, republicano e da igualdade política. (...). Ação
direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente
procedente para assentar apenas e tão somente a
inconstitucionalidade parcial sem redução de texto do art. 31
da Lei 9.096/1995, na parte em que autoriza, a contrário sensu,
a realização de doações por pessoas jurídicas a partidos
políticos, e pela declaração de inconstitucionalidade das
expressões "ou pessoa jurídica", constante no art. 38, III, e "e
jurídicas", inserta no art. 39, caput e § 5º, todos os preceitos da
Lei 9.096/1995. [ADI 4.650, rel. min. Luiz Fux, j. 17-9-2015, P, DJE
de 24-2-2016.]

DOAÇÃO ELEITORAL E PROIBIÇÃO DE OCULTAÇÃO DOS DOADORES:

INFORMATIVO DO STF: Doação eleitoral e sigilo O Plenário, por


maioria, julgou procedente o pedido formulado em ação direta
para declarar a inconstitucionalidade da expressão "sem
individualização dos doadores", constante da parte final do § 12
do art. 28 da Lei 9.504/1997 (Lei das Eleições), acrescentada pela
Lei 13.165/2015 (1), para considerar que a indicação dos doadores
deve ser feita tanto na prestação de contas dos partidos quanto
dos candidatos.
A norma impugnada dispõe sobre regras para a prestação de
contas de partidos e candidatos com relação a valores oriundos
de doações. De um lado, os valores transferidos pelos partidos
aos candidatos serão registrados na prestação de contas dos
candidatos como “transferência dos partidos”. De outro, essas
mesmas operações serão registradas na prestação de contas
dos partidos como “transferência aos candidatos”. Em ambas, a

60
legislação prevê que os registros serão realizados “sem
individualização dos doadores”.
Por fim, o caráter oculto das doações eleitorais importa violação
ao art. 17, inciso III, da CF (2), segundo o qual a gestão dos
partidos políticos pressuporá “a prestação de contas à Justiça
Eleitoral”. É imprescindível a individualização dos doadores
tanto na prestação de contas dos partidos quanto na dos
candidatos, como exigência de transparência e efetividade da
própria prestação de contas.
Nesse contexto, o Colegiado ressaltou que o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), ao regular as eleições de 2014 pela Resolução
TSE 23.406/2014, já havia reconhecido a exigência de
identificação dos doadores de forma individualizada, com
fundamento na Lei 12.527/2011 (Lei do Acesso à Informação).
Desse modo, a inovação legislativa que permitiu a “doação
oculta” teve nítido propósito de contrariar a jurisprudência do
TSE.

FIDELIDADE PARTIDÁRIA APLICA-SE AO SISTEMA PROPORCIONAL, CASO


EM QUE OS MANDATOS DE DEPUTADOS E SENADORES PERTENCEM AO
PARTIDO/LEGENDA E NÃO AO CANDIDATO ELEITO, MAS NÃO SE REFEREM AO
SISTEMA MAJORITÁRIO:

Inaplicabilidade da regra de perda do mandato por


infidelidade partidária ao sistema eleitoral majoritário. (...) As
decisões no MS 26.602, no MS 26.603 e no MS 26.604 tiveram
como pano de fundo o sistema proporcional, que é adotado
para a eleição de deputados federais, estaduais e vereadores. As
características do sistema proporcional, com sua ênfase nos
votos obtidos pelos partidos, tornam a fidelidade partidária
importante para garantir que as opções políticas feitas pelo
eleitor no momento da eleição sejam minimamente
preservadas. Daí a legitimidade de se decretar a perda do
mandato do candidato que abandona a legenda pela qual se
elegeu. O sistema majoritário, adotado para a eleição de
presidente, governador, prefeito e senador, tem lógica e
dinâmica diversas da do sistema proporcional. As
características do sistema majoritário, com sua ênfase na figura
do candidato, fazem com que a perda do mandato, no caso de
mudança de partido, frustre a vontade do eleitor e vulnere a
soberania popular (CF, art. 1º, parágrafo único; e art. 14, caput).
[ADI 5.081, rel. min. Roberto Barroso, j. 27-5-2015, P, DJE de 19-8-
2015.]

RESERVA DE RECURSO PARA CANDIDATURAS FEMININAS NO FUNDO


PARTIDÁRIO:

Fundo Partidário e recursos destinados às candidaturas de


mulheres. O Plenário, por maioria, julgou procedente ação

61
direta em que se discutiu a distribuição de recursos do Fundo
Partidário destinados ao financiamento das campanhas
eleitorais voltadas a candidaturas de mulheres para: a) declarar
a inconstitucionalidade da expressão “três”, contida no art. 9º da
Lei 13.165/2015 (1), eliminando o limite temporal até agora
fixado; b) dar interpretação conforme a Constituição ao art. 9º
da Lei 13.165/2015 de modo a equiparar o patamar legal mínimo
de candidaturas femininas (hoje o do art. 10, § 3º, da Lei
9.504/1997, isto é, ao menos 30% de cidadãs), ao mínimo de
recursos do Fundo Partidário a lhes serem destinados, que deve
ser interpretado como também de 30% do montante do Fundo
alocado a cada partido, para as eleições majoritárias e
proporcionais, e fixar que, havendo percentual mais elevado de
candidaturas femininas, o mínimo de recursos globais do
partido destinados a campanhas lhe seja alocado na mesma
proporção; e c) declarar a inconstitucionalidade, por
arrastamento, do § 5º-A e do § 7º do art. 44 da Lei 9.096/1995 (2).
O Colegiado afirmou que, se o princípio da igualdade material
admite as ações afirmativas, utilizar para qualquer outro fim a
diferença estabelecida com o objetivo de superar a
discriminação, ofende o mesmo princípio da igualdade, que
veda tratamento discriminatório fundado em circunstâncias
que estão fora do controle dos indivíduos, como a raça, o sexo,
a cor da pele ou qualquer outra diferenciação arbitrariamente
considerada. Quando da edição da Lei 9.504/1997, os partidos
passaram a ser obrigados a preencher, do número de vagas de
candidaturas, o mínimo de 30% e o máximo de 70% para
candidaturas de cada sexo. Essa desequiparação é compatível
com a Constituição. Seja por força do art. 5º, § 2º, da CF, seja pela
adoção do princípio “pro homine”, o conteúdo do direito à
igualdade é muito semelhante ao direito previsto no art. 2º do
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos. Nesse sentido,
determinadas diferenciações, se usadas para corrigir a
discriminação, são legítimas. Em outras palavras, é próprio do
direito à igualdade a possibilidade de uma desequiparação,
desde que pontual e tenha por objetivo superar uma
desigualdade histórica.

15 PRINCÍPIOS

15.1 Princípio da legalidade

→ Traz sempre consigo a NOÇÃO DE SEGURANÇA JURÍDICA, PREVISIBILIDADE,


ANTERIORIDADE;
→ É a garantia individual da liberdade e uma garantia institucional de estabilidade
das relações jurídicas;
→ A norma jurídica sempre ou OBRIGA, ou PROÍBE, ou PERMITE, pois sempre indicará
um comando, algo a ser feito, ou deixado de fazer, ou ainda permitido

62
Art. 5º, inciso II, da CF: “Ninguém pode ser compelido a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei”. Ou seja: os comandos de proibição (deixar
de fazer) ou de obrigação (fazer) só podem ser veiculados por meio de uma lei, na
falta desta, está permitido. Excluem-se por exemplo desta noção: a tradição e o
costume.

Além da previsão legal é necessária que a lei me obrigue a algo e para isso,
necessita:
→ Aspecto formal: regular procedimento (iniciativa, aprovação, promulgação,
sanção, publicação, vigência);
→ Adequado conteúdo (ser constitucional);
→ A ideia do devido processo legal.

O PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGALIDADE: art. 37 caput, da CF. Que dirá que o


administrador só poderá fazer algo em virtude lei, exclusivamente em virtude de lei
– é o princípio da legalidade voltado a administração pública e sua responsabilidade
para com seus administrados, cidadãos.

15.2 Princípio da reserva legal

É mais restrito, trará exigências especiais, específicas no trato de algumas matérias


legais – por estarem reservadas ao trato da lei em sentido formal- não podendo
serem disciplinadas por medidas provisórias ou leis delegadas.
→ Absoluta: traz detalhamentos e especificações da matéria;
→ Relativa: se satisfaz com leis que criem regras e parâmetros gerais;
→ Ex.: art. 62, parágrafo 1º, I; art. 68, parágrafo 1º, art. 167, parágrafo 3º, ambos da CF.
"O princípio constitucional da reserva de lei formal traduz limitação ao exercício das
atividades administrativas e jurisdicionais do Estado”.

15.3 Princípio do devido processo legal

Ampla defesa e contraditório


Juiz natural: A causa a ser julgada por um juiz imparcial, competente e pré-
constituído pela lei, isto é, constituído antes do fato ser constituído. Fica vedada a
convocação ou substituição de juízes somente para o julgamento do fato. Deve-se
analisar qual o juiz competente para apreciar a demanda SÓ PODENDO HAVER
JULGAMENTOS PELOS ÓRGÃO JURISDICIONAIS CONSTITUÍDOS. A ordem de
competência é taxativa, não pode ser alterada.
Exceção: observar os casos de desaforamento ou continência ou conexão.

Publicidade dos atos processuais: acesso a quem tiver interesse, controle público
das decisões, transparência em favor da ordem democrática.

Motivação das decisões: as decisões necessitam ser fundamentadas e


fundamentadas por elementos jurídicos, de acordo com a coerência das
considerações apresentadas – engloba a garantia de atuação imparcial e equilibrada.
STF: Diz que, para a fundamentação das decisões, o juiz não necessita considerar
todos os argumentos levantados pelas partes, pode ater-se aos essenciais ao
processo para fundamentar sua decisão.

63
Inafastabilidade de controle jurisdicional (art. 5º, XXXIV, da CF): completo acesso à
justiça.

15.4 Princípio da inadmissibilidade de provas ilícitas

a) Provas ilícitas: adquiridas por meios ilícitos;


b) Provas ilegítimas: vício processual – apresentada em momento inadequado.

As provas obtidas por meios ilícitos contaminam as que são exclusivamente delas
decorrentes; tornam-se inadmissíveis no processo e não podem ensejar a
investigação criminal e, com mais razão, a denúncia, a instrução e o julgamento (CF,
art. 5º, LVI, da CF), ainda que tenha restado sobejamente comprovado, por meio
delas, a autoria e materialidade dos fatos.

SÚMULA VINCULANTE 3
Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório
e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do
ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

SÚMULA VINCULANTE 5
A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não
ofende a Constituição.

16 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO FEDERAL BRASILEIRO

O federalismo brasileiro foi adotado desde a Constituição de 1891- INSPIRAÇÃO NO


MODELO NORTE AMERICANO

PRINCÍPIO FUNDAMENTAL: "A República Federativa do Brasil,


formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e (...)",
de onde a atual federação, em face de ser uma "união indissolúvel",
Art.1º Brasil.

FEDERAÇÃO COMO CLÁUSULA PÉTREA"Não será objeto de


deliberação a proposta de emenda tendente a abolir (...) a forma
federativa de Estado", norma que impede juridicamente a abolição
Art. 60, do Estado federal por meio de emenda constitucional
§ 4º, I,

FEDERÇÃO SUI GENERIS, no âmbito do direito constitucional


comparado, uma vez que é a única no mundo que reconhece três
entes básicos que a compõem (União, Estados-membros,
Art. 1º, c/c Municípios), em vez dos dois entes tradicionais (União e Estados-
art. 18, membros) - AUTONOMIA MUNICIPAL.

64
16.1 Conceito

A partir da obra de Gilmar Mendes (2012), é correto afirmar que o Estado


Federal expressa um modo de ser do Estado (daí se dizer que é uma forma de Estado)
em que se divisa uma organização descentralizada, tanto administrativa quanto
politicamente, erigida sobre uma repartição de competências entre o governo
central e os locais, consagrada na CF/88, em que os Estados federados participam
das deliberações da União, sem dispor do direito de secessão. No Estado Federal, de
regra, há uma Suprema Corte com jurisdição nacional e é previsto um mecanismo
de Intervenção federal, como procedimento assecuratório da unidade física e da
identidade da Federação.
Com base em de Lucio Levi (in Bobbio/Matteucci/Pasquini, Dicionário de
Política, p. 481) Federação é uma “pluralidade de centros de poder, coordenados e
autônomos entre si, de tal modo que ao Governo Federal que tem competência
sobre o inteiro território da Federação, seja conferida uma quantidade mínima de
poderes, indispensável para garantir a unidade política e econômica, e aos Estados
federados, que têm competência cada um sobre o próprio território, sejam
assinalados os demais poderes”.

16.2 Composição

União
Estados Membro Municípios Distrito Federal

Secessão

O que seria secessão? Seria a possibilidade de um Estado desligar-se da Federação,


contudo, como os Estados –Membros são autônomos e não soberanos, não existe tal
possibilidade, que somente poderia ser vislumbrada numa confederação. Daí de ser
dizer que a União dos Estados é indissolúvel e constitui-se cláusula pétrea na CF/88.

Art. 18 da CF: A organização político-administrativa da República


Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
Constituição.
§ 1º - Brasília é a Capital Federal.
§ 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação,
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem
serão reguladas em lei complementar.

ATENÇÃO: Os territórios integram a federação brasileira, mas não são entes


autônomos, justamente porque integram a União. Atualmente não temos mais
territórios, mas os mesmos podem ser criados. Ex.: Fernando de Noronha foi um
território e se agregou ao Estado de Pernambuco

65
16.3 Entes federativos

16.3.1 União Federal

Conceito: a partir da obra de Gilmar Mendes, 2011, p. 832/833, “A União é fruto


da junção dos Estados entre si, é a aliança indissolúvel destes. É quem age em nome
da Federação. No plano legislativo edita tanto leis nacionais – que alcançam todos os
habitantes do território nacional e outras esferas da federação – como leis federais-
que incidem sobre os jurisdicionados da União, como servidores federais e o
aparelho administrativo da União. Possui bens próprios definidos nano art. 20 da CF”.

Art. 20 da CF: São bens da União:


I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de
comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de
seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de
limites com outros países, ou se estendam a território
estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros
países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras,
excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios,
exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade
ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona
econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos
e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

PARTICIPAÇÃO DOS ENTES NA EXPLORAÇÃO: § 1º É assegurada, nos termos da lei,


aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da
administração direta da União, participação no resultado da exploração de
petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia
elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma
continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira
por essa exploração.

ESPAÇO DE DEFESA DO TERRITÓRIO NACIONAL - 150 KM: § 2º A faixa de até cento


e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada
como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território
nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.

66
16.3.2 Estados-Membros

Na forma do art. 1º, CF 1988, a união dos Estados-membros é indissolúvel, e,


portanto, inexiste possibilidade jurídica de um Estado-membro separar-se do
restante do Brasil para constituir um novo Estado, soberano e independente.
Constitucionalmente só são possíveis alterações na atual estrutura político-territorial
dos Estados-membros. Assim, é vedada a secessão dos Estados brasileiros.
Os Estados brasileiros terão Constituições Estaduais, conforme prevê o art. 11
do ADCT.

16.3.3 Municípios

No caso brasileiro, Municípios integram o Estado (art. 1º, caput, c/c art. 18, caput,
CF 1988), e como tal, possuem competências constitucionais próprias e originárias,
tanto legislativas quanto de auto-organização político-administrativa, detenho
competências em se tratando de "interesse local" (art. 30, I, CF 1988).
Daí uma grande peculiaridade do federalismo brasileiro: os municípios são
entes federativos e gozam de autonomia.
Poder de organização por lei orgânica.

16.3.4 Distrito Federal

Possui características ora de estado – membro, ora de município. Ex.: possui


Governador e Senador Distrital, chamamos de Câmara Legislativa, possui Lei
orgânica e não Constituição Distrital;
Nas competências legislativas, terá tanto as dos estados- membros como as de
município;
Não poderá ser dividido em municípios.

Art. 32 da CF: O Distrito Federal, vedada sua divisão em


Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos
com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços
da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os
princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
legislativas reservadas aos Estados e Municípios.

Autonomia Soberania

Para distinguirmos com maior clareza o que significa O Estado Federal


(representado pela União) e o que significa Estado-Membro, estes dois conceitos são
fundamentais. Diz-se que a Soberania é atributo do Estado Federal, que detém o
poder/dever de manter a unidade federativa como um todo, o que lhe confere
“poder” – soberania sobre os demais membros do pacto federativo. Já a autonomia é

67
nota características dos demais entes, haja vista que reflete e representa a ideia de
descentralização, nos limites, é claro, da própria soberania. Assim, a autonomia é a
possibilidade de coordenação desses entes, tanto administrativa, como política e
financeiramente.

16.4 Autonomia dos estados na federação

“Poder Constituinte decorrente”, que é o poder de cada Estado-membro de ter


uma Constituição (cf. art. 25, caput, c/c art. 11, ADCT, CF 1988);
Impossibilidade de um ente federativo criar obrigações contra o outro, que não
aquelas já estabelecidas na Constituição federal (cf. art. 18 e 19, CF 1988);
A possibilidade de intervenção federal é excepcionalidade e necessitam estar
expressamente previstos na Constituição federal (“intervenção” - cf. arts. 34 e 36, CF
1988);
Participação igualitária de todos Estados-membros na formação da "vontade"
legislativa federal/nacional Senado Federal (cf. art. 46, § 1°, CF 1988), e paralela à
Câmara legislativa de representantes do povo (Câmara dos Deputados, cf. art. 45,
caput, CF 1988).

16.5 Procedimentos para alteração de estados – membros e municípios

incorporação

desmembramento Estado-
para criação membro subdivisão

desmembramento
para anexação

16.5.1 Procedimentos para alteração de estados - membros

Art. 18, § 3°, CF 1988: Os Estados podem incorporar-se entre si,


subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou
formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante
aprovação da população diretamente interessada, através de
plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.

68
INCORPORAÇÃO - União de dois ou mais Estados-membros para formação de um
novo e único Estado-membro – NASCE NOVA PERSONALIDADE JURÍDICA E
DESAPARECEM AS ANTERIORES;
SUBDIVISÃO - Seccionamento do território de um Estado-membro para criação de
dois novos Estado-membros, DESAPARECE A PERSONALIDADE JURÍDICA DO
ESTADO ANTERIOR E NASCEM DUAS NOVAS;
DESMEMBRAMENTO – CASO 1: desmembramento de parte do território de um
Estado-membro para anexação a outro Estado-membro já existente – NO CASO NÃO
SE ALTERAM AS PERSONALIDADES JURÍDICAS; CASO 2: desmembramento de parte
do território para formação ou criação de novo Estado-membro ou Território nessa
porção desmembrada- PERMANECE A PERSONALIDADE JURÍDICA DO ESTADO-
MEMBRO QUE FOI DESMEMBRADO E CRIA-SE UMA NOVA PERSONALIDADE
JURÍDICA.

PROCEDIMENTO - O art. 18, § 3°, da CF 1988


❖ Necessidade da prévia "aprovação da população diretamente interessada,
através de plebiscito". (Caráter vinculativo)
❖ Devem ser "ouvidas as respectivas Assembleias Legislativas" (art. 48, VI, CF
1988) antes da promulgação da lei complementar federal pelo Congresso
Nacional. Devendo apenas ser ouvidas, não têm as Assembleias um poder de
veto ou de proibição, caráter meramente político, a fim de legitimar a futura
decisão do Congresso Nacional
❖ Promulgação da lei complementar FEDERAL pelo Congresso definindo a
incorporação, subdivisão ou desmembramento.

16.5.2 Procedimentos para alteração de municípios

Art. 18, § 4°, da CF 1988: A criação, a incorporação, a fusão e o


desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual,
dentro do período determinado por Lei Complementar Federal,
e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às
populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos
Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados
na forma da lei.

69
criação

fusão município desmembramento

incorporação

CRIAÇÃO ("emancipação"): Secção de parte do território de um Município para


constituição de novo Município. O Município anterior permanece existindo no
território remanescente E CRIA-SE NOVA PERSONALIDADE JURÍDICA;
INCORPORAÇÃO: Um Município é absorvido por outro Município, desaparecendo
aquele - NÃO SE ALTERA A PERSONALIDADE JURÍDICA DAQUELE QUE INCORPORA
E DESAPARECE DAQUELE QUE FOI INCORPORADO;
FUSÃO: Dois Municípios se unem, constituindo um novo Município (e
desaparecendo os anteriores) E CRIA-SE NOVA PERSONALIDADE JURÍDICA;
DESMEMBRAMENTO - Secção de parte do território de um Município para inclusão
dessa parte no território de outro Município. NÃO SE ALTERAM AS
PERSONALIDADES JURÍDICAS.

ATENÇÃO!

PROCEDIMENTO MAIS COMPLEXO PARA MUNICÍPIOS TIPOS DE ESTADO


ESTUDOS DE VIABILIDADE TÉCNICA MUNICIPAL – Sua regulamentação também
deve ocorrer na lei complementar federal, trata-se de comprovar que o novo
Município tem de fato viabilidade (autonomia financeira, sobretudo). A
comprovação desses estudos deverá ser feita previamente ao plebiscito, logo não
haverá plebiscito se os estudos não comprovam a possibilidade de viabilidade.
CONSULTA PRÉVIA das "populações dos Municípios envolvidos" – Conforme já se
viu acima, trata-se de uma consulta que envolve a população inteira e não somente
aquela que integra a área de criação, incorporação, fusão ou desmembramento
(art. 7°, Lei n° 9.709/98 – Lei de plebiscitos e referendos).
LEI COMPLEMENTAR FEDERAL - O texto originário da CF 1988 nada dispunha
sobre a necessidade de uma lei complementar federal, mas alteração
constitucional em 1996 trouxe essa exigência. Contudo, até hoje não foi editada a
lei, logo, na prática inexiste a possibilidade de criação de novo município.
LEI ESTADUAL determinando a "criação, incorporação, fusão ou
desmembramento" de Município, isto é: conferindo personalidade e capacidade
jurídica ao novo ente municipal.

70
17 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA

No âmbito da repartição de competência, é fundamental compreender a


nomenclatura para entender o que enuncia o dispositivo constitucional, sendo assim
precisamos atentar a esses significados:

Delegável: que poderá ser atribuída a Indelegável e exclusiva: pertence


outro ente Federativo mediante lei somente aquele ente federativa e
complementar. Ex.: art. 22 da CF não pode ser objeto de delegação

Remanescente: o que não pertence a


outro ente federativa, pertence àquele Residual está descrita do art. 154, I,
que será então o remanescente. No caso da Constituição e pertence a União
brasileiro, as competências legislativas
remanescente pertencem aos Estados,
pois a União e Municípios receberam
competências enumeradas na
Constituição
Legislativa: refere-se à
competência de criar leis;
enquanto a administrativa: se
refere a executar ações, (cuidar,
Comum: todos os entes recém zelar, proteger, explorar)
atribuição sobre aquela matéria (e é
administrativa, ex: art. 23 da CF)
Concorrente: sobre a matéria os entes
recebem diferentes competências
legislativas, que podem ser pela e
suplementar. art. 24 da CF.

A competência tributária é sempre EXCLUSIVA. Observação: As


competências tributárias dos entes políticos são exercidas de forma exclusiva. Assim,
o Legislador Constituinte Originário, com o intuito de preservar a própria federação,
especialmente a capacidade de autonomia administrativa dos entes políticos,
distribuiu a tais entes determinada parcela de fatos econômicos tributáveis
exclusivamente por eles. Por conseguinte, foram distribuídos, de forma exclusiva, os
impostos da União (CF, art. 153, I), os impostos dos Estados e do Distrito Federal (CF,
art. 155) e os impostos dos Municípios (CF, art. 156).
A competência do município é sempre do INTERESSE LOCAL.

17.1 TIPOS DE COMPETÊNCIA

17.1.1 Competência comum

Art. 23 da CF: É competência comum da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios:
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e
do bem-estar em âmbito nacional.

71
União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Parágrafo único. Lei
complementar 140. Competência comum regulamentada por lei complementar.

17.1.2 Competência exclusiva

Não há delegação. Porém, o uso dos potenciais de energia hidroelétrica será


em conjunto com os Estados-membros.

Art. 21 da CF: Compete à União:


XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão
ou permissão:
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação
com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;

17.1.3 Competência privativa

Art. 22 da CF: Compete privativamente à União legislar sobre:


Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados
a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas
neste artigo.

Possibilidade de delegação de competência privativa de criação de lei, por lei


complementar. Lei complementar 103/2000 – piso salarial.
Na competência concorrente, prevalece a preponderância de interesse (União:
interesse geral; Estado: regionais; e Município: local)

17.1.4 Competência concorrente

Legislação concorrente. Apenas União, Estados e Distrito Federal.


