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Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os
Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, "Prosseguindo no julgamento, a
Turma, por maioria, rejeitar os embargos." Votou vencido o Sr. Ministro Leopoldo de Arruda
Raposo (Desembargador convocado do TJ/PE) (voto-vista).
Os Srs. Ministros Ribeiro Dantas e Joel Ilan Paciornik votaram com o Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Jorge Mussi.
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Superior Tribunal de Justiça
EDcl nos EDcl no RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 108.029 - DF
(2019/0028712-0)
RELATÓRIO
Aduz que "nada foi dito quanto à especificidade de haver o Min. Luís
Roberto Barroso, Relator do Inq 3113 no Supremo Tribunal Federal, conforme se vê às fls.
496/497, referir explicitamente a existência de passagens da denúncia que imputam a Jaqueline
Roriz o crime de corrupção passiva". No mais, afirma que "existe a franca possibilidade,
mesmo diante da capitulação pelo órgão acusatório no tipo do peculato, de que, mediante a
aplicação do art. 383 do Código de Processo Penal, a condenação dela se dê, ao final,
mediante nova definição jurídica do fato, pela prática da corrupção passiva, o que excluirá
qualquer possível violação ou inadequação à teoria monista".
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Superior Tribunal de Justiça
Afirma, também, que o não enfrentamento da questão, como posta pelo
Ministério Público Federal, viola o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal. No mais,
entende que o julgamento dos primeiros embargos permite o ajuizamento de reclamação
perante o Supremo Tribunal Federal, uma vez que se desrespeitou a autoridade da decisão
que recebeu a denúncia contra Jaqueline Roriz e "pronunciou a tipicidade dos fatos a ela
imputados, chegando mesmo a vislumbrar, como se disse, imputação coerente com a prática
de corrupção passiva – e, pois, capaz de dar ensejo a futura emendatio libelli (art. 383 do
Código de Processo Penal) que deslocasse a capitulação para o art. 317 do Código Penal –,
de tal maneira que, ao não se reconhecer tal possibilidade extraída da decisão do Supremo
Tribunal Federal, estar-se-á negando a autoridade dela (dessa decisão)".
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Superior Tribunal de Justiça
condenação por corrupção passiva na origem.
Dessa forma, entende que "a unificação de tratamento dada pelo Superior
Tribunal de Justiça neste habeas corpus, optando por trancar a ação penal contra o paciente
como se a capitulação dos fatos na denúncia e aditamento contra Jaqueline Roriz fosse
definitiva, invade, com a devida vênia, a competência do Juízo Criminal de primeiro grau, que,
em sentença, onde se dará a capitulação definitiva nas duas ações penais, pode fazer a
conciliação devida dos casos, com o que o acórdão embargado, se mantido, viola o art. 105
da Constituição Federal".
É o relatório.
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Superior Tribunal de Justiça
EDcl nos EDcl no RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 108.029 - DF
(2019/0028712-0)
VOTO
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Superior Tribunal de Justiça
3.113/DF.
Para que a inicial acusatória se mostre apta a dar início à ação penal, é
imprescindível que os elementos do tipo penal imputado estejam minimamente descritos, sob
pena de patente inépcia. Conforme já tive a oportunidade de me manifestar em outro caso,
"embora o réu se defenda dos fatos e não da capitulação legal a ele atribuída pelo Ministério
Público, mister a adequada compreensão da imputação, com a descrição de todos os
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Superior Tribunal de Justiça
elementos do tipo penal, sob pena de a defesa ter que se defender de conduta que nem ao
menos preenche adequadamente a tipicidade penal. Anoto que não se está a afirmar que
as condutas imputadas são atípicas, mas sim que o Ministério Público não se desincumbiu de
narrar todas as elementares do tipos penais, o que dificulta, sobremaneira, a ampla
defesa". (HC 485.791/SP, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado
em 07/05/2019, DJe 20/05/2019)
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observado o regramento legal, conforme expressamente ressalvado no acórdão embargado.
Nesse sentido:
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fundamentadas no acórdão embargado, já que não são cabíveis para provocar novo
julgamento da lide" (EDcl nos EDcl no AgInt nos EDcl no AREsp n. 1.076.319/MG, Rel.
