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Acervos de livros das

bibliotecas das
instituições de ensino
superior no Brasil:
situação problemática
e discussão de
metodologia para seu
diagnóstico
permanente
Antonio Lisboa Carvalho INTRODUÇÃO
de Miranda

A literatura brasileira de biblioteconomia dicos e a necessidade de ações no tocan­


não é pródiga em estudos quantitativos e te à seleção coordenada e à aquisição co­
qualitativos de acervos de nossas bibliote­ operativa de acervos, sobretudo os heme-
cas universitárias. A problemática dos rográficos.
acervos ao público acadêmico, por meio
Resumo dos serviços bibliotecários, tem merecido A problemática do acervo bibliográfico pro­
mais ums abordagem teórica e propa- priamente dito, apesar de sua crucial re­
O artigo apresenta: 1) a evolução dos estudos
sobre acervos de bibliotecas universitárias no gandística do que propriamente estudos de levância para o ensino e a pesquisa, não
Brasil: a situação problemática, a inconsistência de casos e/ou análises sistemáticas de si­ mereceu ainda a correspondente ênfase e
dados e enfatiza a questão de livros por aluno: 2) a tuações concretas. preocupação.
metodologia proposta pelo autor, seguindo o
estudo pioneiro sobre bibliotecas universitárias de
educação, em 1977; 3) a avaliação da coleção Com a criação e consolidação de sistemas Poder-se-ia afirmar que, nas duas últimus
bibliográfica da Universidade Federal do Rio de bibliotecas universitárias, nas déca­ décadas, com o advento e proliferação de
Grande do Norte (1980); 4) a caracterização da das de 70 e 80, e com a atuação da As- cursos de pós-graduação, os orçamentos
coleção bibliográfica da Fundação Universidade sessoria de Planejamento Bibliotecário da começaram a priorizar sistematicamente a
do Amazonas (1987); 5) e, com mais detalhes, o
Capes/MEC (1977-1981), a questão de aquisição de periódicos, e, à medida que
estudo de caso da metodologia empregada na
análise da coleção bibliográfica da Universidade dados sobre as bibliotecas acadêmicas, tais verbas foram sendo reduzidas durante
de Brasília. O autor descreve a situação atual das em geral, e sobre as coleções bibliográfi­ a crise global de nossa economia, foram
coleções bibliográficas das bibliotecas em 52 cas, em particular, passou a demandar sendo extinguidos os recursos para a ru­
universidades federais brasileiras - com a média atenção primordial. Sucessivos estudos brica especifica de “ material permanente"
de 18,26 livros por aluno - e a ordem decrescente
das coleções bibliográficas em sua distribuição
começaram a ser encomendados e apre­ que engloba também livros e monografias,
geográfica. Finalmente, a descrição de metas e sentados em seminários nacionais de bi­ com os conseqüentes prejuízos para todo
providências governamentais para promover o bliotecas universitárias, a partir de 1979, o ensino e, em particular, para o segmento
desenvolvimento de coleções bibliográficas - para enquanto pesquisas mais sistemáticas majoritário da graduação.
fazer as bibliotecas menos desenvolvidas
começaram a ser incentivadas pelo Pro­
alcançarem 10 volumes p o r aluno, pelo menos,
nos próximos cinco anos - é mostrada. grama Nacional de Bibliotecas Universitá­ Apesar do crescente papel que os rm -l
rias (PNBU), da Sesu/MEC, sobre pro­ teriais não-convencionais vêm ganhan­
Palavras-chave blemas como a automação dos acervos, do na difusão do conhecimento e da propa-i
o empréstimo-entre-bibliotecas, normas lada tendência à “ sociedade sem papel
Desenvolvimento de coleções; Metodologia para
avaliação de acervos informacionais; Relação
e procedimentos padronizados, mode­ (paperless society), onde as informações
percentual livros por aluno; Bibliotecas los organizacionais etc, inclusive sobre passariam a ser virtuais, em vez de im­
universitárias/Brasil. a elaboração de listas básicas de perió­ pressas, o livro ainda representa o princi­

30 Ci Int., Brasília, 2 2 (1 ): 30-40, jan./abr. 1993


Acervos de livros das bibliotecas das instituições de ensino superior no Brasil:
situação problemática e discussão de m etodologia para seu diagnóstico perm anente

pal instrumento da educação e ensino, deficiências, que decorrem, em sua maior “As bibliotecas das instituições federais de
mesmo nos pafses desenvolvidos. parte, das dificuldades e limitações finan­ ensino superior (Ifes) somaram um acer­
ceiras, administrativas e cambiais para vo de 6,5 milhões de livros. Á primeira vis­
I Sem pretender entrar em discussão sobre sua aquisição. Considerando-se que, na ta, este número pode parecer vultoso,
a modernidade ou anacronicidade do livro maioria das áreas do conhecimento, a lite­ mas, se comparado ao acervo de apenas
como veículo ideal de comunicação cientí­ ratura procedente do exterior é a de mais uma das principais universidades norte-
fica, cabe, no entanto, constatar a sua su­ alta demanda e os seus custos, torna-se americanas, como Harvard, por exemplo,
premacia em nossas bibliotecas. De fato, evidente o enorme grau de dificuldade que ele ganha outra dimensão. Essa biblioteca
77,9% do acervo total das bibliotecas bra­ se enfrenta neste terreno, principalmente possui em suas estantes cerca de 11 mi­
sileiras, em 1976, no último e único in­ em tempos de crise econômica. Verifica- lhões de livros, distribuídos por 100 biblio­
ventário global de nossos acervos biblio­ se alta incidência de coleções incompletas tecas setoriais. A comparação se torna
gráficos empreendido pelo Instituto Brasi­ de periódicos, ocasionada pela diminuição ainda mais eloqüente, quando feita em re­
leiro de Geografia e Estatística (IBGE), absoluta e relativa dos recursos orça­ lação aos maiores acervos universitários
eram compostos de livros, contra 15,2% mentários destinados à aquisição de mate­ brasileiros, que não ultrapassam 1,5 mi­
de periódicos e apenas 5,1% de folhetos1. rial bibliográfico. Os acervos de documen­ lhões de volumes: a Universidade de São
tos nacionais também apresentam um pro­ Paulo (USP) com cerca de 1,2 milhões, e
i* gressivo empobrecimento, seja devido às
Lamentavelmente, o citado repertório es­ a Universidade Federal do Rio de Janeiro
tatístico não apresenta uma tabela especí- dificuldades comuns a todas essas insti­ (UFRJ), com cerca de 750 mil” .
^ fica sobre as nossas bibliotecas univer­ tuições, seja em conseqüência da concen­
sitárias, no período*. tração dos limitados recursos na aquisição O trabalho de Chastinet estende-se à aná­
de materiais estrangeiros, em face de sua lise dos orçamentos das Ifes alocados às
A já citada prioridade de estudos sobre reconhecida importância e do próprio em­ bibliotecas, no período 1985-1988, assim
a organização de acervo - inclusive em penho dos usuários em ressaltar a priori­ como das fontes externas de financiamen­
nível cooperativo e valendo-se de siste­ dade da bibliografia internacional no campo to ao desenvolvimento de acervos, na
mas integrados em nível institucional, me­ de pesquisa”2. busca de argumentos para sensibilizar as
diante a catalogação cooperativa automa­ autoridades universitárias e o próprio Mi-
tizada, como o Bibliodata-Calco, que se Para se ter uma visão da pobreza rela­ 1nistério da Educação e Cultura (MEC),
constitui em inegável avanço - , esbarra no tiva de tais acervos, basta transcrever com vistas a atacar as causas do quadro
"calcanhar de Aquiles" da pobreza biblio­ texto publicado na Folha de S. Paulo, em deficitário de recursos informacionais*.
10 de outubro de 1987, citado por Yone
gráfica dos mesmos acervos. Estaríamos,
Chastinet3. No mesmo documento de circulação restri­
em tese, desenvolvendo esforços cres-
ta3, a autora condensou os dados da cole­
centes na solução de problemas de cata-
ta apresentados no quadro 1.
' logação com o uso de computadores, no
afã de promover melhores e mais sofisti-
* cados serviços aos usuários, na pro­
porção inversa da decadência dos pró­ Quadro 1 - Média de volumes de livros por aluno 1985-1988
prios acervos que, comprovadamente, re­
duzem-se por falta de novas aquisições,
por descartes promovidos por avaliações, Nfi de Instituições federais Variação da média
ou por furtos, vandalismo, ou até motiva­ de ensino superior (Ifes)
dos por catástrofes.
10 (a) até 10
Sobre a pobreza e desatualização de nos­ 18 (b) de 10.1 a 20
sos acervos, valeria citar a avaliação feita
pelos especialistas participantes da elabo­ 12 (c) de 20.1 a 30
ração do docurrento "Ação Programada
5 (d) de 30.1 a 40
em Ciência e Tecnologia - Informação em
. Ciência e Tecnologia"2, em 1984: 2 (e ) acima de 40

