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NORMA DNIT 090/2006 – ES

DNIT Patologias do concreto –


Especificação de serviço

MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES Autor: Diretoria de Planejamento e Pesquisa / IPR


Processo: 50.607.000.720 / 2006 - 18
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-
ESTRUTURA DE TRANSPORTES Aprovação pela Diretoria Colegiada do DNIT na reunião de 11/07/2006.

DIRETORIA DE PLANEJAMENTO E
PESQUISA

INSTITUTO DE PESQUISAS Direitos autorais exclusivos do DNIT, sendo permitida reprodução parcial ou total, desde que
RODOVIÁRIAS citada a fonte (DNIT), mantido o texto original e não acrescentado nenhum tipo de
propaganda comercial.
Rodovia Presidente Dutra, km 163
Centro Rodoviário – Vigário Geral
Rio de Janeiro – RJ – CEP 21240-000 Nº total de
Palavras-chave:
Tel/fax: (21) 3371-5888 páginas
Obras-de-arte especiais, recuperação de pontes, concreto, patologia.
10

5 Deterioração do concreto por ações


Resumo
químicas .............................................................. 4
Este documento define a sistemática a ser observada na
6 Recuperação de elementos deteriorados por
recuperação do concreto de obras-de-arte especiais,
ações físicas........................................................ 6
atacada por patologias de origem física ou química.
Descreve e classifica as causas dessas patologias e a 7 Recuperação de elementos deteriorados por

maneira de como recuperá-las. Trata também, do reações químicas ............................................... 6

manejo ambiental, da inspeção e dos critérios de 8 Manejo ambiental ................................................ 8


medição.
9 Inspeção.............................................................. 8

Abstract 10 Condições de conformidade e não

This document describes the method of restoring special conformidade....................................................... 8

road engineering structures when they have been 11 Critérios de medição............................................ 9


affected by “diseases” from physical or chemical source.
Índice geral.................................................................. 10
It classifies current diseases, establishes their usual
causes and shows the ways to treat them. It also deals
Prefácio
with environmental management, inspection and criteria
for job measurements. A presente Norma foi preparada pela Diretoria de
Planejamento e Pesquisa para servir como documento
Sumário base na definição da sistemática para ser empregada na
execução de serviços de recuperação do concreto de
Prefácio ........................................................................ 1
obras-de-arte especiais, deteriorado por patologias de
1 Objetivo ................................................................ 1 origem física ou química e está formatada de acordo

2 Referências normativas e com a Norma DNIT 001/2002 – PRO.

bibliográficas ........................................................ 2
1 Objetivo
3 Classificação das causas das patologias ............. 2
Esta Norma tem por objetivo listar as patologias do
4 Deterioração do concreto por ações físicas ......... 3
concreto, de origem física e química, e estabelecer os
procedimentos a serem seguidos sempre que seja
NORMA DNIT 090/2006 – ES 2

necessário recuperar as peças afetadas pelas g) FERNÁNDEZ CÁNOVAS, Manuel.


patologias, de origem física ou de origem química. Patologia e terapia do concreto armado.

Como a identificação e a recuperação de patologias São Paulo: PINI, 1988.

dependem, essencialmente, do conhecimento de suas h) MALLETT, G. P. Repair of concrete


causas e de sua evolução, esta Norma, resumidamente, bridges: state of the art review. London:
tratará também, destes aspectos. Thomas Telford; New York: ASCE, 1994.

2 Referências normativas e bibliográficas i) MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M.


Concreto: estrutura, propriedades e
2.1 Referências normativas materiais. São Paulo: PINI, 1994.

j) RAINA, V. K. Concrete bridges: inspection,


a) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
repair, strenghthening, testing and load
TÉCNICAS. NBR 6118: projeto de
capacity evaluation. New York: McGraw-
estruturas de concreto: procedimento. Rio
Hill, 1996.
de Janeiro, 2003.
k) SOUZA, Vicente Custódio Moreira de;
b) ______. NBR 7187: projeto de pontes de
RIPPER, Thomaz. Patologia, recuperação
concreto armado e de concreto protendido:
e reforço de estruturas de concreto. São
procedimento. Rio de Janeiro, 2003.
Paulo: PINI, 2001.
c) ______. NBR 7188: carga móvel em ponte
rodoviária e passarela de pedestre. Rio de 3 Classificação das causas das patologias
Janeiro, 1984.
As causas físicas da deterioração do concreto podem
2.2 Referências bibliográficas ser agrupadas em duas categorias:

