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DEREK PRINCE

Moldando a História
com
Oração e Jejum

As ferramentas simples, mas poderosas


que precisa para ter um impacto
sobre o destino das nações

DEREK PRINCE PORTUGAL

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Moldando a História
com
Oração e Jejum

As ferramentas simples, mas poderosas


que precisa para ter um impacto
sobre o destino das nações

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Ficha técnica

Copyricht © 2018 Derek Prince Portugal


Tradução portuguesa: Moldando a História com Oração e Jejum
Originalmente publicado com o título: Shaping History Through Prayer and
Fasting © 1973, 2002 by Derek Prince Ministries–International

Autor: Derek Prince


Tradução/correção: Conceicão Cabral
Redação: Christina van Hamersveld
Desenho da capa: Derek Prince Portugal
Publicado pelo: Derek Prince Portugal

ISBN: 978-989-8501-35-6

Endereço para contacto:

Derek Prince Portugal


Caminho Novo Lote X
9700-360 Feteira AGH

Tel.: (+351) 295 663738


Telm.: (+351) 927992157

E-mail: derekprinceportugal@gmail.com

Blog: www.derekprinceportugal.blogspot.pt

A versão bíblica usada neste livro é: Almeida Corrigida Revisada Fiel, sempre
que não seja mencionada informação contrária.

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ÍNDICE

Prefácio...............................................................................................................6

Uma Proclamação Presidencial Para Um Dia Nacional de Jejum e Oração......8

Introdução..........................................................................................................10

1. O Sal da Terra...........................................................................................12

2. Um Reino de Sacerdotes..........................................................................20

3. Orando Pelo Nosso Governo....................................................................27

4. Os Governantes São Agentes de Deus....................................................33

5. Vendo a História Moldada Pela Oração....................................................40

6. O Jejum Intensifica a Oração....................................................................53

7. O Jejum Traz Libertação e Vitória.............................................................61

8. O Jejum Prepara Para a Chuva Serôdia de Deus….................................69

9. Orientações Práticas Para o Jejum...........................................................77

10. Colocando Um Fundamento Através do Jejum.........................................85

11. Os Jejuns Proclamados na História Americana........................................92

12. A Culminação: A Igreja Gloriosa...............................................................99

Sobre o Autor...................................................................................................107

Sobre Derek Prince Portugal………………………………………………………108

Outros livros por Derek Prince em português……………………………………109

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Prefácio de

Moldando a História com Oração e Jejum

Eu era um jovem, na casa dos vinte anos, quando me converti. Em 1984, um


rapaz da nossa igreja, deu-me um livro de Derek Prince, Moldando a História
com Oração e Jejum. Eu andava verdadeiramente buscando a Deus, e estava
começando a explorar, o que era essa coisa do jejum. E quando esse livro
apareceu, acendeu um fogo no meu coração. De vez em quando, nós lemos um
livro, que simplesmente explode no nosso coração, e tudo no nosso DNA se
encaixa no DNA daquele livro. Para mim, esse livro foi: Moldando a História com
Oração e Jejum.

Este livro mexeu comigo, em dois níveis diferentes. Primeiro, o ensinamento


ajudou-me a ter uma melhor perceção dos elementos práticos do jejum. Mas
ainda mais importante, as partes deste livro, nas quais Derek Prince conta as
suas próprias histórias, de como o jejum e a oração mudaram a história, puseram
um fogo no meu coração. Este é o anseio do meu próprio coração: Eu quero ver
a igreja liderar o desfile da história.

Depois de ler Moldando a História com Oração e Jejum, eu comecei a jejuar (com
outros na nossa igreja), e vi um impacto imediato em termos de pessoas sendo
salvas e libertas. Então, Deus abriu a porta para a cidade de Pasadena.
Acabamos por ter, vários anos depois, um derramamento do Espírito Santo que
durou três anos – que eu creio, estava diretamente relacionado ao jejum – onde
dezenas de milhares de pessoas, entraram pelas nossas portas, e foram
poderosamente tocadas pelo poder de Deus. Em 1994, através de um encontro
com um grupo de crianças Tailândesas, o Espírito Santo foi derramado de novo,
e um movimento soberano de oração, com jovens, começou ao redor da nação.
Então, em 1996 tive um sonho, no qual o Senhor me dirigiu na entrega de uma
mensagem do livro de Joel à nação: Chame os jovens da América para o jejum
e oração.

Continuamos a ter ajuntamentos em 1997, 1998, e 1999 que cresceu até 4.500
jovens reunidos, durante três a cinco dias de jejum e oração. Ultimamente, o
“The Call” (o Chamado), surgiu de uma visão profética que recebemos do
“Promise Keepers”(“Daqueles que cumprem as suas Promessas”): os corações
dos pais voltando para os filhos. Começamos a proclamar que os jovens iriam
para Washington, D.C., para jejuar e orar como algo equivalente às reuniões do
“Promise Keepers”, e que seria um sinal, que a nação se se estava voltando para
Deus. E o livro: Moldando a História com Oração e Jejum, estava por trás de
tudo. Durante todo esse processo, esse foi o meu livro didático.

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Em 1999, encontrei-me com Derek na Flórida. O meu principal alvo era
simplesmente agradecer-lhe, e honrar um pai que tinha abençoado o filho, e
apenas dizer-lhe que eu estava tão grato pela revelação que ele nos tinha dado
através do seu ensino. Oramos juntos e choramos juntos. Para mim foi um
momento histórico, e eu estava muito grato.

Vivemos numa cultura que é tão resistente a Deus, e ao Seu Espírito, que eu
creio que a geração de hoje precisa das armas do jejum e oração, para
simplesmente sobreviver. No capitulo 6, Derek fala sobre como o jejum humilha
a nossa alma – a parte em nós que exige que seja do nosso jeito – e dá forças
ao homem espiritual. Eu preciso disto! Tenho visto isto funcionando na minha
própria vida.

Porque eu creio que Derek é um dos melhores mestres da igreja, eu quero


colocar o livro: Moldando a História com Oração Jejum, nas mãos de cada
verdadeiro jovem cristão. É um livro para o fim dos tempos. Os jovens precisam
entender que o jejum é uma maneira ordenada por Deus, de tomar posse dos
tesouros do céu.

Enquanto lê este livro, aproveite essas verdades, e coloque-as em prática no seu


caminhar com Deus. E permita que os relatos de como o jejum e a oração
afetaram os destinos das nações, o inspire a fazer o mesmo.

Lou Engle

The Call

Pasadena, Califórnia

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Pelo Presidente dos

Estados Unidos da América:

A Proclamação

Para um Dia de Humilhação Nacional

Jejum e Oração

Considerando que o Senado dos Estados Unidos, devotamente reconhece a


Suprema Autoridade e Justo Governo do Deus Todo-Poderoso, em todos os
afazeres do homem e das nações, tem, por resolução, sido requerido ao
Presidente para designar e separar um dia, para oração e humilhação
Nacional.

E, considerando que é o dever das nações, assim como do homem,


reconhecer a sua dependência do superior poder de Deus, de confessar os
seus pecados e transgressões, em humilde contrição, contudo com
assegurada confiança, que o genuíno arrependimento, conduzirá a
misericórdia e perdão; e reconhecer a sublime verdade, anunciada nas
Sagradas Escrituras e provada por toda a história, que somente são
abençoadas as nações, cujo Deus é o Senhor.

E, pelo facto de sabermos que, pela Sua divina lei, nações, assim como
indivíduos. estão sujeitos a passar neste mundo por castigos e correções,
será que não tememos justamente, que a terrível calamidade da guerra
civil, que agora devasta a terra, possa ser um castigo imposto sobre nós,
pelo nosso pecado de presunção, para o necessário objetivo da nossa
reforma nacional, como povo no seu todo? Nós temos sido os recipientes
das melhores bênçãos dos Céus. Nós temos sido preservados, todos esses
anos, em paz e prosperidade. Temos crescido em número, riqueza, e poder
como nenhuma outra nação. Mas temos esquecido de Deus. Temos
esquecido a graciosa mão, que nos preservou em paz, e nos multiplicou,
enriqueceu e fortaleceu; e nós temos em vão imaginado, no engano dos
nossos corações, que todas essas bênçãos foram produzidas por alguma
sabedoria e virtude superior, nossa. Intoxicados pelo permanente sucesso,
tornamo-nos auto-suficiente demais para sentirmos a necessidade da

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graça redentora e preservadora, orgulhosos demais para orarmos ao
Deus que nos fez! É conveniente então, que nós, nos humilhemos diante do
Poder ofendido, confessemos os nossos pecados nacionais, e oremos por
clemência e perdão.

Portanto, agora, em conformidade com o pedido, e plena concordância


nas posições do Senado, faço, a minha proclamação; designo e separo a
quinta-feira, dia 30 de abril de 1863, como um dia de humilhação nacional,
jejum e oração. Eu, por este meio, peço que todo o Povo se abstenha, neste
dia, das suas atividades seculares, e se reúna nos seus vários lugares
públicos de adoração e nas suas respetivas casas, guardando esse dia
santo ao Senhor, e consagrado ao humilde desempenho das tarefas
religiosas apropriadas a esta solene ocasião.

Que tudo isso seja feito, com sinceridade e em verdade, para então
descansarmos humildemente na esperança autorizada pelos
ensinamentos Divinos, que o clamor unido da Nação, será ouvido no alto,
e respondido com bênçãos, sobretudo o perdão dos nossos pecados
nacionais, e a restauração do nosso dividido e sofrido país, à sua anterior
condição de unidade e paz.

Em testemunha disto, eu coloquei minha mão, e fiz com que o selo dos
Estados Unidos fosse afixado.

Feito na cidade de Washington, no dia treze de Março do ano de mil


oitocentos e sessenta e três, e nos oitenta e sete anos da Independência dos
Estados Unidos.

Pelo Presidente: Abraham Lincoln

William H. Seward , Secretário de Estado

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Introdução

A PROCLAMAÇÃO

Esta proclamação está preservada na Biblioteca do Congresso como Anexo


nº.19 no volume 12 dos Estados Unidos em geral. Foi iniciada por uma resolução
do Senado dos Estados Unidos, e foi oficialmente declarada pelo presidente
Lincoln em 30 de março de 1863.

A sua mensagem contém dois temas relacionados, que apelam à nossa


consideração cuidadosa.

Primeiro, a proclamação reconhece as bênçãos únicas desfrutadas pelos


Estados Unidos, mas sugere que essas mesmas bênçãos trouxeram uma atitude
de orgulho e auto-suficiência, que são as causas de uma grave crise nacional.
Algumas das frases usadas poderiam aplicar-se com igual força à condição da
nação, hoje: “Nós crescemos em número, riqueza e poder como nenhuma outra
nação jamais cresceu... Nós imaginámos presumidamente, na falsidade dos
nossos corações, que todas essas bênçãos foram produzidas por alguma
sabedoria superior e virtude própria... Tornámo-nos demasiadamente auto-
suficientes... orgulhosos demais para orar ao Deus que nos criou!”

Em segundo lugar, a proclamação reconhece inequivocamente “o poder


supremo de Deus” nos assuntos de homens e nações. Isso indica que por trás
das forças políticas, económicas e militares da história, existem divinas leis
espirituais em ação; e que, reconhecendo e submetendo-se a essas leis, uma
nação pode mudar o seu destino, evitando a ameaça de desastre e recuperando
a verdadeira paz e prosperidade. Em particular, a proclamação estabelece uma
maneira específica e prática pela qual uma nação pode invocar em seu próprio
nome “o poder supremo de Deus” - isto é, na união em oração e jejum.

O autor desta proclamação, Abraham Lincoln, é geralmente considerado, tanto


por Americanos como pelo mundo em geral, como um dos mais astutos e
esclarecidos presidentes americanos. Ele era um homem de fé sincera e
convicções profundas, mas nunca procurou ser membro de nenhuma das
denominações cristãs da sua época. Em nenhum sentido ele poderia ser
considerado desequilibrado ou extremo nas suas visões religiosas. Além disso,
essa proclamação não era meramente o produto das convicções privadas de
Lincoln. Foi solicitada por uma resolução de todo o Senado dos Estados Unidos.

Como devemos avaliar as convicções profundas e unânimes dos homens deste


calibre? Devemos descartá-los como irrelevantes ou desatualizados? Fazer isso
seria meramente a marca do preconceito irracional.

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Pelo contrário, devemos a nós mesmos dar uma consideração honesta e
cuidadosa a esta proclamação e as questões que ela levanta. Existe um Poder
divino que se sobreponha aos destinos das nações? Esse poder pode
efetivamente ser invocado pela oração e pelo jejum?

É ao exame dessas questões que este livro é dedicado. Uma resposta será
oferecida a partir de quatro fontes principais: primeiro, o ensino das Escrituras;
segundo, eventos da história mundial durante ou após a Segunda Guerra
Mundial; terceiro, os anais da história americana; quarto, registos da experiência
pessoal no reino da oração e do jejum.

Derek Prince

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Capítulo 1

O Sal da Terra
“ Vocês são o sal da terra ”
(Mateus 5:13)

Jesus está falando com os Seus discípulos – com todos nós, isso é, todos
aqueles que reconhecem a autoridade do Seu ensino. Ele compara a nossa
função na terra com a do sal. O seu significado torna-se claro quando
consideramos duas utilidades familiares do sal em relação à comida.

O Sal dá Sabor

Em primeiro lugar, o sal dá sabor. Uma comida que não está apetitosa torna-se
saborosa e aceitável quando temperada com sal. Em Jó 6:6, isso é colocado na
forma de uma pergunta retórica: “Ou comer-se-á sem sal o que é insípido?” É a
presença do sal que faz a diferença, fazendo-nos saborear a comida que de
outro modo rejeitaríamos comer. Como cristãos, a nossa função é dar sabor à
terra. Quem desfruta desse sabor é Deus. A nossa presença torna a terra
aceitável para Deus. A nossa presença valida a terra para receber a misericórdia
de Deus. Sem nós, não haveria nada para tornar a terra aceitável para Deus.
Mas porque estamos aqui, Deus continua a lidar com a terra com graça e
misericórdia ao invés de ira e julgamento. É a nossa presença que faz a
diferença.

Este princípio é claramente ilustrado no relato da intercessão de Abraão em favor


de Sodoma, como registado em Gênesis 18:16-33. O Senhor tinha dito a Abraão
que Ele estava a caminho de Sodoma para ver se a maldade da cidade tinha
chegado ao ponto em que o julgamento não poderia ser evitado. Abraão então
caminhou com o Senhor no caminho para Sodoma e argumentou com Ele sobre
os princípios do Seu julgamento.

Primeiro, Abraão estabeleceu um princípio que é a base para tudo que vem em
seguida: nunca é a vontade de Deus que o julgamento devido ao ímpio venha
sobre o justo. “Destruirás também o justo com o ímpio?” (v. 23) perguntou
Abraão. “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o
justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (v.
25)

O Senhor deixou claro na conversa subsequente que Ele aceitou o princípio


fixado por Abraão. Quão importante é que todos os crentes entendam isso! Se
nós tornamo-nos justos pela fé em Cristo, e se nós estamos vivendo de tal
maneira que verdadeiramente expressa a nossa fé, então nunca é da vontade
de Deus que sejamos incluídos nos julgamentos que Ele traz sobre o ímpio.

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Infelizmente, os cristãos muitas vezes não entendem isso porque falham em
distinguir entre duas situações que externamente podem parecer similares, mas
que na realidade são completamente diferentes em natureza e causa. De um
lado, existe a perseguição pela causa da justiça. De outro lado, existe o
julgamento de Deus sobre o ímpio. A diferença entre essas duas situações é
apresentada pelas seguintes declarações contrastantes: a perseguição vem do
ímpio sobre o justo; mas o julgamento vem de Deus, que é justo, sobre o ímpio.
Desta maneira, a perseguição por causa da justiça e o julgamento pela
impiedade são opostos entre si, nas suas origens, nos seus propósitos e
resultados.

A Bíblia alerta-nos que os cristãos devem esperar sofrer perseguição. No


Sermão da Montanha, Jesus disse aos Seus discípulos: “Bem-aventurados os
que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo,
disserem todo o mal contra vós por minha causa.” (Mateus 5:10-11). Paulo
escreve da mesma maneira a Timóteo: “E também todos os que piamente
querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” (2 Timóteo 3:12).
Portanto os cristãos devem estar preparados para sofrer perseguição por sua fé
e sua maneira de viver, e até considerar isso como um privilégio.

Entretanto, da mesma maneira, os cristãos nunca devem ser incluídos nos


julgamentos de Deus sobre o ímpio. Esse princípio é declarado muitas vezes nas
Escrituras. Em 1Coríntios 11:32, Paulo escreveu aos seus companheiros
crentes, e ele disse: “Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo
Senhor, para não sermos condenados com o mundo.”. Isso demonstra que existe
uma diferença entre o lidar de Deus com os crentes e o Seu lidar com o mundo.
Como crentes, nós podemos esperar que experimentaremos a correção de
Deus. Se submetermos a correção e indireitarmos a nossa vida, então não
estaremos sujeitos aos julgamentos que vem sobre os incrédulos, ou o mundo
em geral. O principal propósito da disciplina de Deus sobre nós, os crentes, é
para preservar-nos de passar pelos Seus julgamentos sobre os incrédulos.

Em Salmos 91:7-8, o salmista dá essa promessa ao crente: “Mil cairão ao teu


lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti. Somente com os teus olhos
contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.”. Aqui, mais uma vez se
verifica o mesmo princípio. Qualquer julgamento que vem como “a recompensa
do ímpio” (o que o ímpio justamente merece) nunca deve cair sobre o justo. Não
importa se Deus atinge o ímpio de todos os lados, o justo no meio de tudo isso
não será prejudicado.

Em Êxodo, nos capítulos 7 a 12, é registado que Deus trouxe dez julgamentos
de uma severidade crescente sobre os Egípcios, porque eles recusaram ouvir
os Seus profetas Moisés e Arão. Ao longo de todo este tempo, o povo de Deus
habitou no meio do Egito, mas nenhum dos dez julgamentos os tocou. Em Êxodo
11:7, a razão é declarada claramente: “Mas entre todos os filhos de Israel nem
mesmo um cão moverá a sua língua, desde os homens até aos animais, para
que saibais que o Senhor fez diferença entre os egípcios e os israelitas.” O
julgamento não veio sobre Israel porque o Senhor “fez diferença” entre o Seu

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próprio povo e o povo do Egito. Até mesmo os cães do Egito tinham que
reconhecer a diferença! E a diferença é válida até aos nossos dias.

Continuando a sua conversa com o Senhor em relação a Sodoma, Abraão tenta


determinar a menor quantidade de pessoas justas necessárias para preservar
toda a cidade, do julgamento. Ele começou com cinquenta. Então com uma
combinação notável de reverência e perseverança, ele chega à marca de dez. O
Senhor finalmente garante a Abraão que se ele achasse somente dez pessoas
justas em Sodoma, Ele preservaria toda a cidade por causa daqueles dez.

Qual era a população de Sodoma? Seria difícil chegar a uma estimativa exata.
Entretanto, existem estimativas disponíveis para algumas outras cidades da
antiga Palestina, o que dá um padrão de comparação. Nos dias de Abraão, as
muralhas de Jericó incluíam uma área de mais ou menos dois ou três hectares.
Isso proveria um espaço para habitação de no mínimo cinco mil pessoas ou no
máximo dez mil. Mas Jericó não era uma grande cidade pelos padrões daqueles
dias. A maior cidade daquele período era Hazor, a qual cobria mais ou menos
70 hectares e tinha uma população estimada entre quarenta e cinquenta mil.
Mais tarde, no período de Josué, ficamos sabendo que a população total de Ai
era de doze mil pessoas (Josué 8:25). O registo da Bíblia aparenta indicar que
Sodoma era uma cidade mais importante, em seus dias, do que Ai.

Levando em consideração essas outras cidades, poderíamos dizer que a


população de Sodoma nos dias de Abraão era provavelmente de não menos do
que dez mil. Deus assegura Abraão que dez pessoas justas poderiam através
de sua presença preservar uma cidade de pelo menos dez mil. Isso dá uma
proporção de um para mil. A mesma proporção de “um para mil” é dada em Jó
33:23 e em Eclesiastes 7:28, e em ambas estas passagens sugerem que o “um”
é a pessoa de extraordinária justiça, enquanto os demais ficam aquém dos
padrões de Deus.

É fácil estender essa proporção indefinidamente. A presença de dez pessoas


justas pode preservar uma comunidade de dez mil. A presença de cem pessoas
justas pode preservar uma comunidade de cem mil. A presença de mil pessoas
justas pode preservar uma comunidade de um milhão. Quantas pessoas justas
são necessárias para preservar uma nação tão grande como os Estados Unidos,
com uma população estimada em aproximadamente 250.000.000? Por volta de
250.000 pessoas. (*uma nota de Derek Prince Portugal: neste caso para
preservar Portugal com uma poulação de mais ou menos 10,2 milhões são
necessárias 10.200 pessoas justas e para o Brasil com 209,3 milhões, 209.300)

Essas estimativas são emocionantes. Será que as Escrituras nos fornecem base
para acreditar que, por exemplo, 250.000 pessoas verdadeiramente justas,
espalhadas como grãos de sal através dos Estados Unidos, seriam suficientes
para preservar toda a nação do julgamento de Deus e de garantir a continuação
da Sua graça e misericórdia? Seria tolice reivindicar que tais estimativas estão
corretas. Contudo, a Bíblia definitivamente estabelece o princípio geral de que a
presença de crentes justos é o fator decisivo no lidar de Deus com a
comunidade.

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Para ilustrar esse princípio, Jesus usa a metáfora do “sal”. Em 2 Coríntios 5:20,
Paulo usa uma metáfora diferente para transmitir a mesma verdade: “Portanto
somos embaixadores de Cristo”. Quem são os embaixadores? São pessoas
enviadas numa competência oficial pelo governo de uma nação para representar
esse governo no território dessa outra nação. A sua autoridade não é medida
através das suas habilidades pessoais, mas é proporcional à autoridade do
governo que eles representam.

Em Filipenses 3:20, Paulo especifica o governo que, como cristãos, nós


representamos. Ele diz, “a nossa cidadania, porém, está nos céus”(NVI).
Portanto a nossa posição na terra é a de embaixadores representando o governo
do céu.

A nossa posição na terra é


a de embaixadores representando o governo do céu.

Não temos autoridade de agirmos por nós próprios, mas se obedecermos


cuidadosamente às direções do nosso governo, todo o poder e autoridade do
céu estão sustentando cada palavra que falarmos e cada ação que fizermos.

Antes de um governo declarar guerra contra um outro, usa-se como última


advertência a retirada dos seus embaixadores. Enquanto somos deixados na
terra como embaixadores dos céus, a nossa presença garante a continuação da
paciência e da misericórdia de Deus em relação à terra. Mas quando os
embaixadores dos céus forem finalmente retirados, então não haverá nada mais
para impedir o completo derramamento da ira e do julgamento divino sobre a
terra.

Isso leva-nos ao segundo efeito da presença dos cristãos como “o sal da terra”.

O Sal Impede a Corrupção

Uma segunda função do sal em relação à comida é a de impedir o processo da


corrupção. Nos dias antes da refrigeração artificial, velejadores que levavam
carnes em longas viagens usavam o sal como meio de preservação. O processo
de corrupção já estava trabalhando antes que a carne fosse salgada. Salgá-la
não anulava a corrupção, mas mantinha-a sob controle pela duração da viagem,
para que os velejadores pudessem continuar a comer a carne durante muito
tempo antes que se tornasse não comestível.

A nossa presença na terra como discípulo de Cristo funciona como o sal na


carne. O processo da corrupção do pecado já está ativo. Isso manifesta-se em
cada área da atividade humana – moral, religiosa, social, política. Nós não
podemos cancelar a corrupção que já está presente, mas podemos mantê-la sob
controle tempo suficiente para os propósitos de Deus de graça e misericórdia
serem cumpridos completamente. Então, quando a nossa influência deixar de
ser sentida, a corrupção atingirá o seu clímax, e o resultado será de degradação
total.

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Essa ilustração do poder do sal de restringir a corrupção explica o ensinamento
de Paulo em 2 Tessalonicenses 2:3-12. Paulo adverte que a impiedade humana
chegará ao seu clímax na pessoa de um governante mundial fortalecido
sobrenaturalmente e dirigido pelo próprio satanás. Paulo chama esse
governante de “o homem do pecado” (mais literalmente, “o homem sem lei ”), e
“o filho da perdição” (v.3). Em 1 João 2:18 ele é chamado “anticristo”, e em
Apocalipse 13:4 ele é chamado “a besta”. Esse governante vai reivindicar na
verdade ser Deus, e exigirá a adoração universal.

O aparecimento desse governante satânico é inevitável. Paulo diz com certeza:


“E, então será revelado o iníquo, o sem lei ... (2 Tessalonicenses 2:8), Paulo
também declara no mesmo versículo que o próprio e verdadeiro Cristo será
aquele que empregará o julgamento final sobre esse falso Cristo – “… a quem o
Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua
vinda;”.

Infelizmente, alguns pregadores têm usado esse ensinamento sobre o anticristo


para levar os cristãos a uma atitude de passividade e fatalismo. “O anticristo
está vindo”, disseram eles. “As coisas estão ficando piores. Não há nada que
possamos fazer”. Como resultado, os cristãos demasiadas vezes têm ficado de
braços cruzados, num piedoso espanto, observando satanás destruir
incontrolavelmente tudo ao seu redor.

Essa atitude de passividade e fatalismo é tão trágica quanto anti-bíblica. É


verdade que o anticristo deve eventualmente aparecer. Mas está longe de ser
verdade que não exista nada a ser feito contra ele durante esse tempo. Até ao
presente momento existe uma força em operação no mundo que desafia, resiste
e impede o espírito do anticristo. A operação dessa força é descrita por Paulo
em 2 Tessalonicenses 2:6-7. Livremente traduzido no Inglês moderno, esses
versículos podem ser lidos assim: “E agora vocês sabem o que o está detendo,
para que ele seja revelado no seu devido tempo. Porque o poder secreto da
iniquidade já está em ação: apenas aquele que agora o detém continuará a fazer
assim até que lhe seja retirado ou levado do nosso meio”. (paráfrase do autor).

Esse poder de refrear, que no presente impede a aparição final e completa do


anticristo, é a presença pessoal do Espírito Santo dentro da igreja. Isso torna-se
claro enquanto seguimos o desdobrar da revelação das Escrituras em relação à
Pessoa e à obra do Espírito Santo. Bem no início da Bíblia, em Gênesis 1:2, diz
que: “e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”. Dali em diante por
todo o Antigo Testamento, nós encontramos frequentes referências da atividade
do Espírito Santo na terra. Entretanto, no término do Seu ministério terreno,
Jesus prometeu aos discípulos que o Espírito Santo viria em breve a eles de uma
nova maneira, diferente de tudo que já tinha acontecido na terra até aquele
momento.

Em João 14:16-17, Jesus dá essa promessa: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará
outro Consolador, para que fique convosco para sempre;
O Espírito de verdade (um título do Espírito Santo) ... porque habita convosco, e
estará em vós.”. Nós podemos parafrasear essa promessa de Jesus assim: “Eu
tenho estado com vocês em presença pessoal por três anos e meio, e agora

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estou quase a deixar-vos. Depois de Eu ter partido, outra Pessoa virá ocupar o
meu lugar. Essa Pessoa é o Espírito Santo. Quando Ele vier, Ele ficará com
vocês para sempre”.

Em João 16:12-13, Jesus retorna a esse tema pela terceira vez: “Ainda tenho
muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.
Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a
verdade…”. No texto original Grego, o pronome “ele” está no sexo masculino,
mas o substantivo “Espírito” é neutro. Esse conflito gramatical de sexos mostra
a dupla natureza do Espírito Santo – tanto pessoal como impessoal. Isso
concorda com a linguagem usada por Paulo em 2 Tessalonicenses, capítulo 2,
em relação ao poder que detém a aparição do anticristo. No versículo 6 Paulo
diz: “O que o está detendo” (NVI), e no versículo 7 ele diz: “Aquele que agora o
detém” (NVI). Essa similaridade de expressão confirma a identificação, desse
poder de deter, com o Espírito Santo.

A troca de pessoas prometida por Jesus foi realizada em dois estágios: primeiro,
a ascensão de Jesus aos céus; então, dez dias depois, a descida do Espírito
Santo no dia de Pentecoste. Neste ponto da história, o Espírito Santo desceu
como uma Pessoa do céu e tomou a Sua residência na terra. Agora Ele é o
Representante pessoal da Divindade residente na terra. O Seu local presente de
habitação é o corpo dos crentes verdadeiros, chamados coletivamente “a igreja”.
A esse corpo de crentes, Paulo diz em 1 Coríntios 3:16: “Não sabeis vós que
sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”

O grande ministério do Espírito Santo dentro da igreja é preparar um corpo


completado para Cristo.

O grande ministério do Espírito Santo dentro da igreja é


preparar um corpo completado para Cristo.

Depois de completo, esse corpo será apresentado a Cristo, como uma noiva é
apresentada ao noivo. Tão logo o ministério do Espírito Santo dentro da igreja
tiver terminado, Ele será novamente retirado da terra, levando com Ele o corpo
completado de Cristo. Deste modo nós podemos descrever a declaração de
Paulo em 2 Tessalonicenses 2:7 como segue: “Ele (o Espírito Santo) que agora
o detém (o anticristo) irá continuar a fazê-lo até que ele seja retirado”.

A oposição entre o Espírito Santo e o espírito do anticristo também é descrito em


1 João 4:3-4: “E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne
não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de
vir, e eis que já agora está no mundo. Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes
vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo.”.

O espírito do anticristo está no mundo, trabalhando tendo como objetivo o


aparecimento do próprio anticristo. Nos discípulos de Cristo está o Espírito
Santo, detendo o aparecimento do anticristo. Portanto os discípulos que são
habitados pelo Espírito Santo agem como uma barreira, detendo o clímax da
iniquidade e o aparecimento final do anticristo. Apenas quando o Espírito Santo,
junto com o corpo completado dos discípulos de Cristo, for retirado da terra, as

17
forças da iniquidade irão poder realizar sem impedimento o término dos seus
propósitos no anticristo. Enquanto isso, é tanto um privilégio como uma
responsabilidade dos discípulos de Cristo, pelo poder do Espírito Santo,
“superar” as forças do anticristo e detê-las.

As Consequências do Fracasso

Como o sal da terra, então, nós que somos discípulos de Cristo temos duas
responsabilidades principais. Primeiro, através da nossa presença nós
recomendamos a terra à contínua graça e misericórdia de Deus. Segundo, pelo
poder do Espírito Santo que está dentro de nós, nós detemos as forças da
corrupção até o tempo designado por Deus.

Cumprindo com essas responsabilidades, a igreja levanta-se como uma barreira


à realização da ambição suprema de satanás, a qual é ganhar domínio de toda
a terra. Isso explica porque Paulo diz em 2 Tessalonicenses 2:3 “…porque não
será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do
pecado… (anticristo)”. A palavra apostasia literalmente significa um abandono
da fé. Enquanto a igreja permanecer firme e não descomprometer a sua fé, ela
tem o poder para deter a manifestação final do anticristo.

Enquanto a igreja permanecer firme e não descomprometer a sua fé,


ela tem o poder para deter a manifestação final do anticristo.

O próprio satanás entende perfeitamente isso, e por isso o seu principal objetivo
é enfraquecer a fé e a justiça da igreja. Quando ele alcançar isso, a barreira dos
seus propósitos será removida, e o caminho estará aberto para ele ganhar tanto
o controle espiritual como o político de toda a terra.

Imagine que satanás tivesse sucesso, porque nós, como cristãos, falhamos em
cumprir nossas responsabilidades. O que aconteceria? O próprio Jesus nos dá
a resposta. Nós nos tornamos “sal insípido”. Ele nos adverte do destino que virá
para tal sal insípido: “…Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser
pisado pelos homens.”. (Mateus 5:13).