“A formação e desenvolvimento de co-


' leções bibliográficas, insumo essencial ao
ensino e pesquisa, apresentam inúmeras UFBA, UFF, UFSM, UFES, UFGO, FMTM, c) = UFBA, UFPE, UFAM, UFMS, CEFET/PR,
a)
UFRN, UFPI, UFRPE, FURG UFSCAR, UFAC, UFMT, FAFEOD,
b) = UFSC, UFPR, UFPB, UFCE, EFEI, UFJF, CEFET/MG, CEFET/RJ, EFM
UFAL, UFRRJ, FCMPA, UFU, UFMA, d) = UFRGS, UFMG, UFV, UFOP, UFRJ
FCAP, CENTEC/BA, UFSE, ESAL, EFOA, e) = UnB, ESAM
UNIFRIO, UFPEL

Fonte: CHASTINET, Yone Sepúlveda. 19

* Como a questão orçamentária escapa ao âmbito


* Apresenta a tabela “ Acervo existente em 31 de do presente artigo, bastaria informar que a va­
dezembro de 1976 por unidades da Federação e riação percentual de recursos alocados pelas
* categoria, segundo o tipo de publicação” , na Ifes às bibliotecas variava de menos de 0,4% até
* qual seria possível descobrir o estado do acervo 9,66%, no período, considerando que os orça­
das bibliotecas universitárias por Estados, mas mentos vêm regredindo, provavelmente também
sem oferecer, elaborado, um somatório global, o os montantes e até os percentuais, ficando a sua
que dificulta o uso da fonte. comprovação ou não para estudo específico.
Acervos de livros das bibliotecas das instituições de ensino superior no Brasil:
situação problem ática e discussão de m etodologia para seu diagnóstico perm anente

Sendo a questão dos acervos tão ampla, o No que interessa ao presente trabalho, re­ atendiam àqueles cursos, propondo um
presente trabalho restringe-se à trajetória sultou difícil definir o conceito de “ coleção” metodologia específica para o levantamer
dos poucos artigos que tratam o problema para os efeitos do guia e, mais ainda, sub­ to de dados dos acervos informacionaií
no Brasil, visando a dimensionar a real dividir os itens pertinentes. Como ilus­ com vantagem de os dados terem sido cc
oferta de livros, limitando-se ao reduzido, tração do problema, o termo “ livro” tanto letados in loco.
mas expressivo universo das bibliotecas podia significar “ volume” , “exemplar” , “títu­
universitárias das instituições federais de lo” como “ monografia” , com as dificulda­ “ Dada a diversidade infra-estrutural das
ensino superior - as Ifes. des decorrentes. Prevaleceu a idéia de bibliotecas e centros de documentação ví
“ volume" como sinônimo de “ exemplar” , sitados, o questionário original sofreu pe^
A revisão da literatura pretende revelar as porquanto a definição de volume propria­ quenas alterações durante o levantamen­
abordagens e metodologias empregadas mente dita poderia confundir com a sua in­ to”7 - reconhece o autor - obrigando a
nos estudos, exclusivamente aqueles vol­ terpretação no campo da editoração, onde adaptações, valendo-se quase sempre da
tados para a caracterização dos acervos, não necessariamente corresponderia à técnica da amostragem para completar ou
isto é, a visibilidade da oferta de documen­ noção de volume físico da obra. Casuisti- gerar dados, e, só em casos extremos, re­
tos, excluindo outros estudos indicativos camente, “ separata" e “ teses” e, não raro, correu à improvisação, mediante porcen-
do uso dos mesmos, ou seja, voltados pa­ “ folhetos” foram excluídos e considerados tangens “ intuitivas” com relação à idade e
ra a demanda, que requerem outros enfo­ em quadros estatísticos próprios. idioma das coleções, a partir da opinião e
ques e métodos. experiência dos bibliotecários, porquanto
O referido guia, feito em condições precá­ não existiam estatísticas específicas (co­
ANTECEDENTES rias, sem o apoio de tecnologias computa­ mo, aliás, continuam não existindo).
cionais, não gerou quadros globais e analí­
Um dos graves problemas que o adminis­ ticos, tarefa em parte retomada por Maria O trabalho do consultor consistiu em ela­
trador de sistemas de informação enfrenta Carmen Romcy de Carvalho, em borar os dados, não raras vezes, direta­
é a falta de dados correntes e retrospecti­ 1978-1979, para sua obra Estabelecimento mente nas estantes ou nos fichários, até
vos para facilitar as análises e as con­ de padrões mínimos._para bibliotecas uni­ que uma metodologia mais bem elaborada
seqüentes tomadas de decisões adminis­ versitárias5, assumindo as imperfeições viesse a ser proposta8 e aplicada em ou­
trativas. Ora os dados são incompletos, próprias daquela coleta. tras instituições, como veremos a seguir.
ora inacessíveis, ora incompatíveis entre
si, para não citar os falsos e os inexisten­ A citada autora constatou a oferta de oito Segundo a referida proposta, o acervo in-
tes. Não havendo uma norma preestabele- livros por usuário em potencial, conside­ formacional foi dividido em cinco catego­
cida, de aceitação geral, os dados disponí­ rando o universo de 883 mil alunos e pro­ rias, a saber:
veis variam de qualidade conforme os fessores, relativamente a dados de 1978,
critérios (ou falta de) na sua elaboração. para um acervo de 7 milhões de volumes. a) coleção de referência - tanto as obras *
E acrescenta: terciárias (enciclopédias, dicionários
A organização do primeiro (e único) Guia etc), quanto os modernos instrumentos
de bibliotecas universitárias brasileiras4, ‘Se levarmos em consideração a grande de pesquisa bibliográfica (catálogos, ín­
compilado ao tempo da Assessoria de quantidade de exemplares de cada título dices etc.);
Planejamento Bibliotecário da Capes/MEC, existente nessas bibliotecas, certamente ,
em 1979, defrontou com a dificuldade em este indicador descerá ainda mais. Se b) coleção de “ lastro” ou básica - funda­
questão. O questionário-padrão* recebido considerarmos ainda as informações so­ mental para a pesquisa e o ensino, na
de 488 bibliotecas acadêmicas (90% do to­ bre a idade e o idioma do acervo, reduzi­ medida em que visa a oferecer o que é ,
tal existente em 1978), mesmo com a sal­ remos ainda mais o número de livros considerado de maior valor e per­
vaguarda do teste-piloto, trouxe um núme­ possíveis de serem utilizados” 5. manência na literatura especializada;
ro considerável de inconsistências, quase
sempre no tocante à classificação dos Ela poderia ir mais adiante e questionar, c) literatura corrente - a mais problemáti­
acervos bibliográficos e dos serviços pres­ além da obsolescência e da barreira ca, na medida em que a atualização de
tados à comunidade, em virtude de crité­ lingüística, as questões de pertinência e acervos enfrenta a falta de fontes ade­
rios e de definições próprios de cada insti­ relevância dos textos, isto é, se guardam quadas e atualizadas de seleção, a
tuição. uma relação positiva com os temas e ne­ precariedade do controle bibliográfico, a *
cessidades próprias dos usuários e se tais ausência de resenhas e parâmetros pa­
textos foram efetivamente publicados pe­ ra a avaliação e a falta crônica de re- ’
los melhores especialistas e editoras como cursos;
premissas para dimensionar e aquilatar a
verdadeira tragédia de nossa “ miséria bi­ d) coleções especiais - quanto ao suporte
bliográfica” . Recorda, no mesmo trabalho5, (ex. vídeos, obras, mapas etc.), ou pela
que a Conferência de Kampala, organizada sua especificidade (ex. documentos
pela Unesco, em 1970, recomendou 50 vo­ sobre a instituição, sobre a região etc.);
lumes por aluno, para depois atingir 75 vo­
lumes por aluno em 19806. e) hemerografia - os acervos de publi­
cações periódicas e seriadas, cuja na­
Tomou-se como modelos os da Embrapa-DID e ESTUDOS PIONEIROS E tureza, uso e forma de colecionamento
o do Convênio Instituto Nacional do Livro/IBGE,
DIFICULDADES exigem técnicas de aquisição, trata­
este último usado para levantara situação em to­
das as bibliotecas brasileiras, em 1976. Em se­ mento, armazenamento, uso e conser­
guida, o IBICT trabalhou na proposta de um for- Estudo pioneiro, realizado por Miranda7, vação próprias.
mulário-padrão para coleta de dados sobre b i­
em 1977, sobre as bibliotecas dos cursos
bliotecas, com a ampla participação de especia­
listas da comunidade de Informação Científica e de pós-graduação em educação no Brasil,
Tecnológica (ICT), não chegando, porém, a pu­ analisou e comparou, pela primeira vez, a
blicar o resultado final. situação das bibliotecas universitárias que

