Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
bibliotecas das
instituições de ensino
superior no Brasil:
situação problemática
e discussão de
metodologia para seu
diagnóstico
permanente
Antonio Lisboa Carvalho INTRODUÇÃO
de Miranda
pal instrumento da educação e ensino, deficiências, que decorrem, em sua maior “As bibliotecas das instituições federais de
mesmo nos pafses desenvolvidos. parte, das dificuldades e limitações finan ensino superior (Ifes) somaram um acer
ceiras, administrativas e cambiais para vo de 6,5 milhões de livros. Á primeira vis
I Sem pretender entrar em discussão sobre sua aquisição. Considerando-se que, na ta, este número pode parecer vultoso,
a modernidade ou anacronicidade do livro maioria das áreas do conhecimento, a lite mas, se comparado ao acervo de apenas
como veículo ideal de comunicação cientí ratura procedente do exterior é a de mais uma das principais universidades norte-
fica, cabe, no entanto, constatar a sua su alta demanda e os seus custos, torna-se americanas, como Harvard, por exemplo,
premacia em nossas bibliotecas. De fato, evidente o enorme grau de dificuldade que ele ganha outra dimensão. Essa biblioteca
77,9% do acervo total das bibliotecas bra se enfrenta neste terreno, principalmente possui em suas estantes cerca de 11 mi
sileiras, em 1976, no último e único in em tempos de crise econômica. Verifica- lhões de livros, distribuídos por 100 biblio
ventário global de nossos acervos biblio se alta incidência de coleções incompletas tecas setoriais. A comparação se torna
gráficos empreendido pelo Instituto Brasi de periódicos, ocasionada pela diminuição ainda mais eloqüente, quando feita em re
leiro de Geografia e Estatística (IBGE), absoluta e relativa dos recursos orça lação aos maiores acervos universitários
eram compostos de livros, contra 15,2% mentários destinados à aquisição de mate brasileiros, que não ultrapassam 1,5 mi
de periódicos e apenas 5,1% de folhetos1. rial bibliográfico. Os acervos de documen lhões de volumes: a Universidade de São
tos nacionais também apresentam um pro Paulo (USP) com cerca de 1,2 milhões, e
i* gressivo empobrecimento, seja devido às
Lamentavelmente, o citado repertório es a Universidade Federal do Rio de Janeiro
tatístico não apresenta uma tabela especí- dificuldades comuns a todas essas insti (UFRJ), com cerca de 750 mil” .
^ fica sobre as nossas bibliotecas univer tuições, seja em conseqüência da concen
sitárias, no período*. tração dos limitados recursos na aquisição O trabalho de Chastinet estende-se à aná
de materiais estrangeiros, em face de sua lise dos orçamentos das Ifes alocados às
A já citada prioridade de estudos sobre reconhecida importância e do próprio em bibliotecas, no período 1985-1988, assim
a organização de acervo - inclusive em penho dos usuários em ressaltar a priori como das fontes externas de financiamen
nível cooperativo e valendo-se de siste dade da bibliografia internacional no campo to ao desenvolvimento de acervos, na
mas integrados em nível institucional, me de pesquisa”2. busca de argumentos para sensibilizar as
diante a catalogação cooperativa automa autoridades universitárias e o próprio Mi-
tizada, como o Bibliodata-Calco, que se Para se ter uma visão da pobreza rela 1nistério da Educação e Cultura (MEC),
constitui em inegável avanço - , esbarra no tiva de tais acervos, basta transcrever com vistas a atacar as causas do quadro
"calcanhar de Aquiles" da pobreza biblio texto publicado na Folha de S. Paulo, em deficitário de recursos informacionais*.
10 de outubro de 1987, citado por Yone
gráfica dos mesmos acervos. Estaríamos,
Chastinet3. No mesmo documento de circulação restri
em tese, desenvolvendo esforços cres-
ta3, a autora condensou os dados da cole
centes na solução de problemas de cata-
ta apresentados no quadro 1.