Art. 24 da CF: Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
§ 1º - União Legisla sobre normas gerais, sendo que os Estados suplementarão a União
(§2º). Ex.: custas dos serviços forenses. CTN estabelece o que é taxa, Estados
estabelecem as hipóteses de incidência, contribuinte e alíquotas.
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a
estabelecer normas gerais. NESSE CASO DIZEMOS QUE EXERCE COMPETÊNCIA
PLENA!!
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados. NESSE CASO, DIZEMOS QUE OS ESTADOS
E O DISTRITO FEDERAL EXERCEM A CHAMADA COMPETÊNCIA SUPLEMENTAR -
§3º - § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. LEMBRAR QUE
NESSE CASO OS ESTADOS E O DISTRITO FEDERAL PODERÃO EXERCER
COMPETÊNCIA PLENA EM MATÉRIA DE NORMAS GERAIS!
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei
estadual, no que lhe for contrário.

72
ATENÇÃO: NESSE CASO, LEGISLAÇÃO DE NORMAS GERAIS CRIADAS PELA UNIÃO
APENAS SUSPENDE NO QUE FOR CONTRÁRIA, OU SEJA, MANTÉM VALIDADE AS
NORMAS GERAIS ESTADUAIS DESDE QUE SEJAM COMPATÍVEIS COM A
LEGISLAÇÃO FEDERAL! Ex.: normas sobre a proteção do idoso.

17.2 Esquema de repartição de competências

17.2.1 Competência da União Federal

COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA
Exclusiva: art. 21 da CF/88
Comum (cumulativa, concorrente administrativa ou paralela: trata-se de
competências comuns aos 4 entes federativos, art. 23, parágrafo único, da CF.

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
Privativa: art. 22 da CF/88. Segundo o parágrafo único, poderiam ser delegadas por
lei complementar, tanto aos Estados quanto ao distrito Federal (art. 32, par. 2º, da CF);
Concorrente/plena: art. 24 caput e parágrafos;
Competência tributária expressa: art. 153 da CF, Competência tributária residual:
art. 154, I, da CF (instituição mediante lei complementar de impostos não previstos
no art. 153 da CF desde que não tenham fato gerador e não sejam cumulativos ou
base de cálculo dos discriminados na CF), Competência tributária extraordinária:
art. 154, II, da CF.

17.2.2 Competência dos Estados - membros

COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA
Comum (cumulativa, concorrente administrativa ou paralela: (trata-se de
competências comuns aos 4 entes federativos) – art. 23, parágrafo único, da CF;
Remanescente: são reservadas aos Estados as competências administrativas que
não lhe sejam vedadas, ou competências que sobrar VIDE art. 25, 2º, da CF.

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
Exclusiva: art. 25, caput, da CF;
Remanescente: art. 25, parágrafo 1º, da CF;
Delegada pela União: art. 22, parágrafo único, e incisos, da CF (por lei complementar)
Concorrente: art. 24 (União – normas gerais, Estados – normas específicas)
Suplementar ou plena: art. 24, do parágrafo 1º ao 4º, da CF (em caso de inércia da
União – aí será plena).
Tributária expressa: art. 155 da CF

17.2.3 Competência dos Municípios

COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA
Comum (cumulativa, concorrente administrativa ou paralela: (trata-se de
competências comuns aos 4 entes federativos) – art. 23, parágrafo único, da CF;
Exclusiva: art. 30, III a IX, da CF.

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS

73
Expressa/exclusiva: art. 29 da CF - capacidade de auto-organização do município-
lei orgânica. Interesse local/exclusiva: art. 30, I da CF;
Suplementar: art. 30, II, da CF – e também art. 24 da CF – principalmente em se
tratando de interesse local. (logo, não há distinção prática entre o art. 30, inciso I e II,
da CF)

Competência legislativa dos Municípios e Direito Ambiental: Os Municípios podem


legislar sobre Direito Ambiental, desde que o façam fundamentadamente. Com base
nesse entendimento, a Segunda Turma negou provimento a agravo regimental. A
Turma afirmou que os Municípios podem adotar legislação ambiental mais restritiva
em relação aos Estados-Membros e à União. No entanto, é necessário que a norma
tenha a devida motivação. ARE 748206 AgR/SC, rel Min. Celso de Mello, julgamento
em 14.3.2017. (ARE-748206) (Informativo 857, 2ª Turma).

Plano diretor: art. 182, parágrafo 1º, da CF - obrigatório para cidades com mais de 20
mil habitantes, para estabelecer plano de política de expansão e desenvolvimento
urbano.

❖ STF E A POSSIBILIDADE DA COMPETÊNCIA LEGISLATIVAS SER TANTO DO


EXECUTIVO QUANTO LEGISLATIVO - denominação de próprios, vias e
logradouros públicos e suas alterações

O Plenário, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário para declarar a


constitucionalidade do art. 33, XII, da Lei Orgânica do Município de Sorocaba/SP (1),
concedendo-lhe interpretação conforme a Constituição Federal (CF) no sentido da
existência de uma coabitação normativa entre os Poderes Executivo (decreto) e
Legislativo (lei formal) para o exercício da competência destinada à denominação de
próprios, vias e logradouros públicos e suas alterações, cada qual no âmbito de suas
atribuições. Ou seja, observou ser comum, na maioria das municipalidades, a
existência da previsão dúplice de o chefe do Poder Executivo, mediante decreto, e
de as câmaras municipais poderem estabelecer nomes de vias e logradouros
públicos. (Informativo 936).

17.2.4 Competência do Distrito Federal

LEMBRAR QUE É DESTINADO AO DISTRITO FEDERAL A COMPETÊNCIA DOS


ESTADOS E MUNICÍPIOS

COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA OU MATERIAL


Comum (cumulativa, concorrente administrativa ou paralela: (trata-se de
competências comuns aos 4 entes federativos) – art. 23, parágrafo único, da CF;
Expressa: as destinadas aos Estados Membros e Municípios.

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
Expressa: art. 32, caput, da CF – elaboração de lei orgânica;
Remanescente: art. 25, parágrafo 1º, da CF - toda competência que não for vedada,
ao distrito federal estará reservada;

74
Delegada: art. 22, parágrafo único, da CF;
Concorrente: art. 24 da CF;
Suplementar: art. 24, parágrafo 1º ao 4º, da CF - em caso de inércia legislativa- será
então plena
Interesse local: art. 30, I, combinado com art. 32, parágrafo único, da CF;
Competência tributária expressa: art. 155 da CF;

TAREFA DE ESTUDO:
Ler com atenção do art. 21 a 32 da Constituição.

18 INTERVENÇÃO

INTERVENÇÃO

FEDERAL Estadual
art. 34 da CF art. 35 da CF

18.1 Conceito

Para José Afonso da Silva (Curso, p. 483), "Intervenção é a antítese da


autonomia. Por ela afasta-se momentaneamente a atuação autônoma do Estado,
Distrito Federal, ou Município que a tenha sofrido. Uma vez que a Constituição
assegura a essas entidades a autonomia como princípio básico da forma de Estado
adotada, decorre daí que a intervenção é medida excepcional, e só há de ocorrer nos
casos nela taxativamente estabelecidos e indicados como exceção, conforme o art.
34: "A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para [...]", e o
art. 35: "O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios
localizados em Território Federal, exceto quando: [...]", arrolando-se em seguida os
casos em que é facultada a intervenção estreitamente consagrados."
PREVISTOS DE FORMA TAXATIVA na Constituição de 1988, será admitida a
INTERVENÇÃO.
Por essa, entende-se que é uma medida excepcional, em que a autonomia do
ente federativo que sofreu a intervenção, encontrar-se-á SUPRIMIDA
temporariamente, isso, em nome da SOBERANIA DO ESTADO – e também, como
forma de garantia das próprias autonomias dos entes federativos.

18.2 Quem poderá intervir?

1) A União somente poderá intervir nos Estados Membros e no Distrito Federal. Art.
34 da CF;
2) Estados poderão intervir nos municípios de seus territórios. Art. 35 da CF;
CASO ESPECIAL: A União poderá intervir diretamente nos municípios, se estes
estiverem dentro do Território Federal. Art. 34 da CF.

75
Excepcionalidade ao princípio da autonomia- HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO
FEDERAL NA CONSTITUIÇÃO DE 1988:

Art. 34 da CF – FEDERAL (nos Estados ou ART. 35 da CF – ESTADUAL (nos


municípios dos Territórios) municípios
Art. 34 da CF: A União não intervirá nos Art. 35 da CF: O Estado não intervirá
Estados nem no Distrito Federal, exceto em seus Municípios, nem a União
para: nos Municípios localizados em
I - manter a integridade nacional; Território Federal, exceto quando:
II - repelir invasão estrangeira ou de uma I - deixar de ser paga, sem motivo de
unidade da Federação em outra; força maior, por dois anos
III - pôr termo a grave comprometimento da consecutivos, a dívida fundada;
ordem pública; II - não forem prestadas contas
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos devidas, na forma da lei;
Poderes nas unidades da Federação; III – não tiver sido aplicado o mínimo
V - reorganizar as finanças da unidade da exigido da receita municipal na
Federação que: manutenção e desenvolvimento do
a) suspender o pagamento da dívida ensino e nas ações e serviços
fundada por mais de dois anos públicos de saúde;
consecutivos, salvo motivo de força maior; IV - o Tribunal de Justiça der
b) deixar de entregar aos Municípios receitas provimento a representação para
tributárias fixadas nesta Constituição, assegurar a observância de
dentro dos prazos estabelecidos em lei; princípios indicados na
VI - prover a execução de lei federal, ordem Constituição Estadual, ou para
ou decisão judicial; prover a execução de lei, de ordem
VII - assegurar a observância dos seguintes ou de decisão judicial.
princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema
representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração
pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita
resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e
serviços públicos de saúde.

É preciso dividir as hipóteses entre aqueles que requerem provocação e aquelas


que não necessitam de provocação, ou seja, dependem exclusivamente do juízo
discricionário do Presidente da República:

18.3 Intervenção federal

1) AS HIPÓTESES DE JUÍZO DISCRICIONÁRIO DO PRESIDENTE:


I - manter a integridade nacional;

76
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos,
salvo motivo de força maior;

Art. 98, Lei n° 4.320/64 "A dívida fundada compreende os compromissos de


exigibilidade superior a 12 (doze) meses, contraídos para atender a desequilíbrio
orçamentário ou a financeiro de obras e serviços públicos."
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição,
dentro dos prazos estabelecidos em lei;

IMPORTANTE "Fundo de Participação dos Municípios" (cf. art. 158, III e IV c/c art.
159, § 3º c/c art. 160 c/c art. 161, II e III, CF 1988). O art. 160, caput,
CF 1988 é expresso ao proibir a retenção dos valores respectivos.
Consequência: no art. 34, VI, "b", CF 1988.

AS MODALIDADES QUE NECESSITAM DE PROVOCAÇÃO:


IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

Nesse caso, tem se entendido que se trata de RECUSA, intencionalidade de


desrespeito à decisão, ou seja, MERO DESCUMPRIMENTO NÃO GERARIA A
INTERVENÇÃO FEDERAL! Decisão judicial em sentido amplo, podendo, inclusive ser
de caráter liminar.

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:


a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

Aqui fala-se em prestar, não é o caso de prestar e ter reprovada as suas contas.
Novamente a conotação de recusa.

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,


compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

Art. 6º Lei complementar 141/2012: Os Estados e o Distrito Federal aplicarão,


anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, no mínimo, 12% (doze por cento)
da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam
o art. 157, a alínea “a” do inciso I e o inciso II do caput do art. 159, todos da Constituição
Federal, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios.
Com a educação o gasto é de 25 %

ESSES SÃO OS CASOS DE AÇÃO DIRETA INTERVENTIVA


IMPORTANTE PROPOSTA PELO PROCURADOR – GERAL.

77
QUEM PODE PROVOCAR O PRESIDENTE DA REPÚBLICA PARA DECRETAR A
INTERVENÇÃO FEDERAL (observar com cuidado o art. 36 e incisos da CF):
1) 34, IV, da CF sobre o caso de COAÇÃO AO PODER LEG/EXEC/JUD: de solicitação
do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coato ou impedido, ou de requisição do
Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;
2) ART. 34, VI, da CF no caso de RECUSAR-SE A CUMPRIR ORDEM JUDICIAL: a
ordem será:
→ do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral (no caso de
recusa ao cumprimento de suas próprias decisões);
→ de requisição do Supremo Tribunal Federal (para a recusa dos demais órgãos do
poder judiciário. Ex.: juiz de 1º grau, Tribunal de Justiça, Tribunais regionais Federais,
Tribunal Superior do Trabalho, etc),
3) ART. 34 VI (LEI FEDERAL) E ART. 34 VII - VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS), e no caso de recusa à execução de lei federal:
Procurador-Geral da República que apresentará uma ação direta interventiva junto
ao Supremo Tribunal Federal, art. 36, III, da CF, de provimento, pelo Supremo Tribunal
Federal, de representação do Procurador-Geral da República.

18.4 Intervenção estadual

Art. 35 da CF: O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a


União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto
quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

Art. 31 da CF: A fiscalização do Município será exercida pelo


Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos
sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na
forma da lei.
§ 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido
com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do
Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios, onde houver. (...)"
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas
ações e serviços públicos de saúde;

Municípios estão obrigados a aplicar um percentual mínimo da arrecadação de


impostos em ações e serviços de saúde (art. 198, § 2º, II e III, CF 1988) e de educação
(art. 212, CF 1988). Estamos falando em 15 % em saúde e 25 % em educação.

Art. 7o Os Municípios e o Distrito Federal aplicarão anualmente em ações e serviços


públicos de saúde, no mínimo, 15% (quinze por cento) da arrecadação dos impostos
a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam o art. 158 e a alínea “b” do inciso
I do caput e o § 3º do art. 159, todos da Constituição Federal.

78
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

AQUI É O CASO DE AÇÃO DIRETA INTERVENTIVA ESTADUAL: os princípios sensíveis,


como não estão expressos na Constituição, estarão indicados nas Constituições
Estaduais, sendo desenvolvidos na jurisprudência dos Tribunais de Justiça, pois tem
competência para apreciar essa ação. Ex.: no caso da Constituição Estadual do Rio
Grande do Sul, temos o art. 15 ....IV - o Tribunal de Justiça der provimento a
representação para prover a execução de lei, de ordem ou decisão judicial, e para
assegurar a observância dos seguintes princípios: a) forma republicana, sistema
representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) probidade
administrativa.

18.5 Ação Direta Interventiva

PROPOSTA PELO PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA;


NESSE CASO O CONTROLE É JURÍDICO (OU SEJA, DISPENSA A APRECIAÇÃO DO
CONGRESSO NACIONAL).

§ 3º - Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo
Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a
suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao
restabelecimento da normalidade.
EM TODOS OS DEMAIS O CONTROLE SERÁ POLÍTICO E EXERCIDO PELO
CONGRESSO NACIONAL!
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as
condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será
submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa
do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembleia
Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e
quatro horas.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus
cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.

Observar:
Artigo 6° da Lei nº 12.562/11: Apreciado o pedido de liminar ou, logo após
recebida a petição inicial, se não houver pedido de liminar, o relator solicitará
as informações às autoridades responsáveis pela prática do ato questionado,
que as prestarão em até 10 (dez) dias.
§ 1° Decorrido o prazo para prestação das informações, serão ouvidos,
sucessivamente, o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da
República, que deverão manifestar-se, cada qual, no prazo de 10 (dez) dias.

SÚMULA 637 DO STF Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de


Tribunal de Justiça que defere pedido de intervenção estadual em Município.

79
COMPREENDENDO O QUE NÃO PODE FALTAR EM UMA AÇÃO DIRETA
INTERVENTIVA
FEDERAL: Originária do Supremo Tribunal Federal (artigo
Competência 36, III, Constituição Federal).
ESTADUAL: Tribunal de Justiça
Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do
Endereçar Supremo Tribunal Federal
ou
Excelentíssimo Desembargador Presidente do Tribunal de
Justiça do Estado....
Partes Legitimidade ativa – Procurador-Geral
Ativa Legitimidade
e passiva - FEDERAL: Estados ou distrito federal.
passiva ESTADUAL: municípios
O que devo FEDERAL: violação dos princípios sensíveis do artigo 34, VII,
suscitar? da CF;
ESTADUAL: art. 35, IV, da CF.
Intimação do Advogado-Geral da União;
A Intimação do órgão ou entidade responsável pela violação ao
princípio constituição sensível, para sua manifestação no
prazo de trinta dias;
Pedido A procedência da ação para declarar o descumprimento de
princípio constitucional sensível;
A determinação para que o Presidente da República por decreto
limite a suspender o ato impugnado, ou caso a suspensão
não restabeleça a normalidade, que decrete a intervenção.
Outros Lei nº 12.562/11 - Art. 3o A petição inicial deverá conter:
I - a indicação do princípio constitucional que se considera
violado ou, se for o caso de recusa à aplicação de lei federal, das
disposições questionadas;
II - a indicação do ato normativo, do ato administrativo, do ato
concreto ou da omissão questionados;
III - a prova da violação do princípio constitucional ou da recusa
de execução de lei federal;
IV - o pedido, com suas especificações.
Parágrafo único. A petição inicial será apresentada em 2 (duas)
vias, devendo conter, se for o caso, cópia do ato questionado e
dos documentos necessários para comprovar a impugnação.

19 PROCESSO LEGISLATIVO

Manoel Gonçalvez Ferreira Filho José Afonso da Silva


1) Introdutória ou de iniciativa;
Para o autor existe uma fase:
2) Exames de projetos nas comissões;
1) Introdutória (que se refere a
3) Deliberação – discussões dos projetos
iniciativa),
em plenário;

80
2) Uma fase constitutiva (que 4) Decisória;
compreende a deliberação e sanção), e 5) A revisão.
3) Fase complementar (na qual está Observação: note-se que o autor exclui a
contida a promulgação e publicação) promulgação e publicação

No âmbito Federal, como é um sistema BICAMERAL (Senado + Câmara dos


Deputados), é a iniciativa que vai condicionar em qual das Casas será cada uma das
deliberações, a saber, a principal e a revisional. Assim, os projetos de lei enviados a
membros do Senado começam neste. Em todos os demais casos, a deliberação
principal ocorrerá na Câmara dos Deputados, incluindo a iniciativa do Presidente da
República. Por Excelência a Câmara dos Deputados é o local onde se iniciam as
propostas legislativas.
Observação: Usurpação de iniciativa é vício de inconstitucionalidade formal,
consistente na apresentação de projeto de lei versando sobre determinada matéria
por quem não tem legitimidade para tal, NESSE CASO NÃO HÁ COMO CONVALIDAR
ESSE VÍCIO DE CONSTITUCIONAL.

LEMBRETE: É preciso conectar a matéria do processo legislativo com as questões


relativas às competências legislativas, ou seja, é preciso ver a quem cabe a
competência para cada espécie legislativa dependendo da matéria que está em
questão (logo, ver com atenção art. 21, art. 22, art. 24, art. 25, art. 30, art. 32, art. 49,
art. 51, 52, ambos da CF.)

O QUE COMPREENDE O PROCESSO LEGISLATIVO NA CONSTITUIÇÃO?

81
Art. 59 da CF: O processo legislativo compreende a elaboração de:

I - emendas à Constituição (atuação do Poder Constituinte derivado);


II - leis complementares (complementam conteúdo que a Constituição
lhes autoriza);
III - leis ordinárias (também chamadas de leis federais
/infraconstitucionais);
IV - leis delegadas (É uma lei equiparada à lei ordinária. A competência
para a sua elaboração é do Presidente da República, desde que haja pedido
e delegação expressa do Congresso Nacional. A delegação é efetivada por
resolução, na qual conste o conteúdo juntamente com os termos do
exercício desta atribuição);
V - medidas provisórias (função atípica do Presidente da República em
casos onde houver urgência e relevância da matéria em questão;
VI - decretos legislativos (regulam matérias de competência exclusiva do
Congresso, tais como: ratificar atos internacionais, sustar atos normativos do
presidente da República, julgar anualmente as contas prestadas pelo chefe
do governo, autorizar o presidente da República e o vice-presidente a se
ausentarem do país por mais de 15 dias, apreciar a concessão de emissoras
de rádio e televisão, autorizar em terras indígenas, etc) - VIDE ABAIXO A
DISTINÇÃO ENTRE DECRETOS AUTÔNOMOS E REGULAMENTARES;
VII - resoluções (são uma norma jurídica destinada a disciplinar assuntos
do interesse interno do Congresso Nacional.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação,
alteração e consolidação das leis.

PROCESSO LEGISLATIVO ESTADUAL STF: Processo legislativo dos Estados-


membros: absorção compulsória das linhas básicas do modelo constitucional
federal entre elas, as decorrentes das normas de reserva de iniciativa das leis, dada a
implicação com o princípio fundamental da separação e independência dos
poderes: jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal. [ADI 637, rel.
min. Sepúlveda Pertence, j. 25-8-2004, P, DJ de 1º-10-2004.]

AINDA: O ATO NORMATIVO ABRANGE TANTO A PRODUÇÃO DE NORMAS GERAIS


COMO INDIVIDUAIS. ENTRETANTO, O USO COMUM QUANDO SE FALA EM ATO
NORMATIVO É QUE SE TRATE DE NORMAS GERAIS.

Importante: Distinção entre decreto autônomo e regulamentar em face da Emenda


Constitucional n. 32/2001.

19.1 Emendas constitucionais

QUEM PODE PROPOR?

Art. 60 da CF: A Constituição poderá ser emendada mediante


proposta:

82
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das
unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela
maioria relativa de seus membros.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL A eficácia das regras jurídicas produzidas pelo poder
constituinte (redundantemente chamado de "originário") não está sujeita a
nenhuma limitação normativa, seja de ordem material, seja formal, porque provém
do exercício de um poder de fato ou suprapositivo. Já as normas produzidas pelo
poder reformador, essas têm sua validez e eficácia condicionadas à legitimação que
recebam da ordem constitucional. Daí a necessária obediência das emendas
constitucionais às chamadas cláusulas pétreas. [ADI 2.356 MC e ADI 2.362 MC, rel. p/
o ac. min. Ayres Britto, j. 25-11-2010, P, DJE de 19-5-2011.]

VEDAÇÃO A EMENDA:
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de
estado de defesa ou de estado de sítio.

VOTAÇÃO:
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional (LOGO,
SENADO + CÂMARA DOS DEPUTADOS), em dois turnos (EM DUAS VOTAÇÕES) ,
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos
respectivos membros (É O MAIOR QUÓRUM DE VOTAÇÃO – LEMBRAR QUE NOSSA
CONSTITUIÇÃO É RÍGIDA) .

ATENÇÃO: não há um prazo fixo para se respeitar em relação ao interstício


dos dois turnos:

A Constituição Federal de 1988 não fixou um intervalo temporal mínimo entre os dois
turnos de votação para fins de aprovação de emendas à Constituição (CF, art. 60, §
2º), de sorte que inexiste parâmetro objetivo que oriente o exame judicial do grau de
solidez da vontade política de reformar a Lei Maior. A interferência judicial no âmago
do processo político, verdadeiro locus da atuação típica dos agentes do Poder
Legislativo, tem de gozar de lastro forte e categórico no que prevê o texto da CF. [ADI
4.425, rel. p/ o ac. min. Luiz Fux, j. 14-3-2013, P, DJE de 19-12-2013.]

CLÁUSULA PÉTREA (não pode ser abolida – ou seja, produz inconstitucionalidade,


bem como pode ser objeto de mandado de segurança interposto por parlamentar
ainda durante o processo legislativo):

§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos


Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.

83
O STF admite a legitimidade do parlamentar – e somente do parlamentar – para
impetrar mandado de segurança com a finalidade de coibir atos praticados no
processo de aprovação de lei ou emenda constitucional incompatíveis com
disposições constitucionais que disciplinam o processo legislativo. Precedentes do
STF: MS 20.257/DF, Min. Moreira Alves (leading case) (RTJ99/1031rel. p/ o ac. min. Teori
Zavascki, j. 20-6-2013, P, DJE de 18-2-2014

MATÉRIA REJEITADA NÃO PODE SER REAPRESENTADA NA MESMA


SESSÃO LEGISLATIVA (ANO LEGISLATIVO)
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida
por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão
legislativa.

EMENDA NÃO ESTÁ SUJEITA A VETO OU SANÇÃO, POIS É ATUAÇÃO DO PODER


CONSTITUINTE DERIVADO.

AS EMENDAS PODEM SOFRER LIMITAÇÕES FORMAIS, MATERIAIS, TEMPORAIS.

EX: não pode emendar à Constituição da vigência do Estado de defesa e sítio.


EMENDAS CONSTITUCIONAIS PODEM SER DECLARADAS INCONSTITUCIONAIS.

