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RCCTE “Light” 
(versão provisória) 
 
 
 
 
Daniel Aelenei 
Outubro de 2009 
 
Ficha Técnica
Titulo: RCCTE Light
Autor: Daniel Aelenei

Projecto de arquitectura: Rosário Ribeiro e Miguel Amado


Desenhos técnicos: Daniel Aelenei, Ricardo Horta, Ana Rita Soares e Rui Vera Cruz

Edição Provisória – Outubro de 2009

_________________________________________________________________

Nota: A publicação do “RCCTE Light” sob forma de um livro (novo formato, novo
grafismo e edição revisada) está prevista para o início de Janeiro de 2010.

Reservados todos os direitos. O conteúdo desta obra pode ser objecto de direitos
exclusivos, de propriedade intelectual, pertencentes à FCT/UNL, ou a outras entidades.
É expressamente proibido copiar, reproduzir, modificar, exibir, transmitir ou divulgar,
por qualquer forma ou para qualquer fim, os conteúdos desta obra sem o consentimento
escrito do Autor.
Índice
1 Introdução 1
1.1 Objecto 1
1.2 Âmbito de aplicação do RCCTE 1
1.3 Índices e parâmetros de caracterização 2
1.4 Limitação das necessidades nominais globais de energia primária 3
1.5 Requisitos mínimos de qualidade térmica dos edifícios 3
1.5.1 Zonamento Climático - Portugal Continental 4
1.5.2 Zonamento Climático - Região Autónoma dos Açores 5
1.5.3 Zonamento Climático – Região Autónoma da Madeira 5
1.6 Espaços sem requisitos de conforto térmico 6
2 Cálculo das Necessidades de Energia 6
2.1 Método de Cálculo das Necessidades de Aquecimento 6
2.1.1 Perdas de calor por condução através da envolvente 7
2.1.2 Perdas de calor resultantes da renovação do ar 10
2.1.3 Ganhos térmicos úteis na estação de aquecimento 11
2.2 Método de Cálculo das Necessidades de Arrefecimento 13
2.2.1 As cargas através da envolvente opaca exterior (ganhos e perdas) 13
2.2.2 Os ganhos solares através dos vãos envidraçados 14
2.2.3 As perdas devido à renovação do ar 15
2.2.4 As cargas internas 15
2.3 Método de Cálculo das Necessidades de Energia para preparação da AQS 16
2.3.1 Necessidades de energia para preparação das Águas Quentes Sanitárias Nac 16
2.4 Necessidades globais de energia primária 18
3 Limitação das necessidades nominais globais de energia primária 18
3.1 Valores limites das necessidades nominais de energia útil para aquecimento, Ni 19
3.2 Valores limites das necessidades nominais de energia útil para arrefecimento, Nv 19
3.3 Valores limites das necessidades de energia para preparação das AQS, Na 20
3.4 Valor máximo admissível de necessidades nominais globais de energia primária, Nt 20
4 Parâmetros utilizados no calculo dos índices N( ) 21
4.1 Determinação da Taxa de Renovação Horária Nominal 21
4.2 Factor de utilização dos ganhos η 23
4.2.1 Situação de Inverno 23
4.2.2 Situação de Verão 24
4.3 Factores solares 25
4.3.1 Factor solar do vão envidraçado 25
4.3.2 Factores solares F( ) 26
4.4 Quantificação da inércia térmica interior – It 29

Referências bibliográficas 31

i
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas
Anexo B - Exemplo de aplicação do RCCTE

B.1 Introdução B1
B.2 Caracterização do edifício B1
B.2.1 Dados gerais B1
B.2.2 Caracterização térmica das soluções construtivas B3
B.3 Verificação dos requisitos mínimos de qualidade térmica B6
B.3.1 Dados climáticos B7
B.3.2 Identificação dos tipos de envolvente B7
B.3.3 Levantamento dimensional B7
B.3.4 Locais não-úteis; coeficiente τ B11
B.3.5 Verificação dos requisitos mínimos em termos de valores de U B11
B.3.6 Verificação dos requisitos mínimos em termos de valores de g`⊥ B12
B.4 Parâmetros utilizados no calculo dos indices N( ) B13
B.4.1 Factor de forma FF B13
B.4.2 Inércia térmica B13
B.4.3 Coeficientes de transmissão térmica linear ψ B14
B.4.4 Ventilação – taxa de renovação horária nominal Rph B17
B.4.5 Factores solares F( ) e g⊥ B17
B.5 Limitação das necessidades globais de energia primária B18
B.5.1 Limitação das necessidades de energia primária para preparação de AQS B18
B.5.2 Limitação das necessidades de energia primária B19
B.6 Considerações finais B20

Folhas de cálculo B22

ii
Índice de Quadros e Tabelas Técnicas
Quadro III.1 Distribuição dos concelhos de Portugal Continental A1
Quadro III.2 Zonamento climático de Inverno (Portugal Continental) A6
Quadro III.3 Zonamento climático de Verão (Portugal Continental) A6
Quadro III.4 Região Autónoma dos Açores A7
Quadro III.6 Região Autónoma da Madeira A7
Quadro III.8 Energia solar média mensal na estação de aquecimento A7
Quadro III.9 Valores de θm e Ir (kWh/m2) para a estação convencional de arref. A7
Quadro IV.1 Valores convencionais de Rph (h-1) para edifícios de habitação A8
Quadro IV.2 Classes de exposição ao vento das fachadas do edifício A8
Quadro IV.3 Ganhos térmicos internos médios por unidade de área útil A8
Quadro IV.4 Factor de orientação A9
Quadro IV.5 Fracção envidraçada para diferentes tipos de caixilharia A9
Quadro V.1 Valores do factor de sombreamento, Fo - Situação de Verão A9
Quadro V.2 Valores do factor de sombreamento, Ff - Situação de Verão A10
Quadro V.3 Valores do factor de correcção, Fw - Situação de Verão A10
Quadro V.4 Valores do factor solar de vãos com protecção solar activada a 100% A11
Quadro V.5 Cor da superfície exterior da protecção solar A12
Quadro VI.1 Número convencional de ocupantes A12
Quadro VI.2 Número anual de dias de consumo de AQS A12
Quadro VI.3 Eficiência de conversão para os sist. convencionais de AQS A12
Quadro VI. 4 Eficiência nominal dos sistemas de aquecimento e arrefecimento A13
Quadro VII.7 O factor de redução ri A13
Quadro IX.1 Coeficientes U máximos admissíveis de elementos opacos A13
Quadro IX.2 Factores solares máximos admissíveis A14
Quadro IX.3 Coeficientes de transmissão térmica superficiais de referência A14
Quadro IX.4 Factores solares de referência A14
Tabela IV.1 Valores do coeficiente τ A15
Tabelas IV.2.1 Valores de ψ de pav. em contacto com o terreno, s/isol. térmico A17
Tabela IV.2.2 Valores de ψ de pav. em contacto com o terreno, c/isol. térmico A17
Tabela IV.2.3 Valores de ψ de paredes em contacto com o terreno A17
Tabelas IV.3 Coeficientes de transmissão térmica linear A18
Tabela IV.4.1 Factor solar de alguns tipos de vidro (g⊥v) A28
Tabela IV.4.2 Factor solar de alguns tipos de envidraçados plásticos A29
Tabela IV.5 Valores do factor (Fh) – Situação de Inverno A30
Tabela IV.6 Valores do factor (Fo) - Situação de Inverno A31
Tabela IV.7 Valores do factor (Ff) – Situação de Inverno A32

iii
RCCTE “Light”

1 Introdução
O presente trabalho visa colocar à disposição de todos os interessados um documento de
consulta rápida que aborda a metodologia de cálculo das necessidades energéticas dos
edifícios de habitação para efeitos regulamentares, tal como estipulada no Decreto-Lei
nº. 80/2006 (RCCTE), de um ponto de vista pragmático.
O documento, elaborado com base no Decreto-Lei nº. 80/2006, não pretende substituir
de alguma forma o RCCTE. Avisam-se os leitores acerca da obrigatoriedade da consulta
atenta de toda a legislação em vigor.

1.1 Objecto
O RCCTE tem como principal objectivo promover as regras a observar no projecto de
edifícios de habitação e serviços de modo a que:
a) as exigências de conforto térmico possam vir a ser satisfeitas sem dispêndio
excessivo de energia;
b) seja minimizado o risco de ocorrência de situações patológicas nos elementos de
construção provocadas pela ocorrência de condensações superficiais.

1.2 Âmbito de aplicação do RCCTE


Encontram-se abrangidas pelo RCCTE:
• as fracções autónomas dos edifícios de habitação e dos pequenos edifícios de
serviços com área útil inferior a 1000 m2 e sem sistemas de climatização
centralizados ou com sistemas de climatização de potência inferior a 25 kW;
• as grandes intervenções de remodelação1 ou de alteração na envolvente e/ou nas
instalações de preparação de águas quentes sanitárias dos edifícios de habitação e dos
edifícios de serviços referidos na alínea anterior;
• as ampliações de edifícios existentes, exclusivamente na nova área construída.
1
As intervenções na envolvente ou nas instalações cujo custo seja superior a 25% do valor do edifício
calculado com base num valor de referência Cref por metro quadrado de 630 €/m2 (actualizável por
portaria).

1
RCCTE Light

Ficam excluídos do âmbito de aplicação do RCCTE:


• os edifícios de serviços com mais de 1000 m2 de área útil, excepto centros
comerciais, hipermercados, supermercados e piscinas cobertas que são considerados
pequenos quando a área útil do pavimento é inferior a 500 m2 (sendo estes do âmbito
exclusivo do RSECE);
• os edifícios de serviços que tenham mais de 25 kW de potência instalada de
climatização, qualquer que seja a sua área útil (sendo estes do âmbito exclusivo do
RSECE);
• os edifícios de habitação com sistemas de climatização de potência instalada ≥ 25
kW (do âmbito do RSECE);
• os edifícios ou fracções autónomas destinados a serviços, a construir ou renovar que,
pelas suas características de utilização, se destinem a permanecer frequentemente
abertos ao contacto com o exterior e não sejam aquecidos nem climatizados;
• os edifícios utilizados como locais de culto e os edifícios para fins industriais, afectos
ao processo de produção, bem como garagens, armazéns, oficinas e edifícios
agrícolas não residenciais;
• as intervenções de remodelação, recuperação e ampliação de edifícios em zonas
históricas ou em edifícios classificados, sempre que se verifiquem
incompatibilidades com as exigências do RCCTE (as incompatibilidades devem ser
convenientemente justificadas e aceites pela entidade licenciadora);
• as infra-estruturas militares e os imóveis afectos ao sistema de informações ou a
forças de segurança que se encontrem sujeitos a regras de controlo e
confidencialidade.

1.3 Índices e parâmetros de caracterização


Para efeitos do RCCTE, a caracterização do comportamento térmico dos edifícios faz-se
através da quantificação dos seguintes índices:
• Necessidades nominais anuais de energia útil para aquecimento, Nic;
• Necessidades nominais anuais de energia útil para arrefecimento, Nvc;
• Necessidades nominais anuais de energia para produção de águas quentes sanitárias,
Nac;
• Necessidades globais de energia primária, Ntc.

Estes índices devem ser calculados com base nas seguintes condições de referência2:
• as condições ambientes de conforto de referência são uma temperatura do ar de 20º C
para a estação de aquecimento e uma temperatura do ar de 25º C e 50% de humidade
relativa para a estação de arrefecimento;
• a taxa de referência para a renovação do ar, para garantia da qualidade do ar interior,
é de 0,6 renovações por hora, devendo as soluções construtivas adoptadas para o
edifício ou fracção autónoma, dotados ou não de sistemas mecânicos de ventilação,
garantir a satisfação desse valor sob condições médias de funcionamento;
• o consumo de referência de água quente sanitária para utilização em edifícios de
habitação é de 40 litros de água quente a 60º C por pessoa e por dia.

2
As condições de referência podem fazer objecto de actualizações por portaria conjunta dos ministros
responsáveis pelas áreas da economia, das obras públicas, do ambiente, do ordenamento do território e
habitação.

2
RCCTE Light

Os parâmetros complementares a quantificar sob condições específicas são:


• os coeficientes de transmissão térmica, superficiais e lineares U e ψ, dos elementos
da envolvente;
• a classe de inércia térmica do edifício/fracção autónoma;
• o factor solar dos vãos envidraçados g⊥;
• a taxa de renovação de ar Rph.

1.4 Limitação das necessidades nominais globais de


energia primária
Os valores de Nic, Nvc e Nac calculados para cada fracção autónoma sujeita a verificação
regulamentar nunca poderão ser superiores aos correspondentes valores limites de
referência Nv, Ni e Na impostos no RCCTE. Para alem destas condições, as necessidades
nominais anuais globais Ntc, de cada uma das fracções autónomas de um edifício não
podem exceder um valor máximo admissível de energia primária Nt definido em termos
de uma soma ponderada dos valores Nv, Ni e Na (vd. Secção 3).

1.5 Requisitos mínimos de qualidade térmica dos


edifícios
Os valores máximos admissíveis de Nic e Nvc especificados acima devem ser satisfeitos
sem que sejam ultrapassados os valores limites máximos admissíveis para os
coeficientes de transmissão térmica superficial, U, e o factor solar dos vãos
envidraçados g⊥, fixados nos quadros IX.1 e IX.2 apresentados no Anexo A3.

Os edifícios de habitação unifamiliar que satisfaçam cumulativamente o conjunto de


condições que se apresentam em seguida, estão isentos da verificação do RCCTE:
• Ap < 50 m2 (limite máximo actualizável por portaria);
• nenhum elemento opaco da envolvente, em zona corrente, pode ter um coeficiente de
transmissão térmica superior ao valor correspondente ao indicado no quadro IX.3,
obedecendo também ao limite estabelecido em termos de valores locais para as zonas
de ponte térmica plana;
• as coberturas têm de ser de cor clara;
• a inércia térmica do edifício tem de ser média ou forte;
• a área dos vãos envidraçados não pode exceder 15% da área útil de pavimento do
edifício;
• os vãos envidraçados com mais de 5% da área útil do espaço que servem, e não
orientados no quadrante Norte, devem ter factores solares que não excedam os
valores indicados no quadro IX.2.

Nota: Uma vez que os edifícios novos dificilmente irão satisfazer a condição imposta em termos
de área útil, terão todos que ser objecto de verificação detalhada dos requisitos do
RCCTE. Todavia, uma vez que os valores limites de referência Nv e Ni impostos no
3
Todos os quadros e tabelas referenciados no presente documento foram remetidos para o Anexo A. Para
simplicidade de uso, as legendas dos quadros e tabelas em anexo preservam as legendas do DL nº
80/2006.

3
RCCTE Light

RCCTE foram estabelecidos com base em soluções construtivas e de isolamento térmico


correspondentes aos acima indicados, é conveniente que na elaboração das soluções
construtivas de um edifício sejam considerados valores próximos dos de referência.

1.5.1 Zonamento Climático - Portugal Continental


Para efeitos do RCCTE, o País é dividido em três zonas climáticas de Inverno, I1, I2 e I3
e em três zonas climáticas de Verão V1, V2 e V3, tal como se pode observar na figura 1.
A delimitação destas zonas é a indicada no quadro III.1. As zonas de Verão estão
divididas em Região Norte e Região Sul. A Região Sul abrange toda a área a sul do rio
Tejo e ainda os seguintes concelhos dos distritos de Lisboa e Santarém: Lisboa, Oeiras,
Cascais, Amadora, Loures, Odivelas, Vila Franca de Xira, Azambuja, Cartaxo e
Santarém.

Figura 1: Zonamento climático

No quadro III.1 constam, ainda, os seguintes dados climáticos de referência de Inverno


e de Verão:
- Número de graus-dias de aquecimento GD (na base de 20º C) correspondente à
estação convencional de aquecimento;
- Duração da estação de aquecimento (meses M).

Nos quadros III.2 e III.3 indicam-se as alterações, em função da altitude dos locais, a
introduzir relativamente ao zonamento e aos dados climáticos de referência indicados
no quadro III.1.

Alterações em função da proximidade das localidades ao litoral


- Nos concelhos de Pombal e Santiago do Cacém, os locais situados numa faixa litoral
com 15 km de largura são incluídos na zona climática de Verão V1;
- No concelho de Alcácer do Sal os locais situados numa faixa litoral com 10 km de
largura são incluídos na zona climática de Verão V2;

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RCCTE Light

- Nos concelhos de Pombal, Leiria e Alcobaça, os locais situados numa faixa litoral
com 10 km de largura são incluídos na zona climática de Inverno I1 e adoptam-se os
seguintes dados climáticos de referência:
- número de graus-dias (GD) →1500º C.dias;
- duração da estação de aquecimento → 6 meses.

1.5.2 Zonamento Climático - Região Autónoma dos Açores


Zonas climáticas de Inverno
I1 - locais situados até 600 m de altitude
I2 - locais situados entre 600 m e 1000 m de altitude
I3 - locais situados acima de 1000 m de altitude

Para cada local, o número médio de graus-dias de aquecimento, GD, (na base de 20º C)
da estação convencional de aquecimento pode ser calculado, em função da respectiva
altitude, z, pela expressão:

GD = 1,5 z + 650

A duração média da estação convencional de aquecimento, em função da altitude, é


dada no quadro III.4.

Zonas climáticas de Verão


Toda a Região Autónoma dos Açores – V1

1.5.3 Zonamento Climático – Região Autónoma da Madeira


Zonas climáticas de Inverno
I1 – locais situados até 800 m de altitude
I2 – locais situados entre 800 m e 1100 m de altitude
I3 – locais situados acima de 1100 m de altitude

Para cada local, o número médio de graus-dias de aquecimento da estação convencional


de aquecimento pode ser calculado, em função da respectiva altitude, z, pela seguinte
expressão:

z < 400 m GD = 2,4 z + 50


z ≥ 400 m GD = 1,6 z + 380

A duração média da estação convencional de aquecimento, em função da altitude, é


dada no quadro III.6.

Zonas climáticas de Verão


Toda a Região Autónoma da Madeira – V1

5
RCCTE Light

1.6 Espaços sem requisitos de conforto térmico


Ao conjunto dos locais fechados, fortemente ventilados ou não, que não se encontrem
englobados na definição de área útil de pavimento e que não se destinem a ocupação
humana em termos permanentes (em regra não climatizados), não se aplicam as
condições de referência indicadas na Secção 1.5. Estes locais são considerados “não-
úteis” e não podem ser, portanto, considerados no cálculo dos valores de Nic, Nvc e Ntc.
Incluem-se neste tipo armazéns, garagens, arrecadações, sótãos e caves não-habitados,
circulações comuns às várias fracções autónomas de um edifício, outras fracções
autónomas do mesmo edifício, lojas não climatizadas com porta aberta ao público, etc.

Nota: Em casos excepcionais devidamente justificados as condições de referência podem ser


aplicadas a alguns destes espaços, devendo então ser considerados espaços úteis para
efeitos de aplicação do RCCTE e, portanto, incluídos no cálculo dos valores de Nic, Nvc e
de Ntc.

2 Cálculo das Necessidades de Energia


Embora todos os fenómenos de transmissão de calor apresentados neste capítulo sejam
por natureza não-estacionários, as necessidades energéticas para fins de
aquecimento/arrefecimento são estimadas admitindo que o edifício se encontra em
regime de funcionamento permanente (condições interiores idênticas às de referência:
no Inverno, temperatura interior de 20º C e no Verão uma temperatura interior de 25º C).
O cálculo das necessidades energéticas baseia-se, portanto, na integração das
respectivas equações de perdas/ganhos instantâneos de calor no intervalo de tempo
correspondente à estação em análise.
Como na prática dificilmente se verificarão todos os pressupostos assumidos (em geral,
os utilizadores não impõem situações exactamente iguais às de referência), os valores
das necessidades energéticas deverão ser interpretados com o devido cuidado. Mais do
que um método de prever as necessidades energéticas reais de um edifício, o cálculo dos
índices Nic, Nvc e Ntc que se apresenta de seguida representa uma forma prática de
caracterizar os edifícios do ponto de vista do seu comportamento térmico para efeitos de
comparação.

2.1 Método de Cálculo das Necessidades de


Aquecimento
Este método está definido de acordo com as disposições da norma europeia EN ISO
13790. Para simplicidade de cálculo, considera-se todo o edifício (ou fracção autónoma)
como uma única zona, todo mantido permanentemente à mesma temperatura de
referência (20º C).

As necessidades nominais de aquecimento resultam do valor integrado na estação de


aquecimento da soma algébrica de três parcelas:
• Perdas de calor por condução através da envolvente dos edifícios, Qt;
• Perdas de calor resultantes da renovação de ar, Qv;

6
RCCTE Light

• Ganhos de calor úteis, Qgu, resultantes dos ganhos internos e dos ganhos solares
através dos envidraçados.

As necessidades anuais de aquecimento do edifício, Nic são calculadas pela expressão


seguinte:

Qt + Qv − Qgu
N ic = (kWh/m2. ano) (1)
Ap

em que Ap representa a área útil (m2).

A metodologia de cálculo de cada um dos três termos acima identificados é definida


individualmente de seguida.