' logação com o uso de computadores, no
afã de promover melhores e mais sofisti-
* cados serviços aos usuários, na pro
porção inversa da decadência dos pró Quadro 1 - Média de volumes de livros por aluno 1985-1988
prios acervos que, comprovadamente, re
duzem-se por falta de novas aquisições,
por descartes promovidos por avaliações, Nfi de Instituições federais Variação da média
ou por furtos, vandalismo, ou até motiva de ensino superior (Ifes)
dos por catástrofes.
10 (a) até 10
Sobre a pobreza e desatualização de nos 18 (b) de 10.1 a 20
sos acervos, valeria citar a avaliação feita
pelos especialistas participantes da elabo 12 (c) de 20.1 a 30
ração do docurrento "Ação Programada
5 (d) de 30.1 a 40
em Ciência e Tecnologia - Informação em
. Ciência e Tecnologia"2, em 1984: 2 (e ) acima de 40
Sendo a questão dos acervos tão ampla, o No que interessa ao presente trabalho, re atendiam àqueles cursos, propondo um
presente trabalho restringe-se à trajetória sultou difícil definir o conceito de “ coleção” metodologia específica para o levantamer
dos poucos artigos que tratam o problema para os efeitos do guia e, mais ainda, sub to de dados dos acervos informacionaií
no Brasil, visando a dimensionar a real dividir os itens pertinentes. Como ilus com vantagem de os dados terem sido cc
oferta de livros, limitando-se ao reduzido, tração do problema, o termo “ livro” tanto letados in loco.
mas expressivo universo das bibliotecas podia significar “ volume” , “exemplar” , “títu
universitárias das instituições federais de lo” como “ monografia” , com as dificulda “ Dada a diversidade infra-estrutural das
ensino superior - as Ifes. des decorrentes. Prevaleceu a idéia de bibliotecas e centros de documentação ví
“ volume" como sinônimo de “ exemplar” , sitados, o questionário original sofreu pe^
A revisão da literatura pretende revelar as porquanto a definição de volume propria quenas alterações durante o levantamen
abordagens e metodologias empregadas mente dita poderia confundir com a sua in to”7 - reconhece o autor - obrigando a
nos estudos, exclusivamente aqueles vol terpretação no campo da editoração, onde adaptações, valendo-se quase sempre da
tados para a caracterização dos acervos, não necessariamente corresponderia à técnica da amostragem para completar ou
isto é, a visibilidade da oferta de documen noção de volume físico da obra. Casuisti- gerar dados, e, só em casos extremos, re
tos, excluindo outros estudos indicativos camente, “ separata" e “ teses” e, não raro, correu à improvisação, mediante porcen-
do uso dos mesmos, ou seja, voltados pa “ folhetos” foram excluídos e considerados tangens “ intuitivas” com relação à idade e
ra a demanda, que requerem outros enfo em quadros estatísticos próprios. idioma das coleções, a partir da opinião e
ques e métodos. experiência dos bibliotecários, porquanto
O referido guia, feito em condições precá não existiam estatísticas específicas (co
ANTECEDENTES rias, sem o apoio de tecnologias computa mo, aliás, continuam não existindo).
cionais, não gerou quadros globais e analí
Um dos graves problemas que o adminis ticos, tarefa em parte retomada por Maria O trabalho do consultor consistiu em ela
trador de sistemas de informação enfrenta Carmen Romcy de Carvalho, em borar os dados, não raras vezes, direta
é a falta de dados correntes e retrospecti 1978-1979, para sua obra Estabelecimento mente nas estantes ou nos fichários, até
vos para facilitar as análises e as con de padrões mínimos._para bibliotecas uni que uma metodologia mais bem elaborada
seqüentes tomadas de decisões adminis versitárias5, assumindo as imperfeições viesse a ser proposta8 e aplicada em ou
trativas. Ora os dados são incompletos, próprias daquela coleta. tras instituições, como veremos a seguir.