“Para nada mais presta”! Isso certamente é uma severa condenação. E o que se
seguirá? Nós seremos “lançados fora” ou rejeitados por Deus. Então seremos
“pisados pelos homens”. O homem torna-se o instrumento do julgamento de
Deus sobre uma igreja insípida e apóstata. Se, dentro da igreja, falharmos em
deter as forças da impiedade, o nosso julgamento será entregue nas mãos
dessas mesmas forças.

As alternativas que nos confrontam estão claramente apresentadas por Paulo


em Romanos 12:21: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o
bem.”. Só existem duas escolhas: ou vencer ou ser vencido. Não existe meio
termo, não há uma terceira opção para nós. Nós podemos usar o bem que Deus
tem colocado a nossa disposição para vencer o mal que nos confronta. Mas se
falharmos em fazer isso, então esse próprio mal irá por sua vez derrotar-nos.
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Essa mensagem aplica-se com especial urgência àqueles que vivem em terras
onde ainda desfrutamos de liberdade de proclamar e praticar a nossa fé cristã.
Hoje em dia, em muitas terras, os cristãos perderam essa liberdade. Ao mesmo
tempo milhões multiplicam-se, nessas terras, que tem sido doutrinados
sistematicamente a odiar e desprezar o cristianismo e tudo o que ele defende.
Portanto para pessoas doutrinadas desta forma, não poderia haver maior prazer
do que esmagar debaixo dos seus pés, esses cristãos que ainda não estão
debaixo de seu domínio.

Se nós prestarmos atenção à advertência de Jesus, e cumprirmos as nossas


funções como o sal da terra, teremos poder de prevenir isso. Mas se nós
negligenciarmos as nossas responsabilidades e sofrermos o julgamento que se
seguirá, o reflexo mais amargo de tudo isso será: nunca precisava ter
acontecido!

19
Capítulo 2

Um Reino de Sacerdotes

Deus tem-nos revestido – o Seu povo crente, na terra – com autoridade, através
da qual nós podemos determinar os destinos de nações e governos. Ele espera
que usemos a nossa autoridade tanto para a Sua glória, como para o nosso
próprio bem. Se falharmos em fazer assim, teremos de prestar contas pelas
consequências. Assim é a mensagem das Escrituras, desvendada tanto por
preceito como por padrão. É confirmada pelas experiências pessoais de muitos
crentes e está escrita nas páginas da história de nações inteiras. Em capítulos
mais adiante, examinaremos momentos específicos disto, retirados de recentes
eventos da história mundial e também dos anais da história Americana. Mas
primeiro, neste capítulo, estudaremos a base bíblica para essa autoridade.

A Palavra de Deus na Boca do Homem

Um importante exemplo é provido pela carreira do profeta Jeremias. Nos


primeiros dez versículos do primeiro capítulo de Jeremias, Deus declara que Ele
separou Jeremias “… às nações te dei por profeta.” (1:5). Jeremias em resposta,
protesta a sua inabilidade para cumprir essa função, dizendo: “… Eis que não
sei falar; porque ainda sou um menino.”. Entretanto, Deus reafirma Seu
chamado em termos mais forte e conclui dizendo: “Olha, ponho-te neste dia
sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares, e para derrubares, e para
destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares .” (v. 10).

Que posição exaltada para um homem jovem, a de ser posto “sobre as nações
e sobre os reinos”. Isso é autoridade num plano mais elevado do que as forças
normais que moldam a política secular. A julgar pelas aparências externas, a
carreira subsequente de Jeremias deu pouca indicação de tal autoridade. Pelo
contrário, a sua mensagem foi rejeitada quase universalmente, e ele próprio foi
sujeito continuamente a injustiça e perseguição. Por vários meses sofreu na
prisão, e por várias vezes esteve a ponto de morrer, ou por execução ou fome.

No entanto, o curso da história tem confirmado a autoridade de Jeremias e a sua


mensagem. As suas mensagens proféticas revelaram os destinos de Israel e de
quase todas as nações ao redor do Médio Oriente, assim como as nações em
outras áreas da terra. Dois mil e quinhentos anos se passaram. À luz da história,
agora é possível fazer uma avaliação objetiva. Ao longo de todos os séculos, o
destino de cada uma dessas nações tem seguido precisamente o curso predito
por Jeremias. Quanto mais de perto comparamos as suas histórias
subsequentes com as profecias de Jeremias, mais descobrimos que
corresponderam exatamente. Portanto, Jeremias recebeu verdadeiramente
“autoridade sobre as nações e sobre os reinos”, e pelas profecias que ele proferiu
tornou-se o árbitro efetivo dos seus destinos.
20
Qual foi a base dessa tremenda autoridade? A resposta é achada em Jeremias
1:9: “E estendeu o Senhor a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor:
Eis que ponho as minhas palavras na tua boca;”. A autoridade encontra-se nas
próprias palavras de Deus, transferida a Jeremias. Porque as palavras que
Jeremias proferiu não foram as suas próprias, mas aquelas que Deus lhe deu,
elas foram tão eficientes na boca de Jeremias quanto teriam sido na boca do
próprio Deus. Em todos os assuntos da terra a última palavra é de Deus.

Em todos os assuntos da terra a última palavra é de Deus.

Às vezes, entretanto, Deus faz essa palavra ser proclamada através dos lábios
de um crente na terra. Tal palavra pode ser falada publicamente em profecia, ou
na exposição autoritária da Escritura. Mais frequentemente, talvez, ela é falada
no quarto da oração, em petição ou intercessão.

É importante observar que Jeremias estava num relacionamento duplo com o


governo secular dos seus dias. No plano natural, como cidadão de Judá, ele era
sujeito ao governo da sua nação, representado pelo rei e pelos príncipes. Em
nenhum sentido ele pregou ou praticou subversão ou anarquia política.
Tampouco ele jamais buscou escapar ou resistir decretos feitos pelo governo
concernente a ele, mesmo que eles às vezes fossem arbitrários e injustos. No
entanto, no plano espiritual no qual Deus o elevou através do seu ministério
profético, Jeremias exerceu autoridade sobre os próprios governantes a quem
ele era sujeito no plano natural.

Compartilhando o Trono com Cristo

A carreira de Jeremias ilustra um princípio, o qual é revelado mais


completamente no Novo Testamento: cada Cristão tem dupla cidadania. Pelo
nascimento natural ele é cidadão de uma nação terrena, e ele é sujeito a todas
as ordenanças e exigências do governo soberano da sua nação. Mas pelo
renascimento espiritual, através da fé em Cristo, ele também é um cidadão do
reino celestial de Deus. Essa é a base da declaração de Paulo, já referida no
nosso capítulo anterior: “a nossa cidadania, porém, está nos céus” (Filipenses
3:20 NVI).

Como cidadão dos céus, o cristão é sujeito às leis do reino celestial, mas ele
também é autorizado a compartilhar na sua autoridade. Esse é o reino do qual
David fala em Salmos 103:19: “O Senhor tem estabelecido o seu trono nos céus,
e o seu reino domina sobre tudo.”. O reino de Deus é supremo sobre todos os
outros reinos e sobre todas as outras forças em operação na terra. É o propósito
de Deus compartilhar a autoridade do Seu reino com o Seu povo crente. Em
Lucas 12:32 Jesus garante aos Seus discípulos: “Não tenham medo, pequeno
rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-lhes o Reino”(NVI). O conforto dessa
garantia não depende da força ou dimensão do rebanho, porque ele é um
“pequeno rebanho” – um grupo de “ovelhas entre lobos” (Mateus 10:16). A
certeza que o Reino pertence a nós é baseada no agrado do Pai, “… o plano

21
daquele que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade” (Efésios
1:11)(NVI).

Como cristãos, a nossa posição no Reino de Deus é determinada pelo nosso


relacionamento com Cristo. Paulo explica isso em Efésios 2:4-6: “Todavia, Deus,
que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida
com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões – pela graça
vocês são salvos. Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar
nos lugares celestiais em Cristo Jesus”. (NVI)

A graça de Deus identifica-nos com Cristo em três fases sucessivas. Primeiro,


“deu-nos vida” ou “nos vivificou”. Nós compartilhamos a vida de Cristo. Segundo,
“nos ressuscitou”, como Cristo foi ressuscitado, do túmulo. Nós compartilhamos
a ressurreição de Cristo. Terceiro, “nos fez assentar”, no trono, no Reino
celestial. Nós compartilhamos a autoridade real de Cristo no trono. Nada disso é
no futuro. Tudo está declarado na forma gramatical do passado, como um fato
já conquistado. Cada uma dessas três fases se tornou possível, não pelos
nossos próprios méritos ou esforços, mas somente por aceitar em fé a nossa
união com Cristo.

Em Efésios 1:20-21, Paulo descreve a posição de suprema autoridade a qual


Cristo foi exaltado pelo Pai: “…, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o
assentar-se à sua direita, nas regiões celestiais, muito acima de todo governo e
autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar” (NVI). A
autoridade de Cristo à direita de Deus, não necessariamente despreza as outras
formas de autoridade ou governo, mas assume proeminência sobre elas. A
mesma verdade é expressa pelo título dado duas vezes a Cristo no livro do
Apocalipse: “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Apocalipse 17:14; 19:16).
Cristo é o Governante supremo sobre todos os governantes e o Governador
sobre todos os governos. Essa é a posição no trono que Ele compartilha com o
Seu povo crente.

Como podemos então compreender, a magnitude do que nos é disponibilizado?


A resposta é dada na oração de Paulo nos seguintes versículos de Efésios
capítulo 1:

“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu
conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação;Tendo iluminados os olhos
do vosso entendimento, para que saibais … qual a sobreexcelente grandeza do
seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder,
Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua
direita nos céus,”. Efésios 1:17-20

Essa revelação não pode vir através do raciocínio natural ou pelo conhecimento
sensorial. Ela somente vem pelo Espírito Santo. Ele é aquele que faz “que os
olhos do coração sejam iluminados” e mostra-nos duas verdades entrelaçadas:
primeiro, que a autoridade de Cristo é agora suprema sobre o universo; segundo,
que o mesmo poder que exaltou a Cristo a essa posição de autoridade agora
opera também “em nós, os que cremos”.

22
Em 1 Coríntios, capítulo 2, Paulo aprofunda mais essas verdades, as quais são
reveladas aos cristãos somente pelo Espírito Santo. Ele diz: “Mas falamos a
sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos
para nossa glória; A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque,
se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.” (versículos 7-8).
Esse “a sabedoria de Deus, oculta em mistério” revela Cristo como “Senhor da
glória”. É “para a nossa glória”, pois isso nos mostra que na nossa união com
Ele, é que compartilhamos a Sua glória.

Paulo continua: “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o
ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem,são as que Deus
preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito,…”
(versículos 9-10). Paulo novamente enfatiza que esse tipo de conhecimento não
é transferido através dos sentidos, nem brota dos recursos internos da razão e
imaginação do homem, a não ser que eles sejam iluminados pelo Espírito Santo.

No versículo 12, Paulo resume assim: “Mas nós não recebemos o espírito do
mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o
que nos é dado gratuitamente por Deus.”. Então uma das bênçãos que nos foi
dada é a nossa posição em Cristo à mão direita de Deus. Paulo aqui contrasta
duas fontes de conhecimento. “O espírito do mundo” mostra-nos as coisas desse
mundo. Através disso, entendemos a nossa cidadania terrena, com todos os
seus direitos e responsabilidades. Mas “o Espírito que provém de Deus” revela-
nos o Reino de Cristo e o nosso lugar nele. Através disto, entendemos os nossos
direitos e responsabilidades, como cidadãos dos céus.

Se, às vezes, a nossa posição em Cristo no trono aparenta ser distante ou irreal,
a razão é simples: nós não recebemos a revelação que o Espírito Santo, através
das Escrituras, disponibiliza. Sem essa revelação nós não podemos nem
entender nem desfrutar os benefícios da nossa cidadania celestial. Ao invés de
reinar como reis, encontramo-nos ainda trabalhando pesado como escravos.

De Escravos para Reis

Desde o início, era propósito de Deus compartilhar com o homem o Seu domínio
sobre a terra. Em Gênesis 1:26, o propósito inicial da criação do homem é
declarado: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a
nossa semelhança; e domine (a raça humana) … sobre toda a terra”. Por causa
da desobediência, Adão e os seus descendentes perderam o direito da sua
posição de domínio. Ao invés de reinar em obediência como reis, eles foram
subjugados como escravos do pecado e de satanás.

No entanto, o domínio que a raça humana perdeu, através de Adão é restaurado


ao crente, em Cristo. “Porque, se pela ofensa de um só (isto é, a transgressão
de Adão), a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da
graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo .“ (Romanos
5:17). As consequências da desobediência de Adão e da obediência de Cristo
estão ambas já manifestas nesta presente vida. A morte reina agora sobre os

23
descrentes. Assim como os crentes agora reinam em vida com Cristo. Através
da nossa união com Cristo, nós já fomos levantados para compartilhar o trono
com Ele, e ali estamos agora reinando com Ele.

O propósito de Deus na redenção do homem, reflete o Seu propósito original na


criação do homem. A graça redentora de Deus, levanta o homem da sua posição
de escravatura e o restaura a sua posição de domínio. No Antigo Testamento,
isso é demonstrado na libertação de Israel da escravidão do Egito. Em Êxodo
19:6, Deus declara a Israel o propósito pelo qual Ele os tinha redimido: “vocês
serão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.”(NVI) “Um reino de
sacerdotes” fala do domínio restaurado – realeza em vez de escravidão. Deus
ofereceu a Israel um duplo privilégio: ministrar como sacerdotes e reinar como
reis.

Deus ofereceu a Israel um duplo privilégio:


ministrar como sacerdotes e reinar como reis.

Como veremos nos próximos capítulos deste livro, alguns dos grandes santos
de Israel, como Daniel, entraram nessa alta vocação. Entretanto, na sua maioria,
a nação falhou em aceitar as graciosas promessas de Deus.

No Novo Testamento, para aqueles redimidos pela fé em Cristo, Deus renova o


chamado que Ele deu originalmente a Israel. Em 1 Pedro 2:5, os cristãos são
chamados “sacerdócio santo”. Como sacerdotes do Novo Testamento, o seu
ministério é de “oferecer sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de
Jesus Cristo”.(NVI) Os “sacrifícios espirituais” oferecidos pelos cristãos são as
várias formas de oração – particularmente adoração e intercessão. Então, em 1
Pedro 2:9, os cristãos são também chamados “sacerdócio real”. A frase
“sacerdócio real” corresponde exatamente a “um reino de sacerdotes” de Êxodo
19:6.

No livro do Apocalipse a mesma frase é aplicada novamente duas vezes àqueles


redimidos pela fé em Jesus Cristo. Em Apocalipse 1:5-6 lemos: “Àquele (Cristo)
que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis
e sacerdotes para Deus e seu Pai…”. E novamente em Apocalipse 5:9-10: “com
o teu sangue nos compraste para Deus
... E para o nosso Deus nos fizeste reis e sacerdotes…”. O propósito de Deus de
fazer o Seu povo remido “um reino de sacerdotes” é declarado no total quatro
vezes nas Escrituras – uma vez no Antigo Testamento e três vezes no Novo
Testamento. Em todos os três instantes no Novo Testamento, o propósito de
Deus é apresentado, não como algo ainda para acontecer no futuro, mas como
um facto já consumado para nós como cristãos, através da nossa posição em
Cristo.

Nós Governamos pela Oração

Em Salmos 110:1-4, David pinta um quadro de Cristo reinando como Rei e


Sacerdote junto com o Seu povo crente. Cada detalhe dessa cena é significante

24
e merece nossa atenção cuidadosa. A linguagem e as imagens inspiradas que
David usa, devem ser interpretadas em referência com outras passagens
relacionadas nas Escrituras.

No primeiro versículo, temos a revelação de Cristo como Rei, entronizado a mão


direita do Pai: “O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita até que
eu faça dos teus inimigos um estrado para os teus pés”(NVI). Nenhum outro
versículo do Antigo Testamento é citado mais vezes no Novo Testamento do que
esse. Em três evangelhos, Jesus cita as palavras de David e aplica-as a Si
próprio (Mateus 22:44; Marcos 12:36; Lucas 20:42-43). Elas são aplicadas a
Jesus por Pedro. do mesmo modo. em seu sermão no dia de Pentecoste (Atos
2:34-35). A verdade do Reinado de Cristo é apresentada semelhantemente por
David nos Salmos 2:6, onde o Pai declara: “Eu mesmo estabeleci o meu rei em
Sião, no meu santo monte”. (NVI)

No versículo 4, do Salmo 110, o quadro de David é completado pela revelação


de Cristo como Sacerdote: “O Senhor jurou e não se arrependerá: tu és
sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.(NVI) Todo o
ensinamento da Epístola aos Hebreus concernente ao Sumo Sacerdócio de
Cristo é baseado nesse versículo de Salmos 110. O escritor aos Hebreus
enfatiza que em Melquisedeque, havia a união das duas funções do reinado e
do sacerdócio. Melquisedeque foi “sacerdote do Deus Altíssimo”. Além disso, ele
era, pelo próprio significado do seu nome, “rei de justiça, e depois também rei de
Salém, que é rei de paz;” (Hebreus 7:1-2).

Assim é o duplo ministério que agora Cristo executa à mão direita do Pai. Como
Rei, Ele governa. Como Sacerdote, Ele intercede: “Vivendo sempre para
interceder por eles” (Hebreus 7:25).

Salmo 110, versículo 2, descreve a maneira como a autoridade real de Cristo é


exercida: “O Senhor enviará o cetro da tua fortaleza (do teu poder) desde Sião,
dizendo: Domina no meio dos teus inimigos.” Essa é a situação hoje no mundo.
Os inimigos de Cristo não foram definitivamente subjugados, mas ainda estão
ativamente trabalhando, opondo-se ao Seu governo e ao Seu Reino. No entanto,
Cristo foi exaltado e recebeu autoridade sobre todos eles. Dessa maneira Ele
governa agora “no meio dos Seus inimigos”.

David fala sobre “o cetro do teu poder” (Salmos 110:2)(NVI). É através disso que
Cristo governa. O “cetro” nas Escrituras é a marca da autoridade de um
governante. Quando Moisés estendeu a sua vara, as pragas de Deus vieram
sobre o Egito e mais tarde as águas do Mar Vermelho se abriram diante de Israel
(Êxodo capítulos 7-14). Como sumo sacerdote e cabeça sobre a tribo de Levi,
Arão tinha uma vara que tinha o seu nome inscrito. (Veja Números 17:3) O
mesmo se aplica a Cristo. A Sua autoridade torna-se eficaz pelo uso do Seu
nome.

Na cena pintada por David, o cetro não é estendido pela própria mão de Cristo,
mas é estendida “desde Sião”. Em todas as Escrituras, Sião denota o lugar da
assembleia do povo de Deus. Falando para cristãos, o escritor aos Hebreus diz:
“Mas chegaste ao monte Sião... à universal assembléia e igreja dos

25
primogênitos, que estão inscritos nos céus...” (Hebreus 12:22-23). Por direito da
nossa cidadania celestial, tomamos o nosso lugar nesta assembleia que está
reunida em Sião.

É aqui que nós participamos do duplo ministério de Cristo. Como reis, nós
governamos com Ele. Como sacerdotes, nós compartilhamos o Seu ministério
de oração e intercessão. Nós nunca devemos separar essas duas funções uma
da outra. Se formos reinar como reis, devemos servir como sacerdotes. O
exercício do nosso ministério sacerdotal é a chave para o exercício da nossa
autoridade real.

Se formos reinar como reis, devemos servir como sacerdotes.


O exercício do nosso ministério sacerdotal é a chave para
o exercício da nossa autoridade real.

É através da oração e intercessão, que administramos a autoridade que é nossa


em nome de Jesus.

Este quadro de David, maravilhosamente ilustra o ministério de oração da igreja!


No mundo, as forças do mal estão crescendo de todos os lados, rejeitando a
autoridade de Cristo, e opondo-se ao trabalho do Seu reino. Mas “no meio”, os
cristãos ajuntam-se em ordem divina como reis e sacerdotes. A partir da sua
assembleia a vara da autoridade de Cristo, exercida em Seu nome, é “estendida”
através das suas orações. Em toda direção que a vara for estendida, as forças
do mal são forçadas a render-se, e Cristo por Sua vez é exaltado, e o Seu
reino avança.

Todos os cristãos olham para o futuro, para o dia quando os inimigos de Cristo
serão subjugados finalmente e completamente, e Ele será manifesto
abertamente, e reconhecido universalmente como Rei. A Bíblia promete que
esse dia irá chegar. Mas nós não podemos permitir que a glória prometida para
o futuro, nos cegue para a realidade da posição presente de Cristo à mão direita
de Deus. Cristo até mesmo agora governa “no meio de Seus inimigos”, e nós
governamos com Ele. É nossa responsabilidade exercitar autoridade que é
nossa através do Seu nome, e diante de todas as forças do mal, demonstrar que
Cristo já é o “Rei dos reis e Senhor dos senhores”.

26
Capítulo 3

Orando pelo Nosso Governo

Cristo é o “Senhor dos senhores, e o Rei dos reis” (Apocalipse 17:14). Ele é o
Governante dos governantes e o Governador sobre os governadores da terra. A
Sua autoridade sobre todos os governos da terra está disponível em Seu nome
para a igreja - a assembleia do Seu povo crente. Como Moisés estendia a sua
vara da parte de Deus sobre o Egito, assim a igreja através das suas orações
estende a autoridade de Cristo sobre as nações e os seus governantes.

Um Bom Governo é da Vontade de Deus


Na sua primeira carta a Timóteo, Paulo o instrui na correta administração e
ordem da igreja local, a qual ele chama de casa de Deus. (veja 1 Timóteo 3:14-
15) Paulo também dá orientações para o ministério de oração da igreja:
“Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações (súplicas),
orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; Pelos reis, e
por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e
sossegada, em toda a piedade e honestidade;”. (1 Timóteo 2:1-4)

“Antes de tudo”, Paulo pede por “súplicas, orações, intercessões e ações de


graças”. Se fôssemos escolher um termo para cobrir todas as quatro atividades,
seria oração. A primeira obrigação dos cristãos que estão juntos em comunhão
é a oração. Também é a sua atividade primária dirigida para o exterior.

No segundo versículo, Paulo diz que a oração deve ser oferecida “por todos os
homens”. Isso está de acordo com a profecia de Isaías 56:7, onde Deus diz: “…
a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos”. Deus está
preocupado com “todos os homens” e “todos os povos”. Ele espera que o Seu
povo compartilhe as Suas preocupações. Compare isso com a estreita, egoísta
oração de muitos cristãos professos! Alguém ofereceu a seguinte paródia da
oração comum dos membros da igreja: “Deus me abençoe, minha esposa, meu
filho João e sua esposa. Nós quatro. Ninguém mais. Amém!”

Depois de “todos os homens”, o primeiro tópico específico para orar é “reis e por
todos que exercem autoridade”(NVI). Em países como os Estados Unidos, que
não têm monarquia, a palavra “reis” não se aplica. De qualquer jeito, quer exista
uma monarquia quer não, a frase, “por todos que exercem autoridade”, indica
todos que são responsáveis por governar uma nação. Isso pode ser resumido
na única palavra: governo.

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Dessa maneira, o primeiro tópico específico de oração ordenado por Deus para
o Seu povo junto em comunhão é o governo. Por uma extensa experiência estou
convencido que a grande maioria de cristãos professos nunca dá qualquer
consideração séria a esse tópico nas suas orações. Eles não só não oram “antes
de tudo” pelo governo, eles de todo raramente oram por ele! Eles oram
regularmente por grupos como os doentes, os presos, pregadores, missionários,
evangelistas, os descrentes – qualquer coisa, e todos, menos o grupo que Deus
coloca primeiro – o governo. Não é exagero dizer que muitos que reivindicam
serem cristãos comprometidos, nunca oram seriamente pelo governo da sua
nação pelo menos uma vez por semana!

Quando oramos pelo governo, que petição específica somos exortados a fazer?
No segundo versículo, Paulo responde: “para que tenhamos uma vida quieta e
sossegada, em toda a piedade e honestidade;”. Será que o tipo de governo ao
que estamos sujeitos afeta a maneira que vivemos? Claro que sim. Portanto, se
desejamos uma boa maneira de viver, tanto a lógica como o interesse próprio,
indica que devemos orar pelo nosso governo.

Esse entendimento veio a mim de uma nova maneira quando eu me inscrevi


para ter a cidadania dos Estados Unidos. Como todos os que se inscrevem,
exigiram que eu estudasse em linhas gerais os princípios básicos e os propósitos
da Constituição Americana. Enquanto meditava nisso, perguntei a mim próprio:
“Qual foi o verdadeiro objetivo daqueles que originalmente elaboraram a
Constituição?” Eu concluí que o seu objetivo poderia ser resumido com completa
precisão nas palavras de Paulo: “para que tenhamos uma vida tranquila e
pacífica, com toda a piedade e dignidade”.(NVI) Os autores da Constituição
tinham como objetivo, um estado no qual cada cidadão fosse livre para tentar
alcançar os seus próprios e legítimos interesses sem interferência de outros
cidadãos ou do governo, mas com a proteção do governo e dos seus
funcionários. Julgando pela linguagem que eles na maioria – se não todos –
daqueles que esboçaram a Constituição, usavam, eles viam que esse estado
somente era algo possível debaixo da proteção e do favor soberano do Deus
Todo-Poderoso. Os cidadãos cristãos dos Estados Unidos deveriam para
sempre ser gratos, que o alvará básico da sua nação concorda tão exatamente
com os propósitos e princípios de um governo ordenado pelas Escrituras.

Continuando em 1 Timóteo 2, Paulo diz no versículo 3: “Isso é bom e agradável


perante Deus, nosso Salvador” (NVI). O pronome “isso” se refere ao tópico do
versículo 2, o qual nós resumimos como “bom governo”. Se nós substituirmos o
pronome isso pela frase o qual ele se refere, chegamos à seguinte declaração:
“um bom governo é bom e agradável perante Deus”. Ainda mais simples, “Um
bom governo é a vontade de Deus.”

Aqui está uma declaração com as consequências mais abrangentes. Cremos


verdadeiramente nisso? Julgando pelas palavras e ações de muitos cristãos,

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eles têm pouca ou nenhuma expectativa de um bom governo. Eles estão mais
ou menos conformados ao facto de que o governo será ineficiente,
desperdicioso, arbitrário, corrupto, injusto. Da minha parte eu tenho estudado
muito e cuidadosamente essa pergunta à luz da lógica e das Escrituras, e
cheguei a uma profunda convicção em relação à vontade de Deus nessa área:
É a vontade de Deus, um bom governo.

Porque Deus Deseja um Bom Governo?


Avançando para o versículo 4, descobrimos que Paulo declara a razão porque
um bom governo é a vontade de Deus: Deus deseja “que todos os homens sejam
salvos e cheguem ao conhecimento da verdade”.(NVI) Deus deseja tão
intensamente a salvação de todos os homens que Ele fez o possível pelo
supremo sacrifício da história, a morte expiatória de Jesus Cristo na cruz. Através
da fé na expiação de Cristo, a salvação tornou-se disponível a todos os homens.
Entretanto, para o homem “ser salvo”, ele primeiro precisa “chegar ao
conhecimento da verdade” em relação à expiação de Cristo. Isso só é possível
se o Evangelho for pregado para ele.

Paulo apresenta esse assunto muito claramente em Romanos 10:13-14: “Porque


todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de
quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?” A não ser que o
Evangelho seja pregado para ele, o homem não pode beneficiar da salvação
comprada para ele pela expiação de Cristo.

Nós podemos resumir a lógica disto de uma forma muito simples, Deus deseja
que “todos os homens sejam salvos”. Para isso é necessário que eles “cheguem
ao conhecimento da verdade”. “Conhecimento da verdade” vem somente através
da pregação do Evangelho. Portanto, Deus deseja que o Evangelho seja
pregado a todos os homens.

Resta somente que tracemos a conexão entre um bom governo e a pregação do


Evangelho. Podemos fazer isso fazendo uma simples pergunta: Que tipo de
governo torna mais fácil pregar o Evangelho? Um bom governo? Ou um mau
governo? Para obter uma resposta a essa pergunta, podemos rapidamente
contrastar os efeitos de um governo bom e de um mau, no que diz respeito a
pregação do Evangelho.

De um lado, um bom governo mantém a lei e a ordem, mantém a comunicação


aberta, preserva a liberdade civil, protege a liberdade de expressão e liberdade
de reunião. (É digno de citar, que quase todos esses pontos são especificamente
cobertos pela Constituição dos Estados Unidos). Em poucas palavras, um bom

29
governo, sem envolver-se em controvérsia religiosa, provê um clima no qual o
Evangelho pode ser pregado efetivamente.

Por outro lado, um mau governo permite o quebrar da lei e da ordem, permite
condições inseguras de viagem e comunicações pobres, e impõe restrições
injustas e arbitrárias. Em todos esses sentidos, mesmo em níveis diferentes, um
mau governo dificulta a pregação eficaz da verdade. Na pior hipótese, um mau
governo ou restringe ou elimina totalmente, o direito universal de todos os
homens de crer e de expressar a sua fé em adoração e proclamação públicas.
Em menor ou maior grau, vemos essas condições hoje em países debaixo de
um governo comunista.

Portanto, a nossa conclusão é que um bom governo facilita a pregação do


Evangelho, enquanto um mau governo a dificulta. Por essa razão, um bom
governo é a vontade de Deus.

Estamos agora em condições de apresentar o ensinamento de 1 Timóteo 2:1-4


numa série de passos lógicos e simples:

1. O primeiro ministério e atividade dirigido para o exterior, dos crentes que


se juntam em comunhão regularmente, é orar.
2. O primeiro tópico específico de oração é o governo.
3. Devemos orar por um bom governo.
4. Deus deseja que todos os homens ouçam a pregação da verdade do
Evangelho.
5. Um bom governo facilita a pregação do Evangelho, enquanto um mau
governo a dificulta.
6. Portanto, um bom governo é a vontade de Deus.

Orando com o Conhecimento da Vontade de Deus


A última frase do resumo acima tem as consequências mais abrangentes para
as nossas orações. Em toda oração eficiente a questão decisiva é o
conhecimento da vontade de Deus.

Em toda oração eficiente a questão decisiva é


o conhecimento da vontade de Deus.

Se soubermos que o que estamos orando está de acordo com a vontade de


Deus, então teremos fé para reivindicar. Mas se não estivermos seguros da
vontade de Deus, as nossas orações serão vacilantes e ineficientes. Em Tiago
1:6-7, Tiago adverte-nos que tais orações com dúvidas não receberão resposta:
“…porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento,
e lançada de uma para outra parte. Não pense tal homem que receberá do
Senhor alguma coisa.”.

30
Por outro lado, João descreve a confiança que vem pela certeza da vontade de
Deus: “Esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus: se pedirmos
alguma coisa de acordo com a vontade de Deus, ele nos ouvirá. E se sabemos
que ele nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que temos o que dele
pedimos” (1João 5:14-15)(NVI).

O ensinamento de João nessa passagem gira em torno do conhecimento da


vontade de Deus. Desde que saibamos que estamos orando em pleno acordo
com a vontade de Deus, nós podemos saber “que temos” o que pedimos. O uso
da forma presente “que temos” não necessariamente indica uma manifestação
imediata daquilo pelo qual oramos, mas indica sim uma certeza imediata que
aquilo já foi concedido a nós por Deus. Portanto a quantidade de tempo que leva
para a sua completa manifestação não consegue afetar a confiança inicial.