2.1.1 Perdas de calor por condução através da envolvente


As perdas de calor pela envolvente durante toda a estação de aquecimento Qt, devidas à
diferença de temperatura entre o interior e o exterior do edifício, resultam da soma de
quatro parcelas:

Qt = Qext + Qln a + Q pe + Q pt (W) (2)

em que:

Qext perdas de calor instantâneas pelas zonas correntes das paredes, envidraçados,
coberturas e pavimentos em contacto com o exterior;
Qlna perdas de calor instantâneas pelas zonas correntes das paredes, envidraçados e
pavimentos em contacto com locais não-aquecidos;
Qpe perdas de calor instantâneas pelos pavimentos e paredes em contacto com o
solo;
Qpt perdas de calor instantâneas pelas pontes térmicas lineares existentes no
edifício.

Perdas pela envolvente em zona corrente


As perdas instantâneas pelas zonas correntes das paredes, envidraçados, coberturas e
pavimentos exteriores, Qext, são calculadas pela expressão:

Qext = UA(θ i − θ atm ) (W) (3)

em que:

U coeficiente de transmissão térmica do elemento da envolvente (W/m2.ºC);


A área do elemento medida pelo interior (m2);
θi temperatura do ar no interior do edifício (20º C);
θatm temperatura do ar exterior (em ºC).

7
RCCTE Light

As perdas de calor para toda a estação de aquecimento resultarão, portanto, por


integração da equação de perdas instantâneas de calor em regime permanente:

Qext = 0,024 UA GD (kWh) (4)

em que:

0,024 resultado obtido pela expressão 24 horas /1000;


GD graus-dias de aquecimento - define-se como o somatório das diferenças
positivas registadas entre a temperatura base (de 20º C) e a temperatura do ar
exterior ao longo da estação de aquecimento (quadro III.1):

GD = ∑(θbase −θatm )1h / 24 (5)

Perdas pela envolvente em zona corrente


As perdas pelas zonas correntes das paredes, envidraçados e pavimentos que separam
um espaço aquecido de um local não-aquecido, Qlna, são calculadas pela expressão:

Qln a = UA(θ i − θ a ) (W) (6)

em que:

U coeficiente de transmissão térmica do elemento da envolvente (W/m2.ºC);


A área do elemento medida pelo interior (m2);
θi temperatura do ar no interior do edifício (20º C);
θa temperatura do ar do local não-aquecido (ºC).

A temperatura do ar do local não-aquecido, θa, toma um valor intermédio entre a


temperatura atmosférica exterior, θatm, e a temperatura da zona aquecida θi:

θ a = θ i − τ (θ i − θ atm ) (ºC) (7)

em que τ é um parâmetro adimensional que toma valores de 0 a 1, e é dado pela


expressão:

θi − θ a
τ= (8)
θ i − θ atm

Dada a dificuldade em conhecer com precisão o valor de θa sem fixação de alguns


parâmetros de difícil previsão dependentes do uso concreto e real de cada espaço,
admite-se que τ pode tomar os valores convencionais indicados na tabela IV.1. Para um
cálculo mais preciso pode utilizar-se a metodologia preconizada na norma europeia EN
ISO 13789. A energia necessária para compensar estas perdas é obtida, para cada
elemento da envolvente em contacto com um local não-aquecido, pela integração da
equação de perdas instantâneas de calor em regime permanente (eq. 6):

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RCCTE Light

Qln a = 0,024 U A GD τ (kWh) (9)

Perdas por pavimentos e paredes em contacto com o solo


As perdas de calor através dos elementos de construção em contacto com o terreno são
calculadas pela expressão:

Qpe = ∑ψ j B j (θi − θ atm ) = Lpe (θi − θ atm ) (W) (10)

em que:

ψj coeficiente de transmissão térmica linear do elemento j (W/m2.ºC) (vd. tabela


IV.2);
Bj desenvolvimento da parede medido pelo interior do elemento j (m).
Lpe perdas unitárias de calor (por ºC de diferença de temperatura entre os
ambientes interior e exterior) através dos elementos de construção em contacto
com o terreno, Lpe = ψj Bj (W/ºC).

parede
pavimento

Z<0

Figura 2: Transmissão de calor através de elementos em contacto com o solo e indicação


esquemática do caminho percorrido pelo fluxo de calor até ao exterior

Em termos de toda a estação convencional de aquecimento, Qpe, é obtido pela


integração das perdas instantâneas ao longo do período do Inverno:

Q pe = 0 ,024 L pe GD (kWh) (11)

Perdas de calor pelas pontes térmicas lineares


Para efeitos do RCCTE, a análise limita-se às pontes térmicas bidimensionais, sendo
indicados na tabela IV.3 os valores de ψ correspondentes às situações mais correntes na
construção em Portugal. Para outras situações muito distintas destas, podem ser
adoptados valores de ψ calculados por metodologia adequada, segundo a norma EN ISO
10211-1 (devidamente justificados pelo responsável pela aplicação do RCCTE), ou
utilizar-se um valor convencional de ψ = 0,5 W/m.ºC.

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RCCTE Light

As perdas de calor através das pontes térmicas lineares são calculadas pela seguinte
expressão:

Qpt = ∑ψ j B j (θi − θ atm ) = Lpt (θi − θatm ) (W) (12)

em que:

ψj coeficiente de transmissão térmica linear da ponte térmica linear j (W/m2.ºC);


Bj desenvolvimento da ponte térmica linear j medido pelo interior (m);
Lpt perdas unitárias de calor (por ºC de diferença de temperatura entre os
ambientes interior e exterior) através das pontes térmicas, Lpt = ψj Bj (W/ºC).

Nota: As heterogeneidades existentes a nível da envolvente de um edifício que dão origem a


perdas maiores do fluxo de calor, como por exemplo, a transição entre materiais com
propriedades térmicas distintas ou as diferenças entre áreas internas e externas (figura
3), são designadas “pontes térmicas”. A designação de “ponte térmica linear” pretende
referir aquelas cuja influência em termos do acréscimo de fluxo de calor associado é
correntemente contabilizada com recurso a um coeficiente de transmissão de térmica
linear.

Figura 3: Ponte térmica linear na zona de ligação entre duas paredes verticais, com indicação do
campo de temperaturas estabelecido no interior dos elementos e da zona de ponte térmica

Em termos de toda a estação convencional de aquecimento, Qpt, é obtido pela integração


das perdas instantâneas ao longo do período do Inverno:

Q pt = 0 ,024 L pt GD (kWh) (13)

2.1.2 Perdas de calor resultantes da renovação do ar


As perdas de calor por unidade de tempo correspondentes à renovação do ar interior, Qv,
são calculadas pela expressão:

Qv = ρ C p R ph V (θ i − θ atm ) / 3600 = 0 ,34 R ph V (θ i − θ atm ) (W) (14)

em que:

10
RCCTE Light

ρ massa volúmica do ar (1,21 kg/m3);


Cp calor específico do ar (1005,6 J/kg. ºC);
Rph número de renovações horárias do ar interior (h-1). O valor nominal de Rph a
utilizar para a verificação regulamentar é o estabelecido pela metodologia
descrita na Secção 4.1;
V volume interior da fracção autónoma que, na generalidade dos casos, pode ser
calculado como o produto da área útil de pavimento Ap pelo pé-direito médio
Pd;
0,34 resultado obtido pela expressão ρ Cp / 3600.

Em termos de toda a estação convencional de aquecimento, Qv é obtido pela integração


das perdas instantâneas ao longo do período do Inverno:

Qv = 0,024 [0,34 R ph V (1 − η v )] GD (kWh) (15)

em que ηv é o rendimento do sistema de recuperação de calor (apenas no caso de a


ventilação ser assegurada por meios mecânicos providos de dispositivos de recuperação
de calor do ar extraído).

Quando o edifício dispuser de sistemas mecânicos de ventilação, à energia Qv calculada


pela expressão anterior deve ser adicionada a energia eléctrica Ev necessária ao seu
funcionamento, que se considera ligado em permanência durante 24 horas por dia,
durante a estação de aquecimento4:

Ev = Pv × 24 × 0 ,03 × M (kWh) (16)

em que:

Pv soma das potências eléctricas de todos os ventiladores instalados (W);


M duração média da estação convencional de aquecimento (meses) (quadro III.1)
24 horas;
0,03 resultado obtido pela expressão: 30 dias/1000

2.1.3 Ganhos térmicos úteis na estação de aquecimento


Os ganhos térmicos a considerar no cálculo das necessidades nominais de aquecimento
do edifício têm duas origens:
i) ganhos térmicos associados a fontes internas de calor Qi;
ii) ganhos térmicos associados ao aproveitamento da radiação solar, Qs, através dos vãos
envidraçados.

Os ganhos térmicos brutos, Qg, são calculados com base na equação seguinte:

Q g = Qi + Qs (kWh) (17)

4
No caso de um ventilador comum a várias fracções autónomas, a energia total correspondente ao seu
funcionamento deve ser dividida entre cada uma dessas fracções autónomas, numa base directamente
proporcional aos caudais de ar nominais correspondentes a cada uma delas.

11
RCCTE Light

Ganhos térmicos brutos resultantes de fontes internas


Os ganhos térmicos internos, Qi, incluem qualquer fonte de calor situada no espaço a
aquecer, excluindo o sistema de aquecimento, nomeadamente:
- ganhos de calor associados ao metabolismo dos ocupantes;
- calor dissipado nos equipamentos e nos dispositivos de iluminação.

Os ganhos de calor de fontes internas durante toda a estação de aquecimento são


calculados com base na equação seguinte:

Qi = 0 ,72 qi M A p (kWh) (18)

em que:

qi ganhos térmicos internos médios por unidade de área útil de pavimento, em


W/m2 (quadro IV.3), numa base de 24 h/dia, todos os dias do ano no caso dos
edifícios residenciais, e em cada dia em que haja ocupação nos edifícios de
serviços;
M duração média da estação convencional de aquecimento em meses (quadro
III.1);
0,72 resultado obtido pela expressão: (24 horas × 30 dias)/1000.

Ganhos solares brutos através dos envidraçados


Os ganhos solares (brutos) através dos vãos envidraçados são dados pela expressão:

⎡ ⎤ ⎡ ⎤
Qs = G sul ∑ ⎢ X j ∑ (A Fh Fo F f Fg Fw g ⊥ ) ⎥ M = G sul ∑ ⎢ X j ∑ Asnj ⎥ M (kWh) (19)
j ⎢
⎣ n nj ⎥
⎦ j ⎢
⎣ n nj ⎥

em que:

Gsul valor médio mensal da energia solar média incidente numa superfície vertical
orientada a sul de área unitária durante a estação de aquecimento, (kWh/m2.
mês) (quadro III.8);
Xj factor de orientação, para as diferentes exposições (quadro IV.4);
A área total do vão envidraçado (m2);
Asnj área efectiva colectora da radiação solar da superfície n que tem a orientação j,
(m2);
g⊥ factor solar do vão envidraçado; representa a relação entre a energia solar
transmitida para o interior através do vão envidraçado em relação à radiação
solar incidente na direcção normal ao envidraçado (vd. Secção 4.3.1);
F( ) factores solares que tomam conta de existência de eventuais “obstáculos”
associados a transmissão da radiação solar para o interior do espaço útil através
do vão envidraçado. Devido ao facto de o sol descrever uma trajectória distinta
em cada estação, os factores solares devem ser substituídos por valores
calculados em separado para cada estação (vd. Secção 4.3.2);
M duração média da estação convencional de aquecimento (meses) (quadro III.1).

12
RCCTE Light

Por fim, os ganhos solares úteis resultam do aproveitamento de parte dos ganhos brutos
apenas. Os “ganhos térmicos” úteis obtêm-se pela expressão:

Q gu = η Q g (kWh) (20)

em que η é o factor de utilização dos ganhos térmicos definido na Secção 4.2.1.

2.2 Método de Cálculo das Necessidades de


Arrefecimento
As necessidades nominais de arrefecimento de uma fracção autónoma de um edifício
correspondem à energia útil que seria necessário retirar para que no seu interior não seja
excedida a temperatura de 25º C durante toda a estação convencional de arrefecimento
(desde Junho até Setembro, inclusive). As necessidades de arrefecimento são calculadas
com recurso a expressão:

Qg (1 − η )
N vc = (kWh/m2. ano) (21)
Ap

em que:

(1−η) factor de utilização dos ganhos solares e internos na estação de arrefecimento;


Qg ganhos totais brutos do edifício ou da fracção autónoma.

Embora o coeficiente η tenha o mesmo significado que o definido na situação de


Inverno (4.2.1), este parâmetro, no Verão, é calculado com base em condições distintas
das utilizadas para a estação de aquecimento, tal como se mostra na Secção 4.2.2.

Os ganhos totais brutos são calculados com base na equação seguinte:

Q g = Qar − Sol + Qs + Qi (kWh) (22)

em que:

Qar-Sol ganhos solares pela envolvente opaca devidos à incidência da radiação solar
(vd. equação 24);
Qs ganhos solares através dos vãos envidraçados;
Qi cargas internas, devidas aos ocupantes, aos equipamentos e à iluminação
artificial.

2.2.1 As cargas através da envolvente opaca exterior (ganhos e perdas)


As cargas através da envolvente opaca exterior resultam dos efeitos combinados da
temperatura do ar exterior, θatm, e da radiação solar incidente G. Para o seu cálculo,
adopta-se uma metodologia simplificada baseada na “temperatura ar-Sol”, que se
traduz, para cada orientação, na seguinte equação:

13
RCCTE Light

⎛α G ⎞
Qopaco = UA(θ ar − Sol − θ i ) = UA(θ atm − θ i ) + UA⎜⎜ ⎟⎟ (W) (23)
⎝ he ⎠

em que:

θar-Sol temperatura ar-Sol5 (ºC);


α coeficiente de absorção (para a radiação solar) da superfície exterior da parede
(quadro V.5) (não deve ser confundido com o ângulo!);
G intensidade de radiação solar instantânea incidente em cada orientação (W/m2);
he condutância térmica superficial exterior do elemento da envolvente, que toma o
valor de 25 W/m2.ºC.

Em termos de toda a estação convencional de arrefecimento, Qopaco, é obtido pela


integração dos ganhos instantâneos ao longo dos 4 meses em causa (122 dias), o que
conduz à seguinte equação final:

⎛α I ⎞
Qopaco = 2,928 UA(θ m − θ i ) + UA⎜⎜ r ⎟⎟ = Qext + Qar − Sol (kWh) (24)
⎝ he ⎠

em que:

Qext fluxo de calor devido à diferença de temperatura interior - exterior: Qopaco =


2,928 UA(θatm - θi). Dado que a temperatura média exterior, θm, durante toda a
estação de arrefecimento para todas as regiões climáticas em Portugal é sempre
inferior à temperatura interior de referência, θi, o valor desta expressão é
sempre negativo. Nestas condições, a diferença de temperatura interior-
exterior, em termos médios e ao longo de toda a estação de arrefecimento, está
na origem de uma perda de calor.
Qar-Sol ganhos solares pela envolvente opaca devidos à incidência da radiação solar
Qar-Sol = UA(αIr / he);
2,928 resultado obtido pela expressão (122 dias × 24 h)/1000;
θm temperatura média do ar exterior na estação convencional de arrefecimento na
zona climática de Verão onde se localiza o edifício (ºC) (quadro III.9);
Ir intensidade média de radiação total incidente em cada orientação durante toda
a estação de arrefecimento (kWh/m2) (quadro III.9).

2.2.2 Os ganhos solares através dos vãos envidraçados


Os ganhos solares (brutos) através dos vãos envidraçados são dados pela expressão:

⎡ ⎤ ⎡ ⎤
Qs = ∑ ⎢ Ir j ∑ (A Fh Fo F f Fg Fw g ⊥ ) ⎥ = ∑ ⎢ Ir j ∑ Asnj ⎥ (kWh) (25)

j ⎣ n ⎥
nj ⎦ j ⎣ n ⎦

5
A temperatura fictícia que induz o mesmo efeito da radiação solar incidente e temperatura do ar
ambiente combinados: θar-Sol = θatm + αG/he

14
RCCTE Light

em que:

Asnj área efectiva colectora da radiação solar da superfície n que tem a orientação j,
(m2);
Irj intensidade da radiação solar incidente no vão envidraçado com a orientação j,
na estação de arrefecimento (kWh/m2) (quadro III.9);
F( ) e g⊥ factores solares conforme o definido na Secção 2.1.3.

2.2.3 As perdas devido à renovação do ar


A metodologia de cálculo é igual à indicada na Secção 2.1.2:

Qv = 0 ,34 R ph V (θ i − θ atm ) (W) (26)

Em termos de toda a estação de arrefecimento Qv é obtido pela integração da equação


26 ao longo dos 122 dias:

Qv = 0 ,34 [2,928 R ph V (θ m − θ i )] (kWh) (27)

Tal como na situação de Inverno, quando o edifício dispuser de sistemas mecânicos de


ventilação, à energia Qv deve ser adicionada a energia eléctrica Ev necessária ao seu
funcionamento, que se considera ligado em permanência durante 24 horas por dia,
durante a estação de aquecimento:

Ev = Pv ⋅ 24 ⋅ 0,03 ⋅ 4 (kWh) (28)

em que:

Pv soma das potências eléctricas de todos os ventiladores instalados (W);


4 duração média da estação convencional de arrefecimento (meses);
24 horas;
0,03 resultado obtido pela expressão: 30 dias/1000.

2.2.4 As cargas internas


A metodologia de cálculo é igual à indicada na Secção 2.1.3:

Qi = 2 ,928 qi A p (kWh) (29)

Nota: Dado que a temperatura média exterior durante toda a estação de arrefecimento θm é
sempre inferior à temperatura interior de referência, θi, as cargas térmicas ao longo da
estação de arrefecimento resultam de um balanço de perdas e ganhos térmicos. As
perdas térmicas são associadas aos elementos da envolvente exterior Qext (eq.24) e a
renovação do ar Qv (eq.27), enquanto que os ganhos térmicos são associados às cargas
internas Qi (eq.29), aos ganhos solares pela envolvente opaca devidos à incidência da
radiação solar Qar-Sol (eq.24) e aos ganhos solares através dos vãos envidraçados Qs
(eq.25).

15
RCCTE Light

2.3 Método de Cálculo das Necessidades de Energia


para preparação da AQS
2.3.1 Necessidades de energia para preparação das Águas Quentes
Sanitárias Nac
Para efeitos regulamentares, as necessidades anuais de energia útil para preparação de
Água Quente Sanitária (AQS), Nac, são calculadas através da expressão:

Qa / η a − E solar − E ren
N ac = (kWh/m2. ano) (30)
Ap

em que:

Qa energia útil dispendida com sistemas convencionais de preparação de AQS


(kWh/ano);
ηa eficiência de conversão dos sistemas de preparação de AQS a partir da fonte
primária de energia (vd. Secção “Eficiência de conversão do sistema de
preparação das AQS”);
Esolar contribuição de sistemas de colectores solares para o aquecimento de AQS
(kWh/ano);
Eren contribuição de quaisquer outras formas de energias renováveis (solar
fotovoltaica, biomassa, eólica, geotérmica, etc.) para a preparação de AQS,
bem como de quaisquer formas de recuperação de calor de equipamentos ou de
fluidos residuais (kWh/ano).

Nota: O recurso a sistemas de colectores solares térmicos para aquecimento de água sanitária
nos edifícios abrangidos pelo RCCTE é obrigatório sempre que haja uma exposição
6
solar adequada , na base de 1 m2 de colector por ocupante convencional previsto7,
podendo este valor ser reduzido por forma a não ultrapassar 50% da área de cobertura
total disponível, em terraço ou nas vertentes orientadas no quadrante sul, entre sudeste e
sudoeste. Em alternativa à utilização de colectores solares térmicos, podem ser utilizadas
quaisquer outras formas renováveis de energia que captem, numa base anual, energia
equivalente à dos colectores solares, podendo ser esta utilizada para outros fins que não
a do aquecimento de água se tal for mais eficiente ou conveniente.

Energia dispendida com sistemas convencionais de preparação de AQS


A energia dispendida com sistemas convencionais utilizados na preparação das AQS
durante um ano, Qa, é dada pela expressão:

6
Entende-se como exposição solar adequada a existência de cobertura orientada no quadrante Sul, que
não seja sombreada por obstáculos significativos no período que se inicia diariamente duas horas depois
do nascer do Sol e termina duas horas antes do ocaso.
7
À luz das actuais recomendações, desde que os sistemas de colectores solares propostos captem numa
base anual a energia equivalente a um sistema solar térmico que utilize colector(es) com características
idênticas à do colector solar de referência [5], são aceites valores inferiores a 1 m2 de colector por
ocupante.

16
RCCTE Light

M AQS 4187 ΔT nd
Qa = (kWh/ano) (31)
3600000

em que:

MAQS consumo médio diário de referência de AQS. Nos edifícios residenciais, MAQS
= 40 × nº de ocupantes (o número convencional de ocupantes de cada fracção
autónoma está definido no quadro VI.1);
ΔT aumento de temperatura necessário para preparar as AQS (ΔT = 45º C)8;
nd número anual de dias de consumo de AQS. nd depende do período
convencional de utilização dos edifícios e é indicado no quadro VI.2.

