Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Plantas Daninhas glifosatoID-VCQ0aRyNYE PDF
Plantas Daninhas glifosatoID-VCQ0aRyNYE PDF
1
2
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
ALGUNS ASPECTOS DA
UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA
GLIFOSATO NA AGRICULTURA
Janeiro 2005
3
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA
GLIFOSATO NA AGRICULTURA
Autores
Antonio J. B. Galli – Gerente Técnico de Agroquímicos – Monsanto do Brasil Ltda.
Marcelo C. Montezuma – PD Especialista – Monsanto do Brasil Ltda.
Revisores
Ecosafe Agricultura e Meio Ambiente Ltda. – Jaboticabal/SP
João Domingos Rodrigues – Prof. Titular da Unesp, campus de Botucatu/SP
José A. Quaggio – Pesquisador Científico do Centro de Solos e Recursos Agroambientais do
Instituto Agronômico - IAC
Pedro J. Christoffoleti – Prof. Associado do Dept.o de Produção Vegetal da Esalq/USP
Editora
ACADCOM Gráfica e Editora Ltda
2005
ISBN e expedientes
4
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
5
PREFÁCIO
6
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
7
herbicidas ou um grupo de produtos com o mesmo modo de ação. A
confiança que os agricultores depositaram no controle químico foi a
principal responsável pela grande expansão dessa modalidade de manejo
de plantas daninhas.
A evolução da urbanização, o crescimento da população
humana, o avanço tecnológico na produção e conservação de alimentos,
dos meios de transporte, do controle de plantas daninhas, pragas, fungos
e organismos indesejáveis em residências foram praticamente exponenciais,
sendo a conquista mais rápida que a capacidade de entendimento de seus
efeitos ambientais, sociais e econômicos no longo prazo.
Com os pesticidas, devido à sua natureza declaradamente
tóxica, os cuidados foram maiores que para outros produtos, como tintas,
aditivos de alimentos e outros. No entanto, há ainda muito a ser entendido
sobre o comportamento desses produtos no ambiente.
Deste modo, consideramos que esta obra, elaborada para
esclarecer resultados de pesquisa sobre o comportamento ambiental do
glifosato, seja extremamente pertinente, pois essa é uma molécula de
importância fundamental na competitividade de nossa agricultura.
Considerando que o glifosato vem sendo utilizado no Brasil
desde 1978 em numerosas condições de agricultura, áreas urbanas,
manutenção de estradas e ferrovias, envolvendo inúmeras formulações
comerciais, produzidas por empresas com diferentes níveis tecnológicos,
não há evidências cientificamente comprovadas de impactos importantes
no ambiente.
8
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
ÍNDICE
Capítulo III Glifosato no manejo de plantas daninhas em culturas perenes ..... Página 19
Capítulo VIII Glifosato e a fixação biológica de nitrogênio na cultura da soja ..... Página 50
9
10
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
INTRODUÇÃO
11
I
Forma de Atuação
nas Plantas
O glifosato é um herbicida pós-emergente, pertencente ao
grupo químico das glicinas substituídas, classificado como não-seletivo e
de ação sistêmica. Apresenta largo espectro de ação, o que possibilita um
excelente controle de plantas daninhas anuais ou perenes, tanto de folhas
largas como estreitas.
As aplicações do produto devem sempre ser dirigidas sobre
as plantas daninhas seguindo as recomendações técnicas e boas práticas
agrícolas. Se utilizado dessa forma não causará qualquer interferência no
metabolismo, desenvolvimento ou produtividade das culturas para as quais
é recomendado.
Quanto à absorção, lembramos que o glifosato é absorvido
basicamente pela região clorofilada das plantas (folhas e tecidos verdes) e
translocado, preferencialmente pelo floema, para os tecidos meristemáticos.
O glifosato atua como um potente inibidor da atividade da 5-
enolpiruvilshiquimato-3-fosfato sintase (EPSPS), que é catalisadora de uma
das reações de síntese dos aminoácidos aromáticos fenilalanina, tirosina
e triptofano, influencia também outros processos, como a inibição da síntese
de clorofila, estimula a produção de etileno, reduz a síntese de proteínas e
eleva a concentração do IAA (Cole, 1985; Rodrigues, 1994).
Assim, toda vez que for aplicado de forma inadequada e entrar
em contato com a cultura, o produto também expressará sua atividade
herbicida e causará danos, guardadas as proporções de dose e
suscetibilidade da cultura.
12
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
13
II
A Importância da Correta
Aplicação do Glifosato para o
Desenvolvimento e a
Produtividade das Culturas
14
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
15
importante exemplo são as áreas de plantio direto, que tiveram um
crescimento bastante expressivo no mundo, sendo que atualmente só no
Brasil já atingem aproximadamente 20 milhões de hectares. Esse
crescimento da área de plantio direto é fundamentado em pesquisas
científicas desenvolvidas por instituições públicas e privadas,
demonstrando, nas condições brasileiras, o seu sucesso nos aspectos de
preservação, sustentabilidade e aumento de produtividade, sendo que a
maioria dessas áreas recebem mais de três aplicações de glifosato por
ano, algumas delas há mais de 20 anos. É inegável que a adoção do plantio
direto reduziu de forma expressiva as perdas de solo pelos processos
erosivos laminar e eólico.
Outros trabalhos que refletem a segurança do uso do glifosato
foram os desenvolvidos pela Embrapa (Carvalho et al., 1999) na cultura de
citros no Nordeste, onde o produto foi avaliado por 9 anos consecutivos,
em três diferentes localidades, considerando aplicações de glifosato na
linha e entrelinha, associado ao plantio direto de leguminosas nas
entrelinhas. Tal sistema possibilitou um incremento de produção de até
62,3% em relação ao manejo praticado pelos produtores onde não se
utilizava o glifosato. Nessa mesma linha, Carvalho et al. (2003) conduziram
por um período de 2 a 6 anos mais quatro trabalhos, em diferentes
localidades do Estado de São Paulo. Nesses ensaios, aplicaram glifosato
na dose de 1.080 g e.a./ha nas linhas de plantio, associado a diferentes
sistemas de manejo nas entrelinhas, envolvendo inclusive o plantio direto
de gramíneas ou leguminosas e roçada. Os resultados mostraram que os
tratamentos onde se aplicou glifosato nas entrelinhas, com ou sem o plantio
direto de leguminosa (feijão de porco), proporcionaram aumento médio
de produção que superou de 4 a 10% os tratamentos em que, nas
entrelinhas, a área foi mantida apenas roçada, ou se introduziu o plantio
de uma gramínea (milheto), no período crítico de mato-competição da
cultura. Nesses trabalhos, um dos principais fatores observados foi o
aumento do sistema radicular e da atividade microbiológica do solo nas
áreas onde se utilizou o glifosato na dose de 1.440 g e.a./ha (linha e
16
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
17
crescimento, não causando efeito deletério às plantas.
Glifosato Controle
18
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
III
Glifosato no Manejo de Plantas
Daninhas em Culturas Perenes
19
quando se deixou de realizar o controle das plantas daninhas nos
quadrimestres de agosto a novembro e dezembro a março. Em trabalho
conduzido em Rio Real, na Bahia, Carvalho et al. (1993) encontraram perda
de produtividade dos citros de até 76% devido à concorrência das plantas
daninhas, especialmente Brachiaria decumbens, durante os meses de
novembro a janeiro. Ainda em citros, Carvalho et al. (2002a), também
avaliando a mato-competição, conduziram trabalhos em Boa Esperança e
Taiaçu, no Estado de São Paulo. Nesses trabalhos, os tratamentos que
apresentaram as menores produtividades foram aqueles onde a convivência
ocorreu nos períodos de agosto a janeiro, de novembro a janeiro e de
novembro a abril, sendo que o período mais crítico foi de novembro a
janeiro, com perdas de produtividade que chegaram a 34,3% em Nova
Esperança do Sul e 25% em Taiaçu. Com esses resultados, os autores
concluíram que o período crítico de prevenção (PCPI) de plantas infestantes
em citros nos pomares paulistas inicia-se de outubro a novembro (floração
dos citros) e se estende até fevereiro ou março, dependendo da distribuição
das chuvas.