DECISÃO DO STF: O STF já assentou o entendimento de que é admissível a ação


direta de inconstitucionalidade de emenda constitucional, quando se alega, na
inicial, que esta contraria princípios imutáveis ou as chamadas cláusulas pétreas da
Constituição originária (art. 60, § 4º, da CF). Precedente: ADI 939 (RTJ151/755). [ADI
1.946 MC, rel. min. Sydney Sanches, j. 29-4-1999, P, DJ de 14-9-2001.]

19.2 Leis complementares e Leis Ordinárias

A QUEM CABE?

Art. 61 da CF: A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer:


→ membro ou Comissão da Câmara dos Deputados;
→ do Senado Federal ou;
→ do Congresso Nacional;
→ ao Presidente da República;
→ ao Supremo Tribunal Federal;
→ aos Tribunais Superiores;
→ ao Procurador-Geral da República; e
→ aos cidadãos.

CASOS PRIVATIVOS AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA (parágrafo 1º- reserva de lei)


I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e
autárquica ou aumento de sua remuneração;
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços
públicos e pessoal da administração dos Territórios;

84
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de
cargos, estabilidade e aposentadoria;
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como
normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o
disposto no art. 84, VI, da CF;
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos,
promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva

ATENÇÃO
Leis Complementares maioria absoluta= metade dos membros + 1 – tem sua
autorização para edição quando à constituição expressamente prever – não podem
ser tratadas por medidas provisórias ou leis delegadas!
Leis Ordinárias maioria simples: metade mais um dos presentes, respeitada a
regra do art. 47 da constituição (ou seja, presentes na sessão a maioria absoluta dos
membros) – conhecida como lei comum tem incidência justamente quando não há
previsão específica!
Não há hierarquia entre lei ordinária e lei complementar, pois ambas têm
objetos distintos.

INICIATIVA POPULAR: (somente de leis ordinárias ou complementares, não


cabe no caso de emenda à Constituição)

REQUISITOS:
→ 1% do eleitorado nacional (5% em caso de município);
→ Distribuído em pelo menos 5 Estados da federação;
→ 3/10 dos eleitores em cada um desses Estados;
→ INICIA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS;
→ § 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos
Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos
por cento dos eleitores de cada um deles.

ATENÇÃO – EMENDA A CONSTITUCIONAL ESTADUAL PODERÁ SER DE INICIATIVA


POPULAR, EM HAVENDO PREVISÃO. ESSE CASO CONCRETO ACONTECEU NO
ESTADO DO AMAPÁ, O QUAL POR EMENDA ACRESCENTOU A INICIATIVA POPULAR
A PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO ESTADUAL.

STF- ‘A iniciativa popular de emenda à Constituição Estadual é compatível com a


Constituição Federal, encontrando fundamento no art. 1º, parágrafo único, no art. 14, II
e III e no art. 49, VI, da CF/88.
Embora a Constituição Federal não autorize proposta de iniciativa popular para
emendas ao próprio texto, mas apenas para normas infraconstitucionais, não há
impedimento para que as Constituições Estaduais prevejam a possibilidade,
ampliando a competência constante da Carta Federal. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018 (Info 921).

85
19.3 Medidas Provisórias

Função legislativa do Presidente da República.

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:


I – relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual civil;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de
seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e
suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer
outro ativo financeiro;
III – reservada a lei complementar;
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente
de sanção ou veto do Presidente da República.

EC N.32/2001 Foi um divisor de águas em matéria de medida provisória, haja vista


que vedou a edição automática e indefinida de medidas provisórias, visando coibir o
uso abusivo por parte do poder executivo.

§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto


os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi
editada.

ATENÇÃO À POSTURA DO PELO STF EM RELAÇÃO À MEDIDA PROVISÓRIA NO


ÂMBITO ESTADUAL E MUNICIPAL: poderão Estados e Municípios adotar medidas
provisórias, se houver previsão expressa na Constituição do Estado e na Lei Orgânica
do município e desde que seja respeitado o princípio da simetria Constitucional, ou
seja, necessária a observância do tratamento da matéria na sistemática
constitucional!

PERDA DA EFICÁCIA DA MEDIDA PROVISÓRIA


§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia,
desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias,
prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso
Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas
decorrentes. (60 dias + 60 dias)

OU SEJA, O INSTRUMENTO QUE DISCIPLINA AS RELAÇÕES JURÍDICAS


DECORRENTES DE EDIÇÃO DE MEDIDA PROVISÓRIA É O DECRETO LEGISLATIVO.

Observação: As medidas provisórias não convertidas em lei no prazo


constitucional perdem sua eficácia desde sua edição e não a partir do ato que
decreta encerramento do prazo de sua vigência.

86
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória,
suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.
§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das
medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus
pressupostos constitucionais.

PRESSUPOSTOS CONSTITUCIONAIS: RELEVÂNCIA = URGÊNCIA DA MATÉRIA

PRAZO PARA APRECIAÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA (45 dias entrará em


regime de urgência, logo, os demais processos ficam suspensos até que
seja apreciada à medida):

§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados
de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada
uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a
votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver
tramitando.

Interpretação do Art. 62, § 6º, da CF e limitação do sobrestamento:

O Plenário retomou julgamento de mandado de segurança


impetrado contra decisão do Presidente da Câmara dos
Deputados que, em questão de ordem, formalizara, perante o
Plenário dessa Casa Legislativa, seu entendimento no sentido
de que o sobrestamento das deliberações legislativas, previsto
no § 6º do art. 62 da CF (“§ 6º Se a medida provisória não for
apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua
publicação, entrará em regime de urgência,
subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso
Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação,
todas as demais deliberações legislativas da Casa em que
estiver tramitando”), só se aplicaria, supostamente, aos projetos
de lei ordinária — v. Informativo 572. Em voto-vista, a Ministra
Cármen Lúcia acompanhou o relator e denegou a segurança.
Destacou que seria não apenas da competência do Presidente
da Câmara valer-se da interpretação conforme, como também
seria compatível com princípios e regras da Constituição. Nesse
ponto, a interpretação conforme seria instrumento que poderia
ser exercido tanto pelo Poder Judiciário quanto pelo Poder
Legislativo no exercício da interpretação constitucional. Assim,
na decisão questionada, ficara consignado que o regime de
urgência, previsto no § 6º do art. 62 da CF, a impor o
sobrestamento das deliberações legislativas das Casas do
Congresso seria referente somente às matérias que se
mostrassem passíveis de regramento por medida provisória.
Estariam excluídos do âmbito de incidência das medidas
provisórias, como dispõe o art. 62, § 1º, da CF, em consequência,
as propostas de emenda à Constituição, os projetos de lei
complementar, os projetos de decreto legislativo, os projetos de

87
resolução e, até mesmo, tratando-se de projetos de lei ordinária,
aqueles que veiculassem temas pré-excluídos, por
determinação constitucional. Em seguida, pediu vista o
Ministro Roberto Barroso. MS 27931/DF, rel. Min. Celso de Mello,
18.3.2015. (MS-27931)

§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados.

§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa (ano em que houver sido
rejeitada), de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua
eficácia por decurso de prazo.

AS RELAÇÕES JURÍDICAS QUE FORAM REGIDAS POR MEDIDA PROVISÓRIA


SERÃO CONSERVADAS – SERÃO REGULADAS POR DECRETO LEGISLATIVO.

EM CASO DE REJEIÇÃO OU NÃO EDIÇÃO DE DECRETO LEGISLATIVO REGULANDO:


§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a
rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas
e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela
regidas.

§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida


provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou
vetado o projeto.

19.4 Decretos

IMPORTANTE: Manoel Gonçalvez Ferreira Filho (p.221 – Processo Legislativo) busca


estabelecer a distinção entre decreto legislativo e resolução. Assim os
distinguindo:

“Decreto legislativo e resolução essencialmente ditam normas individuais, no que


não se confundem (...). Destarte, o campo do decreto legislativo, na atual
Constituição, é o das matérias mencionadas no art. 49, sem exceção. Fora daí, e do
campo específico da lei é que caberá as resoluções. Do que se expôs, claramente se
infere que a resolução não tem por que ser incluída no processo legislativo stricto
senso “
Observação: lembrar o que será discutido em relação ao decreto por conta do art.
84, VI, da CF.

DECRETO REGULAMENTAR (que visa a complementar a lei, uma espécie de ato


administrativo que busca dar fiel cumprimento a execução de uma lei – chamados
de DECRETOS DE MERA EXECUÇÃO – sendo ATOS SECUNDÁRIOS POIS NÃO
INOVAM NA ORDEM JURÍDICA - art. 84, IV, da CF

Observação: NÃO PODE SER OBJETO DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE


ABSTRATO, POIS SE O DECRETO CONTRARIAR A LEI, TRATA-SE DE CASO DE
ILEGALIDADE (OU INCONSTITUCIONALIDADE REFLEXA)

88
DECRETO LEGISLATIVO; exercido pelo congresso nacional conforme suas
competências do art. 49 da Constituição, constituindo ato normativo primário
passível de ação direta de inconstitucionalidade

DECRETO AUTÔNOMO: eles tratariam de temas que inovam, ou seja, não foram
objetos de abordagem pela lei, que silencia sobre as questões reguladas no decreto.
(art. 84, VI EC 32/2001) –

O Supremo Tribunal Federal admite o controle, por via de ação direta de


inconstitucionalidade, do decreto autônomo, revestido de conteúdo normativo, mas
não o admite quando se tratar de decreto de regulamentação da lei.

O Supremo Tribunal Federal admite o controle, por via de ação direta de


inconstitucionalidade, do decreto autônomo, revestido de conteúdo
normativo, mas não o admite quando se tratar de decreto de
regulamentação da lei.

19.5 Leis Delegadas

A QUEM COMPETE e como é a delegação:


Presidente da República solicita ao Congresso Nacional a delegação;
A delegação é feita através de resolução do Congresso Nacional, devendo
expressamente indicar o conteúdo e sua forma de exercício (lembrando que no art.
49, V – cabe ao Congresso Nacional - sustar os atos normativos do Poder Executivo
que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa).

O que não pode ser objeto de delegação:


I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de
seus membros;
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

REGRA GERAL PARA VOTAÇÃO NO PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO

Art. 66 da CF: A Casa na qual tenha sido concluída a votação


enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que,
aquiescendo, o sancionará.
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo
ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público,
vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis,
contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de
quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os
motivos do veto.

IMPORTANTE!
1) O veto deverá ser expresso (total ou parcial) e poderá ser por questões políticas
e ou jurídicas, enquanto que a sanção poderá ser tácita decorrido o prazo de 15
dias – Pode o veto ser TOTAL OU PARCIAL – POR RAZÕES JURÍDICAS OU POLÍTICAS-
não caberá questionar as razões do veto junto ao poder judiciário!

89
§ 2º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de
inciso ou de alínea.
§ 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República
importará sanção

2) APRECIADO PELO CONGRESSO NACIONAL (pois é sessão conjunta) E PODE SER


REJEITADO PELA MAIORIA ABSOLUTA.

§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu
recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados
e Senadores.
§ 5º - Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao
Presidente da República.
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na
ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua
votação final.

3) CONSEQUÊNCIA DE NÃO SER APRECIADO EM 30 DIAS – VAI SOBRESTRAR OS


DEMAIS ATOS LEGISLATIVOS

§ 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da
República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este
não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.

Art. 67 da CF: A MATÉRIA CONSTANTE EM PROJETO DE LEI


QUE TENHA SIDO REJEITADO PODERÁ CONSTITUIR OBJETO
DE NOVO PROJETO, NA MESMA SESSÃO LEGISLATIVA QUE
TENHA SIDO REJEITADA, MEDIANTE A PROPOSTA DE
MAIORIA ABSOLUTA DOS MEMBROS DE QUALQUER DAS
CASAS DO CONGRESSO NACIONAL.

90
20 SEPARAÇÃO DE PODERES

LEGISLATIVO

EXECUTIVO

SEPARAÇÃO
DE PODERES

JUDICIÁRIO

→ Separação entre Executivo, legislativo e judiciários, independentes e harmônicos


entre si;
→ Dizemos que é um princípio constitucional, sendo que a divisão de três poderes
vem desde a Constituição de 1981;
→ É cláusula pétrea;
→ Cuidar a distinção de funções, ou seja, na verdade trata-se de uma separação de
funções, sendo que cada poder exerce funções típicas (Ex.: Poder legislativo é de
legislar) e atípicas (ex: Poder legislativo julgar como ocorre no processo de
impeachment)

20.1 PODER LEGISLATIVO

NO ÂMBITO FEDERAL SISTEMA BICAMERAL: Art. 44, CF 1988 - "O Poder Legislativo
é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal."

Câmara
Congresso
dos Senado
nacional
Deputados

91
Deputados Senadores Deputados Vereadores
Federais Estaduais
Número
Entre 8 Será número Dependerá do
O número de
(mínimo) e fixo de 3 número de
vereadores
70 (máximo Senadores por Deputados seguirá
Observação: Estado e DF – Estaduais. Art. 27
conforme a
o Tribunal elege-se com determina o
quantidade de
Superior dois suplentes seguinte cálculo:
habitantes,
Eleitoral até o número de tratando de
encaminha 12 deputados
número
aos Tribunais federais, máximo. Como
Regionais multiplica-se por
a EC alterou
eleitorais e três ( x 3).Acima
esses números,
aos partidos de 12 deputados tal situação foi
políticos o federais, a
objeto de
número de fórmula mais
votação nas
vagas a simples é a
casas
serem seguinte: y
legislativas, a
disputadas. (número dos dep.favor ou não da
Estaduais) = x ampliação do
(número de dep. número de
Federais acima
vereadores
de 12) + 24 dentro do
permitido pela
Constituição;
Ver art. 29 da CF.
Mandato 4 anos – não 8 anos- será 4 anos – não 4 anos – não
havendo renovada de havendo limites havendo limites
limites para quatro em para recondução para
recondução quatro anos, recondução
alternadamente,
por um e dois
terços.
Sistema Proporcional Majoritário (mais Proporcional Proporcional
(depende da votado entre os (depende da (depende da
legenda candidatos) legenda legenda
partidária- partidária- partidária-
quoeficiente quoeficiente quoeficiente
eleitoral) eleitoral) eleitoral)
Idade 21 anos 35 anos 21 anos 18 anos

LEMBRAR SOBRE AS COMPETÊNCIAS:

→ Art. 48 traz a Competência do Congresso Nacional que depende de SANÇÃO DO


PRESIDENTE DA REPÚBLICA;
→ Art. 49 (Congresso), 51 (Câmara dos Deputados) e 52 (Senado) SEM sanção do
Presidente da República;

92
→ As competências dos arts. 51 e 52 apesar de trazer o termo PRIVATIVA, é
importante lembrar que são na verdade EXCLUSIVAS, ou seja, não podem ser
delegadas.

20.1.1 Conceito

SESSÃO PERÍODO SESSÕES


LEGISLATIVA LEGISLATIVO

Art. 57 da CF: O Cada um dos ORDINÁRIAS: São aquelas já previstas na


Congresso Nacional dois períodos ordem regular.
reunir-se-á, que compõem
anualmente, na a sessão EXTRAORDINÁRIAS: ocorre quando
Capital Federal, de 2 legislativa. O houver convocação extraordinária do
de fevereiro a 17 de primeiro Congresso Nacional e somente para
julho e de 1º de período deliberar sobre matéria objeto da
agosto a 22 de legislativo convocação.
dezembro; compreende § 6º A convocação extraordinária do
aquele entre Congresso Nacional far-se-á:
→ Sessão legislativa é 02 de fevereiro (...)
então o período a 17 de julho. O II - pelo Presidente da República, pelos
ANUAL de reuniões segundo Presidentes da Câmara dos Deputados e
do Congresso período do Senado Federal ou a requerimento da
Nacional; legislativo maioria dos membros de ambas as Casas,
compreende em caso de urgência ou interesse público
→ Cada sessão aquele entre 1º relevante, em todas as hipóteses deste
legislativa se compõe de agosto a 22 inciso com a aprovação da maioria
de DOIS períodos de dezembro. absoluta de cada uma das Casas do
legislativos. Congresso Nacional.

§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o


Congresso Nacional somente deliberará
sobre a matéria para a qual foi
convocado, ressalvada a hipótese do § 8º
deste artigo, vedado o pagamento de
parcela indenizatória, em razão da
convocação.

20.1.2 Funcionamento e estruturas internas do poder legislativo

CADA CASA LEGISLATIVA DEVERÁ ELABORAR SEU REGIMENTO INTERNO.

Art. 57, § 3°, II, CF 1988 "Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara
dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para (...) elaborar
o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas"
Art. 51, III, CF 1988 "Compete privativamente à Câmara dos Deputados (...) elaborar
seu regimento interno"
Art. 52, XII, CF 1988 "Compete privativamente ao Senado Federal (...) elaborar seu
regimento interno„

93
IMPORTANTE:

1) Atos "INTERNA CORPORIS" são os atos baseados exclusivamente nos três


Regimentos do Congresso Nacional, NÃO são atos apreciáveis pelo Poder Judiciário,
ante o princípio da auto-organização do Poder Legislativo que lhe foi conferido pela
Constituição, sendo assim, os conflitos derivados da aplicação de norma regimental
devem ser dirimidos exclusivamente pelos órgãos competentes do próprio
Congresso Nacional.

EXCEÇÃO: só cabe controle judicial dos atos do regimento interno se os mesmos


afrontarem à Constituição. Ex: o regimento prevê uma votação por maioria simples
quando a Constituição exige maioria qualificada.

2) DECISÃO DO STF: (...) o Plenário do STF tem reiteradamente advertido que atos
emanados dos órgãos de direção das Casas do Congresso Nacional, quando
praticados nos estritos limites da competência da autoridade apontada como
coatora e desde que apoiados em fundamentos exclusivamente regimentais, sem
qualquer conotação de índole jurídico-constitucional, revelam-se imunes ao judicial
review, pois - não custa enfatizar - a interpretação incidente sobre normas de índole
meramente regimental, por qualificar-se como típica matéria interna corporis,
suscita questão que se deve resolver, "exclusivamente, no âmbito do Poder
Legislativo, sendo vedada sua apreciação pelo Judiciário" (...).[MS 23.920 MC, rel.
min. Celso de Mello, decisão monocrática, j. 28-3-2001, DJ de 3-4-2001.] Vide MS
25.579 MC, rel. p/ o ac. min. Joaquim Barbosa, j. 19-10-2005, P, DJde 24-8-2007
MESAS DA CÂMARA FEDERAL, DO SENADO FEDERAL E DO CONGRESSO
NACIONAL
Cada uma das casas legislativa terá composta sua mesa e terão funções
administrativas e de condução/direção dos trabalhos legislativos;
As Mesas têm um papel importante porque podem propor Ação direta de
inconstitucionalidade, ação declaratória de constitucionalidade e arguição de
descumprimento de preceito fundamental, no caso do legislativo federal;
São eleitas para um mandato de 2 anos, vedada a recondução para o mesmo
cargo na eleição posterior;
Não se considera recondução a eleição para o mesmo cargo em legislaturas
diferentes, ainda que sucessivas;
Na constituição das Mesas, deverá ser assegurada a representação proporcional
dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa;
Conforme determina a Constituição, a Mesa do Congresso Nacional será presidida
pelo Presidente do Senado Federal e os demais cargos serão exercidos,
alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados
e no Senado Federal.

DAS COMISSÕES PARLAMENTARES (as comissões estarão previstas nos


regimentos internos de cada casa legislativa) e poderão ser:
COMISSÕES TEMPORÁRIAS: Art. 22, II, Regimento Interno da Câmara dos
Deputados - são criadas "para apreciar determinado assunto, que se extingue ao
término da legislatura, ou antes dele, quando alcançado o fim a que se destinam ou
expirado o prazo de sua duração"

94
COMISSÕES TEMPORÁRIAS ESPECIAIS – art.34 Regimento interno da Câmara dos
Deputados- São criadas para dar pareceres a respeito de: a) Proposta de Emenda à
Constituição e projeto de código; b) Proposições que versarem matéria de
competência de mais de três Comissões que devam pronunciar-se, quanto ao
mérito, por iniciativa do Presidente da Câmara ou a requerimento de Líder ou de
Presidente de Comissão Interessada.

COMISSÕES PARLAMENTARES MISTAS: composta por ambas as casas sobre temas


em comuns.

ATENÇÃO ESPECIAL ÀS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO (CPI´s):

Art. 58, § 3°, CF 1988 "As comissões parlamentares de inquérito,


que terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das
respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e
pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente,
mediante requerimento de um terço de seus membros, para
a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas
conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público,
para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos
infratores."

Regulada pela Lei nº 13.367/2016:


“Art. 1o As Comissões Parlamentares de Inquérito, criadas na forma do § 3o do art. 58
da Constituição Federal, terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal, com ampla ação nas pesquisas destinadas a apurar fato
determinado e por prazo certo.
Parágrafo único. A criação de Comissão Parlamentar de Inquérito dependerá de
requerimento de um terço da totalidade dos membros da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal, em conjunto ou separadamente.” (NR)

“Art. 2o No exercício de suas atribuições, poderão as Comissões Parlamentares de


Inquérito determinar diligências que reputarem necessárias e requerer a
convocação de Ministros de Estado, tomar o depoimento de quaisquer autoridades
federais, estaduais ou municipais, ouvir os indiciados, inquirir testemunhas sob
compromisso, requisitar da administração pública direta, indireta ou fundacional
informações e documentos, e transportar-se aos lugares onde se fizer mister a sua
presença.” (NR)

Somente poderes investigatórios e não jurisdicionais – somente pode quebrar


sigilo bancário e de dados, sendo que os demais deverão pedir ao juiz competente.
A denúncia ou não depende do MP, note que é uma espécie de “inquérito”, eis
sua função, instruir um possível futuro processo judicial.

QUAIS SEUS REQUISITOS?


O requerimento, o objeto determinado e o prazo certo.
→ Quórum de requerimento: 1/3. Não é possível rejeição da instalação da CPI;

95
→ Fato certo e determinado.
Regimento interno Câmara dos Deputados: 35, § 1º: § 1° Considera-se fato
determinado o acontecimento de relevante interesse para a vida pública e a ordem
constitucional, legal, econômica e social do País, que estiver devidamente
caracterizado no requerimento de constituição da Comissão;
→ não podem ser fatos privados;
→ fatos de competência do ente;
→ pode fatos conexos;
→ não pode fatos genéricos;
→ prazo certo: constituição não diz o que é prazo certo. Deixou para o regimento
interno. 120 dias.

O QUE PODE E O QUE NÃO PODE EM UMA CPI?


→ determinar o comparecimento de testemunhas, tomar-lhes depoimento,
promover diligências, requisitar documentos, certidões, pedir informações a
qualquer repartição pública, ou órgão federal, estadual, municipal, distrital ou
territorial, pode determinar a quebra do sigilo bancário e fiscal. Pode acessar sigilo
telefônico;
→ investigado e não réu ou indiciado;
→ não pode determinar a interceptação telefônica e de dados;
→ não pode determinar busca e apreensão violando domicílio;
→ a testemunha e o investigado podem ser conduzidos coercitivamente;
→ possuem direito ao silêncio;
→ possuem direito a se fazerem acompanhar por um advogado;
→ CPI não pode determinar a prisão de ninguém;
→ CPIs e princípio da Simetria: Possibilidade de CPIs nas Assembleias legislativas e
nas Câmaras de Vereadores;
→ Não há obrigatoriedade na conclusão da CPI. Pode ser entregue a quaisquer
autoridades, muito embora a CF mencione apenas o Ministério Público.

96
20.1.3 Atribuições do legislativo

Funções do
legislativo

Julgamento:
- de contas; Constituinte
- de crimes de (art.60 da CF)
responsabilidade

Fiscalizatórias Legislativas (Leis


art. 50, b, 52 ordinárias,
parag.2° complementares,
CPI regimento interno)

20.1.3.1 Atribuições fiscalizatória

Art. 50, CF 1988 "A Câmara dos Deputados e o Senado Federal,


ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de
Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente
subordinados à Presidência da República para prestarem,
pessoalmente, informações sobre assunto previamente
determinado, importando crime de responsabilidade a
ausência sem justificação adequada.

Convocação de outras autoridades ou cidadãos:

Art. 58, § 2º, CF 1988 "Às comissões, em razão da matéria de sua


competência, cabe:
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações
sobre assuntos inerentes a suas atribuições; (...)

→ Art. 58, § 3º da CF: Comissões parlamentares de inquérito.

