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Palestras Adicionais Sobre A Vida Da Igreja - Watchman Nee PDF
Palestras Adicionais Sobre A Vida Da Igreja - Watchman Nee PDF
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Impresso no Brasil
ÍNDICE
Capítulo Página
Introdução....................................................................03
Prefácio ….....................................................................04
O Problema da Base da Igreja..........................................06
A Igreja numa Cidade e a Igreja numa Casa......................20
O Conteúdo da Igreja.....................................................31
O Problema da Unidade da Igreja.....................................45
O Serviço da Igreja........................................................81
O Caminho para a Obra Doravante….................................92
INTRODUÇÃO
Os editores
PREFÁCIO
WITNESS LEE
É bastante estranho que muitos irmãos que têm conhecido o Senhor por vinte ou
trinta anos não conheçam a igreja de Deus. Até mesmo aquilo que eles um dia
obtiveram desvaneceu-se gradativamente; e mesmo aquilo que pensam ter não
pode ser conservado intacto. Ao mesmo tempo, há outros irmãos que conhecem a
igreja de Deus; conseqüentemente, as riquezas do Cabeça passam a ser as
riquezas deles, e assim são capazes de prosseguir continuamente.
Desejo, portanto, que todos os irmãos e irmãs jovens percebam que um cristão
não deve preocupar-se apenas com seu próprio proveito espiritual, mas também
deve preocupar-se com saber se os irmãos com os quais tem comunhão são ou não
a igreja. Lembrem-se de que cada pessoa é apenas um indivíduo. Dois podem ser a
igreja, ou apenas podem ser dois indivíduos, e não a igreja. Não presuma que um
grupo de quinhentas pessoas reunidas, ou mesmo mil, seja a igreja. Esta pode não
ser verdadeira. Graças a Deus, mil pessoas podem tornar-se a igreja, mas mil
pessoas podem ser somente mil indivíduos. Serão, assim, apenas mais indivíduos,
mas não ainda a igreja. Existe aqui uma grande diferença. Os filhos de Deus, hoje,
percebem que uma pessoa não pode ser a igreja, mas não reconhecem que mil
pessoas podem ser talvez apenas mil indivíduos, e não a igreja. Lembrem-se, por
favor, de que mesmo dez mil pessoas podem ainda assim permanecer como dez
mil indivíduos, e não serem a igreja. Esta, perante Deus, tem outros requisitos.
Nós, portanto, como Seus filhos, devemos dar especial atenção à base da igreja.
Deixem-me hoje expor dois assuntos. Ambos devem ocorrer antes que possa
haver a igreja. O Novo Testamento claramente nos revela dois requisitos básicos: 1)
A autoridade do Espírito Santo; 2) O limite da localidade.
Devemos observar que, onde não há o Espírito Santo, não há igreja. A igreja não
é, absolutamente, Witness Lee, nem é Yu-Tsé Chang, nem Ching-Hwa Yu; a igreja
deve ser apenas o Espírito Santo. Em outras palavras, a igreja, do princípio ao fim,
só pode ter uma autoridade, um poder e uma vida, que é o Espírito Santo. Só há
uma vida, a do Espírito Santo; só há um poder, o do Espírito Santo; e só há uma
autoridade, a do Espírito Santo.
Temos, por exemplo, muitos irmãos idosos, hoje, aqui. O irmão Yu poderá dizer:
"Já que estou na igreja há vinte anos, posso fazer uma sugestão ou iniciar alguma
coisa". Veja, existe aqui algo extra, que veio à tona para perturbar. Quando este
irmão aparece, não temos o Espírito Santo nem a igreja. Lembrem-se, por favor,
de que, onde o Espírito Santo não está, também a igreja não existe. A igreja é um
corpo, por meio do qual o Espírito do Senhor pode expressar Seus desejos sem
impedimento algum. Assim como o Senhor Jesus usou o corpo que a virgem Maria
Lhe deu quando estava na terra, da mesma maneira Ele, hoje, no Espírito Santo, usa
a igreja. Esta, em seu estado mais elevado, é ainda o Corpo de Cristo. Noutras
palavras, somente aquilo que é capaz de expressar a mente do Espírito Santo
pode ser chamado de igreja.