a) desgaste superficial, ou perda de massa


a) AMERICAN CONCRETE INSTITUTE
devida à abrasão, à erosão e à cavitação;
Concrete repair manual. 2nd. ed.
Farmington Hills, MI, 2003. b) fissuração, devidas a gradientes normais
de temperatura e umidade, a pressões de
b) ANDRIOLO, Francisco Rodrigues.
cristalização de sais nos poros, a
Construção de concreto. São Paulo: PINI,
carregamento estrutural e á exposição a
1984.
extremos de temperaturas, tais como
c) DEPARTAMENTO NACIONAL DE congelamento ou fogo.
ESTRADAS DE RODAGEM. Manual de
As causas químicas da deterioração do concreto podem
construção de obras-de-arte especiais. 2.
ser agrupadas em três categorias:
ed. Rio de Janeiro, 1995.
a) hidrólise dos componentes da pasta de
d) _______. Manual de projeto de obras-de-
cimento por água pura;
arte especiais. Rio de Janeiro, 1996.
b) trocas iônicas entre fluidos agressivos e a
e) DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-
pasta de cimento;
ESTRUTURA DE TRANSPORTES. Manual
de inspeção de pontes rodoviárias. 2. ed. c) reações causadoras de produtos
Rio de Janeiro, 2004. expansíveis, tais como expansão por
sulfatos, reação álcali-agregado e corrosão
f) HARTLE, R. A. et al. Bridge inspector’s
da armadura no concreto.
training manual’90. Rev. ed. Washington,
D. C.: FHWA, 1995.
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4 Deterioração do concreto por ações físicas tamanho, forma, massa específica, dureza e velocidade
das partículas em movimento
4.1 Definições e condições gerais dos desgastes
Para obtenção de uma boa resistência à erosão em
superficiais
superfícies de concreto, deve ser usado agregado com

4.1.1 Desgaste superficial devido à abrasão alta dureza e concreto com resistência à compressão,
aos vinte e oito dias, de 40MPa, curado adequadamente
A abrasão refere-se a atrito seco e é a perda gradual e antes da exposição ao ambiente agressivo.
continuada da argamassa superficial e de agregados em
uma área limitada; bastante comum nos pavimentos, 4.1.3 Desgaste superficial devido à cavitação

pode ser classificada, conforme a profundidade do


Os concretos de boa qualidade têm excelente
desgaste, em:
resistência a fluxos constantes de alta velocidade de
a) desgaste leve: perda da argamassa água pura, mas fluxos não lineares, a velocidades acima
superficial em até 6mm de profundidade, já de 12m/s, em ambientes abertos, podem causar uma
com exposição do agregado graúdo; erosão severa do concreto, devida à cavitação.

b) desgaste médio: perda da argamassa Em águas correntes, formam-se bolhas de vapor


superficial de 7 a 12mm de profundidade, quando a pressão absoluta local, em dado ponto na
com perda também da argamassa entre o água, é reduzida à pressão de vapor ambiente da água,
agregado graúdo; para dada temperatura ambiente. Á medida que as
bolhas de vapor que fluem na água entram em uma
c) desgaste pesado: perda de argamassa
região de pressão mais elevada, elas implodem com
superficial de 13 a 25mm de profundidade,
grande impacto, pela entrada de água a alta velocidade
com clara exposição do agregado graúdo;
nos espaços antes ocupados pelo vapor, causando
d) desgaste severo: perda da argamassa severas erosões localizadas.
superficial, de partículas do agregado
A cavitação provoca um desgaste irregular da superfície
graúdo e também da argamassa de
do concreto, dando-lhe uma aparência irregular e
envolvimento do agregado graúdo em
corroída, muito diferente das superfícies desgastadas de
profundidades maiores que 25mm, com
forma regular pela erosão de sólidos em suspensão.
possível exposição de armaduras.