ora inacessíveis, ora incompatíveis entre
si, para não citar os falsos e os inexisten A citada autora constatou a oferta de oito Segundo a referida proposta, o acervo in-
tes. Não havendo uma norma preestabele- livros por usuário em potencial, conside formacional foi dividido em cinco catego
cida, de aceitação geral, os dados disponí rando o universo de 883 mil alunos e pro rias, a saber:
veis variam de qualidade conforme os fessores, relativamente a dados de 1978,
critérios (ou falta de) na sua elaboração. para um acervo de 7 milhões de volumes. a) coleção de referência - tanto as obras *
E acrescenta: terciárias (enciclopédias, dicionários
A organização do primeiro (e único) Guia etc), quanto os modernos instrumentos
de bibliotecas universitárias brasileiras4, ‘Se levarmos em consideração a grande de pesquisa bibliográfica (catálogos, ín
compilado ao tempo da Assessoria de quantidade de exemplares de cada título dices etc.);
Planejamento Bibliotecário da Capes/MEC, existente nessas bibliotecas, certamente ,
em 1979, defrontou com a dificuldade em este indicador descerá ainda mais. Se b) coleção de “ lastro” ou básica - funda
questão. O questionário-padrão* recebido considerarmos ainda as informações so mental para a pesquisa e o ensino, na
de 488 bibliotecas acadêmicas (90% do to bre a idade e o idioma do acervo, reduzi medida em que visa a oferecer o que é ,
tal existente em 1978), mesmo com a sal remos ainda mais o número de livros considerado de maior valor e per
vaguarda do teste-piloto, trouxe um núme possíveis de serem utilizados” 5. manência na literatura especializada;
ro considerável de inconsistências, quase
sempre no tocante à classificação dos Ela poderia ir mais adiante e questionar, c) literatura corrente - a mais problemáti
acervos bibliográficos e dos serviços pres além da obsolescência e da barreira ca, na medida em que a atualização de
tados à comunidade, em virtude de crité lingüística, as questões de pertinência e acervos enfrenta a falta de fontes ade
rios e de definições próprios de cada insti relevância dos textos, isto é, se guardam quadas e atualizadas de seleção, a
tuição. uma relação positiva com os temas e ne precariedade do controle bibliográfico, a *
cessidades próprias dos usuários e se tais ausência de resenhas e parâmetros pa
textos foram efetivamente publicados pe ra a avaliação e a falta crônica de re- ’
los melhores especialistas e editoras como cursos;
premissas para dimensionar e aquilatar a
verdadeira tragédia de nossa “ miséria bi d) coleções especiais - quanto ao suporte
bliográfica” . Recorda, no mesmo trabalho5, (ex. vídeos, obras, mapas etc.), ou pela
que a Conferência de Kampala, organizada sua especificidade (ex. documentos
pela Unesco, em 1970, recomendou 50 vo sobre a instituição, sobre a região etc.);
lumes por aluno, para depois atingir 75 vo
lumes por aluno em 19806. e) hemerografia - os acervos de publi
cações periódicas e seriadas, cuja na
Tomou-se como modelos os da Embrapa-DID e ESTUDOS PIONEIROS E tureza, uso e forma de colecionamento
o do Convênio Instituto Nacional do Livro/IBGE,
DIFICULDADES exigem técnicas de aquisição, trata
este último usado para levantara situação em to
das as bibliotecas brasileiras, em 1976. Em se mento, armazenamento, uso e conser
guida, o IBICT trabalhou na proposta de um for- Estudo pioneiro, realizado por Miranda7, vação próprias.