Prosseguirei um pouco mais, falando primeiro aos irmãos mais velhos. Vocês
sabem mais ou menos o que é autoridade, e dizem aos irmãos jovens que se
submetam à autoridade. A questão básica, hoje, é esta: vocês obedecem à
autoridade; mas de quem é esta autoridade a que vocês obedecem? Deixem-me
dizer que, do mesmo modo como os irmãos jovens se tornam um distúrbio quando
falam por si mesmos, também os irmãos mais velhos se tornam um distúrbio
quando falam por si mesmos. Os jovens que falam por si mesmos são uma
perturbação, e os idosos que falam por si mesmos também o são. Somente a autoridade
do Espírito Santo é autoridade. Por que é que, então, os irmãos mais jovens precisam
obedecer aos mais idosos? É porque os idosos têm aprendido mais diante de Deus e
conhecem mais da Sua autoridade; conseqüentemente, o Espírito Santo pode fluir mais
facilmente através deles. São como um cano de água através do qual esta tem fluído há
anos, sem nenhuma interrupção. Os jovens devem obedecer aos idosos, não porque
estes sejam a autoridade, mas porque é fácil ao Espírito Santo falar através dos mais
velhos. Pelo fato de terem trabalhado para o Senhor por muitos anos, é fácil ao Espírito
Santo fluir deles. Eu aprendo a me submeter aos irmãos idosos, porque eles estão
investidos da autoridade do Espírito Santo. Quando não obedeço, facilmente perco a
autoridade do Espírito Santo sobre mim. Não estamos, de modo algum, instituindo a
autoridade dos irmãos mais velhos, mas sim a autoridade do Espírito Santo, que flui
facilmente dos mesmos. Em outras palavras, a única autoridade na igreja é a autorida-
de do Espírito Santo. Não há autoridade alguma que emane de determinados
indivíduos. Os presbíteros não têm autoridade, os irmãos mais velhos não têm
autoridade, e os espirituais também não têm autoridade. Somente o Espírito Santo
tem autoridade. A isto se dá o nome de "Corpo de Cristo".
Uma igreja também requer uma segunda base. Sem essa, tampouco, haverá
base para a igreja. Você, provavelmente, perguntará: já que todos expressamos a
autoridade do Espírito Santo e vivemos debaixo dela, isso não basta para se
estabelecer uma igreja? Não, não basta! A Bíblia claramente nos mostra duas
coisas que devem existir, para que se estabeleça uma igreja: 1°) a autoridade do
Espírito Santo; 2°) o limite da localidade. Se você não o enxergar, não poderá
compreender a base da igreja. Você está surpreso? Isso parece uma queda de três
mil metros, lá do céu para a terra, não parece? Sim, de fato, a igreja também está
sobre a terra. Ela está parcialmente no céu e parcialmente na terra. A parte celestial
diz respeito à autoridade do Espírito Santo; a parte terrena refere-se ao limite da
localidade. Este é um assunto muito maravilhoso na Bíblia. A Bíblia claramente nos
mostra isto: que a igreja pertence totalmente a uma localidade. Tal como a igreja
em Jerusalém, Jerusalém é um lugar; a igreja em Corinto, Corinto é um lugar; a
igreja em Antioquia, Antioquia é. uma cidade; a igreja em Éfeso, Éfeso é um porto
marítimo. Na Bíblia, a base da igreja é a localidade onde está a igreja. As igrejas
todas tomam a localidade por limite.
Aqui está um ponto importante; por favor, prestem atenção. Se os irmãos e
irmãs de Xangai, por exemplo, desejarem posicionar-se sobre a base da igreja, só
poderão fazê-lo sobre a base do Espírito Santo e de Xangai. Devem posicionar-se
sobre a base do Espírito Santo, mas também devem posicionar-se sobre a base de
Xangai, porque Xangai é a localidade onde moram. Uma vez mudada a localidade,
imediatamente você perderá a base da igreja. Vamos a algumas ilustrações.