Isso está de acordo com o ensinamento de Marcos 11:24: “Portanto, eu lhes


digo: tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim
lhes sucederá”.(NVI) Receber vem no exato momento da oração. Depois disso,
a verdadeira manifestação daquilo que recebemos segue no tempo apropriado.

Com essa explicação preliminar, agora é possível aplicar a 1 João 5:14-15 o


mesmo tipo de análise lógica que já aplicamos a 1 Timóteo 2:1-4. O ensinamento
de João nesses versículos pode ser resumido assim:

1. Se soubermos que estamos orando por qualquer coisa de acordo com a


vontade de Deus, sabemos que Ele nos ouve.
2. Se soubermos que Deus nos ouve, sabemos que temos aquilo pelo qual
oramos. (Isso não, necessariamente, indica realização imediata).

Para compreender completamente o que podemos conquistar orando pelo nosso


governo, precisamos associar o ensinamento de João com o de Paulo. O
resultado é o seguinte:

1. Se orarmos por qualquer coisa sabendo que está de acordo com a


vontade de Deus, temos a certeza que isso nos é concedido.
2. Um bom governo está de acordo com a vontade de Deus.
3. Se soubermos disso e orarmos por um bom governo, temos a certeza que
um bom governo nos é concedido.

Porque, então, a maioria dos cristãos não tem a garantia de um bom governo?
Só pode haver duas razões: ou eles não oram nunca por um bom governo; ou
eles oram por um bom governo, mas sem o conhecimento que é da vontade de
Deus.

Essas conclusões tiradas das Escrituras têm sido confirmadas por minhas
observações pessoais. A grande maioria dos cristãos nunca ora seriamente por
um bom governo. Dos poucos que oram por um bom governo, dificilmente
alguém o faz com a convicção bíblica que verdadeiramente é da vontade de

31
Deus. Qualquer uma dessas observações aplicada a qualquer situação, levará
à mesma conclusão: Deus tornou possível aos cristãos, por suas orações,
garantir um bom governo. Cristãos que falham em exercitar essa autoridade
dada por Deus, são gravemente culpados – tanto a Deus como aos seus países.

Tendo crescido na Grã-Bretanha, eu fico constantemente chocado pela maneira


como os americanos normalmente falam sobre os seus ministros
governamentais. Eu não conheço nenhuma nação europeia – tanto fora como
dentro da Cortina de Ferro – onde as pessoas se permitam falar sobre os seus
governantes com o desrespeito ou cinismo que regularmente se escuta na
América. A ironia disso, é que numa democracia eletiva, aqueles que
continuamente criticam os seus governantes estão, na verdade, criticando eles
mesmos, uma vez que está dentro do seu poder pelo processo da eleição mudar
esses governantes e substituí-los por outros. Isso aplica-se com força duplicada
aos cristãos em tais democracias, que além do mecanismo político normal,
também têm disponível para eles o poder na oração dado por Deus, através do
qual podem causar as mudanças, as quais acreditam ser desejáveis, ou no
pessoal, ou na política do governo.

A verdade é que Deus não responsabiliza os cristãos de criticar o seu governo,


mas os responsabiliza em orar por ele. Enquanto eles falham em orar, os cristãos
não têm direito de criticar. Na verdade, a maioria dos líderes e administradores
políticos são mais fiéis em executar as suas funções seculares do que os cristãos
em executar as suas funções espirituais. Além disso, se os cristãos seriamente
começassem a interceder, logo teriam menos a criticar.

Eu estou persuadido de que a raiz do problema com a maioria dos cristãos não
é falta de vontade, mas falta de conhecimento. Que este facto seja primeiro
claramente estabelecido: um bom governo é a vontade de Deus. Isso proverá
tanto a fé como o incentivo, que os cristãos precisam para orarem eficientemente
por seu governo.

32
Capítulo 4

Os Governantes são Agentes de Deus

Na política, assim como em muitos outros campos de atividades, o homem luta


continuamente por promoção. Entretanto, poucos fazem essa pergunta: De onde
vem a promoção? Qual é o poder que exalta o homem a posições de autoridade,
ou o remove de tais posições?

A Promoção Vem de Deus


Em Salmos 75, a Bíblia expressa essa pergunta:

“Disse eu aos loucos: Não enlouqueçais, e aos ímpios: Não levanteis a fronte;
Não levanteis a vossa fronte altiva, nem faleis com cerviz dura.
Porque nem do oriente, nem do ocidente, nem do deserto vem a exaltação.
Mas Deus é o Juiz: a um abate, e a outro exalta.”. (Salmos 75:4-7)

O salmista começa advertindo os homens contra a sua própria autoconfiança e


arrogância. “levanteis a fronte” sugere o desejo por engrandecimento pessoal.
“faleis com cerviz dura” sugere auto-afirmação arrogante. Esses não são os
caminhos para a promoção. De facto, a promoção não vem do nível terreno.
Podemos interpretar as três direções oriente, ocidente, e o deserto como
representando as várias fontes para as quais o homem tem a tendência olhar
para o engrandecimento político, tais como a saúde, educação, posição social,
relações influentes e poder militar. O termo usado aqui para a busca da sua
própria exaltação através de fontes como essas é, “enlouqueçais”. A promoção
vem de Deus. É Ele que tanto exalta o homem, como o humilha.

O registo dos quarenta e um homens que ocuparam até agora o cargo de


Presidente dos Estados Unidos é uma notável confirmação de que a fonte do
poder político está fora do homem que o exercita. Isso é bem ilustrado por uma
passagem dos escritos do falecido Presidente John F. Kennedy:

“Essa compreensão da natureza do governar, confirma a lição


da nossa história de que não existe programa de treinamento
vocacional para a presidência; nenhuma área específica de
conhecimento que seja peculiarmente relevante. Tampouco
existem qualidades de grande liderança tirada de qualquer
seção particular do país ou seção da sociedade. Nove dos
nossos Presidentes, dentre eles alguns dos mais brilhantes
no cargo, não frequentaram a faculdade, enquanto que Thomas

33
Jefferson foi um dos maiores estudiosos da época, e Woodrow
Wilson, foi presidente da Universidade de Princeton. Nós
tivemos Presidentes que foram advogados, soldados, e
professores. Um foi engenheiro e um outro jornalista. Eles
vieram das famílias mais prósperas e ilustres da nação, e
de berços pobres e anónimos. Alguns, aparentemente foram
dotados com grandes habilidades e excelentes qualidades, mas
entretanto, foram incapazes de enfrentar as exigências do
cargo, enquanto outros se levantaram numa grandeza, muito
além de qualquer expectativa” (1962, Parade Publications,
Inc. 733 Third Ave. New York, NY).

Se voltarmos aos registos dos Reis de Israel, não encontramos nenhum que
tenha alcançado um crescimento mais espetacular do que David. Começou a
vida como um pobre pastorzinho, e terminou os seus dias em vitória e honra
como governante de um império poderoso. Diferente de muitos outros homens
que alcançaram grandeza política, David reconheceu a fonte do seu sucesso.
Numa oração a Deus pronunciada perto do fim da sua vida, ele atribuiu a sua
grandeza somente a Deus:

“E riquezas e glória vêm de diante de ti, e tu dominas sobre tudo, e na tua mão
há força e poder; e na tua mão está o engrandecer e o dar força a tudo.” (1
Crônicas 29:12). Sábio e feliz é o governante que reconhece a verdadeira fonte
do seu poder!

Daniel é outro grande personagem da Bíblia que descobriu a verdadeira fonte do


poder político. Desafiado pelo Rei Nabucodonosor para revelar tanto o sonho do
Rei como a sua interpretação, ele e os seus companheiros buscaram a Deus em
oração fervorosa, e receberam a resposta por revelação direta (Daniel 2:17-19).
Em resposta, Daniel ofereceu a sua oração de gratidão e reconhecimento:

“Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele são a


sabedoria e a força;E ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e
estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos.”
(Daniel 2:20-21).

No quarto capítulo de Daniel, o profeta é chamado novamente para interpretar


um sonho do Rei Nabucodonosor. Em relação a esse sonho Daniel diz ao Rei:

“Esta sentença é por decreto dos vigias, e esta ordem por mandado dos santos,
a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino
dos homens, e o dá a quem quer, e até ao mais humilde (simples) dos homens
constitui sobre ele.”. (Daniel 4:17)

Deus quer que o homem reconheça que Ele é o governante supremo sobre todos
os assuntos humanos, e que governantes terrenos são levantados por Seu

34
decreto. Não apenas isso, mas às vezes Deus verdadeiramente levanta como
governante “o mais simples dos homens”.

Como Deus Usa os Governantes Humanos


Por que Deus deveria levantar “homens simples” como governantes? A resposta
é dada através do caso de Nabucodonosor. Deus usa governantes humanos
como instrumentos de julgamento sobre o Seu próprio povo. A nação Judaica
tinha ofendido persistentemente a Deus com apostasia religiosa e injustiça
social. Depois de muitas advertências, Deus colocou sobre eles o Rei
Nabucodonosor, que era cruel e idólatra. Numa série de julgamentos que
aumentaram progressivamente em severidade, Nabucodonosor primeiro afastou
muitos dos Judeus em cativeiro para a Babilônia e impôs impostos à nação. No
fim, ele destruiu a cidade de Jerusalém, junto com o templo, e desarraigou toda
a nação de sua própria terra. Dessa maneira, Nabucodonosor mesmo na sua
baixeza, foi o instrumento de Deus para trazer julgamento sobre a nação
Judaica, que estava desviada e rebelde.

No entanto, Nabucodonosor é também um exemplo notável, de como a graça e


o poder de Deus pode mudar um instrumento de julgamento num instrumento de
misericórdia. Quando Daniel e seus companheiros buscaram a Deus em oração
fervorosa, Deus mudou o coração de Nabucodonosor. Devido a sabedoria
especial dada por Deus a Daniel, Nabucodonosor o elevou e aos seus
companheiros a posições de alto poder. Os três companheiros de Daniel
tornaram-se governantes da província da Babilônia, enquanto o próprio Daniel
tornou-se o primeiro ministro de todo o império Babilônico, com poder inferior,
somente ao do próprio Nabucodonosor. Essa mudança dramática, tanto na
atitude pessoal de Nabucodonosor como na posição dos Judeus, aconteceu em
consequência das orações de Daniel e dos seus companheiros.

A carreira de Daniel, como a de David, são por si só um exemplo da habilidade


de Deus em elevar um homem de bases simples, para uma posição de grande
poder político. Na sua juventude, Daniel tinha sido originalmente levado para a
Babilônia como uma espécie de refém político. Contudo, foi elevado dentro de
um curto período à posição de primeiro ministro. Mesmo depois da queda do
império Babilônico, ainda encontramos Daniel ocupando uma posição de
influência e autoridade no império Medo-Persa que sucedeu sob a autoridade
de Dario e Ciro.

Recebemos um vislumbre da vida de oração de Daniel, em Daniel capítulo 6. A


história indica que a sua prática de oração regular era bem conhecida na corte
de Dario. Motivados por ciúmes, os rivais de Daniel aproveitaram-se disso como
uma maneira para incriminá-lo. Eles persuadiram Dario que assinasse um
decreto através do qual, pelos próximos trinta dias, a oração não era para ser

35
feita a nenhuma pessoa senão a Dario. A pena por desobedecer esse decreto,
era a morte sendo o infrator lançado dentro da cova dos leões.

A resposta de Daniel é registada no versículo 10: “Quando Daniel soube que o


decreto tinha sido publicado, foi para casa, para o seu quarto, no andar de cima,
onde as janelas davam para Jerusalém e ali fez o que costumava fazer: três
vezes por dia ele se ajoelhava e orava, agradecendo ao seu Deus”. (NVI)

Que padrão Daniel estabelece para todos que o seguirão no ministério da


intercessão! Que modelo de dedicação e persistência! Seu rosto estava
apontado em direção a Jerusalém. Três vezes, todos os dias ele orava pela
restauração da cidade e pelo retorno de Israel do exílio a sua própria terra. A sua
intercessão contínua em favor do seu povo era um compromisso pessoal tão
solene e tão urgente, que nem mesmo a ameaça de morte poderia detê-lo.

O resultado da intercessão de Daniel é registado em 2 Crônicas 36:22-23

“No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a
palavra do Senhor anunciada por Jeremias, o Senhor tocou o coração de Ciro,
rei da Pérsia, para que fizesse uma proclamação em todo o território de seu
domínio e a pusesse por escrito, nestes termos: “assim declaro eu, Ciro, rei da
Pérsia: o Senhor, o Deus dos céus, deu-me todos os reinos da terra e designou-
me para construir um templo para ele em Jerusalém, na terra de Judá. Quem
dentre vocês pertencer ao seu povo vá para Jerusalém, e que o Senhor, o seu
Deus, esteja com ele”.(NVI)

Desse modo, Deus cumpriu as promessas da restauração de Israel que Ele


previamente tinha feito, tanto por Isaías como por Jeremias. A promessa dada
através de Isaías encontra-se em Isaías 44:26-28; e a de Jeremias encontra-se
em Jeremias 25:12.

Aqui de facto, há um claro exemplo de Deus mudando governos humanos em


favor do Seu próprio povo. Por um lado, Deus trouxe julgamento sobre o rei da
Babilônia e do seu povo, porque eles constituíam um obstáculo ao retorno dos
Judeus para Jerusalém e à reconstrução do templo. (O Rei da Babilônia referido
aqui foi o sucessor de Nabucodonosor). Por outro lado, Deus levantou no lugar
deles Ciro e o império Medo-Persa, e fez deles os instrumentos de misericórdia
e restauração para os Judeus e Jerusalém.

Atrás desses eventos que mudaram o curso de impérios mundiais, houve duas
forças espirituais invisíveis em operação: A Palavra de Deus falada através dos
Seus profetas, e a oração intercessória de Daniel.

A partir desses exemplos do trabalhar de Deus com a nação Judaica através da


instrumentalidade de Nabucodonosor e Ciro, certos princípios importantes
emergem:

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1. Deus usa governantes humanos como instrumentos para cumprir Seus
propósitos na história, particularmente quando têm a ver com o Seu
próprio povo da aliança.
2. Se o povo de Deus é desobediente e rebelde, Deus sujeita-os a
governantes cruéis e malignos.
3. Se através do arrependimento e oração o povo de Deus reivindica a Sua
misericórdia, Ele pode trazer uma mudança de governo de um ou outro
jeito: ou removendo o governante maligno e substituindo-o por um bom;
ou mudando o coração do governante cruel, fazendo dele um instrumento
de misericórdia, ao invés de julgamento.

“Por amor de vós”


Esses princípios, derivados de exemplos históricos do Antigo Testamento, são
confirmados pelo ensinamento dado aos cristãos no Novo Testamento. Em 2
Coríntios 4:15, Paulo diz: “Porque tudo isto é por amor de vós…”. Tudo o que
Deus faz em, e com, todo o mundo tem um supremo objetivo: o cumprimento
dos Seus propósitos para o Seu próprio povo, relacionado a Ele através da fé
em Jesus Cristo. Sobre todos os eventos dos últimos dois mil anos de história
mundial, Deus tem gravado um único título, dirigido ao Seu povo: “Por amor de
vós”.

Sobre todos os eventos dos últimos dois mil anos de história mundial,
Deus tem gravado um único título, dirigido ao Seu povo:
“Por amor de vós”.

Em Romanos, Paulo aplica esse princípio especificamente àqueles que estão


em cargos de governo/autoridade:

“Todos devem sujeitar-se as autoridades governamentais, pois não há


autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele
estabelecidas. Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se
colocando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem
condenação sobre si mesmos. Pois os governantes não devem ser temidos, a
não ser pelos que praticam o mal. Você quer viver livre do medo da autoridade?
Pratique o bem, e ela o enaltecerá. Pois é serva de Deus para o seu bem. Mas
se você praticar o mal tenha medo, pois ela não porta a espada sem motivo. É
serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal. Portanto, é
necessário que sejamos submissos às autoridades, não apenas por causa da
possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência”
(Romanos 13: 1-5)(NVI).

A partir dessa passagem podemos selecionar três declarações que são


particularmente significantes: “Não há autoridade que não venha de Deus”. “Pois

37
é serva de Deus para o seu bem”, ou em alternativa, “É serva de Deus, agente
de justiça para punir…”. Paulo endereça essas palavras especificamente aos
cristãos. Ele declara que o governo é estabelecido por um ato de Deus. Como
esse governo afetará os cristãos depende da atitude e conduta dos mesmos. Se
eles estiverem caminhando em obediência à vontade de Deus, então o governo
e os seus funcionários não lhes farão dano, “pois é serva de Deus para o seu
bem”. Mas se os cristãos forem desobedientes e não andarem no caminho da
vontade de Deus, então o governo e os seus funcionários tornam-se “serva de
Deus, agente de justiça para punir quem pratica o mal”. Tudo isso pode ser
resumido numa curta frase: os cristãos recebem o tipo de governo que merecem.

Os cristãos recebem o tipo de governo que merecem.

E se os cristãos se encontram sob um governo que é mau? Ele pode ser


corrupto, ineficiente, desperdicioso, ou até, pode ser ativamente cruel e
opressivo com os cristãos. Como é que os cristãos devem reagir? A Palavra de
Deus não lhes dá nenhuma liberdade quer para reclamar quer para
desobedecer. No entanto, Ela sim, impõe sobre eles uma obrigação solene de
orar pelo seu governo. Se eles se humilharem diante de Deus e cumprirem as
Suas condições, Ele vai então ouvir as suas orações, e vai “por amor deles”,
trazer uma mudança de governo que garantirá o cumprimento dos Seus
propósitos e os melhores interesses do Seu povo.

O que Deus Requer Daqueles que Governam


Desde que está no poder dos cristãos, determinarem pelas suas orações sob
que tipo de governo irão viver. é importante que saibamos qual o tipo de governo
por que se deve orar. Qual é a principal exigência de Deus para aquele que
governa? A resposta a essa pergunta é dada pelo Espírito Santo através dos
lábios de David em 2 Samuel.

“O Espírito do Senhor falou por meu intermédio; sua palavra esteve em minha
língua. O Deus de Israel falou, a Rocha de Israel me disse: Quem governa o
povo com justiça, quem o governa com o temor de Deus, é como a luz da manhã
ao nascer do sol, numa manhã sem nuvens. É como a claridade depois da chuva,
que faz crescer as plantas da terra”. (2 Samuel 23:2-4)

Estão declaradas aqui duas simples exigências para um governante: Ele deve
ser justo, e deve governar no temor de Deus.

Um governante deve ser justo e governar no temor de Deus.

Sem dúvida existe aqui uma referência profética ao Reino de Cristo, e essas
palavras encontrarão a sua completa e final realização somente em Cristo.
Todavia, o princípio geral é firmemente estabelecido e aplicado a todo homem
38
que exerce governo. As duas exigências de Deus são que ele seja justo e
temente a Deus. Sempre que tal homem é levantado para governar, Deus
promete que bênçãos seguirão: “é como a luz da manhã ao nascer do sol, numa
manhã sem nuvens; é como a claridade depois da chuva, que faz crescer as
plantas da terra”.

A simplicidade das exigências de Deus, sobrepõe a maioria das motivações e


das pressões com as quais estamos familiarizados na política contemporânea.
Nos Estados Unidos como na Grã-Bretanha existe, firmemente estabelecido, um
sistema de governo de dois partidos. Nos Estados Unidos os dois partidos são
os Democratas e os Republicanos. Na Grã-Bretanha há os partidos Trabalhista
e Conservador. Os nomes são diferentes nos dois países, mas as atitudes
básicas são semelhantes.

Infelizmente, os cristãos em ambos os países, frequentemente permitem-se ser


mais influenciados por sentimentos ou afiliações partidárias, do que pelas
exigências divinas. Deus não promete bênção a um governo sob a condição de
que ele tenha um específico rótulo partidário – quer esse rótulo seja Republicano
ou Democrático, Conservador ou Trabalhista. Deus promete bênção para um
governo cujos funcionários cumpram duas grandes exigências morais básicas.
Ele exige que eles sejam justos e tementes a Deus. Sempre que possível, os
cristãos que respeitam as exigências de Deus, deveriam fazer disso um princípio
para não votar em qualquer homem que não seja justo e temente a Deus, não
importa o rotulo de partido dele. Se os cristãos ignoram as exigências de Deus
e votam por homens que são moralmente indignos, eles na verdade estão
convidando Deus a fazer daqueles homens, se eleitos, agentes do Seu
julgamento contra o próprio povo que os elegeram.

Particularmente, nos Estados Unidos, a proporção de cristãos comprometidos


dentro de toda a comunidade, é grande o suficiente para permitir que eles
exerçam uma poderosa influência sobre o tipo de homens colocados como
candidatos ao governo. Isso foi originalmente apontado no começo do século
dezenove pelo grande evangelista Charles Finney. Os cristãos de todos os
quadrantes políticos deveriam concordar com um princípio básico: negar os seus
votos a qualquer candidato que não cumprisse as exigências morais que as
Escrituras estabelecem. Se esse princípio fosse claramente estabelecido e
firmemente seguido, cada um dos principais partidos políticos estaria sob
pressão para lançarem como seus candidatos somente o tipo de homens que
cumprissem essas exigências. O resultado seria um elevar dos padrões da
conduta política e governamental em toda a nação.

Em outros países, e debaixo de outros sistemas de governo, o povo de Deus


nem sempre está numa posição de aplicar esse tipo de pressão política. No
entanto, eles continuam a ser responsáveis por orar pelos governantes de sua
nação, e dessa maneira exercitar uma firme influência sobre o curso do governo.

39
Capítulo 5

Vendo a História Moldada Pela Oração

Para mim, o poder da oração de moldar a história não é uma mera fórmula
teológica abstrata. Eu tenho visto isto demonstrado nas minhas próprias
experiências em muitas ocasiões. Nesse capítulo, relatarei quatro dessas
ocasiões. Para torná-las ilustrações eficientes, escolhi situações nas quais
estavam envolvidas, diferentes nações e diferentes fatores políticos.

A Guerra no Norte da África


De 1941 a 1943, servi como auxiliar de hospital com as forças Britânicas no Norte
da África. Eu fiz parte de uma pequena unidade médica que trabalhou com duas
divisões armadas Britânicas – a Primeira Divisão Armada e a Sétima Divisão
Armada. Foi esta última divisão que se tornou famosa como os “ratos do
deserto”, com o emblema do “Jerboa branco” (mamífero roedor da África; nota
do tradutor).

Naquele momento, o ânimo das forças Britânicas no deserto estava muito em


baixo. O problema básico era que os homens não tinham confiança nos seus
oficiais. Eu mesmo sou filho de um oficial do exército, e muitos dos amigos com
os quais cresci, tinham o mesmo meio social. Portanto, eu tinha alguns padrões
válidos de julgamento. Como grupo, os oficiais no deserto naquele momento
eram egoístas, irresponsáveis e indisciplinados. A sua principal preocupação
não era o bem-estar dos homens, ou até mesmo o eficaz prosseguimento da
guerra, mas o seu próprio conforto físico.

Eu lembro-me de um oficial que ficou doente com malária e foi levado para uma
base hospitalar no Cairo. Para o seu transporte até ao Cairo, exigiu para si
mesmo uma ambulância de quatro leitos, e um caminhão de uma tonelada e
meia para carregar o seu equipamento e os pertences pessoais. Naquele tempo,
éramos continuamente lembrados que tínhamos pouquíssimos caminhões e
gasolina, e que todo esforço deveria ser feito para economizar o uso dos dois.
Do Cairo, esse oficial foi então levado para a Grã-Bretanha (um procedimento
que certamente não era necessário por um mero surto de malária). Alguns
meses depois, nós o escutámos numa transmissão de rádio, transmitida pela
Grã-Bretanha. Ele dava um animado relatório das operações sofridas no deserto!

Naquele período, a nossa maior privação era a falta de água. Suprimentos eram
bem racionados. As nossas garrafas de água eram cheias dia sim dia não. Essa
era toda a água que nos era permitida para todos os propósitos – lavar, barbear,

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beber, cozinhar, etc. Entretanto, todas as noites os oficiais no refeitorio deles
consumiam regularmente mais água com whiskys, do que era designado às
outras patentes, para todos os propósitos somados.

O resultado de tudo isso foi a maior retirada na história do exército Britânico -


cerca de mil, cento e vinte e cinco quilometros – de um lugar em Trípoli chamado
El Agheila para El Alamein, cerca de cinquenta quilómetros a oeste de Cairo. Ali
as forças Britânicas entrincheiraram-se para um último confronto. Se El Alamein
caísse, o caminho estaria aberto para as Potências do Eixo ganharem controle
sobre o Egito, passarem o Canal de Suez, e avançarem para dentro da Palestina.
A comunidade Judaica existente ali, estaria então sujeita ao mesmo tratamento
que já estava sendo dado aos Judeus, em todas as regiões da Europa que
tinham ficado debaixo do controle Nazista.

Cerca de dezoito meses antes, num quarto do quartel na Grã-Bretanha, eu tinha


recebido uma revelação dramática e poderosa de Cristo. Desse modo eu conheci
por experiência própria a realidade do poder de Deus. No deserto, eu não tinha
igreja ou pastor que me pudesse dar conselho ou comunhão. Eu era obrigado a
depender de duas provisões básicas de Deus para todo cristão: a Bíblia e o
Espírito Santo. Depressa entendi que, pelos padrões do Novo Testamento, jejuar
era uma parte normal da disciplina cristã. Durante todo o período em que estava
no deserto, regularmente guardei a quarta-feira de cada semana como um dia
especial para o jejum e oração.

Durante a longa e demorada retirada para os portões do Cairo, Deus colocou no


meu coração um peso de oração, tanto pelas forças Britânicas no deserto como
por toda situação no Médio Oriente. No entanto eu percebia que Deus não
poderia abençoar uma liderança que era tão indigna e ineficiente. Procurei no
meu coração algum tipo de oração que eu pudesse orar com uma fé genuína e
que cobrisse as necessidades da situação. Algum tempo depois, pareceu que o
Espírito Santo me deu essa oração: “Senhor, dá-nos líderes tais, que será para
a Tua glória, recebermos a vitória através deles”.

Continuei a fazer essa oração todos os dias. No devido tempo, o governo


Britânico decidiu dispensar o comandante das suas forças no deserto e substituí-
lo por outro homem. O homem que eles escolheram foi o general chamado W.
H. E. “Strafer” Gott. Ele foi de avião até ao Cairo para assumir o comando, mas
foi morto quando o seu avião foi atacado e derrubado. Nesse momento crítico,
as forças Britânicas, diante do maior teatro de guerra, ficaram sem um
comandante. Winston Churchill, então Primeiro Ministro da Grã-Bretanha,
continuou agindo principalmente por sua própria iniciativa. Ele designou um
oficial pouco conhecido, chamado B. L. Montgomery, que voou apressadamente
da Grã-Bretanha.

Montgomery era filho de um Bispo Evangélico-Anglicano. Era um homem que


definitivamente cumpria as duas exigências que Deus requer de um líder de
41
homens. Ele era justo e temente a Deus. Também era um homem de tremenda
disciplina. Em apenas dois meses, ele tinha instalado um novo sentido de
disciplina nos seus oficiais, e tinha assim restaurado a confiança dos homens
nos seus líderes.

Então, a principal batalha de El Alamein foi travada. Foi a maior vitória aliada em
toda a guerra até aquele momento. A ameaça do Egito, o Canal Suez e a
Palestina finalmente recuaram, e o curso da guerra mudou em favor dos aliados.
Sem dúvida, a batalha de El Alamein foi o ponto decisivo da guerra no Norte da
África.

Dois ou três dias depois da batalha, encontrei-me no deserto a poucos


quilómetros atrás das Forças Aliadas em avanço.Um pequeno rádio portátil ao
meu lado, na tampa traseira do caminhão militar, estava transmitindo um
comentário jornalístico da cena no quartel-general de Montgomery, como ele
tinha testemunhado na véspera da batalha. Ele recorda como Montgomery
chamou publicamente os seus oficiais e homens para oração, dizendo:
“peçamos ao Senhor, poderoso na batalha, que nos dê a vitória”. À medida que
essas palavras vieram através daquele rádio portátil, Deus falou claramente ao
meu espírito: “aquilo foi a resposta à tua oração”.

Esse incidente confirma bem a verdade, sobre a promoção que é declarada em


Salmos 75:6-7; “Porque nem do oriente, nem do ocidente, nem do deserto vem
a exaltação. Mas Deus é o Juiz: a um abate, e a outro exalta.” O governo
Britânico escolheu Gott para seu comandante, mas Deus o colocou de lado e
elegeu Montgomery, um homem da Sua escolha. Deus fez isso para trazer glória
ao Seu próprio nome, e para responder a oração a qual, pelo Espírito Santo, Ele
próprio me tinha inspirado a orar. Através desta intervenção, Deus também
preservou os Judeus na Palestina, de ficar sob o controle das Potências do Eixo.

Eu creio que a oração que Deus me deu naquele momento poderia muito bem
ser aplicada a outras situações, tanto militares como políticas: “Senhor, dá-nos
líderes tais, que seja para aTua glória recebermos a vitória através deles”.

O Nascimento do Estado de Israel


No decorrer de 1947, o futuro da Palestina foi colocado diante da Assembléia
Geral das Nações Unidas. Naquele tempo, a Grã-Bretanha ainda governava o
país sob um mandato que lhes tinha sido designado pela Liga das Nações, pouco
depois do fim da Primeira Guerra Mundial. Em 29 de Novembro de 1948, as
Nações Unidas votaram decidindo dividir o país em dois estados separados,
repartindo uma pequena área para um estado Judeu independente e o resto do
país aos Árabes, com a cidade de Jerusalém sob controle internacional. A data

42
marcada para o término do mandato Britânico e do começo da nova ordem
política na Palestina foi 14 de Março de 1948.

Quase imediatamente depois da decisão das Nações Unidas em favor da


divisão, os Árabes da Palestina, ajudados e encorajados por invasores das
nações Árabes ao redor, iniciaram uma guerra não declarada contra as
comunidades Judaicas próximas. Várias áreas principais do país foram
virtualmente tomadas por grupos Árabes armados, com pouca ou nenhuma
aparência de um governo civil normal. No começo de 1948, a comunidade
Judaica dentro de Jerusalém já apresentava a aparência de uma cidade sitiada.
Foram-lhes cortadas, quase que totalmente as provisões de água e comida e
outras utilidades, e estavam passando uma situação perto da inanição.

Na data marcada para a inauguração do novo estado Judaico, todas as nações


Árabes ao redor simultaneamente declararam guerra. Algo em torno de 650.000
Judeus, com quase nenhuma arma e equipamento, e sem nenhuma força militar
oficialmente constituída, viram-se confrontados em todas as fronteiras por um
mundo Árabe hostil, com uma força de cinquenta milhões, ostentando exércitos
bem treinados, e abundantes provisões militares. Os líderes das nações Árabes,
publicamente, declararam a sua intenção de aniquilar o recente estado Judaico
e varrer os Judeus para o mar.

Nesse período, a minha esposa Lydia e eu estávamos vivendo com nossas oito
filhas adotadas no centro da Jerusalém Judaica. Ocupávamos uma grande casa
na esquina sudeste do principal cruzamento entre a Avenida King George e a
rua que se volta para o leste do Portão Jaffa, na antiga cidade. Lydia tinha vivido
em Jerusalém, ou perto, desde aproximadamente há vinte anos. Ela tinha sido
uma testemunha ocular, de uma longa série de conflitos anteriores nesta área,
entre Árabes e Judeus. Ela recorda que os Judeus, invariavelmente estavam
pouco armados e mal preparados para resistir a ataques. Nesta hora critica,
pareceu que as probabilidades contra os Judeus, eram imensamente maiores do
que em ocasiões anteriores, e as consequências da derrota, demasiado terríveis
de contemplar.