Eficiência de conversão do sistema de preparação das AQS


A eficiência de conversão do sistema de preparação das AQS, ηa, é definida pelo
respectivo fabricante com base em ensaios normalizados. Na ausência de informação
mais precisa, podem utilizar-se os valores convencionais indicados no quadro VI.3.

Para os sistemas centralizados comuns a várias fracções autónomas de um mesmo


edifício, recurso a redes urbanas de aquecimento, etc., a eficiência deve ser calculada e
demonstrada caso a caso pelo projectista, sendo aplicáveis, nos ramais principais de
distribuição de água quente exteriores às fracções autónomas, os requisitos de
isolamento térmico especificados na regulamentação própria aplicável a este tipo de
sistemas (RSECE).

Caso o sistema de preparação das AQS não esteja definido em projecto, considera-se
que a fracção autónoma vai dispor de um termoacumulador eléctrico com 5 cm de
isolamento térmico (ηa = 0,90) em edifícios sem alimentação de gás, ou um esquentador
a gás natural ou GPL (ηa = 0,50) quando estiver previsto o respectivo abastecimento.

Contribuição de sistemas solares de preparação de AQS


O cálculo do Esolar deve ser efectuado utilizando o programa SOLTERM do INETI. A
contribuição de sistemas solares só pode ser contabilizada, para efeitos do RCCTE, se
os sistemas ou equipamentos forem certificados de acordo com as normas e legislação
em vigor, instalados por instaladores acreditados pela DGGE, e, cumulativamente, se
haver a garantia de manutenção do sistema em funcionamento eficiente durante um
período mínimo de 6 anos após a instalação.

Contribuição de outras fontes de energia renovável


A contribuição de outras formas de energias renováveis, tais como solar fotovoltaica,
biomassa, eólica, ou geotérmica, para a preparação de AQS, bem como de quaisquer
formas de recuperação de calor de equipamentos ou de fluidos residuais, deve ser
calculada com base num método devidamente justificado e reconhecido, e aceite pela
entidade licenciadora.
8
Considera-se que a água da rede pública de abastecimento é disponibilizada a uma temperatura média
anual de 15º C e que deve ser aquecida à temperatura de 60º C, donde resulta ΔT = 60 – 15 = 45º C.

17
RCCTE Light

2.4 Necessidades globais de energia primária


As necessidades globais anuais nominais específicas de energia primária, Ntc, de uma
fracção autónoma são calculadas com base na seguinte expressão:

⎛N ⎞ ⎛N ⎞
N tc = 0,1 ⎜⎜ ic ⎟⎟ Fpui + 0,1 ⎜⎜ vc ⎟⎟ Fpuv + N ac Fpua (kgep/m2. ano) (32)
⎝ ηi ⎠ ⎝ ηv ⎠

em que:

Fpu factor de conversão de energia útil para energia primária;


ηi eficiência nominal dos equipamentos para aquecimento;
ηv eficiência nominal dos equipamentos para arrefecimento;
0,1 redução de 90% baseada em dados estatísticos que apontam para uma
utilização dos equipamentos para aquecimento/arrefecimento restrito a um
período que corresponde a aproximadamente 10% do total necessário.

Os factores de conversão Fpu entre energia útil e energia primária adoptados pelo
RCCTE são9:
a) Fpu = 0,290 kgep/kWh no caso da electricidade;
b) Fpu = 0,086 kgep/kWh no caso dos combustíveis sólidos, líquidos e gasosos.

Para a eficiência nominal dos equipamentos deverão ser utilizados os valores


correspondentes aos equipamentos instalados, fornecidos pelos fabricantes na base de
ensaios normalizados. Na ausência informação mais precisa, podem ser adoptados os
valores de referência indicados no quadro VI.4.

Quando um edifício não tiver previsto, especificamente, um sistema de aquecimento ou


de arrefecimento ambiente ou de aquecimento de água quente sanitária, considera-se,
para efeitos do cálculo de Ntc, que:
- o sistema de aquecimento é obtido por resistência eléctrica;
- o sistema de arrefecimento é uma máquina frigorífica com eficiência (COP) de 3;
- o sistema de produção de AQS é um termoacumulador eléctrico com 50 mm de
isolamento térmico em edifícios sem alimentação de gás, ou um esquentador a gás
natural ou GPL quando estiver previsto o respectivo abastecimento.

3 Limitação das necessidades nominais


globais de energia primária
Os valores de Nic, Nvc e Nac calculados para cada fracção autónoma sujeita a verificação
regulamentar deverão ser inferiores aos correspondentes valores limites de referência
Nv, Ni e Na impostos no RCCTE. Para alem destas condições, as necessidades nominais
9
Os factores de conversão Fpu são definidos periodicamente por despacho pelo Director-Geral de
Geologia e Energia em função do mix energético nacional.

18
RCCTE Light

anuais globais Ntc, de cada uma das fracções autónomas de um edifício não podem
exceder um valor máximo admissível de energia primária Nt.

3.1 Valores limites das necessidades nominais de


energia útil para aquecimento, Ni
Os valores limite das necessidades nominais de energia útil para aquecimento de uma
fracção autónoma, Ni, dependem dos valores do “factor de forma”, FF, da fracção
autónoma e dos graus-dias, GD, correspondentes ao conselho onde o edifício se situa,
tal como descrito de seguida10:

FF ≤ 0,5 Ni = 4,5 + 0,0395 GD (kWh/m2. ano)


0,5 < FF ≤ 1 Ni = 4,5 + (0,021 + 0,037 FF) GD
(33)
1 < FF ≤ 1,5 Ni = [4,5 + (0,021 + 0,037 FF) GD] (1,2 - 0,2 FF)
FF > 1,5 Ni = 4,05 + 0,06885 GD

O factor de forma de um edifício, FF, define-se como o quociente entre o somatório das
áreas da envolvente exterior, Aext, e as áreas da envolvente interior, Aint, através dos
quais se verificam trocas de calor, afectadas do coeficiente τ (eq. 8), e o respectivo
volume interior V correspondente:

(∑ A ) + ∑ (τ A )
ext int i
FF = i
(m 2 / m 3 ) (34)
V

O factor de forma traduz a compacidade do edifício/FA, sendo que quanto menor for o
FF, menor o valor do Ni.

3.2 Valores limites das necessidades nominais de


energia útil para arrefecimento, Nv
Os valores limites das necessidades nominais de energia útil para arrefecimento de uma
fracção autónoma dependem da zona climática do local:

V1 (Norte) Nv = 16 kWh/m2.ano; V1 (Sul) Nv = 22 kWh/m2.ano;


V2 (Norte) Nv = 18 kWh/m2.ano; V2 (Sul) Nv = 32 kWh/m2.ano;
V3 (Norte) Nv = 26 kWh/m2.ano; V3 (Sul) Nv = 32 kWh/m2.ano;
Açores Nv = 21 kWh/m2.ano; Madeira Nv = 23 kWh/m2.ano.

10
Os valores limites de Ni (eq. 33) foram estabelecidos com base em simulações efectuadas para as
diferentes zonas climáticas de Inverno em edifícios genéricos.

19
RCCTE Light

3.3 Valores limites das necessidades de energia para


preparação das AQS, Na
O limite máximo para os valores das necessidades de energia para preparação das águas
quentes sanitárias é calculado pela equação:

0,081⋅ M AQS ⋅ nd
Na = (kWh/m2. ano) (35)
Ap

em que as variáveis correspondem às definições indicadas na Secção 2.3.1.

3.4 Valor máximo admissível de necessidades


nominais globais de energia primária, Nt
O valor máximo admissível de energia primária Nt é dado pela expressão:

N t = 0,9(0,01 N i + 0,01 N v + 0,15 N a ) (kgep/m2. ano) (36)

Os factores de ponderação incluídos nesta equação pretendem traduzir padrões típicos


de consumo nas habitações, obtidos com base em levantamentos estatísticos. Os
coeficientes de Ni, Nv e Na derivam da aplicação dos valores das eficiências nominais
dos sistemas de aquecimento, arrefecimento e de produção de AQS que o RCCTE
assume por defeito, e os correspondentes factores de conversão para energia primaria.
O factor de 0,9 tem como objectivo diminuir o valor da soma ponderada apresentada
entre parênteses (eq. 36) em 10%.

Na tabela seguinte apresentam-se resumidamente as exigências dos edifícios abrangidos


pelo RCCTE. Como se pode observar, um edifício só se considera regulamentar se
todas as condições indicadas na tabela forem cumpridas.

Aquecimento Nic ≤ Ni
Arrefecimento Nvc ≤ Nv
AQS Nac ≤ Na
Global Ntc=f(Nic;Nvc; Nac) ≤ Nt=f(Ni;Nv; Na)

20
RCCTE Light

4 Parâmetros utilizados no calculo dos


índices N( )
4.1 Determinação da Taxa de Renovação Horária
Nominal
Sempre que os edifícios estejam em conformidade com as disposições da norma NP
1037-1 (o que deve ser objecto de demonstração clara e inequívoca pelo responsável
pela aplicação do RCCTE), considera-se que o edifício é ventilado naturalmente e que
Rph = 0,6 h-1. Nestes edifícios não pode haver quaisquer meios mecânicos de insuflação
ou de extracção de ar11.

Nos casos de edifícios ventilados naturalmente, o valor de Rph é determinado de acordo


com o quadro IV.1, em função das seguintes características:
- tipologia do edifício;
- exposição ao vento;
- permeabilidade ao ar da envolvente do edifício.

Para efeitos de aplicação do RCCTE, o grau de exposição é definido de acordo com o


quadro IV.2.
A classe de permeabilidade ao ar da caixilharia prevista deve ser comprovada por
resultados de ensaios de qualificação efectuados por um laboratório idóneo (LNEC),
sobre o protótipo representativo da série comercial a que caixilharia pertence. São
consideradas quatro classes de permeabilizadas ao ar, por ordem crescente de
desempenho:
- Sem classificação
- Classe 1
- Classe 2
- Classe 3

No caso dos sistemas em que a ventilação recorre a sistemas mecânicos, a taxa de


renovação horária Rph é calculada com base na expressão:

V& f V&x -1
R ph = + (h ) (37)
V V

em que:

V& f caudal devido à ventilação mecânica (m3/h);


V&x caudal devido à ventilação natural (as infiltrações devidas ao efeito do vento e
ao efeito de chaminé) (m3/h);
V é o volume útil interior da fracção autónoma (m3).

11
Excepção os exaustores de cozinha e as ventaxias de casa de banho ligadas a luz, dado que estes
funcionam durante períodos curtos.

21
RCCTE Light

O caudal devido à ventilação mecânica é avaliado segundo a seguinte regra:

[
⎧⎪sistemas mecânicos de caudal constante → max V&ins ,V&ev
V& f → ⎨
] (38)
[
⎪⎩sistemas mecânicos de caudal variável → max V&ins −med ,V&ev−med ]
em que:

V&ins caudal insuflado (m3/h);


V&ev caudal evacuado (m3/h);
V&ins − med caudal médio diário insuflado (m3/h);
V&ev −med caudal médio diário evacuado (m3/h).

A contribuição da ventilação natural, V&x / V , no valor final do Rph, pode ser


determinada com recurso ao gráfico ilustrado na figura 4. Como se pode observar na
figura, a taxa de renovação horária devida a ventilação natural depende do caudal da
ventilação mecânica V& f (eq. 38) e da classe de exposição ao vento.

Figura 4: Taxa de renovação de ar horária devida a ventilação natural no caso dos sistemas em
que a ventilação recorre a sistemas mecânicos

Como se pode observar na figura 4, para que o efeito da ventilação natural possa ser
desprezado, os sistemas de ventilação mecânica devem estar dimensionados de acordo
com o seguinte critério:

⎧0 ,1 h −1 → Exp1 ⎫
V&ins − V&ev ⎪ ⎪
> ⎨0 ,25 h −1 → Exp2 ⎬ (39)
V ⎪0 ,5 h −1 → Exp3, Exp4 ⎪
⎩ ⎭

22
RCCTE Light

A figura 4 também mostra que a contribuição da ventilação natural no caso de sistemas


de ventilação mecânica equilibrados ( V&ins = V&ev ), deve ser correspondente a 0,3 h-1 no
caso de edifícios com Exp 1, 0,7 h-1 no caso de edifícios com Exp 2, e 1 h-1 no caso de
edifícios com Exp 3 ou 4, variando linearmente até 0,1 h-1 para os casos limites de
desequilíbrio de caudais de insuflação e de extracção especificados no parágrafo
anterior12.
Em qualquer edifício com ventilação mecânica, para efeitos do RCCTE, a taxa de
renovação nominal Rph nunca pode ser inferior a 0,6 h-1.

4.2 Factor de utilização dos ganhos η


4.2.1 Situação de Inverno
Durante a estação de aquecimento (Inverno) o objectivo é que seja calculada a
quantidade de energia a fornecer ao edifício para que a sua temperatura interior se
mantenha igual a 20º C (valor de referência). Desse ponto de vista, os ganhos de calor
efectivamente utilizados para esse objectivo são considerados “ganhos úteis” enquanto
que os que contribuem para aumentos da temperatura interior acima do valor de
referência são considerados “não-úteis”.

Para efeitos de cálculo dos ganhos térmicos úteis na estação de aquecimento, o η é


definido como o factor de utilização dos ganhos térmicos (ganhos úteis) e é calculado
pelas expressões representadas graficamente na figura 5:

⎧ 1− γ a
⎪⎪ η = se γ ≠ 1
1 − γ a +1
⎨ (40)
⎪η = a se γ = 1
⎪⎩ a +1

em que γ representa a relação entre os ganhos totais brutos e as perdas térmicas totais:

ganhos totais brutos Qg


γ= = (41)
perdas térmicas totais Qt + Qv

e a é um parâmetro que determina a forma da curva η - γ (eq. 41) em função da inércia


térmica do edifício:

⎧1,8 - edifícios com inércia térmica fraca



⎨2 ,6 - edifícios com inércia térmica média
⎪4,2 - edifícios com inércia térmica forte

12
Quando o edifício tem ventilação mecânica equilibrada a pressão interior é neutra e as infiltrações
decorrem de modo idêntico ao de um edifício ventilado naturalmente em paralelo com a ventilação
mecânica.

23
RCCTE Light

Figura 5: Factor de utilização dos ganhos térmicos η em função do γ e da classe de inércia


térmica (eq. 40)

4.2.2 Situação de Verão


Durante a estação de arrefecimento (Verão) o objectivo é que seja calculada a
quantidade de energia a fornecer ao edifício para que a sua temperatura interior se
mantenha igual a 25º C (valor de referência). Os ganhos responsáveis pelos aumentos de
temperatura interior acima do valor de referência, ou seja, os ganhos indesejáveis, são
considerados “não-úteis”. A fracção de ganhos de calor não-úteis representa neste caso
a quantidade (1−η), com η definido através das equações 40. Contudo, uma vez que os
ganhos e as perdas de calor de Inverno são distintos das do Verão pelas razões óbvias, o
factor de utilização dos ganhos térmicos η na estação de aquecimento é obtido a partir
de um coeficiente γ calculado da seguinte forma:

ganhos totais brutos Qi + Qs + Qar − Sol


γ = = (42)
perdas térmicas totais Qext + Qv

em que:

Qi ganhos internos (eq. 29);


Qs ganhos solares através dos vãos envidraçados (eq. 25);
Qar-Sol ganhos solares através da envolvente opaca (eq. 24);
Qext perdas pela envolvente em contacto com o exterior (eq. 24);
Qv perdas por ventilação (eq. 27).

Refira-se que valores de γ elevados que conduzam a valores de η inferiores a 0,8


(ganhos totais brutos superiores as perdas térmicas totais), são potencialmente
indicadores de situações de sobreaquecimento, pelo que devem ser evitados.

24
RCCTE Light

4.3 Factores solares


4.3.1 Factor solar do vão envidraçado g ⊥

Situação de Inverno
Na tabela IV.4 são apresentados os valores do factor solar de vários tipos de vidros sem
dispositivos de protecção solar.
Para maximizar o aproveitamento da radiação solar, os dispositivos de protecção solar
móveis (estores, portadas, cortinas, etc.) admitem-se estar totalmente abertos, nessas
circunstâncias sendo considerado apenas o valor do factor solar do vidro g ⊥ v . Todavia,
sempre que seja previsível a utilização de cortinas ou de outros dispositivos de
protecção solar que normalmente permanecem fechados, estes devem ser considerados
no factor solar do vão envidraçado. Portanto, no cálculo do factor solar de vãos
envidraçados do sector residencial, salvo justificação em contrário, deve ser considerada
a existência, pelo menos, de cortinas interiores muito transparentes de cor clara (quadro
V.4):
- vidro simples incolor c/cortinas interiores muito transparentes → g ⊥′ = 0,70;
- vidro duplo incolor c/cortinas interiores muito transparentes → g ⊥′ = 0,63.
No valor de g ⊥ do vão envidraçado não se considera a obstrução criada pelos perfis,
porque esta é considerada através da fracção envidraçada Fg.

Situação de Verão
O factor solar do envidraçado deve ser tomado com dispositivos de sombreamento
móveis activados a 70%. Neste caso o factor solar do vão envidraçado é igual à soma de
30% do factor solar do vidro g ⊥v mais 70% do factor solar do vão envidraçado com a
protecção solar móvel actuada, g ⊥′ , ou seja:

g ⊥ = 0 ,3 g ⊥v + 0,7 g ′⊥ (43)

O quadro V.4 lista os valores de factor solar do vão envidraçado com a protecção solar
móvel activada a 100% ( g ⊥′ ) mais habituais nos quais são utilizados vidros incolores
correntes. Caso sejam aplicados vidros especiais diferentes dos incolores correntes13, o
factor solar dos vãos envidraçados com dispositivos de protecção solar interiores ou
com protecção exterior não opaca é obtido pelas equações 44 ou 45, consoante se trate
de vãos com vidro simples ou vidro duplo:

g ′⊥ × g ⊥v
g⊥ = (44)
0,85
g ′⊥ × g ⊥v
g⊥ = (45)
0,75

Caso exista uma protecção solar exterior opaca (tipo persiana) o valor do factor solar do
vão com vidros especiais é obtido directamente do quadro V.4.
13
Os vidros que apresentam um factor solar de 0,85 ou 0,75, conforme se trate de um vidro simples ou de
um vidro duplo.

25
RCCTE Light

Nos vãos protegidos por mais do que uma protecção solar, deve ser utilizada a equação
46 ou 47, consoante se trate de vãos com vidro simples ou vidro duplo, considerando
apenas as protecções solares existentes do lado exterior até ao interior até à primeira
protecção solar opaca:

g ⊥′
g ⊥ = g ⊥v ∏ (46)
i 0 ,85

g ′⊥
g ⊥ = g ⊥v ∏ (47)
i 0 ,75

Nota: O valor final do factor solar do envidraçado para os casos particulares descritos pelas
equações 44 - 47 deverá ainda ser calculado aplicando ao valor obtido a regra definida
pela equação 43.

4.3.2 Factores solares F( )


Situação de Inverno
O cálculo dos ganhos solares brutos através dos vãos envidraçados pode ser realizado
por uma de duas metodologias:
i) Método detalhado;
ii) Método simplificado.

Método detalhado
No método detalhado, os ganhos solares são calculados pela equação 19, em que os
respectivos factores F( ) são:

Fh factor de sombreamento do horizonte.


Toma em conta o sombreamento provocado num vão envidraçado por outros
edifícios e/ou outras obstruções construídas ou naturais (próximas ou
longínquas). Fh depende do ângulo do horizonte, α, latitude, orientação, clima
local e da duração da estação de aquecimento (tabela IV.5). O ângulo do
horizonte, α, deve ser calculado, em cada edifício ou fracção autónoma, para
cada vão (ou para grupos de vãos semelhantes) de cada fachada. Caso não
exista informação disponível que permita o cálculo do ângulo de horizonte, Fh,
deve ser calculado por defeito adoptando os seguintes valores:
- α = 45º, em ambiente urbano;
- α = 20º, edifícios isolados fora das zonas urbanas.

Fo factor de sombreamento por elementos horizontais sobrepostos ao vão


envidraçado.
Toma em conta o sombreamento provocado num vão envidraçado por palas,
varandas ou outros elementos horizontais. Fo depende do ângulo de incidência
da radiação solar, das características geométricas do elemento de
sombreamento sobreposto ao vão e da orientação deste (tabela IV.6).

Ff factor de sombreamento por elementos verticais adjacentes ou sobrepostos ao


vão envidraçado.

26
RCCTE Light

Toma em conta o sombreamento provocado num vão envidraçado por palas


opacas verticais ou outros elementos com efeito semelhante. Ff depende do
ângulo de incidência da radiação solar, das características geométricas do
elemento de sombreamento sobreposto ao vão e da orientação deste varandas
ou outros elementos horizontais (tabela IV.7).