Ministro LÁZARO GUIMARÃES, DJe 22/8/2018).
Em resumo:
É como voto.
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RIBEIRO DANTAS
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. MÔNICA NICIDA GARCIA
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MANOEL COSTA DE OLIVEIRA NETO
ADVOGADOS : ROBERTO PODVAL - SP101458
DANIEL ROMEIRO E OUTRO(S) - SP234983
LARISSA RODRIGUES PETTENGILL - SP405151
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
CORRÉU : DURVAL BARBOSA RODRIGUES
CORRÉU : JOSÉ ROBERTO ARRUDA
ADVOGADO : NÉLIO ROBERTO SEIDL MACHADO - RJ023532
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Praticados por Funcionários Públicos Contra a Administração em
Geral - Corrupção passiva
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMBARGADO : MANOEL COSTA DE OLIVEIRA NETO
ADVOGADOS : ROBERTO PODVAL - SP101458
DANIEL ROMEIRO E OUTRO(S) - SP234983
LARISSA RODRIGUES PETTENGILL - SP405151
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Após o voto do Sr. Ministro Relator rejeitando os embargos, pediu vista,
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Superior Tribunal de Justiça
antecipadamente, o Sr. Ministro Felix Fischer."
Aguardam os Srs. Ministros Ribeiro Dantas e Jorge Mussi.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Joel Ilan Paciornik.
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RIBEIRO DANTAS
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. HUGO GUEIROS BERNARDES FILHO
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MANOEL COSTA DE OLIVEIRA NETO
ADVOGADOS : ROBERTO PODVAL - SP101458
DANIEL ROMEIRO E OUTRO(S) - SP234983
LARISSA RODRIGUES PETTENGILL - SP405151
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
CORRÉU : DURVAL BARBOSA RODRIGUES
CORRÉU : JOSÉ ROBERTO ARRUDA
ADVOGADO : NÉLIO ROBERTO SEIDL MACHADO - RJ023532
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Praticados por Funcionários Públicos Contra a Administração em
Geral - Corrupção passiva
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMBARGADO : MANOEL COSTA DE OLIVEIRA NETO
ADVOGADOS : ROBERTO PODVAL - SP101458
DANIEL ROMEIRO E OUTRO(S) - SP234983
LARISSA RODRIGUES PETTENGILL - SP405151
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, acolheu requerimento de prorrogação do prazo para proferir
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Superior Tribunal de Justiça
voto-vista, nos termos do art. 162, § 1º, do RISTJ."
Aguardam os Srs. Ministros Jorge Mussi, Ribeiro Dantas e Joel Ilan Paciornik.
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RIBEIRO DANTAS
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOÃO PEDRO DE SABOIA BANDEIRA DE MELLO FILHO
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MANOEL COSTA DE OLIVEIRA NETO
ADVOGADOS : ROBERTO PODVAL - SP101458
DANIEL ROMEIRO E OUTRO(S) - SP234983
LARISSA RODRIGUES PETTENGILL - SP405151
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
CORRÉU : DURVAL BARBOSA RODRIGUES
CORRÉU : JOSÉ ROBERTO ARRUDA
ADVOGADO : NÉLIO ROBERTO SEIDL MACHADO - RJ023532
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Praticados por Funcionários Públicos Contra a Administração em
Geral - Corrupção passiva
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMBARGADO : MANOEL COSTA DE OLIVEIRA NETO
ADVOGADOS : ROBERTO PODVAL - SP101458
DANIEL ROMEIRO E OUTRO(S) - SP234983
LARISSA RODRIGUES PETTENGILL - SP405151
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
QUESTÃO DE ORDEM:
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 23 de 11
Superior Tribunal de Justiça
"A Turma, por unanimidade, acolheu requerimento de prorrogação do prazo para proferir
voto-vista."
Os Srs. Ministros Ribeiro Dantas, Joel Ilan Paciornik, Leopoldo de Arruda Raposo
(Desembargador convocado do TJ/PE) e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator.