mulário-padrão para coleta de dados sobre b i
em 1977, sobre as bibliotecas dos cursos
bliotecas, com a ampla participação de especia
listas da comunidade de Informação Científica e de pós-graduação em educação no Brasil,
Tecnológica (ICT), não chegando, porém, a pu analisou e comparou, pela primeira vez, a
blicar o resultado final. situação das bibliotecas universitárias que
32
situação problemática e discussão de m etodologia para seu diagnóstico perm anente
A proposta englobava ainda a subdivisão AVALIAÇÃO DO ACERVO DA UFRN Verifica-se um acentuado declínio da oferta
do acervo para satisfazer o conhecimento de volumes, oscilando de 18,67 livros por
mais detalhado de algumas classes, so O primeiro estudo usando a referida meto usuário no período inicial, à metade, ou se
bretudo em bibliotecas setoriais especiali- dologia foi empreendido pela Universidade ja, 9,51 no fim do período. Entretanto, o
^ zadas, valendo-se das subclasses utiliza Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)9, coeficiente utilizado foi “ leitores registra
das para a classificação das obras pela em 1980, gerando quadros estatísticos dos” , muito controversial, excessivamente
Classificação Decimal Universal (CDU) ou demonstrativos da idade, dos idiomas do afetado pelas variáveis de sua compo
Classificação Decimal de Dewey (CDD)* acervo, por assunto e as correlações com sição. Por exemplo, presume-se um cres
o universo de usuários. cimento acelerado no número de matrícu
A idéia básica era a de que a biblioteca, las no período inicial, em virtude do cres
conhecendo o status quo do acervo, po O estudo permitiu caracterizar a evolução cimento correspondente do número de
deria estabelecer políticas de desenvolvi dos recursos e dos usuários, em termos alunos na universidade, fazendo decrescer
mento áe coleções compatíveis com a vo- quantitativos, e compreender as decisões a relação per capita do acervo. No período
caçfó Iftstrfucional, de forma racional que foram tomadas no processo de de final, com a inauguração do prédio da bi
e responsável, com a aprovação da co senvolvimento das coleções. Ficou de blioteca central, ter-se-ia motivado o cres
munidade por meio de uma comissão de monstrado que o acervo é sempre o refle cimento do número de usuários matricula
% seleção. xo de ações contínuas ao longo de um dos, explicando, conseqüentemente, a di
CARACTERIZAÇÃO DO ACERVO DA Quadro 3 - Situação do acervo de livros e monografias das bibliotecas da Fua
FUAM
Idade/Título
b) predominância em língua portuguesa EDUCAÇÃO 2 6 24 200 775 1 716 367 152 3 242
(70,16%), seguindo-se a espanhola
ECONOMIA 3 27 373 66S 1 082 312 116 2 579
(12,75%) e a inglesa (10,98%);
ADM7
CONTABILIDADE - 3 102 444 970 159 90 1 768
c) concentração nas áreas de ciências
sociais (34,57%), ciências aplicadas DiREITO 131 172 196 1 364 774 910 569 138 4 254
(20,82%), lingüística e literatura
CEDEAM 35 39 122 175 84 119 67 12 653
(14,59%) e ciências puras (12,37%);
DAL 1 5 9 50 132 441 104 19 761
d) índice médio de duplicação de 1,83%,
TOTAL 270 432 978 4 477 8 964 15 227 4 558 1 638 36 544
embora a maioria das bibliotecas apre
sente índices superiores;
Fonte: LIMA, Raim undo M artins et a lii. 1987
Destaca-se o quadro 4, que espelha a si DAL 761 797 1.05% 8 085 0 0
2 - 9 ,2%
k--*
( » t * J u lh o )
E apresentado um quadro inovador em que Ademais, embora distanciado da média a) instituição de uma comissão de seleção
é possível determinar os percentuais de nacional recomendada para instituições de e avaliação para atuar como órgão deli
duplicação ao acervo, pelas diversas ensino superior, apresenta um índice mé berativo e regulador do seu desenvol
classes, dados da maior importância para dio de disponibilidade que revela uma total vimento;
definir, durante o processo de seleção/a relação com a política de atuação da Uni