20.1.3.2 Atribuições de julgamentos

JULGAMENTO DAS CONTAS DO PRESIDENTE: Art. 49, IX, CF 1988 "É da competência
exclusiva do Congresso Nacional: julgar anualmente as contas prestadas pelo
Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de
governo" COMBINADO COM Art. 84, XXIV (Cabe ao Presidente Prestar). Art. 71, I, CF

97
1988 [Compete ao Tribunal de Contas da União] "apreciar as contas prestadas
anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser
elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento – EMITIR PARECER, NÃO
JULGAR. PAPEL DE CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

ATRIBUIÇÕES" DE JULGAMENTO DE CRIMES DE RESPONSABILIDADE


(impeachment) Art. 51, I, CF 1988 "Compete privativamente à Câmara dos
Deputados: autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo
contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado
[Câmara dos Deputados como "órgão de admissibilidade do processo"]"

Art. 52, CF 1988 "Compete privativamente ao Senado


Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da
República nos crimes de responsabilidade, bem como os
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército
e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com
aqueles;
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal,
o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União
nos crimes de responsabilidade;

DISTINÇÃO entre crimes comuns e crimes de responsabilidade:


Pode-se simplificar afirmando que os crimes comuns referem-se aos previstos na
legislação penal, seja no Código Penal seja na legislação extravagante ou especial,
tendo sua competência de julgamento pelo Poder Judiciário, enquanto os crimes de
responsabilidade são graves infrações de caráter político-constitucional cometidas
pelas mais altas autoridades constitucionais dos demais Poderes do Estado, tem sua
natureza jurídico-políticas, e sua SANÇÃO está prevista no art. 52, § único, CF 1988,
que regulamenta as linhas básicas dos processos de crimes de responsabilidade:
"Nos casos previstos nos incisos I e II [do art. 52], funcionará como Presidente o do
Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida
por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação,
por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais
sanções judiciais cabíveis

Observação: no caso DILMA ROUSSEF, A SANÇÃO FOI DESMEMBRADA, OU SEJA, A


VOTAÇÃO INCIDIU SOBRE CADA UMA DAS SANÇÕES, RESTANDO APROVADA
APENAS A VOTAÇÃO PELA CASSAÇÃO DO MANDATO E NÃO PARA INABILITAÇÃO
DOS DIREITOS POLÍTICOS.

21 TRIBUNAL DE CONTAS

Aparecem dentro do Poder Legislativo – órgãos independentes de extração


constitucional;
O tribunal de contas auxilia o Congresso Nacional na sua missão de controle externo,
conforme art. 71 da CF.

98
Art. 70 da CF: A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial da União e das entidades da
administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e
renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno
de cada Poder.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou
jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou
pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária.

21.1 Quem será fiscalizado e em quais dimensões?

Quem será fiscalizado: todos os órgãos da Administração Direta, as entidades da


Administração indireta (autarquias, fundações, consórcios públicos, empresas
públicas e sociedades de economia mista) e inclusive particulares, sejam pessoas
jurídicas ou físicas, que de algum modo gerenciam dinheiro público.
→ dimensões: dinheiros e patrimônio;
→ aspectos: legalidade, economicidade e legitimidade;
→ não só despesas, também subvenções e renúncia de receitas.

Art. 73 da CF: O Tribunal de Contas da União, integrado por


nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de
pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no
que couber, as atribuições previstas no art. 96.

21.2 Critérios de nomeação

Artigo 73 da Constituição Federal:


§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão
nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes
requisitos:
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de
idade;
II - idoneidade moral e reputação ilibada;
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos
e financeiros ou de administração pública;
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva
atividade profissional que exija os conhecimentos
mencionados no inciso anterior.
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão
escolhidos:
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do
Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e
membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em
lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade
e merecimento;

99
II - dois terços pelo Congresso Nacional.

21.3 Resumo

→ 9 ministros;
→ 1/3, ou seja, 3, serão escolhidos pelo Presidente da República. Um ele poderá
escolher livremente. O outro ele terá de escolher alternadamente entre auditores e
membros do ministério público de contas, a partir de critérios de merecimento e
antiguidade, e a partir de lista tríplice elaborada pelo tribunal;
→ 2/3 escolhidos livremente pelo parlamento;
→ Os Ministros do TCU possuem as mesmas prerrogativas de Ministro do STJ;
→ Os mesmos percentuais se aplicam aos tribunais de contas dos Estados. Ocorre,
contudo, que os Tribunais de Contas Estaduais são formados por conselheiros, e não
ministros, e são em número de 7, e não 9.

21.4 Competência

Artigo 71 da Constituição Federal:


I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante
parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu
recebimento;
- Inciso I - Elaborar Parecer prévio sobre as contas de governo, anualmente. As
contas serão aprovadas ou reprovados pelo Congresso Nacional, mediante
decreto legislativo (maioria absoluta). No caso específico dos Municípios há um
quórum maior, quórum de 2/3 dos vereadores para não aprovar o parecer (art. 31,
§ 2º).
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e
valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e
sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles
que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
erário público;
- Inciso II – se refere às contas de gestão. Possibilidade de imputação de multa e de
débito diretamente pelo Tribunal de Contas. Quem quer que cause prejuízo ao
erário.
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas
e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento
em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões,
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório;
- Inciso III – legalidade das admissões e aposentadorias, salvo aumentos simples
no último caso.
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de
Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas
dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso
II;
- Inciso IV – Tomadas de contas especiais, que pode ser ex officio ou mediante
provocação.

100
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social
a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
- Inciso V - Contas nacionais das empresas públicas supracionais – caso da Itaipu
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante
convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito
Federal ou a Município;
- Inciso VI – Recursos repassados para a União a Estados e Municípios
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de
suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias
e inspeções realizadas;
- Inciso VII – Prestar informações
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade
de contas, as
sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa
proporcional ao dano causado ao erário;
- VIII – aplicar diretamente as sanções
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao
exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
IX – apontamento. Em caso de irregularidades, o tribunal apontará o erro, dando
prazo para a correção.
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à
Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; [...] § 1º No caso de contrato, o ato de
sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de
imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não
efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão
eficácia de título executivo.
X – sustar diretamente.

Ex.: admissão sem concurso público. O Tribunal de Contas pode sustar qualquer ato.
Importante ler este inciso em conjunto com os § 1 e 2º. No caso de contrato
administrativo, o Tribunal de Contas primeiro vai informar ao Congresso Nacional e
este vai notificar ao Executivo para que tome providências. Se em 90 dias o
Congresso Nacional ou o Poder Executivo nada fizerem, poderá o tribunal de contas
agir diretamente.

Aparecem dentro do Poder Legislativo como órgãos independentes de


extração Constitucional. Cuidado com a distinção:
A) No caso do art. 71, I da CF: Elaborar Parecer prévio sobre as contas de
DICA governo, anualmente. As contas serão aprovadas ou reprovados pelo
Congresso Nacional, mediante decreto legislativo (maioria absoluta). No
caso específico dos Municípios há um quórum maior, quórum de 2/3 dos
vereadores para não aprovar o parecer (art. 31, § 2º da CF);
B) No caso do inciso II, a palavra é julgar: Se refere às contas de gestão.
Possibilidade de imputação de multa e de débito diretamente pelo
Tribunal de Contas. Quem quer que cause prejuízo ao erário.

101
21.5 Postura do STF após súmula

SÚMULA VINCULANTE 3
Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório
e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do
ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

SÚMULA 347 STF


“O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público”.

Controle de constitucionalidade e Tribunal de Contas


"2. Descabe a atuação precária e efêmera afastando do cenário jurídico o que
assentado pelo Tribunal de Contas da União. A questão alusiva à possibilidade de
este último deixar de observar, ante a óptica da inconstitucionalidade, certo ato
normativo há de ser apreciada em definitivo pelo Colegiado, prevalecendo, até aqui,
porque não revogado, o Verbete nº 347 da Súmula do Supremo. De início, a atuação
do Tribunal de Contas se fez considerado o arcabouço normativo constitucional." (MS
31439 MC, Relator Ministro Marco Aurélio, Decisão Monocrática, julgamento em
19.7.2012, DJe de 7.8.2012)
"Assim, a declaração de inconstitucionalidade, pelo Tribunal de Contas da União, do
art. 67 da Lei n° 9.478/97, e do Decreto n° 2.745/98, obrigando a Petrobrás,
consequentemente, a cumprir as exigências da Lei n° 8.666/93, parece estar em
confronto com normas constitucionais, mormente as que traduzem o princípio da
legalidade, as que delimitam as competências do TCU (art. 71), assim como aquelas
que conformam o regime de exploração da atividade econômica do petróleo (art.
177). Não me impressiona o teor da Súmula n° 347 desta Corte, (...). A referida regra
sumular foi aprovada na Sessão Plenária de 13.12.1963, num contexto constitucional
totalmente diferente do atual. Até o advento da Emenda Constitucional n° 16, de
1965, que introduziu em nosso sistema o controle abstrato de normas, admitia-se
como legítima a recusa, por parte de órgãos não-jurisdicionais, à aplicação da lei
considerada inconstitucional. No entanto, é preciso levar em conta que o texto
constitucional de 1988 introduziu uma mudança radical no nosso sistema de
controle de constitucionalidade. Em escritos doutrinários, tenho enfatizado que a
ampla legitimação conferida ao controle abstrato, com a inevitável possibilidade de
se submeter qualquer questão constitucional ao Supremo Tribunal Federal, operou
uma mudança substancial no modelo de controle de constitucionalidade até então
vigente no Brasil. Parece quase intuitivo que, ao ampliar, de forma significativa, o
círculo de entes e órgãos legitimados a provocar o Supremo Tribunal Federal, no
processo de controle abstrato de normas, acabou o constituinte por restringir, de
maneira radical, a amplitude do controle difuso de constitucionalidade. A amplitude
do direito de propositura faz com que até mesmo pleitos tipicamente individuais
sejam submetidos ao Supremo Tribunal Federal mediante ação direta de
inconstitucionalidade. Assim, o processo de controle abstrato de normas cumpre
entre nós uma dupla função: atua tanto como instrumento de defesa da ordem
objetiva, quanto como instrumento de defesa de posições subjetivas. Assim, a
própria evolução do sistema de controle de constitucionalidade no Brasil, verificada
desde então, está a demonstrar a necessidade de se reavaliar a subsistência da

102
Súmula 347 em face da ordem constitucional instaurada com a Constituição de
1988." (MS 25888 MC, Relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento em 22.3.2006, DJ
de 29.3.2006)

Pensando criticamente: O Supremo Tribunal Federal não revogou o verbete


da Súmula 347 que reconhece a competência para declaração de
constitucionalidade por parte do Tribunal de Contas. Contudo, às manifestações em
decisões via Mandado de Segurança tem ressaltado a impossibilidade de um
Tribunal não jurisdicional declarar a inconstitucionalidade de Lei, isso porque é
incompetente para o exercício do controle repressivo de constitucionalidade.
Tais compreensões estão também relacionadas à natureza do órgão,
concluindo-se que sua função é de natureza administrativa no auxílio técnico do
Poder Legislativo na função fiscalizadora e julgadora das Contas do Executivo. Para
exercer tal função, é que haveria o reconhecimento da possibilidade da declaração
de constitucionalidade. Demonstrou que tal redação que autorizava o agir do
Tribunal, bem como o contexto da redação sumular é anterior a Constituição de 1988
e, portanto, deve ser relida à luz da nova ordem jurídica.
Não pairam dúvidas quanto à impossibilidade desta declaração ser
compreendida sob a ótica do controle abstrato, pois haveria uma usurpação de
competência originária do Supremo Tribunal Federal. Parte da doutrina e dos
julgados tratam de uma possível declaração de constitucionalidade pela via
incidental, o que não restou pacífico. Isso, pois, há também a compreensão que a
natureza não jurisdicional do órgão impede falar em controle de constitucionalidade
e sim em não aplicação de lei inconstitucional. Adverte-se, no texto, que
independente da postura adotada, reconhecer a força das manifestações prolatadas
pelo Tribunal de Contas quando afasta a incidência de uma norma ou quando
declara sua inconstitucionalidade é fundamental para se discutir outras questões
decorrentes, tais como a necessidade ou não de se observar a cláusula de reserva de
plenário, a transcendência da decisão para casos concretos, a vinculação do Tribunal
de Contas caso já exista a manifestação sobre a alegação de inconstitucionalidade
em comento em sede de recurso extraordinário.

22 IMUNIDADE PARLAMENTAR

→ As imunidades parlamentares são de ordem formal e material;


→ A constituição regula o âmbito federal;
→ Não há imunidades formal para o caso de vereadores municipais;
→ No caso da imunidade material, cuidar que para os vereadores a circunscrição do
município é quem determinará seu âmbito de incidências.

103
IMUNIDADE MATERIAL
IMUNIDADE FORMAL
(DE FALA)

Garantia do parlamentar de não


a) âmbito civil: as quaisquer ser preso: "Desde a expedição do
opiniões, palavras e votos diploma, os membros do
proferidos não constituem Congresso Nacional não poderão
dano civil, não geram direito ser presos, salvo em flagrante de
à indenização crime inafiançável. Nesse caso, os
b) penal: as quaisquer autos serão remetidos dentro de
opiniões, palavras e votos vinte e quatro horas à Casa
respectiva, para que, pelo voto da
proferidos não tipificam maioria de seus membros, resolva
crime, isto é: não tipificam sobre a prisão."
injúria, calúnia ou
PALAVRA-CHAVE: DIPLOMAÇÃO
difamação ou outros crimes
similares. RESPECTIVA CASA, MAIORIA
ABSOLUTA.

A garantia da imunidade
material ou
inviolabilidade vigora não Garantia de sustação da ação:
somente no efetivo ART.53 § 3° - SUPREMO TRIBUNAL
exercício do mandato NO FEDERAL recebe a denúncia conta
RECINTO do Congresso Senador ou deputado, por crime
Nacional. Efetivo ocorrido após a DIPLOMAÇÃO e dará
exercício do mandato ciência à Casa respectiva, que, por
também pode significar iniciativa de partido político nela
exercício de atividade representado e pelo voto da maioria
FORA do recinto do de seus membros, poderá, até a
Parlamento (expressão- decisão final, sustar o andamento da
chave: teoria da conexão). ação.
Obs: nos municípios A sustação suspende a prescrição
restringe-se a enquanto durar o mandato!
circunscrição municipal.

22.1 Imunidade material

IMUNIDADE MATERIAL OU INVIOLABILIDADE ("freedom of speach": imunidade


por opinião e palavras)
a) Inviolabilidade no âmbito CIVIL: as quaisquer opiniões, palavras e votos
proferidos não constituem dano civil, isto é: não geram direito à indenização por
perdas e danos (sejam danos morais sejam danos causadores de sanção acessória
por prática de crime).

Inviolabilidade no âmbito PENAL: as quaisquer opiniões, palavras e votos proferidos


não tipificam crime, isto é: não tipificam injúria, calúnia ou difamação ou outros
crimes similares.

TEORIA DA “CONEXÃO”:
DEPOIS DA EMENDA 35/01 - Âmbito ESPACIAL de proteção.

IMPORTANTE

104
Aplica-se a Senadores e Deputados Federais e Estaduais, independente de onde se
encontrem, desde que tal manifestação tenha conexão com o mandato e,
obviamente, não se qualifique como crime.
Aos vereadores, tal imunidade está restrita ao âmbito da circunscrição municipal.

22.2 Imunidade formal

A imunidade formal possui duas variantes:

Garantia do parlamentar de não ser preso ("freedom from arrest").


TEXTO ATUAL: Art. 53, § 2°, CF 1988 (redação da Emenda n° 35, de 20.12.2001) "Desde
a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser
presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão
remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da
maioria de seus membros, resolva sobre a prisão."

Garantia de sustação de ação penal


TEXTO ATUAL - Art. 53, CF 1988 (na redação da Emenda n° 35, de 20.12.2001) "§ 1° - Os
Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. (...)
§ 3° - Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após
a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por
iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus
membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.
§ 4° - O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo
improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
§ 5° - A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato."

22.3 Foro privilegiado

Art. 53, § 1° - A competência para julgamento de membros do Congresso


Nacional pela prática de infrações penais comuns é do Supremo Tribunal
Federal (e não dos juízes ordinários de primeira instância).

NOVA POSIÇÃO SO SUPREMO TRIBUNAL A PARTIR DA INTERPRETAÇÃO


RESTRITIVA DO FORO PRIVILEGIADO

● Principais Somente crimes que possuírem relação com o mandato de


parlamentar;
● Cometidos após a diplomação

Pontos de restrição;
Para ministro Luís Roberto Barroso: ‘1) O foro por prerrogativa de função aplica-se
apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções
desempenhadas.’
i) fixar a competência do STF para processar e julgar os membros do Congresso
Nacional exclusivamente quanto aos crimes praticados após a diplomação,
independentemente de sua relação ou não com a função pública em questão;

105
ii) serem inaplicáveis as regras constitucionais de prerrogativa de foro quanto aos
crimes praticados anteriormente à diplomação ou nomeação, conforme o caso,
hipótese em que os processos deverão ser remetidos ao juízo de 1ª instância
competente, independentemente da fase em que se encontre;
iii) reconhecer a inconstitucionalidade de todas as normas previstas em
constituições estaduais, bem como na lei orgânica do DF, que contemplem
hipóteses de prerrogativa de foro não previstas expressamente na CF, vedada a
invocação de simetria. Nestes casos, os processos deverão ser remetidos ao juízo de
1ª instância competente, independentemente da fase em que se encontram;
iv) estabelecer, quando aplicável a competência por prerrogativa de foro, que a
renúncia ou a cessação, por qualquer outro motivo da função pública que atraia a
causa penal ao foro especial após o encerramento da fase do art. 10 da lei 8.038/90
com a determinação de vista às partes para alegações finais, não altera a
competência para o julgamento da ação penal.

SENDO ASSIM,

NOVA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL DO ART 53 PARÁGRAFO 10 –


importante decisão da ação penal 937 -APLICAÇÃO PARA CRIMES COMETIDOS
DURANTE O EXERCÍCIO DO CARGO E CRIMES RELATIVOS A FUNÇÃO QUE EXERCE.
STF - MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL. Ademais, viola o princípio da igualdade proteger,
com foro de prerrogativa, o agente público por atos praticados sem relação com a
função para a qual se quer resguardar sua independência, o que constitui a
atribuição de um privilégio. A Corte registrou que essa nova linha interpretativa deve
ser aplicada imediatamente aos processos em curso, com a ressalva de todos os atos
praticados e decisões proferidas pelo STF. AP 937 QO/RJ, rel. Min. Roberto Barroso,
julgamento em 2 e 3.5.2018. (AP-937) (Informativo 900)
Duas teses extraídas da decisão, segundo CAVALCANTE, Márcio André Lopes.
TESE 1:
As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por
prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se
apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em
razão dele.
Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado
como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser
julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal.
Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato,
se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas, também não
haverá foro privilegiado.
Foi fixada, portanto, a seguinte tese:
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o
exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. CAVALCANTE, Márcio
André Lopes.
TESE 2
Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação
para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações
penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo
ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. (CAVALCANTE)

106
STF - EM CASO DE PARLAMENTAR RENUNCIAR PARA EXIMIR-SE DO
JULGAMENTO, OU EM CASO DE MANOBRAS PARA DESLOCAR A COMPETÊNCIA E
ASSIM POSTERGAR O JULGAMENTO:
RENÚNCIA NA VÉSPERA DO JULGAMENTO- NÍTIDO INTUITO DE DESLOCAR
COMPETÊNCIA - DECISÃO DO STF: Deputado federal. Renúncia ao mandato. Abuso
de direito: reconhecimento da competência do STF para continuidade do
julgamento da presente ação penal. (...) Renúncia de mandato: ato legítimo. Não se
presta, porém, a ser utilizada como subterfúgio para deslocamento de competências
constitucionalmente definidas, que não podem ser objeto de escolha pessoal.

PERDA DE MANDATO DE PARLAMENTAR (ART 55)

● INCOMPATIBILIDADES: são proibições descritas no art. 54 da Constituição:


● Desde a expedição do diploma: a) firmar ou manter contrato com pessoa
jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando
o contrato obedecer a cláusulas uniformes; b) aceitar ou exercer cargo, função
ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum",
nas entidades constantes da alínea anterior;
● Desde a posse: a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que
goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público,
ou nela exercer função remunerada; b) ocupar cargo ou função de que sejam
demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a"; c) patrocinar
causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso
I, "a"; d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

● QUEBRA DE DECORO PARLAMENTAR: decoro parlamentar está previsto no


regimento interno, sendo apreciado pelo Comitê de ética de cada casa
legislativa; RESOLUÇÃO 25 DE 20012

2
Art. 4º Constituem procedimentos incompatíveis com o decoro parlamentar, puníveis com a perda do mandato:
I - abusar das prerrogativas constitucionais asseguradas aos membros do Congresso Nacional (Constituição Federal,
art. 55, § 1º);
II - perceber, a qualquer título, em proveito próprio ou de outrem, no exercício da atividade parlamentar, vantagens
indevidas (Constituição Federal, art. 55, §1º);
III - celebrar acordo que tenha por objeto a posse do suplente, condicionando-a a contraprestação financeira ou à
prática de atos contrários aos deveres éticos ou regimentais dos Deputados;
IV - fraudar, por qualquer meio ou forma, o regular andamento dos trabalhos legislativos para alterar o resultado de
deliberação;
VI- omitir intencionalmente informação relevante, ou, nas mesmas condições, prestar informação falsa nas
declarações de que trata o art. 18.

Art. 5º Atentam, ainda, contra o decoro parlamentar as seguintes condutas, puníveis na forma deste Código:
I - perturbar a ordem das sessões da Câmara ou das reuniões de comissão;
II - praticar atos que infrinjam as regras de boa conduta nas dependências da Casa;
III - praticar ofensas físicas ou morais nas dependências da Câmara ou desacatar, por atos ou palavras, outro
parlamentar, a Mesa ou comissão, ou os respectivos Presidentes;
IV - usar os poderes e prerrogativas do cargo para constranger ou aliciar servidor, colega ou qualquer pessoa sobre a
qual exerça ascendência hierárquica, com o fim de obter qualquer espécie de favorecimento;
V - revelar conteúdo de debates ou deliberações que a Câmara ou comissão hajam resolvido devam ficar secretos;
VI - revelar informações e documentos oficiais de caráter reservado, de que tenha tido conhecimento na forma
regimental;
VII - usar verbas de gabinete em desacordo com os princípios fixados no caput do art. 37 da Constituição Federal;
VIII - relatar matéria submetida à apreciação da Câmara, de interesse específico de pessoa física ou jurídica que
tenha contribuído para o financiamento de sua campanha eleitoral;

107
● DECISÃO DO SUPREMO – DEPUTADO OU SENADOR ELEITO QUE ESTEJA
NOMEADO MINISTRO DE ESTADO PODERÁ INCORRER EM QUEBRA DE
DECORO PARLAMENTAR: O membro do Congresso Nacional que se licencia
do mandato para investir-se no cargo de ministro de Estado não perde os
laços que o unem, organicamente, ao Parlamento (CF, art. 56, I). (...). (...) ainda
que licenciado, cumpre-lhe guardar estrita observância às vedações e
incompatibilidades inerentes ao estatuto constitucional do congressista,
assim como às exigências ético-jurídicas que a Constituição (CF, art. 55, § 1º) e
os regimentos internos das casas legislativas estabelecem como elementos
caracterizadores do decoro parlamentar. [MS 25.579 MC, rel. p/ o ac.
min. Joaquim Barbosa, j. 19-10-2005, P, DJ de 24-8-2007.] Caso do José Dirceu,
era Ministro mas perdeu o mandato por quebra de decoro parlamentar!

● DEIXAR DE COMPARECER À SESSÃO LEGISLATIVA: Deixar de comparecer,


em cada sessão legislativa: À terça parte das sessões ordinárias da Casa a que
pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; que perder ou tiver
suspensos os direitos políticos;

● QUANDO O DECRETAR A JUSTIÇA ELEITORAL: nos casos previstos nesta


Constituição;

ATENÇÃO: (...) O STF, por ocasião do julgamento dos MS


26.602, 26.603 e 26.604 reconheceu a existência do dever constitucional de
observância do princípio da fidelidade partidária. (...)

DECISÃO DO STF: Inaplicabilidade da regra de perda do mandato por infidelidade


partidária ao sistema eleitoral majoritário.

(...) As decisões no MS 26.602, no MS 26.603 e no MS


26.604 tiveram como pano de fundo o sistema proporcional,
que é adotado para a eleição de deputados federais, estaduais
e vereadores. As características do sistema proporcional, com
sua ênfase nos votos obtidos pelos partidos, tornam a fidelidade
partidária importante para garantir que as opções políticas
feitas pelo eleitor no momento da eleição sejam minimamente
preservadas. Daí a legitimidade de se decretar a perda do
mandato do candidato que abandona a legenda pela qual se
elegeu. O sistema majoritário, adotado para a eleição de
presidente, governador, prefeito e senador, tem lógica e
dinâmica diversas da do sistema proporcional. As
características do sistema majoritário, com sua ênfase na figura
do candidato, fazem com que a perda do mandato, no caso de
mudança de partido, frustre a vontade do eleitor e vulnere a
soberania popular. CF, art. 1º, parágrafo único; e art. 14, caput).