Para obtenção de uma boa resistência à abrasão em 4.2 Definições e condições gerais da fissuração
superfícies de concreto, a resistência à compressão do
4.2.1 Fissuração devida a gradientes normais de
concreto não deve ser menor que 28 MPa, sendo
temperatura e umidade
recomendáveis também, uma baixa relação
água/cimento, com granulometria, lançamento e
Sempre que as mudanças de volume nos elementos de
adensamento adequados.
concreto, causadas por gradientes de temperatura e
umidade, provocarem tensões de tração superiores às
4.1.2 Desgaste superficial devido à erosão
tensões de tração admissíveis, poderá haver o
Quando um fluido em movimento, ar ou água, esta aparecimento de fissuras de origem física.
principalmente em pontes, contendo partículas em
4.2.2 Fissuração devida à pressão de cristalização de
suspensão, atua sobre superfícies de concreto, as
sais nos poros
ações de colisão, escorregamento ou rolagem das
partículas podem provocar um desgaste superficial do
Segundo a ACI, há evidências de que a ação,
concreto.
puramente física, da cristalização de sulfatos nos poros
A intensidade da erosão que, em ambiente aqüífero, do concreto pode ser responsável por danos
que é também conhecida como lixiviação, depende da consideráveis, sem envolver o ataque químico ao
porosidade e resistência do concreto e da quantidade, cimento.
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Como exemplo, pode ser citado o caso de um muro de resistência suficiente por períodos longos
arrimo ou laje de um concreto permeável que, de um quando sujeito a temperaturas da ordem de
lado está em contacto com uma solução salina e, do 700 a 800º C.
outro lado está sujeito à evaporação: o concreto pode Há estudos específicos sobre a ação de
deteriorar-se por tensões resultantes da pressão de sais altas temperaturas na pasta de cimento, no
que cristalizam nos poros. agregado e no concreto; estes estudos, o
conhecimento da temperatura atingida pelo
4.2.3 Fissuração devida à carga estrutural
fogo, sua duração e a análise de corpos de

Sobrecargas excessivas, impactos não previstos e prova retirados de elementos afetados pelo

cargas cíclicas podem provocar solicitações que fogo, permitem avaliar o grau de

ultrapassam as solicitações de fissuração, provocando o comprometimento da estrutura.

aparecimento destas patologias.


5 Deterioração do concreto por reações
químicas
4.2.4 Fissuração devida à ação de temperaturas
extremas
5.1 Considerações gerais

a) Deterioração por ação do congelamento


As reações químicas que provocam a degradação do
A deterioração por congelamento no concreto podem ser resultantes de interações químicas
concreto pode ter várias formas, sendo a entre agentes agressivos presentes no meio ambiente
mais comum a fissuração e destacamento externo e os constituintes da pasta de cimento ou
do concreto superficial; lajes de concreto podem resultar de reações internas, tipo reação álcali-
expostas a congelamento e degelo, na agregado, ou da reação da hidratação retardada CaO e
presença de umidade e produtos químicos MgO cristalinos, se presentes em quantidades
para degelo, são suscetíveis a excessivas no cimento Portland, ou ainda, da corrosão
descascamento, isto é, a superfície eletroquímica da armadura do concreto.
acabada do concreto escama ou descasca.
Convém ressaltar que as reações químicas se
As causas da deterioração do concreto manifestam através de deficiências físicas do concreto,
endurecido pela ação do congelamento tais como aumento da porosidade e da permeabilidade,
podem ser relacionadas à complexa diminuição da resistência, fissuração e lascamento.
microestrutura do material e às condições
específicas do meio ambiente. 5.2 Considerações particulares

A incorporação de ar tem demonstrado ser


5.2.1 Reações por troca de cátions
uma maneira efetiva de reduzir o risco de
danos ao concreto pela ação do Os três tipos de reações, baseadas na troca de cátions
congelamento. e que degradam o concreto são as relacionadas a

b) Deterioração por ação do fogo seguir:

O comportamento real de um concreto a) Formação de sais solúveis de cálcio

exposto à alta temperatura resulta de Soluções ácidas contendo ânions que


muitos fatores que interagem formam sais solúveis de cálcio são
simultaneamente e que são de grande encontradas com freqüência nos processos
complexidade para uma análise exata. industriais; ácido hidroclórico, ácido
Basicamente, o concreto é considerado um sulfúrico e ácido nítrico são alguns deles.
material de boa resistência ao fogo: é As reações por troca de cátions entre as
incombustível e não emite gases tóxicos soluções ácidas e constituintes da pasta de
quando exposto a altas temperaturas; ao cimento geram sais solúveis de cálcio que
contrário do aço, é capaz de manter
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podem ser removidos pela lixiviação, Reações químicas envolvendo a formação de produtos
degradando o concreto. expansivos no concreto endurecido podem provocar sua
degradação; inicialmente a expansão pode não provocar
b) Formação de sais de cálcio insolúveis e
danos ao concreto, mas o aumento das tensões internas
não expansivos
pode causar o fechamento das juntas de expansão,
Os sais insolúveis de cálcio, resultantes de deformações, fissuração, lascamento e pipocamento do
reações de águas agressivas que contêm concreto.
certos ânions, com a pasta de cimento, se
Os quatro fenômenos associados com reações químicas
não forem expansivos e nem removidos por
expansivas são: ataque por sulfato, ataque álcali-
infiltrações, não degradam o concreto.
agregado, hidratação retardada de óxido de cálcio
A exposição do concreto a restos de (CaO) e óxido de magnésio (MgO) livres e corrosão da
animais em decomposição ou a materiais armadura de concreto.
vegetais, causa a degradação química do
a) Ataque por sulfato
concreto através da ação do ácido húmico.
A degradação do concreto em
c) Ataques químicos por soluções contendo
conseqüência de reações químicas entre o
sais de magnésio
concreto de cimento Portland e íons de
A água do mar, as águas subterrâneas e sulfato de uma fonte externa, pode se
alguns efluentes industriais podem conter manifestar de duas formas distintas: pela
cloretos, sulfatos e bicarbonatos de expansão do concreto ou pela perda
magnésio em concentrações danosas ao progressiva de resistência e perda de
concreto. massa.
As soluções de magnésio reagem com o A expansão do concreto provoca sua
hidróxido de cálcio presente na pasta de fissuração e o conseqüente aumento da
cimento Portland, para formar sais solúveis permeabilidade e da fragilidade para a
de cálcio que podem ser lixiviados. penetração de águas agressivas.
O ataque prolongado de soluções de Os sulfatos podem ser encontrados nos
magnésio pode evoluir até provocar a solos, na água do mar, em águas
perda de algumas características subterrâneas e em solos e em águas com
cimentícias, com grande degradação do adubos e defensivos agrícolas.
concreto.
b) Reação álcali-agregado ou reação álcali-
5.2.2 Reações envolvendo hidrólise e lixiviação dos sílica
componentes da pasta de cimento endurecido: As reações denominadas álcali-agregado
Eflorescência ou álcali-sílica são reações químicas
envolvendo íons alcalinos do cimento
Provocada quando águas puras com poucos ou nenhum
Portland, íons hidroxila e certos
íon de cálcio entram em contacto com a pasta de
constituintes silicosos que podem estar
cimento Portland; elas podem hidrolisar ou dissolver os
presentes no agregado; resulta daí a
produtos contendo cálcio.
importância da escolha do cimento, dos
A lixiviação do hidróxido de cálcio do concreto, além da agregados e da compatibilidade destes
perda de resistência, provoca agressões estéticas, já materiais.
que o produto lixiviado interage com o CO2 presente no
Manifesta-se pela expansão e fissuração
ar, daí resultando a precipitação de crostas brancas de
do concreto, com perda de resistência,
carbonato de cálcio na superfície.
elasticidade e durabilidade.

5.2.3 Reações envolvendo a formação de produtos c) Hidratação do MgO e CaO cristalinos


expansivos
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A hidratação do MgO e CaO cristalinos A recuperação de elementos desgastados pela erosão,


quando presentes em grandes quantidades não havendo contaminação do concreto, pode, após
no cimento, podem causar expansão e uma limpeza com jatos de areia e água, ser efetuada
fissuração no concreto. com concreto projetado de boa resistência à erosão: alta

O efeito expansivo e altamente nocivo da dureza, baixa relação água/cimento e resistência à

grande quantidade de MgO no cimento foi compressão, aos vinte e oito dias, de 40 MPa.

reconhecida na França, quando o colapso


6.3 Desgaste superficial devido à cavitação
várias pontes de viadutos de concreto foi
atribuído a este fator, e na Alemanha, que
Devem ser eliminadas as causas da cavitação, tais
foi forçada a reconstruir um edifício, pelos como desalinhamentos na superfície do concreto e
mesmos motivos. O percentual de MgO mudanças bruscas de declividade; um concreto
que, nos exemplos citados, chegava a
resistente, satisfatório para desgastes por abrasão e
30%, hoje é da ordem de 6%.
erosão, pode não ser satisfatório para desgastes por
O CaO, que também pode ser nocivo, tem, cavitação.
da mesma forma, seu percentual limitado.
6.4 Fissuração provocada por ações físicas
Manifesta-se pela expansão e fissuração
do concreto.
O tratamento de trincas e fissuras é objeto de uma
d) Corrosão da armadura do concreto Especificação Particular própria.