Quando o envidraçado não dispuser de quaisquer palas de sombreamento


(horizontais ou verticais), para contabilizar o efeito de sombreamento do
contorno do vão deve considerar-se o produto:

Fo Ff = 0,90

No RCCTE, o produto Fh Fo Ff denomina-se factor de obstrução Fs. Para ter


em atenção o facto de se verificar sempre radiação incidente difusa e
reflectida nos envidraçados, o regulamento estabelece que o produto do
factor de orientação Xj (quadro IV.4) pelo factor de obstrução Fs não pode ser
inferior a 0,27:

Xj Fh Fo Ff ≥ 0,27

Fg fracção envidraçada.
Traduz a redução da transmissão da energia solar associada a existência da
caixilharia, sendo dada pela relação entre a área envidraçada e a área total do
vão envidraçado (quadro IV.5).

Fw factor de correcção da selectividade angular dos envidraçados.


Traduz a redução dos ganhos solares causada pela variação das propriedades
do vidro com o ângulo de incidência da radiação solar directa. Para vidros
correntes simples e duplos assume o valor:

Fw = 0,9 (50)

Para outros tipos de envidraçados, devem ser utilizados os valores fornecidos pelos
fabricantes com base na EN 410.

Método simplificado
Para dispensar um cálculo exaustivo dos coeficientes F( ) para cada orientação, pode
adoptar-se por defeito:

Fh F0 Ff Fg Fw = 0,46 (51)

desde que sejam satisfeitas as seguintes condições:


• Para cada orientação, tendo em conta o ponto médio de cada uma das fachadas do
edifício ou da fracção autónoma, não devem existir obstruções situadas acima de um
plano inclinado a 20º com a horizontal e também entre os planos verticais que fazem
60º para cada um dos lados da normal ao ponto médio da fachada, a menos de
pequenos obstáculos sem impacto significativo, do tipo postes de iluminação, de
telefones, ou equivalente;

27
RCCTE Light

• Os envidraçados não devem ser sombreados por elementos do edifício, como palas
por exemplo, sendo esta aproximação satisfatória quando os elementos horizontais
que se projectam sobre a janela têm um comprimento inferior a 1/5 da altura da
janela e que os elementos verticais adjacentes às janelas não se projectam mais de
1/4 da largura da janela.

Nestas condições os ganhos solares brutos através dos vãos envidraçados podem ser
calculados, para cada fachada, pela equação:

Q s = G sul ∑ [X j 0 ,46 A j g ⊥ ] M (52)


j

Situação de Verão
Tal como no caso da situação de Inverno, o cálculo dos ganhos solares brutos na estação
de Verão pode ser realizado recorrendo a um método detalhado ou a um método
simplificado.

Método detalhado
No método detalhado, os ganhos solares são calculados pela equação 25, em que os
respectivos factores F( ) são:

Fh factor de sombreamento do horizonte.


Na estação de arrefecimento considera-se que a fachada do edifício em estudo
não é sombreada e portanto:

Fh = 1 (53)

Fo factor de sombreamento por elementos horizontais sobrepostos ao vão


envidraçado.
Toma o mesmo significado já descrito na situação de Inverno. Fo é obtido por
consulta directa do quadro V.1. No caso de protecções móveis (toldos, palas
reguláveis, etc.) admite-se que o Fo seja calculado da seguinte forma:

Fo = 0,7Fo, protecção activada + 0,3Fo, protecção desactivada

Ff factor de sombreamento por elementos verticais adjacentes ou sobrepostos ao


vão envidraçado.
Toma o mesmo significado já descrito na situação de Inverno. Ff é obtido por
consulta directa do quadro V.2. No caso de protecções móveis (toldos, palas
reguláveis, etc.) admite-se que o Ff seja calculado da seguinte forma:

Ff = 0,7Ff, protecção activada + 0,3Ff, protecção desactivada

Fg fracção envidraçada.
O valor do Fg permanece o mesmo, e portanto, pode ser obtido por consulta
directa do quadro IV.5.

Fw o factor de correcção da selectividade angular dos envidraçados.

28
RCCTE Light

Para vidros correntes simples e duplos pode ser obtido por consulta directa do
quadro V.3.

Método simplificado
Para dispensar um cálculo exaustivo dos coeficientes F( ) para cada orientação, pode
adoptar-se por defeito:

Fh F0 Ff Fg Fw = 0,51 (54)

desde que seja satisfeita a seguinte condição: Os envidraçados não devem ser
sombreados por elementos do edifício, como palas por exemplo, sendo esta
aproximação satisfatória quando os elementos horizontais que se projectam sobre a
janela têm um comprimento inferior a 1/5 da altura da janela e que os elementos
verticais adjacentes às janelas não se projectam mais de 1/4 da largura da janela.

Nestas condições os ganhos solares brutos através dos vãos envidraçados podem ser
calculados, para cada fachada, pela equação:

⎡ ⎤
Qs = ∑ ⎢ Irj ∑ (A j 0,51 g ⊥ )nj ⎥ (55)
j ⎣ n ⎦

4.4 Quantificação da inércia térmica interior – It


A inércia térmica interior de uma fracção autónoma é função da capacidade calorífica
que os locais apresentam e depende da massa superficial útil de cada um dos elementos
da construção.

A massa superficial útil por metro quadrado de área útil de pavimento é calculada pela
expressão:

It =
∑M si S i ri
(kg/m2 pavimento) (56)
Ap

em que:

Msi massa superficial útil do elemento i (kg/m2);


Si área da superfície interior do elemento i (m2);
ri factor de redução que depende da qualidade térmica dos revestimentos
superficiais interiores (quadro VII.7);
Ap área útil de pavimento da respectiva fracção (m2).

As classes de inércia térmica são definidas no RCCTE de seguinte modo:

29
RCCTE Light

⎧I t < 150 kg/m 2 → Classe fraca



⎨150 ≤ I t < 400 kg/m → Classe média
2
(57)

⎩I t > 400 kg/m → Classe forte
2

A massa superficial útil Msi dos elementos de construção depende da massa total por
unidade de área do elemento mt14 e, ainda, da sua localização no edifício, da sua
constituição e da qualidade térmica dos revestimentos superficiais.

No quadro abaixo são definidos os valores de massa superficial Msi em função da


localização dos respectivos elementos no edifício, para alguns casos genéricos.

Valores de massa superficial Msi em função da localização para alguns casos genéricos

Msi
Tipo de parede Localização Com Sem
isolamento isolamento
Parede simples; isolamento mt /2
em contacto com o solo

0
Paredes exteriores ou

pelo interior (≤150kg/m2)


Parede simples; isolamento mt mt /2
pelo exterior (≤150kg/m2) (≤150kg/m2)
Parede dupla; isolamento mpi mt /2
2
no espaço de ar (≤150kg/m ) (≤150kg/m2)
Parede em contacto com o mt
150kg/m2
solo (≤150kg/m2)
Terraço; mt mt /2
isolamento exterior (≤150kg/m2) (≤150kg/m2)
Laje horizontal, mt mt /2
Coberturas

sótão não habitável (≤150kg/m2) (≤150kg/m2)


Cobertura inclinada, mpi mt /2
sótão habitável (≤150kg/m2) (≤150kg/m2)
Terraço; mt /2
0
isolamento exterior (≤150kg/m2)
Isolamento inferior; cave
mt mt /2
não habitável ou ambiente
Pavimentos exteriores

(≤150kg/m2) (≤150kg/m2)
ext.
Isolamento mt mt /2
intermédio (≤150kg/m2) (≤150kg/m2)
Em contacto com o solo
mt
(isolamento sob o 150kg/m2
(≤150kg/m2)
pavimento)

No caso das paredes de separação entre fracções autónomas e dos elementos interiores a
fracção autónoma, os valores de Msi são:
• elementos de separação entre duas fracções autónomas → Msi = mpi/2; Msi ≤ 150
kg/m2;
• elementos interiores a fracção (paredes e pavimentos) → Msi = mt ; Msi ≤ 300 kg/m2.

14
As massas dos diferentes elementos de construção não-homogéneos podem ser obtidas em tabelas
técnicas ou nas publicações ITE 11 e ITE 12 [6,7].

30
RCCTE Light

Referências Bibliográficas
1. Regulamento das Características do Comportamento Térmico dos Edifícios
(RCCTE) – DL n.º 80/2006.
2. Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios (RSECE) – DL
n.º 79/2006.
3. Susana Camelo, Carlos A. Pina dos Santos, Álvaro Ramalho, Cristina Horta, Hélder
Gonçalves, Eduardo Maldonado – Manual de Apoio à aplicação do RCCTE. Hélder
Gonçalves & Eduardo Maldonado (editores). ADENE, LNEC, INETI, IPQ, versão
1.0 Outubro 2006.
4. Carlos A. Pina dos Santos, Luís Cordeiro Matias – Coeficientes de Transmissão
Térmica de Elementos da Envolvente dos Edifícios – ITE 50, LNEC, Lisboa, 2006.
5. Manuel Lopes Prates, Jorge Cruz Costa, João Farinha Mendes, Maria João Carvalho
“On the Sustainable Development of Solar Thermal Obligations in Buildings in the
Framework of the Portuguese Case”, EUROSUN 2008, Lisbon, October 2008.
6. Carlos A. Pina dos Santos, J. A. Vasconcelos de Paiva – Caracterização térmica de
pavimentos pré-fabricados – ITE 11, LNEC, Lisboa, 1990.
7. Carlos A. Pina dos Santos, J. A. Vasconcelos de Paiva – Caracterização Térmica de
Paredes de Alvenaria – ITE 12, LNEC, Lisboa, 2004.

31
 
Anexo A
Quadros e Tabelas Técnicas
Quadro III.1 - Distribuição dos concelhos de Portugal Continental segundo as zonas climáticas e
correspondentes dados climáticos de referência

Zona Nº Graus- Duração Zona Amplitude


CONCELHO Climática dias (GD) estação Climática térmica (°C)
Inverno (°C.dias) aquec.(M) Verão
(meses)
ABRANTES I2 1630 6,0 V3 17
ÁGUEDA I1 1490 6,7 V1 12
AGUIAR DA BEIRA I3 2430 7,3 V2 13
ALANDROAL I1 1320 6,0 V3 17
ALBERGARIA-A-VELHA I1 1470 6,3 V1 11
ALBUFEIRA I1 1130 5,3 V2 14
ALCÁCER DO SAL I1 1240 5,3 V3 16
ALCANENA I2 1680 6,0 V2 14
ALCOBAÇA I2 1640 6,3 V1 10
ALCOCHETE I1 1150 5,3 V3 13
ALCOUTIM I1 1270 5,0 V3 14
ALENQUER I1 1410 5,7 V2 12
ALFANDEGA DA FÉ I3 2340 7,7 V2 15
ALIJÓ I3 2500 7,0 V3 16
ALJEZUR I1 1120 5,3 V1 10
ALJUSTREL I1 1260 5,7 V3 17
ALMADA I1 1160 5,3 V1 10
ALMEIDA I3 2540 7,7 V2 16
ALMEIRIM I1 1340 5,7 V3 15
ALMODOVAR I1 1390 5,7 V3 16
ALPIARÇA I1 1360 5,7 V3 15
ALTER DO CHÃO I1 1340 6,0 V3 16
ALVAIÁZERE I2 1810 6,0 V3 14
ALVITO I1 1220 5,3 V3 18
AMADORA I1 1340 5,7 V1 10
AMARANTE I2 2040 6,7 V2 13
AMARES I2 1690 7,0 V2 14
ANADIA I1 1460 6,3 V2 12
ANSIÃO I2 1780 6,0 V2 14
ARCOS DE VALDEVEZ I3 2250 6,7 V2 14
ARGANIL I2 2050 7,0 V2 14
ARMAMAR I3 2370 6,3 V3 15
AROUCA I2 2050 7,0 V1 12
ARRAIOLOS I1 1380 5,7 V3 17
ARRONCHES I1 1460 6,3 V3 16

A1
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

ARRUDA DOS VINHOS I1 1480 5,3 V2 11


AVEIRO I1 1390 6,0 V1 9
AVIS I1 1230 5,7 V3 17
AZAMBUJA I1 1360 5,7 V3 13
BAIÃO I3 2150 6,7 V3 13
BARCELOS I2 1660 6,7 V1 12
BARRANCOS I1 1250 5,7 V3 17
BARREIRO I1 1150 5,3 V2 11
BATALHA I2 1890 6,0 V1 13
BEJA I1 1290 5,7 V3 17
BELMONTE I2 1970 7,7 V2 13
BENAVENTE I1 1180 5,3 V3 14
BOMBARRAL I1 1380 5,7 V1 10
BORBA I1 1500 6,0 V3 16
BOTICAS I3 2600 7,7 V1 14
BRAGA I2 1800 7,0 V2 13
BRAGANÇA I3 2850 8,0 V2 15
CABECEIRAS DE BASTO I3 2180 7,3 V2 13
CADAVAL I2 1530 5,7 V1 11
CALDAS DA RAINHA I1 1500 6,0 V1 10
CAMINHA I2 1930 6,3 V2 12
CAMPO MAIOR I1 1330 6,3 V3 17
CANTANHEDE I1 1470 6,3 V1 11
CARRAZEDA DE ANSIÃES I3 2500 7,7 V2 16
CARREGAL DO SAL I2 1550 7,3 V2 14
CARTAXO I1 1250 5,3 V3 14
CASCAIS I1 1230 6,0 V1 8
CASTANHEIRA DE PERA I3 2310 6,3 V3 14
CASTELO BRANCO I2 1650 6,7 V3 15
CASTELO DE PAIVA I2 1680 7,0 V1 13
CASTELO DE VIDE I2 1620 6,7 V3 14
CASTRO D'AIRE I3 2410 7,0 V2 14
CASTRO MARIM I1 1100 4,7 V3 13
CASTRO VERDE I1 1230 5,7 V3 17
CELORICO DA BEIRA I3 2240 7,7 V1 12
CELORICO DE BASTO I2 1950 7,0 V2 13
CHAMUSCA I2 1550 6,0 V3 16
CHAVES I3 2560 7,3 V2 17
CINFÃES I3 2350 7,0 V2 13
COIMBRA I1 1460 6,0 V2 13
CONDEIXA-A-NOVA I2 1560 6,0 V2 13
CONSTÂNCIA I2 1590 6,0 V3 16
CORUCHE I1 1350 5,7 V3 16
COVILHÃ I3 2250 7,3 V2 13
CRATO I1 1460 6,3 V3 15
CUBA I1 1320 5,7 V3 18
ELVAS I1 1410 6,0 V3 17
ENTRONCAMENTO I1 1470 6,0 V3 15
ESPINHO I2 1530 6,7 V1 9
ESPOSENDE I2 1610 6,7 V1 10
ESTARREJA I1 1420 6,3 V1 10
ESTREMOZ I1 1460 6,0 V3 16
ÉVORA I1 1390 5,7 V3 17
FAFE I2 2090 7,0 V2 13
FARO I1 1060 4,3 V2 12
FEIRA I2 1710 6,7 V1 11

A2
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

FELGUEIRAS I2 1870 7,0 V2 13


FERREIRA DO ALENTEJO I1 1220 5,7 V3 17
FERREIRA DO ZÊZERE I2 1780 6,0 V3 15
FIGUEIRA DA FOZ I1 1450 6,3 V1 10
FIGUEIRA DE CASTELO RODRIGO I3 2450 8,0 V2 16
FIGUEIRÓ DOS VINHOS I2 2010 6,0 V3 14
FORNOS DE ALGODRES I2 2060 7,7 V1 13
FREIXO DE ESPADA À CINTA I3 2370 8,0 V2 15
FRONTEIRA I1 1320 6,0 V3 15
FUNDÃO I2 1990 7,0 V3 14
GAVIÃO I2 1570 6,0 V3 17
GÓIS I3 2190 6,7 V2 15
GOLEGÃ I1 1380 6,0 V3 15
GONDOMAR I2 1620 7,0 V1 11
GOUVEIA I3 2440 8,0 V1 12
GRÂNDOLA I1 1320 5,3 V2 14
GUARDA I3 2500 8,0 V1 13
GUIMARÃES I2 1770 7,0 V2 14
IDANHA-A-NOVA I2 1520 6,7 V3 18
ÍLHAVO I1 1440 6,3 V1 9
LAGOA I1 980 5,0 V2 12
LAGOS I1 970 5,0 V1 10
LAMEGO I3 2360 6,3 V3 15
LEIRIA I2 1610 6,0 V1 12
LISBOA I1 1190 5,3 V2 11
LOULÉ I1 1330 5,0 V2 14
LOURES I1 1330 5,7 V2 11
LOURINHÃ I1 1310 5,7 V1 8
LOUSÃ I2 1890 6,3 V2 14
LOUSADA I2 1810 7,0 V2 13
MAÇÃO I2 1810 6,3 V3 17
MACEDO DE CAVALEIROS I3 2590 7,7 V2 15
MAFRA I1 1410 6,0 V1 9
MAIA I2 1670 7,0 V1 10
MANGUALDE I2 1970 7,7 V2 14
MANTEIGAS I3 3000 8,0 V1 12
MARCO DE CANAVEZES I2 1770 7,0 V2 13
MARINHA GRANDE I1 1500 6,3 V1 9
MARVÃO I2 1820 6,7 V3 15
MATOSINHOS I2 1580 6,7 V1 9
MEALHADA I1 1470 6,0 V2 13
MEDA I3 2360 7,7 V2 14
MELGACO I3 2770 7,7 V1 14
MÉRTOLA I1 1230 5,7 V3 16
MESÃO FRIO I2 1810 6,3 V3 14
MIRA I1 1500 7,0 V1 10
MIRANDA DO CORVO I2 1780 6,0 V2 14
MIRANDA DO DOURO I3 2690 8,0 V2 15
MIRANDELA I3 2270 7,3 V3 16
MOGADOURO I3 2560 8,0 V2 14
MOIMENTA DA BEIRA I3 2620 6,7 V3 15
MOITA I1 1130 5,3 V2 12
MONÇÃO I2 2000 6,7 V2 14
MONCHIQUE I1 1340 5,7 V1 11
MONDIM DE BASTO I3 2450 7,0 V2 13
MONFORTE I1 1430 6,3 V3 15

A3
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

MONTALEGRE I3 2820 7,7 V1 13


MONTEMOR-O-NOVO I1 1410 5,3 V3 17
MONTEMOR-O-VELHO I1 1410 6,3 V1 12
MONTIJO I1 1260 5,3 V3 15
MORA I1 1270 5,7 V3 17
MORTÁGUA I1 1460 6,7 V2 12
MOURA I1 1310 5,7 V3 18
MOURÃO I1 1290 5,7 V3 18
MURÇA I3 2550 7,3 V2 17
MURTOSA I1 1400 6,3 V1 8
NAZARÉ I1 1480 6,3 V1 9
NELAS I2 1770 7,3 V2 15
NISA I2 1520 6,3 V3 15
ÓBIDOS I1 1370 5,7 V1 8
ODEMIRA I1 1240 5,7 V1 13
ODIVELAS I1 1320 5,7 V2 11
OEIRAS I1 1230 6,0 V1 10
OLEIROS I3 2240 6,7 V3 15
OLHÃO I1 1010 4,3 V2 12
OLIVEIRA DE AZEMÉIS I2 1730 6,7 V1 11
OLIVEIRA DE FRADES I2 1830 7,3 V1 12
OLIVEIRA DO BAIRRO I1 1410 6,3 V1 11
OLIVEIRA DO HOSPITAL I2 1890 7,3 V2 15
OURIQUE I1 1300 5,7 V3 16
OVAR I1 1480 6,3 V1 9
PAÇOS DE FERREIRA I2 1990 7,3 V2 13
PALMELA I1 1190 5,3 V3 13
PAMPILHOSA DA SERRA I3 2230 6,7 V3 15
PAREDES I2 1740 7,0 V1 13
PAREDES DE COURA I3 2180 6,3 V2 13
PEDRÓGÃO GRANDE I2 1910 6,3 V3 15
PENACOVA I2 1510 6,3 V2 13
PENAFIEL I2 1750 7,0 V2 13
PENALVA DO CASTELO I2 2090 7,7 V1 14
PENAMACOR I2 1970 7,0 V3 16
PENEDONO I3 2780 7,3 V2 14
PENELA I2 1920 6,0 V2 14
PENICHE I1 1260 5,7 V1 6
PESO DA RÉGUA I2 2040 6,3 V3 15
PINHEL I3 2390 7,7 V2 15
POMBAL I2 1580 6,0 V2 12
PONTE DA BARCA I3 2230 7,0 V2 14
PONTE DE LIMA I2 1790 6,3 V2 13
PONTE DE SOR I1 1440 6,0 V3 17
PORTALEGRE I2 1740 6,7 V3 14
PORTEL I1 1400 5,7 V3 17
PORTIMÃO I1 940 5,3 V1 11
PORTO I2 1610 6,7 V1 9
PORTO DE MÓS I2 1980 6,0 V1 13
PÓVOA DE VARZIM I2 1570 6,7 V1 10
PÓVOA DO LANHOSO I2 1810 7,0 V2 14
PROENÇA-A-NOVA I2 1840 6,3 V3 16
REDONDO I1 1400 6,0 V3 17
REGUENGOS DE MONSARAZ I1 1310 6,0 V3 17
RESENDE I3 2500 6,7 V3 14
RIBEIRA DE PENA I3 2600 7,7 V2 14