IX - fraudar, por qualquer meio ou forma, o registro de presença às sessões, ou às reuniões de comissão.
Parágrafo único. As condutas puníveis neste artigo só serão objeto de apreciação mediante provas.

108
[ADI 5.081, rel. min. Roberto Barroso, j. 27-5-2015, P, DJE de 19-
8-2015.

O reconhecimento da justa causa para transferência de partido


político afasta a perda do mandato eletivo por infidelidade
partidária. Contudo, ela não transfere ao novo partido o direito
de sucessão à vaga. [MS 27.938, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 11-
3-2010

● SOFRER CONDENAÇÃO CRIMINAL EM SENTENÇA TRANSITADA EM


JULGADO.

MUITA ATENÇÃO:

DECISÃO X DECLARAÇÃO
nos casos de INCOMPATIBILIDADE, QUEBRA DE DECORO E CONDENAÇÃO PENAL
TRANSITADA EM JULGADO, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos
Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da
respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional,
assegurada ampla defesa."
CF/1988: “Art. 55. (...) § 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada
pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus
membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada
ampla defesa.” AP 694/MT, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 2.5.2017. (AP-694)

Observação: alterado por emenda constitucional em 2013 – pois a redação anterior


trazia voto secreto, em face das polêmicas relacionada aos deputados envolvidos
com o mensalão.

SOBRE PERDA DE MANDATO DE PARLAMENTAR ART. 55 DA CF - NOVA


INTERPRETAÇÃO SOBRE O ART.55, III- PERDA AUTOMÁTICA:

Se o STF condenar um parlamentar federal e decidir que ele


deverá perder o cargo, isso acontece imediatamente ou
depende de uma deliberação da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal respectivamente? • Se o Deputado ou Senador
for condenado a mais de 120 dias em regime fechado: a perda
do cargo será uma consequência lógica da condenação. Neste
caso, caberá à Mesa da Câmara ou do Senado apenas declarar
que houve a perda (sem poder discordar da decisão do STF), nos
termos do art. 55, III e § 3º da CF/88. • Se o Deputado ou Senador
for condenado a uma pena em regime aberto ou semiaberto: a
condenação criminal não gera a perda automática do cargo. O
Plenário da Câmara ou do Senado irá deliberar, nos termos do
art. 55, § 2º, se o condenado deverá ou não perder o mandato.
STF. 1ª Turma. AP 694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
2/5/2017 (Info 863). STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866).

109
23 PODER EXECUTIVO

ÓRGÃO MONOCRÁTICO ou UNIPESSOAL: Art. 76, CF 1988 "O Poder Executivo


é exercido [somente] pelo Presidente da República, [sendo] auxiliado pelos Ministros
de Estado."

NO CASO DO PRESIDENCIALISMO BRASILEIRO, LEMBRAR QUE O CHEFE DO


EXECUTIVO EXERCE AS FUNÇÕES DE CHEFE DE GOVERNO, CHEFE DE ESTADO E
CHEFE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (todas funções descritas no art. 84 da CF).

Mandato de 4 anos, alterado pela emenda Constitucional de revisão n. 5/94,


pois o mandato era de 5 anos, permitida uma recondução ao cargo em período
subsequente, por emenda constitucional n. 16/97.

PRESIDENTE DA GOVERNADOR DO PREFEITO


REPÚBLICA ESTADO MUNICIPAL
IDADE
35 anos 30 anos 21 anos
MÍNIMA
4 anos permitida uma 4 anos permitida uma 4 anos permitida
MANDATO
recondução recondução uma recondução
Majoritário - caso não Majoritário - caso não Majoritário –
atinja MAIORIA atinja MAIORIA contudo, 2º turno
ABSOLUTA - mais que ABSOLUTA - mais que haverá apenas
ELEIÇÃO 50% dos votos no 1º 50% dos votos no 1º nas cidades
turno (não turno (não computados maiores que 200
computados brancos e brancos e nulos) haverá mil eleitores
nulos) haverá 2º turno 2º turno

23.1 Vacância

Art. 79, CF 1988 "Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á,


no de vaga, o Vice-Presidente.

Importante Se, decorridos 10 (dez) dias da data fixada para a posse, o Presidente
ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido
o cargo, este será declarado vago.

Ocorre em caso de Presidente e Vice-Presidente não poder exercer o cargo, por


impedimento ou morte.

QUEM ASSUME TEMPORARIAMENTE NESSE CASO É (sucessivamente):


→ Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados;
→ Presidente do Senado Federal;
→ Presidente do Supremo Tribunal Federal.

110
23.1.1 Hipóteses de vacância

CUIDAR O TEMPO
Se a vacância se der mais de 2 antes, o término do mandato terá 90 dias após
a abertura da última vaga (art. 81 caput). Nesse caso, a eleição será direta.
Se a vacâncias se der nos últimos 2 anos de mandato, então terão o prazo de
30 dias após a abertura da última vaga. Nesse caso, a eleição será indireta.
Observação: os novos ocupantes do cargo permanecem até completar o
período restante do mandato.

CASO DE MORTE ANTES DO 2º TURNO


§ 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou
impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de
maior votação (se houver empate, o mais idoso!)

CASO DE MORTE DE CANDIDATO APÓS 2º TURNO


Será chamado a concorrer para o 2º turno o remanescente que tiver feito
maior votação no 1º turno.

23.2 Funções do chefe do executivo

Lembrar que as funções de dispor, mediante decreto (organização e


funcionamento da administração federal, e extinção de funções ou cargos públicos,
quando vagos); conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos
órgãos instituídos em lei e, prover e extinguir os cargos públicos federais podem ser
delegadas aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao
Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas
delegações.

Art. 84 da CF: Compete privativamente ao Presidente da


República:
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção
superior da administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos
nesta Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI – dispor, mediante decreto, sobrea) organização e
funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos
públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
vagos; VII - manter relações com Estados estrangeiros e
acreditar seus representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais,
sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal;

111
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso
Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo
a situação do País e solicitando as providências que julgar
necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
necessário, dos órgãos instituídos em lei;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear
os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,
promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que
lhes são privativos; XIV - nomear, após aprovação pelo Senado
Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos
Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o
Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores
do banco central e outros servidores, quando determinado em
lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do
Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
Constituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos
do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho
de Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele,
quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas
mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a
mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele
permaneçam temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o
projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de
orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas
referentes ao exercício anterior;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma
da lei;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos
do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.

112
23.3 Ministros e Ministérios

ARTS. 87 E 88, CF 1988:


→ pelo menos 21 anos e em pleno gozo dos direitos políticos;
→ trata-se de cargos em comissão, ou seja, de livre provimento por parte do
Presidente;
→ basicamente são organismos responsáveis em coordenação, muitas vezes uma
matéria demanda a ação conjunta de mais de um ministério.

IMPORTANTE!
DECISÃO DO STF (MP 207 2004 e MP 2.409-11 de 2000, respectivamente): A
advocacia Geral da União e a Presidência do Banco Central possuem status de
Ministro, porquanto, gozam também da prerrogativa de foro privilegiado.
SÚMULA VINCULANTE N.13- SOBRE O NEPOTISMO – NÃO SE APLICA AOS
CARGOS DE MINISTRO DE ESTADO, SECRETÁRIOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS!

24 CRIME DE RESPONSABILIDADE

Os crimes de responsabilidade distinguem-se em infrações políticas (art. 85, I-IV),


e crimes funcionais (art. 85, V-VIII, da CF).
I — a existência da União;
II — o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e
dos Poderes constitucionais das *Unidades da Federação;
III — o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV — a segurança interna do País;
V — a probidade na administração;
VI — a lei orçamentária;
VII — O cumprimento das leis e das decisões judiciais

24.1 Natureza dos crimes de responsabilidade

Ferreira Filho (Curso, 18ª ed., p. 143) "Em primeiro lugar…, impõe-se o exame do
fundamento do impeachment. A consulta à Constituição de 1988, art. 85, revela ser
ele uma conduta contrária à Constituição. A lei, todavia (n. 1079, de 10-4-1950), define
as figuras que dão ensejo ao impeachment. Sem dúvida, a maior parte dessas figuras
retrata comportamentos politicamente indesejáveis e não condutas antissociais.
Essas figuras, pois, não são crimes, no sentido que a ciência penal dá a esse termo.
Todavia, a ocorrência de fatos que se enquadram exatamente na descrição da figura
da Lei n. 1079 [isto é: a tipicidade], é indispensável para que possa desencadear-se o
impeachment. Assim, o fundamento deste em sua substância é político, mas em sua
forma é um crime (em sentido formal)."

24.2 Fases do processo

Regulamentação do processo: art. 85, § único, CF 1988 c/c Lei nº 1.079/50. Lembrar
que a Lei foi recepcionada pela Constituição, conforme manifestação do STF no caso
Collor de Mello.

113
Fase do juízo de admissibilidade ou pronúncia - Art. 51, I c/c art. 86, parte inicial, CF
1988, COMPETE À CÂMRA DOS DEPUTADOS POR VOTAÇÃO DE 2/3 DOS SEUS
MEMBROS.
Fase do julgamento - Art. 52, I e § único c/c art. 86, parte final, CF 1988. Ao Senado
compete julgar se houve ou não crime de responsabilidade, também por votação de
2/3.

24.3 Responsabilidade penal do Presidente da República

24.3.1 Foro privilegiado

Art. 51, I, CF 1988 - Necessidade de prévia autorização da Câmara dos Deputados


para a instauração de qualquer ação judicial contra o Presidente da República,
inclusive a ação penal.
Art. 102, I, "b" - Competência originária do STF para o processamento e
julgamento do Presidente da República pela prática de crime comum.
Foro privilegiado vale somente para agentes públicos que ainda estejam no
exercício do cargo, ASSIM, AO TÉRMINO DO MANDATO, cessa o exercício do cargo
cessa também o foro privilegiado, deslocando-se a competência para exame da
causa ao juiz singular de primeira instância;
Contudo, temos que ler conjuntamente ao fato que o Presidente da República, na
vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao
exercício de suas funções.

Art. 86 da CF: Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços
da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo
Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos
crimes de responsabilidade.

24.3.2 Quando o presidente poderá ficar suspenso de suas funções?

Infrações penais comuns: se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo


Tribunal Federal;
Crimes de responsabilidade: após a instauração do processo pelo Senado Federal.
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver
concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular
prosseguimento do processo.

QUESTÃO INTERESSANTE:
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o
Presidente da República não estará sujeito à prisão;
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser
responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.

24.4 Impeachment de Prefeitos Municipais

Decreto Lei 201- O CASO DE IMPEACHMENT DE PREFEITOS MUNICIPAIS

114
ATENÇÃO!

No aspecto punitivo, tem-se feito confusão entre crimes de responsabilidade e


infrações político-administrativas. É que, conforme doutrina e jurisprudência do
STF, os denominados crimes de responsabilidade do Prefeito, tipificados no art.
1º, do Decreto-Lei nº 201/67, e julgados pelo Poder Judiciário, são crimes
comuns, a (pena mais grave- inclusive, prisão)
§1º Os crimes definidos neste artigo são de ação pública, punidos os dos itens I e
II, com a pena de reclusão, de dois a doze anos, e os demais, com a pena de
detenção, de três meses a três anos.
§ 2º A condenação definitiva em qualquer dos crimes definidos neste artigo,
acarreta a perda de cargo e a inabilitação, pelo prazo de cinco anos, para o
exercício de cargo ou função pública, eletivo ou de nomeação, sem prejuízo da
reparação civil do dano causado ao patrimônio público ou particular.
As infrações político-administrativas, tipificadas no art. 4º do mesmo Decreto-Lei,
na tradição de nosso direito, são crimes de responsabilidade.

24.5 Competência

24.5.1 Competência legislativa

SOMENTE A UNIÃO DETÉM COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE CRIMES DE


RESPONSABILIDADE.
O Município no Brasil não possui competência constitucional para definir os tipos
político-administrativos de infrações passíveis de serem apuradas pelo devido
processo legal do Impeachment, assim como para dispor sobre as regras do processo
e do julgamento de Prefeito, isto porque é a União (art. 22, inciso I, da Constituição
Federal de 1988) que detém a competência para legislar sobre crimes de
responsabilidade (que são infrações político-administrativas, não-penais), e sobre o
direito processual.

115
LEMBRETES RELACIONADOS AO TEMA:
→ Aplicam-se tanto a Lei 1.079 quanto ao decreto lei 201 subsidiariamente as
regras do CPP;
→ ADPF 378- discutiu-se em 2015 sobre o impeachment, importantes decisões:
→ Reforçou a recepção da Lei;
→ Prazo de defesa de 10 sessões (reforçou a decisão do caso Collor de Mello (MS
21564)
→ Decidiu que não se aplica suspeição;
→ Competência do STF apenas na garantia do devido processo legal, não
cabendo discussão de mérito;
→ Aplicação do regimento interno do Congresso Nacional;
→ Não cabe ao Senado revisar a decisão de da Câmara pela admissibilidade ou
não do processamento);
→ A DIVISÃO DA SANÇÃO DO CRIME DE RESPONSABILIDADE NO CASO DILMA
ROUSSEF.

24.5.2 Competência nos casos de improbidade administrativa

Senado Federal - julga o Presidente da República, o Vice-Presidente da


República, o Procurador-Geral da República (Chefe do Ministério Público Federal),
Ministros do STF, o Advogado-Geral da União e Senadores (cf. arts. 52, I e II, CF 1988 +
art. 51, I, CF 1988)
Supremo Tribunal Federal - julga Ministros de Estado, Comandantes da
Marinha, Exército e Aeronáutica, membros de Tribunais Superiores, membros do
Tribunal de Contas da União e chefes de missão diplomática em caráter permanente
(cf. art. 102, I, “c”, CF 1988)
Superior Tribunal de Justiça - desembargadores de Tribunais de Justiça dos
Estados e DF, membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do DF, dos Tribunais
Regionais Eleitorais e do Trabalho, membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas
dos Estados e do DF, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais
Eleitorais e do Trabalho, membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais (art.
105, I, “a”, CF 1988)
Tribunais de Justiça Estaduais - julgam Prefeitos (art. 29, X, CF 1988) c/c art.
1º, Decreto-lei nº 201/67 (dispõe sobre a responsabilidade dos prefeitos e vereadores)

24.6 Jurisprudência

CRIMES DE RESPONSABILIDADE COMETIDOS POR GOVERNADOR DE ESTADO E O


PAPEL DAS ASSEMBLEIAS LEGISLATIVAS
Processamento de governador: autorização prévia da Assembleia Legislativa e
suspensão de funções.
STF, INFORMATIVO 863: Não há necessidade de prévia autorização da assembleia
legislativa para o recebimento de denúncia ou queixa e instauração de ação penal
contra governador de Estado, por crime comum, cabendo ao Superior Tribunal de
Justiça (STJ), no ato de recebimento ou no curso do processo, dispor,
fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive
afastamento do cargo.

116
Com base nessa orientação, o Plenário, em conclusão e por maioria, julgou
parcialmente procedente pedido formulado em ação direta para: a) dar
interpretação conforme ao art. 92, § 1º, I, da Constituição do Estado de Minas Gerais
para consignar não haver necessidade de autorização prévia de assembleia
legislativa para o recebimento de denúncia e a instauração de ação penal contra
governador de Estado, por crime comum, cabendo ao STJ, no ato de recebimento
da denúncia ou no curso do processo, dispor, fundamentadamente, sobre a
aplicação de medidas cautelares penais, inclusive afastamento do cargo; e b) julgar
improcedente o pedido de declaração de inconstitucionalidade da expressão “ou
queixa” do art. 92, § 1º, I, da Constituição do Estado de Minas Gerais — ver
Informativos 851 e 855.
O referido dispositivo prevê que o governador será submetido a processo e
julgamento perante o STJ nos crimes comuns e será suspenso de suas funções, na
hipótese desses crimes, se recebida a denúncia ou a queixa pelo STJ.
EDSON FACHIM –RELATOR: “O relator afirmou a necessidade de superar os
precedentes da Corte na dimensão de uma redenção republicana e cumprir a
promessa do art. 1º, “caput”, da Constituição Federal (CF), diante dos reiterados e
vergonhosos casos de negligência deliberada pelas assembleias legislativas
estaduais, que têm sistematicamente se negado a deferir o processamento de
governadores. Asseverou ser refutável a referida autorização prévia em razão de: a)
ausência de previsão expressa e inexistência de simetria; b) ofensa ao princípio
republicano (CF, art. 1º, “caput”); c) ofensa à separação de poderes (CF, art. 2º, “caput”)
e à competência privativa da União (CF, art. 22, I); e d) ofensa à igualdade (CF, art. 5º,
“caput”).” Esclareceu não haver na CF previsão expressa da exigência de autorização
prévia de assembleia legislativa para o processamento e julgamento de governador
por crimes comuns perante o STJ. Dessa forma, inexiste fundamento normativo-
constitucional expresso que faculte aos Estados-membros fazerem essa exigência
em suas Constituições estaduais.
Não há, também, simetria a ser observada pelos Estados-membros. No ponto, o
relator considerou que, se o princípio democrático que constitui nossa República (CF,
art. 1º, “caput”) se fundamenta e se concretiza no respeito ao voto popular e à eleição
direta dos representantes do povo, qualquer previsão de afastamento do presidente
da República é medida excepcional e, como tal, é sempre prevista de forma expressa
e taxativa, sem exceções.

QUANTO A IMPOSSIBILIDADE DE AFASTAMENTO DO GOVERNADOR DO ESTADO


EM CASO DE RECEBIMENTO DA DENÚNCIA POR CRIME DE RESPONSABILIDADE
OU COMUM
O afastamento do presidente da República é medida excepcional, e, no caso de
crime comum, seu processamento e julgamento devem ser precedidos de
autorização da Câmara dos Deputados (CF, arts. 51, I; e 86, “caput” e § 1º, I). Essa
exigência foi expressamente prevista apenas para presidente da República, vice-
presidente e ministros de Estado. Essa é uma decorrência das características e
competências que moldam e constituem o cargo de presidente da República, mas
que não se observam no cargo de governador. Diante disso, verifica-se a extensão
indevida de uma previsão excepcional válida para o presidente da República, porém
inexistente e inaplicável a governador. Sendo a exceção prevista de forma expressa,
não pode ser transladada como se fosse regra ou como se estivesse cumprindo a
suposta exigência de simetria para governador. As eventuais previsões em

117
Constituições estaduais representam, a despeito de se fundamentarem em suposto
respeito à Constituição Federal, ofensa e usurpação das regras constitucionais.
Segundo o relator, afastado o argumento de suposta obediência à simetria, a
consequência da exigência de autorização prévia de assembleia legislativa para
processamento e julgamento de governador por crime comum perante o STJ é o
congelamento de qualquer tentativa de apuração judicial das eventuais
responsabilizações dos governadores por cometimento de crime comum. Essa
previsão afronta a responsividade exigida dos gestores públicos, o que viola o
princípio republicano do Estado. ADI 5540/MG, rel. Min. Edson Fachin, julgamento
em 3.5.2017. (ADI-5540)

CRIMES DE RESPONSABILIDADE E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA


O foro especial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal (CF) em
relação às infrações penais comuns não é extensível às ações de improbidade
administrativa
Ação de improbidade administrativa: ministro de estado e foro competente: Os
agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-se sujeitos a
duplo regime sancionatório, de modo que se submetem tanto à responsabilização
civil pelos atos de improbidade administrativa quanto à responsabilização político-
administrativa por crimes de responsabilidade. Em relação ao duplo regime
sancionatório, a Corte concluiu que não há qualquer impedimento à concorrência
de esferas de responsabilização distintas. Assim, carece de fundamento
constitucional a tentativa de imunizar os agentes políticos das sanções relativas à
ação de improbidade administrativa a pretexto de que essas seriam absorvidas pelo
crime de responsabilidade. Em realidade, a única exceção ao referido regime
sancionatório em matéria de improbidade se refere aos atos praticados pelo
Presidente da República, conforme previsão expressa do art. 85, V (1), da CF. Já no
concernente à extensão do foro especial, o Tribunal afirmou que o foro privilegiado
é destinado a abarcar apenas as ações penais. A suposta gravidade das sanções
previstas no art. 37, § 4º (2), da CF, não reveste a ação de improbidade administrativa
de natureza penal. O foro especial por prerrogativa de função submete-se a regime
de direito estrito, já que representa exceção aos princípios estruturantes da
igualdade e da República. (...) . Ademais, a fixação de competência para julgar a ação
de improbidade no primeiro grau de jurisdição, além de constituir fórmula
republicana, é atenta às capacidades institucionais dos diferentes graus de jurisdição
para a instrução processual. Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac.
Min. Roberto Barroso, julgamento em 10.5.2018. (Pet-3240) (Informativo 901)

NOVA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL DO ART 53 PARÁGRAFO 10 –


importante decisão da ação penal 937
APLICAÇÃO PARA CRIMES COMETIDOS DURANTE O EXERCÍCIO DO CARGO E
CRIMES RELATIVOS A FUNÇÃO QUE EXERCE.
Esse é o entendimento do Plenário, ao resolver questão de ordem para determinar a
baixa de ação penal ao juízo da zona eleitoral para posterior julgamento, tendo em
vista que: a) os crimes imputados ao réu não foram cometidos no cargo de deputado
federal ou em razão dele; b) o réu renunciou ao cargo para assumir a função de
prefeito; e c) a instrução processual se encerrou perante a 1ª instância, antes do
deslocamento de competência para o Supremo Tribunal Federal (STF) (Informativos
867 e 885). Prevaleceu o voto do ministro Roberto Barroso (relator), o qual registrou

118
que a quantidade de pessoas beneficiadas pelo foro e a extensão que se tem dado a
ele, a abarcar fatos ocorridos antes de o indivíduo ser investido no cargo beneficiado
pelo foro por prerrogativa de função ou atos praticados sem qualquer conexão com
o exercício do mandato que se deseja proteger, têm resultado em múltiplas
disfuncionalidades. MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL. Ademais, viola o princípio da
igualdade proteger, com foro de prerrogativa, o agente público por atos praticados
sem relação com a função para a qual se quer resguardar sua independência, o que
constitui a atribuição de um privilégio. A Corte registrou que essa nova linha
interpretativa deve ser aplicada imediatamente aos processos em curso, com a
ressalva de todos os atos praticados e decisões proferidas pelo STF. AP 937 QO/RJ,
rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 2 e 3.5.2018. (AP-937) (Informativo 900)
Duas teses extraídas da decisão, segundo CAVALCANTE, Márcio André Lopes.
TESE 1:
As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por
prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se
apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em
razão dele.
Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado
como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser
julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal.
Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato,
se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas, também não
haverá foro privilegiado.
Foi fixada, portanto, a seguinte tese:
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o
exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. CAVALCANTE, Márcio
André Lopes.
TESE 2
Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação
para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações
penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo
ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. (CAVALCANTE)

119
25 PODER JUDICIÁRIO

25.1 Órgãos do Poder Judiciário

Art. 92 da CF: São órgãos do Poder Judiciário:


I - o Supremo Tribunal Federal (ÒRGÃO DE Cúpula com
jurisdição em todo território nacional – conhecido como
guardião da Constituição);
I-A o Conselho Nacional de Justiça; (não é órgão jurisdicional,
mas sim de caráter administrativo)
II - o Superior Tribunal de Justiça (conhecido como Tribunal
cidadão, nasceu com a Constituição de 1988, tem jurisdição em
todo território Federal e tem competência em relação às
legislações infraconstitucionais)
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho (justiça especializada, tem
jurisdição em todo território nacional)
III - os Tribunais Regionais Federais (compõem-se por regiões e
terá no mínimo sete integrantes) e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais (temos uma justiça
especializada, mas caudatária, ou seja, não existe carreira para
juízes eleitorais, pois os mesmos são apenas nomeados entre
magistrados de outras justiças);
VI - os Tribunais e Juízes Militares (também é uma Justiça
especializada regida inclusive por Código próprio, com
princípios de disciplina e hierarquia);
VII - os Tribunais (localizados nas capitais dos Estados também
conhecidos como Tribunais de apelação) e Juízes dos Estados
e do Distrito Federal e Territórios.

25.2 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

JURISDIÇÃO – todo juiz tem jurisdição, que nada mais é do que o poder que
lhe é investido para dizer o direito quando provocado;
COMPETÊNCIA – é a medida da jurisdição, ou seja, cada juiz é competente para
determinada demanda.