quisição, o número de exemplares das versidade do Amazonas. Deste modo, b) adequação do desenvolvimento da co
obras didáticas (quadro 5). como essa política é essencialmente vol leção aos conteúdos dos programas de
tada para atividades de ensino de gra ensino e pesquisa das unidades
0 estudo conclui o seguinte: duação e este é o fator determinante da acadêmicas, e não aos interesses indi
atual política de desenvolvimento do sis viduais dos professores;
“Esse perfil demonstra ter havido uma tema, não se poderia esperar resultado di
desvinculação entre o ato de adquirir e o ferente” 10. c) desenvolvimento de uma coleção mais
processo de seleção, visto que a coleção consistente, a fim de também dar apoio
foi formada e desenvolvida em percentuais Em decorrência do diagnóstico, foi possí às pesquisas institucionais;
bastante significativos mediante doações, vel traçar uma política realista, baseada
incorporadas quase sempre sem nenhuma nas seguintes recomendações fundamen d) atualização da coleção geral, dando
seleção prévia, e compras resultantes de tais: prioridade às coleções das bibliotecas
seleção passiva*. dos cursos de odontologia e farmácia e
aos cursos não reconhecidos;
O
e) fortalecimento e elevação do índice1
de duplicação da coleção da biblioteca
Quadro 5 - Situação do acervo de livros e monografias dos cursos de administração e contabi
das bibliotecas da Fuam lidade;
Classes/Títulos e Volumes
f) desativação da biblioteca da Divisão de
Auxílio aos Leitores e remanejamento da
ACERVO/DUPUCAÇÀO
sua coleção para outras de áreas cor
CLASSES
respondentes, em razão da insignifican
TÍTULOS VOLUMES PERCENTUAL
te demanda local;
ferentes classes da CDU (de 0 até a 9), incluir assuntos como biblioteconomia e
explicitando os assuntos de que trata cada documentação, cuja literatura, na sua
uma, anotando as atividades acadêmicas maioria, está em inglês, e ainda obras ge
dos cursos aos quais o acervo é destina rais de referência (bibliografias e enci
do, seguindo-se análises pontuais da idade clopédias), também grande parte em in
e dos idiomas representados em cada glês. Em seguida, vêm o idioma espanhol
classe, como, no exemplo seguinte, para a (9,7% tftulos e 9,3% volumes), alemão
classe 0 (zero). (2,3% títulos e 2,2% volumes), o francês
(7,4% tftulos e 6,7% volumes) e outros títu
DIAGNÓSTICO DO ACERVO DA los (1,89% volumes).
BCE/UnB
Segundo o mesmo exemplo, apresenta-se
Classe 0 a relação per capita de livros por aluno:
(ver quadro abaixo)
Assunto:
- Generalidades e Conhecimento (0); Classe 0
- Organização (061); Cursos
- Informação e Documentação (002); - comunicação;
- Biblioteconomia (02); - biblioteconomia;
- Instituições (061); - processamento de dados;
- Publicações (08). - ciência da computação.
Atividades acadêmicas:
- comunicação (graduação e mestrado); TOTAL DE ALUNOS N* DE TÍTULOS POR ALUNO N! DE VOLUMES POR ALUNO
- biblioteconomia (graduação e mestra
do); 755 8 14
- processamento de dados (graduação);
- ciência da computação (graduação e
mestrado);
- generalidades, ciência e conhecimento,
organização, instituições e publicações
são assuntos gerais que estão relacio
nados a todos os cursos. O confrônto com a situação do acervo e É possível aferir-se a situação particulari
sua relação por aluno, em outras classes, dos títulos, segundo a idade, como no ca
Idade permite saber onde estão as fortalezas e so da classe 0 (gráfico 1), assim como si
fraquezas da coleção, abrindo perspecti tuações mais específicas (por idioma x
As obras que compõem o acervo da clas vas para uma melhor negociação com a classe, por compra, por doação (figura 1)|
se 0, foram, em sua maioria, publicadas no comunidade, dando argumentos mais con etc., assim como se obterem somatórios
período de 1960 e 1980, correspondendo a vincentes às negociações com as autori gerais (gráficos 2,3 e 4).