Manifesta-se pela expansão, fissuração,


6.5 Deterioração do concreto por ação do fogo
lascamento do cobrimento, perda de
aderência entre aço e concreto e redução A recuperação de uma estrutura deteriorada pela ação
da seção transversal da armadura. do fogo inicia-se pela verificação de sua estabilidade e

As corrosões, do concreto e do aço, são da necessidade de escoramentos parciais ou

objeto de Especificação Particular própria. escoramento total.

O conhecimento da temperatura atingida pelo fogo, sua


6 Recuperação de elementos deteriorados por
duração, a análise dos corpos de prova retirados dos
ações físicas
elementos afetados pelo fogo, aliados a estudos
específicos sobre a ação de altas temperaturas na pasta
6.1 Desgaste superficial devido à abrasão
de cimento, no agregado e no concreto permitem decidir

Na recuperação desta patologia, duas situações podem sobre a demolição ou o aproveitamento parcial ou total

se apresentar: ou as áreas a recuperar são dos elementos.

percentualmente pequenas, da ordem de 20% a 30% da A recuperação implica em descascamentos de concreto,


área total, ou percentualmente consideráveis; no reforços de armaduras e encamisamentos de concreto.
primeiro caso, a recuperação é localizada e artesanal e,
no segundo caso, é geral e mecanizada. 7 Recuperação de elementos deteriorados por
reações químicas
Em virtude das pequenas espessuras das camadas
desgastadas, a preparação superficial do concreto deve
7.1 Reações com formação de sais solúveis de
aumentar um pouco esta espessura, com auxílio de
cálcio
escarificadores e alargar a área afetada; o material de
reposição, deve ser, no mínimo, uma argamassa de Os sais solúveis de cálcio, quando lixiviados, não
cimento Portland enriquecida por microsílica, acrílico, podem ser recuperados; entretanto, o prosseguimento
látex ou epóxi. da lixiviação pode ser atalhado com o tratamento das
trincas e fissuras e, se for o caso, com pinturas
6.2 Desgaste superficial devido à erosão
impermeabilizantes e revestimentos.
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7.2 Reações com formação de sais de cálcio a) saturar a superfície de concreto com água
insolúveis e não expansivos pura, para evitar a absorção da solução
ácida;
Os sais insolúveis de cálcio, quando lixiviados, não
b) aplicar a solução ácida em pequena áreas,
podem ser recuperados; entretanto, o prosseguimento
não maiores que 0,5 m2;
da lixiviação pode ser atalhado com o tratamento das
trincas e fissuras e, se for o caso, com pinturas c) aguardar 5 minutos e remover a
impermeabilizantes e revestimentos. eflorescência com uma escova dura;

A ação do ácido húmico pode ser evitada com simples d) lavar a superfície tratada com água pura,
operações de manutenção. imediatamente após a remoção da
eflorescência.
7.3 Ataques químicos por soluções contendo
sais de magnésio A prevenção da recorrência de novas eflorescências
implica na necessidade de reduzir a absorção de água,
Não tendo sido usados cimento e concreto adequados e o que pode ser realizado com o tratamento de trincas e
tratando-se de ataques por agentes externos, estes fissuras e pinturas hidrofugantes.
somente serão atalhados com o tratamento de trincas e
fissuras e o revestimento dos elementos afetados com 7.5 Reações envolvendo a formação de produtos

concreto de alta resistência, pouca porosidade e expansivos

aditivado por microsílica; a análise da gravidade dos


7.5.1 Ataque por sulfato
ataques é que determinará a necessidade ou não de
reforço estrutural.
Os fatores que influenciam o ataque por sulfato são: a
quantidade e natureza do sulfato presente, o nível da
7.4 Reações envolvendo hidrólise e lixiviação
água e sua variação sazonal, o fluxo da água
dos componentes da pasta de cimento
subterrânea e a porosidade do solo, a forma de
endurecido: Eflorescência
construção e a qualidade do concreto; são fatores

A grande maioria das eflorescências pode ser removida externos e fatores que dependem de especificações

por processos simples, tais como: escovação com construtivas.

escova dura e seca, escovação com escova e água, A bibliografia registra inúmeros acidentes causados pelo
leve jateamento d’água e leve jateamento de areia. ataque de sulfatos e a literatura técnica recomenda que,