32
situação problemática e discussão de m etodologia para seu diagnóstico perm anente

A proposta englobava ainda a subdivisão AVALIAÇÃO DO ACERVO DA UFRN Verifica-se um acentuado declínio da oferta
do acervo para satisfazer o conhecimento de volumes, oscilando de 18,67 livros por
mais detalhado de algumas classes, so­ O primeiro estudo usando a referida meto­ usuário no período inicial, à metade, ou se­
bretudo em bibliotecas setoriais especiali- dologia foi empreendido pela Universidade ja, 9,51 no fim do período. Entretanto, o
^ zadas, valendo-se das subclasses utiliza­ Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)9, coeficiente utilizado foi “ leitores registra­
das para a classificação das obras pela em 1980, gerando quadros estatísticos dos” , muito controversial, excessivamente
Classificação Decimal Universal (CDU) ou demonstrativos da idade, dos idiomas do afetado pelas variáveis de sua compo­
Classificação Decimal de Dewey (CDD)* acervo, por assunto e as correlações com sição. Por exemplo, presume-se um cres­
o universo de usuários. cimento acelerado no número de matrícu­
A idéia básica era a de que a biblioteca, las no período inicial, em virtude do cres­
conhecendo o status quo do acervo, po­ O estudo permitiu caracterizar a evolução cimento correspondente do número de
deria estabelecer políticas de desenvolvi­ dos recursos e dos usuários, em termos alunos na universidade, fazendo decrescer
mento áe coleções compatíveis com a vo- quantitativos, e compreender as decisões a relação per capita do acervo. No período
caçfó Iftstrfucional, de forma racional que foram tomadas no processo de de­ final, com a inauguração do prédio da bi­
e responsável, com a aprovação da co­ senvolvimento das coleções. Ficou de­ blioteca central, ter-se-ia motivado o cres­
munidade por meio de uma comissão de monstrado que o acervo é sempre o refle­ cimento do número de usuários matricula­
% seleção. xo de ações contínuas ao longo de um dos, explicando, conseqüentemente, a di­

a idade e ao/idioma das co-


t lNo tocante > período de tempo, de forma consciente ou minuição da oferta relativa de obras por
não, mas possível de ser reconstituído. Em iJ aluno, apesar do crescimento sustentado
► leções, pretendia-se que as bibliotecas ti­ outras palavras, tais estudos possibilitam do acervo (de 53 889 para 91 579).
vessem conhecimento cabal que permitis­ recuperar as ações e omissões que leva­
se a avaliação da situação atual do acervo ram à configuração de um acervo determi­ Fica claro que a adoção de diferentes con­
e ainda projetar evoluções consentâneas nado, como também possibilitam a adoção ceitos - “ usuários potenciais” (alunos +
com os interesses dos usuários. de políticas de desenvolvimento que favo­ professores), “ usuários” matriculados nas
reçam o seu aperfeiçoamento e ade­ bibliotecas (alunos, professores, funcioná­
Nesse particular, o estudo das bibliotecas quação a novas realidades. rios e público externo) e “alunos” (matricu­
da área de educação revelou, em 1987, lados nos cursos acadêmicos) leva a re­
que “ 19,6% de livros da classe educação O grande mérito do trabalho de Ferreira e sultados estatísticos absolutamente dife­
das bibliotecas pesquisadas foram edita­ colaboradores9 foi o de visibilizar a co­ rentes, impossibilitando a comparação de
dos anteriormente a 1960 (inclusive), leção de forma estruturada, subdividindo-a resultados.
40,9% entre 1961-1970 e 39,4% na década por tipos (referência, coleção especial, ge­
(1971-1980). Verifica-se que as coleções ral), por classes da CDU, por idiomas e Cabe ainda ressaltar que não foram incluí­
J são novas, como também são novas as idades e confrontando com o universo dos dos no acervo da UFRN 49 037 volumes
bibliotecas”7. usuários, ou seja, confrontar a oferta com não catalogados até 1978 (36% do total) e
* a demanda potencial e ao longo de um 44 011 até junho de 1979 (também 36%).
* Estudos idênticos em outras classes e período (da criação da biblioteca, em 1959, Tal problema não é exclusivo da UFRN,
subdivisões subsidiariam tomadas de de­ até 1977). porquanto se calcula que de 25 a 30% do
cisão relativas à seleção e aquisição que total de acervos das bibliotecas universitá­
propiciassem balanceamento mais justo do Infelizmente, porém, o trabalho não apre­ rias brasileiras esperam pelo processa­
acervo, em termos de temas, obsolescên­ senta as correlações entre acervos versus mento técnico para sua incorporação defi­
cia e barreiras lingüísticas de conformida­ usuários, em forma global. Com tal intuito, nitiva e colocação em disponibilidade para
de com o nível e interesses dos usuários. elaboramos o quadro 2, valendo-nos dos os usuários.
dados colhidos no texto original.

Quadro 2 - Situação do acervo da UFRN 1962-1979

1 9 6 2 /1 9 7 4 1975 197 6 197 7 1978 197 9


até jun

LIVROS 53 889 57 856 61 165 69 575 86-653 91 579


CATALOGOS

LEITORES 2 885 3 677 5 003 7 025 8 050 9 623


REGISTRADOS

RELAÇÃO 18.67 15,73 12,22 9.90 10,75 9,51


' O principal entrave à adoção do método propos­ PER CAPITA
to, à época, por Miranda, era o excessivo traba­
lho exigido no levantamento de dados, quase
sempre direto com as obras, dada a inexistênci
de outros mecanismos. Com a posterior dissem Fonte: FERREIRA, Sonia Campos. 1980
nação de formatos automatizados, como a Bi
bliodata-Calco, onde todos os dados estão pre­
sentes na descrição dos acervos, a compilação
de dados tomou-se muito mais simples, o que
não significa ainda a sua adoção generalizada.
Ao contrário, a maioria das bibliotecas conti
i nua desconhecendo o potencial extraordiná
rio que tem em mão para a geração de dados
I úteis, não apenas para o desenvolvimento de co-
| leções, quanto para o gerenciamento de serviços
emgeral.