A4
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

RIO MAIOR I2 1570 6,0 V2 13


SABROSA I3 2380 6,7 V3 16
SABUGAL I3 2450 7,3 V2 16
SALVATERRA DE MAGOS I1 1250 5,3 V3 15
SANTA COMBA DÃO I1 1420 7,3 V2 13
SANTA MARTA DE PENAGUIÃO I2 2100 6,3 V3 15
SANTARÉM I1 1440 5,7 V3 14
SANTIAGO DO CACÉM I1 1320 5,7 V2 14
SANTO TIRSO I2 1830 7,0 V2 13
SÃO BRÁS DE ALPORTEL I1 1460 5,3 V2 13
SÃO JOÃO DA MADEIRA I2 1670 6,7 V1 11
SÃO JOÃO DA PESQUEIRA I3 2310 7,0 V3 15
SÃO PEDRO DO SUL I2 2000 7,3 V2 13
SARDOAL I2 1830 6,0 V3 17
SÁTÃO I3 2310 7,3 V2 14
SEIA I3 2520 7,7 V2 14
SEIXAL I1 1130 5,3 V2 11
SERNANCELHE I3 2600 7,0 V2 14
SERPA I1 1330 5,7 V3 17
SERTÃ I2 1980 6,3 V3 16
SESIMBRA I1 1190 5,3 V2 10
SETÚBAL I1 1190 5,3 V2 12
SEVER DO VOUGA I2 1730 7,0 V1 12
SILVES I1 1180 5,7 V2 14
SINES I1 1150 5,3 V1 10
SINTRA I1 1430 6,0 V1 8
SOBRAL DE MONTE AGRAÇO I1 1500 5,7 V2 11
SOURE I1 1490 6,0 V2 13
SOUSEL I1 1290 6,0 V3 16
TÁBUA I2 1620 7,0 V2 14
TABUAÇO I3 2460 6,3 V3 15
TAROUCA I3 2670 6,3 V3 15
TAVIRA I1 1290 4,7 V2 13
TERRAS DE BOURO I3 2420 7,0 V2 13
TOMAR I2 1650 6,0 V3 15
TONDELA I2 1640 7,3 V2 12
TORRE DE MONCORVO I3 2330 8,0 V2 15
TORRES NOVAS I2 1540 6,0 V3 14
TORRES VEDRAS I1 1310 5,7 V1 9
TRANCOSO I3 2450 7,7 V2 13
TROFA I2 1670 7,0 V1 11
VAGOS I1 1470 6,7 V1 10
VALE DE CAMBRA I2 2100 7,0 V1 12
VALENÇA I2 1820 6,3 V2 13
VALONGO I2 1750 7,0 V1 12
VALPAÇOS I3 2570 7,3 V3 17
VENDAS NOVAS I1 1320 5,3 V3 16
VIANA DO ALENTEJO I1 1300 5,3 V3 18
VIANA DO CASTELO I2 1760 6,3 V1 11
VIDIGUEIRA I1 1300 5,7 V3 17
VIEIRA DO MINHO I3 2240 7,3 V2 13
VILA DE REI I2 1880 6,0 V3 16
VILA DO BISPO I1 960 5,0 V1 8
VILA DO CONDE I2 1590 6,7 V1 9
VILA FLOR I3 2330 7,7 V2 16
VILA FRANCA DE XIRA I1 1220 5,3 V3 13

A5
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

VILA NOVA DA BARQUINHA I2 1560 6,0 V3 15


VILA NOVA DE CERVEIRA I2 1830 6,3 V2 12
VILA NOVA DE FAMALICÃO I2 1690 7,0 V1 12
VILA NOVA DE FOZ CÔA I3 2210 7,7 V2 15
VILA NOVA DE GAIA I2 1640 6,7 V1 10
VILA NOVA DE OURÉM I2 1750 6,0 V2 14
VILA NOVA DE PAIVA I3 2590 7,0 V2 15
VILA NOVA POIARES I2 1580 6,3 V2 13
VILA POUCA DE AGUIAR I3 2860 7,7 V2 15
VILA REAL I3 2660 7,0 V2 15
VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO I1 1060 4,3 V3 12
VILA VELHA DE RÓDÃO I2 1510 6,7 V3 15
VILA VERDE I2 1770 6,7 V2 13
VILA VIÇOSA I1 1410 6,0 V3 17
VIMIOSO I3 2570 8,0 V2 15
VINHAIS I3 2830 7,7 V2 16
VISEU I2 1940 7,3 V2 14
VIZELA I2 1760 7,0 V2 14
VOUZELA I2 2010 7,3 V1 12

Quadro III.2 - Zonamento climático de Inverno (Portugal Continental). Alterações em função da altitude
dos locais
Altitude, z, do local (m)
Zona
climática de 400 < z ≤ 600 600 < z ≤ 1000 z > 1000
Inverno do Zona GD Zona GD Zona GD
concelho climática a (°C.dias) climática a (°C.dias) climática a (°C.dias)
(segundo o considerar na considerar na considerar na
quadro altitude z altitude z altitude z
III.1) indicada M indicada M indicada M
acima (meses) acima (meses) acima (meses)
z + 1500 z + 1700 z + 1900
I1 I2 I3 I3
6,7 7,3 8
z + 1700 z + 1900
I2 I2 quadro III.1 I3 I3
7,3 8
z + 1900
I3 I3 quadro III.1 I3 quadro III.1 I3
8

Quadro III.3 - Zonamento climático de Verão (Portugal Continental). Alterações em função da altitude
dos locais
Zona climática Altitude (z) do local [m]
de Verão
do concelho 600 < z ≤ 800 800 < z ≤ 1000 1000 < z ≤ 1200 z > 1200
V1 V1 V1 V1 V1
V2 V2 V1 V1 V1
V3 V2 V1 V1 V1

A6
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Quadro III.4 - Região Autónoma dos Açores. Duração média da estação convencional de aquecimento
Altitude, z (m) Duração média (meses)
z ≤ 100 4
100 < z ≤ 500 3+0,01 z
z > 500 8

Quadro III.6 - Região Autónoma da Madeira. Duração média da estação convencional de aquecimento
Altitude, z (m) Duração média (meses)
z ≤ 100 0,3
100 < z ≤ 700 8-7,7 (700- z) /600
z > 700 8

Quadro III.8 - Energia solar média mensal incidente numa superfície vertical orientada a Sul na estação
de aquecimento
Energia solar média incidente numa superfície vertical orientada a Sul na
estação de aquecimento

Zona de Inverno
GSul (kWh/m2.mês)
I1
Continente 108
Açores 70
Madeira 100
I2
Continente 93
Açores 50
Madeira 80
I3
Continente 90
Açores 50
Madeira 80

Quadro III.9 - Valores médios da temperatura do ar exterior θm e da intensidade da radiação solar Ir


(kWh/m2) para a estação convencional de arrefecimento (Junho a Setembro)
Zona θm N NE E SE S SW W NW Horiz.
V1 N 19 200 300 420 430 380 430 420 300 730
V1 S 21 200 310 420 430 380 440 430 320 760
V2 N 19 200 320 450 470 420 470 450 320 790
V2 S 23 200 340 470 460 380 460 470 340 820
V3 N 22 200 320 450 460 400 460 450 320 800
V3 S 23 210 330 460 460 400 470 460 330 820
Açores 21 190 270 360 370 340 370 360 270 640
Madeira 21 200 300 380 380 320 370 380 300 700

A7
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Quadro IV.1 - Valores convencionais de Rph (h-1) para edifícios de habitação


Permeabilidade ao ar das caixilharias
Edifícios
(de acordo com EN 12207)
Dispositivos conformes
Classe de Sem
de Admissão Classe 1 Classe 2 Classe 3 com NP
Exposição classificação
na fachada 1037-1
Caixa de estore Caixa de estore Caixa de estore Caixa de estore
sim não sim não sim não sim não
sim 0,90 0,80 0,85 0,75 0,80 0,70 0,75 0,65
Exp. 1
não 1,00 0,90 0,95 0,85 0,90 0,80 0,85 0,75
sim 0,95 0,85 0,90 0,80 0,85 0,75 0,80 0,70
Exp. 2
não 1,05 0,95 1,00 0,90 0,95 0,85 0,90 0,80 0,60
sim 1,00 0,90 0,95 0,85 0,90 0,80 0,85 0,75
Exp. 3
não 1,10 1,00 1,05 0,95 1,00 0,90 0,95 0,85
sim 1,05 0,95 1,00 0,90 0,95 0,85 0,90 0,80
Exp. 4
não 1,15 1,05 1,10 1,00 1,05 0,95 1,00 0,90

Notas: Quando as aberturas de ventilação para admissão de ar praticadas nas fachadas não forem
dimensionadas de forma a garantir que, para diferenças de pressão entre 20 Pa e 100 Pa o caudal
não varie mais do que 1,5 vezes (ou seja, se não forem auto-reguláveis), os valores do quadro IV.1
devem ser agravados de 0,10.
Quando a área de vãos envidraçados for superior a 15% da área útil de pavimento, os valores do
quadro IV.1 devem ser agravados de 0,10.
Se todas as portas do edifício ou fracção autónoma forem bem vedadas por aplicação de
borrachas ou equivalente em todo o seu perímetro, os valores indicados no quadro IV.1 para
edifícios não conformes com a NP 1037-1 podem ser diminuídos de 0,05.

Quadro IV.2 - Classes de exposição ao vento das fachadas do edifício ou da fracção autónoma
Altura acima do Região A Região B
solo I II III I II III
< 10 m Exp. 1 Exp. 2 Exp. 3 Exp. 1 Exp. 2 Exp. 3
10 m a 18 m Exp. 1 Exp. 2 Exp. 3 Exp. 2 Exp. 3 Exp. 4
18 m a 28 m Exp. 2 Exp. 3 Exp. 4 Exp. 2 Exp. 3 Exp. 4
>28 m Exp. 3 Exp. 4 Exp. 4 Exp. 3 Exp. 4 Exp. 4

Notas: Região - A -Todo o território Nacional, excepto os locais pertencentes a B.


Região - B - Região Autónoma dos Açores e da Madeira e as localidades situadas numa faixa de 5
km de largura junto à costa e/ou de altitude superior a 600 m.
Rugosidade I - Edifícios situados no interior de uma zona urbana.
Rugosidade II - Edifícios situados na periferia de uma zona urbana ou numa zona rural.
Rugosidade III - Edifícios situados em zonas muito expostas (sem obstáculos que atenuem o
vento).

Quadro IV.3 – Ganhos térmicos internos médios por unidade de área útil de pavimento
Tipo de edifício qi (W/m2)
Residencial 4
Serviços, do tipo escritórios, comércio, restauração, consultórios,
7
serviços de saúde com internamento, etc.
Hotéis 4
Outros edifícios com pequena carga de ocupação 2

Nota: Podem ser adoptados valores de qi diferentes dos indicados no quadro IV.3 desde que
devidamente justificados e comprovados, e aceites pela entidade licenciadora.

A8
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Quadro IV.4 – Factor de orientação


Octante N Octantes NE e Octantes Octantes Octante S Horizontal
NW EeW SE e SW
X 0,27 0,33 0,56 0,84 1,00 0,89

Quadro IV.5 – Fracção envidraçada para diferentes tipos de caixilharia


Tipo de caixilharia Fg
Caixilho sem Caixilho com
quadrícula quadrícula
Janelas de alumínio ou aço 0,70 0,60
Janelas de madeira ou PVC 0,65 0,57
Fachadas-cortina de alumínio ou aço 0,90 -

Quadro V.1 – Valores do factor de sombreamento dos elementos horizontais, Fo - Situação de Verão

Latitude 39º (Continente e Açores)


Ângulo da pala N NE/NW E/W SE/SW S
0º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
30º 0,98 0,86 0,75 0,68 0,63
45º 0,97 0,78 0,64 0,57 0,55
60º 0,94 0,70 0,55 0,50 0,52
Latitude 33º Madeira
Ângulo da pala N NE/NW E/W SE/SW S
0º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
30º 0,97 0,84 0,74 0,69 0,68
45º 0,95 0,76 0,63 0,60 0,62
60º 0,92 0,68 0,55 0,54 0,60

A9
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Quadro V.2 – Valores do factor de sombreamento dos elementos verticais, Ff


Situação de Verão
Ângulo
Posição da pala vertical
da pala N NE E SE S SW W NW
(corte horizontal)
vertical
0º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

30º 1,00 0,86 0,95 0,96 0,91 0,91 0,96 1,00

45º 1,00 0,78 0,93 0,95 0,87 0,85 0,96 1,00

60º 1,00 0,69 0,88 0,93 0,84 0,77 0,95 1,00

0º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

30º 1,00 1,00 0,96 0,91 0,91 0,96 0,95 0,86

45º 1,00 1,00 0,96 0,85 0,87 0,95 0,93 0,78

60º 1,00 1,00 0,95 0,77 0,84 0,93 0,88 0,69

0º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

30º 1,00 0,86 0,90 0,91 0,82 0,91 0,90 0,86

45º 1,00 0,78 0,92 0,84 0,74 0,84 0,92 0,78

60º 1,00 0,69 0,86 0,75 0,67 0,75 0,86 0,69

Quadro V.3 – Valores do factor de correcção da selectividade angular dos envidraçados, Fw -


Situação de Verão
N NE/NW E/W SE/SW S
Vidro simples 0,85 0,90 0,90 0,90 0,80
Vidro duplo 0,80 0,85 0,85 0,85 0,75

A10
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Quadro V.4 – Valores do factor solar de vãos com protecção solar activada a 100% e vidro incolor
corrente g´⊥
Vidro simples Vidro duplo
Tipo de protecção Cor da protecção Cor da protecção
Clara Média Escura Clara Média Escura
Protecções exteriores
Portada de madeira 0,04 0,07 0,09 0,03 0,05 0,06
Persiana:
- réguas de madeira 0,05 0,08 0,10 0,04 0,05 0,07
- réguas metálicas ou plásticas 0,07 0,10 0,13 0,04 0,07 0,09
Estore veneziano:
- lâminas de madeira - 0,11 - - 0,08 -
- lâminas metálicas - 0,14 - - 0,09 -
Estore:
- lona opaco 0,07 0,09 0,12 0,04 0,06 0,08
- lona pouco transparente 0,14 0,17 0,19 0,10 0,12 0,14
- lona muito transparente 0,21 0,23 0,25 0,16 0,18 0,20

Protecções interiores
Estores de lâminas 0,45 0,56 0,65 0,47 0,59 0,69
Cortinas:
- opacas 0,33 0,44 0,54 0,37 0,46 0,55
- ligeiramente transparentes 0,36 0,46 0,56 0,38 0,47 0,56
- transparentes 0,38 0,48 0,58 0,39 0,48 0,58
- muito transparentes 0,70 - - 0,63 - -

Portadas de madeira (opacas) 0,30 0,40 0,50 0,35 0,46 0,58


Persianas de madeira 0,35 0,45 0,57 0,40 0,55 0,65
Protecção entre dois vidros
- estore veneziano, laminas delgadas - - - 0,28 0,34 0,40

Nota: São consideradas protecções ligeiramente transparentes as protecções com factor de


transparência compreendido entre 5 e 15%, transparentes aquelas em que o factor de
transparência (transmitância solar τ) está compreendido entre 15 e 25% e muito transparentes
aquelas em que o factor de transparência é superior a 25%.
A cor da protecção é definida em função do coeficiente de reflexão da superfície exterior da
protecção, complementar do coeficiente de absorção, encontrando-se no quadro V.5 a
correspondência com algumas cores típicas, a título ilustrativo.
Além dos valores do g⊥’ indicados no quadro V.4, será possível adoptar valores de acordo com as
normas ISO15099:2003, EN13363:2003, E13363-2:2005 ou através de propriedades declaradas
pelos fabricantes no âmbito da marcação CE das protecções, de homologações ou de aprovações
técnicas europeias.

A11
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Quadro V.5 - Cor da superfície exterior da protecção solar


Cor da protecção Clara Média Escura
Coeficiente de absorção solar
da superfície exterior da 0,4 0,5 0,8
protecção
branco vermelho escuro castanho
creme verde claro verde escuro
Cor amarelo azul claro azul vivo
laranja azul escuro
vermelho claro preto

Quadro VI.1 - Número convencional de ocupantes em função da tipologia da fracção autónoma


Tipologia T0 T1 T2 T3 … Tn
nº de ocupantes 2 2 3 4 … n+1

Nota: Admite-se que os edifícios de serviços sujeitos ao RCCTE são pequenos consumidores de AQS,
sendo o respectivo consumo total diário, MAQS, de 100 litros. Todavia são aceites outros valores
(incluindo um valor nulo) devidamente justificados pelo projectista e aceites pela entidade
licenciadora.

Quadro VI.2 - Número anual de dias de consumo de AQS


Tipo de edifícios Utilização nd
Edifícios residenciais permanente 365
permanente 365
encerrado 1 dia por semana 313
Edifícios de serviços
encerrado 1,5 dias por semana 287
encerrado 2 dias por semana 261

Quadro VI.3 – Eficiência de conversão para os sistemas convencionais de produção de AQS


Eficiência de
Sistemas convencionais de produção de AQS
conversão ηa
com pelo menos 100 mm de isol. térmico 0,95
termoacumulador eléctrico com 50 a 100 mm de isolamento térmico 0,90
com menos de 50 mm de isolamento térmico 0,80
com pelo menos 100 mm de isol. térmico 0,80
termoacumulador a gás com 50 a 100 mm de isolamento térmico 0,75
com menos de 50 mm de isolamento térmico 0,70
com pelo menos 100 mm de isol. térmico 0,87
caldeira mural com
com 50 a 100 mm de isolamento térmico 0,82
acumulação
com menos de 50 mm de isolamento térmico 0,65
esquentador a gás - 0,50

Notas: Os valores do quadro VI.3 são normalmente penalizadores relativamente aos valores
nominais dos equipamentos disponíveis no mercado.
Se as redes de distribuição de água quente internas à fracção autónoma não forem isoladas com
pelo menos 10 mm de isolamento térmico (ou resistência térmica equivalente da tubagem
respectiva), os valores de ηa tabelados no quadro VI.3 deverão ser diminuídos de 0,10.

A12
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Quadro VI. 4 – Eficiência nominal dos sistemas de aquecimento e arrefecimento


Sistema Eficiência nominal η
Resistência eléctrica 1,00
Gasoso 0,87
Caldeira com combustível Liquido 0,80
sólido 0,60
Aquecimento 4,00
Bomba de calor
Arrefecimento 3,00
Ciclo de compressão 3,00
Maquina frigorifica
Ciclo de absorção 0,80

Quadro VII.7 – O factor de redução ri em função da qualidade térmica dos revestimentos superficiais
interiores
Factor de
Elemento construtivo Resistência térmica (m2 ºC/W)
correcção r
R ≤ 0,14 1
Elemento da envolvente exterior 0,5
ou “interior” 0,14 < R ≤ 0,30
R > 0,30 0
Elemento de compartimentação R ≤ 0,14 1
interior (parede ou pavimento) R > 0,14 numa das faces de elemento 0,75
R > 0,14 em ambas das faces de elemento 0,50

Quadro IX.1 - Coeficientes de transmissão térmica superficiais máximos admissíveis de elementos opacos
(U- W/m2. ºC)
Zona climática (*)
Elemento da envolvente
I1 I2 I3
Elementos exteriores em zona corrente (**):

Zonas opacas verticais 1,80 1,60 1,45


Zonas opacas horizontais 1,25 1,00 0,90

Elementos interiores em zona corrente (***):

Zonas opacas verticais 2,00 2,00 1,90


Zonas opacas horizontais 1,65 1,30 1,20

(*) Vd. quadro III.1


(**) Incluindo elementos interiores em situações em que τ > 0,7
(***) Para outros edifícios e zonas anexas não úteis

Nota Nenhuma zona de qualquer elemento opaco da envolvente, incluindo zonas de ponte térmica
plana, nomeadamente pilares, vigas, caixas de estore, pode ter um valor de U, calculado de forma
unidimensional na direcção normal à envolvente, superior ao dobro do dos elementos homólogos
(verticais ou horizontais) em zona corrente, respeitando sempre, no entanto, os valores máximos
indicados no quadro IX.1.

A13
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Quadro IX.2 - Factores solares máximos admissíveis de vãos envidraçados com mais de 5% da área útil
do espaço que servem (g´⊥)
Zona climatica (*)
V1 V2 V3
Classe de inércia térmica (**)

Fraca 0,15 0,15 0,10


Média 0,56 0,56 0,50
Forte 0,56 0,56 0,50

Nota: Os requisitos do quadro IX.2 são relativos aos vãos envidraçados não orientados a Norte (entre
Noroeste e Nordeste).