Entretanto, alguns sais tornam-se insolúveis na água para um concreto com peso normal, uma relação

logo após entrarem em contacto com a atmosfera; água/cimento mais baixa deva ser usada para

eflorescências com estes sais podem ser removidas estanqueidade ou para proteção contra a corrosão; para

com soluções diluídas de ácido, desde que adotados os condições de ataque muito severas, exige-se o uso de

cuidados e procedimentos indicados a seguir. cimento Portland resistente a sulfato, uma relação
água/cimento máxima de 0,45, um consumo mínimo de
As soluções sugeridas, que devem ser testadas em 3
cimento de 370 kg/m e uma camada protetora de
pequenas áreas não contaminadas, são:
concreto.
a) 1 parte de ácido muriático diluído em 9 a 19
A literatura existente indica medidas preventivas,
partes de água;
qualidade construtiva e camadas protetoras, não tendo
b) 1 parte de ácido fosfórico diluído 9 partes sido localizadas diretrizes para recuperação.
de água;
7.5.2 Reação álcali-agregado ou reação álcali-sílica
c) 1 parte de ácido fosfórico mais uma parte
de ácido acético diluídos em 19 partes de Os fatores mais importantes que influenciam as reações
água. álcali-agregado são:

A aplicação da solução diluída de ácido envolve quatro a) o conteúdo de álcalis do cimento e o


etapas: consumo de cimento do concreto;
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b) a contribuição de íons alcalinos de outras d) tratamento de trincas e fissuras;


fontes tais como aditivos, agregados
e) descascamento do pavimento com
contaminados com sais e penetração de
escarificadores;
água do mar ou de soluções salinas;
f) recomposição parcial do pavimento com
c) a quantidade, o tamanho e a reatividade do
argamassa enriquecida por microsílica,
constituinte reativo aos álcalis presentes no
acrílico, látex ou epóxi;
agregado;
g) demolição e remoção de pavimento de
d) a disponibilidade de umidade junta á
concreto;
estrutura de concreto;
h) recomposição do pavimento com concreto
e) a temperatura ambiente.
fck = 30 MPa;
A reação álcali-agregado só é verdadeiramente
i) jateamento de areia;
identificada após testes laboratoriais.
j) jateamento de água;
Não se conhece, até a presente data, um método
definitivo de recuperação de estruturas afetadas por k) corte de concreto;
reações álcali-agregado: grandes estruturas, barragens
l) concreto fck = 30 MPa;
principalmente, estão irremediavelmente condenadas ao
m) concreto projetado, fck = 30 MPa;
colapso, apesar de extensas e intermitentes
intervenções. n) pintura hidrofugante;

A título de recuperação de pequenas estruturas o) limpeza de superfícies: escovação e


afetadas, pode-se, após três a cinco anos, quando aplicação de solução diluída de ácido;
muitas trincas poderão estar estabilizadas, tratá-las com
p) injeção de epóxi;
injeções de epóxi; até lá, convém tratar as trincas com
argamassa mais fraca, para evitar a entrada de q) os materiais, provenientes de tratamentos
materiais agressivos; este tratamento poderá ter que ou excedentes de qualquer natureza,
ser repetido, decorridos mais três anos. imediatamente após a conclusão das
obras, devem ser removidos para locais
7.5.3 Hidratação de MgO e CaO cristalinos previamente determinados.

Atualmente, com as limitações dos percentuais destes 9 Inspeção


dois elementos, as degradações por eles provocadas
são, praticamente desconhecidas; entretanto, se Os serviços de recuperação de patologias são, em
identificadas por testes laboratoriais, há que se limitar as geral, artesanais, mas com necessidade de utilização de
expansões e tratar as trincas e fissuras. equipamentos leves.