Trabalhos, também conduzidos por Carvalho et al. (2001,
2003), em quatro regiões do Estado de São Paulo, tiveram por objetivo
estudar o manejo de plantas daninhas com glifosato aplicado na linha da
cultura de citros, associado ou não ao plantio direto de várias coberturas
nas entrelinhas (Figura 2). Essas áreas foram conduzidas por um período
de 2 a 5 anos e os resultados médios obtidos mostraram que as melhores
produtividades foram obtidas quando se utilizou o plantio de leguminosas
(feijão de porco, Canavalia ensiformis) como cobertura (41,4 ton/ha),
seguido pelo tratamento com aplicações de glifosato, nas doses de 1.080 g
e.a./ha e 540 g e.a./ha, respectivamente, na linha e entrelinha, com
produtividade de 41,1 ton/ha.
20
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
Figura 2. Plantio direto de feijão de porco (Canavalia ensiformis) na entrelinha da cultura de citros.
21
obtido com a aplicação de glifosato na linha de plantio e roçadeira na
entrelinha (T1). Nos demais tratamentos que se destacaram, o controle do
mato na linha de plantio foi feito com glifosato e o mesmo foi observado
no tratamento no qual o glifosato foi aplicado em área total (T6). O autor
comenta que o uso do glifosato apresentou a melhor relação custo—
benefício no manejo do mato na cultura dos citros. Observou-se efeito
pouco acentuado dos tratamentos com manejo de mato sobre as
características internas dos frutos, como sólidos solúveis totais e grau de
maturação.
Esse trabalho contempla ainda minucioso estudo dos métodos
de manejo de plantas daninhas sobre propriedades físicas do solo, como
agregação, porosidade, retenção de água e densidade. De modo geral,
apenas o uso da enxada rotativa reduziu a estabilidade dos agregados e,
portanto, provocou perdas na qualidade do solo. Entre os demais, as
propriedades físicas do solo foram bem preservadas, inclusive com a
aplicação de glifosato em área total.
Quadro 1. Resultados médios de produção e qualidade dos frutos em sete colheitas de Laranja-Pêra
na região de Itápolis - Estado de São Paulo.
22
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
23
da planta, cuja largura deve exceder em pelo menos 30% o raio da copa,
para se evitar competição por água, nutrientes e ainda possíveis efeitos
alelopáticos de algumas espécies.
Prática de manejo de mato que vem sendo difundida
atualmente na citricultura consiste na utilização de roçadeira sem proteção
lateral, que permite que o mato ceifado seja depositado nas linhas de
plantio, com o objetivo de proteger o solo com palha na superfície. Nesse
caso, deve-se ressaltar que tal prática pode reduzir a disponibilidade de
nitrogênio no solo para as plantas cítricas, principalmente quando as ervas
infestantes são espécies do gênero Brachiaria , que possuem relação
carbono/nitrogênio (C/N) muito larga na biomassa. Portanto, nesse caso
é necessária a utilização de doses de nitrogênio complementares em relação
às adubações normais nos primeiros anos para compensar o consumo
extra de nitrogênio por microrganismos decompositores da matéria orgânica.
É importante lembrar ainda que essa prática não exclui a necessidade de
manter o mato controlado com herbicidas nas linhas de plantio e tem
como grande inconveniente o aumento da concentração de sementes de
plantas daninhas sob a copa da cultura. Sem o tratamento adequado, essa
concentração levará a uma maior competição e poderá exigir, inclusive,
um controle manual, encarecendo sobremaneira os custos com o manejo
do mato, além de dificultar o controle de pragas e doenças. Caso o controle
dessas plantas daninhas seja realizado com o uso de altas doses de nitrato
de amônio, aplicado com altos volumes de água, vale lembrar alguns riscos
que essa prática pode trazer. Sabe-se que o excesso de nitrogênio pode
causar um desequilíbrio nas plantas, promovendo excesso de crescimento
vegetativo, levando a um aumento do auto-sombreamento e trazendo como
conseqüência severa diminuição da produtividade, além de maior
atratividade ao ataque de pragas e doenças, especialmente afídeos, a Teoria
da Trofobiose. Por essa teoria, Francis Chaboussou, em 1969, concluiu
que os adubos químicos solúveis (principalmente os nitrogenados) e os
agrotóxicos promovem a formação de substâncias orgânicas simples na
24
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
25
americano gera grande quantidade de nitratos, que são carregados pelas
águas de drenagem, atingindo córregos, rios e finalmente o rio Mississipi,
para dali cair no golfo do México, afetando uma área de dimensões
continentais. Outro fato que vale a pena enfatizar é que o excesso de
nutrientes presentes em reservatórios de água tem provocado problemas
quase que incontroláveis de plantas daninhas aquáticas, o que tem causado
intenso problema de manutenção e perdas da capacidade de geração de
energia em muitas hidrelétricas.
Finalmente, a alta competitividade das plantas daninhas e o
prejuízo potencial que elas podem causar nas culturas exigem que sejam
bem controladas, e é solidamente comprovada na literatura a alta eficácia
do glifosato, que, por ser um herbicida sistêmico, atua em plantas daninhas
anuais ou perenes, de folhas largas ou estreitas, sendo, portanto, uma das
melhores opções para o manejo das plantas daninhas.
26
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
IV
Glifosato - Segurança
para as Culturas
27
o glifosato interferir nessa rota tão importante para grande parte das
fitoalexinas sintetizadas. Por outro lado, muitas plantas podem liberar,
pelas raízes e folhas, grande variedade de metabólitos secundários, como
os ácidos fenólicos, principalmente caféico e ferúlico, que podem reduzir
o crescimento de muitas plantas e mesmo inibir a germinação. Esses
compostos sintetizados por plantas daninhas, quando liberados no solo,
poderiam afetar o desenvolvimento das plantas citrícolas. Nesse aspecto,
a ação do glifosato, em doses comerciais, é bastante efetiva, pois, como
inibe a atividade da EPSPS, acaba inibindo a rota do ácido chiquímico, a
via metabólica da formação dos ácidos fenólicos, não ocorrendo liberação
desses compostos no solo e não ocorrendo, portanto, o efeito da redução
do desenvolvimento das plantas cultivadas (Taiz & Zieger, 2004).
Liu et al. (1995) observaram que a aplicação de glifosato não
afetou significativamente o acúmulo ou exsudação de fitoalexinas
(kievitone, phaseollinisoflavan e phaseolin) nas raízes do feijoeiro
(Phaseolus vulgaris L.) inoculadas com Pythium spp, quando cultivadas
em sistema de hidroponia. Já em plantio do feijoeiro em areia esterilizada
e inoculado com Pythium spp, o glifosato não afetou significativamente o
acúmulo de fitoalexinas até o terceiro dia; entretanto, no quinto dia a
presença da fitoalexina phaseollin, detectada nas raízes inoculadas de
plantas tratadas com glifosato, foi significativamente maior que nas plantas
não tratadas e também inoculadas, mostrando que o glifosato não afetou
negativamente a produção de fitoalexinas.