Quadro IX.3 - Coeficientes de transmissão térmica superficiais de referência (U-W/m2. ºC)


Zona climática (*)
Elemento da envolvente
I1 I2 I3 RA (**)
**
Elementos exteriores em zona corrente ( ):

Zonas opacas verticais


Zonas opacas horizontais 0,70 0,60 0,50 1,40
0,50 0,45 0,40 0,80

Elementos interiores em zona corrente (***):

Zonas opacas verticais


Zonas opacas horizontais 1,40 1,20 1,00 2,00
1,00 0,90 0,80 1,25

Envidraçados (****) 4,30 3,30 3,30 4,30

(*) Vd. quadro III.1


(**) Regiões Autónomas da Madeira e Açores, apenas para edifícios na zona I1
(***) Para outros zonas anexas não úteis
(****) Valor médio dia-noite (inclui efeito do dispositivo de protecção nocturna) para vãos
envidraçados verticais - os vãos envidraçados horizontais consideram-se sempre como se instalados em
locais sem ocupação nocturna

Quadro IX.4 - Factores solares de referência


Zona climática
V1 V2 V3
0,25 0,20 0,15

Nota: Estes valores do factor solar são correspondentes ao vão envidraçado com o(s) respectivo(s)
dispositivo(s) de protecção 100% activo(s).

A14
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Tabela IV.1 - Valores do coeficiente τ

Ai/Au*
Tipo de espaço não-útil
0 ≤ Ai/Au <1 1 ≤ Ai/Au ≤10 Ai/Au > 10
1. Circulação comum
1.1 sem abertura directa para o exterior 0,6 0,3 0
a) Área de aberturas
1.2 com abertura
permanentes /volume total < 0,8 0,5 0,1
permanente para o
0,05 m2/m3
exterior (p.ex., para
b) Área de aberturas
ventilação/
permanentes /volume total ≥ 0,9 0,7 0,3
desenfumagem)
0,05 m2/m3
2. Espaços comerciais 0,8 0,6 0,2
3. Edifícios adjacentes 0,6 0,6 0,6
4. Armazéns 0,95 0,7 0,3
5. Garagens
5.1 Privada 0,8 0,5 0,3

5.2 Colectiva 0,9 0,7 0,4

5.3 Pública 0,95 0,8 0,5


6. Varandas, marquises e similares (**) 0,8 0,6 0,2
7.Coberturas sobre desvão não-habitado (acessível ou
não) (***)
7.1 Desvão não ventilado 0,8 0,6 0,4

7.2 Desvão fracamente ventilado 0,9 0,7 0,5

7.3 Desvão fortemente ventilado 1,0

(*) Ai - área do elemento que separa o espaço útil interior do espaço não-útil;
Au - área do elemento que separa o espaço não-útil do ambiente exterior;
(**) Corresponde aos espaços do tipo varandas e marquises fechadas, ou equivalentes, em que a
envolvente de separação com os espaços aquecidos deve satisfazer, obrigatoriamente, os
requisitos mínimos de coeficiente de transmissão térmica (U) fixados no quadro IX.1.
(***) Os valores de τ indicados neste ponto aplicam-se aos desvãos não-habitados (não-úteis) de
coberturas inclinadas, acessíveis ou não. No caso dos desvãos acessíveis, estes podem não ter
qualquer uso ou ser utilizados, nomeadamente, como zona de arrecadações ou espaços técnicos. A
caracterização da ventilação baseia-se nas definições que constam do Anexo II do Regulamento.

Nota: Sempre que τ > 0,7, ao elemento que separa o espaço útil interior do espaço não-útil aplicam-se os
requisitos mínimos fixados nos quadros IX.1 e IX.2 para os elementos exteriores da envolvente
(vd. nº 2 do art. 18.º do texto regulamentar).

A15
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Tabelas IV.2 – Coeficientes de transmissão térmica linear - Valores de ψ para elementos


em contacto com o terreno

O coeficiente de transmissão térmica linear ψ, depende da diferença de nível, z, entre a face


superior do pavimento e a cota do terreno exterior. O valor de z é negativo sempre que a cota do
pavimento for inferior à do terreno exterior e positivo no caso contrário.
Não se contabilizam perdas térmicas lineares de elementos em contacto com o terreno nas
seguintes situações:
• espaços não-úteis (locais não-aquecidos);
• paredes interiores separando dois espaços úteis, ou um espaço útil de um espaço não-útil
(local não-aquecido), desde que τ ≤ 0,7.

Pavimentos em contacto com o terreno

Figura IV.2: Pavimento em contacto com o terreno sem isolante térmico

Figura IV.3: Pavimentos em contacto com o terreno com isolante térmico perímetral

A16
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Tabela IV.2.1 – Valores de ψ de pavimentos em contacto com o terreno, sem isolante térmico

Z (m) ψ (W/m ºC)

< -6,00 0
-6,00 a –1,25 0,50
-1,20 a 0 1,50
0,05 a 1,50 2,50

Tabela IV.2.2 – Valores de ψ de pavimentos em contacto com o terreno, com isolante térmico (W/m ºC)

Resistência térmica do isolante R (m2 ºC/W)


Z (m)
R < 0,5 R ≥ 0,5

de -1,20 a 0,00 1,40 1,20


de 0,05 a 1,50 2,00 1,80

Paredes em contacto com o terreno

Figura IV.4: Parede em contacto com o terreno

Tabela IV.2.3 – Valores de ψ de paredes em contacto com o terreno

ψ (W/m ºC)

Z Coeficiente de transmissão térmica da parede U (W/m2.ºC)


[m]
0,40 0,64 1,00 1,20 1,50 1,80
a a a a a a
0,64 0,99 1,19 1,49 1,79 2,00
< -6,00 1,55 1,90 2,25 2,45 2,65 2,75
-6,00 a –3,05 1,35 1,65 1,90 2,05 2,25 2,50
-3,00 a –1,05 0,80 1,10 1,30 1,45 1,65 1,75
-1,00 a 0,00 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80

A17
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Tabelas IV.3 – Coeficientes de transmissão térmica linear


∼ valores de ψ para pontes térmicas lineares ∼

Indicam-se nos quadros seguintes os valores de ψ para as situações mais correntes de pontes
térmicas lineares, nomeadamente:
¾ Ligação da Fachada com os Pavimentos térreos (tipo - A);
¾ Ligação da Fachada com Pavimentos sobre LNA´s ou exteriores (tipo - B);
¾ Ligação da Fachada com Pavimentos intermédios (tipo - C);
¾ Ligação da Fachada com Cobertura inclinada ou Terraço (tipo - D);
¾ Ligação da Fachada com Varanda (tipo - E);
¾ Ligação entre duas Paredes verticais (tipo - F);
¾ Ligação da Fachada com Caixa de estore (tipo - G);
¾ Ligação da Fachada com Padieira, Ombreira ou Peitoril (tipo - H).

Para outras situações muito distintas das indicadas, podem ser adoptados valores de ψ
calculados por metodologia adequada, segundo a norma EN ISO 10211-1 (devidamente
justificados pelo responsável pela aplicação do RCCTE), ou utilizar-se um valor convencional
de ψ = 0,5 W/m.ºC.

Não se contabilizam pontes térmicas lineares (ψ = 0) nos seguintes casos:


• paredes interiores intersectando a cobertura e pavimentos, quer sobre o exterior, quer sobre
espaços não-úteis (locais não-aquecidos);
• paredes interiores separando um espaço útil de um espaço não-útil adjacente desde que τ ≤
0,7.

Nota: Algumas das situações de ponte térmica apresentadas foram corrigidas em relação a versão do
regulamento por forma a que o isolamento térmico surge colado ao pano interior como é
conceptualmente correcto.

A18
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

A. Ligação da Fachada com Pavimentos térreos

Isolamento pelo interior

TABELA Ai – Valores de ψ [W/m.ºC]


ep
z
[m]
[m]
0,15 0,20 ≥ 0,25
0 a +0,40 0,50 0,55 0,65
> +0,40 0,65 0,75 0,85

Isolamento pelo exterior

TABELA Ae – Valores de ψ [W/m.ºC]


d
z
[m]
[m]
<0 de 0 a 0,60 > 0,60
0 a +0,40 0,60 0,30 0,15
> +0,40 0,80 0,45 0,25

Isolamento repartido ou isolante na caixa-de-ar de paredes duplas

TABELA Ar – Valores de ψ [W/m.ºC]


ep
z
[m]
[m]
0,15 0,20 ≥ 0,25
0 a +0,40 0,45 0,50 0,60
> +0,40 0,60 0,70 0,80

Nota: Quando o pavimento térreo não tem isolante térmico, os valores de ψ para Ai, Ae e Ar agravam-se
em 50%!

A19
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

B - Ligação da Fachada com Pavimentos sobre locais não aquecidos

Isolamento pelo interior

TABELA Bi.1 – Valores de ψ [W/m ºC]


ep
[m]
0,15 0,20 0,25 ≥ 0,35
0,55 0,65 0,75 0,85

0,15 m < em* < 0,30 m


* Se não for em betão, a parede deve ter uma
espessura superior a 0,22 m.

TABELA Bi.2 – Valores de ψ [W/m.ºC]


ep
[m]
0,15 0,20 0,25 ≥ 0,35
0,20 0,25 0,30 0,35

0,15 m < em* < 0,30 m


* Se não for em betão, a parede deve ter uma
espessura superior a 0,22 m.

Isolamento pelo exterior

TABELA Be.1 – Valores de ψ [W/m.ºC]


em*
d
[m]
[m]
0,15 0,20 0,25 ≥ 0,35
0< d ≤0,30 0,40 0,45 0,50 0,55

* Se não for em betão, a parede deve ter uma


espessura superior a 0,22 m.

A20
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

TABELA Be.2 – Valores de ψ [W/m.ºC]


em*
d
[m]
[m]
0,15 0,20 0,25 ≥ 0,35
0≤ d ≤0,30 0,45 0,50 0,55 0,60

* Se não for em betão, a parede deve ter uma


espessura superior a 0,22 m

Isolamento repartido ou isolante na caixa-de-ar de paredes duplas

TABELA Br.1 – Valores de ψ [W/m.ºC]


ep
[m]
0,15 0,20 0,25 ≥ 0,35
0,60 0,65 0,70 0,80

TABELA Br.2 – Valores de ψ [W/m.ºC]


ep
[m]
0,15 0,20 0,25 ≥ 0,35
0,50 0,55 0,60 0,70

A21
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

C - Ligação da Fachada com Pavimentos Intermédios

Isolamento pelo interior

TABELA Ci – Valores de ψsup e ψinf [W/m.ºC]


ep
em*
[m]
[m]
0,15 0,20 0,25 ≥ 0,35
0,15 a 0,22 0,35 0,40 0,45 0,55
0,22 a 0,30 0,30 0,35 0,40 0,50
≥ 0,30 0,25 0,30 0,35 0,45

* Se não for em betão, a parede deve ter uma


espessura superior a 0,22 m.

Isolamento pelo exterior

Tabela Ce

ψsup = ψinf = 0,10 W/m.ºC

0,15 m < em* < 0,30 m

* Se não for em betão, a parede deve ter uma


espessura superior a 0,22 m.

Isolamento repartido ou isolante na caixa-de-ar de paredes duplas

TABELA Cr – Valores de ψsup e ψinf [W/m.ºC]


ep
em*
[m]
[m]
0,15 0,20 0,25 ≥ 0,35
≥ 0,30 0,15 0,20 0,25 0,30

* Se não for em betão, a parede deve ter uma


espessura superior a 0,22 m

Nota: ψsup. = ψinf.


Para compartimentos contíguos de habitações distintas ψ = ψsup. = ψinf.
Para compartimentos contíguos da mesma habitação ψ = ψsup. + ψinf.

A22
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

D - Ligação da Fachada com Cobertura Inclinada ou Terraço

Isolamento pelo interior da parede de fachada e pelo exterior da cobertura

TABELA Di. – Valores de ψ [W/m.ºC]


ep
[m]
0,15 0,20 0,25 ≥ 0,35
0,65 0,75 0,85 0,90

0,15 m < em* < 0,30 m


* Se não for em betão, a parede deve ter uma espessura
superior a 0,22 m

Isolamento pelo exterior


D. e.1) Isolamento contínuo pelo exterior

TABELA De. – Valores de ψ [W/m.ºC]


ep
[m]
0,15 0,20 0,25 ≥ 0,35
0,35 0,45 0,50 0,55

0,15 m < em* < 0,30 m


* Se não for em betão, a parede deve ter uma espessura
superior a 0,22 m.

D. e.2) Isolamento não contínuo → Considerar os valores de ψ da tabela Di.

Isolamento repartido ou isolante na caixa-de-ar da parede de fachada e isolamento pelo exterior da


cobertura

TABELA Dr. – Valores de ψ [W/m.ºC]


ep
[m]
0,15 0,20 0,25 ≥ 0,35
0,50 0,60 0,70 0,75

A23
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

E - Ligação da Fachada com Varanda

Isolamento pelo interior Isolamento pelo exterior

Isolamento repartido ou isolante na caixa-de-ar de paredes duplas

TABELA Ei, Ee e Er – Valores de ψsup e ψinf [W/m.ºC]


ep
em*
[m]
[m]
0,15 0,20 0,25 ≥ 0,35
*0,15 a 0,22 0,40 0,45 0,50 0,55
0,22 a 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50
≥ 0,30 0,30 0,35 0,40 0,45

* Se não for em betão, a parede deve ter uma espessura superior a 0,22 m.

Nota: ψsup. = ψinf.


Para compartimentos contíguos de habitações distintas ψ = ψsup. = ψinf.
Para compartimentos contíguos da mesma habitação ψ = ψsup. + ψinf.

A24
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

F - Ligação entre duas Paredes verticais

Isolamento pelo interior

TABELA Fi – Valores de ψ [W/m.ºC]


em*
[m]
≤ 0,22 ≥ 0,22
0,20 0,25

* Se não for em betão, a parede deve ter uma espessura


superior a 0,22 m.

Isolamento pelo exterior

TABELA Fe – Valores de ψ [W/m.ºC]


em*
[m]
≤ 0,22 ≥ 0,22
0,10 0,15

* Se não for em betão, a parede deve ter uma espessura


superior a 0,22 m.

Isolamento repartido ou isolante na caixa-de-ar

TABELA Fr – Valores de ψ [W/m.ºC]


em*
[m]
≥ 0,22
0,20

* Se não for em betão, a parede deve ter uma espessura


superior a 0,22 m.

A25
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

G - Ligação da Fachada com Caixa de estore

Isolamento pelo interior

ψ = 0 W/m.ºC

Isolamento pelo exterior

ψ = 0 W/m.ºC

Isolamento repartido ou isolante na caixa-de-ar de paredes duplas

ψ = 0 W/m.ºC

Nota: A resistência térmica do isolante da caixa-de-estore, R, deve ser maior ou igual a 0,5 m2.ºC/W.
No caso da caixa-de-estore apresentar uma configuração diferente da apresentada considerar ψ
= 1 W/m.ºC.

A26
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

H - Ligação Fachada /Padieira ou Peitoril

Isolamento pelo interior

ψ = 0 W/m.ºC

Isolamento pelo exterior

ψ = 0 W/m.ºC

Isolamento repartido ou isolante na caixa-de-ar de paredes duplas

ψ = 0 W/m.ºC

Nota: Se não houver contacto do isolante térmico com a caixilharia considerar o valor de ψ = 0,2
W/m.ºC.
Em paredes duplas considera-se que há continuidade do isolante térmico quando este for
complanar com a caixilharia.

A27
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Tabela IV.4 Valores do factor solar dos envidraçados

Tabela IV.4.1 – Factor solar de alguns tipos de vidro (g⊥v)

Tipo Factor solar


Vidro simples

incolor
4 mm 0,88
5 mm 0,87
6 mm 0,85
8 mm 0,82

colorido na massa (bronze, cinza, verde)

4 mm 0,70
5 mm 0,65
6 mm 0,60
8 mm 0,55

reflectante incolor
4 a 8 mm 0,60

reflectante colorido na massa (bronze, cinza, verde)

4 e 5 mm 0,50
6 e 8 mm 0,45

Vidro duplo

incolor + incolor

(4 a 8) mm + 4 mm 0,78
(4 a 8) mm + 5 mm 0,75

colorido na massa + incolor

4 mm + (4 a 8) mm 0,60
5 mm + (4 a 8) mm 0,55
6 mm + (4 a 8) mm 0,50
8 mm + (4 a 8) mm 0,45

reflectante incolor + incolor

(4 a 8) mm + (4 a 8) mm 0,52

reflectante colorido na massa + incolor

(4 e 5) mm + (4 a 8) mm 0,40
(6 e 8) mm + (4 a 8) mm 0,35

Tijolo de vidro (incolor e sem relevos) 0,57

A28
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Tabela IV.4.2 - Factor solar de alguns tipos de envidraçados plásticos

Tipo Factor solar


Policarbonato simples

incolor cristalino (transparente)

4 a 6 mm 0,85
8 a 10 mm 0,80
12 mm 0,78

incolor translúcido

4 a 6 mm 0,50

Policarbonato alveolar incolor

1 alvéolo
6 a 8 mm 0,86
10 a 16 mm 0,84

2 alvéolos
6 a 16 mm 0,82

Acrílico incolor cristalino (transparente)

4 a 6 mm 0,85
8 a 10 mm 0,80
12 mm 0,78

Nota: Alem dos valores indicados nas tabelas IV.4.1 e IV.4.2, será possível adoptar valores do factor
solar dos vidros das seguintes formas:
-Normas EN 410, ISSO 9050;
-Propriedades declaradas pelos fabricantes no âmbito da marcação CE dos vidros, de
homologações ou de aprovações técnicas europeias;
-Na fase de projecto será admissível recorrer a base de dados reconhecidas e idóneas (ex. wis,
optics), cujas propriedades serão confirmadas após a construção com a declaração do fabricante
do vidro.

A29
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Tabela IV.5 - Valores do factor de Sombreamento do horizonte (Fh) – Situação de Inverno

Latitude 39º (Continente e Açores)


Ângulo do horizonte α Horizontal N NE/NW E/W SE/SW S
0º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
10º 0,99 1,00 0,96 0,94 0,96 0,97
20º 0,95 1,00 0,96 0,84 0,88 0,90
30º 0,82 1,00 0,85 0,71 0,68 0,67
40º 0,67 1,00 0,81 0,61 0,52 0,50
45º 0,62 1,00 0,80 0,58 0,48 0,45
Latitude 33º (Madeira)
Ângulo do horizonte α Horizontal N NE/NW E/W SE/SW S
0º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
10º 1,00 1,00 0,96 0,96 0,97 0,98
20º 0,96 1,00 0,91 0,87 0,90 0,93
30º 0,88 1,00 0,85 0,75 0,77 0,80
40º 0,71 1,00 0,81 0,64 0,59 0,58
45º 0,64 1,00 0,80 0,60 0,53 0,51

Nota: O ângulo de horizonte α, é definido como o ângulo entre o plano horizontal e a recta que passa
pelo centro do envidraçado e pelo ponto mais alto da maior obstrução existente entre dois planos
verticais que fazem 60º para cada um dos lados da normal ao envidraçado. As obstruções
situadas fora do ângulo diedro definido pelos dois planos que fazem 60º para cada um dos lados
da normal ao envidraçado não se consideram.
O ângulo do horizonte α, deve ser calculado, em cada edifício ou fracção autónoma, para cada
vão (ou para grupos de vãos semelhantes) de cada fachada. Caso não exista informação
disponível que permita o cálculo do ângulo de horizonte, Fh deve ser calculado por defeito
adoptando um ângulo de horizonte de 45º em ambiente urbano ou 20º para edifícios isolados fora
das zonas urbanas.
Por uma questão de simplificação, para α > 45º adoptam-se os valores de Fh correspondentes a
um ângulo α de 45º.

A30
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Tabela IV.6 - Valores do factor de Sombreamento por elementos horizontais (Fo) - Situação de Inverno

Latitude 39º (Continente e Açores)


Ângulo
N NE/NW E/W SE/SW S
da pala
0º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
30º 1,00 0,94 0,84 0,76 0,73
45º 1,00 0,90 0,74 0,63 0,59
60º 1,00 0,85 0,64 0,49 0,44
Latitude 33º (Madeira)
Ângulo
N NE/NW E/W SE/SW S
da pala
0º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
30º 1,00 0,92 0,82 0,68 0,45
45º 1,00 0,88 0,72 0,60 0,56
60º 1,00 0,83 0,62 0,48 0,43

Nota: Por uma questão de simplificação, para ângulos do elemento de sombreamento superiores a 60º
adoptam-se os valores de F0 correspondentes a um ângulo de 60º.

A31
Anexo A - Quadros e Tabelas Técnicas

Tabela IV.7- Valores do factor de Sombreamento por elementos verticais (Ff) – Situação de Inverno
Ângulo
Posição da pala vertical
da pala N NE E SE S SW W NW
(corte horizontal)
vertical
0º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

30º 1,00 1,00 1,00 0,97 0,93 0,91 0,87 0,89

45º 1,00 1,00 1,00 0,95 0,88 0,86 0,80 0,84

60º 1,00 1,00 1,00 0,91 0,83 0,79 0,72 0,80

0º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

30º 1,00 0,89 0,87 0,91 0,93 0,97 1,00 1,00

45º 1,00 0,84 0,80 0,86 0,88 0,95 1,00 1,00

60º 1,00 0,80 0,72 0,79 0,83 0,91 1,00 1,00

0º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

30º 1,00 0,89 0,86 0,88 0,85 0,88 0,86 0,89

45º 1,00 0,84 0,80 0,80 0,76 0,80 0,80 0,84

60º 1,00 0,80 0,71 0,71 0,65 0,71 0,71 0,80

Nota: O ângulo da pala verticalβ, deve ser medido a partir do ponto médio do vão envidraçado.
Por uma questão de simplificação, para ângulos do elemento de sombreamento superiores a 60º
adoptam-se os valores de Ff correspondentes a um ângulo de 60º.

