Desembargador Federal aposentado. Professor doutor de Direito Ambiental da PUC/PR NO PASSADO: DECRETO-LEI 58, DE 10.12.1937 Art.º, - Todo proprietário... inc. I- , um memorial por êles assinado ou por procuradores com poderes especiais, contendo . - c) plano de loteamento, de que conste o programa de desenvolvimento urbano, ou de aproveitamento industrial ou agrícola; nesta última hipótese, informações sôbre a qualidade das terras, águas, servidões ativas e passivas, estradas e caminhos, distância de sede do município e das estações de transporte de acesso mais facil; DEPOIS LOTEAMENTO URBANO – DL 271, DE 28.2.1967
Art 2º Obedecidas as normas gerais de
diretrizes, apresentação de projeto, especificações técnicas e dimensionais e aprovação a serem baixadas pelo Banco Nacional de Habitação dentro do prazo de 90 (noventa) dias, os Municípios poderão, quanto aos loteamentos: I - obrigar a sua subordinação às necessidades locais, inclusive quanto à destinação e utilização das áreas, de modo a permitir o desenvolvimento local adequado; TEMPOS DE CRESCIMENTO SEM LIMITES PARA MELHOR LEI 6.766, DE 19.12.1979 Art. 3º Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização específica, assim definidas pelo plano diretor ou aprovadas por lei municipal. Parágrafo único. Não será permitido o parcelamento do solo: I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as providências para assegurar o escoamento das águas; II - em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que sejam previamente saneados; III - em terreno com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo se atendidas exigências específicas das autoridades competentes; IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação; V - em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até a sua correção. Art. 4º - Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes requisitos: I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres de uso público, serão proporcionais à densidade de ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei municipal para a zona em que se situem. CONSTITUIÇÃO FEDERAL -1988 PLANO DIRETOR
Art. 30. Compete aos Municípios:
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; Estudo de Impacto Ambiental Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: V - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; A Lei 10.257, de 10.07.2001 (ESTATUTO DA CIDADE)
Art. 36. Lei municipal definirá os
empreendimentos e atividades privados ou públicos em área urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público municipal. Como interpretar o art. 36 do Estatuto?
Aplica-se o princípio in claris cessat
interpretatio? SOROCABA: O BOM EXEMPLO Lei 8.270, de 24 de setembro de 2007: Art. 1º O licenciamento de empreendimentos e atividades econômicas promovidos por entidades públicas ou particulares, de significativo impacto urbano, deverá ser precedido de Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV - e Relatório de Impacto de Vizinhança - RIVI - conforme o disposto nesta Lei. Parágrafo Único - Consideram-se empreendimentos de significativo impacto urbano aqueles que possam afetar: I - a saúde, a segurança e o bem estar da população; II - as relações de convivência e vizinhança; III - as atividades sociais e econômicas; IV - as propriedades químicas, físicas ou biológicas do meio ambiente; V - a infra-estrutura urbana e seus serviços (sistema viário, sistema de drenagem, saneamento básico, eletricidade e telecomunicações); VI - o patrimônio cultural, artístico, histórico, paisagístico e arqueológico do município; VII - a paisagem urbana. No Plano Diretor Curitiba, Lei de 11.266,16.12.2004
Art. 78. Fica instituído o Estudo Prévio de
Impacto de Vizinhança - EIV como instrumento de análise para subsidiar o licenciamento de empreendimentos ou atividades, públicas ou privadas, que na sua instalação ou operação possam causar impactos ao meio ambiente, sistema viário, entorno ou à comunidade de forma geral, no âmbito do Município. Iniciativas diversificadas Belo Horizonte, MG:
Lei 7.166, de 27.08.1996, estabelece
normas e condições para parcelamento, ocupação e uso do solo urbano no município e, ainda que mesclando elementos de EIA com EIV, contém exigência relacionadas com o impacto da obra na vizinhança. Recife, PE: Lei 15.547, de 1991, que institui o Plano Diretor da cidade, estabelece no artigo 40 que nos empreendimentos de impacto o interessado deve apresentar um Memorial que considere o sistema de transportes, meio ambiente, infra-estrutura básica e os padrões funcionais e urbanísticos de vizinhança Mas a maioria absoluta dos municípios não edita lei criando o Estatuto de Impacto de Vizinhança Que fazer?: esperar eternamente? concluir que é dispensável?
Em suma: como interpretar o art. 36 do
Estatuto da Cidade? IMPERADOR JUSTINIANO 527 A 564 Corpo do Direito Civil ( Corpus Juris Civilis) que serviu de base aos códigos civis de diversas nações nos séculos seguintes HERMES LIMA: “Códigos houve, como o da Baviera, de 1812, que proibia expressamente ao juiz a interpretação da lei .
(Introdução à Ciência do Direito. 19. ed.
Rio de Janeiro: Ed. Freitas Bastos,1970, p. 150) Charles-Louis de Secondat, barão de Montesquieu
O JUIZ É A BOCA DA LEI
Por isso na França,
até hoje, o Judiciário não é um Poder de Estado ANDRÉ FRANCO MONTORO, Introdução à Ciência do Direito. 25. ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1999, p. 376.
