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O sistema inquisitivo rege-se pelo princípio de mesmo nome, “inquisitivo”, tendo por
característica fundante, a inexistência de uma repartição democrática de papéis entre os
sujeitos que integram o processo. Como consequência, o sistema inquisitivo é marcado
pela concentração de poderes na figura do juiz, que será o detentor do poder de gestão da
prova, em detrimento das partes.
Trata-se de um sistema que origina-se no Direito Canônico e que, portanto, traz como
reflexo da cultura religiosa, a escrita. A ausência de uma estrutura democrática reflete-se
na hierarquização do processo, que se manifesta na união da figura da acusação e da
decisão num só órgão: o inquisidor. Outros traços lhe são característicos, como, por
exemplo: a investigação secreta e contínua, o tratamento do acusado como objeto da
persecução penal, etc.
O sistema acusatório, por outro lado, faz-lhe oposição vez que oriundo de uma estrutura
política que se pretende democrática. Iniciado nos institutos jurídicos Romanos e Gregos,
marca-se pela transferência da gestão da prova às partes, com notada redução do papel da
autoridade judicial. Nesse sistema, a distribuição democrática de papéis entre os sujeitos
processuais tem como reflexo a diluição do órgão inquisidor. À partir de então, a acusação
será exercida por um órgão específico, apartado do julgador (papel a ser ocupado por uma
pessoa física).
Sendo marcado pela descentralização do rito processual, o sistema acusatório possibilita
a conversão da hermética condução do caso em um debate público, oral e amplo, com
respeito às garantias individuais e humanização do réu, que deixa de ser objeto de
persecução e passa a ser sujeito de direitos. Cita-se, ainda, a fixação do livre
convencimento motivado das decisões, bem como do contraditório e da ampla defesa.
Guilherme Nucci cita como marcas de um sistema misto o fato de que, em suas
palavras “fosse verdadeiro e genuinamente acusatório o nosso sistema, não se poderia
levar em conta, para qualquer efeito, as provas colhidas na fase inquisitiva, o que não
ocorre em nosso processo na esfera criminal, bastando fazer a leitura do art. 155 do
CPP”