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 24 de 11
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. LUCIANO MARIZ MAIA
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MANOEL COSTA DE OLIVEIRA NETO
ADVOGADOS : ROBERTO PODVAL - SP101458
DANIEL ROMEIRO E OUTRO(S) - SP234983
LARISSA RODRIGUES PETTENGILL - SP405151
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
CORRÉU : DURVAL BARBOSA RODRIGUES
CORRÉU : JOSÉ ROBERTO ARRUDA
ADVOGADO : NÉLIO ROBERTO SEIDL MACHADO - RJ023532
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Praticados por Funcionários Públicos Contra a Administração em
Geral - Corrupção passiva
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMBARGADO : MANOEL COSTA DE OLIVEIRA NETO
ADVOGADOS : ROBERTO PODVAL - SP101458
DANIEL ROMEIRO E OUTRO(S) - SP234983
LARISSA RODRIGUES PETTENGILL - SP405151
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
QUESTÃO DE ORDEM:
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 25 de 11
Superior Tribunal de Justiça
" A Turma, por unânimidade, deferiu o pedido de adiamento do julgamento, a realizar-se
às 14h do dia 26 de novembro de 2019 (terça-feira), na sala de sessão desta Quinta Turma."
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 26 de 11
Superior Tribunal de Justiça
EDcl nos EDcl no RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 108.029 - DF
(2019/0028712-0)
VOTO-VISTA
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 27 de 11
Superior Tribunal de Justiça
Destacou, em especial, que "a decisão desse Egrégio Superior Tribunal de
Justiça, [...] acabou por resultar em desrespeito à autoridade da decisão do Supremo
Tribunal Federal, a permitir eventual e futura impetração de reclamação ao Pretório
Excelso pela Procuradoria Geral da República [...] É que a Suprema Corte, ao receber
a denúncia contra JAQUELINE RORIZ, pronunciou a tipicidade dos fatos a ela
imputados, chegando mesmo a vislumbrar, como se disse, imputação coerente com a
prática de corrupção passiva – e, pois, capaz de dar ensejo a futura emendatio libelli
(art. 383 do Código de Processo Penal) que deslocasse a capitulação para o art. 317 do
Código Penal –, de tal maneira que, ao não se reconhecer tal possibilidade extraída da
decisão do Supremo Tribunal Federal, estar-se-á negando a autoridade dela (dessa
decisão)" (fl. 942).
Por fim, o julgado recorrido "optando por trancar a ação penal contra o
paciente como se a capitulação dos fatos na denúncia e aditamento contra JAQUELINE
RORIZ fosse definitiva, invade, com a devida vênia, a competência do Juízo Criminal de
primeiro grau, que, em sentença, onde se dará a capitulação definitiva nas duas ações
penais, pode fazer a conciliação devida dos casos, com o que o acórdão embargado, se
mantido, viola o art. 105 da Constituição Federal" (fl. 944).
Decido.
Por fim, alegara que não poderia ter, contra si, imposta a elementar
correspondente à condição pessoal exclusiva da esposa. Tudo, com base no art. 30 do
Código Penal, uma vez que JAQUELINE foi denunciada por peculato, e amparo na teoria
monista da ação.
Pois bem.
Inicialmente, sobre a capitulação na denúncia, não se pode olvidar que este eg.
Tribunal Superior admite o concurso de agentes entre funcionários públicos (ou equiparados) e
terceiros, desde que estes tenham ciência da condição pessoal daqueles, quando elementar do
crime.
Quanto ao in dubio pro societate, notório que esta eg. Corte Superior, em
incontáveis julgados, considerou o trancamento da ação penal medida excepcionalíssima.
Vejamos:
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 34 de 11
Superior Tribunal de Justiça
Diante disso, apenas porque capitulações diversas (mas ambas plenamente
viáveis) foram ofertadas nas duas ações penais em face de réus diferentes, as quais
tramitavam (até há pouco tempo) em Tribunais distintos e foram promovidas por Membros do
Ministério Público funcionalmente independentes, isso não torna a denúncia de uma delas
inepta, tampouco alternativa (como alegado pela d. Defesa).
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 35 de 11
Superior Tribunal de Justiça
Portanto, tratando-se de réus diferentes e também diante de todas as demais
peculiaridades concretas narradas, não há falar em denúncia alternativa.