Juntos, Lydia e eu procurámos nas Escrituras, palavras de encorajamento ou


direção de Deus. A cada dia, tornámo-nos mais e mais convencidos que
estávamos vivendo no período da restauração de Israel, pelo que os seus
profetas e líderes tinham aguardado com expectativa durante os longos séculos
de agonia e exílio. Este era o tempo falado em Salmos 102:12-13: “Mas tu,
Senhor, permanecerás para sempre... Tu te levantarás e terás piedade de Sião;
pois o tempo de te compadeceres dela, o tempo determinado, já chegou.”.

Nós entendemos que, estávamos vendo diante dos nossos olhos o cumprimento
da promessa de Deus a Israel:

43
“Não temas, pois, porque estou contigo; trarei a tua descendência desde o
oriente, e te ajuntarei desde o ocidente. Direi ao norte: Dá; e ao sul: Não
retenhas; trazei meus filhos de longe e minhas filhas das extremidades da terra,”
(Isaías 43:5-6).

Essas e outras passagens da Escritura, convenceram-nos que a restauração dos


Judeus à sua terra era o propósito soberano de Deus sendo realizado. Se era o
propósito de Deus restaurar Israel, então não poderia ser da Sua vontade eles
serem expulsos ou destruídos. Isso deu-nos fé para orar pela libertação de Israel,
não baseados em preconceitos nacionalistas, mas na revelação bíblica da
vontade de Deus.

Quando a Lydia e eu fomos, deste modo, unidos pelo Espírito Santo em relação
à vontade de Deus, as nossas orações cumpriram a condição declarada em
Mateus 18:19: “Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra
acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está
nos céus.”. Um dia quando estávamos orando juntos, ouvi Lydia articular essa
curta oração: “Senhor, paralisa os Árabes!”

Quando a luta em larga escala irrompeu em Jerusalém, a nossa casa estava a


menos de 250 m da linha de frente, a qual estava mais ou menos ao longo da
muralha ocidental da cidade antiga. Nas primeiras seis semanas de luta,
contamos aproximadamente 150 vidraças que tinham sido quebradas pelas
balas. A maior parte desse período, toda a nossa família viveu num quarto de
lavar roupas na cave.

Por causa da estratégica localização da nossa casa, o nosso quintal foi tomado
pelo Haganah – a força de defesa voluntária Judaica que mais tarde se tornou
no exército oficial de Israel. Um posto de observação sob o comando de um
jovem homem chamado Phinehas ficava localizado no quintal. Por causa disso,
ficamos bem familiarizados com muitos jovens Judeus – tanto homens quanto
mulheres – que ocupavam o posto.

No começo de Junho de 1948, as Nações Unidas conseguiram impor um cessar-


fogo de quatro semanas, e houve uma calmaria temporária na luta. Um dia,
durante o cessar-fogo, alguns dos nossos amigos Judeus estavam sentados na
nossa sala de estar, conversando livremente sobre as suas experiências no
período inicial da luta.

“Tem algo que não entendemos”, disse um jovem homem. “Nós entrámos numa
área onde estavam os Árabes. Eles excediam-nos em números de dez para um,
e estavam armados muito melhor do que nós. Entretanto, às vezes, pareciam
incapazes de fazer qualquer coisa contra nós. É como se estivessem
paralisados!”

44
Bem ali na nossa sala de estar, este jovem soldado Judeu repetiu a mesma frase
que Lydia tinha pronunciado em oração poucas semanas antes! Desde então eu
não tenho parado de me maravilhar com a fidelidade de Deus. Deus não apenas
respondeu literalmente a oração de Lydia para “paralisar os Árabes”, mas Ele
até proveu-nos com um testemunho objetivo, em primeira mão do soldado
Judeu, na nossa própria sala de estar, que era isso que Ele tinha feito! O
propósito de Deus de conceder a Israel a ocupação contínua de sua terra, era
dessa maneira milagrosa, alcançada com a perda de menos vidas, do que
poderia ter sido, se de outra forma.

Foi o exército Árabe invasor, com toda a sua superioridade em número e armas,
que foi derrotado e expulso. Nos vinte anos seguintes, essa vitória inicial de
Israel foi consolidada por idênticas vitórias dramáticas em duas guerras
posteriores. Hoje, o estado de Israel está firmemente estabelecido, e tem
alcançado tremendo progresso em quase todas as áreas de sua vida nacional.

Para Lydia e eu, tudo isso teve um grande significado que vai além de um mero
registo das incomuns realizações militares ou políticas. Cada vez que recebemos
novas notícias do contínuo progresso e desenvolvimento de Israel, dizemos a
nós mesmos com profunda satisfação: “Nossas orações tiveram a sua parte
nisso”.

O Fim da Era Stalin


De 1949 a 1956, fui pastor de uma congregação em Londres, Inglaterra. Eu
conservei um interesse especial, no trato de Deus com o povo Judeu, o qual
tinha sido incentivado pelas minhas experiências em Jerusalém na época do
nascimento do estado de Israel. No começo de 1953, recebi informações de
fontes seguras que Josef Stalin, que naquele momento governava a União
Soviética como um ditador incontestado, estava planeando uma sistemática
eliminação dirigida contra os Judeus Russos.

Enquanto meditava nessa situação, o Senhor lembrou-me da exortação de Paulo


aos cristãos gentios em relação aos Judeus:

“Porque assim como vós também antigamente fostes desobedientes a (não


acreditasteis em) Deus, mas agora alcançastes misericórdia pela desobediência
(incredulidade) deles, Assim também estes agora foram desobedientes, (não
acreditaram) para também alcançarem misericórdia pela misericórdia a vós
demonstrada.” (Romanos 11:30-31).

De algum modo, eu senti que Deus estava colocando na minha porta a


responsabilidade pelos Judeus na Rússia. Compartilhei os meus sentimentos,
com os líderes de alguns grupos de oração em várias partes da Grã-Bretanha,
que também tinham uma especial preocupação pelos Judeus. Eventualmente,
45
decidimos separar um dia para oração e jejum especificamente em prol dos
Judeus Russos. Eu não me lembro o dia exato escolhido, mas creio que foi uma
quinta-feira. Todos os membros dos nossos grupos, voluntariamente
comprometeram-se em abster-se de comida naquele dia e devotar um tempo
especial para orar pela intervenção de Deus em favor dos Judeus na Rússia. A
nossa própria congregação, reuniu-se naquela noite para oração em grupo
enfocando principalmente esse tópico.

Não houve nenhuma particular manifestação espiritual na reunião, nenhum


sentimento especial de ser “abençoado”, ou tocado emocionalmente. Mas duas
semanas depois daquele dia, o curso da história dentro da Rússia mudou através
de um evento decisivo: a morte de Stalin. Ele tinha setenta e três anos de idade.
Nenhum comunicado antecipado de sua doença ou iminente morte foi dado ao
povo Russo. Até o último momento, dezesseis médicos Russos mais habilidosos
lutaram para salvar a sua vida, mas em vão. Disseram que a causa da morte foi
por hemorragia cerebral.

Que fique claramente declarado, que nenhum membro de qualquer dos nossos
grupos orou pela morte de Stalin. Nós simplesmente entregamos a situação na
Rússia a Deus, e confiamos na Sua sabedoria para a resposta que era
necessária. Todavia, eu estou convencido que a resposta de Deus veio na forma
da morte de Stalin.

Em Atos, capítulo 12, uma resposta parecida às orações da igreja primitiva é


registada. O Rei Herodes executou o apóstolo Tiago, irmão de João. Então
prosseguiu prendendo Pedro e mantendo-o para execução logo depois da
Páscoa. Nesse momento, a igreja em Jerusalém dedicou-se a fervorosa e
persistente oração em favor de Pedro. Como resultado, Deus interveio
sobrenaturalmente através de uma visitação angelical, e Pedro foi liberto da
prisão. Desse modo, as orações da igreja por Pedro foram respondidas, mas
permaneceu ainda o Rei Herodes, para Deus lidar com ele.

Nos últimos versículos do capítulo, Lucas dá um quadro nítido de Herodes,


vestido com seu traje real, fazendo um discurso ao povo de Tiro e Sidom. No
final do seu discurso, o povo aplaudiu gritando: “É voz de deus, e não de homem”
(Atos 12:22). Inchado com vaidade pelas suas próprias realizações, Herodes
aceitou os aplausos. Entretanto, o relato conclui: “… imediatamente um anjo do
Senhor o feriu; e ele morreu comido por vermes” (12:23 NVI). A realização do
poder da oração na história humana pode às vezes ser rápida e terrível.

Falta apontar as consequências da morte de Stalin. A eliminação planeada dos


Judeus Russos não foi executada. Pelo contrário, um período de mudanças foi
iniciado na política interna da Rússia, tão significante e abrangente que mais
tarde ficou conhecido como a era da “destalinização”. Em seu devido tempo, o
próprio sucessor de Stalin, e ex-sócio, Khrushchev, denunciou Stalin como um
perseguidor injusto e cruel do povo Russo. Mais tarde, a filha de Stalin, que tinha
46
sido educada debaixo dos ensinos comunistas ateus, fugiu da sua terra natal e
buscou refúgio no país que seu pai tinha persistentemente abusado.
Posteriormente, ela professou a sua fé num Judeu crucificado, cujos seguidores
o pai dela tinha cruelmente perseguido.

A Dor de Parto do Quénia


De 1957 até 1961, Lydia e eu servimos como missionários da educação no
Quénia, África Oriental. Eu era o diretor de uma Faculdade de Formação de
Professores no oeste do Quénia.

Durante esse período, o Quénia ainda estava dolorosamente lutando para se


recuperar das sanguíneas agonias do movimento Mau-Mau, o qual tinha criado
desconfianças amargas e ódio, não apenas entre os Africanos e Europeus, mas
também entre várias tribos Africanas. Naquele momento, o país estava sendo
rapidamente preparado para o fim do governo Britânico e para a independência
nacional. Isto foi eventualmente alcançado em 1963.

Em 1960, o Congo Belga, a oeste do Quénia, adquiriu a sua independência. Sem


uma preparação adequada, os vários grupos Africanos diferentes dentro do
Congo foram incapazes de satisfazer as exigências de um governo autônomo, e
foram mergulhados numa série de sangrentas guerras internas. Muitos dos
Europeus residentes no Congo, fugiram em direção ao leste para o Quénia,
trazendo com eles horríveis fotos da luta e caos que eles tinham deixado para
trás.

Neste contexto, as previsões dos especialistas políticos para o futuro do Quénia


eram bem sombrias. Geralmente, era predito que o Quénia seguiria o infeliz
curso do Congo, mas os problemas tornar-se-iam ainda mais sérios pelos
antagonismos internos que era o legado dos Mau-Mau.

Em Agosto de 1960, eu era um de um grupo de missionários ministrando numa


convenção semanal, para o jovem povo Africano realizado no Quénia Ocidental.
Havia cerca de duzentos jovens Africanos participando, a maioria dos quais eram
ou professores ou estudantes. Um número considerado deles ou eram
estudantes ou ex-estudantes da Faculdade de Formação de Professores da qual
eu era diretor.

A convenção terminou num domingo. No último culto à noite, testemunhamos o


cumprimento da profecia de Joel, citado por Pedro:

“E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, Que do meu Espírito derramarei sobre
toda a carne; E os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, Os vossos jovens
terão visões, E os vossos velhos sonharão sonhos;” (Atos 2:17).

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Um colega missionário do Canadá trouxe a mensagem de encerramento, a qual
foi traduzida para o Swahili por um jovem, chamado Wilson Mamboleo, que se
tinha recentemente graduado na nossa Faculdade de Formação de Professores.
As primeiras duas horas da reunião seguiram um padrão normal, mas depois do
encerramento da mensagem do missionário, o Espírito Santo moveu-se com
poder soberano e levou a congregação para um plano sobrenatural. Durante as
duas horas seguintes, quase todo o grupo de mais de duzentas pessoas,
continuou em adoração e oração espontânea sem alguma liderança humana
visível.

Num determinado momento, a convicção veio a mim que, como grupo, tínhamos
tocado em Deus, e que o Seu poder estava à nossa disposição. Deus falou ao
meu espírito, e disse: “Não permita que eles cometam o mesmo erro que os
Pentecostais têm cometido tantas vezes no passado, desperdiçando o meu
poder no seu próprio consolo espiritual. Diga-lhes que orem pelo futuro do
Quénia”.

Eu comecei a andar em direção ao palco, pretendendo entregar a todo o grupo


a mensagem que senti que Deus me tinha dado. No caminho, passei pela Lydia,
que estava sentada junto do corredor. Ela estendeu a mão e parou-me.

“O que queres?” Perguntei-lhe.

“Diz-lhes que orem pelo Quénia”, disse ela.

“É para isso que me dirijo ao palco,” respondi. Percebi que Deus tinha falado
com a minha esposa na mesma hora que tinha falado comigo, e aceitei isso
como uma confirmação da Sua direção.

Quando subi ao palco, pedi silêncio a todo o grupo e apresentei o desafio de


Deus para eles. “Vocês são os futuros lideres do vosso povo,” disse-lhes, “tanto
no campo da educação como no campo da religião. A Bíblia coloca sobre vocês,
como cristãos, a responsabilidade de orar pelo vosso país e governo. O vosso
país está enfrentando agora o período mais critico da sua história. Vamos unir-
nos em oração pelo futuro do Quénia.”

Wilson Mamboleo ainda estava comigo no palco, traduzindo as minhas palavras


para o Swahili. Quando chegou a hora de orar, ele ajoelhou-se ao meu lado.
Enquanto eu dirigia a oração, quase todos ali presentes uniram-se a mim orando
em voz alta. O volume destas vozes todas juntas, subindo em oração fez-me
lembrar a passagem de Apocalipse 19:6: “E ouvi como que a voz de uma grande
multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes
trovões…”. O som da oração aumentou tremendamente, então parou. Foi como
se algum maestro invisível tivesse baixado a sua batuta.

Depois de alguns instantes de silêncio, Wilson levantou-se e falou à


congregação. “Eu quero dizer-lhes o que o Senhor me mostrou enquanto nós

48
estávamos orando”, disse ele. Percebi que Deus lhe tinha dado uma visão
quando se ajoelhou ao meu lado para orar.

Então Wilson relatou a visão que tinha visto, primeiro em Inglês e depois em
Swahili. “Eu vi um cavalo vermelho aproximando-se do Quénia vindo do leste.
Ele era muito feroz, e havia um homem negro cavalgando. Atrás dele estavam
vários outros cavalos, também vermelhos e ferozes. Enquanto orávamos, vi
todos os cavalos a virarem-se e a moverem-se para o norte”.

Wilson parou por um momento, e depois continuou, “Pedi a Deus que me desse
o significado do que eu tinha visto, e foi isso que Ele me disse: somente o poder
sobrenatural da oração do meu povo pode afastar os problemas que estão vindo
sobre o Quénia!”

Durante muitos dias, depois disso, continuei a meditar no que o Wilson nos tinha
contado. Percebi que a visão do Wilson era em algumas coisas parecida com
aquela registada em Zacarias 1:7-11. Perguntei a Wilson se ele estava
familiarizado com essa passagem de Zacarias e ele disse que não. Aos poucos
concluí que através desta visão Deus nos tinha dado a garantia de que Ele tinha
ouvido as nossas orações pelo Quénia, e que interviria de uma maneira decisiva
em favor do país. Eventos subsequentes na história do Quénia tem confirmado
que foi assim mesmo.

Durante o período do governo Britânico, o Quénia foi um dos três estados que
formava o Leste da África Britânica. Os outros dois estados eram o Uganda ao
oeste, e Tanganyika ao sul. (Tanganyika foi mais tarde renomeada de Tanzânia.)
O Quénia eventualmente alcançou a sua independência em 12 de Dezembro,
1963. Os outros dois estados já tinham alcançado a independência um pouco
antes. Imediatamente após a declaração da independência, o governo nacional
foi devidamente eleito no Quénia, com o Jomo Kenyatta, como primeiro
presidente da nação.

Em janeiro de 1964, houve na história do Quénia um cumprimento exato da visão


que Wilson tinha tido. Uma revolução sangrenta começou em Zanzibar, fora da
costa leste do Quénia. Ela foi liderada, por um Africano da Uganda que tinha sido
treinado em táticas revolucionárias por Castro, em Cuba. A revolução teve êxito
ao derrubar o Sultão de Zanzibar.

No mesmo mês, um movimento revolucionário dominou o exército nacional da


Tanzânia. A sua influência também se espalhou para o exército do Quénia. O
alvo era derrubar o governo eleito no Quénia e substituí-lo por uma ditadura
militar sob controle comunista.

Nesse momento critico, o novo presidente do Quénia, Jomo Kenyatta, agiu com
sabedoria e firmeza. Atraindo a ajuda do exército Britânico, ele anulou o
movimento revolucionário dentro do exército do Quénia e restaurou a lei e a

49
ordem em todo o país. Desse modo, a autoridade do governo do Quénia, eleito
regularmente, foi preservado, e a tentativa de um golpe militar comunista foi
totalmente frustrado.

Na visão de Wilson, os cavalos vermelhos que saíram do Quénia, foram em


direção ao norte. Ao longo do norte da costa Africana do Quénia está a Somália.
O tipo de golpe militar comunista que falhou no Quénia, foi bem sucedido na
Somália. Alguém depois descreveu a Somália como um “acampamento militar
comunista”.

Os outros países com fronteira no Quénia também experimentaram sérios


problemas políticos. Ao sul, na Tanzânia, uma forte influência comunista tem
trazido várias limitações à liberdade política. No oeste, no Uganda, tem havido
um histórico de governos instáveis e choques internos tribais, com um esforço
determinado pelos Muçulmanos de ganhar o controle do país, e de fazer o
Islamismo a religião oficial da nação. Contudo, no meio de tudo isso, o Quénia
tem sido bem sucedido em combinar ordem e progresso com um alto nível de
liberdade política e religiosa, de forma notável.

A atitude do governo do Quénia, em relação ao cristianismo, tem sido


consistentemente amigável e de cooperação. Apesar de que o Presidente
Kenyatta não professe pessoalmente ser cristão, ele tem oficialmente convidado
os vários segmentos cristãos no Quénia, a ensinar a mensagem do cristianismo
em cada escola do governo no país. De muitas maneiras, o Quénia tem-se
tornado um centro estrategicamente localizado, do qual cristãos nacionais
treinados podem sair com a mensagem do evangelho para todas as nações
vizinhas.

Às vezes, Deus usa meios inesperados de trazer informação até nós. Em


Outubro de 1966, eu estava no escritório de uma agência de viagem em
Copenhagen, fazendo planos para um vôo a Londres. Enquanto eu esperava
que a minha passagem fosse preparada, peguei numa edição Inglesa do London
Times. Havia um suplemento especial de dezesseis páginas que falava
exclusivamente do Quénia. Em essência, o tema deste suplemento era que o
Quénia tinha provado ser uma das mais estáveis e bem sucedidas nações, de
quase cinquenta novas nações que tinham emergido no continente Africano,
desde o fim da II Guerra Mundial. Ao virar cada página do suplemento, parecia
ouvir a voz inaudível de Deus dentro do meu espírito dizendo: “é isso que Eu
posso fazer quando os cristãos oram com fé para o governo da sua nação”.

Quando decidi incluir esse registo do lidar de Deus com o Quénia, escrevi para
o Wilson Mamboleo em Nairóbi. Descrevi as minhas memórias da visão que
Deus tinha dado em 1960, e pedi que indicasse qualquer detalhe que me fizesse
ser mais preciso no meu relato. Eu também lhe pedi que fizesse qualquer
comentário sobre a situação presente no Quénia. A seguir, alguns trechos da
sua resposta, datados de 30 de Junho de 1972:
50
“Obrigado pela sua carta. É o Espírito do Deus vivo que o tem guiado a pedir-me
para escrever essas coisas...É tão maravilhoso como o Senhor tem operado. Eu
e um outro irmão que ama orar, temos estado a exaltá-lo diante do Senhor em
oração e enquanto fazíamos isso, recebi a sua carta...Em relação a minha visão
de 1960, sinto que você a captou muito bem, portanto não há necessidade de
qualquer acréscimo”.

Nesse momento o Quénia está experimentando uma vida pacífica. O


desenvolvimento económico está em constante crescimento. O investimento
estrangeiro está com uma estrutura saudável. Os negócios entre o povo Africano
estão aumentando rapidamente em cada cidade do país. O sucesso que está
sendo alcançado no Quénia é por causa da estabilidade do presente governo
liderado por Sua Excelência o Presidente “Mzee”Jomo Kenyatta.

Eu posso dizer que Deus escolheu este homem para liderar a nossa nação no
momento como esse. E, eu, como muitos outros cristãos fiéis do país, oramos
por ele, para que Deus lhe dê sabedoria.

Muitas pessoas no país não têm uma resposta de quem seria o sucessor para o
Presidente Kenyatta, quando os seus dias na terra terminarem. Aos olhos do
homem, não há outro homem do seu calibre que tenha tal liderança influente,
aceite por todos os seus compatriotas. Entretanto, eu creio, e é isso que digo
àqueles que conheço, que “Deus proverá” um homem – mas apenas como
resultado de oração persistente dos santos...

Agradecemos a Deus que o Quénia desfrute de mais liberdade para adorar a


Deus, da forma em que a pessoa é orientada, do que os outros estados vizinhos.
Na Tanzânia, a religião – e especialmente o cristianismo – está sendo reprimida.
Reuniões ao ar livre não são permitidas, a não ser que alguém tenha uma
autorização oficial das autoridades... No Uganda, o governo militar liderado pelo
General Amim, um Muçulmano, está apressando a todos segmentos religiosos
a tornarem-se ecuménicos. Recentemente o próprio General Amim fez uma
mistura de adoração – orações muçulmanas foram realizadas numa igreja cristã,
quando o próprio General participou nas orações...

O governo militar da Somália é um de governo tipo socialista. A Somália tem


laços íntimos com os países comunistas do Leste – a União Soviética e a China
Vermelha. Grandes quantidades de ajuda material e financeira são dadas a
Somália, assim como a Tanzânia recebe ajuda da China (incluindo treino militar
e provisões dos MIG fighters Chineses)...”

Ao longo desses últimos anos, a história do Quénia e das nações vizinhas tem
demonstrado o exato cumprimento da visão que Deus deu a Wilson em 1960. A
intervenção de Deus em favor do Quénia veio através de um grupo de cristãos
que se uniram para orar, em concordância com as Escrituras, pelo governo e o
destino de sua nação.

51
À medida que você medita neste registo da fidelidade de Deus, traga a memória,
as palavras que terminam a visão do Wilson: “Somente o poder sobrenatural da
oração do Meu povo pode retirar os problemas que estão vindo sobre o Quénia”.

Não existe uma boa razão para crer que essas palavras se aplicam da mesma
maneira tanto ao seu país como ao meu?

52
Capítulo 6

O Jejum Intensifica a Oração

No capítulo anterior, várias referências incidentais foram feitas à prática do jejum.


Agora é hora de examinar mais sistematicamente o ensino da Escritura sobre
esse assunto. Ajudará começar com uma simples definição. Entendemos o jejum
como a prática deliberada de abster-se de comida para propósitos espirituais. Se
a abstinência de água (ou outros líquidos) também for incluída, isso está
normalmente indicado pelo contexto.

O Ensino e Exemplo de Cristo


O melhor lugar para começar a estudar a disciplina cristã de jejum é o Sermão
da Montanha. Em Mateus 6: 1-18 Cristo dá instruções aos Seus discípulos sobre
três deveres relacionados: dar esmolas, orar e jejuar. Em cada caso, Ele coloca
especial ênfase na motivação, e adverte contra a ostentação religiosa para
impressionar os homens. Com essa qualificação, Jesus presume que todos os
Seus discípulos irão praticar todos esses três deveres. Isto está indicado pela
linguagem que Ele usa com relação a cada um dos três deveres.

No segundo versículo, Ele diz: “Quando, pois, deres esmola…” No versículo


seis, Ele diz: “Mas tu, quando orares…” (individualmente); e no sétimo versículo:
“E quando orarem... ” (coletivamente)(NVI). No versículo 16: “Quando
jejuarem...” (coletivamente)(NVI); e no versículo 17: “Tu, porém, quando
jejuares…” (individualmente). Em nenhum dos casos, Cristo diz: se, mas,
sempre, quando. A conclusão é clara. Cristo espera que todos os Seus
discípulos pratiquem regularmente todos esses três deveres. Em particular, o
paralelo entre oração e jejum é exato. Se Cristo espera que os Seus discípulos
orem regularmente, então, pelo mesmo indício, Jesus espera que eles também
jejuem regularmente.

Jejuar fazia parte do dever religioso entre o povo Judeu nos dias de Cristo. Eles
praticavam-no continuamente, desde o tempo de Moisés. Tanto os Fariseus
como os discípulos de João Batista jejuavam regularmente. As pessoas ficaram
surpresas por não verem os discípulos de Jesus fazendo o mesmo, e eles
perguntaram a Ele o por quê. A pergunta deles e a resposta de Cristo, estão
registadas em Marcos:

“Os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Algumas pessoas vieram


a Jesus e lhe perguntaram: “Por que os discípulos de João e os dos fariseus
jejuam, mas os teus não? Jesus respondeu: “Como podem os convidados do

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noivo jejuar enquanto este está com eles? Não podem, enquanto o tem consigo.
Mas, virão dias quando o noivo lhes será tirado; e nesse tempo jejuarão” (Marcos
2:18-20)(NVI).

Essa resposta de Jesus é dada na forma de uma simples parábola. É importante


interpretar a parábola corretamente. O noivo, como sempre no Novo
Testamento, é o próprio Cristo. Os convidados do noivo são os discípulos de
Cristo (a respeito de quem a pergunta foi feita). O período enquanto o noivo está
com eles corresponde aos dias do ministério de Cristo na terra, enquanto Ele
estava fisicamente presente com os Seus discípulos. O período, quando o noivo
lhes será tirado, começou quando Cristo ascendeu para o céu, e continuará até
que Ele retorne para a Sua igreja. Nesse intervalo, a igreja, como noiva, está
esperando o retorno do noivo. Este é o período no qual nós estamos vivendo
agora, e do qual Jesus fala definitivamente: “e nesse tempo jejuarão (os
discípulos)”. Nos dias que estamos vivendo agora, portanto, jejuar é a marca de
verdadeiro discipulado, ordenado pelo próprio Jesus.

Jejum é defendido não meramente pelo ensino de Jesus, mas também pelo Seu
próprio exemplo pessoal. Imediatamente depois de ser batizado no Jordão por
João o Batista, Jesus foi levado pelo Espírito Santo a passar quarenta dias
jejuando no deserto. Isto está registado em Lucas:

“E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao
deserto; E quarenta dias foi tentado pelo diabo, e naqueles dias não comeu coisa
alguma; e, terminados eles, teve fome.” (Lucas 4:1-2).

O registo diz que Jesus não comeu nada durante esses quarenta dias, mas não
diz que Ele não bebeu. Também diz que “ao fim deles, teve fome”, mas não diz
que Ele teve sede. A provável conclusão é, portanto, que se absteve de comida,
mas não de água. Durante esse período de quarenta dias, Jesus entrou em
conflito espiritual direto com satanás.

Existe uma significante diferença na expressão usada por Lucas para descrever
a Jesus antes e depois do Seu jejum. No começo, em Lucas 4:1, lemos: “Jesus,
cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão”. No final, em Lucas 4:14, lemos:
“Jesus voltou para a Galiléia no poder do Espírito”.

Quando Jesus foi para o deserto, Ele já estava cheio do Espírito Santo. Mas
quando saiu depois de jejuar, voltou no poder do Espírito. Parece que o potencial
do poder do Espírito Santo, que Jesus recebeu no momento do Seu batismo no
Jordão, só entrou em plena manifestação depois de Ele ter completado o Seu
jejum. O jejum foi a fase final da preparação por que teve que passar, antes de
entrar no Seu ministério público.

As mesmas leis espirituais aplicadas no próprio ministério de Jesus, aplicam-se


também no ministério dos Seus discípulos. Em João 14:12, Jesus disse:

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“…aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço…”. Através dessas
palavras, Jesus abre o caminho para os Seus discípulos seguirem no padrão do
Seu próprio ministério. Entretanto, em João 13:16, Jesus também disse: “…
nenhum escravo é maior do que o seu senhor, como também nenhum
mensageiro é maior do que aquele que o enviou”. Isso aplica-se a preparação
para o ministério. Se o jejum foi uma parte necessária da própria preparação de
Cristo, deve também fazer parte da preparação dos discípulos.

A Prática da Igreja Primitiva


Neste aspecto, Paulo foi um verdadeiro discípulo de Jesus. O jejum foi uma parte
vital do seu ministério. Imediatamente depois do seu primeiro encontro com
Cristo na estrada de Damasco, Paulo gastou os três dias a seguir sem comida
nem bebida (Atos 9:9). Depois disso, o jejum foi uma parte regular da sua
disciplina espiritual. Em 2 Coríntios 6:3-10, Paulo lista várias maneiras diferentes
em que ele provou ser um verdadeiro ministro de Deus. No versículo 5, duas
delas que ele refere são: “…nas vigílias, nos jejuns,…”. Vigília, significa ficar sem
dormir e jejum significa ficar sem comer. Ambos eram praticados certas vezes
por Paulo para tornar o seu ministério plenamente eficaz.

Em 2 Coríntios 11:23-27, Paulo volta a este assunto. Falando de outros homens


que se estabeleceram como seus rivais no ministério, Paulo diz: “São ministros
de Cristo?... eu ainda mais”. Então ele alista as várias maneiras que ele tinha
provado ser um verdadeiro ministro de Cristo. No versículo 27, ele diz: “Em
trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas
vezes…”. Aqui, novamente, Paulo faz uma ligação estreita entre estar em vigília
e jejuar. “Em jejum muitas vezes” indica que Paulo se dedicou a frequentes
períodos de jejum. Fome e sede referem-se às ocasiões quando nem comida
nem bebida estavam disponíveis. Jejuns referem-se a ocasiões quando a
comida estava disponível, mas Paulo deliberadamente se absteve por motivos
espirituais.

Os cristãos do Novo Testamento não apenas praticavam o jejum


individualmente, como parte das suas disciplinas espirituais, mas também o
praticavam coletivamente, como parte do seu ministério coletivo a Deus. Isto está
afirmado no relato de Lucas em Atos:

“E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber:


Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado
com Herodes o tetrarca, e Saulo. E, servindo (ministrando) eles ao Senhor, e
jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a
que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos,
os despediram.” (Atos 13:1-3).

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Nesta congregação local na cidade de Antioquia, cinco ministros principais –
designados como profetas e mestres – estavam jejuando e orando juntos. Isto é
descrito como ministrar ao Senhor. A maioria dos atuais lideres cristãos ou
congregações conhecem muito pouco deste aspecto do ministério. Entretanto,
na ordem divina, ministrar ao Senhor vem antes de ministrar aos homens. Como
fruto de ministrar ao Senhor, o Espírito Santo traz a direção e o poder necessário
para um ministrar eficaz ao homem.

Ministrar ao Senhor vem antes de ministrar aos homens.


Como fruto de ministrar ao Senhor, o Espírito Santo
traz a direção e o poder necessário para um ministrar eficaz ao homem.

Assim foi em Antioquia. Enquanto estes cinco lideres oraram e jejuaram juntos,
o Espírito Santo revelou que Ele tinha uma tarefa especial para dois deles –
Barnabé e Saulo (mais tarde chamado de Paulo). Ele disse: “…Apartai-me a
Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado…”. Dessa maneira,
esses dois homens foram chamados para uma tarefa especial.

Entretanto, eles não estavam ainda preparados para empreender a tarefa. Eles
ainda precisavam a transferência da graça e do poder especial necessarios para
a tarefa que estava por vir. Para esse fim, todos os cinco homens jejuaram e
oraram juntos uma segunda vez. Então, depois do segundo período de jejum, os
outros líderes impuseram as suas mãos em Barnabé e em Paulo, e os enviaram
para cumprirem a sua tarefa.