Ci. Int., Brasília, 22 (1): 30-40, jan./abr. 1993. 33


Acervos de livros das bibliotecas das instituições de ensino superior no Brasil:
situação problem ática e discussão de m etodologia para seu diagnóstico permanente

CARACTERIZAÇÃO DO ACERVO DA Quadro 3 - Situação do acervo de livros e monografias das bibliotecas da Fua
FUAM
Idade/Título

O estudo empreendido pela equipe do Sis­


tema de Bibliotecas, da Fundação Univer­
sidade do Amazonas (Fuam)10, sob a P E R ÍO D O S
orientação de Miranda, com o apoio do BIBLIOTECAS TOTAl
-1039 1900/19 1920/39 1940/59 1960/60 1970/79 1980- S/DATA
Cedate, possibilitou o perfil global das bi­
bliotecas, com as seguintes característi­ ICHL 86 196 539 1 433 3 113 3 428 900 641 10 39Í

cas: MINI-CAMPUS ?. 3 26 480 2 198 4 897 1 608 354 9.568

MEDICINA 4 2 2 97 377 1 093 322 70 1 967


a) concentração nas décadas de 70
(41,67%) e 60 (24,53%), no tocante à ODONTOLOGIA - 5 22 81 96 213 55 26 498
idade do acervo;
FARMÁCIA 9 1 8 62 305 358 95 20 858

b) predominância em língua portuguesa EDUCAÇÃO 2 6 24 200 775 1 716 367 152 3 242
(70,16%), seguindo-se a espanhola
ECONOMIA 3 27 373 66S 1 082 312 116 2 579
(12,75%) e a inglesa (10,98%);
ADM7
CONTABILIDADE - 3 102 444 970 159 90 1 768
c) concentração nas áreas de ciências
sociais (34,57%), ciências aplicadas DiREITO 131 172 196 1 364 774 910 569 138 4 254
(20,82%), lingüística e literatura
CEDEAM 35 39 122 175 84 119 67 12 653
(14,59%) e ciências puras (12,37%);
DAL 1 5 9 50 132 441 104 19 761
d) índice médio de duplicação de 1,83%,
TOTAL 270 432 978 4 477 8 964 15 227 4 558 1 638 36 544
embora a maioria das bibliotecas apre­
sente índices superiores;
Fonte: LIMA, Raim undo M artins et a lii. 1987

e) disponibilidade média de cinco títulos


por usuário potencial.

Conviria comentar que um tal perfil ajus­


ta-se perfeitamente ao tipo de universida­
de, à medida que as obras parecem cor­
responder mais à demanda de alunos de Quadro 4 - Situação do acervo de livros e monografias das bibliotecas da Fu;
graduação do que da pós-graduação e à
Média de duplicação/disponibilidade por usuário
pesquisa, onde os índices de textos em in­
glês costumam ser mais elevados. Resta­
ria saber se a distribuição do acervo, pelas
ACERVO/DUPLICAÇÃO USUÁRIO/DíSPONiBIUDADE
áreas de conhecimento, correspondem
BIBUOTECAS
aos percentuais adequados à demanda TlTULOS VOLUMES PERCENTUAL POTENCIAL TÍTULO VOLUME
potencial.
ICHL 10 396 15 851 1.52% 1 608 6 10

O levantamento em questão foi exaustivo


MINI-CAMPUS 9568 21 894 2.29% 20 1 6 5 11
pela coleta de dados diretamente nas es­
tantes, volume por volume, nas 12 bibliote­ MEDICINA 1 967 4 001 2.07% 691 3 6

cas dos campi. A título de exemplo, apre­ 1 142 2.29% 182 3 6


ODONTOLOGIA 498
sentamos o quadro 3, demonstrativo do
conjunto do acervo. FARMÁCIA 858 1 767 2.06% 142 6 12

EDUCAÇÃO 3 242 7 008 2.16% 641 5 11


Um panorama semelhante é oferecido so­
2 579 3 235 1.25% 563 5 6
bre a situação do acervo de livros e mono­ ECONOMIA

grafias das bibliotecas da Fuam em re­ ADM./


lação ao idioma/titulo, que pode ser con­ CONTABILIDADE 1 768 4 158 2.35% 1 470 1 3

sultado no texto original10. 4 254 6 360 1.50% 772 6 8


DIREITO

Destaca-se o quadro 4, que espelha a si­ DAL 761 797 1.05% 8 085 0 0

tuação do acervo em relação com o total 653 727 1.11% 5 054 0 0


CEDEAM
de alunos, correspondendo a uma média
de cinco títulos e oito volumes por usuário TOTAL 36544 66 940 1.83% 8 085 5 f- 8
potencial (no caso, apenas alunos).

Fonte: LIMA, Raim undo M artins e t a lii. 198 710.


Acervos de livros das bibliotecas das instituições de ensino superior no Brasil:
situação problemática e discussão de m etodologia para seu diagnóstico permanente

Gráfico 2 - Crescimento do acervo da Biblioteca Central da UnB. 1962-1970.

2 - 9 ,2%

Figura 1 - Acervo da Classe 0


por idioma x volumes por
doação. Biblioteca Centra!
daUnB
Obs.: dados dos relatórios anuais da Biblioteca Central da UnB

Não é pretensão nossa esgotar a riqueza


Gráfico 3 - Crescimento do acervo da Biblioteca Central da UnB. 1971-1980 de quadros e tabelas resultantes do estudo
em questão, mas apenas demonstrar a
Quantidade de Volumes sua validade ao processo de adminis­
60 tração do desenvolvimento de acervos in-
formacionais, com vistas à difusão da me­
50_ 48 020 todologia.

Quadros e tabelas são fundamentais no


processo de análise e tomada de decisão.
O s gráficos cumulativos (de todas as
classes) relativos ao crescimento da
BCE/UnB, no período 1962 a 1989, possi­
bilitam ressaltar os anos de apogeu e os
de dificuldades, sem considerar as suas
causas e conseqüências.

Uma análise dos dados permite “ visibili-


zar” o status quo do acervo, decompon-
do-o em classes, para facilitar a sua corre­
Obs.: dados dos relatórios anuais da Biblioteca Central da UnB lação posterior com outros dados (tais
como demanda, empréstimo etc.) visando
ao estabelecimento de quadros prospecti-
vos, ou seja, para subsidiar polfticas corre­
Gráfico 4 - Crescimento do acervo da Biblioteca Central da UnB. 1981-1989
tivas das distorções detectadas e sua de­
vida adequação a necessidades legftimas.
, Quantidade de Volumes
14

Embora pareça complexa, a manutenção


de dados atuais sobre o acervo é possfvel,
a partir de aplicativos próprios com o auxí­
lio de microcomputadores, desde que se
implantem rotinas adequadas para a coleta
de dados.

k--*

( » t * J u lh o )

Obs.: dados dos relatórios anuais da Biblioteca Central da UnB

Ci. Int., Brasília, 2 2 (1 ): 30-40, jan./abr. 1993. 37


h lu i vui> uu
nviub uas> uiunuiuuys, uyy niüuiuiyuüü uu tíiiam u superior ns urasn:----------
situação problem ática e discussão de m etodologia para seu diagnóstico perm anente

E apresentado um quadro inovador em que Ademais, embora distanciado da média a) instituição de uma comissão de seleção
é possível determinar os percentuais de nacional recomendada para instituições de e avaliação para atuar como órgão deli­
duplicação ao acervo, pelas diversas ensino superior, apresenta um índice mé­ berativo e regulador do seu desenvol­
classes, dados da maior importância para dio de disponibilidade que revela uma total vimento;
definir, durante o processo de seleção/a­ relação com a política de atuação da Uni­
quisição, o número de exemplares das versidade do Amazonas. Deste modo, b) adequação do desenvolvimento da co­
obras didáticas (quadro 5). como essa política é essencialmente vol­ leção aos conteúdos dos programas de
tada para atividades de ensino de gra­ ensino e pesquisa das unidades
0 estudo conclui o seguinte: duação e este é o fator determinante da acadêmicas, e não aos interesses indi­
atual política de desenvolvimento do sis­ viduais dos professores;
“Esse perfil demonstra ter havido uma tema, não se poderia esperar resultado di­
desvinculação entre o ato de adquirir e o ferente” 10. c) desenvolvimento de uma coleção mais
processo de seleção, visto que a coleção consistente, a fim de também dar apoio
foi formada e desenvolvida em percentuais Em decorrência do diagnóstico, foi possí­ às pesquisas institucionais;
bastante significativos mediante doações, vel traçar uma política realista, baseada
incorporadas quase sempre sem nenhuma nas seguintes recomendações fundamen­ d) atualização da coleção geral, dando
seleção prévia, e compras resultantes de tais: prioridade às coleções das bibliotecas
seleção passiva*. dos cursos de odontologia e farmácia e
aos cursos não reconhecidos;
O
e) fortalecimento e elevação do índice1
de duplicação da coleção da biblioteca
Quadro 5 - Situação do acervo de livros e monografias dos cursos de administração e contabi­
das bibliotecas da Fuam lidade;
Classes/Títulos e Volumes
f) desativação da biblioteca da Divisão de
Auxílio aos Leitores e remanejamento da
ACERVO/DUPUCAÇÀO
sua coleção para outras de áreas cor­
CLASSES
respondentes, em razão da insignifican­
TÍTULOS VOLUMES PERCENTUAL
te demanda local;

0 1 315 2 521 1.92% g) fortalecimento da coleção de ciências


1 399 2 502 1.79%
naturais e aplicadas em língua inglesa.
1

2 140 177 1.26% É óbvio que tais recomendações só foram


possíveis em virtude do diagnóstico e que
3 12 633 20 359 1.61%
este foi viabilizado pela metodologia de co­
5 4 520 9 565 2.12% leta de dados proposta, que merece ser
aperfeiçoada e adequada a novas si­
6 7 807 18 272 2.40% tuações concretas.