um total de 55% de tftulos e volumes. Em dades e, não menos importante, elementos
seguida, aparecem as obras mais atuais a confiáveis para contornar conflitos e
partir de 1980, 20% de tftulos e 16% de vo pressões da comunidade usuária.
lumes. A criação do Curso de Biblioteco
nomia e Documentação, em 1964, gerou a
necessidade da formação de uma coleção
na área, contribuindo para o desenvolvi
Gráfico 1 - Idade do acervo da Classe 0 da Biblioteca Central da UnB - total
mento do acervo da classe 0. As aqui
sições por compra são mais expressivas:
63% de títulos e 63,5% de volumes. Quan QUANTIDADE DE TÍTULOS
to às doações, houve um crescimento no 2000
número de títulos publicados também entre
1960 e 1980: 50,51% títulos e 50,17% vo 1648
lumes e um decréscimo no número de
obras publicadas a partir de 1980, de títu 1500
los e volumes. Conclui-se que o acervo da
classe 0 não está atualizado, apesar da
criação dos cursos de pós-graduação em
Biblioteconomia e Documentação, em 28 1000
de agosto de 1977 e de Comunicação, em
27 de novembro de 1981.
500
Idioma
38
situação problemática e discussão de m etodologia para seu diagnóstico perm anente
Na tabela 2, é possível visualizar a mesma Tabela 2 - Ifes segundo ordem decrescente de relação volume/aluno
distribuição decrescente dos acervos por por reg ião -1 9 9 0
alunos, mas agrupando as Ifes por re-
j giões.
/
NOTA:(1) Dados referentes a 1990, apenas volumes de livros.
Forrt»: PROBIB-MEC/SESU/DED, 1993” -
É justo reconhecer que tais estudos de Os diagnósticos, máis que avaliações, re
“ visibilização” de acervos são quantitati sultantes das metodologias em questão,
' Seria recomendável que fosse feita um a nova ta vos, isto é, não contemplam as possibili pretendem apenas fornecer elementos pa
bela, baseada na “ moda” , e não na média pura
dades das avaliações qualitativas. Em ra juízos de natureza administrativa, locali
e simples, para cortar a distorção, hipótese que
chegou a ser considerada pela Comissão, mas verdade, nem pretendem ser avaliações zados no tempo e no espaço, circunscritos
,-flão implementada, de imediato. científicas como as que, usando também aos fenômenos descritos, mas mesmo
Outra possibilidade seria a de preparar uma nova métodos quantitativos como os da biblio- com tais limitações, extremamente válidos
tabela, desta feita, agrupando-se os percentuais metria, pretendem chegar a resultados no processo decisório e na administração
pelo porte das Ifes (pequeno, médio e grande mais cabais e universais. de políticas de desenvolvimento de acer
porte), para enriquecer a análise dos dados. vos informacionais.
É possível afirmar que o espaço necessá O conhecimento mais perfeito dos acer REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
rio para a realização de tais estudos se vos, aliado a avaliações de uso, estudos
1. IBGE. Bibliotecas brasileiras. Rio de Janeiro: I
justifica na medida em que, para melhor de demandas, e todos os demais meca
IBGE: INL, 1980. 76p.
distribuir e/ou usar recursos financeiros nismos próprios do processo de seleção -
cada vez mais escassos, métodos mais escolha de fontes adequadas para a se 2. PLANO BASICO DE DESENVOLVIMEN- I
precisos necessitam orientar as futuras leção, critérios mais justos na distribuição TO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO, 3. I
aquisições. 4?; das verbas entre diversas áreas do co Ação Programada da Informação em Ciên- I
cia e Tecnologia. Brasília, Seplan/CNPq - I
nhecimento (em função ao acervo já exis
IBICT, 1984. 69p. p.28.