Portanto, foi através da oração e jejum coletivos que Barnabé e Paulo


receberam, primeiro, a revelação da tarefa especial, e segundo, a graça e o
poder necessários para cumprir essa tarefa. No momento que todos eles oraram
e jejuaram juntos, Barnabé e Paulo – como os outros três homens – foram
reconhecidos como profetas e mestres. Mas depois de terem sido enviados para
a sua tarefa, foram descritos como apóstolos (veja Atos 14:4, 14). Nós podemos
portanto dizer que o ministério apostólico de Barnabé e Paulo nasceu como
resultado da oração e jejum coletivo de cinco líderes da igreja de Antioquia.

Em seu devido tempo, esta prática de oração e jejum coletivo foi transmitida por
Barnabé e Paulo às congregações de novos discípulos que foram estabelecidas
em várias cidades como resultado dos seus ministérios. O estabelecimento
efetivo de cada congregação, foi realizado através da escolha dos seus próprios
presbíteros locais. Isso está descrito em Atos:

“E,… voltaram para Listra, e Icônio e Antioquia, confirmando os ânimos dos


discípulos, exortando-os a permanecer na fé, … E, havendo-lhes, por comum
consentimento, eleito anciãos em cada igreja, orando com jejuns, os
encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.” (Atos 14:21-23).

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Em Atos 14:22, esses grupos de crentes em cada cidade são citados como
meros discípulos. Mas no versículo seguinte, o escritor refere-se a eles como
igrejas. A transição de “discípulos” para “igrejas” foi realizada pela nomeação de
lideres locais para cada congregação, que foram designados de “anciãos”. Em
cada caso, estavam “orando com jejuns” quando os anciãos foram eleitos. É
portanto justo dizer que o estabelecimento de uma igreja local em cada cidade
foi acompanhado por oração e jejum coletivo.

Ambos os capítulos 13 e 14 do Livro de Atos, indicam que a oração e jejum


coletivo tinham uma função vital no crescimento e desenvolvimento da igreja do
Novo Testamento. Era através da oração e jejum, em conjunto, que os cristãos
primitivos recebiam direção e poder do Espírito Santo para as decisões ou
tarefas de especial importância. Nos exemplos que consideramos, eram as
seguintes: primeiro, a eleição e envio de apóstolos; segundo, a eleição de
presbíteros e o estabelecimento de igrejas locais.

Como Funciona o Jejum


Existem várias maneiras em que o jejum ajuda o cristão a receber direção e
poder do Espírito Santo. De certa maneira, o jejum é uma forma de lamentação.
Psicologicamente, ninguém gosta da ideia de ter que lamentar tanto como
fisicamente ninguém gosta a ideia de ter que jejuar. No entanto, há momentos
em que tanto a lamentação quanto o jejum são benéficos. A lamentação tem o
seu lugar entre as bem-aventuranças. Em Mateus 5:4, Jesus diz: “Bem-
aventurados os que choram, porque eles serão consolados”. Em Isaías 61:3, o
Senhor promete bênçãos especiais àqueles que “choram em Sião”. Ele promete
a eles “uma bela coroa em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de pranto, e
um manto de louvor em vez de espírito deprimido”.(NVI)

O choro em Sião não é nem o remorso egoísta, nem a tristeza desesperadora


do descrente. Ao invés, é a resposta ao mover do Espírito Santo através do qual
o crente compartilha uma pequena medida da própria tristeza de Deus sobre o
pecado e a tolice da humanidade. Quando consideramos as nossas próprias
falhas e erros como cristãos, e quando olhamos além de nós mesmos para a
miséria e impiedade do mundo, existem sim, de facto, razões para esse tipo de
lamento. Em 2 Coríntios 7:10, Paulo contrasta a tristeza segundo Deus do crente
com a tristeza desesperada do descrente. “Porque a tristeza segundo Deus
opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a
tristeza do mundo opera a morte.”. Este tipo de tristeza, segundo Deus, é
seguida no momento certo pelo óleo da alegria e um manto de louvor.

Sob a antiga aliança, Deus ordenou para Israel um dia especial a cada ano, no
qual eles tinham que “afligir as suas almas”. Esse era o Dia da Expiação. Em
Levítico 16:31, o Senhor instruiu Israel em relação a esse dia: “É um sábado de

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descanso para vós, e afligireis as vossas almas; isto é estatuto perpétuo.”. Do
tempo de Moisés em diante, os Judeus tem interpretado isto como um
mandamento para jejuar. Em Atos 27:9, é este Dia anual da Expiação que é
referido como “o Jejum”.

Dezenove séculos depois, sob o nome Hebraico Yom Kippur, o Dia da Expiação
ainda é observado por Judeus Ortodoxos em todo o mundo como o dia do jejum.

Em dois dos seus salmos, David também fala do jejum desta maneira. Em
Salmos 35:13 ele diz: “…humilhava a minha alma com o jejum…”. A palavra
traduzida aqui por “humilhar” é a mesma que é traduzida por “afligir” no capítulo
acerca do Dia da Expiação. Novamente, no Salmo 69:10, Davi diz: “… chorei, e
castiguei com jejum a minha alma…”. Podemos juntar as várias expressões
usadas, e dizer que jejum, como praticado aqui, é uma forma de lamentação, e
uma maneira para humilhar-se e purificar-se.

O jejum também é um meio pelo qual o crente coloca o seu corpo em sujeição.
Em 1 Coríntios 9:27, Paulo diz: “Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à
servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma
maneira a ficar reprovado.”. Os nossos corpos, com seus órgãos e apetites
físicos, são servos maravilhosos, mas terríveis senhores. Portanto, é necessário
mantê-los sempre em sujeição. Certa vez, eu ouvi isso bem expresso por um
colega de ministério que disse: “o meu estômago não me diz quando comer, mas
eu digo ao meu estômago quando fazê-lo”. Toda vez que um cristão pratica o
jejum para este propósito, ele está lembrando o seu corpo: “você é o servo, não
o senhor”.

Em Gálatas 5:17, Paulo deixa claro a direta oposição que existe entre o Espírito
Santo de Deus e a natureza carnal do homem: “Porque a carne cobiça contra o
Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro”. O jejum lida
com as duas grandes barreiras ao Espírito Santo que são levantadas pela
natureza carnal do homem. São essas, a teimosa (vontade-própria) da alma e
os insistentes apetites, auto-gratificantes do corpo. Praticado corretamente, o
jejum traz tanto a alma como o corpo, em sujeição ao Espírito Santo.

É importante entendermos que o jejum muda o homem, não Deus.

O jejum muda o homem, não Deus.

O Espírito Santo, sendo Ele mesmo Deus, é tanto omnipotente como


imutável. O jejum derruba as barreiras da natureza carnal do homem que
se colocam no caminho da omnipotência do Espírito Santo. Quando essas
barreiras são removidas, o Espírito Santo pode trabalhar sem
impedimentos em Sua plenitude através das nossas orações.

Em Efésios 3:20, Paulo procura expressar o inesgotável potencial da oração:


“Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além
58
daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera,”. O
poder que atua nas nossas orações e através delas é o Espírito Santo. Ao
remover as barreiras carnais, o jejum abre o caminho para a omnipotência
do Espírito Santo atuar no “mais abundantemente além” nas promessas de
Deus.

Na verdade, há apenas um limite à omnipotência de Deus, que é a justiça eterna


de Deus. O jejum nunca mudará os justos padrões de Deus. Se algo está fora
da vontade de Deus, o jejum nunca o colocará dentro da vontade de Deus. Se
for errado e pecaminoso, ainda é errado e pecaminoso, não importa quanto
tempo uma pessoa possa jejuar.

Há um exemplo disto em 2 Samuel capítulo 12. David cometeu adultério. Em


consequência disso uma criança nasceu. Deus disse que parte do julgamento
seria a morte da criança. David jejuou sete dias, mas mesmo assim, a criança
morreu. Jejuar sete dias, não mudou o justo julgamento de Deus sobre o ato
pecaminoso de David. Se uma coisa é errada, o jejum não a tornará certa. Nada
fará isso.

O jejum nem é engenhoca nem remédio para tudo. Deus não faz tais coisas.
Deus oferece plena provisão para o total bem-estar do Seu povo em cada área
das suas vidas – espiritual, física, e material. O jejum é uma parte desta provisão
total. O jejum não é um substituto para nenhuma outra parte da provisão de
Deus. Inversamente, nenhuma outra parte da provisão de Deus é um substituto
para o jejum.

Em Colossenses 4:12, lemos que Epafras orou por seus companheiros crentes,
para que eles se conservassem firmes “perfeitos e consumados em toda a
vontade de Deus.”. Isto estabelece um padrão muito alto para todos nós. Um
meio bíblico que nos é dado para obtermos esse padrão, é o jejum.

Podemos ilustrar o relacionamento entre o jejum e a vontade de Deus através


de um simples diagrama:

59
Todo o triângulo ABC representa a completa vontade de Deus para todo o crente.
O cone claro DBCE representa a área da vontade de Deus, a qual pode ser
apropriada pela oração sem jejum. O pequeno triângulo escuro ADE representa
a área da vontade de Deus que somente pode ser apropriada pela oração
juntamente com o jejum.

Se um objetivo está fora da área ABC, está completamente fora da vontade de


Deus. Não existe meio bíblico pelo qual possamos obtê-lo. Se um objetivo estiver
na área DBCE, poderemos obtê-lo pela oração sem o jejum. Se um objetivo
estiver na área ADE, só poderemos obtê-lo através da oração juntamente com o
jejum.

Muitas das provisões mais especiais de Deus para o Seu povo, encontram-se
dentro daquele triângulo escuro ADE, de cima.

60
Capítulo 7

O Jejum Traz Libertação e Vitória

Se nós olharmos para os registos históricos do Antigo Testamento,


encontraremos várias ocasiões onde o jejum e a oração coletiva trouxe uma
dramática e poderosa intervenção de Deus. Examinaremos quatro destas
ocasiões.

Josafá Conquista Sem Lutar


O nosso primeiro exemplo encontra-se em 2 Crónicas 20:1-30. Josafá, rei de
Judá, recebeu a notícia de que um grande exército dos territórios de Moabe,
Amon e do Monte Seir, estava invadindo o seu reino vindo pelo leste. Sabendo
que ele não tinha recursos militares para poder enfrentar esse desafio, Josafá
volta-se para Deus pedindo ajuda. O Seu primeiro ato decisivo está descrito no
versículo 3: “Josafá... proclamou um jejum em todo o reino de Judá”.(NVI) Dessa
maneira o povo de Deus foi chamado para unir-se em jejum e oração pública e
coletiva para uma intervenção divina. O versículo 13 indica que homens,
mulheres e crianças estavam todos incluídos.

A partir da chamada inicial ao jejum, os eventos aconteceram em rápida


sucessão, alcançando um dramático clímax. O primeiro resultado está registado
no versículo 4: “Reuniu-se, pois, o povo, vindos de todas as cidades de Judá
para buscar a ajuda do Senhor”.(NVI) O perigo comum, teve o efeito de juntar
todo o povo de Deus. A mesma emergência que ameaçou uma comunidade ou
uma cidade, ameaçou a todos igualmente. Sem dúvida, que havia invejas ou
rivalidades entre algumas das cidades representadas. Mas diante da invasão do
inimigo, elas foram colocadas de lado. O povo de Deus foi chamado a proteger
a sua herança comum ao invés de promover as suas diferenças pessoais.

Com o povo de Judá dessa maneira reunido em um acordo, Josafá conduziu-os


numa oração lembrando a Deus da Sua aliança com Abraão, e das Suas
promessas de misericórdia baseado nessa aliança. A oração de Josafá recebeu
uma imediata e sobrenatural resposta de Deus, que está descrita nos versículos
14 a 17. Através de um dos Levitas presente, chamado Jaaziel, o Espírito Santo
entregou uma poderosa declaração profética, misturando encorajamento,
garantia e direção.

A declaração profética de Jaaziel foi recebida por sua vez, com adoração e
louvor espontâneo por Josafá e todo o povo. Depois disso, Josafá providenciou
louvor contínuo e organizado enquanto conduzia o seu povo para a batalha.

61
“Então Jeosafá se prostrou com o rosto em terra, e todo o Judá e os moradores
de Jerusalém se lançaram perante o Senhor, adorando-o. E levantaram-se os
levitas, …, para louvarem ao Senhor Deus de Israel, com voz muito alta. E
aconselhou-se com o povo, e ordenou cantores para o Senhor, que louvassem
à Majestade santa, saindo diante dos armados, e dizendo: Louvai ao Senhor
porque a sua benignidade dura para sempre.”. ( 2 Crônicas 20:18-19, 21)

O resultado é descrito nos versículos 22 a 30. Não houve necessidade para o


povo de Deus usar qualquer tipo de arma militar. O exército inteiro dos seus
inimigos destruíram a si mesmos, não deixando nenhum sobrevivente. Tudo que
o povo precisou fazer foi passar três dias juntando os despojos e depois retornar
em triunfo a Jerusalém, com as suas vozes levantadas em alta gratidão e louvor
a Deus. Alem disso, o impacto dessa vitória tremenda e sobrenatural foi sentida
por todas as nações vizinhas. Dali por diante, nenhuma outra nação ousou
contemplar hostilidades contra Josafá e o seu povo.

Três lições práticas podem ser aprendidas da vitória de Josafá. Todas as três
aplicam-se com o mesmo vigor, aos cristãos de hoje.

Em primeiro lugar, as forças anti-cristãs que estão em operação hoje no


mundo são tão hostis e tão terríveis como o exército que ameaçou Judá
nos dias de Josafá. Essas forças estão unidas em ódio e oposição para com
todos que verdadeiramente amam e servem o Senhor Jesus Cristo. Elas não
estão preocupadas com as diferenças internas denominacionais entre os
cristãos. Elas não estão dispostas a poupar os Batistas à custa dos Metodistas,
nem os Católicos à custa dos Pentecostais. Portanto, não é hora para os cristãos
enfatizarem sectarismo ou questões denominacionais que no passado nos
dividiram. Ao contrário, é hora para todo o povo de Deus seguir o exemplo de
Judá e unir-se em jejum e oração.

Em segundo lugar, a história de Josafá demonstra a necessidade dos dons


espirituais. Foi o dom de profecia que deu tanto encorajamento como direção a
Judá na sua hora de crise. Os dons sobrenaturais do Espírito Santo ainda
são necessários para a igreja de hoje. A Bíblia não sugere que Deus alguma
vez pretendeu retirar esses dons da igreja.

Em 1 Coríntios 1: 7-8, Paulo agradece a Deus em favor dos crentes de Corinto,


dizendo: “De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de
nosso Senhor Jesus Cristo, O qual vos confirmará também até ao fim, para
serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo.”. É claro, Paulo
tanto esperava como desejava que os dons espirituais continuassem a operar
na igreja até o retorno de Cristo e o fim dos tempos.

Igualmente, Pedro cita a profecia de Joel em Atos e aplica-a a nossa presente


época:

62
“E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, Que do meu Espírito derramarei sobre
toda a carne; E os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, Os vossos jovens
terão visões, E os vossos velhos sonharão sonhos; E também do meu Espírito
derramarei sobre os meus servos e as minhas servas naqueles dias, e
profetizarão;”. (Atos 2:17-18)

Estas palavras de Joel, citadas por Pedro, confirmam aquelas de Paulo em 1


Coríntios. Não há sugestão, que os dons sobrenaturais do Espírito Santo
deverão ser retirados da igreja, mas sim, que eles se manifestarão mais e mais,
quanto mais nos apróximarmos do fim dos tempos.

A terceira lição a ser aprendida da história de Josafá é a supremacia do poder


espiritual sobre o poder carnal. Em 2 Coríntios 10:4, Paulo diz: “Porque as
armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus…”. Os
inimigos de Josafá confiavam em armas carnais; Josafá e o seu povo somente
usaram armas espirituais. O resultado do conflito demonstra a absoluta
supremacia do espiritual sobre o carnal.

Quais foram exatamente as armas espirituais que Josafá usou para ter tal efeito?
Elas podem ser rapidamente resumidas assim: primeiro, jejum coletivo; segundo,
oração unida; terceiro, os dons sobrenaturais do Espírito Santo; quarto,
adoração e louvor público. Estas armas, usadas biblicamente pelos cristãos
nesses dias atuais, ganharão vitórias tão dramáticas e poderosas como as que
eles ganharam para o povo de Judá nos dias de Josafá.

Esdras Obtém uma Viagem Segura do Céu


Para o nosso segundo exemplo de jejum e oração coletivo vamos para Esdras:

“Ali, junto ao canal de Aava, proclamei jejum para que nos humilhássemos diante
do nosso Deus e lhe pedíssemos uma viagem segura para nós e nossos filhos,
com todos os nossos bens. Tive vergonha de pedir soldados e cavaleiros ao rei
para nos protegerem dos inimigos na estrada, pois lhe tínhamos dito: a mão
bondosa de nosso Deus está sobre todos os que o buscam... Por isso jejuamos
e suplicamos essa bênção ao nosso Deus, e ele nos atendeu” (Esdras 8:21-
23).(NVI)

Esdras fez algo que você e eu às vezes fazemos. Ao testemunhar ao rei, ele
colocou-se numa posição onde tinha que viver à altura do seu próprio
testemunho. Ele tinha dito ao rei: “Nós somos servos do Deus vivo. O nosso
Deus protege e supre todas as nossas necessidades”. Um pouco depois o
caminho abriu-se para que Esdras liderasse um grupo de exilados que queriam
regressar, de volta para Jerusalém. Eles tiveram que fazer uma longa viagem
por território infestado de tribos selvagens e de bandidos. Além de suas esposas

63
e filhos, eles tinham com eles os vasos sagrados do templo, que valiam centenas
de milhares de dólares. Que presa para os bandidos!

Surgiu a questão: como seriam protegidos no caminho da Babilônia até


Jerusalém? Esdras deveria ir ao rei e pedir uma escolta de soldados e
cavaleiros? Sem dúvida que o rei teria concedido esse pedido, mas Esdras
sentiu-se envergonhado em pedir, porque ele já tinha testemunhado ao rei que
o seu Deus, o Deus verdadeiro e vivo, protegeria àqueles que O serviam.

Nesta altura, Esdras e os exilados de regresso, tomaram uma decisão vital: eles
não confiariam em soldados e cavaleiros para a sua proteção, mas no poder
sobrenatural de Deus. Não haveria nada de errado moralmente em aceitar uma
escolta do rei, mas seria depender de meios carnais. Em vez disso, através da
oração e jejum coletivo, eles se comprometeram a buscar sua ajuda e proteção
somente na dimensão espiritual do poder de Deus.

Esdras seguiu o mesmo procedimento de Josafá. Como líder do povo de Deus,


ele “proclamou um jejum”. A razão que ele deu para isso foi “…para que nos
humilhássemos diante do nosso Deus e lhe pedíssemos uma viagem segura
para nós e nossos filhos, com todos os nossos bens…”. Em nosso capítulo
anterior vimos (tanto nos salmos de David e nas ordenanças do Dia da Expiação)
que o jejum era reconhecido pelos Judeus, e aprovado por Deus, como um meio
pelo qual o povo de Deus podia humilhar-se diante d’Ele e reconhecer a sua total
dependência d`Ele. Esdras conclui dizendo: “Por isso jejuamos e suplicamos
essa bênção ao nosso Deus, e ele nos atendeu”.

O resultado do jejum e oração coletivo para Esdras e o seu grupo foi tão decisivo
como tinha sido para Josafá e o povo de Judá. O grupo de exilados de regresso
completaram a sua longa e perigosa jornada em perfeita paz e segurança. Não
houve oposição de bandidos ou tribos selvagens, nenhuma perda de pessoas
ou propriedades. Dessa maneira, a lição demonstrada por Josafá foi
posteriormente confirmada por Esdras: vitória na dimensão espiritual é
fundamental. É para ser conseguida através do uso de armas espirituais. Depois
disso, o resultado será manifesto em cada área da dimensão natural e material.

Vitória na dimensão espiritual é fundamental;


depois o resultado será manifesto na dimensão natural e material.

Ester Transforma Desastre em Triunfo


O nosso terceiro exemplo de jejum e oração coletivo encontra-se no quarto
capítulo do Livro de Ester. Aqui está descrita a maior crise que jamais confrontou
o povo Judeu em toda a sua história até o presente momento – ainda maior do
que a crise com Adolph Hitler. Hitler teve apenas um terço de todos os Judeus

64
nas suas mãos. O imperador Persa tinha toda a nação Judaica. Um decreto foi
emitido que todos eles seriam aniquilados num determinado dia. O nome do
homem que era o advogado de satanás contra os Judeus era Hamã.

Essa história deu origem à festa que os Judeus chamam de Purim. Purim
significa “sortes”. A festa é assim chamada porque Hamã lançou sortes para
determinar o dia que seria escolhida a destruição dos Judeus. Lançar sortes era
uma forma de adivinhação. Hamã estava buscando orientação dos poderes
ocultos. Ele confiava em forças espirituais ocultas para dirigi-lo na destruição dos
Judeus. Isto colocou todo o conflito no plano espiritual. Não era apenas carne
contra carne; era espírito contra espírito. Através de Hamã, satanás estava na
verdade desafiando o poder do próprio Deus. Se ele tivesse tido êxito em destruir
os Judeus, teria sido uma vergonha eterna para o nome do Senhor.

Mas quando o decreto para a destruição dos Judeus foi emitido, Ester e as suas
criadas aceitaram o desafio. Elas entenderam que o conflito era no plano
espiritual, e a resposta delas foi no mesmo plano. Concordaram em jejuar por
três dias, noite e dia, sem comer ou beber. Combinaram com Mordecai que ele
reuniria todos os Judeus em Susã, a cidade capital, para se unirem em jejum
pelo mesmo período. (Observe em Ester 2:19 que mais uma vez, na hora da
crise, vemos que o povo de Deus “estava reunido”, assim como nos dias de
Josafá) Dessa maneira, todos os Judeus em Susã, junto com Ester e as criadas,
jejuaram e oraram três dias – setenta e duas horas – sem comer e beber.

O resultado do seu jejum e oração coletivos está descrito nos capítulos seguintes
do Livro de Ester. Podemos resumi-lo rapidamente dizendo que toda a política
do império Persa foi modificada por completo, em favor dos Judeus. Hamã e os
seus filhos pereceram. Os inimigos dos Judeus em todo o império Persa
sofreram completa derrota. Mordecai e Ester tornaram-se as duas
personalidades mais influentes na política Persa. Os Judeus em cada área
experimentaram uma medida singular de favor, paz e prosperidade. Tudo isso
pode ser atribuído diretamente a uma causa: o jejum e a oração coletivos do
povo de Deus.

Nínive Poupada; Samaria Destruída


Nós tiramos nossos três primeiros exemplos de jejum e oração coletivos da
história de Israel. Para o nosso quarto e último exemplo, vamos olhar para uma
nação gentílica. O Livro de Jonas regista o trato de Deus com a cidade de Nínive,
a capital da Assíria, que naquele tempo era o império mais poderoso da
antiguidade. A Bíblia retrata Nínive como uma cidade cruel, violenta, idólatra, ao
ponto de colher o julgamento divino. Deus chamou Jonas para ir e alertar Nínive
que o julgamento estava prestes a vir.

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Jonas recusou-se a ir primeiro. Ele era cidadão do reino norte de Israel. Ele sabia
que o império Assírio era naquele tempo o inimigo nacional do seu próprio povo.
O Julgamento sobre Nínive aliviaria a ameaça Assíria a Israel. Por outro lado,
misericórdia para com Nínive aumentaria o perigo para Israel. Portanto, Jonas
estava relutante em levar qualquer mensagem a Nínive que pudesse afastar o
iminente julgamento de Deus sobre aquela cidade.

Entretanto, quando chamado pela segunda vez, depois de suportar a disciplina


severa de Deus, Jonas foi a Nínive. A Sua mensagem foi extremamente simples:
“Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.” (Jonas 3:4). A resposta do povo
de Nínive foi imediata e dramática. Está descrita nos próximos cinco versículos:

“E os homens de Nínive creram em Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-


se de saco, desde o maior até ao menor. Esta palavra chegou também ao rei de
Nínive; e ele levantou-se do seu trono, e tirou de si as suas vestes, e cobriu-se
de saco, e sentou-se sobre a cinza. E fez uma proclamação que se divulgou em
Nínive, pelo decreto do rei e dos seus grandes, dizendo: Nem homens, nem
animais, nem bois, nem ovelhas provem coisa alguma, nem se lhes dê alimentos,
nem bebam água; Mas os homens e os animais sejam cobertos de sacos, e
clamem fortemente a Deus, e convertam-se, cada um do seu mau caminho, e da
violência que há nas suas mãos. Quem sabe se se voltará Deus, e se
arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?”
(Jonas 3:5-9)

Não existe nenhum outro instante na história do Antigo Testamento de um


arrependimento tão profundo e universal onde toda uma comunidade participou.
Todas as atividades normais paralisaram. O rei e os nobres proclamaram um
jejum, e eles mesmos deram o exemplo. Foram seguidos não apenas por todos
os habitantes de Nínive, mas até pelos bois e ovelhas. Toda a cidade se lançou
sobre a misericórdia de Deus. As palavras não poderiam pintar um quadro mais
vívido. Um jejum universal e público, tornou-se a mais completa e apropriada
expressão de profunda lamentação interior e auto-humilhação.

A resposta de Deus para o jejum de Nínive é descrita no último versículo do


capítulo: “E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho;
e Deus se arrependeu do mal que tinha anunciado lhes faria, e não o fez.”. A
história regista que Nínive, dessa maneira poupada à última da hora, continuou
como uma cidade mais ou menos estável e próspera por cerca de cento e
cinqüenta anos, e foi finalmente destruída em 612 a.C., como predito pelos
profetas posteriores, Naum e Sofonias.

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Princípios que se aplicam hoje
O trato de Deus com Nínive através de Jonas ilustra um princípio que é revelado
mais plenamente através do profeta Jeremias. No Livro de Jeremias, o Senhor
diz:

“No momento em que falar contra uma nação, e contra um reino para arrancar,
e para derrubar, e para destruir, Se a tal nação, porém, contra a qual falar se
converter da sua maldade, também eu me arrependerei do mal que pensava
fazer-lhe. No momento em que falar de uma nação e de um reino, para edificar
e para plantar, Se fizer o mal diante dos meus olhos, não dando ouvidos à minha
voz, então me arrependerei do bem que tinha falado que lhe faria.” (Jeremias
18:7-10).

No trato de Deus com as nações, as Suas promessas de bênção e as Suas


advertências de julgamento são ambas iguais: elas são condicionais. O
julgamento pode ser evitado – mesmo à última da hora – pelo
arrependimento. Por outro lado, a bênção pode ser perdida pela
desobediência.

Contrastando o destino da Assíria com o do reino norte de Israel, podemos


discernir princípios do trato de Deus com as nações, que ainda se aplicam hoje.

No século oito a.C., a cidade gentílica de Nínive recebeu uma alerta de


julgamento de um profeta – Jonas. Toda a população respondeu com um
arrependimento universal. Durante o mesmo período, o reino do norte de Israel
ouviu as repetidas advertências de Deus, não apenas por Jonas, mas de pelo
menos quatro outros profetas – Amós, Oséias, Isaías e Miquéias. Mesmo assim,
eles rejeitaram esses profetas e recusaram arrepender-se.

Qual foi o resultado? O império Assírio, do qual Nínive era capital, tornou-se o
instrumento de julgamento de Deus sobre Israel. Em 721 a.C., os reis da Assíria
capturaram e destruíram Samaria, a capital de Israel, e levaram todo o reino do
norte para o cativeiro.

O fim trágico do reino norte parece apoiar o ditado: “um profeta não tem honra
na sua própria terra”. Israel, com a sua longa história de revelação especial de
Deus, ouviu muitos profetas e os rejeitou. Nínive, sem nenhuma revelação prévia
de Deus, ouviu um profeta e o acatou. Esta lição da história, contém uma
advertência para aqueles como nós, que vivem em terras com longas histórias
de influência e ensinos cristãos. Tomemos cuidado para não permitirmos que a
nossa familiaridade com a mensagem, nos impeça de reconhecermos a sua
urgência!

67
Tomemos cuidado para não permitirmos que
a nossa familiaridade com a mensagem,
nos impeça de reconhecermos a sua urgência!

Hoje, Deus está falando mais uma vez através dos Seus mensageiros e pelo
Seu Espírito a cidades e nações. Ele está chamando ao arrependimento, ao
jejum, a auto-humilhação. Aqueles que obedecerem receberão a visitação da
Sua misericórdia, como fez Nínive. Aqueles que rejeitarem, receberão a visitação
da Sua ira, como fez Israel.

68
Capítulo 8

O Jejum Prepara para a Chuva Serôdia de Deus

Em toda a Bíblia, há um equilíbrio delicado entre o cumprimento dos propósitos


pré-determinados de Deus e o exercício do livre arbítrio humano. Por um lado,
os conselhos eternos de Deus, revelados nas profecias e promessas da Sua
Palavra, têm o seu cumprimento final garantido. Por outro lado, há ocasiões em
que Deus exige o exercício da fé humana, e da vontade humana como condição
indispensável para o cumprimento dos Seus conselhos. A essência da
verdadeira intercessão é entender este equilíbrio, e aplicá-lo na oração.

O Padrão da Intercessão de Daniel


Um exemplo iluminador disto, encontra-se no ministério de intercessão de
Daniel. Ele diz:

“No primeiro ano do seu reinado [i.e. o reinado de Dario], eu, Daniel, entendi
pelos livros que o número dos anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias,
em que haviam de cumprir-se as desolações de Jerusalém, era de setenta anos.
E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas,
com jejum, e saco e cinza.” (Daniel 9:2-3).

Daniel não era apenas profeta; ele era também um estudante de profecia.
Estudando as profecias de Jeremias, ele descobriu a promessa a que se refere
aqui: “Porque assim diz o SENHOR: Certamente que passados setenta anos em
babilônia, vos visitarei, e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando a
trazer-vos a este lugar.[i.e. a terra de Israel]” (Jeremias 29:10). Daniel sabia que
o período apontado de setenta anos tinha quase terminado. Portanto, ele
entendeu que a hora prometida da libertação e restauração estava próxima.

No capítulo 4 deste livro, nós falamos sobre a oração de Daniel que aparece em
Daniel 6:10. Essa passagem mostra que Daniel já praticava a intercessão
regular, três vezes ao dia, pela restauração de Israel à sua própria terra. Agora,
a revelação da profecia de Jeremias mostrou-lhe que o tempo para Deus
responder às suas orações tinha chegado. Estudando a resposta de Daniel a
essa revelação, ganhamos uma lição vital para o ministério da intercessão. Uma
pessoa de mente carnal poderia ter interpretado a promessa de Jeremias como
um liberar da obrigação de orar mais. Se Deus tinha prometido restaurar Israel
naquele tempo, que necessidade adicional haveria de orar?

A resposta de Daniel foi exatamente o contrário. Ele não interpretou a promessa


de Deus como uma libertação da sua obrigação de interceder, mas ao contrário,

69
como um desafio de buscar a Deus com maior intensidade e fervor que antes.
Essa determinação renovada é maravilhosamente expressa em suas próprias
palavras: “Voltei (dirigi) o meu rosto para o Senhor Deus,...” (Daniel 9:3)(SBB).
Na vida de oração de cada um de nós, chega um momento em que temos de
voltar (dirigir) o nosso rosto. Daquele momento em diante, nenhum
desencorajamento, nenhuma distração, nenhuma oposição, será permitida para
nos deter, até que tenhamos obtido a total certeza (a plena garantia) da resposta
que a Palavra de Deus nos assegura.