7 1 342 2 679 2.00%


ESTUDO DE CASO: a UnB em
8 5 331 7 749 1.45% busca de uma metodologia
9 2 257 3116 1.38%
O estudo mais completo e complexo até
agora realizado, a partir da proposta meto­
TOTAL 36 544 66 940 1.83%
dológica de Miranda, foi empreendido pela
Biblioteca Central da Universidade de
Brasília (BCE/UnB), com vistas à elabo­
ração de um manual de política de-seleção.

Apesar de recente (criada em 1962), a


BCE/UnB logo constituiu-se na maior bi­
blioteca universitária do país, tomando-se
em consideração o critério da biblioteca
central, com a conseqüente concentração
de acervo.

A análise considerou um acervo de


513.375 volumes (dados até dezembro de
1988) e o diagnóstico foi facilitado com o
emprego de programas estatísticos em mi­
crocomputador para o tratamento dos da­
.------------------- ^ --------------------
^ ' Entende-se por "seleção passiva" a prática mui-
dos, inclusive para a geração de um gran­
^ to difundida de limitar-se a comprar os títulos re­ de conjunto de quadros e tabelas.
comendados pelos professores, sem submetê-
los a critérios mais orgânicos visando ao desen­ O diagnóstico foi exaustivo, e o relatório,
volvimento equilibrado do acervo.
ainda inédito, subdivide o acervo pelas di-
Acervos de livros das bibliotecas das instituições de ensino superior no Brasil:
situação problem ática e discussão de m etodologia para seu diagnóstico permanente

ferentes classes da CDU (de 0 até a 9), incluir assuntos como biblioteconomia e
explicitando os assuntos de que trata cada documentação, cuja literatura, na sua
uma, anotando as atividades acadêmicas maioria, está em inglês, e ainda obras ge­
dos cursos aos quais o acervo é destina­ rais de referência (bibliografias e enci­
do, seguindo-se análises pontuais da idade clopédias), também grande parte em in­
e dos idiomas representados em cada glês. Em seguida, vêm o idioma espanhol
classe, como, no exemplo seguinte, para a (9,7% tftulos e 9,3% volumes), alemão
classe 0 (zero). (2,3% títulos e 2,2% volumes), o francês
(7,4% tftulos e 6,7% volumes) e outros títu­
DIAGNÓSTICO DO ACERVO DA los (1,89% volumes).
BCE/UnB
Segundo o mesmo exemplo, apresenta-se
Classe 0 a relação per capita de livros por aluno:
(ver quadro abaixo)
Assunto:
- Generalidades e Conhecimento (0); Classe 0
- Organização (061); Cursos
- Informação e Documentação (002); - comunicação;
- Biblioteconomia (02); - biblioteconomia;
- Instituições (061); - processamento de dados;
- Publicações (08). - ciência da computação.

Atividades acadêmicas:
- comunicação (graduação e mestrado); TOTAL DE ALUNOS N* DE TÍTULOS POR ALUNO N! DE VOLUMES POR ALUNO
- biblioteconomia (graduação e mestra­
do); 755 8 14
- processamento de dados (graduação);
- ciência da computação (graduação e
mestrado);
- generalidades, ciência e conhecimento,
organização, instituições e publicações
são assuntos gerais que estão relacio­
nados a todos os cursos. O confrônto com a situação do acervo e É possível aferir-se a situação particulari
sua relação por aluno, em outras classes, dos títulos, segundo a idade, como no ca­
Idade permite saber onde estão as fortalezas e so da classe 0 (gráfico 1), assim como si­
fraquezas da coleção, abrindo perspecti­ tuações mais específicas (por idioma x
As obras que compõem o acervo da clas­ vas para uma melhor negociação com a classe, por compra, por doação (figura 1)|
se 0, foram, em sua maioria, publicadas no comunidade, dando argumentos mais con­ etc., assim como se obterem somatórios
período de 1960 e 1980, correspondendo a vincentes às negociações com as autori­ gerais (gráficos 2,3 e 4).
um total de 55% de tftulos e volumes. Em dades e, não menos importante, elementos
seguida, aparecem as obras mais atuais a confiáveis para contornar conflitos e
partir de 1980, 20% de tftulos e 16% de vo­ pressões da comunidade usuária.
lumes. A criação do Curso de Biblioteco­
nomia e Documentação, em 1964, gerou a
necessidade da formação de uma coleção
na área, contribuindo para o desenvolvi­
Gráfico 1 - Idade do acervo da Classe 0 da Biblioteca Central da UnB - total
mento do acervo da classe 0. As aqui­
sições por compra são mais expressivas:
63% de títulos e 63,5% de volumes. Quan­ QUANTIDADE DE TÍTULOS
to às doações, houve um crescimento no 2000
número de títulos publicados também entre
1960 e 1980: 50,51% títulos e 50,17% vo­ 1648
lumes e um decréscimo no número de
obras publicadas a partir de 1980, de títu­ 1500
los e volumes. Conclui-se que o acervo da
classe 0 não está atualizado, apesar da
criação dos cursos de pós-graduação em
Biblioteconomia e Documentação, em 28 1000
de agosto de 1977 e de Comunicação, em
27 de novembro de 1981.

500
Idioma

As obras em língua portuguesa estão em


maior quantidade na classe 0 (43,1% títu­
0
los, 40,0% volumes). A língua inglesa é
1700 1800 1900 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1989
bastante significativa (36,4% tftulos e
30,8% volumes), em razão desta classe
Acervos de livros das bibliotecas das instituições de ensino superior no Brasil:
situação problem ática e discussão de m etodologia para seu diagnóstico perm anente

SITUAÇÃO ATUAL T a b e la i - Ordem decrescente dos percentuais da relação volume/aluno m