A Igreja e as Igrejas
Há uma coisa que todos precisamos observar: o mundo não tem uma só igreja; a
Igreja Católica Romana, portanto, é errada. Um país não tem uma igreja; portanto a
Igreja Anglicana (Igreja da Inglaterra ou Igreja Episcopal) é errada. Uma província
não tem uma igreja, tampouco uma raça. Na Bíblia, somente a menor unidade
administrativa tem uma igreja, somente uma localidade ou uma cidade tem uma
igreja. A igreja de uma localidade não pode unir-se com a igreja de outra
localidade, para ambas se tornarem uma igreja. Cada cidade só pode ser ajustada a
uma igreja, assim como um esposo só pode ser combinado com uma esposa.
Portanto, em Antioquia, temos a igreja de Antioquia" e não as "igrejas de
Antioquia" (At 13:1). Seria errado dizer as "igrejas de Antioquia". De acordo com a
determinação de Deus, uma localidade só pode ser combinada com uma igreja,
nunca com muitas igrejas. Na Bíblia você jamais encontrará as igrejas em Corinto,
ou as "igrejas de Antioquia". Mas a Bíblia, na verdade, diz: a "igreja de Antioquia", a
"igreja... em Corinto" (l Co 1:2), a "igreja em Filadélfia", todas no singular. Não havia
"igrejas" em Antioquia, em Corinto ou em Filadélfia.
A determinação de Deus para a igreja é: a autoridade do Espírito Santo, no lado
espiritual, e o limite da localidade, em sua aparência externa. Quando a igreja em
Corinto teve a tendência de dividir-se em quatro facções, Paulo imediatamente os
repreendeu, por serem facciosos e carnais. Quando os coríntios estavam a ponto de
dividir-se em muitas pequenas igrejas — uma de Paulo, outra de Cefas, outra de
Apoio e outra de Cristo — o Espírito Santo falou-lhes que aquilo era carnal. Cada
cidade, cada localidade só pode ser combinada com uma igreja. Sempre que
aparecer mais de uma, tal será uma divisão, uma seita, o que é rejeitado por
Deus. Do ponto de vista de Deus, a igreja em Corínto tornou-se carnal. Por quê?
Porque só pode haver uma igreja em uma localidade; uma segunda não pode ser
estabelecida. Quando uma igreja já está estabelecida, a segunda, então, é uma
divisão, e é carnal. Nunca poderá haver mais de uma igreja em uma localidade.
Alguns dizem que desejam suprir os outros com alimento espiritual, mas alimento
espiritual não é base suficiente para se estabelecer uma igreja. Outros dizem que
querem ajudar as pessoas a entender a Bíblia, mas ajudar os outros a entender a
Bíblia também não é base suficiente para se estabelecer uma igreja. Tampouco
ensinar os outros a conhecer o Espírito Santo é base adequada para se
estabelecer uma igreja. Alguns dizem que precisamos de um reavivamento, e que
uma igreja de reavivamento deveria ser estabelecida. Recentemente, em certo
lugar, alguém estabeleceu uma "Igreja do Reavivamento", com o único objetivo
de reavivamento espiritual; mas, com o reavivamento, também não existe base
para se estabelecer uma igreja. Os homens não podem estabelecer uma igreja,
porque eles não têm a base para estabelecer a igreja. Paulo não tinha base para
estabelecer a igreja; tampouco Cefas ou Apoio. Éfeso tem a base para estabelecer
uma igreja, mas Paulo não é igual a Éfeso! Corinto tem a base para estabelecer
uma igreja, mas Paulo não é igual a Corinto, tampouco o é Cefas ou Apoio; eles
todos não eqüivalem a Corinto. Não tinham a base e não eram qualificadas a
estabelecer uma igreja, porque cada igreja deve ser combinada com uma locali-
dade. Se não se combinar com uma localidade, será impossível estabelecer-se
uma igreja. Se não há localidade, não há igreja. É mais do que evidente que Deus
toma por base o limite da localidade.
