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O SMARTPHONE COMO POSSÍVEL FERRAMENTA NO ENSINO

DA MATEMÁTICA

Antonio Jorge Santana Teles1; Dionísio José da Costa Sá 2

Antonio Jorge Santana Teles (UNAMA) – antonioteles18@gmail.com

Dionísio José da Costa Sá (UNAMA) – dionisiosa69@gmail.com

Resumo
Este artigo visa demonstrar que ao utilizar ferramentas de ensino na concepção da
Etnomatemática e de Mobile Learning, usando o smartphone como instrumento principal de
ensino, com base em pesquisas bibliográficas em artigos, dissertações, pode-se gerar um
aperfeiçoamento no ensino da matemática, ocasionando melhor entendimento sobre o assunto
ministrado e fomentando maior interação, atenção, motivação entre os alunos e a disciplina.

Palavras-chave: Smartphone; ensino da matemática; Etnomatemática; Mobile Learning.

Introdução
As tecnologias móveis estão inseridas cada vez mais nos hábitos de vida da sociedade. O uso
dessa tecnologia nos leva a modificações em diversos âmbitos, seja social, econômico ou na
comunicação; não apenas em nossas tarefas do cotidiano, mas também em nossas conversas e
relacionamentos notamos a participação de mídias móveis, seja em espaços públicos ou
privados. Desta forma, o uso de um smartphone tornou-se necessidade, devido à vida atribulada
que muitas pessoas têm hoje, vindo para facilitar e tornar mais rápidas as trocas de informações
e diversas funções, com desempenhos cada vez melhores (FERREIRA, 2015).
Mesmo em meio a era da informação, a qual estamos vivenciando, a tecnologia ainda não é
utilizada abertamente em ambientes formais, como na educação, principalmente quando
relacionada ao uso do celular em âmbito escolar. Pois ainda hoje alguns profissionais da área
da educação enxergam o uso do smartphone como algo que incita a interdisciplinaridade e a
diminuição da capacidade de concentração do aluno em sala de aula (SERRA, 2014).
Porém, alguns autores já nos apresentam possibilidades observadas em sala de aula do
smartphone como ferramenta de auxílio para o aluno: “Muitos dos nossos estudantes, por
exemplo, utilizam a internet em sala de aula a partir de seus telefones para acessar plataformas
como o Google. Eles também utilizam as câmeras fotográficas ou de vídeo para registrar
momentos em sala de aula” (BORBA; SILVA; GADANIS, 2014, p.77). Sendo assim, verifica-
se que o uso do smartphone é elevado em sala de aula, porém não é utilizado pelos professores
como instrumento de ensino.
O uso do smartphone em sala de aula, também é tolhido, criticado e até mesmo proibido por lei
em algumas cidades do Brasil, como no Rio de Janeiro, Belém e Ceará, respectivamente com
as Leis 4734/2008, 7.269/2009 e 14.146/2008, todavia não é levado em conta o leque de
possibilidade que a utilização dessa ferramenta pode agregar em suas aulas, como a
aproximação da matemática no dia-a-dia dos estudantes, tornando-a algo mais acessível e
diminuindo a intolerância que muitos alunos tem sobre a matéria.
Segundo o professor Guerdes, “a Matemática parecia-lhes uma disciplina esotérica, pouco
interessante, e pouco útil para o desenvolvimento do país” (GUERDES, 2010, P8, grifos do
auto), tal qual isso percebe-se a necessidade da aproximação do conteúdo matemático com a
vida dos alunos, com base nos conceitos da Etnomatemática.
O smartphone atualmente funciona não somente como instrumento de comunicação, mas
também como porta para conhecer universos além de nossas mãos e do mundo físico, rompendo
as barreiras que o mesmo proporciona. Desta forma, este artigo busca apresentar algumas
possiblidades do uso do smartphone como ferramenta para o ensino da matemática.