Uma comissão de especialistas em bi­


bliotecas universitárias* convocada pela REGIÃO IFES N" VOLUMES Ns ALUNOS RELAÇÃO GRUI
Sesu/MEC para discutir critérios de distri­ 1990{1) 1990(1) VOLUME/ALUNO
buição dos recursos financeiros do Pro­ NORDESTE ESAM 31 301 443 70,66 E
grama de Recuperação do Acervo de Li­ C. OESTE UNB 413 542 10 163 40,69 E
vros das Bibliotecas (Programa Biblos) SUDESTE UFOP 81 019 2 066 39,22 D
SUDESTE UFRJ 974 604 29 095 33,50 D
deparou-se com o problema, já discutido,
SUDESTE FAFEOD 6 090 183 33,28 D
da imprecisão e desatualização de dados. SUDESTE CEFET/MG 25 495 800 31,87 D
NORDESTE UFBA 480 862 15 169 31,70 D
As bibliotecas das 52 instituições, de SUDESTE CEFET/RJ 23 715 826 28,71 D
acordo com os dados disponíveis relativos SUDESTE UFMG 442 871 18 185 24,35 C
C.OESTE UFMS 137 G23 6 106 22,59 C
a 1990, contam com 6 562 366 volumes de 23 289 1 041
SUL CEFETE/PR 22,37 C
livros, para um universo de 363 433 alu­ SUL UFPEL 119 878 5 379 22,29 C
nos, com uma média de 18,26 livros por SUL UFRGS 409 215 18 843 21,72 C
aluno. SUDESTE UFSCAR 65 305 3 255 20,06 C
C. OESTE UFMT 139 681 7 087 19,71 C
SUDESTE UFU 136 100 6 924 19,66 C
Levantamento anterior, realizado em 1988
e revisto em 1990, englobando apenas 49 NORDESTE UFPE 289 842 16 137 17,96 B
Ifes, revelava uma relação média de 19,87 SUDESTE ESAL 35 500 2 054 17,28 B
volumes por aluno, mas incluindo livros e SUDESTE UFRJ 56 935 3 298 17,26 B
NORDESTE CENTEC/BA 13219 778 16,99 B
outros materiais. 8 400 495
SUL FCMPOA 16,97 B
SUDESTE UNIRIO 56 998 3 432 16,61 B
O critério inicial para a alocação de recur­ NORTE UFAM 112404 6 935 16,21 B
sos para o Biblos foi o de melhorar a re­ NORTE UFAC 47 772 3 089 15,47 B
SUDESTE UFES 120 657 7 852 15,37 B
lação livros por alunos nas Ifes, para cujo
SUL FURG 62 665 4 171 15,02 B
agrupamento foram constituídos os seguin­ NORDESTE UFPB 325 608 21 938 14,84 B
tes grupos: NORDESTE UFSE 80 786 5 571 14,50 B
NORTE UFRR 12000 829 14,48 B
Grupo A: de 0 até 10 livros por aluno: SUL UFRR 218 378 15 208 14,36 B
SUL UFSC 193 911 13 661 14,19 B
UFPA, UFRN, UFRPE, Cefet-MA, UFF,
SUDESTE UFV 74 794 5 304 14,10 B
Efei, EPM, UFSM. (8 Ifes) SUDESTE FUNREY 34 967 2 493 14,03 B
NORDESTE UFMA 104 673 7 543 13,88 B
Grupo B: de 10,01 até 20 livros por aluno: NORDESTE UFCE 160 251 11 699 13,70 B
UFPR, FCPA, Unir, Ufam, Ufac, Ufap, SUDESTE EFOA 11 334 888 12,76 B
NORDESTE UFAL 94 000 7 559 12,44 B
Ufal, UFCE, UFPB, UFPE, Cetec-BA, SUDESTE FMTM 6 315 514 12,29 B
UFMA, UFPI, UFSE, Ufes, UFJF, UFRRJ, C, OESTE UFG 89 373 7 429 12,03 B
FMTM, Efoa, Esal, Uni-Rio, UFU, UFSCar, SUDESTE UFJF 76 193 6 376 11,95 B
UFV, Funrey, UFPR, UFSC, FURG, NORTE FCAP 12 624 1 070 11,80 B
NORDESTE UFPI 86 627 7 979 10,86 B
FCMPOA, UFG, UFM (31 Ifes) NORTE UFAP 14 008 1 350 10,38 B
NORTE UNIR 26 352 2 586 10,19 B
Grupo C: de 20,01 até 30 livros por aluno: NORDESTE UFRPE 37 610 3 767 9,98 B
UFMG, Cefet-RJ, UFRGS, UFPEL, Cefet- SUDESTE UFF 167 748 17414 9,63 B
NORDESTE UFRN 160 838 16 759 9,60 A
PR, UFMS (6 Ifes)
SUDESTE EPM 13 000 1 438 9,04 A
NORDESTE CEFET/MA 8 306 938 8,86 A
Grupo D: de 30,01 até 40 livros por aluno: SUL UFSM 80 000 9 536 8,39 A
UFBA, UFRJ, Fafeod, Cefet-MG, Ufop NORTE UFPA 144 888 17613 8,23 A
(5 Ifes) SUDESTE EFEI 12 500 2 206 5,67 A

TOTAL 6 539 07 362 433 18,26


Grupo E:jacirna de 40 livros por aluno:
Esam, UnB (2 Ifes) NOTA:(1) D a d o s re fe re n te s a 199 0, a p e n a s v o lu m e s d e liv ro s . H
\ J

Fonte: PROBIB-MEC/SESU/DED, 199311. H
Resumindo, 36 instituições estão aoaixo
da relação média de livros por aluno das
52 Ifes, que é de 18,26, conforme o con­
fronto de dados, em ordem decrescente,
na tabela 1. IÍ

* Comissão composta pelos professores Kira Ta-


rapanoff, Wanda Paranhos, Maria Carmen Rom-
cy de Carvalho, Antonio Miranda e Leila Merca-
dante.

38
situação problemática e discussão de m etodologia para seu diagnóstico perm anente

Na tabela 2, é possível visualizar a mesma Tabela 2 - Ifes segundo ordem decrescente de relação volume/aluno
distribuição decrescente dos acervos por por reg ião -1 9 9 0
alunos, mas agrupando as Ifes por re-
j giões.

REGIÃO IFES N° VOLUMES N° ALUNOS RELAÇÃO GRUPO


E possível constatar as situações atípicas 1990(1) 1990(1) VOLUME/ALUNO
da Esam e da UnB, com médias muito ele­
vadas* e a supremacia relativa dos acer­ NORTE UFAM 112 404 6 935 16,21 B
vos das universidades da região Sudeste. NORTE UFAC 47 772 3 089 15,47 B
Poucas bibliotecas no Nordeste e nenhu­ NORTE UFRR 12 000 829 14,48 B
NORTE FCAP 12 624 1 070 11,80 B
ma do Norte superam a média nacional, o
NORTE UFAP 14 008 1 350 10,38 B
que representa um entrave às atividades NORTE UNIR 26 3C2 2 586 10,19 B
de ensino, pesquisa e extensão das uni­ NORTE UFPA 144 888 17613 8,23 A
versidades e institutos isolados de ensino
NORDESTE ESAM 31 301 443 70,66 E
superior.
NORDESTE UFBA 480 862 15 169 31,70 D
NORDESTE UFPE 289 842 16 137 17,96 B
A comissão recomendou fosse adotada NORDESTE CENTEC/BA 13219 778 16,99 B
uma política de investimentos que possibili­ NORDESTE UFPB 325 608 21 938 14,84 B
te às instituições menos favorecidas atingir NORDESTE UFSE 80 786 5 571 14,50 B
NORDESTE UFMA 104 673 7 543 13,88 B
a média nacional. B
NORDESTE UFCE 160 251 11 699 13,70
NORDESTE UFAL 94 000 7 559 12,44 B
A meta imediata adotada foi a de atingir um NORDESTE UFPI 86 627 7 979 10,86 B
mínimo de 10 livros por aluno, em cinco NORDESTE UFRPE 37 610 3 767 9,98 A
NORDESTE UFRN 160 838 16 759 9,60 A
anos, considerada modesta, mas realista
NORDESTE CEFET/MA 8 306 938 8,86 A
em face das instituições orçamentárias.
SUDESTE UFOP 81 019 2 066 39,22 D
Considerou também uma proporcionalida­ SUDESTE UFRJ 974 604 29 095 33,50 D
de na distribuição das verbas para aqui­ SUDESTE FAFEOD 6 090 183 33,28 D
SUDESTE CEFET/MG 25 495 800 31,87 D
sição de obras nacionais e estrangeiras, C
SUDESTE CEFET/RJ 23 715 826 28,71
baseada no estágio de desenvolvimento SUDESTE UFMG 442 871 18 185 24,35 C
da infra-estrutura de pós-graduação das SUDESTE UFSCAR 65 305 3 255 20,06 B
Ifes, cuja análise foge ao escopo do pre­ SUDESTE UFU 136 100 6 924 19,66 B
SUDESTE ESAL 35 500 2 054 17,28 B
sente trabalho.
SUDESTE UFRJ 56 935 3 298 17,26 B
SUDESTE UNIRIO 56 998 3 432 16,61 B
CONCLUSÕES SUDESTE UFES 120 657 7 852 15,37 B
SUDESTE UFV 74 794 5 304 14,10 B
SUDESTE FUNREY 34 967 2 493 14,03 B
Não obstante a precariedade e pobreza re­
SUDESTE EFOA 11 334 888 12,76 A
lativa dos acervos das instituições federais SUDESTE FMTM 6315 514 12,29 A
de ensino superior (Ifes) (ou em con­ SUDESTE UFJF 76 193 6 376 11,95 A
seqüência de), vem-se tentando desenvol­ SUDESTE UFF 167 748 17414 9,63 A
ver estudos que levem a um conhecimento SUDESTE EPM 13 000 1 438 9,04 A
SUDESTE EFEI 12 500 2 206 5,67 A
mais detalhado das diversas coleções -
referência, básica (“ lastro” ), corrente, SUL CEFET/PR 23 289 1 041 22,37 C
obras raras, especiais etc. - , sua idade e SUL UFPEL 119 878 5 379 22,29 C
idiomas, assim como formas de aquisição SUL UFRGS 409 215 18 843 21,72 C
- compra, doação e permuta, em séries SUL FCMPOA 8 400 495 16,97 B
SUL FURG 62 665 4 171 15,02 B
históricas para melhor compreender a sua B
SUL UFPR 218 378 15 208 14,36
j evolução. SUL UFSC 193 911 13 661 14,19 B
SUL UFSM 80 000 9 536 8,39 A
Metodologias capazes de detalhar o status
C. OESTE UNB 413 542 10 163 40,69 E
1 quo dos acervos têm sido propostas, in­
C. OESTE UFMS 137 923 6 106 22,59 C
clusive permitindo sua subdivisão em C. OESTE UFMT 7 087 19,71 B
139 681
classes e até subclasses, para facilitar a C. OESTE UFG 89 373 7 429 12,03 B
“radiografia” de setores das coleções.
TOTAL 6 539 077 362 433 18,26