A32
 
 
Anexo B
Exemplo de aplicação do RCCTE

B.1 Introdução
Com o objectivo de auxiliar o processo de assimilação dos conceitos apresentados na
primeira parte, apresenta-se de seguida um exemplo prático de aplicação do RCCTE a um
edifício de habitação unifamiliar. O exemplo, que tem como objectivo principal a
demonstração da verificação do RCCTE, consiste no seguinte conjunto de elementos:
• Caracterização do edifício;
• Verificação dos requisitos mínimos de qualidade térmica;
• Caracterização dos principais parâmetros utilizados no calculo dos índices N( );
• Limitação das necessidades globais de energia primária;
• Considerações finais;
• Folhas de cálculo.

B.2 Caracterização do edifício


B.2.1 Dados gerais
O edifício, com uma área útil de pavimento, Ap, de 163,12 m2, encontra-se inserido num
conjunto de lotes de moradias unifamiliares em banda. Situado no Monte de Caparica
(concelho de Almada) em zona muito exposta ao vento, à altitude de 50 m (figura B1a),
apresenta a orientação segundo o eixo Norte-Sul. O edifício em estudo desenvolve-se em
2 pisos, sendo o primeiro composto por garagem, hall, sala e cozinha, e o segundo, por
suite, três quartos e uma instalação sanitária, tal como representado na figura B1b.
Os revestimentos exteriores do edifício são de cores “claras”, não estando definidos
sistemas de aquecimento, arrefecimento e AQS. Considera-se, ainda, que o edifício será
abastecido por gás natural, que as redes de distribuição interna de água quente serão
isoladas com 12 mm de isolamento térmico e que os edifícios adjacentes serão
construídos em simultâneo.

B1
Anexo B - Exemplo de Aplicação

Figura B1a: Planta de implantação do edifício

Figura B1b: Plantas dos pisos

Figura B1c: Alçados Norte e Sul

B2
Anexo B - Exemplo de Aplicação

B.2.2 Caracterização térmica das soluções


construtivas
Nesta secção são descritas as características dos elementos construtivos do edifício em
estudo, em termos de coeficientes de transmissão térmica superficial, U, atribuindo ao
mesmo tempo às soluções construtivas códigos de identificação para um mais fácil
acompanhamento ao longo do processo de resolução.

O coeficiente de transmissão térmica, U, é um parâmetro utilizado para caracterização


térmica dos elementos construtivos que são atravessados por fluxos de calor
unidireccionais na direcção normal à envolvente. O coeficiente de transmissão térmica
é calculado pela expressão:

1
U = (W/m 2 .º C)
Rsi + ∑ R j + Rse
j

em que:

Rj resistência térmica da camada j (m2. ºC/W);


Rsi, Rse resistências térmicas superficiais interior e exterior, respectivamente (m2.
ºC/W);

A resistência térmica dos elementos opacos e homogéneos é calculada pela expressão:

ej
R= (m 2 º C/W)
λj

em que:

ej espessura da camada j (m);


λj condutibilidade térmica da camada j (W/m.ºC).

Para as camadas não homogéneas, o valor das correspondentes resistências térmicas


deve ser, quer calculado (EN ISO 6946), quer obtido directamente em tabelas (por ex. a
partir da ITE 50 [4]).

Os valores convencionais das resistências térmicas superficiais Rsi e Rse, bem como os
valores convencionais da condutibilidade térmica dos materiais correntes de
construção, constam da publicação ITE 50 [4].

Envolvente Opaca Exterior


PEzc – Paredes exteriores em zona corrente
Localização: Fachada.
Descrição: Parede dupla em alvenaria de tijolo 11+11 (Ralv11 = 0,27 m2.ºC/W – ITE 50;
mt = 240 kg/m2 – ITE 12) com a caixa-de-ar totalmente preenchida por 5 cm de
poliestireno expandido moldado (EPS15-20; λ = 0,040 W/m.ºC – ITE 50). Os

B3
Anexo B - Exemplo de Aplicação

revestimentos interior e exterior são conferidos por camadas de reboco com 1,5 cm de
espessura (argamassa1800-2000; λ = 1,3 W/m.ºC – ITE 50).

1
U= = 0,50 W/m 2 .º C
0,04 + 0,015 / 1,3 + 0,27 + 0 ,05 / 0 ,040 + 0,27 + 0 ,015 / 1,3 + 0 ,13

PEptp – Paredes exteriores em zona de ponte térmica plana (pilar e viga)


Localização: Fachada.
Descrição: Betão armado com 25 cm de espessura (betão2300-2400; λ = 2,0 W/m.ºC – ITE
50) com aplicação, na face interior, de 3 cm de poliestireno expandido moldado (EPS15-
20); os revestimentos interior e exterior são conferidos por camadas de reboco com
espessura de 0,5 cm e 1,5 cm, respectivamente.

1
U= = 0 ,94 W/m 2 .º C
0 ,04 + 0 ,015 / 1,3 + 0 ,25 / 2 ,0 + 0 ,03 / 0 ,040 + 0 ,005 / 1,3 + 0 ,13

CE – Cobertura exterior
Localização: Cobertura.
Descrição: Cobertura “invertida” com uma laje de betão armado de 15 cm de espessura,
revestida exteriormente por betonilha de regularização com 10 cm de espessura (betão1400-
1600; λ = 0,85 W/m.ºC – ITE 50), impermeabilização, placas de poliestireno extrudido
com 6 cm de espessura (XPS25-40; λ = 0,037 W/m.ºC – ITE 50) e lajetas pré-fabricadas, e
interiormente por uma camada de reboco com 3 cm de espessura.

U = 0,53 W/m2.ºC (ITE 50 – quadro II.14)

Envolvente Opaca Interior


PI.1zc – Parede interior tipo 1 em zona corrente
Localização: Zona de garagem em zona corrente; edifício adjacente em zona corrente.
Descrição: Solução idêntica à PEzc.

1
U= = 0 ,48 W/m 2 .º C
1 / 0 ,50 + 0 ,09

Nota: Neste caso a parede é considerada como envolvente interior, pelo que, de acordo com o
Decreto-Lei nº. 80/2006, Rse = Rsi. Este raciocínio está na base do cálculo de todos os
valores de U correspondentes a elementos de envolvente interior apresentados.

PI.1ptp – Parede interior tipo 1 em zona de ponte térmica plana


Localização: Zona de garagem em zona de ponte térmica plana; edifício adjacente em
zona de ponte térmica plana.
Descrição: Solução idêntica à PEptp.

B4
Anexo B - Exemplo de Aplicação

1
U= = 0 ,87 W/m 2 .º C
1 / 0 ,94 + 0 ,09

PI.2 – Parede interior tipo 2


Localização: Paredes de compartimentação interior (inclui a zona de cozinha adjacente ao
desvão sob escadas).
Descrição: Parede de alvenaria simples de tijolo furado de barro vermelho com 11 cm de
espessura revestida em ambas as faces por camada de reboco de 1,5 cm de espessura.

1
U= = 1,80 W/m 2 .º C
0 ,13 + 0 ,015 / 1,3 + 0 ,27 + 0 ,015 / 1,3 + 0 ,13

Pav.1 – Pavimento interior tipo 1


Localização: Pavimento de separação de pisos e pavimento do quarto sobre garagem.
Laje de betão com 15 cm de espessura, revestida na face superior por ladrilhos
hidráulicos (material cerâmico1200-1400; λ = 0,5 W/m.ºC – ITE 50) sobre betonilha de
regularização com 4 cm de espessura e na face inferior por uma camada de reboco com 3
cm de espessura.

1
U= = 2,10 W/m 2 .º C
0 ,17 + 0 ,005 / 0 ,5 + 0 ,04 / 0 ,85 + 0 ,15 / 2 ,0 + 0,03 / 1,3 + 0,17

Pav.2 – Pavimento interior tipo 2


Localização: Escadas.
Descrição: Laje soleira de betão com 15 cm de espessura, revestida na face superior por
ladrilhos hidráulicos sobre betonilha de regularização com 2 cm de espessura e na face
inferior por uma camada de reboco com 3 cm de espessura.

1
U= = 2 ,33 W/m 2 .º C
0 ,17 + 0 ,005 / 0 ,5 + 0 ,02 / 0 ,85 + 0 ,15 / 2 ,0 + 0 ,03 / 1,3 + 0 ,17

Vãos Envidraçados Exteriores


ENV – Envidraçados exteriores
Localização: Janelas e janelas de sacada.
Descrição: Caixilharia metálica com corte térmico, sem quadrícula e de correr, com vidro
duplo incolor 8+6+5 mm ( g⊥v = 0,75 – tabela IV.4). Os envidraçados são
complementados por estores venezianos de lâminas metálicas, de montagem exterior,
com permeabilidade ao ar elevada ( g ′⊥ = 0,09 – quadro V.4). Considera-se ainda que a
classe de permeabilidade ao ar das janelas é “Classe 3”.

Uwdn = 3,1 W/m2. ºC (ITE 50 – quadro III.2)

B5
Anexo B - Exemplo de Aplicação

Outros elementos
Apresenta-se neste parágrafo a descrição dos elementos que, apesar de não estarem
sujeitos aos critérios mínimos de qualidade térmica para efeitos regulamentares,
contribuem para o desempenho térmico do edifício, e devem ser caracterizados.
PavT – Pavimento térreo
Localização: pavimento do Piso 0.
Descrição: Laje de betão com 20 cm de espessura sobre seixo rolado com 20 cm de
espessura, revestida por ladrilhos hidráulicos (material cerâmico1200-1400; λ = 0,5 W/m.ºC
– ITE 50) sobre betonilha de regularização com 10 cm de espessura (betão1400-1600).

Porta – Portas
Localização: Porta exterior e porta de acesso garagem.
Descrição: Porta de acesso em madeira densa com 3,5 cm de espessura (λ = 0,23 W/m.ºC
– ITE 50).

1
U= = 3,10 W/m 2 .º C
0 ,04 + 0 ,035 / 0 ,23 + 0 ,13

Naturalmente, o valor de U da porta de acesso a garagem a partir do interior, sendo


elemento da envolvente interior, será calculado como:

1
U= = 2,42 W/m 2 .º C
1 / 3,10 + 0 ,09

B.3 Verificação dos requisitos mínimos de


qualidade térmica
No caso especifico da zona climática I1V1, nenhum tipo de envolvente exterior ou
interior pode ter um coeficiente de transmissão térmica superior ao valor correspondente
ao indicado no quadro IX.1 obedecendo também ao limite estabelecido em termos de
valores locais para as zonas de ponte térmica plana segundo qual nenhuma zona de ponte
térmica plana pode ter um valor de Uptp, superior ao dobro do valor correspondente na
zona corrente adjacente Uzc (Uptp ≤ 2Uzc). Para além disso, nenhum vão envidraçado com
mais de 5% da área útil do espaço que serve pode ter um valor do factor solar g′⊥ superior
aos valores indicados no quadro IX.2, desde que não orientado no quadrante Norte.
Nesta secção são verificados os requisitos acima referidos começando pela caracterização
de todos os parâmetros necessários a esta análise.

B6
Anexo B - Exemplo de Aplicação

B.3.1 Dados climáticos


Tabela B1: Dados climáticos
Parâmetros Dados
1 Concelho Almada
2 Altitude 50 m
3 Zona climática Inverno I1 (quadro III.1)
4 Número de graus-dias de aquecimento (GD) 1160ºC dias (quadro III.1)
5 Duração da estação de aquecimento 5,3 Meses (quadro III.1)
6 Zona climática de Verão V1 Sul (quadro III.1)
7 Radiação incidente num envidraçado a sul 108 kWh/m2.mes (quadro III.8)
8 Temperatura do ar exterior θm 21ºC (quadro III.9)
Intensidade de radiação solar na estação de
9 (quadro III.9)
arrefecimento

B.3.2 Identificação dos tipos de envolvente


O conjunto dos elementos que estabelecem a fronteira entre o espaço útil (aquecido), os
espaços exteriores e os espaços não-úteis (não-aquecidos), está identificado nas figuras
B2, B3 e B4. Encontram-se devidamente identificados deste modo, nas figuras B2, B3 e
B4, dois tipos de envolvente: a envolvente exterior e a envolvente interior do edifício.
Entende-se por envolvente interior, o conjunto de paredes e pavimentos que separam a
fracção autónoma dos locais não-úteis.
A análise das peças desenhadas do edifício em estudo releva a existência de três tipos de
locais não-úteis: uma garagem, um desvão não-ventilado (sob o primeiro lanço de escadas
– visível na figura B4) e as zonas das fracções autónomas dos edifícios adjacentes.

B.3.3 Levantamento dimensional


Área útil de pavimento e pé-direito
Apresentam-se na tabela B2, as áreas úteis de pavimento de cada compartimento e as
respectivas alturas úteis.

Tabela B2: Área útil de pavimento e pé-direito médio


Piso 0 Piso 1
Hall/Circulação 8,04 m2; Pd = 2,70 m Circulação 6,42 m2; Pd = 2,70 m
Sala 51,20 m2; Pd = 2,70 m Quarto 1 12,53 m2; Pd = 2,70 m
2
Cozinha 14,22 m ; Pd = 2,70 m Quarto 2 16,29 m2; Pd = 2,70 m
IS1 2,67 m2; Pd = 2,70 m Quarto 3 15,80 m2; Pd = 2,70 m
Suite 18,72 m2; Pd = 2,70 m
IS Suite 4,90 m2; Pd = 2,70 m
IS2 5,85 m2; Pd = 2,70 m

Escadas 6,48 m2; Pd médio = 4,33 m

Ap = 163,12 m2

B7
Anexo B - Exemplo de Aplicação

Nota: É de referir que os valores respeitantes ao levantamento dimensional (áreas e


comprimentos) foram obtidos através de medições efectuadas em ficheiro AutoCad com
informação detalhada relativa as características geométricas do edifício. Tendo em conta
a complexidade geométrica e as dimensões do edifício em análise, por simplificação,
optou-se pela não apresentação da informação relativa às características geométricas nas
peças desenhadas

Uma vez que o pé-direito do edifício é variável, um valor médio foi calculado com base
na ponderação das áreas de acordo com as respectivas alturas úteis:

∑A ×Pi di
(8,04 + 51,20 + 14,22 + 2,67)× 2,70 +
Pd médio = i
=
Ap 163,12

+
(6,42 + 12,53 + 16,29 + 15,80 + 18,72 + 4,90 + 5,85)× 2,70 + 6,48 × 4,33 = 2,76 m
163,12

Área dos elementos da envolvente exterior e interior


Para uma melhor interpretação apresentam-se nas tabelas B3 e B4 as áreas dos elementos
da envolvente exterior e interior por orientação e tipo, tendo em atenção que todas as
medidas foram efectuadas pelo interior.

Tabela B3: Áreas dos elementos da envolvente exterior (paredes e cobertura)


Orientação Elemento Atotal Aenv Aptp Azc
(m2) (m2) (m2) (m2)
N Hall/Circ./Sala 18,361 9,63 2,64 4,15
N Quarto 2 14,04 3,36 2,76 7,92
N Quarto 3 13,64 7,87 1,52 4,25
S Hall/Circ./Sala 14,04 7,85 1,56 4,63
S Cozinha 13,23 6,91 1,47 4,85
S Quarto 1 13,64 6,91 1,52 5,21
S Suite 14,04 3,36 1,56 9,12
E Comunicação vertical 8,58 - 1,20 7,38
E Sala 4,59 - 0,51 4,08
E Suite 4,59 - 0,51 4,08
E Quarto 2 9,59 - 1,07 8,52
W Sala 13,42 - 2,69 10,73
W Suite 13,42 - 2,69 10,73

H Cobertura 87,00 - - 87,00


Total 242,18 45,89 21,70 172,65
1
No valor do Atotal considerou-se também a porta de acesso ao edifício (A = 1,94 m2)
Nota: A nomenclatura apresentada nas Tabelas B3 e B4 indica:
Atotal área total do elemento;
Aenv área de superfície envidraçada do elemento;
Apt área de ponte térmica plana (pilares e/ou vigas);
Azc área de superfície em zona corrente do elemento.
Deste modo, a área total de um elemento, Atotal, é dada pelo somatório das áreas Aenv, Aptp,
e Azc.

B8
Anexo B - Exemplo de Aplicação

Figura B2: Identificação da envolvente na planta do Piso 1

Figura B3: Identificação da envolvente na planta do Piso 2

B9
Anexo B - Exemplo de Aplicação

Figura B4: Identificação da envolvente em corte

Tabela B4: Áreas dos elementos da envolvente interior (paredes e pavimentos)


Espaço Zona Atotal Aenv Aptp Azc
2 2
não-útil (m ) (m ) (m2) (m2)
Hall 12,691 - - 10,85
2
Zona de escadas 7,5 - - 7,5
Garagem
Zona de escadas3 3,56 - - 3,56
Quarto 2 11,89 - - 11,89
Quarto 3 9,59 - 1,07 8,52
IS Suite 4,67 - 0,7 3,97
Edifício
Quarto 1 7,68 - 0,85 6,83
adjacente
Sala 15,39 - 2,31 13,08
Cozinha 7,61 - 0,85 6,76

Desvão Cozinha4 2,22 - - 2,22


escadas Zona de escadas5 3,32 - - 3,32
Total 86,12 5,78 78,50
1
No valor do Atotal considerou-se também a porta de acesso a garagem (A = 1,84 m2).
2
Parede que separa a garagem da zona de escadas.
3
Elemento constituído pelo lanço de escadas que une o piso 1 do patamar intermédio, e metade
do patamar intermédio.
4
Parede que separa a cozinha do espaço não-útil constituído sob as escadas.
5
Elemento constituído pelo lanço de escadas que une o piso 0 do patamar intermédio e metade
do patamar intermédio (visível no corte).

Com base nos valores apresentados conclui-se que a percentagem de área de envidraçados
Aenv, relativamente à área útil de pavimento da fracção autónoma, Ap, é de 26%.

B10
Anexo B - Exemplo de Aplicação

B.3.4 Locais não-úteis; coeficiente τ


Como a determinação da temperatura do ar dos locais não-aquecidos é baseada no
parâmetro τ em função da relação Ai/Au (vd. tabela IV.1), identificam-se na figura B5 os
elementos considerados no cálculo da garagem e do desvão sob as escadas. É de referir
que nessa figura, que representa em perspectiva a garagem com a circulação constituída
pelas escadas interiores, são identificados apenas os elementos visíveis.

Tabela B5: Valores do τ associados aos espaços não-aquecidos


Local Ai (m2) Au (m2) Ai/Au τ (tabela IV.1)
Garagem 35,64 35,38 1,0 0,5
Desvão não-ventilado 5,54 1,11 5,0 0,6

Nota: Os valores necessários para o cálculo de Ai são os indicados na tabela B4 enquanto que os
valores necessários para o cálculo de Au foram obtidos com base em medições efectuadas
em ficheiro AutoCad.

Figura B5: Identificação dos vários elementos utilizados no calculo do τ da garagem e do desvão
sob escadas - representação esquemática

B.3.5 Verificação dos requisitos mínimos em termos


de valores de U
Apresentam-se na tabela B6 os valores de U associados aos elementos da envolvente
exterior e interior junto dos respectivos valores máximos admissíveis. Como a envolvente
opaca horizontal interior não cumpre os requisitos mínimos na zona de garagem e na zona
de desvão sob escadas (uma vez que o coeficiente de transmissão térmica da zona
corrente é superior ao máximo admissível), as respectivas soluções construtivas serão
corrigidas. Admite-se para efeitos da verificação a criação de um tecto falso na zona da
garagem com gesso cartonado fixado por pendurais (R = 0,04 m2.ºC/W), sobre as quais se
coloquem 3 cm de lã mineral (MW35-100; λ = 0,040 W/m.ºC – ITE50). A laje de escadas

B11
Anexo B - Exemplo de Aplicação

na zona do desvão será corrigida com a colocação na face inferior de poliestireno


expandido moldado com 3 cm de espessura (EPS15-20; λ = 0,040 W/m.ºC – ITE50).