Nós, em Xangai, temos uma igreja que não se posiciona sobre nenhuma base de
denominação, nenhuma base de sectarismo, e nenhuma base de qualquer outra
coisa, mas sobre a base de Xangai. Esta é a igreja em Xangai. Suponhamos que eu
tivesse uma desavença com o irmão Chang; então o deixaria fazendo suas reuniões
na Rua Nan-Yang, enquanto eu acharia um lugar na Rua Szechwan para as minhas
reuniões. É como se você fosse para o sul, e eu, por isso, fosse para o norte,
totalmente opostos um ao outro. Na Rua Szechwan, prego o evangelho, e um grupo
de pessoas são salvas. O local de reuniões da Rua Nan-Yang pode acomodar 2.400
pessoas; eu construo um maior na Rua Szechwan para acomodar 2.600. Lá
também prego o evangelho. Mas deixem-me dizer-lhes algo: posso conduzir muitos
à salvação, posso dar mensagens, posso edificar os santos, mas jamais poderei
tornar-me a igreja. Por quê? Porque a qualificação para tomar Xangai como base da
igreja já foi tomada por outros.Por isso, não estou qualificado a estabelecer outra
igreja, pois só pode haver uma igreja em Xangai.
Que é Divisão?
Divisão significa falta de base, e o estar sem a base é condenado por Deus! Por
favor, desculpem-me por usar novamente Pi-Chieh, província de Kweichow, como exem-
plo. Qual é a diferença entre você ir a Pi-Chieh pregar o evangelho, salvar pessoas,
edificar os santos; e ir à Rua Szechwan, em Xangai, e lá fazer o mesmo? Exteriormente,
não há diferença alguma! Isso não significa que, quando você prega o evangelho na
Rua Szechwan, as pessoas não possam ser salvas; não quer dizer que, quando você
prega o evangelho na Rua Szechwan, as pessoas não possam receber a vida eterna;
tampouco vem indicar que as pessoas da Rua Szechwan vão abandonar sua
experiência de salvação. A verdade do evangelho ainda é a mesma, e as mensagens
podem ser dadas de uma maneira muito clara, como se tudo fosse o mesmo. Mas
você não pode estabelecer outra igreja na Rua Szechwan. Se você for até lá para
estabelecer uma igreja, tal será uma divisão. As mensagens que você prega em Pi-
Chieh, província de Kweichow, podem ser exatamente as mesmas que você prega
na Rua Szechwan, em Xangai. Nas duas diferentes localidades, porém, existem duas
bases distintas. Em Pi-Chieh, província de Kweichow, poderá existir uma igreja, ao
passo que na Rua Szechwan existirá uma divisão. A mesma mensagem é pregada
nestas duas localidades, mas que grande diferença! Suponhamos que você
estabeleça a Mesa do Senhor em Pi-Chieh, isto é, a Ceia do Senhor, o Partir, do Pão.
Um dia, você muda essa mesma Mesa com todos os participantes de Pi-Chieh para a
Rua Szechwan, em Xangai. Aqui você ora, estuda a Bíblia e louva ao Senhor da
mesma maneira como fazia antes. Nestas coisas não há diferença alguma. Mas, em
Pi-Chieh, você é uma igreja, enquanto na Rua Szechwan você será uma divisão.
Quando uma mulher casa com um homem solteiro, ela é sua esposa; mas, se casar
com um homem já casado, ela não será sua esposa. Quando vamos a um lugar
onde não há igreja, podemos estabelecer uma igreja. Mas, num lugar onde já
existe uma igreja, só podemos unir-nos a ela; não podemos estabelecer outra.
Este é um princípio básico na Bíblia. Se você não der importância ao limite da
localidade, tudo estará terminado. Se o menosprezar, então você não terá a
base.
