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FGP – Faculdade G&P 1

Bacharelado em Administração
Sistemas de Informação

DO MITO À RAZÃO: O NASCIMENTO DA FILOSOFIA

A palavra Filosofia é grega. É composta por duas outras: PHILO e


SOPHIA. PHILO significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais;
SOPHIA, sabedoria, sábio. FILOSOFIA significa, portanto, amizade pela
sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filosofo: o que ama a sabedoria, tem
amizade pelo saber, deseja saber.

Filosofia é um modo de pensar e exprimir os pensamentos que surgiu


especificadamente com os gregos e que, por razões históricas e políticas,
tornou-se, depois, o modo de pensar e de se exprimir predominantemente da
chamada cultura europeia ocidental da qual, em decorrência da colonização
portuguesa do Brasil, nos também participamos.

Os historiadores dizem que ela possui data e local de nascimento: final do


século VII e início do século VI a. C., nas colônias gregas da Ásia Menor (região
da Jônia), na cidade de Mileto. E o primeiro filósofo foi Tales de Mileto. A filosofia
surge, quando alguns gregos, admirados e espantados com a realidade,
insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes dera, começam a fazer
perguntas e buscar respostas para elas, demonstrando que o mundo e os seres
humanos, os acontecimentos e as coisas da Natureza, podem ser conhecidos
pela razão humana e a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesmo.

A primeira maneira encontrada para explicar a origem do mundo (cosmos), foi


através da mitologia.

Mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da
Terra, dos homens, do fogo, das guerras, etc.). O mito narra a origem das coisas
por meio de lutas, alianças e relações sexuais entre forças sobrenaturais que
governam o mundo e o destino dos homens. Quem narrava os mitos eram os
escolhidos dos deuses, que por meio de revelações mostravam os
acontecimentos passados, permitindo ver a origem de todos os seres e de todas
as coisas. Sua palavra é sagrada porque vem de uma revelação divina. O mito
é, pois, incontestável e inquestionável.
CONDIÇÕES HISTÓRICAS PARA O SURGIMENTO DA FILOSOFIA

As viagens marítimas, que permitiram aos gregos descobrir que os locais


que os mitos diziam habitados por deuses, titãs e heróis eram, na verdade,
habitados por outros seres humanos; e que as regiões dos mares que os mitos
diziam habitados por monstros e seres fabulosos não possuíam nem monstros
nem seres fabulosos. As viagens produziram o desencantamento ou a
desmistificação do mundo, que passou, assim, a exigir uma explicação sobre sua
origem, explicação que o mito já não podia oferecer.

A invenção do calendário, que é uma forma de calcular o tempo segundo


as estações do ano, as horas do dia, os fatos importantes que se repetem,
revelando, com isso, uma capacidade de abstração nova, ou uma percepção do
tempo como algo natural e não como um poder divino incompreensível.

A invenção da moeda, que permitiu uma forma de troca que não se realiza
através das coisas concretas ou dos objetos concretos trocados por semelhança,
mas uma troca abstrata, uma forma feita pelo cálculo do valor semelhante das
coisas diferentes, revelando, portanto, uma nova capacidade de abstração e de
generalização.

O surgimento da vida urbana, com o predomínio do comércio e do


artesanato, dado desenvolvimento a técnica de fabricação e de troca e
diminuindo o prestígio das famílias da aristocracia proprietárias de terras, por
que e para quem os mitos foram criados; além disso, o surgimento de uma classe
de comerciantes ricos, que precisava encontrar pontos de poder e de prestígio
para suplantar o velho poderio de aristocracia de terras e de sangue (as
linhagens constituídas pelas famílias), fez com que se procurasse o prestígio
pelo patrocínio e estímulo as artes, às técnicas e aos conhecimentos,
favorecendo um ambiente onde a filosofia poderia surgir.

A invenção da escrita alfabética, que como o calendário e da moeda,


revela o crescimento da capacidade de abstração e de generalização, uma vez
que a escrita alfabética ou fonética, diferentemente de outras escritas – como,
por exemplo, os hieróglifos dos egípcios ou os ideogramas dos chineses -, supõe
que não se represente uma imagem da coisa que está sendo dita, mas a ideia
dela, o que dela se pensa e se transcreve.

A invenção da política, que introduz três aspectos novos e decisivos para o


nascimento da filosofia:

1 a ideia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana


que decide por si mesma o que é melhor para si e como ela definirá suas
relações internas. O aspecto legislativo e regulador da cidade – da polis – servirá
de modelo para filosofia propor o aspecto legislado, regulado e ordenado do
mundo como um, mundo racional.