Outros trabalhos procuraram avaliar a relação da molécula
do glifosato e sua interferência com patógenos. Kassaby & Hepworth (1987)
demonstraram o efeito do glifosato na redução do crescimento radicular,
na produção de esporos e no potencial de inóculo de Phytophthora
cinnamomi, responsável por doença radicular em Pinus radiata. Esses
resultados foram corroborados por Azevedo (2003); Toftaneli (1997) e Alves
Jr. (1997), para condições brasileiras, com fungos entomo e fitopatogênicos,
onde observaram que a ação do glifosato chegou a ser fungistática, porém
não fungicida.
28
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
1
Comunicação pessoal do Prof. Titular Dr. João Domingos Rodrigues, da Unesp de Botucatu.
29
V
A Clorose Variegada
dos Citros (CVC) e o Glifosato
A Clorose Variegada dos Citros (CVC), ou “amarelinho”,
representa hoje uma das principais ameaças à citricultura brasileira, pois
ataca todas as variedades comerciais de laranja doce, base da nossa
indústria de suco de laranja. Constatada pela primeira vez no Brasil em
1987, em pomares de Colina (SP), e logo depois no Triângulo Mineiro e
nas regiões norte e noroeste do Estado de São Paulo, ela representa hoje
uma das maiores preocupações da citricultura nacional (Rosseti et al.,
1997).
A doença é mais severa em plantas jovens, pois quando as
infecta precocemente, inviabiliza a continuidade dos pomares. Em plantas
adultas, os danos iniciais são menores, mas a doença também compromete
a qualidade dos frutos, tornando-os pequenos e com pouco suco, portanto
imprestáveis para o mercado in natura e, muitas vezes para a indústria.
Neste caso, nem sempre é necessária a erradicação do pomar.
30
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
31
Os prejuízos que a CVC traz à fisiologia das plantas cítricas,
como sintomas de murcha nos ramos e galhos secos, frutos pequenos e
desordens nutricionais diversas, são decorrentes da redução do fluxo de
água nos vasos do xilema, provocando a presença de grande número de
bactérias dentro desses vasos, que, juntamente como uma matriz gelatinosa
usada por elas para se prender às paredes do xilema, reduzem a seção
disponível ao fluxo de água, conforme pode ser vista em fotografia de
microscopia eletrônica na Figura 3.
Figura 3. Fotografias de microscópio eletrônico mostrando a obstrução dos vasos do xilema em função da
presença de bactérias Xyllela fastidiosa.
32
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
33
Na literatura encontram-se ainda trabalhos que demonstram
que elementos minerais como Ca (cálcio), Mn (manganês), Cu (cobre), Bo
(boro), Mo (molibdênio) e S (enxofre) podem ter influência nos processos
de resistência das plantas aos ataques de pragas e doenças. Como exemplo
podemos citar Malavolta (1987), que relata que o cálcio estimula o
desenvolvimento das raízes, aumenta a resistência a pragas e doenças e
aumenta o pegamento da florada. Outro trabalho que também mostra essa
relação foi o desenvolvido por Silveira & Higashi (2003), que analisaram
os principais efeitos dos nutrientes na ocorrência de doenças fúngicas,
com ênfase para eucalipto. Os autores citam que o excesso e/ou a falta de
alguns nutrientes alteram as estruturas anatômicas e as propriedades
bioquímicas, tornando as plantas mais suscetíveis a doenças; citam também
que observaram evidências dessa tendência com relação a elementos como
silício, boro, manganês, nitrogênio, fósforo, cálcio e zinco.
É importante ressaltar que a atual condição nutricional e
sanitária dos pomares de citros em São Paulo é um reflexo da situação
econômica pela qual passou o setor nos últimos anos. Os baixos
investimentos em tratos fitossanitários e, principalmente, em adubação,
assim como o uso abusivo de grades para controle das plantas daninhas,
têm levado em última análise ao desequilíbrio químico, físico e biológico
dos solos. A carência de nutrientes, agravada pela redução dos teores de
matéria orgânica e por problemas de compactação do solo, tornou as
plantas muito mais sensíveis a pragas e doenças, mesmo em pomares que
eram razoavelmente bem manejados antes da crise. Além disso, nos últimos
anos tem-se observado uma profunda alteração no regime de chuvas, o
que, aliada a altas temperaturas, também favorece a maior expressão de
doenças como a CVC.
O glifosato, utilizado para o controle de plantas daninhas em
várias pesquisas que procuraram avaliar diferentes sistemas de manejo
em citros, sempre se mostrou um dos tratamentos de maior produtividade
praticamente em todos os ensaios conduzidos por vários anos (ver capítulo
34
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
III). Esses dados mostram que essa molécula é bastante segura para a
cultura de citros, não tendo qualquer relação com doenças como a CVC,
sendo seu uso recomendado pelas principais instituições especializadas
no manejo de plantas daninhas. Como já citado no capítulo IV, Altman
(1995) discutiu essa relação e não identificou qualquer evidência de que
as aplicações de glifosato tenham modificado as características de absorção
das raízes das plantas de uva ou mesmo facilitado o processo de infecção
por bactérias do grupo da Xylella fastidiosa em uva ou citros.
35
VI
Comportamento do
Glifosato no Solo e na Água
A principal rota de degradação do glifosato são os
microrganismos de solo e água (por processos aeróbicos e anaeróbicos),
que o decompõem em compostos naturais. Uma característica importante
do glifosato é a sua capacidade de ser adsorvido pelas partículas de solo e
permanecer inativo até sua completa degradação. O glifosato é rapidamente
degradado por microrganismos do solo, sendo que sua meia-vida média
(tempo médio necessário para que metade da quantidade aplicada do
produto seja degradada) é de 32 dias. Esse resultado foi obtido em 47
estudos conduzidos em campos agrícolas e áreas de reflorestamento em
diferentes localidades geográficas (Giesy et al, 2000).
As plantas são seletivas quanto ao processo de absorção e
liberação de substâncias ao meio. Dentro desse contexto, a molécula de
glifosato, por ser um derivado de glicina (um aminoácido essencial presente
nas plantas), não é percebida pelas plantas como um potencial agressor e,
portanto, normalmente é muito pouco exsudada pelas raízes, o que foi
demonstrado por vários trabalhos, como por exemplo o desenvolvido por
Coupland & Peabody (1981), que avaliaram a quantidade de glifosato
exsudado pelas raízes após aplicação sobre plântulas de gramínea.
Mantendo-as em laboratório com as raízes em água deionizada, esses
autores observaram que apenas 0,36% da dose aplicada sobre as mesmas
foi exsudado pelas raízes. No caso da solução do solo, essa pequena
concentração liberada seria adsorvida pelos colóides e íons metálicos
presentes na solução e decomposta por microrganismos, ou seja, a
concentração na solução do solo seria praticamente nula.
36
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
37
(AMPA), coloca-os na categoria de resíduo-ligado (Prata, 2002; Prata et al.,
2003). O resíduo-ligado é a fração do defensivo que não retorna à solução
do solo e dessa forma torna-se totalmente indisponível para absorção pelas
plantas.
Em condições de campo, a inativação do glifosato é ainda
mais rápida, pois ali surgem fatores que não são controlados, como: i)
maior atividade microbiana, o que acarreta aceleração da degradação do
glifosato; ii) maiores concentrações de cátions metálicos, principalmente
o Ca+2 proveniente da calagem e também das fertilizações, os quais formam
complexos com o glifosato; iii) maior instabilidade da umidade do solo
nas camadas superficiais, que normalmente concentra as moléculas na
superfície externa dos colóides e, assim, acelera o processo de adsorção
na matriz coloidal do solo; e vi) maior variação da temperatura do solo
(Prata, 2002).