Adiante, o mesmo doutrinador (NUCCI, 2011) explica que "o acusado terá a
ampla defesa assegurada desde que os fatos, com todas as circunstâncias que os
envolvem, estejam bem descritos na denúncia" e exemplifica: "Se o promotor denuncia
um roubo quanto aos fatos narrados, mas o classifica, indevidamente, no art. 155 do
Código Penal, que cuida do furto, a denúncia não é inválida, nem prejudica o correto
desenvolvimento do processo" (NUCCI, G. S. Código de Processo Penal Comentado.
São Paulo. Ed. Rev. dos Tribunais, 2011, p. 164-165, grifei).
I. SÍNTESE DA IMPUTAÇÃO
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 37 de 11
Superior Tribunal de Justiça
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, no qual o ex-Secretário revelou a
existência e o funcionamento de uma organização criminosa então instalada no
Governo do Distrito Federal.
Narrou o depoente que a organização criminosa era chefiada pelo ora
denunciado José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito Federal, e seu vice, Paulo
Octávio, e contava com a relevante participação de diversos Secretários de Estado,
Deputados Distritais, servidores públicos e empresários.
Além de descrever com riqueza de detalhes o funcionamento da
organização criminosa, o ex-Secretário Durval Barbosa entregou diversas provas que
corroboram suas afirmações, culminando com a deflagração da Operação Caixa de
Pandora e, consequentemente, com a ampla comprovação de diversos fatos criminosos e
com a produção de farto material probatório quanto à existência da organização
criminosa.
Dentre os diversos episódios criminosos descortinados pelo denunciado -
colaborador, ficou evidenciado o pagamento de propina a vários Deputados Distritais,
candidatos e representantes partidários em troca de apoio político. Além de detalhado
depoimento, Durval Barbosa, na condição de colaborador da Justiça, entregou diversos
vídeos que comprovam o esquema criminoso.
A presente ação tem por objeto, especificamente, o recebimento de
vantagem indevida por Manoel Neto, juntamente com sua esposa, Jaqueline Roriz,
paga pelo então Secretário de Estado Durval Barbosa, a mando de José Roberto
Arruda.
1- DA CAPITULAÇÃO JURÍDICA
Diante de todo o exposto, peço vênia para divergir dos r. votos anteriores, para
ACOLHER in totum os atuais EMBARGOS ACLARATÓRIOS nos EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO no RECURSO ORDINÁRIO, de forma a suprir a omissão
apontada, com efeitos infringentes, para votar no sentido de julgar o recurso ordinário em
habeas corpus DESPROVIDO.
É o voto.
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 42 de 11
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RIBEIRO DANTAS
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. MÔNICA NICIDA GARCIA
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MANOEL COSTA DE OLIVEIRA NETO
ADVOGADOS : ROBERTO PODVAL - SP101458
DANIEL ROMEIRO E OUTRO(S) - SP234983
LARISSA RODRIGUES PETTENGILL - SP405151
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
CORRÉU : DURVAL BARBOSA RODRIGUES
CORRÉU : JOSÉ ROBERTO ARRUDA
ADVOGADO : NÉLIO ROBERTO SEIDL MACHADO - RJ023532
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Praticados por Funcionários Públicos Contra a Administração em
Geral - Corrupção passiva
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMBARGADO : MANOEL COSTA DE OLIVEIRA NETO
ADVOGADOS : ROBERTO PODVAL - SP101458
DANIEL ROMEIRO E OUTRO(S) - SP234983
LARISSA RODRIGUES PETTENGILL - SP405151
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Após o voto do Sr. Ministro Relator rejeitando os embargos de declaração e o voto-vista
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 43 de 11
Superior Tribunal de Justiça
antecipado do Sr. Ministro Leopoldo de Arruda Raposo acolhendo os embargos de declaração,
com efeitos infringentes, pediu vista regimental (vista coletiva) o Sr. Ministro Relator Reynaldo
Soares da Fonseca."
Aguarda o Sr. Ministro Ribeiro Dantas.
Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Jorge Mussi e Joel Ilan Paciornik.