Metodologia
O presente trabalho apresentou-se como critério de avaliação para a disciplina Tecnologia da
Informação e Comunicação no Ensino, onde por meio da prática e assuntos discutidos no
decorrer das aulas surgiu o interesse em pesquisar sobre o uso do smartphone no ambiente
escolar, especificadamente nas aulas de matemática. A pesquisa bibliográfica iniciou-se a partir
da análise de artigos encontrados em anais dos Encontros Nacionais de Educação Matemática,
realizado pela Sociedade Brasileira de Educação matemática – SBEM, buscando artigos que
utilizavam métodos de ensino a partir do uso de smartphone em sala de aula. Além de pesquisas
nas bases de dados do Google Acadêmico buscando dissertações, publicações em revistas e
outros artigos acadêmicos, com o mesmo embasamento. Foram excluídos artigos em outras
línguas e os que não utilizavam descritores dentre de “smartphone”, “matemática”, “ambiente
escolar”, “escola e uso do celular”.

Resultados e Discussão
Segundo Coutinho, o Smartphone é em tradução literal, um celular inteligente, que contém
recursos computacionais e que com o auxílio de seu Sistema Operacional, consegue realizar
diversas atividades do dia-a-dia além das funções básicas de um telefone. (COUTINHO,
Gustavo Leuzinger. 2014. 60 f.)
A tecnologia passou a fazer parte de maneira integral no nosso cotidiano, com isso gerou-se
vários estudos para a compreensão de smartphones como ferramenta de ensino, a qual se
concentra em uma área conceituada de Mobile Learning (m-learning) – Aprendizagem móvel.
Dentre as possibilidades do Mobile Learning o uso do celular é o mais considerado, pela
facilidade de disposição e popularidade entre os alunos. (FONSECA, v. 2 n. 2, 2013). Tal qual
isto, verifica-se que o uso do smartphone está se popularizando e aumentando na educação,
porém ainda não é utilizada de maneira abrasiva em sala de aula, principalmente quando
relacionado com a matemática.
A situação agrava mais quando considerado o fato de que em muitas cidades o uso do mesmo
ainda é proibido por lei, dificultando mais ainda a utilização do mesmo como uma ferramenta
de regular de ensino, sendo assim, mais um obstáculo que o professor que deseja utilizar essa
ferramenta de ensino deverá ultrapassar.
Para o professor Ubiratan D’Ambrosio, a Etnomatemática se define como a capacidade e
maneira que um grupo cultural específico consegue medir, conjecturar, averiguar, classificar,
ordenar e inferir conteúdos matemáticos que tem relações diretas ao seu contexto social.
(D’AMBROSIO, Ubiratan. 1988).
A Etnomatemática tenta minimizar a distância entre a matemática e o cotidiano do aluno,
fazendo uma melhor compreensão do aluno e utilização de conceitos matemática de forma mais
adequada. Com isso podemos verificar a importância da Etnomatemática para os alunos, os
quais buscam-se alcançar quando se utiliza o celular como ferramenta de ensino, visto que
segundo a Agência Brasil “O contingente de pessoas com 10 anos de idade ou mais que tinham
telefone celular para uso pessoal, em 2015, era de 139,1 milhões”, constatando que a maioria
dos estudantes brasileiros tem em seu cotidiano a prática constante do uso do smartphone.
Podendo este ser uma ferramenta de aproximação da matemática com a vida do aluno e também
deixando de ser visto como um apenas uma objeto que não melhora ativamente a educação.
Existe várias possibilidades do uso do celular em sala de aula, uma delas, utilizada pelo
professor doutorando em Ensino na Universidade do Vale do Taquari - UNIVATES, Brasil e
também doutorando em Educação pela Universidade de Lisboa, UL, Portugal, André
Gerstberger, que em sua dissertação de mestrado realizou uma prática em sala de aula com
estudantes do nono ano de um colégio público, utilizando o smartphone como ferramenta de
ensino, o mesmo empregou da câmera do celular para realizar medição de objetos a partir de
pontos de referência pré-estabelecidos. Percebe-se que no relato os quais os alunos deram, eles
se interessaram e demonstraram entusiasmo de maneira significativa, graças a didática diferente
utilizada pelo professor, demonstrando uma da várias vantagens que a utilizaçaõ do celular pode
trazer para os estudantes e para os educadores.
Outra forma de utilizar o smartphone é através de aplicativos para auxiliar na aprendizagem
matemática. Temos como exemplo o uso do GeoGebra, o qual é um software de distribuição
gratuita e que é possível sua utilização em celular, computador, tablet e notebook, é voltado
diretamente para o estudo de Álgebra e Geometria, que oferece várias ferramentas matemática
que podem auxiliar o ensino da matemática. Tal qual isto, verificamos que o leque de softwares
existente hoje em dia, os quais não são amplamentes divulgado e utilizados pelos professores e
alunos, deve ser mais manipulado em sala de aula, afim de fornecer meios para que os alunos
consigam desenvolver seu pensamento lógico matemático.
Tendo como alicerce o uso do programa GeoGebra, temos como base para reflexões a pesquisa
realizada pelos alunos do Laboratório de Pesquisa Multimeios da Faculdade de Educação da
Universidade Federal do Ceará, que realizaram uma pesquisa em uma escola pública de
Maranguape-CE, realizando oito aulas no laboratório da escola ensinando tópicos básicos de
Álgebra para os alunos, os quais foram submetidos de testes para verificação de aprendizagem,
percebe-se na vivência que o uso do programa gerou aprendizagem sobre os assuntos
ministrados, sendo estes não tão expressivos pois os docentes da escola ainda não dominavam
os métodos necessários para melhor processo de ensino aprendizagem. Porém, foi ressaltado
que, houve uma melhora nos comportamentos dos alunos, que constavam maior motivação e
concentração nas aulas de matemática.
Silva (2009) afirma que, o professor tem que, além de escolher adequadamente o software
utilizado e saber ter domínio sobre o mesmo, ter em mente quais os conceitos a serem ensinados,
o conhecimento sobre a usabilidade com os alunos. Para que com isso possa contornar qualquer
situação que apareça, consiga guiar seus alunos para que cheguem nos resultados que esperava
sobre o assunto ministrado com a ferramenta.