Estudos em solos brasileiros mostraram que, em argissolo
vermelho-amarelo de textura média, a meia-vida do glifosato foi de apenas
8 a 9 dias e não houve influência do histórico de uso do produto. O mesmo
se observou em latossolo argiloso, no qual a meia vida do produto foi de
12 dias no solo sem aplicação prévia de glifosato de 22 dias no mesmo
solo, após 11 anos de aplicação do produto. Ainda que a meia-vida tenha
mostrado pequena variação no solo com o histórico de aplicação do
produto, a persistência do glifosato nas condições de solos tropicais em
geral é muito curta (Araújo et al., 2003).
A degradação do glifosato no solo é muito rápida e realizada
por grande variedade de microrganismos que usam o produto como fonte
de energia e fósforo, por meio de duas rotas catabólicas (Figura 4),
produzindo o ácido aminometil fosfônico (AMPA) como o principal
metabólito, e sarcosina como metabólito intermediário na rota alternativa
(Dick & Quinn, 1995).
38
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
O
COOH-CH2-NH-CH2-P-OH
Glifosato OH
C-P liase
O
COOH-CH2-NH-CH3 NH2-CH2-P-OH
OH
Sarcosina
Ácido Aminometil fosfônico
Figura 4. Degradação do glifosato por bactérias do solo, com produção dos metabólitos ácido aminometilfosfônico (AMPA) e
sarcosina (Dick & Quinn, 1995).
39
O autor não observou qualquer prejuízo ao desenvolvimento das plântulas,
avaliado através do comprimento de raiz e produção de biomassa. Como
conclusão, o autor cita que o glifosato aplicado nas colunas sofreu forte
retenção na matriz coloidal do solo, responsável pela inativação do produto.
Estudos mostram que a sorção do glifosato no solo ocorre em
duas fases, sendo a primeira delas praticamente instantânea, contribuindo
com a retenção de mais de 90% do total aplicado, e a segunda um pouco
mais lenta. Todavia, a fase lenta foi quantificada por Prata et al. (2004) em
aproximadamente 10 minutos, tanto no solo sob plantio direto como sob
plantio convencional.
Os mecanismos de adsorção do glifosato são bem conhecidos
e correlacionados com a capacidade dos solos em adsorver íons fosfatos e
também com as concentrações de determinados cátions como Zn+2, Mn+2,
Cu+2, Fe+2, Fe+3, Al+3 e Ca+2. Prata et al. (2000) mostraram que a adsorção do
glifosato foi extremamente elevada em solos com diferentes atributos
mineralógicos e teores contrastantes de matéria orgânica, classificados
como nitossolo vermelho eutroférrico (NVef), latossolo amarelo ácrico
(Law) e gleissolo (G). Esse estudo mostrou ainda alta taxa de retenção do
glifosato, mesmo após a eliminação da matéria orgânica num solo com
baixa capacidade de adsorção de fosfato. Esse fato é mais uma evidência
de que a molécula apresenta vários mecanismos de ligação aos solos
tropicais, podendo tanto ligar-se à fração oxídica do solo como ser adsorvida
eletrostaticamente aos minerais de argila e à matéria orgânica, ou mesmo
pela formação de pontes de hidrogênio com a própria matéria orgânica do
solo (Prata & Lavorenti, 2002). (Figura 5).
40
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
OHFe O H H
pk b O
Covalente dativa
O P C NH2 + C C
dupla
pk a
O
O H H pk a
pk a
Ponte de hidrogênio
+++
+++
+++
+++
+++
+++
Figura 5. Esquema dos mecanismos (interação eletrostática, forças de Van der Waals, pontes de hidrogênio e ligação covalente
dativa dupla) envolvidos na sorção do glifosato em solo (Prata & Lavorenti, 2002).
41
controle das plantas daninhas ou coberturas vegetais. A eficácia e a
segurança do plantio direto (Mello, 2002; Embrapa, 2003) associadas ao
uso do glifosato possibilitaram um aumento na adoção desse sistema no
Brasil nos últimos 25 anos, já atingindo aproximadamente 20 milhões de
hectares. O plantio direto é um sistema conservacionista por excelência,
preservando e melhorando a qualidade de nossos solos, sendo considerado
por muitas instituições como um grande passo para a sustentabilidade da
agricultura. Além disso, esse sistema de plantio é hoje adotado em várias
culturas perenes importantes, como a cana-de-açúcar e o eucalipto.
Além disso, o glifosato é altamente eficiente no controle das
plantas daninhas, proporcionando excelentes condições de
desenvolvimento para que as culturas atinjam seu potencial máximo de
produtividade, quando comparado a outros sistemas de manejo das plantas
daninhas. Em resumo, o glifosato utilizado de acordo com as
recomendações de bula e práticas agrícolas corretas é seguro às culturas
em geral, sem risco de absorção do produto pelo sistema radicular e
aparecimento de sintomas de fitotoxicidade.
Quando se fala em meia-vida de um produto, é preciso
ressaltar que muitos desses valores são referentes a estudos de laboratório.
Quando passamos a considerar as condições de campo, certamente surgem
fatores que contribuem de forma muito significativa para a redução desses
valores. Por exemplo, quando realizamos uma aplicação, temos que
considerar que apenas uma parte da dose aplicada atinge diretamente o
solo, visto que grande parte do produto é interceptada e absorvida pelas
plantas daninhas. O produto que vai para dentro das plantas daninhas
será liberado ao solo de forma gradativa, dependendo da sua
decomposição, e muitas vezes já na forma de seu metabólito AMPA. Esse
processo poderá ser bastante lento, pois depende da relação C/N, que no
caso de algumas plantas é bastante alta.
Com relação à sua solubilidade em água, o glifosato é um
herbicida altamente solúvel, apresentando valor de 11.600 ppm a 25oC
42
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
43
VII
O Glifosato e as Populações
Microbianas do Solo
O solo é um sistema bastante complexo, constituído por
material mineral, matéria orgânica, microrganismos, água e ar; sendo que
a variação de um desses componentes pode provocar alterações nos demais
(Alexander, 1961). Populações complexas e diversificadas de
microrganismos estão presentes no solo e provocam grandes interferências
na qualidade dos mesmos, juntamente com os processos bioquímicos que
neles ocorrem (Tiedje et al., 1999). A presença de microrganismos no solo
pode ser facilmente influenciada por inúmeros fatores, como propriedades
físico-químicas, matéria orgânica, umidade, temperatura, pH, sistemas de
manejo e outros (Alexander, 1961; Buckley e Schmidt, 2001). Portanto,
variações em populações específicas de microrganismos são esperadas
sempre que se introduz alguma prática agrícola que altere
significativamente os fatores citados.
No ambiente agrícola, o glifosato não causa impacto
significativo sobre as populações microbianas em função da grande
44
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
45
em ensaios desenvolvidos em casa de vegetação. Efeitos adversos do
produto não foram observados, mesmo na dose de 3,23 kg e.a./ha. Os
mesmos resultados foram encontrados em avaliação de campo, porém
nas parcelas não tratadas houve uma mortalidade de 49% do Pinus resinosa,
o que foi atribuído à competição pelas plantas daninhas, pois nas parcelas
tratadas com glifosato todas as plantas mostraram excelente
desenvolvimento.
O aumento da atividade microbiológica do solo com a
aplicação do glifosato tem sido observado em vários trabalhos. Sabe-se
que muitos microrganismos utilizam a molécula do glifosato como fonte
de fósforo, quando da ausência deste no meio (Liu et al., 1991; Pipke et
al., 1987).