Tabela B6: Verificação dos requisitos mínimos em termos de valores de U - zona climática I1
Elemento da envolvente Solução Valor máx.
Obs.
adoptada (quadro IX.1)
Elementos exteriores em zona corrente:

Zonas opacas verticais


- PEzc (fachada) 0,50 1,80 regulamentar
- PEptp (pontes térmicas planas) 0,94 1,80 regulamentar
(2Uzc = 1,00)
Zonas opacas horizontais
- CE (cobertura exterior) 0,53 1,25 regulamentar
Elementos interiores em zona corrente:

Zonas opacas verticais


- PI.1zc (garagem e edif. adjacente) 0,48 2,00 regulamentar
- PI.1ptp (pontes térmicas planas) 0,87 2,00 regulamentar
- PI.2 (parede de separação cozinha - desvão 1,80 2,00 regulamentar
sob escadas)

Zonas opacas horizontais


- Pav.1 (pavimento sobre garagem) 2,10 1,65 N/regulamentar
- Pav.2 (pavimento das escadas) 2,33 1,65 N/regulamentar

Deste modo, os novos valores de U do pavimento na zona de garagem e do pavimento na


zona de desvão sob escadas serão:

1
Pav.1* → U = = 0 ,80 W/m 2 .º C
1 / 2 ,10 + 0 ,03 / 0 ,040 + 0 ,03

1
Pav.2* → U = = 1,18 W/m 2 .º C
1 / 2 ,33 + 0 ,03 / 0 ,040

B.3.6 Verificação dos requisitos mínimos em termos


de valores de g´⊥
De acordo com o quadro V.4, o factor solar de vãos com protecção solar activada a 100%,
g′⊥ , dos vidros duplos dotados de estores venezianos de lâminas metálicas exteriores é de
0,09. Como os valores máximos admissíveis de g′⊥ estipulados no quadro IX.2 para as três
classes de inércia térmica são todos superiores a 0,09, consideram-se cumpridos os
requisitos mínimos.

B12
Anexo B - Exemplo de Aplicação

B.4 Parâmetros utilizados no cálculo dos


índices N( )
B.4.1 Factor de forma FF
De acordo com a equação 33, o factor de forma do edifício calcula-se como o quociente
entre o somatório das áreas da envolvente exterior Aext e as áreas da envolvente interior
Aint afectadas do coeficiente τ, através dos quais se verificam trocas de calor, e o
respectivo volume interior V:

(∑ A ) + ∑ (τ A )
ext int i
242 ,18 + 0,6 × (9 ,59 + 4,67 + 9,87 + 15,39 + 7 ,20 )
FF = i
= +
V 163,12 × 2,77

0,6 × (2,22 + 3,32) + 0,5 × (12,69 + 7 ,5 + 11,89 + 3,56)


+ = 0,64 (m 2 /m 3 )
163,12 × 2,77

Nota: No cálculo do valor de FF foram utilizados os valores de áreas das tabelas B3 e B4.

B.4.2 Inércia térmica


Com o objectivo de calcular a inércia térmica interior do edifício apresentam-se na tabela
B7 os valores de massa total por unidade de área do elemento mt e os valores
correspondentes de Msi dos elementos da envolvente em função da sua localização,
seguidos do cálculo efectuado para efeitos de classificação.

Tabela B7: Síntese dos valores de mt e Msi dos elementos utilizados no calculo da inércia térmica
Elemento mt Msi Valor Si r Msi.Si.r
(kg/m2) (kg/m2) máximo (m2) quadro (kg)
regulamentar VII.7
PEzc1 240 mpi = 1122 150 141,65 1 15864,8
PEptp 632 mt/2 = 316 150 39,86 03 0
CE 562 mt/2 = 281 150 87,00 1 13050
PavT 626 mt = 626 150 76,13 1 11419,5
PI.24 140 mt = 140 300 177,00 1 24780
5
PI.2 140 mt/2 = 70 150 2,22 1 155,4
Pav.16 472,5 mt = 472,5 300 76,13 1 22839
Pav.1*7 488 mi = 472,58 150 11,89 1 1783,5
Pav.2* 383,5 mt/2 = 191,8 150 6,48 1 972
Total 90864,2
1
Paredes exteriores e interiores (garagem e edifícios adjacentes).
2
Valor correspondente a massa superficial do pano interior (ITE 12).
3
r = 0 em virtude do facto do somatório das resistência térmicas das camadas de revestimento
situadas entre o betão armado e o interior (isolamento e reboco) ser superior a 0,30 m2. ºC/W.
4
Paredes interiores da fracção autónoma.
5
Parede que separa a cozinha do desvão não-ventilado.
6
Pavimentos interiores da fracção autónoma.

B13
Anexo B - Exemplo de Aplicação

7
Pavimento que separa o Quarto 2 da garagem.
8
Massa superficial situada do lado interior do isolamento.

It =
∑M si Si ri
=
90864,2
= 557 kg/m 2 > 400 kg/m2 (eq. 57) ⇒ Classe forte
Ap 163,12

Nota: Apresenta-se, a título de exemplo, o cálculo do mt, para o caso do pavimento interior a
fracção autónoma, Pav.1:

mt = ∑ ρ i ⋅ ei = ρ arg amassa ⋅ earg amassa + ρ ba ⋅ eba + ρ betonilha ⋅ ebetonilha + ρ cerâmico ⋅ ecerâmico =


i

= 1900 ⋅ 0,03 + 2300 ⋅ 0,15 + 1600 ⋅ 0,04 + 1300 ⋅ 0,005 = 472,5 kg/m2

B.4.3 Coeficientes de transmissão térmica linear ψ


Apresentam-se na figura B6 os pormenores construtivos das situações de pontes térmicas
lineares existentes no edifício em estudo. A caracterização das pontes térmicas lineares do
ponto de vista do desenvolvimento e valor de ψ associado é feita de uma forma sintética
na tabela B8. As figuras B7 e B8 ilustram os desenvolvimentos lineares das diversas
situações de ponte térmica linear, bem como a localização das ligações entre duas paredes
verticais que devem ser contabilizadas no cálculo.

Tabela B8: Pontes térmicas lineares – coeficientes de transmissão térmica linear


ψ (W/m. ºC)
Tipo Descrição ligação B (m)
(tabela IV.3)
A Fachada com pavimento térreo 0,901 (tabela Ar) 23,72
Fachada com pavimento sobre
B 0,60 (tabela Br.2) 5,55
garagem e desvão (orientação E)
C Fachada com pavimentos intermédios 0,25 (tabela Cr) 10,15
D Fachada com cobertura 0,70 (tabela Dr) 32,60
E Fachada com varanda 0,40 (tabela Er) 13,20
F Ligação entre duas paredes verticais 0,20 (tabela Fr) 10,80
H Fachada com padieira/peitoril 0,20 70,45
Fachada com pavimento
OUTRO 0,5 (valor convencional) 3,35
sobre garagem – orientação N
Ligação vão envidraçado de sacada com
OUTRO 0,5 (valor convencional) 3,70
varanda
1
Valor agravado em 50% em virtude de ausência de isolamento térmico.

Notas:Para efeitos de contabilização das perdas por elementos em contacto com o solo, o valor
de ψ associado considera-se igual a 1,5 W/mº.C (tabela IV.2.1, Z = 0 m), sendo o
desenvolvimento linear B neste caso idêntico ao valor correspondente da ligação fachada
com pavimento térreo.
Nos casos em que os valores de espessura da laje ou parede necessários para a definição
dos valores de ψ foram diferentes dos indicados nas tabelas IV.3, o valor do coeficiente de
transmissão térmica linear adoptado foi o correspondente à situação mais conservadora.
Como o caso da ligação entre o vão envidraçado de sacada com a varanda corresponde a
um tipo de ponte térmica linear não referenciada nas tabelas IV.3, o valor do coeficiente
de transmissão térmica linear adoptado foi de 0,5 W/mº.C (valor convencional). Deste

B14
Anexo B - Exemplo de Aplicação

modo, na zona de ligação fachada/varanda onde se verifica a existência do vão


envidraçado de sacada, consideraram-se dois valores distintos de ψ:
ψsup = 0,50 (valor convencional);
ψinf = 0,40 (tabela Er).

Figura B6: Pormenores construtivos/pontes térmicas

B15
Anexo B - Exemplo de Aplicação

Figura B7: Identificação dos desenvolvimentos lineares das diversas situações de ponte térmica
linear visíveis na planta do Piso 0

Figura B8: Identificação dos desenvolvimentos lineares das diversas situações de ponte térmica
linear visíveis na planta do Piso 1

B16
Anexo B - Exemplo de Aplicação

B.4.4 Ventilação – taxa de renovação horária


nominal Rph
A ventilação dos espaços interiores processa-se com recurso a processos naturais, sendo a
taxa de renovação horária nominal Rph calculada de acordo com o quadro IV.1. Para este
efeito, foram consideradas as características apresentadas na tabela B9:

Tabela B9: Síntese do cálculo da taxa de renovação horária nominal Rph


Localização: Região: Rugosidade: Altura acima do solo
Almada B (junto da costa) III (zona exposta) < 10 m


Classe de exposição ao vento 3 (Exp 3) (quadro IV.2)

Classe de Vedação das


Dispositivos de
permeabilidade portas exteriores
admissão de ar Caixa de estore Aenv > 0,15Ap
ao ar das e para zonas
na fachada
caixilharias anexas não-úteis
Não III Não Sim Não


Rph = 0,95 h-1 (quadro IV.1)

Nota: As caixas de estore montadas pelo exterior, como é o exemplo de alguns tipos de estores
venezianos, não afectam o grau de estanquidade da envolvente, e como tal, o seu efeito foi
considerado nulo.

B.4.5 Factores solares F( ) e g⊥


De acordo com o descrito na secção 4.3.2, na determinação dos factores solares Fh, Fo, Ff,
Fg e Fw devem ser tidos em conta parâmetros tais como orientação do vão envidraçado e
características dos eventuais obstáculos/obstruções que causem sombreamento. Por
simplicidade de exposição, nesta secção, apenas se apresenta o cálculo do vão
envidraçado do Quarto 1 (tabela B10).

Tabela B10: Factores solares F( ) e g⊥ do vão envidraçado do Quarto 1


Vão envidraçado (orientação Sul) Inverno Verão
Fh = 0,90 Fh = 1
(α =20º; valor por (por imposição
omissão) regulamenar)

Fo = 0,50 Fo = 0,53
(α =54º; (α =54º;
por interpolação, por interpolação,
tabela IV.6) quadro V.1)

Ff = 0,83×0,89 Ff = 0,84×0,89
(pala esq. α > 60º, (pala esq. α > 60º,
pala dir. α = 39º; pala dir. α = 39º;
tabela IV.7) quadro V.2)

B17
Anexo B - Exemplo de Aplicação

Fg = 0,70
(janela de alumínio; quadro IV.5)
Fw = 0,90 Fw = 0,75
(vidro corrente (vidro duplo;
duplo; eq. 50) quadro V.3)
g⊥ = 0,288
(eq. 43)
( g ⊥′ = 0,09
g⊥ = 0,63
(quadro V.4;
g ⊥v = 0,75
(tabela IV.4)

Notas: A influência do edifício adjacente em termos de sombreamento foi contabilizada sob


forma de uma pala vertical.
O valor de g٣ indicado na tabela para a situação de Inverno corresponde a utilização de
cortinas interiores muito transparentes como protecção solar interior (vd. Secção 4.3.1).

B.5 Limitação das necessidades globais de


energia primária
Nesta secção serão calculados os valores dos índices Nic, Nvc, Nac, e Ntc que, para fins de
verificação regulamentar, terão que ser inferiores aos correspondentes limites máximos
Nv, Ni e Na e Nt.

B.5.1 Limitação das Necessidades de Energia


Primária para Preparação de AQS
Para efeitos regulamentares, as necessidades anuais de energia útil para preparação de
AQS, Nac, são calculadas em função da energia útil dispendida com os sistemas
convencionais Qa, a contribuição dos sistemas de colectores solares, Esolar, e a eventual
contribuição proveniente de outras fontes de energia renováveis, Eren. Tendo em conta
que o valor da energia útil dispendida com os sistemas convencionais, Qa, é igual a
3820,64 kWh/ano (tabela B11), que o valor do Esolar calculado considerando a utilização
de um sistema de circulação forçada que utiliza colectores “padrão” com uma área
equivalente de 5 m2 é de 2457 kWh/ano, e que o valor do Eren é nulo em virtude de
ausência de outras fontes de energia renováveis, o valor das necessidades anuais de
energia útil para preparação de AQS, Nac, será:

Qa / η a − E solar − Eren 3820 ,64 / 0 ,50 − 2457 − 0


N ac = = = 31,78 kWh/m 2 .ano
Ap 163,12

B18
Anexo B - Exemplo de Aplicação

Tabela B11: Energia útil dispendida com os sistemas convencionais

MAQS (l) ΔT (ºC) nd (dias) Qa


(quadro VI.1) (eq. 31) (quadro VI.2) (eq. 31)
40 × 5 45º 365 3820,64

Notas: De acordo com a refª bibliográfica [5], as características do colector “padrão”são:


- Rendimento óptico ηóptico = 69 %;
- Coeficientes de perdas térmicas a1 = 7,500 W/(m².K) e a2 = 0,014 W/(m².K²);
- Modificador de ângulo para incidência de 50º = 0,87;
- Área de abertura = 1,0 m2.
Considerou-se ηa = 0,50 (esquentador a gás - quadro VI.3), em virtude de o edifício estar
abastecido de gás.
Refira-se que, apesar de regulamentar, a opção por um esquentador que apresente uma
eficiência de conversão de 0,50 é penalizadora tendo em conta os valores nominais
correspondentes aos equipamentos actualmente disponíveis no mercado português (que
apresentam valores de ηa ≈ 0,80). Por essa razão, é mais vantajoso usar equipamentos
específicos para os quais se conheça a eficiência de conversão do que assumir
equipamentos genéricos de ηa = 0,50.

Como o limite máximo para os valores das necessidades de energia para preparação de
AQS, Na, calculado pela equação 35:

0,081 M AQS nd 0,081⋅ 200 ⋅ 365


Na = = = 36,25 kWh/m 2 > N ac ⇒ Edif. regulamentar
Ap 163,12

B.5.2 Limitação das Necessidades de Energia


Primária para Aquecimento e arrefecimento
A aplicação da metodologia de cálculo descrita na primeira parte ao edifício em análise,
efectuada com recurso ao preenchimento das folhas de cálculo FCIV e FCV indicadas no
RCCTE, permitiu calcular os valores de Nic, Nvc, Ni e Nv apresentados na tabela B12.
De acordo com a equação 32, as necessidades globais anuais nominais de energia
primária Ntc do edifício são calculadas em função das necessidades anuais de energia útil
para preparação de AQS, Nac, das necessidades anuais de energia útil para aquecimento e
arrefecimento, Nic e Nvc respectivamente, dos factores de conversão de energia útil para
energia primaria, Fpu, e das eficiências nominais dos equipamentos utilizados para fins de
aquecimento e arrefecimento, ηi e ηv, respectivamente.

Tabela B12: Valores de Nic e Nvc, e Ni e Nv


Nic (kWh/m2.ano) Ni (kWh/m2.ano) Nvc (kWh/m2.ano) Nv (kWh/m2.ano)
(FCIV.2) (FCIV.1f) (FCV1.g) (Secção 3.2)
52,32 56,53 4,36 22
Nic < Ni ⇒ Edifício regulamentar Nvc < Nv ⇒ Edifício regulamentar

Notas: Ni = 4,5 + (0,021 + 0,037FF) GD em virtude de 0,5 < FF ≤ 1;


Nv = 22 kWh/m2.ano em virtude de zona climática → V1 (Sul).

B19
Anexo B - Exemplo de Aplicação

Dado que o RCCTE obriga no caso de um edifício que não tenha previsto
especificamente um sistema de aquecimento e arrefecimento ambiente de aquecimento e
de água quente sanitária, à consideração dos seguintes pressupostos: (a) o sistema de
aquecimento é obtido por resistência eléctrica; (b) o sistema de arrefecimento é uma
máquina frigorífica com eficiência (COP) de 3; (c) o sistema de produção de AQS é um
esquentador a gás natural, as necessidades globais de energia primária no presente caso
serão:

⎛N ⎞ ⎛N ⎞ ⎛ 52,32 ⎞
N tc = 0,1 ⎜⎜ ic ⎟⎟ Fpui + 0,1 ⎜⎜ vc ⎟⎟ Fpuv + N ac Fpua = 0,1 ⎜ ⎟ 0,29 +
⎝ ηi ⎠ ⎝ ηv ⎠ ⎝ 1 ⎠

⎛ 4 ,36 ⎞
0 ,1 ⎜ ⎟ 0 ,29 + 31,78 ⋅ 0 ,086 = 4 ,29 kgep/m .ano
2

⎝ 3 ⎠

Nota: É de referir que no caso dos factores de conversão Fpui e Fpuv se considerou um valor de Fpu
= 0,290 kgep/kWh e que o factor Fpua corresponde a utilização de combustível gasoso (Fpu
= 0,086 kgep/kWh). Para as eficiências nominais ηi e ηv, foram utilizados os valores de
referência indicados no quadro VI.4.

Uma vez que o valor máximo admissível das necessidades nominais globais de energia
primaria, Nt, calculado pela equação 36 é:

N t = 0,9(0,01N i + 0,01N v + 0,15 N a ) = 0,9(0,01 ⋅ 56,53 + 0,01 ⋅ 22 + 0,15 ⋅ 36,25) =

= 5,60 kgep/m2 .ano > Ntc ⇒ O EDIFÍCIO É REGULAMENTAR

B.6 Considerações finais


A análise de comportamento térmico efectuada ao edifício em estudo, com base na
metodologia de cálculo estipulada no DL n.º 80/2006 para efeitos de verificação
regulamentar, permitiu concluir que o conjunto de soluções adoptadas satisfaz, na sua
generalidade, os requisitos do RCCTE. A interpretação dos resultados obtidos, no
entanto, deverá ser feita com o devido cuidado, atendendo a todo o conjunto de
pressupostos assumidos e às limitações do RCCTE enquanto método de cálculo
simplificado. Na eventual consideração de soluções/medidas possíveis de melhoria do
comportamento térmico do edifício, deverá ser observado o seguinte conjunto de
considerações:

1. Como o valor das necessidades nominais anuais de energia útil para aquecimento, Nic,
apresenta um valor muito próximo do máximo admissível, as eventuais
soluções/medidas possíveis de melhoria do comportamento térmico do edifício
deverão passar pela redução das perdas de calor pela envolvente e a maximização dos
ganhos solares pelos vãos envidraçados. Como medidas possíveis, identificam-se as
seguintes: (a) diminuição da taxa de renovação horária nominal, Rph; (b) colocação de
uma camada de isolamento térmico na laje do pavimento térreo; (c) substituição dos
envidraçados por outros em caixilharia de material plástico (PVC) com vidros de baixa

B20
Anexo B - Exemplo de Aplicação

emissividade (low-ε). A implementação destas medidas poder-se-á traduzir numa


redução do valor do índice Nic em aproximadamente 40% e numa redução em
aproximadamente 13% do valor do índice Ntc.
2. A consideração de uma resistência térmica para efeitos de aquecimento em conjunto
com a utilização de um esquentador com uma eficiência nominal de 0,50 (valor
convencional) e a opção por um valor de Esolar equivalente ao mínimo fixado, tem
como resultado final um comportamento térmico penalizador. Como soluções/medidas
possíveis de melhoria identificam-se as seguintes: (a) consideração de uma caldeira
mural para efeitos de aquecimento e preparação de AQS; (b) colocação de sistemas de
captação da energia solar de circulação forçada de rendimento superior ao do “colector
padrão”. A implementação dessas medidas poder-se-á traduzir num redução
suplementar do valor do índice Ntc em aproximadamente 65%.
3. Para além da demonstração da verificação do RCCTE, a análise efectuada permite
inferir algumas conclusões relevantes. Entre as mais significativas sobressai o facto
das perdas de calor durante a estação de Inverno pelas pontes térmicas lineares e pelos
pavimentos em contacto com o solo, calculadas em termos de toda a estação de
aquecimento, ultrapassarem o valor mínimo obrigatório de energia equivalente
fornecida pelos sistemas de colectores solares para o aquecimento de AQS:

Q pe + Q pt = (35 ,58 + 77 ,33 ) × GD × 0 ,024 = 3143 kWh/ano > E solar

Tendo em conta o objectivo declarado do RCCTE relativamente à necessidade de


satisfação das exigências de conforto térmico dos edifícios com um dispêndio de energia
mínimo e o papel importante que as pontes térmicas desempenham de ponto de vista de
salubridade e da possível ocorrência de anomalias, este resultado mostra bem a relevância
das pontes térmicas no contexto regulamentar e como as zonas identificadas como
potencialmente causadoras de maiores fluxos de calor devem estar devidamente
concebidas e realizadas de modo a que os seus efeitos sejam minimizados.

B21
Anexo B - Exemplo de Aplicação

Folhas de Cálculo

(O ficheiro em formato EXCEL que permitiu a verificação do RCCTE através do preenchimento do


conjunto de folhas de cálculo regulamentar, pode ser descarregado a partir do seguinte endereço:
http://www.dec.fct.unl.pt/SCE-RCCTE/).

B22
Anexo B - Exemplo de Aplicação

B23
Anexo B - Exemplo de Aplicação

B24
Anexo B - Exemplo de Aplicação

B25
Anexo B - Exemplo de Aplicação

B26
Anexo B - Exemplo de Aplicação

B27
Anexo B - Exemplo de Aplicação

B28
Anexo B - Exemplo de Aplicação

B29
Anexo B - Exemplo de Aplicação

B30
Anexo B - Exemplo de Aplicação

B31
Anexo B - Exemplo de Aplicação

B32
Anexo B - Exemplo de Aplicação

B33

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