Conclusões
Desta forma, verificamos que o uso do Mobile Learning, pode gerar ótimos resultados se forem
utilizados em sala de aula e mesmo que seja pouco utilizado pelos docentes e até proibido em
algumas cidades do país, o uso do smartphone demonstra-se uma grande ferramenta no ensino
da matemática o qual deve ser cada vez mais explorado nas aulas de matemática. Tal qual os
resultados obtidos nas pesquisas bibliográficas, verificamos que os mesmos demonstram que
os alunos, ao utilizar de meios tecnológicos que já estejam habituados e que aproximem a
matemática do seu cotidiano, conseguem ter uma melhor compreensão dos assuntos
ministrados e demonstram interesse em novos métodos de ensino, fugindo da aula tradicional.
Confirmando assim que ao utilizar conceitos da Etnomatemática para criação de aulas não
tradicionais para os alunos, utilizando o smartphone como ferramenta de ensino pode ser um
ótimo meio para aproximar os alunos e assim melhorar o entendimento dos assuntos ensinados.

Agradecimentos
Agradeço a UNAMA pela oportunidade de fazer o curso que sempre sonhei, aos meus
professores, em especial ao Prof. Me. Dionísio Sá, que sempre me da forças e estimula meus
conhecimentos; aos meus amigos por sempre estarem ao meu lado; minha família e minha
noiva, por sempre me darem forças.

Referências

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uso dos smartphones no Brasil. 2014. 60 f., il. Monografia (Bacharelado em Comunicação
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D’AMBROSIO, Ubiratan. Etnomatemática se ensina? Bolema – Boletim de Educação


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GERDES, Paulus. Da Etnomatemática a arte-design e matrizes cíclicas. Belo Horizonte:


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