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 44 de 11
Superior Tribunal de Justiça
EDcl nos EDcl no RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 108.029 - DF
(2019/0028712-0)
ADITAMENTO AO VOTO
Diante do resultado proposto por Sua Excelência, pedi vista regimental, uma
vez que considero relevante destacar, em um primeiro momento, que, embora os efeitos
infringentes sejam, de fato, plenamente admitidos no julgamento de embargos de declaração, é
imprescindível a efetiva demonstração da existência de um dos vícios constantes do art. 619
do Código de Processo Penal - ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão.
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 45 de 11
Superior Tribunal de Justiça
declaração para alterar o entendimento proferido no julgamento do Recurso em Habeas
Corpus, sob pena de afronta ao art. 619 do Código de Processo Penal pela própria Corte
responsável pela higidez do ordenamento infraconstitucional, com reversão do julgado em
desfavor do acusado.
A propósito:
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 46 de 11
Superior Tribunal de Justiça
No mesmo sentido:
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 52 de 11
Superior Tribunal de Justiça
Em meu voto, esclareci que, nos primeiros embargos opostos, o Parquet
Federal apontou apenas as seguintes omissões:
No mesmo diapasão:
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 54 de 11
Superior Tribunal de Justiça
4. O fato de a acusada não ser funcionária pública não impede que
seja denunciada pela prática de peculato, se, consciente dos atos
praticados pelos supostos autores do crime, é beneficiada pela
apropriação ou pelo desvio.
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 55 de 11
Superior Tribunal de Justiça
Relevante consignar, outrossim, que o trancamento da ação penal ocorreu
por inépcia da denúncia e não por ausência de justa causa, motivo pelo qual não há se falar
em in dubio pro societate. Ademais, a possibilidade de emendatio libelli foi efetivamente
analisada, consignando-se que referido instituto não autoriza a manutenção de denúncia que
não traz a correta tipicidade do crime por manifesto erro jurídico, e não por mera
divergência a respeito da adequada tipificação.
A propósito:
A propósito:
Ficou consignado, ainda, em meu voto, que "o trancamento da ação penal,
por inépcia da inicial acusatória, não revela, por óbvio, 'cerceamento do direito de acusar',
conforme afirma o embargante, pois se trata de hipótese em que pode ser apresentada nova
denúncia, desde que observado o regramento legal, conforme expressamente ressalvado no
acórdão embargado".
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 57 de 11
Superior Tribunal de Justiça
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 58 de 11
Superior Tribunal de Justiça
Federal revela verdadeiro rejulgamento do mérito do recurso em habeas corpus, modificando
anterior entendimento proferido pela Quinta Turma à unanimidade, situação não albergada
pelos estreitos limites devolutivos dos aclaratórios.
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 59 de 11
Superior Tribunal de Justiça
proferido no Supremo Tribunal Federal, permanece a inépcia da denúncia, uma vez que
imputa crime funcional a quem não ostenta referida qualidade, em concurso com corré
que também não ostenta esta qualidade, conforme consta expressamente da ementa do
acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal, que recebeu a denúncia contra a corré
(e-STJ fl. 779):
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 60 de 11
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RIBEIRO DANTAS
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MÁRIO FERREIRA LEITE
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MANOEL COSTA DE OLIVEIRA NETO
ADVOGADOS : ROBERTO PODVAL - SP101458
DANIEL ROMEIRO E OUTRO(S) - SP234983
LARISSA RODRIGUES PETTENGILL - SP405151
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
CORRÉU : DURVAL BARBOSA RODRIGUES
CORRÉU : JOSÉ ROBERTO ARRUDA
ADVOGADO : NÉLIO ROBERTO SEIDL MACHADO - RJ023532
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Praticados por Funcionários Públicos Contra a Administração em
Geral - Corrupção passiva
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMBARGADO : MANOEL COSTA DE OLIVEIRA NETO
ADVOGADOS : ROBERTO PODVAL - SP101458
DANIEL ROMEIRO E OUTRO(S) - SP234983
LARISSA RODRIGUES PETTENGILL - SP405151
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo no julgamento, a Turma, por maioria, rejeitou os embargos."
Documento: 1841091 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 61 de 11
Superior Tribunal de Justiça
Votou vencido o Sr. Ministro Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador convocado
do TJ/PE) (voto-vista).
Os Srs. Ministros Ribeiro Dantas e Joel Ilan Paciornik votaram com o Sr. Ministro
Relator.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Jorge Mussi.
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