/
NOTA:(1) Dados referentes a 1990, apenas volumes de livros.
Forrt»: PROBIB-MEC/SESU/DED, 1993” -

É justo reconhecer que tais estudos de Os diagnósticos, máis que avaliações, re­
“ visibilização” de acervos são quantitati­ sultantes das metodologias em questão,
' Seria recomendável que fosse feita um a nova ta­ vos, isto é, não contemplam as possibili­ pretendem apenas fornecer elementos pa­
bela, baseada na “ moda” , e não na média pura
dades das avaliações qualitativas. Em ra juízos de natureza administrativa, locali­
e simples, para cortar a distorção, hipótese que
chegou a ser considerada pela Comissão, mas verdade, nem pretendem ser avaliações zados no tempo e no espaço, circunscritos
,-flão implementada, de imediato. científicas como as que, usando também aos fenômenos descritos, mas mesmo
Outra possibilidade seria a de preparar uma nova métodos quantitativos como os da biblio- com tais limitações, extremamente válidos
tabela, desta feita, agrupando-se os percentuais metria, pretendem chegar a resultados no processo decisório e na administração
pelo porte das Ifes (pequeno, médio e grande mais cabais e universais. de políticas de desenvolvimento de acer­
porte), para enriquecer a análise dos dados. vos informacionais.

Ci. Inf , Brasília, 2 2 (1 ): 30-40, jan./abr. 1993. 3Q


Acervos de livros das bibliotecas-das instituições de ensino superior no Brasil:
situação problem ática e discussão de m etodologia para seu diagnóstico perm anente

É possível afirmar que o espaço necessá­ O conhecimento mais perfeito dos acer­ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
rio para a realização de tais estudos se vos, aliado a avaliações de uso, estudos
1. IBGE. Bibliotecas brasileiras. Rio de Janeiro: I
justifica na medida em que, para melhor de demandas, e todos os demais meca­
IBGE: INL, 1980. 76p.
distribuir e/ou usar recursos financeiros nismos próprios do processo de seleção -
cada vez mais escassos, métodos mais escolha de fontes adequadas para a se­ 2. PLANO BASICO DE DESENVOLVIMEN- I
precisos necessitam orientar as futuras leção, critérios mais justos na distribuição TO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO, 3. I
aquisições. 4?; das verbas entre diversas áreas do co­ Ação Programada da Informação em Ciên- I
cia e Tecnologia. Brasília, Seplan/CNPq - I
nhecimento (em função ao acervo já exis­
IBICT, 1984. 69p. p.28.
A cervos são um patrimônio que requerem tente e das demandas em curso) - são
recursos vultosos, corri o risco sempre pré-condições necessárias para o êxito. 3. CHASTINET, Yone Sepulveda. Bibliotecas L
presente de aquisições socialmente me­ das instituições federais de ensino su- ■
nos justificáveis, se os critérios de sua se­ No quadro atual de miséria bibliográfica de perior: remontar ou desmontar. Brasília. I
Programa Nacional de Bibliotecas Univer- I
leção não forem minimamente objetivos e, nossas Ifes, justificam-se programas go­ sitárias. 1988: 13f. (SESU/PNBU/Doc. I
no caso concreto, não se hastearem em vernamentais emergenciais, tais como o Tec. 009/88).
análises precisas de sua situação, real. Biblos, com o apoio do MEC/Sesu e da Fi-
nep, mas é correto lembrar que o desen­ 4. CAPES. Guia de bibliotecas universitárias ■
É óbvio que tais providências técnicas for­ brasileiras. Brasília, MEC/Departamento de
volvimento e manutenção das coleções
Divulgação, 1979. 3v.
necem ao bibliotecário dados mais segu­ são de intransferível responsabilidade das
ros para uma arbitragem e gerenciamento próprias Ifes, para garantir a longo prazo 5. CARVALHO, Maria Carmen Romcy de. Esta-1
mais legítimos do processo decisório junto coleções que tenham critérios internacio­ belecimento de padrões mínimos para bi- m
às suas comunidades. bliotecas universitárias. Fortaleza, Edições I
nais de qualidade.
UFC; Brasília, ABDF, 1981. 72p. p.51.

A modernização é o melhor aparelhamento 6. WITHERS, F.N. Standards for library se/vice: I


das bibliotecas, já em curso, com a an intemational survey. Paris, Unesco, I
adoção de novas tecnologias, assim como 1974. 421 p.

o aperfeiçoamento e expansão de melho­


7. MIRANDA, Antonio. Bibliotecas dos Cursos de I
res e mais sofisticados serviços à comu­ Pós-Graduação em Educação no Brasil, I
nidade acadêmica - tais como dissemi­ estudo comparado. In: CONGRESSOS I
nação seletiva de informação, buscas em BRASILEIROS DE BIBLIOTECONOMIA E I
linha nas bases de dados internacionais, DOCUMENTAÇÃO. 9., Porto Alegre, 1977. I
Anais do IX Congresso Brasileiro e V Jor- I
CD-ROM, catálogos coletivos etc - só nada Sul-Ftio-Grandense de Bibliotecono- I
cumprirão a sua fin ç ã o , se os acervos mia e Documentação. Porto Alegre, 3 a 8 de ■
próprios (ou os acessíveis por meio da julho de 1977. Porto Alegre, 1977. Vol. 2 , 1
comutação bibliográfica e do empréstimo p. 268-333.
Bibliographic collections of the interbibliotecário) também evoluírem em
8. MIRANDA, Antonio. Estruturas de InformaçãoU
libraries of higher levei institutions quantidade e qualidade. Do contrário, esta­ e Análise Conjuntural: ensaios. Brasília, J
in Brazil: problematic situation and remos dando lugar ao paradoxo de agilizar 1980. 169p.
analysis of the methodology for its e ampliar uma demanda em cima de acer­
vos estáticos e decadentes, gerando mais 9. FERREIRA, Sonia Campos. Avaliação da c o - 1
permanent diagnosis leção bibliográfica da Biblioteca Central d a l
frustração nos usuários.
Universidade Federal do Rio Grande do I
Norte. Revista de Biblioteconomia de Brasi-1
Abstract tia, v.8, n.1, p.44-51, jan./jun. 1980.