Neste momento de busca de Deus com grande intensidade, Daniel entendeu


que as suas orações tinham que ser apoiadas com jejum. Ele diz: “Por isso me
voltei... com orações e súplicas, em jejum, em pano de saco e coberto de
cinza”.(NVI) Pano de saco e cinzas eram as evidências externas normais de
lamentação. Vemos novamente quão intimamente o jejum está associado à
lamentação.

À medida que avançamos no estudo da oração de Daniel registada nos


versículos seguintes, vemos como o jejum e a lamentação estavam associados
alternadamente com a auto-humilhação. Por todos os padrões humanos, Daniel
foi um dos homens mais justos e tementes a Deus retratado nas Escrituras –
mesmo assim em nenhum momento ele se auto-representa como mais justo do
que aqueles por quem ele está intercedendo. Ele identifica-se invariavelmente
com o seu próprio povo em toda a sua rebelião e desvio. Seu clamor é, “nós
temos cometido pecado e somos culpados...Senhor, tu és justo, e hoje estamos
envergonhados...” (versículos 5, 7)(NVI). Ele sempre usa “nós” e “estamos”;
nunca “eles” e “estão”. Através de toda a sua oração, Daniel assume o seu lugar
como um daqueles que estão justamente sujeitos aos julgamentos justos de
Deus que tinham vindo sobre o seu povo.

Dessa maneira, a oração de Daniel tornou-se eficaz através do seu próprio


envolvimento. Isto é expresso de três maneiras que são relacionadas
intimamente: pelo jejum, pela lamentação, e pela auto-humilhação.

Em 2 Crônicas, Deus declara as condições que o Seu povo deve cumprir para a
cura da sua terra:

“Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a
minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei
o seu pecado e curarei a sua terra.”. ( 2 Crônicas 7:14 )(NVI)

As exigências de Deus são quatro: que o Seu povo se humilhe, ore, busque a
Sua face, e se afaste dos seus maus caminhos. Quando satisfazer essas
condições, Deus promete ouvir a oração do Seu povo e curar a sua terra.

Agora diante do exemplo de Daniel, aprendemos exatamente o que quer dizer


cada uma dessas exigências. Daniel humilhou-se; ele orou; ele buscou a face de

70
Deus; e, identificando-se com os pecados do seu povo, ele renunciou e afastou-
se destes pecados. Por sua vez, o resultado prova a fidelidade de Deus em
cumprir a Sua promessa sempre que as Suas condições são satisfeitas, porque
foi através da intercessão de Daniel que a restauração veio a Israel e a cura para
a sua terra.

Deus é fiel em cumprir a Sua promessa


sempre que as Suas condições são satisfeitas.

De todas as grandes personagens da Bíblia, talvez Daniel exemplifique mais


claramente, do que qualquer outro, o ministério, que é o tema deste livro:
“moldando a história através da oração e jejum”. Quando no início Daniel, ainda
jovem, chegou à Babilônia, foram as suas orações (junto com o seu dom de
revelação) que mudaram o coração do Rei Nabucodonosor, conseguindo favor
e promoção para os Judeus na Babilônia. Mais tarde, próximo do fim da vida de
Daniel, quando o império Babilônico tinha sido substituído pelo Medo-Persa,
foram a oração e o jejum de Daniel que finalmente abriram caminho para a
restauração de Israel à sua própria terra. Durante um período de quase setenta
anos, as principais mudanças sucessivas no destino do povo de Deus podem
ser atribuídas às orações de Daniel.

Do estudo da intercessão de Daniel, surge uma lição de especial importância


para o nosso tema. As profecias e as promessas da Palavra de Deus, nunca
são uma desculpa para deixar de orar. Pelo contrário, elas são destinadas
a provocar-nos para orar com fervor e entendimento crescente. Deus
revela-nos os propósitos que Ele está operando, não para que sejamos
expectadores passivos à margem da história, mas para que nós possamos
identificar-nos pessoalmente com os Seus propósitos, e dessa maneira
ficarmos envolvidos ativamente no seu cumprimento. Revelação exige
envolvimento.

O Triplo Chamado de Joel para o Jejum


Essa mensagem aplica-se particularmente ao derramamento do Espírito Santo
nos últimos dias que está agora trazendo um impacto crescente em cada área
do cristianismo, e em cada parte do mundo. O grande profeta deste
derramamento é Joel. É na profecia de Joel que Deus revela o Seu soberano
propósito de enviar uma visitação do Seu Espírito sobre toda a raça humana:

“E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos
filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos
jovens terão visões.” (Joel 2:28).

71
No dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo inicialmente foi derramado, este
versículo de Joel foi citado por Pedro:

“Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz
Deus, Que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; E os vossos filhos e
as vossas filhas profetizarão, Os vossos jovens terão visões, E os vossos velhos
sonharão sonhos;” (Atos 2:16-17).

Entre a passagem de Joel e a de Atos existe uma diferença significativa. Onde


Joel diz, “E há de ser que, depois”, Pedro diz, “nos últimos dias acontecerá”.
Pedro aplicou essas palavras a eventos que estavam acontecendo naquele
momento. Nós podemos dessa maneira deduzir que o dia de Pentecostes
marcou o início do período definido nas Escrituras como “os últimos dias”. Esse
período dos últimos dias ainda continua, e continuará até que a presente era
acabe. Desta maneira as palavras de Pedro nos dão um ponto de partida bíblico
para os últimos dias.

Neste contexto, é importante também notar que o derramamento do Espírito


Santo predito por Joel, era para ser dividido em duas fases principais: “a chuva
temporã” e “a chuva serôdia”. Isto está declarado em Joel 2:23: “…fará
[Deus]descer a chuva no primeiro mês, a temporã e a serôdia.”. A chuva é o tipo,
do qual o Espírito Santo derramado é o antítipo. No padrão climático atual de
Israel, a chuva temporã cai no começo do inverno (perto de novembro), e a
chuva serôdia cai no fim do inverno (perto de março e abril). Dessa maneira, a
chuva serôdia coincide mais ou menos com a Páscoa, que de acordo com o
calendário religioso Judaico, ocorre no meio do “primeiro mês” (Êxodo 12:2).

Transferindo isso de tipo para antítipo, chegamos a uma dedução lógica: a chuva
temporã do Espírito Santo marca o começo dos últimos dias, enquanto a chuva
serôdia do Espírito Santo marca o encerramento dos últimos dias. Deus tanto
começa como termina o Seu trato com a Sua igreja na terra através de um
derramamento universal do Seu Espírito Santo. A primeira chuva do Espírito
Santo caiu na igreja primitiva. A última chuva do Espírito Santo está caindo
agora, nos nossos dias, na igreja em todo o mundo. Essa é a implicação da frase
de Pedro, “nos últimos dias”.

Agora voltemos à versão original da profecia, como foi dada em Joel 2:28: “E há
de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne”. Onde Pedro
diz: “nos últimos dias”, Joel diz: “depois”. Para que entendamos a mensagem
completa de Joel, precisamos interpretar corretamente essa palavra depois. O
que Joel quer dizer com isso? Depois de quê? Obviamente, ele refere-se a algo,
que disse anteriormente na sua profecia.

Se voltarmos ao começo da profecia de Joel, somos confrontados com uma cena


de desolação total e sem alívio. Toda a parte da herança do povo de Deus está
afetada. Tudo está seco; nada é fértil. Não há nenhum raio de esperança,

72
nenhuma solução humana. O que Deus diz para o Seu povo fazer? O remédio
que Deus prescreve é jejum coletivo. “Santificai um jejum, convocai uma
assembléia solene, congregai os anciãos, e todos os moradores desta terra, na
casa do Senhor vosso Deus, e clamai ao Senhor.”. (Joel 1:14)

Santificai aqui quer dizer separai. O chamado de Deus para o jejum deve ter
primazia absoluta. Todas as outras atividades, religiosas ou seculares, devem
tomar o segundo lugar. Há uma ênfase particular sobre os anciãos. Os líderes
do povo de Deus tem uma responsabilidade especial nesse assunto. Entretanto,
todos os habitantes da terra estão incluídos. Não pode haver exceções. É
requerido que o povo de Deus se una, para enfrentar a sua necessidade. Eles
são chamados a reunirem-se em jejum, assim como fizeram nos dias de Josafá,
Esdras e Ester.

Em Joel 2:12, o chamado é repetido: “Ainda assim, agora mesmo diz o Senhor:
Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro,
e com pranto.”. Em horas de crise como esta, somente orar não será o suficiente.
A oração deve ser acompanhada pelo jejum, choro e pranto (lamento). (Notamos
novamente a íntima conexão entre o jejum e o lamento)

Em Joel 2:15, o chamado para o jejum vem a terceira vez: “Tocai a trombeta em
Sião, santificai um jejum, convocai uma assembléia solene.”. Sião é a
assembléia do povo de Deus. Tocar a trombeta é a forma mais pública de
proclamação possível. Não há nada privado ou secreto num jejum que é
proclamado dessa maneira. A Bíblia deixa claro que há momentos em que o
jejum é para ser proclamado publicamente para todo o povo de Deus. A
passagem continua:

“Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai as


crianças, e os que mamam... Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre
o alpendre e o altar...” (Joel 2: 16-17)

Mais uma vez, mesmo que todo o povo esteja envolvido, existe uma ênfase
especial sobre a liderança: os sacerdotes, os ministros do Senhor e os anciãos.
No capitulo 6 deste livro, vimos que a responsabilidade dos líderes, de
estabelecer o exemplo no jejum, é transportada para a igreja do Novo
Testamento.

Três vezes nesses versículos de Joel, Deus chama o Seu povo a jejuar. Depois
vem a promessa: “depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne”. Depois
de quê? Depois que o povo de Deus tenha obedecido o Seu chamado ao jejum
e oração. Hoje, o Espírito de Deus está sendo derramado numa certa medida.
Existe ampla evidência que o tempo chegou para a “chuva serôdia” de Deus.
Mas por enquanto, vemos apenas uma pequena fração do derramamento total
que a Bíblia claramente prediz. Deus está esperando que nós cumpramos as

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Suas exigências. Será necessário oração e jejum coletivo, para precipitar a
plenitude final da chuva serôdia.

No que toca a este assunto, a nossa posição hoje é muito parecida com a de
Daniel no começo do reino de Dario. Ele viu a mão de Deus movendo-se na
situação política. Ele viu nas Escrituras que o tempo de Deus tinha chegado para
a restauração do Seu povo. Impelido por este testemunho duplo, Daniel
entregou-se a oração e jejum. Somente desta maneira as promessas de Deus
poderiam ser levadas ao seu cumprimento pleno.

O propósito central de Deus nos dias de Daniel era a restauração. Deus movia-
se para trazer o Seu povo de volta à herança que eles tinham perdido pela
desobediência. O mesmo é verdade hoje. O derramamento do Espírito Santo é
a maneira determinada por Deus para a restauração. O próprio Deus declara
isso em Joel 2:25: “Assim vos restituirei os anos que foram consumidos pela
locusta voadora…”.(ARIB)

O derramamento do Espírito Santo é a maneira determinada por Deus


para a restauração

Três séculos e meio atrás, a igreja experimentou a reforma. Hoje Deus já não
está preocupado com reforma. O Seu propósito é a restauração. Deus está se
movendo para restaurar cada área da herança do Seu povo à sua condição
original.

Deus está se movendo para restaurar cada área da herança do Seu povo
à sua condição original.

A “chuva temporã”, trouxe a existência uma igreja que satisfez os padrões


divinos de pureza, poder e ordem. A “chuva serôdia”, restaurará a igreja aos
mesmos padrões. Então, e só então, a igreja poderá cumprir o seu destino no
mundo. Este é o fim para o qual Deus agora está trabalhando.

O Grande Capítulo de Isaías Sobre Jejum


É apropriado encerrar o nosso estudo sobre o jejum no Antigo Testamento, com
Isaías capitulo 58. Esse é o grande “capítulo de jejum” do Antigo Testamento.
Isaías descreve duas maneiras diferentes de jejuar. Nos versículos 3 a 5, Isaías
descreve o tipo de jejum que não é aceitável a Deus. Então nos versículos 6 a
12, ele descreve o tipo de jejum que é muito agradável a Deus.

O mal do primeiro tipo de jejum, está principalmente nas motivações e atitudes


daqueles que o praticam.

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“… Contudo, no dia do seu jejum vocês fazem o que é do agrado de vocês, e
exploram os seus empregados

Seu jejum termina em discussão e rixa, e em brigas de socos brutais...

Será esse o jejum que escolhi... um dia o homem... incline a cabeça como o
junco...?”. (Isaías 58: 3-5 )

Para as pessoas descritas aqui, o jejum era meramente uma parte aceite do
ritual religioso. Este era o tipo de jejum praticado pelos Fariseus nos dias de
Jesus. Não havia nenhum arrependimento ou auto-humilhação. Pelo contrário,
eles continuavam com todas as suas atividades seculares normais e
conservavam todas as suas atitudes malignas de ganância, egoísmo, orgulho e
opressão. O “incline a cabeça como o junco”, é uma descrição muito vívida de
certas formas de oração, ainda praticadas por alguns Judeus ortodoxos, no qual
eles balançam os seus torsos para frente e para trás, repetindo mecanicamente
orações predefinidas, das quais dificilmente entendem o significado. Por outro
lado, o tipo de jejum que é bem agradável a Deus, nasce de motivações e
atitudes que são totalmente diferentes. No versículo 6, Isaías define as
motivações por trás deste tipo de jejum: “que soltes as ligaduras da impiedade,
que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces
todo o jugo?” Tanto as Escrituras como a experiência confirmam que há muitas
ligaduras que não podem ser soltas, muitos jugos que não podem ser
despedaçados, muitas ataduras que não podem ser desfeitas e muitos oprimidos
que nunca serão libertos até que o povo de Deus – e especialmente os seus
líderes – obedeçam ao chamado de Deus para jejum e oração.

Isaías continua descrevendo as atitudes para com as outras pessoas – e


especialmente para com os necessitados e oprimidos –as quais fazem parte do
tipo de jejum aprovado por Deus: “…não é também que repartas o teu pão com
o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o
cubras, e não te escondas da tua carne?” (v. 7). Jejum desse tipo deve ser unido
com caridade sincera e prática, no nosso relacionar com aqueles que estão perto
de nós – especialmente aqueles que precisam da nossa ajuda em questões
financeiras e materiais.

Isaías mais uma vez adverte contra as atitudes erradas associadas com o tipo
de jejum que não é aceitável a Deus, e contrasta essas atitudes com a caridade
verdadeira e prática.

“Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente; E se


abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita”. ( Isaías 58:9-10 )

“…o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente…”, podem ser resumidos


em três palavras: legalismo, criticismo e insinceridade.

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Agora consideremos as bênçãos prometidas por Isaías àqueles que praticam o
tipo de jejum aceitável a Deus. Essas bênçãos estão registadas em estágios
sucessivos. Primeiro, Isaías descreve as bênçãos de saúde e justiça:

“Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a
tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda.”
(Isaías 58:8)

Isso está em harmonia com a promessa de Malaquias 4:2: “Mas para vós, os
que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e cura trará nas suas asas…”.
O contexto em Malaquias indica uma aplicação especial ao período um pouco
antes do encerramento da presente era.

No versículo nove, Isaías descreve a bênção da oração respondida: “Então


clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui”. Aqui está
Deus à disposição do homem, pronto a responder a qualquer petição, e a suprir
qualquer necessidade.

A seguir, Isaías descreve as bênçãos de orientação e fertilidade:

“…então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia.
E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares áridos, e
fortificará os teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial,
cujas águas nunca faltam.”. ( Isaías 58:10-11 )

Finalmente, Isaías descreve as bênçãos da restauração:

“E os que de ti procederem edificarão as antigas ruínas; e levantarás os


fundamentos de geração em geração; e chamar-te-ão reparador das roturas, e
restaurador de veredas para morar.” (Isaías 58:12).

Como Joel, Isaías aponta para uma ligação estreita entre o jejum e a restauração
do povo de Deus. Isaías fecha a sua mensagem sobre o jejum com esse tema:
“edificar as antigas ruínas... reparar as roturas... restaurar as veredas para
morar”. Esse trabalho de restauração é o propósito de Deus para o Seu povo
nesse tempo. O meio determinado por Deus para realizar isso é a oração e o
jejum.

À luz desta clara e consistente mensagem da Palavra de Deus, cada um de nós


é colocado num lugar de uma decisão pessoal. Em Ezequiel 22:30, Deus diz:
“Procurei entre eles um homem que erguesse o muro e se pusesse na brecha
diante de mim e em favor desta terra, para que eu não a destruísse”.(NVI) Deus
hoje está novamente procurando um homem como esse. Você se oferecerá a
Deus para esse propósito? Você se dedicará a oração e jejum? Você se reunirá
em comunhão com outros de mesma visão e determinação, e se unirá a eles em
períodos especiais de oração e jejum? Vamos decretar um jejum santo!
Vamos convocar uma assembléia sagrada! Vamos juntar-nos!

76
Capitulo 9

Orientações Práticas para o Jejum

Para muitos cristãos hoje – talvez para a maioria – a perspectiva de jejuar não é
familiar, e é um pouco assustadora. Frequentemente, depois de ter pregado
numa reunião pública sobre jejum, as pessoas tem vindo até mim com perguntas
do tipo: “como começo a jejuar?”, “existem alguns perigos especiais contra os
quais me devo proteger?”, “Pode dar-me algumas dicas práticas?”

Jejum é Semelhante a Oração


Quase todos aqueles que fazem tais perguntas, já estão de alguma forma,
familiarizados com a prática da oração. Portanto, é útil começarmos apontando
algumas maneiras em que o jejum é semelhante à oração.

Todos os cristãos responsáveis têm que cultivar numa base regular, a sua vida
de oração pessoal. A maioria dos cristãos acha prático, separar a cada dia um
tempo definido para a oração pessoal. Muito frequentemente, este período é
cedo, de manhã, antes das atividades seculares normais do dia começarem.
Outros acham melhor dedicar o fim do dia, à oração. Alguns misturam tanto a
manhã como a noite. Para cada crente, isso é determinado pela conveniência
pessoal, e pela direção individual do Espírito Santo.

Entretanto, além desses períodos regulares de oração, quase todos os cristãos


descobrem que às vezes o Espírito Santo os chama para períodos especiais de
oração. Isso pode ser provocado por alguma crise urgente, ou por algum
problema sério, que não foi resolvido pela oração diária regular.
Frequentemente, esses períodos especiais de oração, são mais intensos ou
mais prolongados do que os períodos regulares de oração de cada dia.

Os mesmos princípios aplicam-se ao jejum. Todo cristão que decide fazer do


jejum uma parte da sua disciplina pessoal espiritual, seria sábio em separar um
ou mais períodos específicos a cada semana para esse propósito. Dessa
maneira, o jejum torna-se parte da disciplina espiritual regular, da mesma
maneira que a oração. Entretanto, além desses períodos semanais regulares de
jejum, é provável que existam ocasiões especiais, quando o Espírito Santo o
chame para um jejum que é mais intenso e mais prolongado.

É impressionante, a rapidez com que o corpo se ajusta a um padrão de jejum


regular. De 1949 até 1956, eu pastoreei uma congregação em Londres,
Inglaterra. Durante esses anos a minha esposa e eu, normalmente guardávamos
a quinta-feira, como o dia de jejum, a cada semana. Descobrimos que os nossos

77
estômagos ficaram “programados” para esse dia, assim como um despertador é
programado para tocar numa determinada hora. Quando chegava a quinta-feira,
mesmo que tivéssemos esquecido que dia da semana era, os nossos estômagos
não faziam as suas exigências normais por comida. Lembro-me de Lydia dizer
para mim certa ocasião: “Deve ser quinta-feira, estou sem apetite esta manhã!”

Nos primeiros dias do movimento Metodista, havia uma forte ênfase no jejum
regular. O próprio John Wesley fez disto parte da sua própria disciplina pessoal.
Ele ensinou que a igreja primitiva praticava o jejum às quartas e sextas-feiras de
cada semana, e exortou todos os Metodistas dos seus dias a também fazerem
o mesmo. Na verdade, ele não ordenava para o ministério Metodista, nenhum
homem que não se comprometesse a jejuar até às quatro horas da tarde todas
as quartas e sextas-feiras.

É claro, que tanto no caso da oração como do jejum, precisamos nos proteger
contra qualquer forma de prisão legalista. Em Gálatas 5:18, Paulo diz: “Mas, se
sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei”. Para um cristão que é
guiado pelo Espírito Santo, nem a oração nem o jejum deveria jamais tornar-se
uma exigência fixa, legal como era imposta a Israel sob a lei de Moisés. Portanto,
um cristão pode perfeitamente, a qualquer momento, sentir-se livre para mudar
o seu padrão de oração e jejum, quando as circunstâncias exigirem ou o Espírito
Santo assim o indicar. Ele nunca deveria permitir que isso lhe trouxesse qualquer
sentimento de culpa ou auto-condenação.

No capítulo 6 deste livro, nós vimos que no Sermão da Montanha (Mateus 6:1-
18), Jesus usou a mesma linguagem sobre jejum, que Ele usou sobre a oração.
Deu instruções para a oração individual: “Mas tu (singular), quando orares…”
Porém, Ele também deu instruções para a oração coletiva: “E quando orarem
(plural)…”(NVI) Da mesma maneira, Ele deu instruções tanto para o jejum
individual quanto para o coletivo. “Tu (singular), porém quando jejuares…” aplica
ao indivíduo. “Quando jejuarem (plural)…”(NVI) indica o grupo no seu todo.

Os cristãos estão acostumados a reunirem-se em grupo para a prática da oração


pública. Na maioria das igrejas, a “reunião de oração” faz parte de uma rotina
semanal normal. Há a mesma quantidade de precedentes bíblicos de se
reunirem em grupo para o jejum público. Nos capítulos 7 e 8 deste livro,
examinamos toda uma série de situações no Antigo Testamento, em que Deus
chamou o Seu povo para um jejum coletivo e público. No capítulo 6, vimos que
no Novo Testamento, o jejum coletivo também era praticado por congregações
inteiras, com os líderes dando o exemplo.

Às vezes, as pessoas são contra, dizendo que Jesus advertiu os seus discípulos
que não jejuassem em público. Eles citam Mateus:

78
“Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto,
Para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto;
e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.” (Mateus 6:17-18).

Nós já deixamos claro, que aqui Jesus está falando no singular, ao indivíduo.
Isso é lógico. Um indivíduo crente, que jejua sozinho, não tem necessidade de
fazer o seu jejum público.

Entretanto, no versículo anterior, Jesus fala no plural sobre o jejum coletivo:

“E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque
desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em
verdade vos digo que já receberam o seu galardão.” (Mateus 6:16).

Nesse versículo, Jesus adverte contra a ostentação desnecessária, mas Ele não
exige que o jejum seja feito secretamente. Isso também é lógico. Obviamente,
as pessoas não podem reunir-se para um jejum coletivo, a não ser que seja
organizado por algum anúncio público. Isso necessariamente descarta o sigilo.

Sem dúvida, o diabo está por trás dessa teoria de que os cristãos devem
somente jejuar em segredo. Isto priva o povo de Deus da arma mais poderosa
de todo o seu arsenal – que é o jejum público e coletivo.

A arma mais poderosa do povo de Deus é o jejum público e coletivo.

Aqueles que falam contra o jejum público, normalmente enfatizam a necessidade


de “humildade”. Mas, a assim chamada humildade, nesse contexto, é na verdade
um nome religioso e educado, para incredulidade ou desobediência.

Tendo estabelecido esses princípios básicos, que aplicam tanto à oração como
ao jejum, podemos olhar mais especificamente para o jejum. No decorrer dos
anos, baseado na experiência pessoal, eu juntei várias orientações práticas, que
são destinadas a produzir o máximo benefício do jejum. Elas estão referidas
resumidamente aqui. Por conveniência iremos lidar primeiro com o jejum
individual, e depois com o jejum coletivo.

Orientações Para O Jejum Individual


1. Entre no jejum com uma fé positiva. Deus exige
esse tipo de fé em todos aqueles que O buscam. “Ora, sem fé é impossível
agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus
creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.” (Hebreus
11:6) Se você se determinar a buscar a Deus diligentemente através do
jejum, tem um direito bíblico de esperar que Deus o vai recompensar. Em
Mateus 6:18, Jesus dá esta promessa ao crente que jejua com as

79
motivações corretas: “…e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará
publicamente.”.
2. Lembre-se: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o
ouvir pela palavra de Deus.” (Romanos 10:17). O seu jejum deve ser
baseado na convicção de que a Palavra de Deus faz saber que ele faz
parte da disciplina cristã normal. Espero que os três capítulos anteriores
deste livro, lhe tenha ajudado a chegar a esta convicção.
3. Não espere que alguma emergência o leve a
jejuar. É melhor começar a jejuar quando você está “por cima”
espiritualmente, do que quando está “por baixo”. A lei do progresso no
Reino de Deus é a seguinte: “De força em força” (Salmos 84:7); “de fé em
fé” (Romanos 1:17); e de glória em glória” (2 Coríntios 3:18).
4. No começo, não se coloque num período muito
longo de jejum. Se estiver jejuando pela primeira vez, omita uma ou duas
refeições. Então, mova-se gradualmente para períodos maiores, como um
dia ou dois. É melhor começar estabelecendo como objetivo, um período
curto e conseguir. Se estabelecer logo no início um período muito longo e
falhar em cumprir, poderá ficar desencorajado e desistir.
5. Durante o seu jejum, dedique bastante tempo ao
estudo Bíblico. Quando possível, leia uma porção das Escrituras antes de
cada período de oração. Os Salmos são particularmente providenciais.
Leia-os em voz alta, identificando-se pessoalmente com as orações, os
louvores, e as confissões contidas neles.
6. Muitas vezes é útil definir determinados
objetivos específicos no seu jejum e fazer uma lista escrita deles. Se
guardar a lista que faz, e depois de um intervalo de tempo voltar a olhar
para ela, sua fé será fortalecida quando vir, quantos dos seus objetivos
foram alcançados.
7. Evite a ostentação e o orgulho religioso. Exceto
por períodos especiais de oração, ou outra atividade espiritual, a sua vida
e conduta enquanto jejua deveria ser tão normal e despretensiosa, quanto
possível. Esta é a essência das advertências dadas por Jesus em Mateus
6:16-18. Lembre-se que a vanglória é excluída pela lei da fé (veja
Romanos 3:27). Jejuar não lhe rende nenhum crachá de mérito de Deus.
Faz parte do seu dever como cristão comprometido. Tenha em mente a
advertência de Jesus em Lucas 17:10: “assim também vocês, quando
tiverem feito o que lhes for ordenado, devem dizer: somos servos inúteis;
apenas cumprimos o nosso dever”.(NVI)
8. Cada vez que jejuar, verifique cuidadosamente
as suas motivações. Gaste tempo lendo Isaías 58:1-12 mais uma vez.
Observe as motivações e atitudes que não são agradáveis a Deus.
Depois, estude as motivações e objetivos que são agradáveis a Deus. As
suas motivações e objetivos deveriam alinhar-se com elas.

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Aspectos Físicos do Jejum
Quando praticado com o devido cuidado e bom-senso, o jejum é benéfico ao
corpo físico. Aqui estão alguns pontos a observar, se desejar obter os benefícios
físicos do jejum.

1. Lembre-se que “o vosso corpo é o templo do


Espírito Santo” (1Coríntios 6:19). É agradável a Deus, quando você cuida
apropriadamente do seu corpo, buscando fazer dele um templo limpo e
saudável para o Seu Espírito. A saúde é um dos benefícios específicos
do jejum, quando praticado apropriadamente (Isaías 58:8).
2. Se estiver a tomar medicação regular, ou se
sofrer de algum tipo de doença debilitante, como diabetes ou tuberculose,
é sábio obter primeiro conselho médico antes de entrar em qualquer
jejum, além de uma refeição ou duas.
3. No começo de um jejum, pode experimentar
desagradáveis sintomas físicos, como tontura, dor de cabeça ou náusea.
Normalmente elas são indicações de que o seu jejum foi tardio, e que
precisa da ação fisicamente purificadora do jejum em várias áreas do seu
corpo. Não permita que o desconforto físico o detenha. “…Ponha-se de
frente para ela…” (Ezequiel 4:3), e vá em frente com o jejum que planeou.
Depois de um dia ou dois, essas desagradáveis reações físicas
normalmente diminuem.
4. Lembre-se que a fome, em parte, é uma questão
de hábito. Nos primeiros estágios do jejum, a fome vai provavelmente
retornar nos momentos de cada refeição. Mas se suportar, a sensação de
fome passará sem que coma qualquer coisa. Às vezes, pode enganar o
seu estômago bebendo um copo de água ao invés de comer.
5. Proteja-se contra a prisão de ventre. Antes e
depois do jejum, escolha refeições que irão ajudar nesse sentido, como
frutas frescas ou suco de frutas, figos secos, ameixas ou damasco, aveia
e etc...
6. Durante o jejum, algumas pessoas só bebem
água. Outros bebem vários tipos de líquidos, como suco de frutas, caldos
ou leite desnatado. É sábio abster-se de estimulantes fortes, como chá ou
café. Não se deixa escravizar por teorias dos outros. Estabeleça para si
mesmo, o padrão particular de jejum que melhor o serve como indivíduo.
7. É bíblico abster-se às vezes, tanto de líquidos
como de comida sólida. Mas não se abstenha de líquidos por um período
maior do que setenta e duas horas. Esse foi o limite estabelecido por Ester
e as suas criadas (Ester 4:16). Ultrapassar o período de setenta e duas
horas sem líquidos, pode ter efeitos físicos terríveis. É verdade que
Moisés, duas vezes passou quarenta dias sem comer nem beber
(Deuteronômio 9:9-18). Entretanto, Moisés estava, na época, num plano

81
sobrenatural da presença imediata de Deus. A não ser que esteja no
mesmo plano sobrenatural, não tente seguir o exemplo de Moisés.
8. Termine o seu jejum gradualmente. Comece
com refeições mais leves e fáceis de digerir. Quanto mais tempo jejuou,
mais cuidadoso precisa ser, na forma como terminar o seu jejum. Nesse
momento, precisará exercitar cuidadoso domínio próprio. Comer comidas
muito pesadas depois do jejum, pode causar sérios desconfortos físicos,
e pode anular os benefícios físicos do jejum.
9. Durante qualquer jejum que ultrapasse dois
dias, o seu estômago diminuirá. Não o faça dilatar de novo. Se tem tido a
tendência de comer em demasia, proteja-se para não voltar a esse hábito.
Se se treinar a comer mais moderadamente, o seu estomago ajustar-se-
á proporcionalmente.

Orientações Para O Jejum Coletivo


Para os períodos de jejum público coletivo, todas as orientações acima para o
jejum individual, irão continuar a aplicar-se normalmente. Além dessas, aqui
estão alguns pontos especiais a serem observados em relação ao jejum coletivo.

1. Em Mateus 18:19: Jesus enfatiza o poder


especial que é liberado quando os crentes “concordam” juntos em oração.
Para esse fim, todos os participantes num jejum coletivo deveriam fazer
tudo que está ao seu alcance para conseguir e manter a concordância
entre si.
2. As pessoas participando num jejum coletivo
deveriam comprometer-se em orar especificamente uns pelos outros
durante o período do jejum.
3. Um lugar de encontro deveria ser escolhido,
onde os participantes no jejum possam reunir-se nas alturas mutuamente
acordadas.

Um Registo da Fidelidade de Deus


É apropriado terminar este capitulo com um testemunho pessoal da fidelidade
de Deus. Nos últimos cinquenta anos ou mais, eu tenho-me dedicado
ocasionalmente, a períodos especiais de oração e jejum. Em alguns deles,
determinei objetivos específicos em oração, e guardei os registos, que ainda
estão disponíveis.