2 o surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de


palavra ou de discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. Com a
polis (cidade política), surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir
em público sua opinião, discuti-la com os outros, de tal modo que surge o
discurso político como diálogo, discussão e deliberação humana, isto é, como
decisão racional e exposição dos motivos ou das razões para fazer ou não fazer
alguma coisa; houve a valorização do pensamento racional e criou condições
para que surgisse o discurso ou a palavra filosófica.

3 a política estimula um pensamento e um discurso que não procuram ser


formulados por seitas secretas dos iniciados em mistérios sagrados, mas que
procuram, ao contrário, ser públicos, ensinados, transmitidos, comunicados e
discutidos. A ideia de um pensamento que todos podem compreender e discutir,
que todos podem comunicar e transmitir, é fundamental para a filosofia.

Período pré-socrático ou cosmológico

Os filósofos pré-socráticos além de desenvolverem seu pensamento antes


de Sócrates, foram aqueles que possuíam uma só unidade temática: a physis.
No grego, physis significa renascimento, características espontâneas de um ser
e a força responsável pela criação dos seres e a transformação destes.
Os pré-socráticos buscavam a origem natural do universo, as
transformações que ocorriam e seu destino. Para isso utilizavam aforismos
(expressão moral que é compreendida por meio de poucas palavras) para relatar
sobre a natureza utilizando conceitos metafísicos e místico-religiosos.

A filosofia originou-se em Mileto na Grécia que abrigou os três primeiros filósofos


da história que são: Tales, Anaximandro e Anaxímenes.

Seus objetivos eram de construir uma cosmologia que explicasse o racional e as


características do universo para substituir a cosmogonia que se baseava em
mitos para explicar a origem do universo.

Dentre os filósofos dessa época, pode-se destacar:

Tales de Mileto (século VI a.C.). Aristóteles o chama de fundador da filosofia e


se baseava na água como elemento essencial. Tales achava que todas as coisas
tinham algo físico por trás, o que denominaram arché.

Anaximandro de Mileto (século VI a.C.). Foi discípulo e mais tarde sucessor de


Tales. Acreditava que toda a coisa tem um limite e que um elemento limitado
não poderia ser o princípio. Anaximandro argumentava contra Tales dizendo que
somente um elemento neutro e que estava em tudo é que poderia ser a origem
de tudo. Então fundou a astronomia grega. Acreditava que o apeíron que
significa o ilimitado e indeterminado seria a origem de tudo.

Anaxímenes de Mileto (século VI a.C.). Para Anaxímenes, a origem de tudo, o


arché era o ar. Foi o primeiro a afirmar que a Lua recebe luz do Sol.

Pitágoras: Originou o pitagorismo, escola filosófica e seita política, religiosa e


moral.

Heráclito: Também monista, acreditava na origem de todas as coisas por meio


do fogo.

Parmênides: Escrevia em forma de versos e acreditava no ser uno, eterno e


imóvel.

Zenão: Também monista, destaca-se pelas suas dificuldades racionais em


relação a críticas do pluralismo.
Empédocles: Pluralista, acreditava na origem de todas as coisas por meio dos
quatro elementos: terra, água, ar e fogo.
Anaxágoras: Também pluralista, acreditava na origem do universo pelos quatro
elementos.

Leucipo: Atomista, acreditava na origem do universo por meio dos átomos.

Demócrito: Também atomista, acreditava na origem do universo por meio dos


átomos.

SOFISTAS

Os sofistas foram os primeiros filósofos do período socrático. Esses se


opunham à filosofia pré-socrática dizendo que estes ensinavam coisas
contraditórias e repletas de erros que não apresentavam utilidade nas polis
(cidades). Dessa forma, substituíram a natureza que antes era o principal objeto
de reflexão pela arte da persuasão.

Os sofistas ensinavam técnicas que auxiliavam as pessoas a defenderem


o seu pensamento particular e suas próprias opiniões contrárias sobre o mesmo
para que dessa forma conseguisse seu espaço. Por desprezarem algumas
discussões feitas pelos filósofos, eram chamados de céticos até mesmo por
Sócrates que se rebelou contra eles dizendo que desrespeitavam a verdade e o
amor pela sabedoria. Outros filósofos ainda acreditavam que os sofistas criavam
no meio filosófico o relativismo e o subjetivismo.

Dentre os sofistas, pode-se destacar: Protágoras, Górgias, Hípias,


Isócrates, Pródico, Crítias, Antifonte e Trasímaco, sendo que destes, Protágoras,
Górgias e Isócrates foram os mais importantes. Estes, assim como os outros
sofistas, prezavam pelo desenvolvimento do espírito crítico e pela capacidade de
expressão. Uma consequência importante que se fez pelos sofistas foi a abertura
da filosofia para todas as pessoas das polis que antes era somente uma seita
intelectual fechada formada apenas por nobres.