Araújo (2002) avaliou a biodegradação do glifosato em dois
tipos de solo (podzólico vermelho-amarelo e latossolo vermelho) durante
32 dias e observou o aumento da atividade microbiana após a aplicação
da dose de 2,16 mg de e.a./kg de solo. Os fungos e actinomicetos
apresentaram aumento de população, enquanto as bactérias permaneceram
em número constante durante todo período de incubação.
Estudo em andamento (Pitelli, 2003 – UNESP Jaboticabal) vem
demonstrando que a adição de glifosato no solo incrementa a atividade
microbiana, o que é medido pela evolução de CO2 do solo. As Figuras 6
e 7 mostram a resposta de microrganismos que utilizam a molécula de
glifosato no seu metabolismo e aparentemente são favorecidos pelo
aumento da dose do produto, podendo-se inferir que ocorre rápida
dissipação do herbicida.
46
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
300
Evolução do CO2 (mg /Kg de solo) TESTEMUNHA
250 0,10%
0,20%
200 0,50%
1,00%
150
100
50
0
0 5 10 15 20 25 30
Dias após incorporação
Figura 6. Efeitos da incorporação de diferentes concentrações de glifosato sobre a atividade respiratória de um latossolo vermelho-
escuro, textura média, em condições de incubação em laboratório (período de 22 de junho a 14 de julho de 2003).
Pitelli, R. A. - UNESP, Jaboticabal, 2003, ensaio 1 (gráfico publicado com autorização expressa do autor).
250
Evolução do CO2 (mg /Kg de solo)
TESTEMUNHA
200
0,10%
0,20%
150 0,50%
1,00%
100
50
0
0 5 10 15 20 25 30
Dias após incorporação
Figura 7. Efeitos da incorporação de diferentes concentrações de glifosato sobre a atividade respiratória de um latossolo vermelho-
escuro, textura média, em condições de incubação em laboratório (período de 22 de junho a 14 de julho de 2003).
Pitelli, R. A. - UNESP, Jaboticabal, 2003, ensaio 2 (gráfico publicado com autorização expressa do autor).
47
b)
5,0 . a). . . .... 0,5 2,5 Não adaptada
. .
Concentração Crescimento
(sem glifosato)
de glifosato 2,0
..
Adaptada
(5 mmol L-1)
. (5 mmol L-1)
0,2 1,0
2,0
. 0,1 0,5
1,0
.
.... . . 0,0
0 0
0 10 20 30 40 50 60 0 5 10 15 20 25 30
Tempo, horas Tempo, horas
Figura 8. Crescimento de uma população microbiana do solo adaptada em meio de cultura enriquecido com 0,5 mmol L-1 de
glifosato (Quinn et al., 1988) e crescimento de população de Aerobacter aerogenes adaptada e não adaptada ao glifosato (Amrhein
et al., 1983).
48
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
49
VIII
Glifosato e a Fixação Biológica de
Nitrogênio na Cultura da Soja
A fixação biológica de nitrogênio é o processo através do
qual o nitrogênio atmosférico (N2, forma não absorvida pelas plantas)
é reduzido a NH 3 por bactérias do gênero Rhizobium , dentro de
estruturas especiais desenvolvidas nas raízes, chamadas nódulos.
Posteriormente, o NH3 é transferido para a planta, fazendo parte de
compostos nitrogenados vitais para o seu desenvolvimento, tais como
aminoácidos, proteínas, ácidos nucléicos, etc.
Dentre outros fatores, o processo de fixação do nitrogênio
pode variar com a estirpe do inóculo de solo, condições ambientais e
também com o cultivar utilizado. Trabalhos conduzidos em laboratório
indicaram que o glifosato pode afetar as bactérias fixadoras do
nitrogênio, porém, apenas quando se aplicam concentrações de
glifosato muito acima daquelas passíveis de ocorrer na solução do
solo, em condições reais de campo (Moorman et al., 1992; Santos &
Flores, 1995).
Segundo Goring & Laskowski (1982), os herbicidas podem
reduzir a nodulação de leguminosas no campo, inibindo a ação de
Rhizobium e Bradyrhizobium , e essa redução é maior quando se
utilizam altas doses dos produtos em culturas com tolerância marginal,
sendo a redução geralmente devida aos danos causados pelos
herbicidas. Bethlenfalvay et al . (1979), em estudo semelhante
concluíram que mesmo com o uso de herbicidas mais seletivos,
aplicados em doses recomendadas, pode ocorrer redução temporária
50
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
51
Conforme Mallik & Tesfai (1985), o glifosato apresenta
menor efeito tóxico na nodulação e fixação de nitrogênio que diversos
herbicidas comumente utilizados, como os ingredientes ativos
trifluralina e metribuzin.
É importante enfatizar que o processo de nodulação e
atividade dos nódulos resultantes da interação soja— Rhizobium é
bastante dependente das condições ambientais e especialmente das
práticas culturais empregadas, como a correção de acidez do solo, a
aplicação de fertilizantes químicos e o uso de implementos mecânicos
que causam distúrbios no solo. Todos esses fatores podem alterar
expressivamente o processo. No entanto, o uso do glifosato, em doses
recomendadas para o manejo de plantas daninhas, não afeta
significativamente a nodulação ou a atividade dos microrganismos
fixadores de nitrogênio em associação simbiótica com a cultura da
soja.
52
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
IX
Segurança para o Homem
e para o Meio Ambiente
A propriedade herbicida dessa molécula foi descoberta pela
Monsanto em 1970 e a primeira formulação comercial foi lançada nos
Estados Unidos em 1974, com o nome comercial de Roundup. Hoje ela é
utilizada em mais de 130 países, sendo aplicada para controle de plantas
daninhas nas áreas agrícolas, industriais, florestais, residenciais e ambientes
aquáticos, de acordo com os registros obtidos em cada país.
O glifosato é uma das moléculas mais eficientes já introduzidas
no mercado para controle de plantas daninhas e por isso seu uso continua
em expansão em todas as principais áreas agrícolas do mundo.
O herbicida glifosato foi o principal responsável pela adoção
mundial de práticas agrícolas como o plantio direto e também possibilitou
um grande avanço na produção mundial de alimentos com a introdução
de culturas geneticamente modificadas, tolerantes ao glifosato.
Devido principalmente à sua alta eficácia no controle de
plantas daninhas e às propriedades ambientais favoráveis – forte fixação
53
aos solos e rápida degradadação por microrganismos em compostos naturais
- o glifosato é a melhor escolha para o controle de plantas daninhas. Nos
Estados Unidos e em outros países, herbicidas à base de glifosato estão
entre os poucos autorizados para uso em jardinagem, assim como ocorre
na internacionalmente conhecida reserva ecológica de Galápagos e nas
ruínas de Pompéia, na Itália.
O glifosato é uma das moléculas herbicidas mais estudadas
mundialmente em termos de segurança ambiental e saúde humana e possui
uma das maiores bases de dados solicitados a respeito de pesticidas
(Williams et al., 2000; Giesy et al., 2000). Esses dados têm sido avaliados e
reavaliados por inúmeros e rigorosos testes conduzidos ao longo de vários
anos pelas principais agências regulatórias e organizações científicas
mundiais (United States Environmental Protection Agency – US EPA., 1993;
European Commission - EC, 2002; Health Canadá, 1991; World Health
Organization - WHO, 1994), que concluíram que o glifosato não possui
propriedades carcinogênicas, mutagênicas, teratogênicas ou que causem
qualquer problema reprodutivo. Além disso, dados de laboratório e de
campo indicam baixa toxicidade e baixo risco para a vida selvagem na
exposição direta ao glifosato e suas formulações (US EPA, 1993).