A cervos são um patrimônio que requerem tente e das demandas em curso) - são
recursos vultosos, corri o risco sempre pré-condições necessárias para o êxito. 3. CHASTINET, Yone Sepulveda. Bibliotecas L
presente de aquisições socialmente me das instituições federais de ensino su- ■
nos justificáveis, se os critérios de sua se No quadro atual de miséria bibliográfica de perior: remontar ou desmontar. Brasília. I
Programa Nacional de Bibliotecas Univer- I
leção não forem minimamente objetivos e, nossas Ifes, justificam-se programas go sitárias. 1988: 13f. (SESU/PNBU/Doc. I
no caso concreto, não se hastearem em vernamentais emergenciais, tais como o Tec. 009/88).
análises precisas de sua situação, real. Biblos, com o apoio do MEC/Sesu e da Fi-
nep, mas é correto lembrar que o desen 4. CAPES. Guia de bibliotecas universitárias ■
É óbvio que tais providências técnicas for brasileiras. Brasília, MEC/Departamento de
volvimento e manutenção das coleções
Divulgação, 1979. 3v.
necem ao bibliotecário dados mais segu são de intransferível responsabilidade das
ros para uma arbitragem e gerenciamento próprias Ifes, para garantir a longo prazo 5. CARVALHO, Maria Carmen Romcy de. Esta-1
mais legítimos do processo decisório junto coleções que tenham critérios internacio belecimento de padrões mínimos para bi- m
às suas comunidades. bliotecas universitárias. Fortaleza, Edições I
nais de qualidade.
UFC; Brasília, ABDF, 1981. 72p. p.51.
The article presents: 1) the evolution ofthe studies 10. LIMA, Raimundo Martins de, etalii. Caracteri- I
on university libraries bibliographic collections in zação do acervo e proposta de política p a r a l
Brazil: the predicament, the data discrepancy with seu desenvolvimento nas bibliotecas da H
emphasis on books per student problem; 2) the Fundação Universidade do Amazonas. Re- I
methodology proposed by the author, following the vista de Biblioteconomia de Brasília, v. 15,1
pioneer study about university libraries on n.2, p.293-316, jul./dez. 1987.
Education, in 1977, 3) the Universidade Federal do
Rio Grande do Norte bibliographic collection 11. PROBIB - MEC/SESU/DED. Redefinição c f e l
(1980) evaluation; 4) the characterization ofthe Critérios de Distribuição dos Recursos do
Fundação Universidade do Amazonas Programa de Recuperação do Acervo de
bibliographic collection (1987); 5) and presents, Livros das Bibliotecas das Ifes - Biblos.U
with more details, the case study of the Brasília, Probib - MEC/Sesu/DED. 1993.H
methodology applied in the Universidade de Ata da 1? Reunião da Comissão de E spe-H
Brasília bibliographic collection analysis. The cialistas em Bibliotecas Universitárias - 1 6 jfl
author describes the current situation ofthe a 17.02.93.
libraries bibliographic collections in 52 Brazilian
federal universities - with an average rate of 18,26 — Re
Artigo aceito para publicação em 22 de agosto d e H
books per student - a n d the decreasing order of 1993.
the bibliographic collection according its ---------------------------------------------------------------------- Um
geographical distribuíon. Finally, he describes the gen
goals and the governmental arrangements to ■ Jex/S
promote the bibliographic collections development Antonio Lisboa Carvalho de Miranda i
- in order to help those less developed libraries to orgi
reach, in the next 5 years, arateof, at lest, 10 Doutor em Ciências da Comunicação pela Esco^B
volumes per student Ia de Comunicação e Artes da Universidade dlepr
São Paulo (ECA/USP). Professor do D epartam entH
Key w o rd s de Ciências da Informação e Documentação da pa|j
Universidade de Brasília.
Collection development; Methodology for
bibliographic collection analysis; Data books per doe
student; University libraries/Brazii. Arq,
40
Acervos de livros das bibliotecas das instituições de ensino superior no Brasil:
situação problem ática e discussão de m etodologia para seu diagnóstico perm anente
SITUAÇÃO ATUAL Tabela 1 - Ordem decrescente dos percentuais da relação volume/aluno nas Ifes