Protágoras difundiu a frase: “O homem é a medida de todas as coisas,


das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são”.
Por meio dela e de outras, foi acusado de ateísta tendo seus livros queimados
em praça pública, o que o fez fugir de Atenas e refugiar-se em Sicília.

SOFISTAS

Etimologicamente a palavra sofista significa sábio, porém ao longo dos


tempos passaram a ser conhecidos como impostores.

O que diziam e faziam os sofistas? Diziam que os ensinamentos dos


filósofos cosmológicos estavam repletos de erros e contradições e que não
tinham utilidade para a vida da polis. Apresentavam-se como mestres de oratória
ou de retórica, afirmando ser possível ensinar os jovens tal arte para que fossem
bons cidadãos.

Qual era essa arte? A arte da persuasão. Ensinavam técnicas de


persuasão para os jovens, que aprendiam a defender a posição ou opinião, de
modo que, numa assembleia, soubessem ter fortes argumentos a favor ou contra
uma opinião e ganhassem a discussão.

Com os sofistas quebrou-se a ideia que o homem ideal ou perfeito era o


guerreiro bom e belo. Agora, com a propagação da Democracia ateniense a
educação está voltada para a educação, a formação do cidadão. Assim, a nova
educação estabelece como padrão ideal a formação do bom orador, isto é,
aquele que saiba falar em público e persuadir os outros na política.

Com essa forma de ensinar, ao longo da história, passaram a receber a


conotação de impostores. Impostores, porque não estavam preocupados com o
verdadeiro conhecimento, estavam preocupados em fazer que as assembleias
os ouvissem e acreditassem neles, esse era o principal objetivo. O conhecimento
é subjetivo, dependia da argumentação defendida pelo orador.

Os sofistas compunham grupos de mestres que viajavam de cidade em


cidade realizando aparições públicas para atrair estudantes, de quem cobravam
taxas para oferecer-lhes educação. O foco central de seus ensinamentos
concentrava-se no logos ou discurso, com foco em estratégias de argumentação.
Os mestres sofistas alegavam que podiam "melhorar" seus discípulos, ou, em
outras palavras, que a "virtude" seria passível de ser ensinada.

Seus principais representantes foram Protágoras e Górgias.

PROTÁGORAS (480 – 410 a. C.)

“O homem é a
medida de todas as
coisas; daquelas
que são, enquanto
são; e daquelas que
não são, enquanto
não são”.
Tal frase expressa bem o relativismo tanto dos sofistas em geral quanto o
relativismo do próprio Protágoras. Se o homem é a medida de todas as coisas,
então coisa alguma pode ser medida para os homens, ou seja, as leis, as regras,
a cultura, tudo deve ser definido pelo conjunto de pessoas, e aquilo que vale em
determinado lugar não deve valer, necessariamente, em outro. Esta máxima (ou
axioma) também significa que as coisas são conhecidas de uma forma particular
e muito pessoal por cada indivíduo, o que vai contra, por exemplo, ao projeto de
Sócrates de chegar ao conceito absoluto de cada coisa.

Assim como Sócrates, Protágoras foi acusado de ateísmo, motivo pelo


qual fugiu de Atenas, estabelecendo-se na Sicília, onde morreu aos sessenta
anos (aproximadamente).

Todas as coisas são relativas, a disposição do homem, isto é, o mundo é


o que o homem constrói e destrói; por isso não haveria verdades absolutas.

GÓRGIAS (487 – 380 a. C.)

“O bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa sobre qualquer coisa”.

Juntamente com Protágoras, formou a primeira geração de sofistas. Como


outros sofistas estava continuamente mudando de cidade, praticando e dando
demonstrações públicas de suas habilidades em diversas cidades, e nos
grandes centros pan-helênicos como Olímpia e Delfos, cobrando por suas
apresentações e por aulas. Uma característica especial de suas aparições era a
de ouvir questões da plateia sobre todos os assuntos e responde-las sem
qualquer preparo. Aprofundou o subjetivismo relativista de Protágoras a ponto
de defender o ceticismo absoluto (impossibilidade de conhecer a verdade).

PARA REFLEIR

1. De que forma o mito contribuiu para o pensamento filosófico?

2. Por que as condições históricas possibilitaram a passagem para o


pensamento racional?

3. Qual era a preocupação central dos pré-socráticos?

4. Quem foram os clamados sofistas?

Bons estudos!!!

Prof. Ms. César Massoco

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