The article presents: 1) the evolution ofthe studies 10. LIMA, Raimundo Martins de, etalii. Caracteri- I
on university libraries bibliographic collections in zação do acervo e proposta de política p a r a l
Brazil: the predicament, the data discrepancy with seu desenvolvimento nas bibliotecas da H
emphasis on books per student problem; 2) the Fundação Universidade do Amazonas. Re- I
methodology proposed by the author, following the vista de Biblioteconomia de Brasília, v. 15,1
pioneer study about university libraries on n.2, p.293-316, jul./dez. 1987.
Education, in 1977, 3) the Universidade Federal do
Rio Grande do Norte bibliographic collection 11. PROBIB - MEC/SESU/DED. Redefinição c f e l
(1980) evaluation; 4) the characterization ofthe Critérios de Distribuição dos Recursos do
Fundação Universidade do Amazonas Programa de Recuperação do Acervo de
bibliographic collection (1987); 5) and presents, Livros das Bibliotecas das Ifes - Biblos.U
with more details, the case study of the Brasília, Probib - MEC/Sesu/DED. 1993.H
methodology applied in the Universidade de Ata da 1? Reunião da Comissão de E spe-H
Brasília bibliographic collection analysis. The cialistas em Bibliotecas Universitárias - 1 6 jfl
author describes the current situation ofthe a 17.02.93.
libraries bibliographic collections in 52 Brazilian
federal universities - with an average rate of 18,26 — Re
Artigo aceito para publicação em 22 de agosto d e H
books per student - a n d the decreasing order of 1993.
the bibliographic collection according its ---------------------------------------------------------------------- Um
geographical distribuíon. Finally, he describes the gen
goals and the governmental arrangements to ■ Jex/S
promote the bibliographic collections development Antonio Lisboa Carvalho de Miranda i
- in order to help those less developed libraries to orgi
reach, in the next 5 years, arateof, at lest, 10 Doutor em Ciências da Comunicação pela Esco^B
volumes per student Ia de Comunicação e Artes da Universidade dlepr
São Paulo (ECA/USP). Professor do D epartam entH
Key w o rd s de Ciências da Informação e Documentação da pa|j
Universidade de Brasília.
Collection development; Methodology for
bibliographic collection analysis; Data books per doe
student; University libraries/Brazii. Arq,

40
Acervos de livros das bibliotecas das instituições de ensino superior no Brasil:
situação problem ática e discussão de m etodologia para seu diagnóstico perm anente

SITUAÇÃO ATUAL Tabela 1 - Ordem decrescente dos percentuais da relação volume/aluno nas Ifes

Uma comissão de especialistas em bi­


bliotecas universitárias* convocada pela REGIÃO IFES N» VOLUMES N“ ALUNOS r e l a ç Ao GRUPO
Sesu/MEC para discutir critérios de distri­ 1990(1) 1990(1) VOLUME/ALUNO
buição dos recursos financeiros do Pro­ NORDESTE ESAM 31 301 443 70,66 E
grama de Recuperação do Acervo de Li­ C. OESTE UNB 413 542 10 163 40,69 E
vros das Bibliotecas (Programa Biblos) SUDESTE UFOP 81 019 2 066 39,22 D
SUDESTE UFRJ 974 604 29 095 33,50 D
deparou-se com o problema, já discutido,
SUDESTE FAFEOD 6 090 183 33,28 D
da imprecisão e desaiualização de dados. SUDESTE CEFET/MG 25 495 800 31,87 D
NORDESTE UFBA 480 862 15 169 31,70 D
As bibliotecas das 52 instituições, de SUDESTE CEFET/RJ 23 715 826 28,71 D
acordo com os dados disponíveis relativos SUDESTE UFMG 442 871 18 185 24,35 C
C.OESTE UFMS 137 023 6 106 22,59 C
a 1990, contam com 6 562 366 volumes de 1 041
SUL CEFETE/PR 23 289 22,37 C
livros, para um universo de 363 433 alu­ SUL UFPEL 119 878 5 379 22,29 C
nos, com uma rrédia de 18,26 livros por SUL UFRGS 409 215 18 843 21,72 c
aluno. SUDESTE UFSCAR 65 305 3 255 20,06 c
C. OESTE UFMT 139 681 7 087 19,71 c
SUDESTE UFU 136 100 6 924 19,66 c
Levantamento anterior, realizado em 1988
e revisto em 1990, englobando apenas 49 NORDESTE UFPE 289 842 16 137 17,96 B
Ifes, revelava uma relação média de 19,87 SUDESTE ESAL 35 500 2 054 17,28 B
volumes por aluno, mas incluindo livros e SUDESTE UFRJ 56 935 3 298 17,26 B
NORDESTE CENTEC/BA 13219 778 16,99 B
outros materiais. FCMPOA 8 400 495 16,97
SUL B
SUDESTE UNIRIO 56 998 3 432 16,61 B
O critério inicial para a alocação de recur­ NORTE UFAM 112 404 6 935 16,21 B
sos para o Biblos foi o de melhorar a re­ NORTE UFAC 47 772 3 089 15,47 B
SUDESTE UFES 120 657 7 852 15,37 B
lação livros por alunos nas Ifes, para cujo
SUL FURG 62 665 4 171 15,02 B
agrupamento foram constituídos os seguin­ NORDESTE UFPB 325 608 21 938 14,84 B
tes grupos: NORDESTE UFSE 80 786 5 571 14,50 B
NORTE UFRR 12000 829 14,48 B
Grupo A: de 0 até 10 livros por aluno: SUL UFRR 218 378 15 208 14,36 B
SUL UFSC 193 911 13 661 14,19 B
UFPA, UFRN, UFRPE, Cefet-MA, UFF,
SUDESTE UFV 74 794 5 304 14,10 B
Efei, EPM, UFSM. (8 Ifes) SUDESTE FUNREY 34 967 2 493 14,03 B
NORDESTE UFMA 104 673 7 543 13,88 B
Grupo B: de 10,01 até 20 livros por aluno: NORDESTE UFCE 160 251 11 699 13,70 B
SUDESTE EFOA 11 334 888 12,76 B
UFPR, FCPA, Unir, Ufam, Ufac, Ufap,
NORDESTE UFAL 94 000 7 559 12,44 B
Ufal, UFCE, UFPB, UFPE, Cetec-BA, SUDESTE FMTM 6 315 514 12,29 B
UFMA, UFPI, UFSE, Ufes, UFJF, UFRRJ, C. OESTE UFG 89 373 7 429 12,03 B
FMTM, Efoa, Esal, Uni-Rio, UFU, UFSCar, SUDESTE UFJF 76 193 6 376 11,95 B
UFV, Funrey, UFPR, UFSC, FURG, NORTE FCAP 12 624 1 070 11,80 B
NORDESTE UFPI 86 627 7 979 10,86 B
FCMPOA, UFG, UFM (31 Ifes) NORTE UFAP 14 008 1 350 10,38 B
NORTE UNIR 26 352 2 586 10,19 B
Grupo C: de 20,01 até 30 livros por aluno: NORDESTE UFRPE 37 610 3 767 9,98 B
UFMG, Cefet-RJ, UFRGS, UFPEL, Cefet- SUDESTE UFF 167 748 17414 9,63 B
NORDESTE UFRN 160 838 16 759 9,60 A
PR, UFMS (6 Ifes)
SUDESTE EPM 13 000 1 438 9,04 A
NORDESTE CEFET/MA 8 306 938 8,86 A
Grupo D: de 30,01 até 40 livros por aluno: SUL UFSM 80 000 9 536 8,39 A
UFBA, UFRJ, Fafeod, Cefet-MG, Ufop NORTE UFPA 144 888 17613 8,23 A
SUDESTE EFEI 12 500 2 206 5,67 A
(5 Ifes)
TOTAL 6 539 07 362 433 18,26
Grupo E: acima de 40 livros por aluno:
Esam, UnB (2 Ifes) NOTA:(1) D a d o s re fe re n te s a 1 9 9 0 , a p e n a s v o lu m e s d e liv ro s .

Fonte: PROBIB-MEC/SESU/DED, 199311.


Resumindo, 36 instituições estão aoaixo
da relação média de livros por aluno das
52 Ifes, que é de 18,26, conforme o con­
fronto de dados, em ordem decrescente,
na tabela 1.

Comissão composta pelos professores Kira Ta-


rapanoff, Wanda Paranhos, Maria Carmen Rom-
cy de Carvalho, Antonio Miranda e Leila Merca-
dante.

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