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Quando revejo, agora, esses registos, fico constantemente maravilhado em ver
quantas vezes e de quantas maneiras, Deus tem respondido às minhas orações.
Às vezes, existe um longo intervalo entre a data que eu registei um pedido
específico de oração, e a data em que ele foi respondido. Muito frequentemente,
registei pedidos de oração e depois esqueci-me deles. Mas, olhando de novo,
vejo que Deus não os esqueceu. À Sua maneira, e no Seu tempo, Deus
respondeu até aqueles pedidos que eu mesmo tinha esquecido.

Enquanto escrevo, tenho diante de mim o registo de um período especial de


oração e jejum ao qual me dediquei em 1951. De acordo com o meu registo,
esse período começou no dia 24 de julho e estendeu-se até 16 de agosto – um
total de vinte e quatro dias. Naquele tempo, eu estava envolvido no ministério
pastoral em tempo integral. Continuei executando todas as minhas tarefas
normais, que incluíam ministrar em cinco reuniões por semana e também três
reuniões de rua.

Fico maravilhado em observar que, nesse período particular, escrevi uma lista
completa dos meus objetivos especiais de oração em Grego do Novo
Testamento. As coisas pelas quais eu estava orando eram tão íntimas e
sagradas para mim, que eu queria que a lista fosse conhecida só por Deus e por
mim mesmo. Por esta razão, escrevi-a numa língua que poucos conhecem hoje!

Dividi esta lista particular em cinco principais setores:

A. Minhas próprias necessidades espirituais


B. Necessidades da minha família
C. Necessidades da igreja
D. Necessidades do meu país (Grã-Bretanha)
E. Necessidades do mundo

Muitas das coisas por que orei, ainda são muito pessoais para eu as divulgar.
Entretanto, há certos pontos sobre os quais sinto liberdade de escrever.

Quando eu olho para vários pedidos feitos em favor da minha família, posso ver
que todos eles foram definitivamente respondidos. O último pedido deste setor
foi para a salvação da minha mãe. Isso aconteceu cerca de quatorze anos
depois.

Entre os pedidos que fiz para mim mesmo, era para o fluir de quatro dons
espirituais específicos. Naquele tempo, eu raramente entendia a natureza dos
dons que eu estava buscando. Entretanto, hoje posso dizer que todos esses
quatro dons se estão manifestando regularmente no meu ministério.

Os pedidos que fiz para a igreja e o mundo, estão em grande medida sendo
respondidos pelo derramamento mundial do Espírito Santo que está ocorrendo
agora. Entretanto, se o povo de Deus O buscar mais fervorosamente com oração
e jejum em maior escala, creio que assistiremos a um mover do Espírito Santo

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em todo o mundo, como nunca registado na história, ainda. Verdadeiramente,
veremos cumprida a profecia de Habacuque 2:14: “Porque a terra se encherá do
conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar.”.

Dos meus pedidos pela Inglaterra, somente uma pequena fração, foi respondida
até agora. Entretanto, em 1953 – dois anos depois desse período especifico de
oração – Deus acordou-me numa noite e falou comigo de forma audível. A
primeira promessa que Ele me deu foi: “Haverá um grande avivamento nos
Estados Unidos e Grã-Bretanha”. Este avivamento já está acontecendo nos
Estados Unidos, e há evidências de que também está começando na Grã-
Bretanha. Eu não tenho duvida no meu coração, de que a promessa de Deus
para a Inglaterra será cumprida. Pela Sua graça, eu espero ser testemunha
disso.

Enquanto eu meditava, nessas experiências pessoais do poder e fidelidade de


Deus, vi-me espontaneamente declarando as palavras de Paulo:

“Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além
daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, A esse
glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre.
Amém.” (Efésios 3:20-21)

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Capítulo 10

Colocando um Fundamento Através do Jejum

Em 1970 e 1971, a cidade de Plymouth, Massachusetts, comemorou o


aniversário dos trezentos e cinquenta anos da chegada dos “peregrinos”
(primeiros colonos puritanos) à costa da América. Um comitê especial foi
escolhido pela cidade para organizar vários tipos de comemorações que seriam
apropriados para aquela ocasião. Este comitê deu-me a honra de ser convidado
para fazer uma série de discursos na Igreja da Peregrinação, na cidade de
Plymouth. Durante minha visita ali, dois membros do comitê foram gentis o
suficiente para mostrar-me os principais lugares de interesse histórico, e também
apresentaram alguns dos registos originais do período dos colonos. Dessa
maneira, conheci pela primeira vez a história, “Of Plymouth Plantation”, escrito
por William Bradford.

O Passado dos Peregrinos


Tendo sido educado na Inglaterra, eu não me lembro de alguma vez ter
aprendido algo na escola sobre os peregrinos. A frase, “Pilgrim Fathers” (Os Pais
Peregrinos), normalmente usada pelos Americanos, tinha criado na minha mente
uma vaga impressão de homens velhos e severos, com uma barba branca,
provavelmente vestidos em roupas escuras e formais, parecidas com as
associadas aos ministros da religião. Fiquei surpreso ao descobrir que a maioria
dos peregrinos no momento da sua chegada na América, ainda eram homens e
mulheres jovens. Por exemplo, William Bradford tinha trinta e um anos em 1621,
quando foi escolhido governador da colónia. A maioria dos outros peregrinos
eram mais ou menos da mesma idade ou mais jovens. Da forma como está
retratado em cera, no histórico quadro a bordo da réplica do Mayflower (o famoso
navio que transportou os peregrinos) no porto Plymouth, Bradford e os seus
companheiros fizeram-me lembrar fortemente “o movimento de Jesus” (“the
Jesus people” ) que apareceu neste continente em 1960.

À medida que eu estudava o próprio relato de Bradford, em primeira mão, sobre


a fundação da Colônia Plymouth e das suas lutas iniciais, desenvolvi um forte
sentido de afinidade espiritual com ele e com os seus companheiros peregrinos.
Descobri que todo o seu estilo de vida era baseado no estudo sistemático e
aplicação das Escrituras. Com as principais conclusões e convicções que esses
estudos lhes deram, vi-me em completo acordo. Na verdade, eles estão em
íntima concordância com alguns dos principais temas deste livro.

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Tendo obtido as minhas principais graduações na Universidade de Cambridge,
e tendo iniciado uma equipa de bolsistas no King’s College, Cambridge, fiquei
particularmente interessado em ver quantos dos líderes espirituais dos
peregrinos tinham estudado em Cambridge. Três dos mais intimamente
associados com a história dos peregrinos eram Richard Clyfton, John Robinson
e William Brewster. Clyfton era o presbítero da congregação original em Scrooby,
Inglaterra. Robinson era o presbítero da congregação dos peregrinos em Leiden,
Holanda. Brewster era o presbítero que na verdade navegou no Mayflower, e
tornou-se o principal líder espiritual da colónia original em Plymouth. Todos eles
estudaram em Cambridge.

Durante os meses que se seguiram à minha visita a Plymouth, viajei por todo o
mundo e realizei reuniões em várias partes dos Estados Unidos. Comecei a
compartilhar com aqueles que conheci, algumas das minhas estimulantes
descobertas do livro de Bradford “Of Plymouth Plantation”. Para minha surpresa,
encontrei uma ignorância quase completa e universal sobre todo o assunto.
Muitas pessoas com pelo menos uma educação média, nascidos e criados nos
Estados Unidos, confessaram que nunca tinham ouvido falar neste livro. Poucos
reconheceram que tinham ouvido falar do livro, mas nenhum, que eu me lembro,
o tinha lido.

Por essa razão, sinto que não preciso pedir desculpa por citar do livro de
Bradford, várias passagens que se relacionam com o tema do nosso presente
estudo. Todas as seguintes citações foram tiradas da edição publicada pela
“Modern Library Books”, com uma introdução e notas de Samuel E. Morison.

Todo o curso da vida de Bradford foi determinado pelas experiências espirituais


de sua infância e de quando era jovem adulto. Na introdução de Morison à sua
edição do livro de Bradford, essas primeiras experiências são resumidamente
descritas assim:

“William Bradford nasceu em Austerfield, Yorkshire, no começo da primavera de


1590... Quando tinha doze anos, tornou-se um constante leitor da Bíblia – Na
versão Geneva que ele geralmente cita – e quando ainda um rapaz, ficou tão
tocado pela Palavra, que se juntou a um grupo de Puritanos que reunia para
oração e discussão na casa de William Brewster, na vila próxima de Scrooby.
Quando esse grupo, inspirado pelo Reverendo Richard Clyfton, se organizou
como Igreja Congregacional em 1606, Bradford juntou-se, apesar da “ira dos
seus tios”, e das “zombarias dos seus vizinhos”. Daquele dia até à sua morte,
meio século depois, a vida de Bradford girou ao redor da sua igreja ou
congregação, primeiro em Scrooby, depois nos Países Baixos, e finalmente na
Nova Inglaterra”.

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Restauração, e não Reforma
Apesar dos peregrinos estarem inicialmente associados aos Puritanos, havia
diferenças importantes entre eles. Ambos viam a necessidade de uma reforma
religiosa, mas divergiam em relação aos meios pelos quais a reforma poderia ser
alcançada. Os Puritanos, determinaram que permaneceriam dentro da igreja
estabelecida, e que fariam a reforma de dentro – por coação – se necessário. Os
peregrinos buscaram a liberdade para si próprios, mas negaram usar o
mecanismo do governo secular para impor as suas visões sobre os outros. Esses
diferentes pontos de vista, são expressos na seguinte passagem de Leonard
Bacon’s Genesis of the New England Churches (Gênesis das Igrejas da Nova
Inglaterra):

“No Mundo Antigo, do outro lado do oceano, o Puritano era um Nacionalista,


acreditando que uma nação cristã é uma igreja cristã, e exigindo que a Igreja da
Inglaterra fosse totalmente reformada; enquanto, o Peregrino era um
Separatista, não apenas do Livro de Oração Anglicano e do episcopado da
Rainha Elizabeth, mas de todas as igrejas nacionais...

O Peregrino queria liberdade para si mesmo, sua esposa, filhos, e para os seus
irmãos, para caminhar com Deus numa vida cristã, à medida que as regras e
motivações dessa vida lhe fossem reveladas pela Palavra de Deus. Por isso, ele
foi para o exílio; por isso, ele cruzou o oceano; por isso, ele fez a sua casa no
deserto. A idéia do Puritano não era a liberdade, mas o governo correto na igreja
e no estado – um governo tal que não só permetisse a ele, mas também
obrigasse a outros homens a andar no caminho certo.

A diferença entre os Puritanos e os peregrinos pode ser expressa nas duas


palavras: reformação e restauração. Os Puritanos procuraram
reformar a igreja do estado, como ela estava nos seus dias.
Os peregrinos acreditavam que o propósito final de Deus era
restaurar a igreja à sua condição original, como retratado
no Novo Testamento. Isto resplandece muito claramente no primeiro
parágrafo do primeiro capitulo do livro de Bradford, onde ele expressa a visão
dos peregrinos de restauração, nas seguintes palavras:

“... as igrejas de Deus devem voltar à sua pureza original e recuperar a sua
ordem, liberdade e beleza primitiva [i.e. original]”.

Mais tarde nesse capitulo, Bradford retorna a este tema quando declara o
propósito dos peregrinos:

“Eles trabalhavam para ter a correta adoração a Deus e disciplina de Cristo


estabelecidas na igreja, de acordo com a simplicidade do evangelho, sem a
mistura das invenções do homem; e ter as leis da Palavra de Deus e ser

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governado por elas, distribuídas nos seus ministérios, e pelos seus ministros
como Pastores, Mestres, Presbíteros, etc., de acordo com as Escrituras”. (p.6)

Com esse propósito em vista, o grupo original de crentes em Nottinghamshire,


Lincolnshire, e Yorkshire:

“... reuniram-se (por uma aliança do Senhor) formando uma congregação, na


comunhão do evangelho, para caminharem em todos os Seus caminhos
conhecidos, ou a serem conhecidos por eles, de acordo com o seu melhor
empenho, não importando o que lhes custasse, tendo a ajuda do Senhor” (p. 9)

Mais tarde, quando a congregação se mudou para Leiden, na Holanda, Bradford


descreveu como era o seu estilo de vida ali:

“... eles chegaram tão perto do padrão primitivo [original] das primeiras igrejas
quanto qualquer outra igreja desses tempos posteriores fez.” (p. 19)

De novo, no seu quarto capitulo, Bradford descreve a principal motivação dos


peregrinos para realizar a sua viajem à América:

“Por fim (mas não menos importante), havia uma grande esperança e zelo
interior de estabelecer um bom fundamento. . . para a propagação e avanço do
evangelho do reino de Cristo naquelas partes remotas do mundo; sim, embora
devessem ser, mesmo somente como degraus para outros, para a realização de
tão grande obra.”. (p.25)

Foram Proclamados Dias Públicos de Jejum


Uma prática particular empregada pelos peregrinos para alcançar os seus alvos
espirituais era a da oração e jejum público. Há várias referências a isso no livro
de Bradford. Uma das passagens mais comoventes, descreve a preparação dos
peregrinos para a sua partida de Leiden:

“Portanto, estando prontos para partir, eles tiveram um dia de solene humilhação;
o seu pastor (John Robinson) usou o texto de Esdras 8:21: “Ali, junto ao canal
de Aava, proclamei jejum para que nos humilhássemos diante do nosso Deus e
lhe pedíssemos uma viagem segura para nós e nossos filhos, com todos os
nossos bens”. Sobre o qual ele (Robinson) falou uma boa parte do dia de
maneira bem proveitosa e adequada à sua situação presente; o resto do tempo
passou-se com o derramento de orações ao Senhor com grande fervor,
misturadas com abundância de lágrimas” (p. 47)

O uso que Bradford faz da palavra “humilhação” indica que os peregrinos


entenderam a ligação bíblica (explicada nos capítulos 6 a 8 deste livro) entre o
jejum e a auto-humilhação. A escolha do Robinson de usar o texto de Esdras é
singularmente apropriada. Tanto em motivação como em experiência, há um

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paralelo muito próximo entre os peregrinos embarcando para a sua jornada ao
“Novo Mundo”, e o grupo de exilados de Esdras retornando da Babilônia para
Jerusalém, a fim de ajudar na restauração do templo.

O fim do discurso de Robinson é dado por Edward Winslow, no livro de Verna M.


Hall, “Christian History of the Constitution” (A História Cristã da Constituição):

Nós, dentro em breve, seremos separados, e o Senhor sabe se ele (Robinson)


deve viver para ver os nossos rostos novamente. Mas quer o Senhor tenha
escolhido isso ou não, ele nos encarregou diante de Deus e dos Seus
abençoados anjos, de segui-lo até onde ele tem seguido a Cristo; e se Deus
revelar qualquer coisa para nós, através de qualquer outro instrumento Seu,
estaremos prontos para a receber, como sempre estávamos para receber
qualquer verdade, através do seu ministério; porque ele estava muito confiante
que o Senhor tinha mais verdades e luz, que ainda seriam reveladas pela Sua
santa Palavra. Ele aproveitou a ocasião, um tanto miserável, para lamentar o
estado e condição das igrejas Reformadas, que chegaram a um período
(paralisado) na religião, e que não iriam além dos instrumentos da sua
reformação (aqueles que tinham sido líderes na Reformação).

Por exemplo, os Luteranos, eles não podiam ser atraídos a irem além do que
Lutero viu; porque qualquer parte da vontade de Deus, que mais tarde ele
transferiu e revelou a Calvino, eles (os Luteranos) prefeririam morrer do que
abraçá-la. E também, disse ele, observe os Calvinistas, eles ficam onde ele
(Calvino) os deixou, uma miséria a ser lamentada; porque apesar deles terem
sido preciosas luzes resplandecentes nos seus dias, contudo, Deus não lhes
tinha revelado toda a Sua verdade; e se eles estivessem vivos agora, disse ele,
estariam tão prontos e desejosos de abraçar mais luz do que aquela que já
tinham recebido.

Aqui ele, também, nos relembra a nossa aliança com a igreja, pelo menos aquela
parte que prometemos, e pactuamos com Deus e uns com os outros de receber
qualquer luz ou verdade que nos pudesse ser dada a conhecer, da Sua Palavra
escrita; mas, contudo, nos exortou a ter cuidado com o que recebemos como
verdade, a examinar e comparar bem, comparando com outras Escrituras, antes
de recebê-la. Porque, disse ele, não é possível que o mundo cristão tenha vindo
tão tarde (recentemente), de tamanhas trevas anti-cristãs, e que a plena
perfeição do conhecimento, irrompesse de uma só vez (p. 184)

A mensagem de John Robinson nessa ocasião resume a essência da posição


teológica dos peregrinos. Isto é indicado pela própria escolha do nome
“peregrinos”. Eles não reivindicavam terem chegado ao pleno entendimento de
toda a verdade. Eles estavam numa peregrinação, buscando a crescente
revelação da verdade que viria, enquanto andavam em obediência à
verdade já recebida.

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O próprio Bradford cria firmemente que ele e os seus companheiros estavam na
mesma linha de peregrinação espiritual que os santos do Antigo e Novo
Testamento, e habitualmente recorria a linguagem da Bíblia para expressar os
seus sentimentos e reações. No capitulo 9, ele descreve a chegada do
“Mayflower”, em “Cape Cod”, e os muitos perigos e dificuldades que os
peregrinos encontraram. Ele conclui o capítulo assim:

“O que agora poderia sustentá-los senão o Espírito de Deus e a Sua graça? Não
podem os filhos desses pais dizerem corretamente: nossos pais eram Ingleses,
que atravessaram este grande oceano, e estavam prestes a perecer neste
deserto; mas, eles clamaram ao Senhor, e Ele ouviu as suas vozes e atentou
para a sua adversidade” (Essa é a própria paráfrase de Bradford de
Deuteronômio 26:5,7)

“Que eles, então, louvem ao Senhor, porque Ele é bom e as Suas misericórdias
duram para sempre. Digam-no os remidos do Senhor como lhes livrou das mãos
do adversário. Andaram desgarrados pelo deserto, por caminhos solitários; não
acharam cidade para habitarem. Famintos e sedentos, a sua alma neles
desfalecia. Que eles confessem diante do Senhor o Seu amor e bondade e as
Suas maravilhas perante os homens” (Essa é a própria versão de Bradford do
Salmos 107:1-5, 8).

Não é possível citar os vários instantes de orações respondidas que Bradford


regista, mas mas há mais um exemplo de um jejum público, que precisa ser
mencionado. No verão de 1623, a colheita de milho que os peregrinos tinham
plantado tão cuidadosamente, estava ameaçada:

... por uma grande seca que continuou desde a terceira semana de março, até
mais ou menos, meados de julho, sem chuva alguma e com grande calor a maior
parte do tempo, de tal maneira que o milho começou a murchar... ele começou
a definhar, e alguns dos terrenos mais secos estavam ressecados como feno
murcho... O que os levou a separar um dia solene, para humilhação e para
buscar o Senhor com oração humilde e fervorosa... E Ele se agradou em dar-
lhes uma resposta rápida e graciosa, tanto para admiração deles como dos
Índios... Durante toda a manhã, e a maior parte do dia, o tempo estava limpo e
muito quente, sem nuvem alguma ou qualquer sinal de chuva à vista; No entanto,
ao anoitecer, começou a nublar, e pouco depois a chover, com chuvas tão doces
e gentis, que lhes deram motivo para se alegrarem e bendizerem a Deus...

Normalmente, se a chuva caísse em tais condições, teria sido na forma de uma


tempestade, que teria amachucado o milho e destruído a última esperança de
colheita. Mas, nessa ocasião, Bradford relata assim:

“Veio sem vento ou trovão, ou qualquer violência, e em níveis de abundância


pelo que a terra ficou completamente...encharcada com isso. Aparentemente fez
reviver e avivar o milho e as outras frutas deterioradas, de tal forma que foi

90
maravilhoso ver, que fez os Índios ficarem pasmos ao contemplar. E depois o
Senhor enviou-lhes esses aguaceiros sazonais, com alternância de bom tempo
com calor ameno os quais, pela Sua benção, trouxeram uma abundante e
frutífera colheita... Para essa misericórdia, na altura oportuna, eles também
separaram um dia de ações de graças” (p. 131-2)

Essa prática de separar dias especiais de oração e jejum, tornou-se uma parte
assumida na vida da Colônia Plymouth. Em 15 de novembro de 1636, passou
uma lei, permitindo o governador e os seus assistentes “ordenarem dias solenes
de humilhação com jejum, etc... e também para ações de graças conform a
ocasião surgir”.

No capítulo 8 desse livro, examinamos as promessas dadas em Isaías àqueles


que praticam o tipo de jejum que Deus aprova, e vimos que elas chegam ao seu
clímax neste versículo:

“E os que de ti procederem edificarão as ruínas antigas; e tu levantarás os


fundamentos de muitas gerações; e serás chamado reparador da brecha, e
restaurador de veredas para morar.” (Isaías 58:12)(ARIB).

A história tem demonstrado que os resultados do jejum prometidos neste


versículo foram alcançados pelos peregrinos. Tanto espiritualmente como
politicamente, eles “levantaram [levantarás] os fundamentos de muitas gerações
”. Três séculos e meio depois, o povo dos Estados Unidos ainda está construindo
sobre os fundamentos que os peregrinos colocaram.

91
Capítulo 11

Os Jejuns Proclamados na História Americana

O padrão estabelecido pelos peregrinos de proclamação de dias públicos de


jejum, foi seguido por várias gerações, tanto pelos órgãos governamentais, como
pelos mais famosos líderes do povo Americano. A seguir veremos exemplos
documentados desta prática.

George Washington e a Assembléia da Virgínia


Em maio de 1774, foi recebida uma notícia em Williamsburg, Virgínia, de que o
Parlamento Britânico tinha ordenado um embargo ao Porto de Boston,
Massachusetts, que entraria em vigor no dia 1 de junho. Imediatamente, os
burgueses da Virgínia, aprovaram uma resolução protestando contra esse ato, e
separando o dia escolhido para o começo desse embargo – 1 de junho – como
um dia de jejum, humilhação, e oração.

Abaixo, veremos a principal parte da resolução, tal como registada nos “Jornals
Of The House Of Burquesses Of Virginia (Jornais da Casa dos Burgueses da
Virgínia), 1773-1776”, editado por John Pendleton Kennedy:

Terça, 24 de maio de 1774

“Esta Casa, estando profundamente impressionada com a


preocupação de grandes perigos, a vir sobre a América
Britânica, vindo da hostil invasão da cidade de Boston, na
nossa Colônia Irmã da Baía de Massachusetts, cujos Comércio
e Porto; no próximo dia 1 de junho, serão encerrados por uma
Força Armada,considera altamente necessário que o anunciado
dia 1 de junho seja separado, pelos Membros dessa Casa, como
um Dia de Jejum, Humilhação e Oração, de modo devoto para
implorar a Intervenção Divina, para evitar a pesada
Calamidade que ameaça com a Destruição dos nossos Direitos
civis, e os Males da Guerra civil; para nos dar um coração
e uma mente para nos opor, de todas as maneiras justas e
apropriadas, a toda a violação dos Direitos Americanos...

Ordenava, portanto, que os Membros dessa Casa comparecessem


nos seus Lugares, às 10 horas da manhã, do anunciado próximo
dia 1 de junho, para prosseguir com o Orador, e o Cajado,
para a Igreja dessa cidade, com os Propósitos mencionados
anteriormente; e que o Reverendo Mr. Price fosse escolhido

92
para ler Orações, e o Reverendo Mr. Gwatkin, para pregar um
Sermão, apropriado para a ocasião”.

Que esta resolução foi respeitada, é confirmado por ninguém menos que George
Washington, que escreveu no seu diário, naquele primeiro dia de junho: “Fui à
Igreja e jejuei todo o dia” (Os diários de George Washington, 1748-1799, editado
por John C. Fitzpatrick)

A igreja citada na resolução e no diário de Washington foi a Igreja Paroquial de


Bruton, na cidade de Williamsburg.

Washington não só acreditava em orar pela intervenção divina, como também


acreditava em reconhecer tal intervenção quando a oração era respondida. No
dia 1 de janeiro de 1795, como presidente dos Estados Unidos, Washington
emitiu uma proclamação separando o dia 19 de fevereiro de 1795, para oração
e ação de graça nacional. A seguinte escrita foi parte do texto da proclamação:

“Quando revisamos as calamidades que afligem tantas outras


nações, a condição atual dos Estados Unidos, proporciona
muita razão de consolo e satisfação...Diante do atual estado
das coisas, é de modo especial, o nosso dever como povo, com
devota reverência e, apaixonada gratidão, reconhecer as
nossas muitas e grandes obrigações para com Deus Todo-
Poderoso, e implorar-Lhe que continue e confirme as bênçãos
experimentadas.

Profundamente marcado com esse sentimento, eu, George


Washington, Presidente dos Estados Unidos, aconselho que
todas as sociedades religiosas e denominações, e todas as
pessoas dentro dos Estados Unidos, separem e observem a
quinta-feira, próximo dia 19 de fevereiro, como um dia de
Gratidão e Oração pública; e que neste dia se reúnam, e
rendam a sua sincera e apaixonada gratidão ao grande
Governante das Nações, pela misericórdia manifesta e
sinalizadora, que distingue a nossa sorte como Nação...e ao
mesmo tempo, humilde e fervorosamente suplicarem ao bom autor
dessas bênçãos que graciosamente as prolongue sobre nós, que
imprima nos nossos corações um profundo e solene sentido das
nossas obrigações para com Ele, que nos ensine corretamente
a estimar seu imenso valor,que nos proteja da arrogância da
prosperidade, e de jogarmos com as vantagens que desfrutamos,
em prol de interesses ilusórios – que nos disponha a
merecermos a continuação dos seus favores, não abusando
deles, sendo gratos por eles, e com uma conduta
correspondente como cidadãos e homens; a tornar este país
cada vez mais, um asilo seguro e propício para o

93
desafortunado de outros países; a ampliar entre nós o
verdadeiro e útil conhecimento; a difundir e estabelecer
hábitos de sobriedade, ordem, moralidade e piedade, e
finalmente partilhar todas as bênçãos que possuímos, ou
pedimos para nós mesmos, com toda a família da humanidade.

(Apêndice n.5, Volume 11, Estatutos dos E.U.A)

Os Jejuns Proclamados por Adams e Madison


Sob o comando do próximo presidente, John Adams, os Estados Unidos
chegaram à beira de uma guerra aberta com a França. Em 23 de março de 1798,
Adams proclamou 9 de maio de 1798 como um dia solene de humilhação, jejum
e oração. O texto seguinte fez parte da sua proclamação:

“Como a segurança e a prosperidade das nações, essencialmente


e finalmente dependem da proteção e da benção do Deus Todo-
Poderoso, e que o reconhecimento nacional dessa verdade, não
é apenas uma tarefa indispensável, a qual o povo deve a Ele,
mas também uma tarefa cuja influência natural é favorável à
promoção da tal moralidade e piedade, sem a qual a felicidade
social não pode existir, nem a benção do governo livre ser
desfrutado... e como os Estados Unidos estão, no momento,
diante de uma perigosa e aflitiva situação, pela disposição,
conduta, e exigências hostis de uma potência Estrangeira
(França)... Diante dessas considerações, pareceu-me que o
dever de implorar misericórdia e bênção do Céu, sobre o nosso
país, requer nesse momento, uma especial atenção dos seus
habitantes.

Eu, portanto, achei apropriado recomendar, e recomendo que


quarta-feira, o próximo dia 9 de maio, seja observado em
todo os Estados Unidos, como um dia solene de humilhação,
Jejum e Oração: que os cidadãos destes Estados, abstendo-se
naquele dia das suas habituais ocupações seculares, ofereçam
as suas devotas expressões ao Pai das Misericórdias,
favoravelmente a estas formas ou métodos que eles
individualmente adotaram como o mais apropriado e
conveniente. Que todas as Congregações Religiosas,
reconheçam com a mais profunda humildade, diante de Deus, os
vários pecados e transgressões dos quais nós somos justamente
acusados como indivíduos e como nação, suplicando a Ele que
ao mesmo tempo, a Sua infinita graça através do Redentor do
Mundo, graciosamente apague todas as nossas ofensas, nos

94
incline pelo Seu Espírito Santo, para aquele sincero
Arrependimento e Reformação, a qual poderá oferecer-nos
esperança para o Seu inestimável favor e Bênção Celestial.
Que seja objeto da particular e fervorosa súplica, para que
o nosso país seja protegido de todos os perigos que o
ameaçam. Que os nossos privilégios civis e religiosos sejam
preservados intactos, e perpetuados às próximas gerações...”

(Apêndice n. 7, Volume 11, Estatutos dos E.U.A.)

Sob o comando do quarto presidente, James Madison, os Estados Unidos viram-


se em guerra com a Grã-Bretanha. Perante esta situação, as duas Casas do
Congresso aprovaram uma resolução comum desejando um dia de humilhação,
jejum e oração público. Em resposta, Madison separou o dia 12 de janeiro de
1815, para para este fim. A sua proclamação começava assim:

“Tendo as duas casas da Legislatura Nacional expressado, por


uma resolução comum, seu desejo que, no presente momento de
calamidade publica e guerra, um dia possa ser recomendado a
observar pelas pessoas dos Estados Unidos como um dia de
humilhação, jejum, e oração, público, ao Deus Todo-Poderoso
pela segurança e bem-estar destes Estados, a Sua bênção sobre
as suas armas, e uma rápida restauração da paz: eu tenho
considerado apropriado, através dessa proclamação,
recomendar que a quinta-feira, próximo dia 12 de janeiro,
seja separada como um dia que todos tenham a oportunidade de
voluntariamente oferecer, ao mesmo tempo, em suas respetivas
assembléias religiosas, a sua humilde adoração ao grande
Soberano do Universo, de confessar os seus pecados e
transgressões, e de fortalecer os seus votos de
arrependimento e emenda...

(Apêndice n. 14, Volume 11, Estatuto dos E.U.A.)

O resultado desse dia nacional de jejum e oração, apresenta um cumprimento


histórico da promessa de Deus dada em Isaías 65:24: “E será que antes que
clamem eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei.”.

Quatro dias antes do dia determinado por Madison, a última batalha dessa guerra
foi travada em New Orleans, resultando numa vitória para os Estados Unidos. A
paz seguiu um pouco depois. Como resultado, as duas Casas do Congresso
pediram a Madison que proclamasse um dia público de ações de

graças. O dia que ele determinou foi, a segunda quinta-feira de abril de 1815.
Segue-se uma parte da sua proclamação:

95
“O Senado e a Casa dos Representantes dos Estados Unidos têm,
por resolução comum, indicado seu desejo que seja recomendado
um dia a ser observado pelo povo dos Estados Unidos com
solenidade religiosa, como um dia de ações de graças, e
devotos reconhecimentos ao Deus Todo-Poderoso pela Sua
grande bondade manifesta em restaurar-lhes a bênção da paz.

Nenhum povo deve sentir maior obrigação de celebrar a bondade


do Grande Ordenador dos eventos, e do destino das nações, do
que o povo dos Estados Unidos. A Sua bondosa providência,
originalmente o conduziu a uma das melhores porções de
habitação, cedido à grande família da raça humana. Ele o
protegeu e cuidou, no meio de todas as dificuldades e provas
a que foi exposto no começo dos seus dias. Debaixo do Seu
cuidado protetor, os seus hábitos, os sentimentos e os seus
interesses preparou-o para uma transição, no devido tempo,
a um estado de independência e governo próprio. Na luta
árdua, através da qual isso foi alcançado, distinguiu-se por
muitos indícios da Sua intervenção benigna. Durante o
intervalo que seguiu, Ele educou-o na força e o dotou com
os recursos que lhes permitiu afirmar os seus direitos
nacionais, e reforçar o seu caráter nacional, num outro
conflito árduo, que agora de forma tão feliz terminou, com
paz e reconciliação para com aqueles que têm sido os nossos
inimigos...