No Brasil, a linha Roundup® de herbicidas a base de glifosato
da Monsanto encontra-se devidamente registrada no Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA para fins agrícolas e no
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
– IBAMA do Ministério do Ministério do Meio Ambiente para fins não
agrícolas. Os registros são concedidos com base nas avaliações
agronômicas, toxicológicas e ambientais realizadas pelo MAPA, Agência
Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA do Ministério da Saúde e IBAMA,
respectivamente, em conformidade com a Lei no 7.802, de 11 de julho de
1989, regulamentada pelo Decreto no 98.816, de 11 de janeiro de 1990, este
substituído pelo Decreto no 4.074, de 4 de janeiro de 2002 e Portarias e
Instruções Normativas pertinentes.
54
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
55
X
Resistência de Plantas Daninhas
É importante ressaltar que a presença de plantas daninhas
resistentes em uma área é um fenômeno natural. O herbicida é apenas um
agente de seleção dos indivíduos resistentes que normalmente se encontram
em freqüência muito baixa.
Christoffoleti et al. (2003) definem resistência como a
capacidade natural e herdável de alguns biótipos, dentro de uma
determinada população de plantas daninhas, de sobreviver e se reproduzir
após a exposição à dose de um herbicida que seria letal a uma população
normal (suscetível) da mesma espécie.
Fica muito claro por esse conceito que não é o herbicida que
cria um biótipo resistente, mas que ele já existe no ambiente e se deve à
ampla variabilidade genética das plantas daninhas, uma das principais
características que lhes permite se adaptar e sobreviver em diversas
condições ambientais e do agroecossistema (Christoffoleti et al., 2003). O
que ocorre nesse processo é que o herbicida elimina os indivíduos
suscetíveis, e a sua utilização de forma sistemática e intensiva como fator
de seleção cria um ambiente favorável ao crescimento da população dos
biótipos resistentes, ou seja, o herbicida não é o agente causador, mas sim
o selecionador dos indivíduos resistentes.
Esse processo vem ocorrendo na agricultura desde a mais
remota antiguidade em razão das práticas agrícolas imposta pelo homem.
A monda, por exemplo, selecionou gramíneas aquáticas na cultura do
arroz e acabou favorecendo um biótipo com aparência morfológica similar
em sistema inundado, como é o caso da Echinochloa crusgalli (capim-
arroz). Outro exemplo é que o preparo de solo convencional praticamente
eliminou espécies que possuíam pouca capacidade de dormência das
56
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
57
multiflorum (Chile e Brasil); Eleusine indica (Malásia) e Conyza canadensis
(Estados Unidos) (Weed Science, 2003). Das quatro espécies relatadas,
três ocorreram em áreas onde não se plantava culturas geneticamente
modificadas (tecnologia Roundup Ready).
Em todas as áreas, os biótipos resistentes têm sido
eficientemente controlados por meio de produtos químicos ou práticas
culturais, porém o glifosato continua sendo o principal tratamento herbicida
por causa de sua alta eficácia no controle das demais espécies presentes.
As recomendações básicas para manejo de plantas daninhas
com glifosato incluem:
• Programa de controle sustentado em práticas agronômicas mais
indicadas para cada região, procurando melhor atender às
necessidades locais.
• Assegurar que a dose recomendada em bula seja a dose efetivamente
aplicada, ou seja, utilizar a dose certa no momento certo e no estágio
adequado de desenvolvimento da planta daninha.
• Acompanhar casos de baixo desempenho para a correta avaliação e
solução do problema.
Na realidade é impossível prever quando ou onde aparecerão
novos casos de resistência, mas o fato é que eles são muito raros com o
glifosato.
Nas regiões onde a tecnologia de culturas geneticamente
modificadas para resistência a glifosato já foi aprovada há alguns anos, o
uso contínuo do produto, aplicado na dose certa e mesclado com produtos
que apresentam outros modos de ação, tem proporcionado excelente
controle das plantas daninhas, sem a observação de ocorrência de nenhum
caso de resistência até o momento.
Programas de controle fundamentados em sistemas de
produção adequados e na utilização de doses corretas e aplicadas no
momento certo levarão a resultados seguros, reduzindo, assim, a
possibilidade de desenvolvimento de biótipos resistentes.
58
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
Considerações Finais
Poderíamos ainda incluir aqui inúmeras páginas sobre a
segurança e os benefícios da utilização do Roundup, marca comercial da
Monsanto para o glifosato, o herbicida mais estudado pela comunidade
científica mundial. Essa molécula mudou a história da agricultura mundial,
tendo desempenhado um papel relevante na adoção e implementação de
práticas agrícolas conservacionistas, como o plantio direto, permitindo
sustentabilidade e constantes aumentos de produtividade.
Com as informações contidas nesta publicação procuramos
abordar tópicos importantes relacionados ao comportamento desse
herbicida no solo, na água, na planta e no ambiente. Abordamos também
benefícios proporcionados por sua alta eficácia no controle das plantas
daninhas.
Essa molécula, descoberta na década de 1950, teve sua
propriedade como herbicida desenvolvida por cientistas da Monsanto
Company no início da década de 1970 e sua comercialização iniciada em
1974, quando foi aprovada nos Estados Unidos.
No ano 2000, mais de 150 marcas comerciais já eram vendidas
em 119 países. No Brasil, há mais de 25 marcas disponíveis comercializadas
por cerca de 18 empresas nacionais e multinacionais.
Somente um produto com baixa toxicidade para o homem,
reduzido impacto ambiental e elevada eficácia agronômica poderia ter
uma trajetória de sucesso como essa.
59
Referências:
ALEXANDER, M. Introduction to soil microbiology. Nova York: John Wiley and Sons, 1961. 472 p.
ALVES, L. W. R.; SILVA, J. B.; SOUZA, I. F. Efeito da aplicação de subdoses dos herbicidas
glyphosate e oxyfluorfen, simulando deriva sobre a cultura do milho (Zea mays L.). Ciênc.
agrotec., Lavras, v. 24, n. 4, pp. 887-97, 2000.
ALVES JR., S. B. Ação de alguns herbicidas sobre agentes potenciais, entomo e fitopatogênicos,
de controle biológico microbiano, sob condições de laboratório. Monografia. Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 1997. 32 p.
AMRHEIN, N.; JOHANNING, D.; SCHAB, J.; SCHULZ, A. Biochemical basis for glyphosate-
tolerance in a bacterium and a plant tissue culture. FEBS, 157: 191-6, 1983.
BERETTA, M. J. G.; LEE, R. F.; BARTHE, J.; THOME NETO, K. S.; DERRICK, K. F.; DAVIS, C. L.
Citrus variegated chlorosis dectetion of xyllela fastidiosa in symptomless tree. In: 12th
CONFERENCE OF THE IOCV, 1992. Proceedings, pp. 306-10, 1993.
BETHLENFALVAY, G.J.; NORRIS, R.F.; PHILLIPS, D.A.. Effects of bentazon, a Hill reaction
inhibitor, on nitrogen-fixing capability and apparent photosynthesis. Plant Physiol. 63:213-215,
1979.
BIEDERBECK, V. O.; CAMPBELL, C. A.; HUNTER, H. J. Tillage effects on soil microbial and
biochemical characteristics in a fallow-wheat rotation in a dark brown soil. Can. J. Soil Sci.,
Guelph, v. 77, pp. 309-16, 1997.
BLANCO, H. G.; OLIVEIRA, D. A. Estudos dos Efeitos da Época de Controle do Mato sobre a
Produção de Citros e a Composição da Flora Daninha. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v. 45, n. 1, pp.
25-36, 1978.