Entretanto, como todas as atividades, em maior ou


8 Manejo ambiental
menor escala, dependem de decisões e orientações de
profissionais experientes, a presença e o
As atividades diferenciadas para recuperação das
acompanhamento constantes de um engenheiro
Patologias do Concreto podem variar, em número, de
capacitado é indispensável.
acordo com a patologia a ser tratada, a gravidade da
mesma e o tipo e dimensão da obra; nenhuma delas,
10 Condições de conformidade e não
entretanto causa qualquer agressão permanente ao
conformidade
meio ambiente. As atividades de recuperação são
resumidas a seguir: A presença e o acompanhamento constantes de um

a) sinalização: instalação e manutenção; engenheiro experiente, praticamente eliminam a


possibilidade de serviços não-conformes; detectada sua
b) desvio de tráfego;
existência, eles devem ser refeitos antes do
c) plataformas suspensas de trabalho; prosseguimento dos serviços.
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11 Critérios de medição f) recomposição parcial do pavimento com


argamassa enriquecida por microsílica,
Os serviços, diferenciados e nem sempre concomitantes 3
acrílico, látex ou epóxi: por m ;
em uma mesma obra, previamente avaliados por um
g) demolição e remoção de pavimento de
Projeto, resultante de uma Inspeção, devem ser
concreto: por m3;
medidos por etapas, conforme indicado a seguir:
h) recomposição do pavimento com concreto
a) sinalização: instalação, operação e
fck = 30 MPa: por m3;
manutenção:
i) jateamento de areia: por m2;
– sinalização horizontal e vertical: cada
2
serviço com sua unidade, de acordo j) Jateamento de água: por m ;
com o SICRO 2;
k) Corte de concreto: por m3;
– sinalização semafórica: por mês
l) concreto fck = 30 MPa: por m3;
b) desvio de tráfego: cada serviço com sua
m) concreto projetado, fck = 30 MPa: por m3
respectiva unidade de acordo com o
aplicado;
SICRO 2;
2 n) pintura hidrofugante: por m2;;
c) plataformas suspensas de trabalho: por m
o) limpeza de superfícies: escovação e
d) tratamento de trincas e fissuras: por m;
aplicação de solução diluída de ácido: por
e) descascamento do pavimento com m2 .
2
escarificadores, inclusive remoção: por m ;

_________________ /Índice Geral


NORMA DNIT 090/2006 – ES 10

Índice Geral

Abstract ............................. 1 Fissuração provocada por ações


físicas 6.4........................ 6
Ataque por sulfato 7.5.1 ..................... 7
Hidratação de MgO CaO
Ataques químicos por soluções contendo cristalinos 7.5.3..................... 8
sais de magnésio 7.3 ........................ 7
Índice geral ............................. 10
Classificação das causas das
patologias 3 ........................... 2 Inspeção 9........................... 8

Condições de conformidade e não Manejo ambiental 8........................... 8


conformidade 10 ......................... 8
Objetivo 1........................... 1
Considerações gerais 5.1 ........................ 4
Prefácio ............................. 1
Considerações particulares 5.2 ........................ 4
Reação álcali-agregado ou reação
Critérios de medição 11 ......................... 9 álcali-sílica 7.5.2..................... 7

Definições e condições gerais dos Reações envolvendo a formação de


desgastes superficiais 4.1 ........................ 3 produtos expansivos 5.2.3; 7.5.............. 5; 7

Definições e considerações gerais da Reações envolvendo hidrólise e lixiviação


fissuração 4.2 ........................ 3 dos componentes da pasta de cimento
endurecido: eflorescência 5.2.2; 7.4.............. 5; 7
Deterioração do concreto por ação
do fogo 6.5 ........................ 6 Reações com formação de
sais de cálcio
Deterioração do concreto por ações insolúveis e não expansivos 7.2........................ 7
físicas 4 .......................... 3
Reações com formação de
Deterioração do concreto por reações sais solúveis de cálcio 7.1........................ 6
químicas 5 .......................... 4
Reações por troca de
Desgaste superficial devido à cátions 5.2.1..................... 4
abrasão 4.1.1; 6.1 ............. 3;6
Recuperação de elementos deteriorados por
Desgaste superficial devido à ações físicas 6........................... 6
cavitação 4.1.3; 6.3 ............. 3;6
Recuperação de elementos deteriorados por
Desgaste superficial devido à reações químicas 7........................... 6
erosão 4.1.2; 6.2 ............. 3;6
Referências bibliográficas 2.2........................ 2
Fissuração devida à ação de
temperaturas extremas 4.2.4 .................... 4 Referências normativas 2.1........................ 2

Fissuração devida à carga Referências normativas e


estrutural 4.2.3 .................... 4 bibliográficas 2........................... 2

Fissuração devida à gradientes normais de Resumo ............................. 1


temperatura e umidade 4.2.1 .................... 3
Sumário ............................. 1
Fissuração devida à pressão de cristalização de
sais nos poros 4.2.2 .................... 3

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