1) A competência em razão 2) A competência em 3) A competência em


da pessoa razão da matéria razão do lugar

A COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA PODE SER SUBDIVIDIDA EM (em razão da


pessoa jurídica estatal envolvida no litígio)

CAUSAS DE INTERESSE DA UNIÃO: Art. 109, I, CF 1988 "Aos juízes federais compete
processar e julgar as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa
pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou
oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça
Eleitoral e à Justiça do Trabalho" . Quando a União Federal estiver envolvida no litígio
(ou interesse seu estiver envolvido), a competência será da Justiça Federal.

120
Inexistindo esse envolvimento ou interesse, a competência será (residualmente) da
Justiça Estadual ou "Justiça ordinária" ou "Justiça comum".

Súmula nº 150 STJ: "Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse
jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou
empresas públicas.”

AGENTE PÚBLICO: (isto é: pessoa física) envolvido no litígio - determinados agentes


do Estado gozam de “foro privilegiado”, isto é: a competência originária para o
julgamento das mais altas autoridades constitucionais está (especialmente: crimes
comuns e crimes de responsabilidade) atribuída analogamente aos Tribunais
Superiores, e não aos Tribunais e juízes de instâncias inferiores.

EM RAZÃO DA MATÉRIA:
Parte do Poder Judiciário tem sua competência estatuída com base em matérias ou
temas específicos. Exemplo: Justiça Militar, Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral

EM RAZÃO DO LUGAR:
A competência se define em função de um dado território geográfico. Juízes de
Direito têm competência em razão da Comarca em que atuam, Tribunais de Justiça
estaduais em razão do território do Estado, Tribunais Regionais Federais em razão de
determinadas regiões (Exemplo: o Tribunal Regional Federal da 4ª Região possui
competência sobre o território dos estados do RS, SC e PR).

ALGUMAS NOTAS:
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre
o Estatuto da Magistratura, (trata da forma de ingresso, das promoções, subsídios,
remoções, etc)

ÓRGÃO ESPECIAL QUINTO CONSTITUCIONAL JUIZADOS ESPECIAIS


Função de
substituir o pleno
Art. 93, XI, CF 1988 Art. 94 da CF: "Um quinto dos Art. 98, I, CF 1988 "A União,
"Nos tribunais com lugares dos Tribunais no Distrito Federal e nos
número superior a Regionais Federais, dos Territórios, e os Estados
vinte e cinco Tribunais dos Estados, e do criarão: juizados especiais,
julgadores poderá Distrito Federal e Territórios providos por juízes
ser constituído será composto de membros, togados, ou togados e
órgão especial, com do Ministério Público, com leigos, competentes para a
o mínimo de onze e mais de dez anos de carreira, conciliação, o julgamento e
o máximo de vinte e e de advogados de notório a execução de causas cíveis
cinco membros, saber jurídico e de reputação de menor complexidade e
para o exercício das ilibada, com mais de dez infrações penais de menor
atribuições anos de efetiva atividade potencial ofensivo,
administrativas e profissional, indicados em mediante os
jurisdicionais da lista sêxtupla pelos órgãos de procedimentos oral e
competência do representação das sumaríssimo [isto é:
tribunal pleno." respectivas classes. simplificado], permitidos,
nas hipóteses previstas em

121
Ou seja, requisitos: Observação: Tem relação lei, a transação e o
maior que 25 com a formação desses julgamento de recursos por
integrantes, tribunais, logo, os tribunais turmas de juízes de
poderá constituir são compostos por juízes de primeiro grau;
órgão entre 11 e 25 carreira promovidos por
membros antiguidade e merecimento, Poderá ser composto por
Deve ser instituído por membros da OAB e juízes leigos, ou seja, não
por Lei também do Ministério são magistrados, muito
complementar. Ex.: Público. embora a homologação da
No caso estadual, Após recebidas as sentença ocorrerá por
iniciativa é do indicações, o Tribunal forma juízes togados. Temos os
Tribunal de Justiça uma lista tríplice e o chefe juizados cíveis e criminais.
do Poder Executivo escolhe
um para nomear

25.3 Garantias da Magistratura

Garantias INSTITUCIONAIS do Poder Judiciário - garantias que protegem o órgão


Poder Judiciário ou a "instituição" Poder Judiciário como um todo. Dividem-se em:
Autonomia administrativa - art. 99, caput c/c art. 96, CF 1988.
Autonomia financeira - art. 99, §§ 1° e 2°, CF 1988.

GARANTIAS art. 95 da CF VEDAÇÕES art.95 da CF


"I - vitaliciedade [ao contrário dos servidores I - exercer, ainda que em
públicos civis, que têm somente direito à disponibilidade, outro cargo
estabilidade], que no primeiro grau [isto é: na ou função, salvo uma de
primeira instância ou entrância], só será adquirida magistério;
após dois anos de exercício, dependendo a perda
do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal
a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais, casos,
de sentença judicial transitada em julgado;
II - inamovibilidade [impossibilidade de o juiz ser II - receber, a qualquer título
removido do cargo que ocupa], salvo por motivo de ou pretexto, custas ou
interesse público, na forma do ar. 93, VIII, OU SEJA, participação em processo;
PELO VOTO DA MAIORIA DOS MEMBROS DO
Tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o III - dedicar-se à atividade
disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4°, 150, II, 153, III, e político-partidária
153, § 2°, I da CF

25.4 Competência dos tribunais

Art. 96. Compete privativamente:


I - aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos
internos, com observância das normas de processo e das
garantias processuais das partes, dispondo sobre a
competência e o funcionamento dos respectivos órgãos
jurisdicionais e administrativos;

122
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos
que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade
correicional respectiva;
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de
juiz de carreira da respectiva jurisdição;
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos,
obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos
necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança
assim definidos em lei;
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus
membros e aos juízes e servidores que lhes forem
imediatamente vinculados;
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e
aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo,
observado o disposto no art. 169:
a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus
serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem
como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes,
inclusive dos tribunais inferiores, onde houver;
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;

Criação de órgãos judiciários


Qualquer órgão Judiciário (Tribunal, Vara, e os cargos que irão preenchê-
los) será criado por lei, bastando lei ordinária;
Caso refira a qualquer órgão do judiciário estadual, será criado pelo
DICA legislativo estadual, através das Assembleias Legislativas;
Se tratar de outras justiças, como justiças da União, sempre será criado pelo
Congresso Nacional;
Então é isso:
Poder Judiciário Estadual = Assembleia Legislativa;
Tribunais Superiores, Justiça Militar, do Trabalho e Federal = Congresso
Nacional;
Estabelecido este esclarecimento, temos as iniciativas de projeto de lei.

26 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA - EMENDA nº 45/2004

STF (ADIn 3.367, in Notícias STF, 13.04.2005) – teve questionada a constitucionalidade


de sua criação, sendo declarada CONSTITUCIONAL pelo Supremo Tribunal Federal.

123
Formação e funções do Conselho Nacional de Justiça3
O CNJ é composto por 15 conselheiros, sendo nove magistrados, dois membros do
Ministério Público, dois advogados e dois cidadãos de notável saber jurídico e
reputação ilibada. Os conselheiros têm mandato de dois anos.

Entre os direitos e deveres dos conselheiros, estabelecidos pelo Regimento


Interno do CNJ, estão, entre outros (DISPONÍVEL EM http://www.cnj.jus.br/sobre-o-
cnj/quem-somos-visitas-e-contatos):

Na Política Judiciária: zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo


cumprimento do Estatuto da Magistratura, expedindo atos normativos e
recomendações.
Na Gestão: definir o planejamento estratégico, os planos de metas e os
programas de avaliação institucional do Poder Judiciário.
Na Prestação de Serviços ao Cidadão: receber reclamações, petições eletrônicas
e representações contra membros ou órgãos do Judiciário, inclusive contra seus
serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro
que atuem por delegação do poder público ou oficializado.
Na Moralidade: julgar processos disciplinares, assegurada ampla defesa,
podendo determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com
subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções
administrativas.
Na Eficiência dos Serviços Judiciais: melhores práticas e celeridade: elaborar e
publicar semestralmente relatório estatístico sobre movimentação processual e
outros indicadores pertinentes à atividade jurisdicional em todo o País.
O prazo de 1 ano previsto no art. 103-B, § 4º, V da CF/88 incide apenas para
revisões de PADs, não se aplicando para atuação originária do CNJ. A competência
originária do CNJ para a apuração disciplinar, ao contrário da revisional, não se sujeita
ao parâmetro temporal previsto no art. 103-B, § 4º, V da CF/88. STF. 2ª Turma. MS
34685 AgR/RR, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 28/11/2017 (Info 886).

Composição detalhada:
O Presidente do Supremo Tribunal Federal (redação dada pela EC n. 61, de 2009);
Um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, que será o Corregedor Nacional de
Justiça; Um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho; Um Desembargador de
Tribunal de Justiça; Um Juiz Estadual; Um Juiz do Tribunal Regional Federal; um Juiz
Federal; Um Juiz de Tribunal Regional do Trabalho; Um Juiz do trabalho; Um
Membro do Ministério Público da União; Um Membro do Ministério Público
Estadual; Dois advogados; Dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação
ilibada.

3
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é uma instituição pública que visa aperfeiçoar o trabalho do sistema judiciário
brasileiro, principalmente no que diz respeito ao controle e à transparência administrativa e processual.
Missão do CNJ - Contribuir para que a prestação jurisdicional seja realizada com moralidade, eficiência e efetividade
em benefício da Sociedade.
Visão do CNJ - Ser um instrumento efetivo do Poder Judiciário

124
27 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

27.1 Ministério Público

Art. 127 da CF: O Ministério Público é instituição permanente,


essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis.

27.1.1 Garantias institucionais e impedimentos

Art. 128 da CF: O Ministério Público abrange:


§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa
é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão
a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério
Público, observadas, relativamente a seus membros:
I - as seguintes garantias:
a) VITALICIEDADE, após dois anos de exercício, não podendo
perder o cargo senão por sentença judicial transitada em
julgado;
b) INAMOVIBILIDADE, salvo por motivo de interesse público,
mediante decisão do órgão colegiado competente do
Ministério Público, por voto de dois terços de seus membros,
assegurada ampla defesa;
c) IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIO, fixado na forma do art. 39,
§ 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153,
§ 2º, I;"
II - as seguintes vedações:
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto,
honorários, percentagens ou custas processuais;
b) exercer a advocacia;
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra
função pública, salvo uma de magistério;
e) exercer atividade político-partidária, salvo exceções previstas
na lei.

27.2 Advocacia Pública

A Advocacia Pública, conforme já salientado, é o órgão ao qual cabe a defesa


judicial e extrajudicial das pessoas jurídicas estatais (União, Estados, DF e suas
entidades administrativas: autarquias e fundações públicas). Não foi prevista
constitucionalmente uma carreira específica da Advocacia Pública no âmbito dos
Municípios.

125
27.3 Advocacia

Art. 133 da CF: O advogado é indispensável à administração da


justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
exercício da profissão, nos limites da lei.

27.4 Defensoria Pública

Art. 134 da CF: A Defensoria Pública é instituição permanente,


essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe,
como expressão e instrumento do regime democrático,
fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos
direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma
integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV
do art. 5º desta Constituição Federal.
§ 1° Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União
e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas
gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira,
providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas
e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da
inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das
atribuições institucionais.

28 ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL

28.1 Ordem econômica e financeira

Art. 170 da CF: A ordem econômica, fundada na valorização do


trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e
serviços e de seus processos de elaboração e prestação;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e
administração no País. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 6, de 1995)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de
qualquer atividade econômica, independentemente de
autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.

126
Compromisso entre busca do interesse individual e interesses comunitários,
tais como a proteção do meio ambiente, a busca do pleno emprego e da redução da
desigualdade e o combate ao uso abusivo da propriedade.

Art. 173 da CF: Ressalvados os casos previstos nesta Constituição,


a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos
em lei.

Atividade empresarial: reservada à iniciativa privada. Necessidade de lei para


o poder público explorar. Ex.: bancos públicos.

Quando o poder público exercer atividade empresarial, o fará mediante


empresas públicas ou sociedades de economia mista.

Art. 173 da CF: Ressalvados os casos previstos nesta Constituição,


a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos
em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que
explorem atividade econômica de produção ou
comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo
sobre:[...]
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas,
inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,
trabalhistas e tributários;

Via de regra será aplicado o Direito privado a estas empresas. Não há


imunidade.
Acesso aos empregos mediante concurso.
Obrigatoriedade de licitação. Há um estatuto próprio, diferente da Lei 8.666,
que é a Lei 13.303 de 2016.

Art. 174 da CF: Como agente normativo e regulador da atividade


econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este
determinante para o setor público e indicativo para o setor
privado.

Fiscalização e incentivo: atividades obrigatórias do Poder Público.


Planejamento: vincula só o setor público; é indicativo para o privado (não pode
o poder público obrigar empresários a explorar determinado ramo de negócios e não
outro, por exemplo).

127
Art. 175 da CF: Incumbe ao Poder Público, na forma da lei,
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Serviços Públicos. São privativos do Poder Público competente. Só


mediante concessão ou permissão poderão ser passados a entidades privadas ou
outro ente público. Serviços públicos que não precisam de concessão/permissão:
saúde, educação, previdência, assistência social:

Art. 182 da CF: A política de desenvolvimento urbano, executada


pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais
fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar de seus habitantes.

Política urbana é executada pelo Município, porém as diretrizes de


desenvolvimento urbano estão em lei da União (art. 22 da CF + Estatuto da Cidade,
Lei 10.257):

Art. 182 da CF: A política de desenvolvimento urbano, executada


pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais
fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar de seus habitantes.
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal,
obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é
o instrumento básico da política de desenvolvimento e de
expansão urbana.

Habitantes e não eleitores. Facultativo para os demais municípios:

Art. 182 da CF: A política de desenvolvimento urbano, executada


pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais
fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem- estar de seus habitantes.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando
atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade
expressas no plano diretor.

Conceito de função social: atender ao plano diretor:

Art. 182 da CF: A política de desenvolvimento urbano, executada


pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais
fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem- estar de seus habitantes.
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei
específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos

128
da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida
pública de emissão previamente aprovada pelo Senado
Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas
anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da
indenização e os juros legais.

Política agrária:
Art. 184 da CF: Compete à União desapropriar por interesse
social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja
cumprindo sua função social, mediante prévia e justa
indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte
anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização
será definida em lei.

Só a União pode desapropriar para fins de reforma agrária, tanto a desapropriação


para fins de interesse social como a desapropriação sanção. Desapropriação-
sanção: castigo pelo não cumprimento da função social. Pagamento via títulos.

Art. 185 da CF: São insuscetíveis de desapropriação para fins de


reforma agrária:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei,
desde que seu proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva.

Não confundir com a Impenhorabilidade da pequena propriedade rural,


trabalhada pela família (art. 5º, XXVI).

Art. 186 da CF: A função social é cumprida quando a


propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios
e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e
preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de
trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e
dos trabalhadores.

28.2 Ordem social

→ Previdência + saúde + assistência;

129
→ Serviços públicos, prestados pelo Poder Público, mas abertos à iniciativa privada,
sem necessidade de concessão ou permissão;
→ Previdência: contributiva e solidária;
→ Saúde: universal e gratuita;
→ Assistência: a quem necessitar.

Art. 194 da CF: A seguridade social compreende um conjunto


integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde,
à previdência e à assistência social.

Art. 196 da CF: A saúde é direito de todos e dever do Estado,


garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação.

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES FEDERATIVOS;

RE 855178 -O tratamento médico adequado aos necessitados se insere no rol dos


deveres do Estado, sendo responsabilidade solidária dos entes federados, podendo
figurar no polo passivo qualquer um deles em conjunto ou isoladamente.

28.2.1 Competência

Competência comum da União, Estados Membros e Municípios:

Art. 199 da CF: A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.


§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma
complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes
deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo
preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou
subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.

ATENÇÃO À JURISPRUDÊNCIA DO STF, EM MATÉRIA DE REPERCUSSÃO GERAL; se


o beneficiário de plano de saúde tiver sido atendido e procedimentos realizados
pelo SUS, o SUS poderá buscar ressarcimento junto aos planos de saúde.
‘ É constitucional o ressarcimento previsto no art. 32 da Lei 9.656/98, o qual é
aplicável aos procedimentos médicos, hospitalares ou ambulatoriais custeados pelo
SUS e posteriores a 4/6/1998, assegurados o contraditório e a ampla defesa, no
âmbito administrativo, em todos processos’

Os particulares poderão receber auxílio público para os atendimentos via sistema


de saúde, ou explorar planos de saúde ou cobrar diretamente pelos serviços:

Art. 201 da CF: A previdência social será organizada sob a forma


de regime geral, de caráter contributivo e de filiação

130
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade
avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego
involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos
segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao
cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto
no § 2º.

Notar o termo contributivo, de filiação obrigatória e preservação do equilíbrio


financeiro:

Art. 202 da CF: O regime de previdência privada, de caráter


complementar e organizado de forma autônoma em relação
ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado
na constituição de reservas que garantam o benefício
contratado, e regulado por lei complementar.

Regime privado complementar ao público:

Art. 203 da CF: A assistência social será prestada a quem dela


necessitar, independentemente de contribuição à
seguridade social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à
adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de
deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à
pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem
não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la
provida por sua família, conforme dispuser a lei.

POSIÇÃO DO STF
RE 587970 Os estrangeiros residentes no País são beneficiários da assistência social
prevista no artigo 203, inciso V, da Constituição Federal, uma vez atendidos os
requisitos constitucionais e legais.

Benefício de prestação continuada, previsto na Lei Orgânica da Assistência Social:

Art. 205 da CF: A educação, direito de todos e dever do Estado


e da família, será promovida e incentivada com a colaboração
da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu

131
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.

Notar que há uma ordem 1º desenvolvimento, 2º cidadania, 3º trabalho:

Art. 206 da CF: O ensino será ministrado com base nos


seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
pensamento, a arte e o saber;

Pode aparecer alguma questão que envolva censura a professores:


III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições
públicas e privadas de ensino;

Coexistência de instituições públicas e privadas:


IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

Lembrar da gratuidade:
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei,
planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e
títulos, aos das redes públicas;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar
pública, nos termos de lei federal.

Art. 207 da CF: As universidades gozam de autonomia didático-


científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e
obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão.

Autonomia universitária. Notar as três atividades que compõem a educação:


ensino, pesquisa e extensão:

Art. 208 da CF: O dever do Estado com a educação será


efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17
(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta
gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade
própria;

IDADE MÍNIMA PARA INGRESSO NA EDUCAÇÃO INFANTIL (INFORMATIVO STF


AGOSTO DE 2018)

Idade mínima para ingresso na educação infantil e no ensino


fundamental São constitucionais a exigência de idade mínima
de quatro e seis anos para ingresso, respectivamente, na

132
educação infantil e no ensino fundamental, bem como a
fixação da data limite de 31 de março para que referidas idades
estejam completas. Com base nesse entendimento, o Plenário,
em julgamento conjunto e por maioria, julgou procedente ação
declaratória de constitucionalidade (ADC) e improcedente
arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF),
que discutiam a validade de exigências previstas na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/1996) e em
resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE)
(Informativos 879, 903 e 904).

Obrigatoriedade atualmente até aos 17:


V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um;

Ensino superior não é obrigatório. Acesso segundo a capacidade de cada um:


§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

Art. 209 da CF: O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as


seguintes condições:
I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;
II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.

Serviço público aberto, desde que autorizado:

Art. 210 da CF: Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino


fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum
e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá
disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino
fundamental.

Notar a facultatividade nas escolas públicas do ensino religioso:


§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada
às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e
processos próprios de aprendizagem.

Órgão públicos, isto é, escolas, utilizando outra língua:

Art. 216 da CF: Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens


de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou
em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais
espaços destinados às manifestações artístico-culturais;

133
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

Lembrar do art. 20, X, sítios arqueológicos e pré-históricos pertencem ex lege à


União:
[...]
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências
históricas dos antigos quilombos.

Tombamento ex lege:

Art. 217 da CF: É dever do Estado fomentar práticas desportivas


formais e não-formais, como direito de cada um, observados: [...]
§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e
às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da
justiça desportiva, regulada em lei.

Justiça desportiva: privada. Necessidade de esgotamento para o conhecimento


das ações:
Art. 220 da CF: A manifestação do pensamento, a criação, a
expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou
veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto
nesta Constituição.

STF considerou inconstitucional a lei de imprensa:

Art. 225 da CF: Todos têm direito ao meio ambiente


ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações.

Direito intergeracional:
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
[...] III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
Criar unidades de conservação: basta ato administrativo. Suprimir unidade de
conservação: lei.
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade

134
Notar a palavra Potencial:
[...] § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal
Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á,
na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

Não são patrimônio no sentido estrito da palavra:

Art. 231 da CF: São reconhecidos aos índios sua organização


social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos
originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar
todos os seus bens.

Perspectiva pluralista, e não mais integracionista:


§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em
caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis
à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias
a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

Espaços são criados por ato do Poder Público, e não lei:


[...]
§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a
pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados
com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-
lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei. [...] § 5º É
vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad referendum" do
Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua
população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso
Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.

Só com autorização do CN.


As terras dos índios são de propriedade da União. Art. 20, XI da CF.

SOBRE DIREITO À SAÚDE E INICIATIVA PRIVADA (PLANOS DE SAÚDE)


STF DECIDIU QUE QUANDO O SUJEITO FOR TITULAR DE PLANO DE SAÚDE E
RECEBER TRATAMENTO PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE O ESTADO PODERÁ
BUSCAR RESSARCIMENTO JUNTO AOS PLANOS DE SAÚDE
INFORMATIVO 895
Outrossim, em relação à constitucionalidade material do dispositivo, registrou que a
análise da natureza do ressarcimento nele cristalizado evidencia sua conformidade
com o devido processo legal substantivo. Isso porque a norma em questão não
confere tratamento desigual entre cidadãos com e sem plano de saúde. A nenhuma
pessoa será negado tratamento em hospital público, considerada a universalidade
do sistema. Porém, se o Poder Público atende a particular em virtude de situação
incluída na cobertura contratual, deve o Sistema Único de Saúde ser ressarcido, tal
como faria o plano de saúde em se tratando de hospital privado.
Muito embora o Poder Público atue gratuitamente em relação aos cidadãos, não o
faz no tocante às entidades cuja atividade-fim é justamente assegurar a cobertura

135
de lesões e doenças, cabendo, nesta senda, distinguir os vínculos jurídicos em jogo:
constitucional, entre Estado e cidadão (CF, art. 196); obrigacional, entre pessoa e
plano de saúde; e legal, entre Estado e plano de saúde (Lei 9.656/1998, art. 32).
A escolha do agente privado de atuar na prestação de relevantes serviços à saúde,
de forma concorrente com o Estado, pressupõe a responsabilidade de arcar
integralmente com as obrigações assumidas. A norma impede o enriquecimento
ilícito das empresas e a perpetuação de modelo no qual o mercado de serviços de
saúde submeta-se unicamente à lógica do lucro, ainda que às custas do erário.
Entendimento em sentido contrário resultaria em situação em que os planos de
saúde recebem pagamentos mensais dos segurados, mas os serviços continuam a
ser fornecidos pelo Estado, sem contrapartida.

29 DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS

FORÇAS ARMADAS
Art. 142, CF 1988 "As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da
República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais
e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem."

Lei geral das Forças Armadas – Lei Complementar nº 97/99.

FINALIDADES E CARACTERÍSTICAS:
Diretas – Defesa da Pátria e garantia dos Poderes constitucionais;
Indiretas – Por requerimento dos Poderes constitucionais, manutenção da lei e da
ordem (v.g. Lei nº 8.071/90, que regula as atividades do Exército em tempos de paz).

Instituição permanente – De existência necessária, não podendo ser extintas;


Instituição regular – Art. 8º, LC 97/99: Existência real e concreta "de efetivos de pessoal
militar e civil, fixados em lei, e dos meios orgânicos necessários ao cumprimento de
sua destinação constitucional e atribuições subsidiárias";

§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.


CUIDADO! DEVE SER LIDO COMO LEGALMENTE IMPOSTAS!

PRINCÍPIOS DE ORGANIZAÇÃO

Hierarquia – Elos de subordinação do superior para o inferior hierárquico; sendo a


autoridade máxima o Presidente da República (art. 84, XIII c/c art. 142, caput), seguida
pelo Ministro da Defesa (art. 3º, LC 97/99) e de um Comandante de cada uma das 3
Forças armadas (art. 4º, LC 97/99);
Disciplina – Ordens superiores não podem ser objeto de qualquer questionamento
por parte de inferiores hierárquicos, sob pena de sanção disciplinar, com
impossibilidade de discussão quanto à sua legalidade ou validade. Somente os
superiores ao militar que deu a ordem podem questionar a ilegalidade.
"Art. 142, IV - Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve."