Contra o exagerado legalismo dos sistemas
tradicionais – que consideravam o texto legal a única fonte do direito – surgiram críticas e reações em diversos países, dando origem aos chamados sistemas modernos de interpretação. Entre eles devem ser mencionados: o sistema da evolução histórica de Saleilles; o sistema da livre investigação de Geny; o sistema do direito livre de Kantorowicz; as novas correntes da lógica do concreto e da investigação semiológica ou lingüística.” CARLOS MAXIMILIANO Hermenêutica e aplicação do Direito, Forense, 9ª. Ed., p.122 Nunca será demais insistir sobre a crescente desvalia do processo filológico, incomparavelmente inferior ao sistemático e ao que invoca os fatores sociais, ou o Direito Comparado PONTES DE MIRANDA, Comentários à Constituição de 1967. 2. ed. São Paulo: Ed. RT, 1973, tomo I, p. 126.
“Quando uma regra se basta, por si mesma,
para sua incidência, diz-se bastante em si, self- executing, self-acting, self-enforcing. Quando, porém, precisam as regras jurídicas de regulamentação, porque, sem a criação de novas regras jurídicas, que as completem ou suplementem, não poderiam incidir e, pois, ser aplicadas, dizem-se não-bastantes em si.” QUAL A HERMENÊUTICA?
Art. 36. Lei municipal definirá os
empreendimentos e atividades privados ou públicos em área urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público municipal. O ART. 37 DO ESTATUTO DÁ TODOS OS REQUISITOS A SEREM EXAMINADOS PELO ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA. POR EXEMPLO: I- adensamento populacional; V- geração de tráfego e demanda por transporte público VII- paisagem urbana e patrimônio naturaql e cultural MARCELO BUZAGLO DANTAS I Congresso Bras. de Dir. Ambiental, Fiúza, p. 192
o Estatuto das Cidades, lei
federal, que é, criou o instituto, que é exigível em todo o território nacional desde a edição do respectivo diploma. As leis municipais que hão de vir limitar-se-ão a definir quais as atividades que estarão sujeitas ao Estudo, observadas as peculiaridades locais. EXIGÊNCIA DO EIV: TJSC. AI n. 2004.022236-0, da Capital, Rel. Des. Rui Fortes, in DJSC de 17-01-05).
DIREITO CONSTITUCIONAL – LEI N. 001/97 (PLANO
DIRETOR DO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS) – ARGÜIÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE FRENTE AO DISPOSTO NO ART. 25 DO ADCT DA CE – SUSPENSÃO DO ALVARÁ DE LICENÇA – AUSÊNCIA DE ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA E DE ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL – FUMUS BONI JURIS E PERICULUM IN MORA PRESENTES – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. ... Imprudente é a permissão de construção de estabelecimento comercial, do porte de um supermercado, em região que até pouco tempo era considerada exclusivamente residencial, sem a realização de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV), como também estudo prévio de impacto ambiental (EIA) EM CONTRÁRIO: TJRS, APEL. Nº 70022097455, URUGUAIANA, 22ª. Câm. Cível, j., 13.12.2007
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO
ESPECIFICADO. DIREITO AMBIENTAL. ATIVIDADE DE SHOPPING CENTER. MUNICÍPIO DE URUGUAIANA. LICENCIAMENTO AMBIENTAL. COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO. RESOLUÇÃO CONSEMA Nº 102/05. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL. INEXIGIBILIDADE. ... Vigendo a Resolução CONSEMA nº 102/05, que expressamente revogou a Resolução CONSEMA nº 05/98, e não reproduziu, dentre as atividades de impacto local, a de shopping center, antes contemplada pela Resolução revogada, não é possível obrigar o Município a efetivar o licenciamento ambiental, por ausência de respaldo legal. Não existindo previsão de licenciamento ambiental para a hipótese, inexigível é a realização do Estudo de Impacto Ambiental, medida que consiste em uma etapa do processo de licenciamento. O que fazer? O município “ainda que não haja meio direto de defesa da vizinhança pela lei específica, pode o Município exercer o controle sobre empreendimentos e atividades que ponham em risco outros interesses públicos, como, por exemplo, a demanda de novos serviços públicos e equipamentos urbanos, o gravame ao meio ambiente e outros motivos do gênero.”[1] JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO, Comentários ao Estatuto da Cidade. Rio de Janeiro: Ed. Lúmen Júris, 2009, p. 249. MP, PARTICULARES, ONGs e demais legitimados MANDADO DE INJUNÇÃO – CF, ART. 5º, INC. LXXI: conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne o inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA A AUTORIDADE MUNICIPAL, POR ILEGALIDADE DO ATO DE CONCESSÃO DE ALVARÁ DE CONSTRUÇÃO. AÇÃO POPULAR AÇÃO CIVIL PÚBLICA ENCERRANDO,
Agradeço ao Instituto Planeta
Verde o convite que me foi feito e Aos presentes a atenção.
A Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia e a Regularização Fundiária: Institutos Jurídicos da Política Urbana, nos termos da Lei nº 13.465/2017