BOLLICH, P.K.; DUNNIGAN, E.P.; HARGER, T.R.; KITCHEN, L.M.. Effects on nodulation, nitrogen
fixation, and seeds yields of soybeans in Louisiana. Louisiana Agric. Exp. Stn. Bull. 762, 1984.
60
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
BOLOGNA, I. R. Adubação boratada em pomar de laranja Pêra rio afetado pela clorose variegata
dos citros. Dissertação. Mestrado em solos e nutrição de plantas. Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003. 89 p.
BUCKLEY, D. H.; SCHIMIDT, T. M. The structure of microbial communities in soil and the lasting
impact of cultivation. Microb. Ecol., Nova York, v. 42, pp. 11-21, 2001.
CARVALHO, J. E. B.; CARDOSO, S. S.; COSTA NETO, A. O. Influência das épocas de controle das
plantas daninhas sobre a produção de laranja-’Pêra’. Planta Daninha, Botucatu, v. 11, n. 1-2, pp.
49-54, 1993.
CARVALHO, J. E. B.; SANTANA, A.; PITELLI, R. A.; ARAÚJO, A. M. A.; CALDAS, R. C.; GALLI, A.
J. B. Épocas de Interferência de Plantas Infestantes em Pomar cítrico. In: 23° CONGRESSO
BRASILEIRO CIÊNCIA PLANTAS DANINHAS, 2002, Londrina. Resumos, p. 77. Londrina: SBCPD/
Embrapa Clima Temperado, 2002a.
CARVALHO, J. E. B.; SANTANA, A.; PITELLI, R. A.; SOUZA, L. S.; GALLI, A. J. B. Manejo de
coberturas vegetais no controle integrado de plantas daninhas e a produtividade dos citros. In:
15° CONGRESSO LATINO AMERICANO DE MALEZAS, 2001, Maracaibo, VE. Libro de Resúmenes,
p. 271. Maracaibo: Condes. La Universidad Del Zulia, 2001.
CARVALHO, J. E. B.; SOUZA, L. S.; JORGE, L. A. C.; RAMOS, W. F.; COSTA NETO, A. O.;
ARAÚJO, A. M. A.; LOPES, L. C.; JESUS, M. S. Manejo de coberturas do solo e sua interferência no
desenvolvimento do sistema radicular da laranja “Pêra”. Revista Brasileira de Fruticultura,
Jaboticabal, v. 21, n. 2, pp. 140-5, 1999.
CHANG, C. J.; GARNIER, M.; ZREIK, L.; ROSSETI, V.; BOV, J. M. Citrus variegated chlorosis:
cultivation of the causal bacterium and experimental reproduction of the disease In: 12th
CONFERENCE OF THE IOCV, 1992. Proceedings, pp. 294-300, 1993.
61
CHRISTOFFOLETI, P. J.; LÓPEZ-OVEJERO, R. F.; CARVALHO, J. C. Aspectos de resistência de
plantas daninhas a herbicidas. CHRISTOFFOLETI, P. J. (Coord.). Londrina: Associação Brasileira
de Ação a Resistência de Plantas aos Herbicidas (HRAC-BR), 2003. 90 p.
COLE, D. J. Mode of action of glyphosate – a literature analysis. In: GROSSBARD, E.; ATKINSON,
D. (Ed.). The herbicide glyphosate, pp. 49-54. Londres: Butterworths, 1985.
COSTA, A. G. F.; CORRÊA, T. M.; ROSSI, C. V. S.; NEGRISOLI, E.; CAVENAGHI, A. L.; VELINI, E.
D. Efeito da redução de doses de glyphosate aplicados em aveia preta na produção de matéria
seca. In: 24° CONGRESSO BRASILEIRO DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS. 2004, São
Pedro (SP). Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas, CD-ROM, trabalho 220.
DICK, R.E.; QUINN, J.P. Glyphosate-degrading isolates from environmental samples: occurrence
and pathways of degradation. Applied Microbiology Biotechnology, v.43,n.3 p.545-550, 1995.
EMBRAPA. 2003. Especial 30 Anos – Sistema de plantio direto permite economia de 1 bilhão de
reais por ano. Banco de Notícias Embrapa. Publicado em 28/04/2003.
ESTOK, D.; FREEDMAN, B.; BOYLE, D. Effects of the herbicides 2,4-D, glyphosate, Hexazinone,
and Triclopyr on the growth of three species of ectomycorrhizal fungi. Bull. Environ. Contam.
Toxicol., Nova York, v. 42, pp. 835-9, 1989.
EUROPEAN COMMISSION. Report for the Active Substance Glyphosate. Directive 6511/VI/99,
Jan.21. International Programme on Chemical Safety. Glyphosate. 2002. Disponível em http://
europa.eu.int/comm/food/fs/ph_ps/pro/eva/existing/list1_glyphosate_en.pdf.
FEICHTENBERGER, E.; MULLER, G. W.; GUIRADO, N. Doenças dos citros. In: KIMATI, H.;
AMORIM, L.; BERGAMIM FILHO, A.; CAMARGO, L. E.; REZENDE, J. A. M. (Ed.). Manual de
fitopatologia. São Paulo: Agronômica Ceres, pp. 261-96, 1997.
GHASSEMI, M.; FARGO, L.; PAINTER, P.; QUINLIVAN, S.; SCOFIELD, R.; TAKATA, A.
Environmental fates and impacts of major forest use pesticides, pp. A-149-68. Washington: U.S.
EPA. Office of Pesticides and Toxic Substances, 1981.
GIESY, J. P.; DOBSON, S.; SOLOMON, K. R. Ecotoxicological Risk Assessment for Roundup
Herbicide. Rev. Environ. Contam. Toxicol., Nova York, v. 167, pp. 35-120, 2000.
62
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
GRAVENA, S.; LOPES, J. R. S.; PAIVA, P. E.; YAMAMOTO, P. T.; ROBERTO, S. R. Os vetores da
Xyllela fastidiosa. In: DONADIO, L. C.; MOREIRA, C. S. (Coord.). Clorose Variegada dos Citros-
CVC, pp. 37-53. Araraquara: Fundecitrus, 1997.
GROSSBARD, E.; HARRIS, D. Effects of herbicides on the decay of straw. p. 167-176, 1979. In
GROSSBARD, E (ed.) Straw decay and its effect on disposal and utilization. John Wiley and Sons,
Chichester, UK.
HANEY, R. L.; SENSEMAN, S. A.; HONS, F. M. Effect of Roundup Ultra on microbial activity and
biomass from selected soils. J. Environ. Qual., Madison, v. 31, n. 3, pp. 730-5, 2002.
HANEY, R. L.; SENSEMAN, S. A.; HONS, F. M.; ZUBERER, D. A. Effect of glyphosate on soil
microbial activity and biomass. Weed Sci., Champaign, v. 48, pp. 89-93, 2000.
HART, M. R.; BROOKES, P. C. Soil microbial biomass and mineralization of soil organic matter
after 19 years of cumulative field applications of pesticides. Soil Biol. Biochem., Exeter, v. 28,
pp. 1641-9, 1996.
JANSEN, A. E. Impacto ambiental del uso de herbicidas en siembra directa: proyecto conservación
de suelos. San Lorenzo, 1999.
KAPUSTA, G.; ROUWENHORST, D.L. Interaction of selected pesticides and Rhizobium japonicum
in pure culture and under field condition. Agron. J. 65:112-115, 1973.
KOLLMAN, W.; SEGAWA, R. Interim report of the pesticide chemistry database: environmental
hazards assessment program. Department of Pesticide Regulation, 1995.
LIU, C. M.; MCLEAN, P. A.; SOOKDEO, C. C.; CANNON, F. C. Degradation of the herbicide
glyphosate by members of the family Rhizobiaceae. Appl. Environ. Microbiol., Washington, v.