É para bênçãos como essas, e especialmente para a restauração


da bênção da paz, que agora eu recomendo que a segunda
quinta-feira do próximo abril, seja separado como um dia, no
qual as pessoas de todas as denominações religiosas, possam,
nas suas solenes assembléias, unir os seus corações e as
suas vozes, numa oferta voluntária, ao seu Benfeitor
celestial, homenageando-O com ações de graças, e com as suas
canções de louvor”

(Apêndice n.16, Volume 11, Estatuto dos E.U.A)

Três Jejuns Proclamados por Lincoln


Durante a presidência de Abraham Lincoln, foram proclamados três dias
diferenciados de humilhação, oração e jejum, nacional. A principal causa para
cada um, foi a Guerra Civil, e o tema central de petição, foi pela restauração da
paz e unidade nacional.

96
A primeira proclamação de Lincoln foi feita por um comitê comum das duas
Casas do Congresso, e o dia separado foi a última quinta-feira de setembro de
1861. Segue-se uma parte da proclamação:

“Considerando que um comitê comum de ambas as Casas do


Congresso tem esperado pelo Presidente dos Estados Unidos,
e pedido a ele para recomendar um dia de Humilhação, Oração
e Jejum público, a ser observado pelo povo dos Estados Unidos
com solenidades religiosas, e o oferecimento de súplicas
fervorosas ao Deus Todo-Poderoso, pela segurança e bem-estar
desses Estados, Sua benção sobre as suas armas, e uma rápida
restauração da paz.

E considerando que é apropriado e adequado que todas as


pessoas, em todos os tempos, reconheçam e reverenciem o
Supremo Governo de Deus; se curvem em humilde submissão aos
Seus castigos; confessem e lamentem os seus pecados e
transgressões, na plena convicção que o temor do Senhor é o
começo da sabedoria, e orem, com todo fervor e contrição,
pelo perdão das suas ofensas passadas, e pela benção sobre
a sua presente e futura ação...

Portanto, eu, ABRAHAM LINCOLN, Presidente dos Estados


Unidos, determino a última quinta-feira, do próximo mês de
setembro, como um dia de Humilhação, Oração e Jejum, para
todas as pessoas da nação. E eu sinceramente recomendo a
todas as pessoas, especialmente a todos os ministros e
mestres da religião, de todas as denominações, e a todos os
chefes de família, que observem e guardem este dia, de acordo
com os seus vários credos e modos de adoração, com toda
humildade, e com toda a solenidade religiosa, com o fim de
que a oração conjunta da nação, possa ascender ao Trono da
Graça, e trazer bênçãos em abundância sobre o nosso País”.

(Apêndice n. 8, Volume 12, Estatuto dos E.U.A)

Ao incluir especificamente, “todos os chefes da família” na sua proclamação,


Lincoln aparentemente imaginou a oração e o jejum sendo realizados nas casas
da nação, com os pais e filhos unindo-se na sua adoração e nos seus pedidos.
Nisto, como em outros assuntos, tanto a linguagem como o espírito da sua
proclamação, estão em perfeito acordo com as Escrituras.

A segunda proclamação de Lincoln é reproduzida na íntegra no começo desse


livro.

A terceira proclamação de Lincoln foi solicitada por uma resolução conjunta de


ambas as Casas do Congresso, e o dia designado foi a primeira quinta-feira de

97
agosto de 1864. No último parágrafo dessa proclamação, Lincoln fez um apelo
especial, para a cooperação de todos os que ocupavam posições de autoridade
em cada área da vida nacional:

“Por este meio, eu convido e solicito, que os chefes dos


departamentos executivos deste governo, junto com todos os
legisladores, todos os juízes e magistrados, e todas as
outras pessoas exercendo autoridade na terra... e todas as
outras pessoas cumpridoras da lei dos Estados Unidos, que se
reunam nesse dia, nos seus lugares preferidos de adoração
pública, e lá e então, renderem ao Todo-Poderoso e
Misericordioso Governante do universo tais homenagens e tais
confissões, e oferecer a Ele, tais súplicas como o congresso
dos Estados Unidos tem... tão solenemente, tão dedicadamente
e tão reverentemente recomendado.”

(Apêndice n.17, Volume 13, Estatuto dos E.U.A)

Não há aqui nenhuma pretensão, que a lista acima, de dias públicos de jejum,
esteja abrangente ou completa. No entanto, associada com o material do nosso
capítulo anterior sobre os peregrinos, é suficiente para estabelecer um facto
histórico: desde o começo do século dezessete, até pelo menos a segunda
metade do século dezenove, dias públicos de jejum e oração, tiveram um pápel
vital e contínuo, na definição do destino nacional dos Estados Unidos.

À luz desses registos nacionais oficiais, Americanos atentos deveriam fazer a si


mesmos essa pergunta: Quantas bênçãos e privilégios, que agora estamos
desfrutando, foram obtidos para nós pelas orações dos nossos líderes e
governos nas gerações passadas?

Hoje, enquanto olhamos para trás, para mais de trezentos e cinquenta anos de
história Americana, formamos a impressão de um padrão elaborado, tecido com
linhas de várias cores e texturas. Cada linha representa um contexto diferente,
e está associado a diferentes motivações e propósitos. Do começo ao fim do
padrão, claro e forte, podemos distinguir uma linha de propósito divino. Este
propósito nasceu, da comunhão dos peregrinos e da sua oração e do jejum
coletivo. Em cada geração seguinte, tem sido sustentado e continuado pela fé,
as orações e o jejum de crentes que pensam do mesmo modo. O desenrolar total
e definitivo deste propósito ainda está por vir. É a isso que dedicaremos o último
capítulo desse livro.

98
Capítulo 12

A Culminação: A Igreja Gloriosa

Nos primeiros capítulos desse livro, vimos que a igreja de Jesus Cristo, habitada
pelo Espírito Santo, é o principal representante de Deus na terra e o principal
agente dos propósitos de Deus, para o mundo nesta era. Depois, no capítulo 8,
vimos que, através da chuva serôdia do Espírito Santo, Deus está agora
restaurando a igreja, para os Seus próprios estabelecidos padrões de pureza,
poder e ordem. A igreja, dessa maneira restaurada, poderá então cumprir o seu
destino determinado por Deus, no mundo, e trazer os propósitos de Deus para
um clímax triunfante no fim desta era.

A Imagem de Paulo da Igreja Perfeita


Na sua carta aos Efésios, Paulo descreve como a igreja será levada à perfeição,
e como será quando ela estiver perfeita. Em Efésios 1:22-23, ele diz-nos que a
igreja é o corpo de Cristo, e que Cristo é a única e soberana Cabeça sobre esse
corpo. Depois, no capitulo 4, Paulo enumera os principais ministérios dados por
Cristo à Sua igreja, e o propósito para o qual eles são dados:

“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores (mestres), querendo o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo
de Cristo;Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho
de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo,” (Efésios
4:11-13)

Os cinco principais ministérios na igreja estão relacionados no versículo 11 -


apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores (mestres). O versículo 12
diz-nos o propósito para esses ministérios: para edificar, ou desenvolver, o corpo
de Cristo. O versículo 13, dá-nos quatro marcas do corpo aperfeiçoado. Este
versículo pode ser traduzido mais literalmente assim: “Até que todos nós
cheguemos à unidade da fé, e do reconhecimento do Filho de Deus, a um
homem maduro, à medida da estatura que representa Cristo em Sua plenitude.”.

Muitas vezes pensamos na igreja como estando numa condição estática. Isso
não é correto. A igreja está numa condição de crescimento, e desenvolvimento.
A primeira palavra do versículo 13, “até” indica que estamos movendo em
direção a um fim predeterminado. Isto é confirmado pela expressão “cheguemos
à unidade da fé”. Nós ainda não estamos na unidade da fé. Uma olhadela sobre
vários grupos, e denominações diferentes, ao nosso redor, prova isso. Mas,

99
estamos movendo para essa unidade. A hora está chegando, quando todos os
verdadeiros cristãos forem unidos na sua fé.

A maneira de alcançarmos essa unidade é indicada pela próxima frase de Paulo,


“ao conhecimento do Filho de Deus”. Todas as doutrinas do Novo Testamento
centralizam-se na Pessoa e obra de Cristo: a doutrina da salvação, centraliza-se
no Salvador; a doutrina da cura, centraliza-se no Curador; a doutrina da
santificação, centraliza-se no Santificador; a doutrina da libertação, centraliza-se
no Libertador; e assim por diante, com todas as outras grandes doutrinas do
cristianismo. A expressão verdadeira e completa de cada doutrina está na
Pessoa, e na obra de Cristo. A história tem demonstrado que os cristãos não
alcançam a unidade, discutindo a doutrina no abstrato. Mas, quando os cristãos
estão dispostos a reconhecer Cristo, na Sua plenitude, e a dar a Cristo o Seu
justo lugar nas suas vidas, e na igreja, as várias doutrinas do cristianismo se
encaixam nEle, assim como os raios de uma roda se encaixam no seu eixo.
Assim, “cheguemos à unidade da fé” através do “conhecimento do Filho de
Deus”.

Isto também leva a “homem perfeito” (“ao estado de homem feito”,ARIB). A igreja
está crescendo para a fase de maturidade. Este homem, crescido até a estatura
completa, poderá representar Cristo em toda a Sua plenitude. Ele será, no
sentido mais real, a encarnação de Cristo. Ele constituirá, a consumação dos
propósitos de Deus para a igreja, como corpo de Cristo: a revelação perfeita de
Cristo. A igreja completada, dotada com cada graça, cada dom, todos os
ministérios, apresentará ao mundo um Cristo completo.

A igreja completada, dotada com cada graça, cada dom, todos os ministérios,
apresentará ao mundo um Cristo completo.

Em Efésios capitulo 5, Paulo preenche a sua imagem da igreja no fim desta era.
Ele já tinha apresentado a igreja como o corpo de Cristo. Nessa passagem, ele
apresenta a igreja, como a noiva de Cristo, comparando o relacionamento de
Cristo com a Sua igreja, com o do marido com a sua esposa:

“Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si
mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da
água, pela palavra,(Efésios 5:25-26)

Nesses versículos, Paulo apresenta Cristo em dois aspectos principais: primeiro


como Redentor, depois como Santificador. O meio da redenção, é o sangue de
Cristo. O meio da santificação, é a Palavra de Deus. Cristo primeiro redimiu a
igreja com o Seu sangue, derramado na cruz, para que Ele depois pudesse
santificar a igreja com a Sua Palavra. A operação santificadora da Palavra de
Deus, é comparada com o lavar da água pura. São precisos esses dois
ministérios de Cristo, para fazer a igreja perfeita.

100
Isto está de acordo, com a imagem de Cristo apresentada em 1Joao 5:6: “Este
é aquele que veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo: não somente por
água, mas por água e sangue. E o Espírito é quem dá testemunho, porque o
Espírito é a verdade”.(NVI)

Por meio do Seu sangue, derramado na cruz, Cristo é o Redentor da igreja. Por
meio da água pura da Palavra de Deus, Cristo é o Santificador da igreja. É o
Espírito Santo que dá testemunho desses dois aspectos de Cristo. No atual
derramamento da “chuva serôdia”, o Espírito Santo, está mais uma vez
colocando toda ênfase da Sua autoridade divina, sobre essas duas
provisões de Deus para a igreja: redenção pelo sangue de Cristo, e
santificação pela Palavra de Deus. Ambas, de igual modo, são essenciais
para o aperfeiçoamento da igreja.

Em Efésios 5:27, Paulo continua descrevendo os resultados que Cristo


conseguirá na igreja, por meio deste duplo ministério: “Para a apresentar a si
mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas
santa e irrepreensível.”.

O primeiro e mais proeminente aspecto da igreja, como descrito aqui, é que ela
será gloriosa. Isto quer dizer, que ela será permeada pela glória de Deus. A
palavra glória, denota a presença pessoal de Deus, manifestada aos sentidos
humanos. Depois da libertação de Israel do Egito, esta glória tomou a forma de
uma nuvem, que cobriu o tabernáculo no deserto, e que também encheu e
iluminou o Santo dos Santos, dentro do tabernáculo. Igualmente, a igreja
aperfeiçoada será coberta, cheia e iluminada, pela manifesta glória de Deus.
Como resultado, a igreja também será santa e irrepreensível.

A igreja retratada por Paulo em Efésios, será o cumprimento da oração de Cristo


ao Pai, pelos Seus discípulos em João 17:22: “E eu dei-lhes a glória que a mim
me deste, para que sejam um, como nós somos um.”. É a glória que aperfeiçoará
a unidade. Por outro lado, é somente a igreja unida, que pode mostrar a glória.
No versículo anterior Jesus diz: “para que o mundo creia”, e no versículo
seguinte, Ele diz: “para que o mundo saiba”(NVI). A igreja unida, glorificada, será
a testemunha de Cristo para todo o mundo.

Juntando a imagem de Paulo da igreja em Efésios 4:13, à de Efésios 5:27,


chegamos a sete marcas claras, da igreja do fim dos tempos:

1. A igreja será unida na sua fé.


2. A igreja reconhecerá a Cristo, como a sua Cabeça, em todos os aspectos
da Sua Pessoa e obra.
3. A igreja terá estatura completa.
4. A igreja completada, apresentará ao mundo um Cristo completo.
5. A igreja será permeada pela glória de Deus.
6. A igreja será santa.

101
7. A igreja será irrepreensível.

Dessas sete marcas, as primeiras quatro, descrevem a igreja como o corpo


perfeito de Cristo. As últimas três, descrevem a igreja como a noiva perfeita de
Cristo.

O Retrato de Isaías, da Igreja do Fim dos Tempos


Esta imagem do Novo Testamento da igreja no fim desta era, é confirmada por
várias profecias do Antigo Testamento. Uma das profecias que mais chama a
atenção, encontra-se em Isaías. Perante um estado mundial de trevas, angustia
e confusão, Isaías retrata a igreja do fim dos tempos, surgindo em glória e poder:

“Desde o poente os homens temerão o nome do Senhor, e desde o nascente, a


sua glória. Pois, ele virá como uma inundação impelida pelo sopro do Senhor.

O Redentor virá a Sião, aos que em Jacó se arrependerem dos seus pecados,
declara o Senhor.”

Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o Senhor. O meu Espírito
que está em você e as minhas palavras que pus em sua boca não se afastarão
dela, nem da boca dos seus filhos e dos descendentes deles, desde agora e
para sempre, diz o Senhor.

“Então temerão o nome do Senhor desde o poente, e a sua glória desde o


nascente do sol; vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do
Senhor arvorará contra ele a sua bandeira. E virá um Redentor a Sião e aos que
em Jacó se converterem da transgressão, diz o Senhor. Quanto a mim, esta é a
minha aliança com eles, diz o Senhor: o meu espírito, que está sobre ti, e as
minhas palavras, que pus na tua boca, não se desviarão da tua boca nem da
boca da tua descendência, nem da boca da descendência da tua descendência,
diz o Senhor, desde agora e para todo o sempre.” (Isaias 59:19-21)

“Levanta-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR vai


nascendo sobre ti; Porque eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão os
povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti. E os
gentios [as nações] caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te nasceu.
Levanta em redor os teus olhos, e vê; todos estes já se ajuntaram, e vêm a ti;
teus filhos virão de longe, e tuas filhas serão criadas ao teu lado. Então o verás,
e serás iluminado, e o teu coração estremecerá e se alargará; porque a
abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas dos gentios virão a ti.” (Isaías
60:1-5)

Na primeira parte do versículo 19 do capítulo 59, Isaías declara o propósito final


de Deus, que é para ser alcançado através dos seguintes eventos: “…temerão

102
o nome do Senhor desde o poente, e a sua glória desde o nascente do sol…”.
Haverá uma demonstração global da glória de Deus, que trará admiração e
reverência, entre todas as nações.

A segunda parte desse versículo revela que satanás, “o inimigo” vindo “como
uma corrente de águas”, tentará opor-se aos propósitos de Deus, mas que a sua
oposição, será vencida pelo Espírito Santo. Historicamente, é a hora mais
sombria da necessidade do homem, que evoca a mais poderosa intervenção de
Deus. É “onde abunda o pecado”, que “superabunda a graça” de Deus.
(Romanos 5:20)

O Espírito Santo é apresentado aqui por Isaías como o Porta-


Estandarte(bandeira) do exército de Deus. No exato momento, quando o povo
de Deus, está em perigo de ser totalmente dispersado e derrotado, o Espírito
Santo levanta o estandarte divino. O povo de Deus, encorajado por essa
evidência que Deus está vindo em sua ajuda, reúne-se ao redor do estandarte
levantado, e reagrupa-se para uma nova ofensiva.

Qual é o estandarte que o Espírito Santo ergue aqui? Em João 16:13-14, Jesus
falou da vinda do Espírito Santo, e declarou: “Ele me glorificará”. O Espírito Santo
só tem um estandarte para levantar. Não é uma instituição, nem uma
denominação, nem uma doutrina. É uma pessoa – “Jesus Cristo é o mesmo,
ontem, hoje e para sempre”(Hebreus 13:8)(NVI). Para todo verdadeiro crente,
lealdade a esse estandarte – Jesus Cristo – é a prioridade. Qualquer outro
compromisso – a uma instituição, denominação, ou doutrina – é secundário.
Onde quer, que esses crentes vejam Cristo verdadeiramente exaltado pelo
Espírito Santo, ali eles se reunirão.

Os verdadeiros crentes reunem-se onde Cristo é exaltado pelo Espiríto Santo.

Nas décadas desde a II Guerra Mundial, esta profecia na parte final de Isaías
59:19, tem se cumprido exatamente. Primeiro, “…vindo o inimigo como uma
corrente de águas…”. Tem havido uma inundação da influência e atividade de
satanás como nunca antes, em todas as áreas da vida – religiosa, moral, social
e política. Segundo, “…o Espírito do Senhor arvorará contra ele a sua
bandeira…”. Cada sector da cristandade, começou a experimentar uma visitação
soberana, sobrenatural, do Espírito Santo. Esta visitação, não se centra em
nenhuma instituição, ou personalidade humana, mas somente no Senhor Jesus
Cristo. O povo de Deus, de todas as origens, está agora reunindo-se em torno
da pessoa de Cristo, exaltado pelo Espírito Santo.

Isaías 59:19-29, descreve vários efeitos desta visitação. O povo de Deus, está
voltando para Ele em arrependimento. Cristo está operando de novo, na Sua
igreja, trazendo redenção e libertação. Ele está renovando a Sua aliança, e
restaurando a plenitude do Seu Espírito Santo. Mais uma vez, o povo de Deus

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tornou-se a Sua testemunha. Com o Espírito de Deus sobre eles, a Sua Palavra
está sendo proclamada, através dos seus lábios.

Todas as faixas etárias, estão incluídas nessa visitação. É para pais, filhos e
netos. De facto, há uma ênfase especial sobre os jovens. Este é o mesmo
derramamento predito em Joel 2:28, e Atos 2:17: “…os seus filhos e as suas
filhas profetizarão, os jovens terão visões…”. (NVI)

Nem se trata aqui de uma visitação curta ou temporária. Ela é “…desde agora e
para todo o sempre”. A plenitude do Espírito Santo, que agora está sendo
restaurada ao povo de Deus, nunca mais lhe será retirada.

Os primeiros dois versículos de Isaías capítulo 60, enfatizam o crescente


contraste, entre luz e trevas: “…as trevas cobriram a terra, e a escuridão os
povos…”. Mas, sobre o povo de Deus, a luz e a glória da Sua presença brilharão
ainda mais intensamente na escuridão circundante. As trevas estão
aumentando, mas a luz está ficando mais clara. Esta é a hora da decisão, a
separação dos caminhos. Não pode haver mais neutralidade, nem concessões;
“…ou o que tem em comum a justiça e a maldade? ou que comunhão pode ter
a luz com as trevas?” (2Coríntios 6:14).(NVI)

No versículo 3, Isaías descreve o impacto, produzido no mundo, pela


manifestação da igreja na sua glória. Nações e seus governantes, virão e
procurarão ajuda. Sobre essa hora, Jesus falou em Lucas 21:25: “…angústia das
nações, em perplexidade…”. Os problemas crescentes nas recentes décadas
trouxeram os governantes das nações ao ponto em que eles já não afirmam ter
as soluções. Portanto, nações inteiras voltarão para Cristo, quando Ele revelar a
Sua sabedoria e o Seu poder, através da igreja.

No capítulo 60, versículo 4, Isaías desafia a igreja a olhar para o grande fluxo de
pessoas que está entrando. Novamente, vemos uma ênfase particular nos
jovens, “teus filhos”, e “tuas filhas”.

No versículo 5, esta parte da profecia alcança o seu clímax. “Então o verás e


ficarás radiante”.(NVI) A visão do que Deus está fazendo, reunirá o Seu povo.
De todos os antecedentes históricos, de todos os setores da cristandade, as
correntes do avivamento fluirão, por fim unindo-se , num único e irresistível rio.
“…e o teu coração estremecerá e se alargará…”. Santo temor virá, sobre o povo
de Deus, perante a revelação do Seu poder e glória. No entanto, haverá também
um alargar do coração – uma capacidade ampliada para compreender, e cumprir
os propósitos de Deus.

Para o povo de Deus, congregado, unido e fortalecido dessa maneira serão


disponibilizado vastos recursos materiais e financeiros: “…porque a abundância
do mar…”(ACF) e “…as riquezas das nações…”(NVI). Deus tem esses recursos
reservados e guardados para a tarefa final, que a igreja tem que cumprir.

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A Última Grande Tarefa
Em Mateus 24:3, os discípulos fizeram a Jesus uma pergunta: “…E qual será o
sinal da tua vinda e do fim dos tempos?”(NVI). A pergunta deles foi específica.
Eles não pediram sinais no plural, mas um sinal – a última indicação definitiva de
que o fim da era estava próximo.

Nos versículos 5 a 13, Jesus deu-lhes vários sinais – vários eventos ou


tendências, que caracterizariam o período final. Entretanto, só foi no versículo
14, que Ele verdadeiramente respondeu a pergunta específica deles: “E este
evangelho do Reino será pregado em todo o mundo em testemunho a todas as
nações, e então virá o fim”.

Aqui temos uma resposta específica a uma pergunta específica. Quando virá o
fim? Quando este Evangelho do Reino tiver sido pregado em todo o mundo, e
para todas as nações. Isto confirma um tema, que tem sido enfatizado durante
todo este livro: a iniciativa, em questões mundiais, está com Deus e o Seu povo.
O clímax da era, não será provocado pelas ações do governo secular, ou poder
militar, nem pelas enchentes do engano e perversidade satânica. A última
atividade determinante será, a pregação do Evangelho do Reino. Esta é uma
tarefa, que só pode ser realizada, pela igreja de Jesus Cristo.

É a pregação do Evangelho do Reino que provocará o clímax da era.

As Escrituras são muito precisas, sobre a mensagem que é para ser pregada.
Tem que ser “este evangelho do Reino”. Esta é a mesma mensagem que foi
pregada por Cristo e os seus primeiros discípulos. Ela apresenta Cristo, na Sua
vitória e poder Real. “Porque a palavra do rei tem poder;…” (Eclesiastes 8:4).
“Porque o Reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder” (1Coríntios
4:20). O Evangelho do Reino é confirmado sobrenaturalmente “… por meio de
sinais, maravilhas, diversos milagres e dons do Espírito Santo…” (Hebreus
2:4)(NVI). Será um verdadeiro e eficaz “testemunho a todas as nações”.

Hoje, o cenário está pronto para o último grande ato, do drama da igreja. Pela
primeira vez na história humana, a tarefa de levar o Evangelho do Reino a todas
as nações, pode ser realizado dentro de uma única geração. A tecnologia
proveu, tanto os meios de viagem, como a comunicação da mídia que é
necessária. O custo para utilizar estes recursos, será tremendo, mas em Isaías
60:5, Deus prometeu à igreja do fim dos tempos “a abundância do mar” (ACF) e
“as riquezas das nações”(NVI). Estes são os Seus meios escolhidos para a
provisão. Os recursos financeiros e tecnológicos das nações, deverão ser
disponibilizados para a igreja, para o cumprimento da sua última tarefa na terra.

Ao mesmo tempo, a chuva serôdia do Espírito Santo está levantando, como Joel
prometeu, um exército dedicado de jovens homens e mulheres, prontos para
cumprir a comissão de Jesus em Atos 1:8: “Mas recebereis a virtude do Espírito

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Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas ... até aos confins da
terra”. Esta é a geração a qual David aguardava em Salmos 22:30: “Uma
semente o servirá; será declarada ao Senhor durante uma geração.” (versão
King James). Também é o período do qual Jesus falou em Mateus 24:34: “…
não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.”.

Deus está dessa maneira, reunindo os vários recursos que são necessários, para
o desenrolar final dos Seus propósitos: os recursos humanos de jovens cheios
do Espírito, e os recursos materiais de riquezas e tecnologia. Em ambos esses
aspectos, os Estados Unidos têm uma contribuição única a fazer. O primeiro
derramamento massivo do Espírito Santo sobre os jovens de hoje, aconteceu
nos Estados Unidos, e ainda continua ao redor da nação. Ao mesmo tempo, os
recursos financeiros e tecnológicos dos Estados Unidos são os maiores do
mundo moderno. A nação que primeiro enviou o homem à lua, está unicamente
qualificada, para colocar os mensageiros do Evangelho do Reino, em todas as
nações da terra. Através da oferta conjunta dos seus recursos – tanto humanas
como materiais - para a proclamação mundial do Evangelho do Reino, os
Estados Unidos completará a linha do destino divino que tem percorrido a sua
história por três séculos e meio.

Este propósito especial de Deus para os Estados Unidos, nasceu a partir da


“comunhão dos peregrinos”. A visão que Deus lhes deu, era para a restauração
da igreja. Eles dedicaram-se a isso com trabalho e sacrifício, com oração e jejum.
Hoje, aqueles que compartilham a visão dos peregrinos, podem ver o seu
cumprimento aproximando-se. A igreja de Jesus Cristo está pronta para levar o
Evangelho do Reino, a todas as nações da terra. Através da realização desta
última tarefa, a própria igreja será levada à perfeição.

Pelo estudo das Escrituras, os peregrinos aprenderam, duas grandes verdades,


que eles por sua vez legaram aos seus descendentes espirituais, tanto na sua
terra, como em outras. Primeiro, o propósito de Deus para o fim dos tempos
é a restauração e aperfeiçoamento da igreja. Segundo, a fonte de poder,
para alcançar este propósito é oração e jejum coletivo.

106
SOBRE O AUTOR

Derek Prince (1915 – 2003)


Derek Prince nasceu na Índia, filho de pais britânicos. Douto em Grego e Latim
no Eton College e na Universidade de Cambridge, Inglaterra, lecionou em
filosofia antiga e moderna no King’s College. Dedicou-se ainda ao estudo de
várias línguas modernas, incluindo hebraico e aramaico nas Universidades de
Cambridge e na Universidade Hebraica em Jerusalém.

Enquanto servia no Exército Britânico, durante a Segunda Guerra Mundial, ele


começou a estudar a Bíblia e experimentou um encontro com Jesus Cristo que
mudou a sua vida. Em consequência deste encontro ele chegou a duas
conclusões:

- Jesus Cristo está vivo;


- a Bíblia é um livro que traz a verdade, sendo por isso relevante e sempre atual.

Tais conclusões alteraram todo curso de sua vida, a qual ele então dedicou ao
estudo e ensino da Bíblia.

O principal dom de Derek de explicar a Bíblia, e o seu modo de ensinar de forma


clara e simples, ajudou a construir um fundamento de fé em milhões de vidas. A
sua abordagem não sectária e não denominacional, tornou o seu ensino tanto
relevante quanto de grande ajuda para pessoas de todas as origens, quer raciais,
quer religiosas.

Ele é o autor de mais de cinquenta livros, quinhentos áudios e cento e sessenta


videocassetes de ensino, muitos dos quais têm sido traduzidos e publicados em
mais de sessenta idiomas. O seu programa diário de rádio O Legado de Derek
Prince é transmitido em árabe, chinês (dialetos amoy, cantonês, mandarim,
shangai e swatow) croácio, alemão, malásio, mongol, russo, samoano, espanhol
e tonganês e mais. O programa de rádio continua a tocar vidas por todo o mundo.
Em setembro de 2003 depois duma vida longa e frutífera, Derek Prince faleceu
com a idade de 88 anos. Derek Prince Ministries, continuará a distribuir por todo
o mundo o ensino dele através dos diversos meios que dispõe, entre os quais:
livros, cartas de ensino, cartões de proclamação, áudio, vídeo e conferências.

Existem, no entanto, objetivos bem definidos no DPM:

- Fazer chegar estes meios a locais onde ainda não conhecem a Palavra de
Deus

- Contribuir para o fortalecimento da fé dos cristãos por todo mundo e mais


especificamente para dos que vivem em países mais fechados ao evangelho de
Jesus Cristo e o Seu Reino.

107
SOBRE DEREK PRINCE PORTUGAL

Se não conseguires explicar um princípio duma maneira


simples e em poucas palavras,
então tu próprio ainda não o percebes suficientemente.

Esta frase de Derek Prince caracteriza o seu ensino bíblico. Estudos simples e
claros que pretendem, direcionar o leitor para os princípios de Deus, tornando
assim possível uma maior abertura para reflexão e tomada de posição perante
a vontade de Deus revelada na Sua Palavra.

Os estudos de Derek Prince têm ajudado milhões de cristãos em todo mundo, a


conhecerem Deus mais intimamente e a porem em prática os princípios da Bíblia
no dia-a-dia das suas vidas.

O objetivo do Derek Prince Portugal resume-se em:

Mateus 28:19-20 Mateus 24:14 Efésios 4:12-13

e…

Achamos que o ensino do Derek Prince é uma ferramenta preciosa de usar neste
sentido, daí que procuramos disponibilizar cada vez mais do ensino dele
(cartas, livros, cartões de proclamação, áudios e dvd’s) na língua portuguesa para
ajudar os discipulos de Jesus o Cristo na sua caminhada da fé.

Em mais de 100 países o DPM está ativo, dando a conhecer o maravilhoso e libertador
evangelho de Jesus Cristo. Esperamos também que se sinta envolvido e encorajado na
sua fé através do material por nós (Derek Prince Portugal) fornecido.

Deseja saber mais sobre o nosso trabalho, os materiais disponíveis ou deseja envolver-
se de alguma forma com o nosso trabalho, contacta-nos:

Derek Prince Portugal:


Caminho Novo lote X,
9700-360 Feteira AGH

Tel: (+351) 295 663738 / 927992157


E-mail: derekprinceportugal@gmail.com
Blog: www.derekprinceportugal.blogspot.pt

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OUTROS LIVROS por DEREK PRINCE (em Português):
Livros: Cartões de proclamação:
. Bênção ou Maldição . A Troca Divina

. Como passar da maldição para Bênção . Digam-no os remidos

. O Plano de Deus para o seu dinheiro . Somente o Sangue

. Curso Bíblico autodidata . O Poder da Palavra de Deus

. Proteção contra o engano . O meu Deus proverá

. O Remédio de Deus para a rejeição . Eu obedeço à Palavra

. Expulsarão demónios . Emanuel, Deus Connosco

. Maridos e pais . Graça, a Imerecida Prenda

. A Troca Divina . O Espírito Santo em mim

. O Poder da Proclamação

. Quem é o Espírito Santo?

. A Chave para um casamento duradouro.

. Graça ou Nada.

. O Fim da Vida terrena… e AGORA?

. Os Dons do Espírito.

. Guerra Espiritual

. Orando pelo governo

. Os Alicerces da Fé Cristã (uma série de três


volumes)

. Os Dons do Espírito

. Arrependimento e Novo Nascimento

. A Redescoberta da Igreja de Deus

. O Destino de Israel e da Igreja

. A Cruz é Crucial

. A Palavra Final sobre o Médio Oriente

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