136
SERVIÇO MILITAR É OBRIGATÓRIO, SOB PENA DE PERDER OS DIREITOS
POLÍTICOS:

Art. 143 da CF: O serviço militar é obrigatório nos termos da lei


§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço
alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem
imperativo de consciência, entendendo-se como tal o
decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou
política, para se eximirem de atividades de caráter
essencialmente militar.
§ 2º - As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço
militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros
encargos que a lei lhes atribuir.

DISTINÇÕES CONCEITUAIS BÁSICAS:

ÓRGÃOS DE POLÍCIA:
MILITAR – Têm atuação basicamente preventiva, com vistas a impedir a prática de
crimes e contravenções;
CIVIL – Têm atuação basicamente repressiva, com vistas a identificar os responsáveis
pela prática de crimes e contravenções, preparando via inquérito policial o conjunto
de informações necessárias para a instauração do devido processo penal.

Art. 144 da CF: A segurança pública, dever do Estado, direito e


responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
através dos seguintes órgãos:
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente,
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
destina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou
em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de
suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como
outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual
ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se
dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação
fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de
fronteiras;
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária
da União.
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado
e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na
forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado
e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na

137
forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias
federais.
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais,
exceto as militares.
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a
preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros
militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a
execução de atividades de defesa civil.
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças
auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente
com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios.
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos
órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a
garantir a eficiência de suas atividades.
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais
destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações,
conforme dispuser a lei.

30 DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL

30.1 Princípios da administração pública

Art. 37 da CF: A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:

Ver também a Lei nº 9.784 – Lei do Processo Administrativo Federal, art. 2º:

Art. 2° A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos


princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.

30.1.1 Princípio da legalidade

Tem a ver com os valores liberdade e igualdade defendidos na Revolução Francesa.


É o principal princípio da Administração Pública. Serve para proteger a liberdade, a
igualdade e a moralidade administrativa. É a lei que impõe à Administração o poder
de fazer certas coisas, o dever de fazer estas coisas.

“A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de ilegalidade


(Súm. 473), não podendo ser invocado o princípio da isonomia com o pretexto de se
obter benefício ilegalmente concedido a outros servidores.” (AI 442.918-AgR, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, julgamento em 4-5-04, DJ de 4-6-04)

138
"Em face do princípio da legalidade, pode a Administração Pública, enquanto não
concluído e homologado o concurso público, alterar as condições do certame
constantes do respectivo edital, para adaptá-las à nova legislação aplicável à espécie,
visto que, antes do provimento do cargo, o candidato tem mera expectativa de
direito à nomeação ou, se for o caso, à participação na segunda etapa do processo
seletivo." (RE 290.346, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 29-5-01, DJ de 29-6-01)

"Bolsa de estudos para dependentes de empregados da Fundação de Assistência ao


Estudante-FAE. Mandado de segurança impetrado contra decisão do Tribunal de
Contas da União, que suspendeu a concessão do benefício. Alegação de direito
adquirido e invocação do princípio da irredutibilidade de vencimentos. Artigos 5º,
inc. XXXVI, 7º, inc. VI, e 39, § 2º, 39, caput, 37 e 169, parágrafo único, da Constituição
Federal. Lei n. 8.112, de 11-12-1990 (Regime Jurídico Único). (...) Outros princípios
constitucionais estariam a impedir a observância, também, do alegado direito
adquirido, em casos como o da espécie. Um deles, o do art. 37, segundo o qual a
administração pública direta, indireta ou fundacional obedecerá ao princípio da
legalidade. E, no caso, a vantagem não terá sido estabelecida por lei." (MS 22.160, Rel.
Min. Sydney Sanches, julgamento em 22-2-96, DJ de 13-12-96)

“Processo administrativo tributário. (...) A circunstância de inexistir previsão


específica para a interposição de recurso hierárquico em favor do sujeito passivo não
afasta o poder -de- ver da administração de examinar a validade do ato
administrativo que implica a constituição do crédito tributário, ainda que não
provocada, respeitadas a forma e as balizas impostas pelo sistema jurídico (Súmula
473/STF).” (RE 462.136-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 31-8-2010,
Segunda Turma, DJE de 1º-10-2010.)

“Ato decisório contrário à Súmula Vinculante 13/STF. Nepotismo. Nomeação para o


exercício do cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná.
Natureza administrativa do cargo. Vícios no processo de escolha. Votação aberta.
Aparente incompatibilidade com a sistemática da CF. Presença do fumus boni iuris
e do periculum in mora. (...) A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal
para coibir a prática, uma vez que decorre diretamente dos princípios contidos no
art. 37, caput, da CF. O cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do
Paraná reveste- se, à primeira vista, de natureza administrativa, uma vez que exerce
a função de auxiliar do Legislativo no controle da administração pública. Aparente
ocorrência de vícios que maculam o processo de escolha por parte da Assembleia
Legislativa paranaense.” (Rcl 6.702-AgR-MC, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgamento em 4-3-2009, Plenário, DJE de 30-4-2009.)

São exemplos de aplicação do princípio da Legalidade no Brasil.


→ Criação de entes federativos;
→ Criação de órgãos públicos;
→ Competências dos órgãos públicos;
→ Criação de cargos públicos;
→ Requisitos dos cargos públicos (incluindo psicotécnico e idade);
→ Remuneração dos cargos públicos;
→ Competência dos cargos públicos;

139
→ Criação de entidades da administração indireta (universidades);
→ Orçamentos;
→ Processo Administrativo;
→ Forma do gasto público;
→ Forma de aquisição de bens públicos (licitação);
→ Forma de estabelecimento de parcerias com entidades privadas (delegação,
concessão, autorização, parcerias público-privadas);
→ Forma de alienação dos bens públicos (licitação);
→ Limitações à propriedade privada (áreas de preservação permanente);
→ Organização dos serviços públicos;
→ Tipos administrativos ou pelo menos sua abertura geral;
→ Sanções administrativas.

30.1.2 Princípio da Supremacia do interesse público

Como a Administração Pública serve para buscar o bem comum, e como o seu agir
está condicionado pela lei, a Administração Pública possui uma posição de
supremacia por sobre o particular. Ex.: condicionamentos à propriedade, restrições à
liberdade, tombamento, desapropriação, etc.

"Transação. Validade. Em regra, os bens e o interesse público são indisponíveis,


porque pertencem à coletividade. É, por isso, o Administrador, mero gestor da coisa
pública, não tem disponibilidade sobre os interesses confiados à sua guarda e
realização. Todavia, há casos em que o princípio da indisponibilidade do interesse
público deve ser atenuado, mormente quando se tem em vista que a solução
adotada pela Administração é a que melhor atenderá à ultimação deste interesse."
(RE 253.885, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 4-6-02, DJ de 21-6-02)

30.1.3 Princípio da Publicidade

Um dos princípios mais importantes.


Significa que os atos da Administração são públicos, isto é, devem ser abertos à
população e divulgados.
Ver, por exemplo, o art. 5º, LX, da CF que determina que os atos jurisdicionais são em
regra públicos, exceto quando ofender a intimidade ou o interesse pessoal. Ver
também o inciso XXXIII, que estabelece a possibilidade de o interessado obter
informações de seu interesse dos poderes públicos, bem como o inciso XXXIV, que
assegura a obtenção de certidões para a defesa de direitos.
Lei da transparência, Lei nº 12.527/11, se aplica também a entidades privadas.

Art. 2° da Lei nº12.527/11: Aplicam-se as disposições desta Lei, no


que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que
recebam, para realização de ações de interesse público,
recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante
subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria,
convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres.
Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as
entidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos

140
públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das
prestações de contas a que estejam legalmente obrigadas.

30.1.4 Princípio da Igualdade/isonomia

Tratar iguais como iguais e desiguais como desiguais.


Desigualdade permitida: aquelas em leis constitucionais.
Direcionada ao cidadão.
Não importa a quem a Administração se dirige, todos devem ser tratados de igual
maneira, artistas, políticos, povão, etc., se, por acaso, estiverem trafegando acima da
velocidade, devem ser multados, conforme o modo padrão. Isto é corolário do
princípio da igualdade, previsto no art. 5º.

"Ação direta de inconstitucionalidade. Emenda constitucional n. 35, de 20 de


dezembro de 2006, da Constituição do Estado de Mato Grosso do Sul. Acréscimo do
art. 29-A, caput e §§ 1º, 2º e 3º, do Ato das Disposições Constitucionais Gerais e
Transitórias da Constituição sul-mato-grossense. Instituição de subsídio mensal e
vitalício aos ex-Governadores daquele Estado, de natureza idêntica ao percebido
pelo atual chefe do Poder Executivo estadual. Garantia de pensão ao cônjuge
supérstite, na metade do valor percebido em vida pelo titular. Segundo a nova
redação acrescentada ao Ato das Disposições Constitucionais Gerais e Transitórias
da Constituição de Mato Grosso do Sul, introduzida pela Emenda Constitucional n.
35/2006, os ex-Governadores sul-mato-grossenses que exerceram mandato integral,
em 'caráter permanente', receberiam subsídio mensal e vitalício, igual ao percebido
pelo Governador do Estado. Previsão de que esse benefício seria transferido ao
cônjuge supérstite, reduzido à metade do valor devido ao titular. No vigente
ordenamento republicano e democrático brasileiro, os cargos políticos de chefia do
Poder Executivo não são exercidos nem ocupados 'em caráter permanente', por
serem os mandatos temporários e seus ocupantes, transitórios. Conquanto a norma
faça menção ao termo 'benefício', não se tem configurado esse instituto de direito
administrativo e previdenciário, que requer atual e presente desempenho de cargo
público. Afronta o equilíbrio federativo e os princípios da igualdade, da
impessoalidade, da moralidade pública e da responsabilidade dos gastos públicos
(arts. 1º, 5º, caput, 25, § 1º, 37, caput e inc. XIII, 169, § 1º, inc. I e II, e 195, § 5º, da
Constituição da República). Precedentes. Ação direta de inconstitucionalidade
julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do art. 29-A e seus
parágrafos do Ato das Disposições Constitucionais Gerais e Transitórias da
Constituição do Estado de Mato Grosso do Sul." (ADI 3.853, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgamento em 12-9-07, DJ de 26-10-07)

"(...) é consentânea com a Carta da República previsão normativa asseguradora, ao


militar e ao dependente estudante, do acesso a instituição de ensino na localidade
para onde é removido. Todavia, a transferência do local do serviço não pode se
mostrar verdadeiro mecanismo para lograr-se a transposição da seara particular para
a pública, sob pena de se colocar em plano secundário a isonomia — artigo 5º, cabeça
e inciso I —, a impessoalidade, a moralidade na Administração Pública, a igualdade
de condições para o acesso e permanência na escola superior, prevista no inciso I do
artigo 206, bem como a viabilidade de chegar-se a níveis mais elevados do ensino,

141
no que o inciso V do artigo 208 vincula o fenômeno à capacidade de cada qual." (ADI
3.324, voto do Min. Marco Aurélio, julgamento em 16-12-04, DJ de 5-8-05)

30.1.5 Princípio da Impessoalidade

Quem se relaciona com o cidadão é a Administração Pública, não a pessoa do


funcionário ou gestor. O administrador não pode se valer de motivações pessoais,
tanto positivas, como negativas, para agir.
Uniformidade de funcionamento da Administração Pública, não importando quem
é o agente público.
Relativo ao agente público.
Por outro lado, a própria Administração deve ser impessoal, de modo a não idolatrar
a pessoa do governante. Ver, para tanto, o art. 37 da Constituição:
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal
de autoridades ou servidores públicos.

“O Tribunal retomou julgamento de mandado de segurança impetrado contra ato


omissivo do Procurador-Geral da República e da Procuradora-Geral da Justiça Militar,
consistente na negativa de nomeação da impetrante, aprovada em concurso público
para o cargo de promotor da Justiça Militar, não obstante a existência de dois cargos
vagos — (...) Considerou, por fim, que essa autoridade teria incorrido em ilegalidade,
haja vista a ofensa ao princípio da impessoalidade, eis que não se dera a nomeação
por questões pessoais, bem como agido com abuso de poder, porquanto deixara de
cumprir, pelo personalismo e não por necessidade ou conveniência do serviço
público, a atribuição que lhe fora conferida.” (MS 24.660, Rel. Ellen Gracie,
julgamento em 14-9-06, Informativo 440)

30.1.6 Princípio da Moralidade administrativa

Um dos princípios mais importantes. Significa que a Administração Pública deve,


para além do Direito, também se pautar por critério morais.
A probidade na Administração é protegida, em tese, pelas leis dos crimes de
responsabilidade federais e estaduais (art. 1.079) e municipais (decreto-lei 201), além
da Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429).
Soldado da reserva. Súmula vinculante nº 13.

"Servidora pública da Secretaria de Educação nomeada para cargo em comissão no


Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região à época em que o vice-presidente do
Tribunal era parente seu. Impossibilidade. A proibição do preenchimento de cargos
em comissão por cônjuges e parentes de servidores públicos é medida que
homenageia e concretiza o princípio da moralidade administrativa, o qual deve
nortear toda a Administração Pública, em qualquer esfera do poder." (MS 23.780, Rel.
Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 28-9-05, DJ de 3-3-06)

“Diretor-geral de Tribunal Regional Eleitoral. Exercício da advocacia.


Incompatibilidade. Nulidade dos atos praticados. Violação aos princípios da
moralidade e do devido processo legal (fair trial). Acórdão recorrido cassado. Retorno

142
dos autos para novo julgamento.” (RE 464.963, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento
em 14-2-06, DJ de 30-6-06)

"Bacharel em Direito que exerce o cargo de assessor de desembargador:


incompatibilidade para o exercício da advocacia. Lei 4.215, de 1963, artigos 83 e 84.
Lei 8.906/94, art. 28, IV. Inocorrência de ofensa ao art. 5º, XIII, que deve ser
interpretado em consonância com o art. 22, XVI, da Constituição Federal, e com o
princípio da moralidade administrativa imposto à Administração Pública (CF, art. 37,
caput)." (RE 199.088, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 1º-10-96, DJ de 16-4-99)

"Lei estadual que autoriza a inclusão, no edital de venda do Banco do Estado do


Maranhão S/A, da oferta do depósito das disponibilidades de caixa do tesouro
estadual (...) Alegação de ofensa ao princípio da moralidade administrativa —
Plausibilidade jurídica (...). O princípio da moralidade administrativa — enquanto valor
constitucional revestido de caráter ético-jurídico — condiciona a legitimidade e a
validade dos atos estatais. A atividade estatal, qualquer que seja o domínio
institucional de sua incidência, está necessariamente subordinada à observância de
parâmetros ético-jurídicos que se refletem na consagração constitucional do
princípio da moralidade administrativa. Esse postulado fundamental, que rege a
atuação do Poder Público, confere substância e dá expressão a uma pauta de valores
éticos sobre os quais se funda a ordem positiva do Estado." (ADI 2.661-MC, Rel. Min.
Celso de Mello, julgamento em 5-6-02, DJ de 23-8-02)

30.1.7 Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade

Aparecem mencionados na Lei 9.784.


As decisões da Administração Pública devem ser razoáveis, não absurdas. Do mesmo
modo, devem proporcionais, isto é, deve existir uma ligação proporcional entre o fim
buscado e a medida tomada.

Art. 2º da Lei 9.784/99: A Administração Pública obedecerá,


dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse
público e eficiência.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão


observados, entre outros, os critérios de:[...]
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;

"Cabe ao Poder Judiciário verificar a regularidade dos atos normativos e de


administração do Poder Público em relação às causas, aos motivos e à finalidade que
os ensejam. Pelo princípio da proporcionalidade, há que ser guardada correlação
entre o número de cargos efetivos e em comissão, de maneira que exista estrutura
para atuação do Poder Legislativo local." (RE 365.368-AgR, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgamento em 22-5-07, DJ de 29-6-07)

143
"Cláusula que determina que conste nos comunicados oficiais o custo da
publicidade veiculada. Exigência desproporcional e desarrazoada, tendo-se em vista
o exagero dos objetivos visados. Ofensa ao princípio da economicidade (CF, artigo 37,
caput)." (ADI 2.472-MC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 13-3-02, DJ de 22-11-
04)

“Discrepa da razoabilidade norteadora dos atos da Administração Pública o fato de


o edital de concurso emprestar ao tempo de serviço público pontuação superior a
títulos referentes a pós-graduação.” (RE 205.535-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgamento em 22-5-98, DJ de 14-8-98)

30.1.8 Princípio da motivação

Significa que a Administração Pública deve motivar seus atos.


Motivar tem dois significados. O primeiro significado tem por conteúdo a ideia de
que a Administração Pública só deve praticar atos se existirem motivos para tanto.
Por exemplo, uma exoneração por falta de assiduidade só será válida se realmente
existirem os motivos, isto é, o servidor faltou o serviço. Motivar também significa que
o Administrado tem direito de saber as razões que levaram determinado ato a ser
realizado.

Art. 2° da Lei 9784/99: A Administração Pública obedecerá,


dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse
público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão
observados, entre outros, os critérios de:[...] VII - indicação dos
pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;

CAPÍTULO XI
DO DEVER DE DECIDIR

Art. 48 da CF: A Administração tem o dever de explicitamente


emitir decisão nos processos administrativos e sobre
solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.

Art. 49 da CF: Concluída a instrução de processo administrativo,


a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir,
salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.

Art. 50 da CF: Os atos administrativos deverão ser motivados,


com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção
pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo
licitatório;

144
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão
ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios
oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
convalidação de ato administrativo.
§ 1° A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo
consistir em declaração de concordância com fundamentos de
anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que,
neste caso, serão parte integrante do ato.
§ 2° Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser
utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das
decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos
interessados.
§ 3° A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões
ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo
escrito.

30.1.9 Princípio da eficiência

Mencionado no art. 37, foi inserido pela Emenda Constitucional nº 19. Princípio de
algum modo despiciendo, uma vez que é óbvio que a Administração Pública deve
ser eficiente.

30.1.10 Princípio da Presunção de legitimidade e veracidade

Presume-se que os atos da Administração Pública são conforme a lei (legítimos) e


verdadeiros (conforme a um estado de fatos atual ou passado). Justifica-se devido à
supremacia do Interesse Público.

30.2 Organização da administração pública

De volta ao conceito de Administração Pública: um conjunto de órgãos, pessoas e


entidades, realizando a função administrativa de satisfação das necessidades
coletivas – necessidades estas dedutíveis da lei.

É importante dizer que, apesar das dificuldades conceituais, Estado, governo e


Administração Pública não são conceitos equivalentes.

Estado: povo, poder soberano e governo por sobre um território;


Governo: O Estado é comandado pelo exercício (governo) do poder. O poder, nos
Estados modernos, para fins de controle recíproco, é dividido em 3: Judiciário,
Legislativo e Executivo.

Há Administração Pública nos 3 poderes. Porém, tanto no Poder Legislativo quanto


no Judiciário, a Administração Pública é meramente instrumental, isto é, serve para
apoiar a função daqueles poderes.

145
Assim, a função do Judiciário é julgar. A Administração Pública no Judiciário serve
meramente de apoio a isto, consubstanciando-se em uma atividade de contratação
de funcionários, elaboração de orçamentos, etc.
Também é assim no legislativo.
Não há dúvidas, deste modo, de que o grosso da Administração Pública encontra-se
no Poder Executivo, vez que é deste a atividade de execução da lei.

Entretanto, a atividade do Poder Executivo não se resume à Administração Pública.


A doutrina consente que existe uma distinção entre atos de governo, realizados pelo
poder Executivo que expressam a soberania do país, como é o caso da sanção, do
veto, do decreto autônomo, da declaração de regra, etc., que são diferentes dos atos
de mera administração.
A Administração Pública rege-se por uma lógica hierárquica e piramidal, indo desde
o funcionário mais subalterno até o seu centro neural, que o presidente do Poder
Executivo no âmbito do poder executivo, o Tribunal no âmbito do poder judiciário e
as mesas no âmbito do Poder Legislativo.

Art. 99 da CF: Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia


administrativa e financeira.
§ 1º - Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias
dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais
Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.

É importante dizer que os poderes não são pessoas jurídicas. Quem é pessoa jurídica
é a União, os Estados-membros, os Municípios e o Distrito Federal.

Art. 41 do CC: São pessoas jurídicas de direito público interno:


I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;

Assim, uma demanda, por exemplo, contra o Congresso Nacional será dirigida contra
a União. Do mesmo modo, se for contra a Câmara de Vereadores, será dirigida ao
Município.

30.2 .1 Centralização ou descentralização

A Administração Pública pode ser centralizada ou descentralizada.

Na Administração Pública Centralizada, tudo acontece dentro do âmbito da própria


pessoa jurídica.

A Administração Pública centralizada chama-se Administração Pública direta.

Art. 4° do Decreto-Lei 200/67: A Administração Federal


compreende:
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços
integrados na estrutura administrativa da Presidência da
República e dos Ministérios.

146
Na Administração Pública descentralizada criam-se novas pessoas jurídicas.

Art. 4° do Decreto-Lei 200/67: A Administração Federal


compreende:
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes
categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica
própria:
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas.

Em realidade veremos que a A.P. compreende outras pessoas jurídicas.

30.3 Administração pública direta

Ex.: de Administração Direta


Presidente > Ministérios > demais órgãos públicos
Governador > Secretarias > demais órgãos públicos
Prefeito > Secretarias > demais órgãos públicos

Na Administração direta, aplica-se quase sempre o regime jurídico-administrativo,


em sua forma integral. Afinal de contas, a Administração direta é o núcleo da
Administração Pública.

Dentro da Administração Pública se aplicam os conceitos de concentração e


desconcentração.
Concentração significa “concentrar” atribuições a um determinado órgão.
Desconcentração significa distribuir atribuições a diversos órgãos.
Como é nítido, a Administração Pública brasileira possui diversos órgãos.
A desconcentração pode ser em razão de grau (Superintendência, Delegacia
Regional, etc.), matéria (secretaria do desporto, saúde, etc.) ou territorial (Comitês de
Bacia de tal região, subprefeitura de tal local, etc.).

Todos os órgãos públicos da Administração Pública brasileira estão estruturados de


maneira hierárquica, uns ligados aos outros.
Os órgãos públicos não têm personalidade jurídica. Se não têm personalidade
jurídica, não são titulares de direitos e obrigações.
Os órgãos públicos se constituem por serem partes da estrutura da Administração e
enfeixam competências. No dizer de Hely Lopes Meirelles, compõem um órgão uma
função, competência, cargos e agentes.

30.3.1 O que é um órgão?

LEI Nº 9.784, DE 29 DE JANEIRO DE 1999.


§ 2° Para os fins desta Lei, consideram-se:
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e
da estrutura da Administração indireta;

147
Existem 3 teorias para explicar como um órgão atua.
Teoria do mandato: o Estado outorga um mandato para o servidor atuar em nome
do órgão. Isto não acontece na prática, por óbvio.
Teoria da representação: assim como na tutela e na curatela, o servidor representa
o órgão público.
Teoria do órgão: Do Alemão Otto Gierke. Por força do Direito, a vontade do servidor
é atribuída ao órgão.

30.3.2 Hierarquia

A Administração Pública direta (e usualmente também a indireta) rege-se por uma


lógica de hierarquia, entendendo-se esta como o “vínculo de autoridade que une
órgãos e agente, através de escalões sucessivos, numa relação de autoridade, de
superior a inferior, de hierarca a subalterno” (Celso Antônio Bandeira de Mello).
A autoridade superior, em regra, tem poder de comando, poder de fiscalização,
poder de revisão, poder de punir, poder de delegar atribuições ou de as avocar e
poder de definir atribuições.
A hierarquia será vista com mais detalhe no chamado “poder hierárquico”.

30.3.3 Classificação dos órgãos

Quanto à importância
→ Órgãos independentes – São os órgãos de topo da Administração Pública, e tem
nenhuma ou pouca relação hierárquica com outro órgão. Ex.: Presidente da
República e ministérios, Cúpula do Ministério Público, Cúpula da Defensoria Pública,
Senadores, Deputados, juízes, TCU;
→ Órgãos autônomos: imediatamente abaixo dos órgãos independentes: ex.: receita
federal, imediatamente abaixo do Ministério da Fazenda; Polícia Federal em relação
ao Ministério da Justiça. Apesar dos órgãos autônomos serem subordinados aos
independentes, eles possuem a prerrogativa de defender em juízo seus interesses;
→ Órgãos superiores (ex.: gerências, órgãos de controle, etc.);
→ Órgãos subalternos.

Quanto à existência de órgãos internos


→ Simples: sem órgãos internos;
→ Compostos: subdivididos em outros órgãos. Secretaria de educação municipal.