57, pp. 1799-804, 1991.
63
LIU, L.; PUNJA, Z. K.; RAHE, J. E. Effect of Phytium spp. and glyphosate on phytoalexin production
and exudation by bean (Phaseolus vulgaris L.) roots grown in different media. Physiol. Mol. Plant
Pathol., Londres, v. 47, n. 6, pp. 391-405, 1995.
MACHADO, E. C.; QUAGGIO, J. A.; LAGOA, A. M. M. A.; TICELLI, M.; FURLANI, P. R. Trocas
gasosas e relações hídricas em laranjeiras com Clorose Variegada dos Citros. Revista Brasileira
de Fisiologia Vegetal, São Carlos, 6(1): 53-7, 1994.
MALAVOLTA, E. Manual de química agrícola: adubos e adubação. São Paulo: Ceres, 1987. 606 p.
MALAVOLTA, E. Nova anomalia dos citros: estudos preliminares. Laranja, Cordeirópolis, v. 11,
n. 1, pp. 15-8, 1990.
MALAVOLTA, E.; PRATES, H. S.; CASALE, H.; LEÃO, H. C. Arquivo do Agrônomo. Seja o Doutor
do seu Citros. Inf. Agron., Piracicaba, n. 65, 1994.
MALLIK, M. A. B.; TESFAI, K. Pesticidal effect on soybean-rhizobia symbiosis. Plant Soil, Dordrecht,
v. 85, n. 1, pp. 33-42, 1985.
MEDINA, C. L. Fisiologia das plantas com clorose variegada dos citros. Citricult. Atual, n. 30, pp.
8-10, 2002.
MELLO, I. 2002. Plantio direto e o agronegócio sustentável na metade sul do Rio Grande do Sul.
Boletim Informativo da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha. Informativo 06. 2p.
Disponível em: http://www.febrapdp.org.br/informe_6_pagina_3.htm (acessado em: 14/05/
2004).
MERWIN, I. A.; STILLES, W. C. Orchard groundcover management impacts on apple tree growth
and yield, and nutrients availability and uptake. J. Am. Soc. Hortic. Sci., Alexandria, v. 119, n. 2,
pp. 209-15, 1994.
NEWTON, M.; HOWARD, K. M.; KELPSAS, B. R.; DANHAUS, R.; LOTTMAN, C. M.; DUBELMAN,
S. Fate of glyphosate in an Oregon forest ecosystem. J. Agric. Food Chem., Washington, v. 32,
pp. 1144-51, 1984.
PARKER, M.B.; DOWLER, C.C.. Effect of nitrogen with trifluralin and vernolate on soybean.
Weed Sci. 24:131-133, 1976.
PIPKE, R.; SCHULZ, A.; AMRHEIN, N. Uptake of glyphosate by an Arthrobacter sp. Appl.
Environ. Microbiol., Washington, v. 53, pp. 974-8, 1987.
64
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
PRATA, F.; CARDINALI, V. C. B.; LAVORENTI, A.; TORNISIELO, V. L.; REGITANO, J. B. Gliphosate
sorption and desorption in soils with different phosphorous levels. Sci. Agríc., Piracicaba, v. 60,
n. 1, pp. 175-80, 2003.
PRATA, F.; LAVORENTI, A. Retenção e mobilidade de defensivos agrícolas no solo. In: ALLEONI,
L. R. F.; REGITANO, J. B. (Ed.). Apostila do simpósio sobre dinâmica de defensivos agrícolas no
solo: aspectos práticos e ambientais. Piracicaba: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,
Universidade de São Paulo, pp. 57-69, 2002.
PRATA, F.; LAVORENTI, A.; REGITANO, J. B.; CARDINALI, V. C. B.; TORNISIELO, V. L.;
PELISSARI, A. Comportamento do Glifosato em Latossolo Vermelho sob plantio direto e
convencional. In: 24o CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS. São
Pedro, 2004. 3 p. 1 CD-ROM.
PRATA, F.; LAVORENTI, A.; REGITANO, J. B.; TORNISIELO, V. L. Influência da matéria orgânica
na sorção e dessorção do glifosato em solos com diferentes atributos mineralógicos. Rev. Bras.
Ciênc. Solo, Viçosa, v. 24, pp. 947-51, 2000.
PUTNAM, A. R. Fate of glyphosate in deciduous fruit trees. Weed Science, v. 24: 425-30, 1976.
QUAGGIO, J. A. Distúrbios nutricionais em citros afetados por CVC. Ata da 1ª Reunião do Grupo
de trabalho sobre CVC. Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, 1988.
QUEIROZ, C. A. S.; VELINI, E. D.; CORREA, T. M.; ALVES, E. Avaliação da aplicação de Glyphosate
em eucalipto e pinus. In: 23° CONGRESSO BRASILEIRO DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS,
2002, Gramado. Resumos, v. 1, p. 567-576, 2002.
QUINN, J. P.; PEDEM, J. M. M.; DICK, R. E. Glyphosate tolerance and utilization by the microflora
of soils treated with the herbicide. Appl. Microbiol. Biotechnol., 29: 511-6, 1988.
RENNIE, R.J.; DUBETZ, S.. Effect of fungicides and herbicides on nodulation and N2 fixation in
soybean fields lacking indigenous Rhizobium japonicum. Agron. J. 76:451-454, 1984.
ROSLYCKY, E. B. Glyphosate and the response of the soil microbiota. Soil Biol. Biochem., v. 14,
pp. 87-92, 1982.
ROSSETI, V.; GARNIER, M.; BOVÉ, J. M.; BERETTA, M. J. G.; TEIXEIRA, A. R.; QUAGGIO, J. A.;
DE NEGRI, J. D. Présence de bactéries dans le xylème d’orangers atteints de chlorose variégée,
une nouvelle maladie des agrumes au Brésil. C. R. Acad. Sci. Paris, Ser. III, Paris, v. 310, pp. 345-
9, 1990.
ROSSETI, V.; GONSALEZ, M. A.; DONADIO, L. C. Histórico da CVC. In: DONADIO, L. C.;
MOREIRA, C. S. (Coord.) Clorose Variegada dos Citros-CVC. Fundecitrus, Araraquara, pp. 1-18,
1997.
65
SANTOS, A.; FLORES, M. Effects of glyphosate on nitrogen fixation of free-living heterotrophic
bacteria. Lett. Appl. Microbiol., Oxford, v. 20, pp. 349-52, 1995.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 719 p.
TIEDJE, J. M.; ASUMING-BREMPONG, S.; NUSSLEIN, K.; MARSH, T. L.; FLYNN, S. J. Opening
the black box of soil microbial diversity. Appl. Soil Ecol., Amsterdã, v. 13, n. 2, pp. 109-22, 1999.
VITTI, G. C. Calagem e adubação de citros. Inf. Agron., Piracicaba, n. 48, pp. 1-3, 1989.
WAN, M. T.; RAHE, J. E.; WATTS, R. G. A new technique for determining the sublethal toxicity
of pesticides to the vesicular-arbuscular mycorrhizal fungus Glomus intraradices. Environ. Toxicol.
Chem., Pensacola, v. 17, n. 7, pp. 14-21, 1998.
WILLIAMS, G. M.; KROES, R.; MUNRO, I. C. Safety evaluation and risk assessment of the
herbicide Roundup® and its active ingredient, glyphosate, for humans. Regul. Toxicol. Pharmacol.,
Orlando, v. 31, pp. 117-65, 2000.
66
ALGUNS ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO HERBICIDA GLIFOSATO NA AGRICULTURA
www.monsanto.com.br
67