Quanto à composição
→ Unipessoal: um titular e auxiliares deste titular por uma só pessoa. Ex.: Ministério e
seus auxiliares, juiz e servidores;
→ Colegiados: conselhos.

Função
→ Ativos: fazem coisas: licitações, atos materiais (asfaltar, etc.), cobrar tributos;
→ De controle: fiscalizam os outros órgãos;
→ Consultivos: aconselhamento e emissão de pareceres. A peculiaridade é que o
parecer jurídico, se errôneo, por causar a responsabilização solidária, muito embora
ainda a questão seja controversa.

148
30.3.4 Competência

A competência é um poder-dever, imposto pela Lei, para cumprir uma finalidade


prevista nesta mesma lei.
A competência é:
→ Obrigatória: não pode agente deixar de cumpri-la;
→ Irrenunciável: não pode o agente público renunciá-la;
→ Intransferível: não pode ser transferida a título permanente;
→ Imodificável: não pode ser modificada pelo titular do órgão;
→ Imprescritível: a não utilização da competência não gera a caducidade ou
prescrição da competência.

Art. 51 da CF: Compete privativamente à Câmara dos


Deputados:
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia,
criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e
funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da
respectiva remuneração, observados os parâmetros
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;

Art. 84 da CF: Compete privativamente ao Presidente da


República:
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção
superior da administração federal;

Art. 87 da CF: Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre


brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos
direitos políticos.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de
outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e
entidades da administração federal na área de sua
competência e referendar os atos e decretos assinados pelo
Presidente da República;

Art. 96 da CF: Compete privativamente:


I - aos tribunais:
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos
que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade
correicional respectiva;

30.3.5 Personalidade judiciária

Excepcionalmente, a Jurisprudência conferiu personalidade de comparecer, como


autor ou ré, a certos órgãos, como os conselhos, Receita Federal, Câmara de
Vereadores, etc, desde que seja para a defesa de seus próprios interesses
constitucionais. Ex.: Prefeito que não repassa verba à Câmara.

149
Centralização e descentralização

A Administração Pública pode ser centralizada ou descentralizada.


Na Administração Pública Centralizada, tudo acontece dentro do âmbito da própria
pessoa jurídica.

30.3.6 Criação de órgãos públicos

Só por lei.
Interessante é que hoje, mediante decreto, é possível modificar a estrutura dos
órgãos públicos, desde que não implique aumento de despesa.

Art. 48 da CF: Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do


Presidente da República, não exigida esta para o especificado
nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de
competência da União, especialmente sobre:
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público
e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização
judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal
X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e
funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b;
XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração
pública;

Art. 84 da CF: Compete privativamente ao Presidente da


República:
VI - dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal,
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou
extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

Art. 61 da CF: A iniciativa das leis complementares e ordinárias


cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos
Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao
Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos
Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos
cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição
§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as
leis que:
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração
pública, observado o disposto no art. 84, VI.

30.3.7 Hierarquia e competência

A Administração Pública rege-se por uma lógica hierárquica e piramidal, indo


desde o funcionário mais subalterno até o seu centro neural, que o presidente do
Poder Executivo no âmbito do poder executivo, o Tribunal no âmbito do poder
judiciário e as mesas no âmbito do Poder Legislativo.

150
A estrutura hierárquica é baseada na competência. Cada órgão possui uma
competência prevista em lei.
A AP tem o poder de se organizar de maneira hierárquica. Trata-se de um
poder introverso, voltado à própria Administração Pública.
Tal existe para a racionalização das atividades da Administração Pública.
O poder hierárquico dá poderes ao superior para dar ordens, rever atos, avocar
atribuições, delegar competências e fiscalizar a atividade dos subordinados.

Coordenação e subordinação da Administração Pública.

Deste poder decorrem as possibilidades de:


→ Editar atos normativos para organizar o serviço;
→ Dar ordens a subordinados;
→ Controlar a atividade dos órgãos inferiores;
→ Delegar atribuições;
→ Avocar atribuições, isto é, concentrar nas mãos do superior poderes dos inferiores.

Entretanto, a ideia de avocação e de delegação de competências não são


triviais.

Art. 12 da Lei nº 9.784/99: Um órgão administrativo e seu titular


poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da
sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes
não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for
conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica,
social, econômica, jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à
delegação de competência dos órgãos colegiados aos
respectivos presidentes.

Art. 13 da Lei nº 9.784/99: Não podem ser objeto de delegação:


I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou
autoridade.

Art. 14 da Lei nº 9784/99: O ato de delegação e sua revogação


deverão ser publicados no meio oficial.
§ 1° O ato de delegação especificará as matérias e poderes
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os
objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter
ressalva de exercício da atribuição delegada.
§ 2° O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela
autoridade delegante.
§ 3° As decisões adotadas por delegação devem mencionar
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo
delegado.

151
Art. 15 da Lei nº 9.784/99: Será permitida, em caráter
excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados,
a avocação temporária de competência atribuída a órgão
hierarquicamente inferior.

30.4 Administração pública indireta

Art. 4° do Decreto-Lei 200/67: A Administração Federal


compreende:
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes
categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica
própria:
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas.

Administração Indireta em espécie

São características das pessoas jurídicas criadas pelo Estado para a Administração
Pública Indireta:
> Personalidade jurídica própria;
> Criação ou autorização para criação por Lei, ao contrário das pessoas privadas;
> Finalidade não é o lucro, mas a busca do interesse público;
> Ao contrário das pessoas jurídicas privadas, seus fins são postos em lei, e não podem
ser modificados.
> Só por lei podem ser extintas;
> O Estado exerce algum tipo de controle;
> Possuem prerrogativas (ex.: imunidade de impostos) e sujeições (concurso,
licitação) que os particulares usualmente não dispõem;
> Para todas as entidades da Administração indireta, exige-se concurso, bem como
proíbe-se a acumulação. Os celetistas das empresas públicas, de economia mista e
fundações de caráter privado não tem estabilidade, apesar de entrarem por
concurso. Devem ter direito à defesa na despedida, contudo, que não pode ser
arbitrária, conforme a jurisprudência;
> Os bens das autarquias e fundações de direito públicos são bens públicos
(inalienáveis, portanto). O das empresas públicas poderá ser se prestarem serviço
público;
>A responsabilidade de todos os entes da administração indireta é objetiva, isto é,
independe de culpa. Mesmo as concessionárias e permissionárias respondem
objetivamente, muito embora ainda exista discussão judicial sobre o assunto;
> Na esfera federal, com exceção das empresas de economia mista e falências, todas
as causas são julgadas pela justiça federal. CF, art. 109, I;
> As empresas públicas, fundações de direito privado e sociedades de economia
mista são executadas judicialmente como empresas normais, tendo seus bens
penhorados. Algumas delas, por prestarem serviços públicos (ex.: Correios,
Companhias de Docas), pagam por precatórios, como a administração direta e as
autarquias. Art. 100 da CF;

152
> Existirá tanto um controle administrativo interno ao Poder Executivo, quanto um
externo pelo Tribunal de Contas. Arts. 70 e 71 da CF;
> As entidades de Direito público possuem privilégios de ordem processual;
- Prazo em quádruplo para contestar e em dobro em geral (art. 188 do CPC). Não se
aplicam ao JEC Federal;
- Reexame necessário;
- Inaplicabilidade dos efeitos materiais da revelia;
- Impossibilidade de liminar em desfavor da AP em certos casos.

30.4.1 Entes da Administração Pública

Autarquias: criadas por lei; de direito público, semelhante à Administração Direta;


autoadministração (mas não auto legislação ou autonomia); especialização. Ex.: INSS,

Art. 5º do Decreto-Lei 200/67: Para os fins desta lei, considera-


se:
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para
executar atividades típicas da Administração Pública, que
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão
administrativa e financeira descentralizada.

Existem autarquias corporativas. Ex.: OAB, CREMERS, etc.. Neste último caso, adotam
um regime mais privado. Exige-se delas concurso e licitação, à exceção da OAB, que
tem um regime mais “especial”.

Fundação: patrimônio afetado a algum fim, podendo ser de direito público ou


privado; quando de direito público, são muito semelhantes às autarquias (às vezes
chamados de Fundações Autárquicas);
Fundação Pública de Direito Público: Fundação Biblioteca Nacional, IBGE, as
Universidades Públicas, etc.
Fundação Pública de Direito Privado: Hospitais Públicos, Fiocruz, Fundação Banco
do Brasil, algumas fundações de apoio às universidades públicas (aberração jurídica).

Art. 5º do Decreto-Lei 200/67:


IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade
jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude
de autorização legislativa, para o desenvolvimento de
atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades
de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio
próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e
funcionamento custeado por recursos da União e de outras
fontes.

Fundação Pública de Direito público – Aparecia na CF. Sumiu a menção após a EC


19 (que teve dispositivos considerados inconstitucionais). O que não significa que não
mais exista Fundação Pública de Direito Público, uma vez que a jurisprudência
continua reconhecendo sua existência. O STF entende que as fundações públicas de
direito público se equiparam às autarquias.

153
Sociedade de economia mista: pessoa jurídica de direito privado com conjugação
de capital público ou privado, mas mesmo assim criada por lei, e sob controle do
Estado e necessariamente assumindo a forma de S.A. Autorizada por lei. Executam
a atividade econômica do Estado, conforme o art. 173 da CF, e, por isso, não podem
ter privilégios não extensíveis ao setor privado, se concorrerem no mercado. A
Constituição prevê um estatuto de licitação simplificado para as empresas públicas
e sociedades de economia mista, tal estatuto não existe ainda, de modo que a eles
se aplica ainda a lei 8.666 em sua inteireza. Empresas públicas e sociedades de
economia mista não falem (Lei 11.101, art. 2º).

Art. 5º do DL 200

III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de


direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma
de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à
União ou a entidade da Administração Indireta. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº
900, de 1969)

Art. 5º do DL 200

Empresa pública: de direito privado, mas capital inteiramente Estatal, com


organização sob qualquer forma admitida em Direito (ex.: LTDA). Autorizada por lei.
Executam a atividade econômica do Estado, conforme o art. 173 da CF, e, por isso,
não podem ter privilégios não extensíveis ao setor privado, se concorrerem no
mercado. A Constituição prevê um estatuto de licitação simplificado para as
empresas públicas e sociedades de economia mista, tal estatuto não existe ainda, de
modo que a eles se aplica ainda a lei 8.666 em sua inteireza. Empresas públicas e
sociedades de economia mista não falem (Lei 11.101, art. 2º).
Um exemplo é a Caixa Econômica Federal.

Art. 5º do DL 200

II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito


privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a
exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de
contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer
das formas admitidas em direito. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)

Note-se que existem ainda uma outra classificação possível para dois tipos de
empresas estatais (empresa pública e sociedade de economia mista): uma presta
serviços públicos, outras executam atividade econômica. As que executam atividade
econômica (ex.: Banco do Brasil, que está em regime de concorrência com os demais
bancos) têm um regime “mais” privado do que as que prestam serviços públicos
(como os Correios, que estão em regime de monopólio).

Entidades criadas pelo consórcio Público: de Direito público ou privado, criado pela
união de dois ou mais entes federativos para a gestão de serviços públicos; se for de
direito público, é semelhante à uma autarquia (associação pública), se de direito

154
privado, será uma associação comum, derrogada parcialmente pela Lei Federal nº
11.107. Este será objeto de estudo mais aprofundado adiante.

Agências

São autarquias ou fundações com um pouco mais de liberdade para os


administradores. Existem agências executivas e agências reguladoras. Apareceram
na onda neoliberal, quebrando a tradição brasileira de inspiração no direito europeu.

Agência executiva> qualificação dada à autarquia ou fundação que celebre contrato


de gestão com o órgão da administração pública direta a que se acha vinculada, para
a melhoria da eficiência e redução de custos. Trata-se de uma entidade preexistente
que recebe esta qualificação (Decretos federais nº 2.487 e 2.488). Único caso no Brasil:
INMETRO.

Agências reguladoras

Já existiam entidades com funções reguladoras, mas sem denominação de agência


(ex. instituto do açúcar e do álcool, Bacen, CVM, etc.).
Regular significa organizar determinado setor afeto à agência, bem como controlar
as entidades que atuam nesse setor. Exercem, ao mesmo tempo, poder de polícia,
bem como controlam concessões e permissões. Neste último caso, exercem a
importante de função de manter o equilíbrio econômico financeiro dos contratos.
Não existe lei geral para as agências reguladoras, elas são criadas por leis esparsas,
adquirindo cores diversas. Um aspecto comum é que são todas autarquias de regime
especial. Este regime especial refere-se, usualmente, à estabilidade de seus
dirigentes através de um mandato fixo, além do caráter final de suas decisões, que
não podem ser revisadas pela Administração Direta.

São também entidades da Administração indireta, criados a partir da Lei federal nº


11.107. Tem personalidade jurídica, e são formados pela contratação entre os
diferentes entes federativos. Eles proceder à chamada gestão associada. Os entes
irão se associar e formar uma associação, que poderá ser de direito público ou
privado. Para se criar um consórcio, será necessário, primeiramente, um protocolo de
intenções do Executivo, após, lei dos entes federativos, depois um contrato, e, após,
formalização, através de estatutos.
O consórcio público, independentemente de ser de natureza pública ou privada,
poderá promover desapropriações e servidões, ser contratado com dispensa de
licitação pela AP, limites mais elevados para a necessidade de licitação e para as
modalidades previstas.
Os entes consorciados firmarão um contrato de rateio e um contrato de programa.
O primeiro versará sobre a repartição das despesas, com a devida inclusão destas nas
leis orçamentárias. Já o contrato de programa tem a ver com a cooperação do
consórcio com algum ente federativo.

30.4.2 Controle administrativo das entidades da administração indireta

As entidades da Administração Indireta têm autoadministração, mas nos limites da


lei. Alguns órgãos fazem o controle das atividades da Administração Indireta, trata-

155
se geralmente de secretarias ou ministérios. O nome deste vínculo é tutela ou
supervisão, e não hierarquia, uma vez que há uma ligação funcional, e não uma
cadeia de ordens, como a hierarquia.
Existe controle administrativo tanto na hierarquia como na tutela ou supervisão, mas
a primeira é característica da Administração Direta, e a segunda da Indireta.

Obviamente, este é o controle administrativo. Existe, ainda, o controle externo,


realizado pelos órgãos legislativos, com auxílio do tribunal de contas, e o judiciário,
realizado pelos tribunais.

30.5 Servidores públicos

Servidores públicos: em sentido amplo, todos aqueles que trabalham para a AP.
Em sentido estrito, todos aqueles que trabalham para a AP direta, autarquias e
fundações públicas.
Agentes públicos: todos aqueles que prestam serviços de maneira pessoal ao Estado:
- agentes políticos (primeiro escalão: chefes do poder executivo, ministros,
parlamentares, juízes, membros do MP). São regidos por regras constitucionais e leis
próprias;
- servidores públicos;
- militares (bombeiros, PMs, membros das forças armadas);
- particulares em colaboração com o poder público (cônsules honorários, tabeliães,
notários, jurados, fiscais de urna, etc.)

Possuem vínculo com Estado, sendo por este remunerado.


Compreendem:
Servidores públicos estatutários: sujeitos ao regime estatutário e ocupantes de
cargos públicos. Contratados por concurso, exceto os Cargos em Confiança. Cada
ente federativo pode seus estatutos gerais ou próprios de cada categoria.
Empregados públicos: são contratados pelo regime da CLT (Com concurso,
obviamente), ocupando emprego público. Os entes federativos devem respeitar a
CLT.
Servidores temporários: contratados por tempo determinado para atender à
necessidade temporária de excepcional interesse público. (37, IX, da CF). Leis Federais
8.745 e 10.667.

30.5.1 Diferença entre cargo, emprego e função

Cargo: unidade de atribuições, imposta por lei, que exige concurso público para
preenchimento. O servidor tem seu estatuto na Lei do ente federativo.
Emprego: unidade de atribuições, imposta por lei, que exige concurso público para
preenchimento. O servidor tem seu estatuto na CLT.
Função: tanto o servidor temporário quanto o efetivo quando em direção(confiança).
Os cargos em comissão na verdade preenchem uma função pública.

30.5.2 Regime jurídico do servidor em sentido amplo

> o serviço público é acessível a brasileiros e estrangeiros. Nestes últimos, deve haver
expressa menção na lei que regulamento o cargo, emprego ou função (37, I, CF);

156
> ingresso: concurso público em todas as hipóteses, exceto para temporários e cargo
em comissão. Art. 37, III, da CF, diz que os concursos terão dois anos de validade,
prorrogáveis por mais dois anos. Passar e estar entre os classificados não gera direito
à nomeação, mas gera prioridade sobre novos concursados. Pessoas portadoras de
deficiência terão reserva de vagas (37, VIII da CF). São vedadas as restrições de idade,
exceto para determinados cargos óbvios, como soldado;

> remuneração: isonomia entre poderes, proibida a vinculação, evitando os gatilhos


(art. 37, XIII), aumento só se dá se houver previsão orçamentária, sendo que os chefes
dos poderes atuam independentemente, neste sentido (o Legislativo, por exemplo,
não pode aumentar os salários do Executivo), fixação por lei, teto previsto no art. 37,
XI + 397, § 9º + § 12. Vige a irredutibilidade, salvo o teto;

> limites com gastos de servidores (Lei Complementar nº 101): União, 50%, Estados e
Municípios 60% da receita líquida.

> direito de greve e associação sindical. É livre a associação sindical entre os


servidores públicos, inclusive militares. Já o direito de greve deverá ser
regulamentado em lei (art. 37, VI e VII). Tal lei ainda não existe, de modo que
controverte-se acerca de sua possibilidade hoje.

> É vedada a acumulação de cargos, empregos e funções públicos remunerados,


exceto (37, XVI):
- dois cargos de professor;
- professor + técnico ou científico;
- 2 profissionais da saúde.

Em outras partes da Constituição, permite-se outras acumulações:


- Vereador + serviço público;
- juízes e MP + magistério.

30.5.3 Remuneração dos servidores

Alguns servidores recebem subsídio, cuja principal característica é serem pagos em


parcela única, isto é, não recebem quaisquer adicionais, exceto os constitucionais do
art. 7º da Constituição (13º, horas extras, adicional noturno, salário família, adicional
de férias e licença gestante).

Recebem subsídio os agentes políticos e outros servidores de alta qualificação (AGU,


procuradores de Estado, defensores públicos, policiais, membros dos Tribunais de
contas).

Facultativamente, os outros servidores poderão receber subsídios, muito embora isto


ainda não aconteça.

Os outros servidores recebem remuneração

157
30.5.3.1 Teto remuneratório do serviço público

Informativo 862:
Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e
funções, a incidência do art. 37, XI, da Constituição Federal pressupõe consideração
de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório
quanto ao somatório dos ganhos do agente público.
Logo, o teto deverá ser considerado especificamente para cada cargo, sendo
permitido que ele receba acima do limite previsto no art. 37, XI da CF se
considerarmos seus ganhos globais, situação essa que pode ocorrer por exemplo de
um Ministro do STF ser professor Universitário de uma Universidade Federal e
somado ao que recebe como Ministro do Supremo.
STF. Plenário. RE 612975/MT e RE 602043/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em
26 e 27/4/2017

LEMBRE-SE: ACUMULAÇÃO DE CARGO PÚBLICO E TETO REMUNERATÓRIO


A CF/88 (art. 37, XVI) proíbe a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto:
dois cargos de professor; um cargo de professor com outro técnico ou científico; dois
cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas.
NESSAS HIPÓTESES O TETO DEVERÁ ser considerado para cada um dos vínculos,
de forma separada. É uma interpretação além da literalidade do art. 37, XI.
Reforçou nesse sentido o entendimento que o Superior Tribunal de Justiça já
tinha a respeito dessa matéria:
(...) A jurisprudência desta Corte orienta-se no sentido de que em se tratando de
cumulação legítima de cargos, a remuneração do servidor público não se submete
ao teto constitucional, devendo os cargos, para este fim, ser considerados
isoladamente. (...)
STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS 45.937/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
05/11/2015

NÃO TEM FUNÇÃO LEGISLATIVA, AUMENTAR VENCIMENTOS DE SERVIDORES


PÚBLICOS SOB O FUNDAMENTO DE ISONOMIA
A decisão judicial que concede a servidor público a gratificação de 13,23% prevista
na Lei nº 10.698/2003 afronta a súmula vinculante 37, mesmo que o julgador
fundamente sua decisão no art. 37, X, da CF/88 e no art. 6º da Lei nº 13.317/2016. Não
cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
servidores públicos sob o fundamento de isonomia.
STF. 1ª Turma. Rcl 25927 AgR/SE e Rcl 24965 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red.
p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 31/10/2017 (Info 884). STF. 1ª Turma.
Rcl 24965 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 28/11/2017 (Info 886).

30.5.4 Processo administrativo disciplinar

É um dos meios de apuração de ilícitos administrativos, junto às sindicâncias e a


verdade sabida. Os dois últimos são aplicáveis em casos de pequenas transgressões
(em realidade, a verdade sabida já não mais existe, em face do princípio da ampla
defesa).

158
Sindicância:> Trata-se de um procedimento sumário, onde, no nível federal, pode
resultar arquivamento do processo, aplicação de penalidade de advertência ou
suspensão de até 30 dias, e instauração do processo disciplinar.

processo administrativo > vai existir quando houver risco de perda do cargo,
aposentadoria ou pena de suspensão por mais de 30 dias.

30.5.5 Aposentadoria dos servidores públicos

O servidor público pode aposentar-se tanto no regime geral (INSS) quanto em um


regime próprio (organizado pelos entes federativos, com regime jurídico específico).

Nos dois casos, os regimes hoje são contributivos, isto é, existe contribuição ao
regime de previdência. Os servidores públicos em regime próprio inclusive
contribuem depois de aposentados.

Submetem-se ao regime do INSS os temporários, os empregados públicos, os CCs, e


em alguns casos, os Vereadores e Prefeitos.

Tem regime próprio os estatutários e os agentes políticos.

Para o futuro, a norma constitucional planeja que os servidores estatutários terão um


regime próprio, sujeito aos limites de valor da previdência privada, em conjunto com
uma previdência complementar, também organizada pelo Estado, mas a parte do
regime próprio.

A aposentadoria compulsória no poder público se dá aos 70 anos.

Estabilidade:3 anos de exercício (estágio probatório). Só para quem ocupa cargo


público.

Perda do cargo: procedimento administrativo de avaliação de desempenho, com


ampla defesa; limite de despesa com pessoal; sentença judicial.

30.6 Improbidade administrativa

Quem quer dê prejuízo à AP pode ser punido civilmente, administrativamente e


criminalmente. Existe ainda uma quarta modalidade, que são os atos de
improbidade administrativa. Lei 8.429.

30.6.1 Elementos do ato de improbidade administrativa

- Sujeito passivo: quem sofreu o ato. Toda e qualquer entidade da AP ou outra que a
AP tenha concorrido com mais de 50% do patrimônio, ou qualquer uma que receba
dinheiro público, neste último caso limitada a condenação ao prejuízo aos cofres
públicos.

159
- Sujeito ativo: quem praticou o ato. Qualquer que se envolver com a AP, seja
particular, seja agente público. Existe polêmica se os agentes políticos se enquadram
nesta hipótese. Dúvidas se esses últimos têm foro privilegiado ou não.

- Ato danoso: aquele ato que importa em enriquecimento ilícito (o agente ativo tem
ou pode ter incremento em seu patrimônio), prejuízo ao erário (o erário tem ou pode
ter prejuízo, sem acréscimo ao patrimônio do agente ativo) ou atentado contra os
princípios da AP (os princípios da AP são atingidos, muito embora não existe prejuízo
e tampouco enriquecimento ilícito). São três categorias de atos que importam em
diferentes graduações de punição.

- Elemento subjetivo: dolo ou culpa.

30.6.2 Sanções cabíveis

- enriquecimento ilícito:
Suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos;
Multa de até 3 vezes o valor do acréscimo patrimonial;
Proibição de contratar com a AP até 10 anos.

- Prejuízo ao erário:
Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos;
Multa de até 2 vezes o valor do prejuízo;
Proibição de contratar com a AP até 5 anos.

- Violação a princípio:
Suspensão dos direitos políticos de 3 a 5 anos;
Multa de até 100 vezes o valor da remuneração do agente;
Proibição de contratar com a AP até 3 anos.

30.6.3 Procedimentos

Qualquer pessoa pode representar perante a AP acerca de atos de improbidade,


desde que seja fundamentada, escrita e assinada. Após a apuração, o MP ou a
entidade da AP interessada ajuizará ação judicial, visando à aplicação das
penalidades.
STF E A TESE DE REPERCUSSÃO GERAL SOBRE RECURSO ADMINISTRATIVO; ‘É
inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade
de recurso administrativo’.

160
REFERÊNCIAS

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