Espero que, diante de Deus, você compreenda estes dois pontos: 1) a igreja de
Deus é estabelecida sobre a autoridade do Espírito Santo; 2) a igreja de Deus é
estabelecida sobre o limite da localidade. A base da igreja é estabelecida na direção
do Espírito Santo. Você não pode dizer: "É por direção do Espírito Santo que
estamos nos reunindo na Rua Szechwan". Se realmente fosse a direção do Espírito
Santo, a primeira coisa que Ele argumentaria é que o lugar onde você se reúne é
errado. Conseqüentemente, você violou e contrariou a primeira limitação Dele;
você, portanto, não tem a base sobre a qual posicionar-se. Dizer apenas que você
tem o Espírito Santo não é suficiente; também deve considerar a jurisdição da
localidade, que é estabelecida pelo Espírito Santo. A localidade é a jurisdição da qual
você jamais pode afastar-se; você só pode submeter-se. Os homens não têm
liberdade alguma quanto à jurisdição da localidade estabelecida pelo Espírito Santo.
Perdoem-me por usar termos políticos. Uma dinastia pode mudar, mas uma
localidade nunca muda; um partido político pode mudar, mas uma localidade não;
até mesmo um país pode mudar, mas ainda assim uma localidade permanecerá a
mesma. Xangai sempre foi Xangai, e Chang-Chun sempre foi Chang-Chun. Durante
a dinastia Ching, Xangai era Xangai; durante a República, ainda era Xangai; até
agora, continua sendo Xangai. Durante a guerra sino-japonesa, quando o país quase
passou a fazer parte de outro, a localidade permaneceu a mesma. Todas as coisas
mudarão, mas a localidade nunca mudará. Deus deseja a localidade como base
para a igreja. Podemos ter a igreja na localidade de Roma, mas nunca a igreja do
Império Romano. O nome é o mesmo, mas, na realidade, são diferentes. A igreja na
cidade de Roma é reconhecida pelo Espírito Santo, mas a igreja do Império Romano
não. Por esse motivo, precisamos aprender diante de Deus a não perder esta
base da localidade.
Por favor, lembrem-se disto: a igreja deve posicionar-se sobre a base da
localidade. Por muitos anos, nós nos temos posicionado sobre essa base, rejeitando
tudo o que não está de conformidade com ela, rejeitando todos os outros rótulos.
Qualquer grupo que não toma Xangai como base, não é a igreja em Xangai. O
trabalho que aqui temos é realizado com a esperança de edificar a igreja em Xangai.
Se alguém de fora perguntar sobre esse assunto, você deverá deixar-lhe claro que a
igreja interiormente tem a autoridade do Espírito Santo como conteúdo, e,
exteriormente, o limite da localidade. A autoridade do Espírito Santo mais o limite
da localidade formam uma igreja. Se não houver autoridade do Espírito Santo inte
riormente e se não houver o limite da localidade, tal não será uma igreja.
Quanto mais clara é a base da igreja, mais ricas são as bênçãos espirituais.
Principalmente nesses últimos dois anos, temos visto que Deus definitivamente
abençoou a base da igreja. Muitos irmãos e irmãs começaram a perceber a
diferença entre o caminho do individualismo e a base da igreja.
Você pode ver a bênção do Senhor, porque a autoridade do Espírito Santo está
em todos os membros, levando-os a servir a Deus em coordenação, e não em
atividades individuais. Em algumas igrejas locais, o número de membros aumentou
duas vezes, cinco vezes e dez vezes, tudo em múltiplos.
Originalmente, havia em Taipé aproximadamente trinta membros, mas agora
aumentaram para mais de mil (Nota dos tradutores: Em 1977, a igreja em Taipé
contava com mais de vinte e três mil membros). Enviamos a essa cidade alguns
irmãos, que trabalham muito diligentemente. Deus continua a abençoar, e o
número de membros continua aumentando. Quando estava em Hong-Kong (na
primavera de 1950 - editor), recebi uma carta de um irmão, através da qual pude
sentir que ele realmente conhecia o que era a igreja, e isto devido ao seguinte
incidente. A igreja em Taipé esperava que o irmão Witness Lee fosse responsável pela
campanha de evangelização, por ocasião do Ano Novo chinês. Depois de estar tudo
acertado, o irmão Lee precisou vir até Hong-Kong, para resolvermos alguns
assuntos. Eles ficaram realmente desapontados, pensando que não poderiam
realizar tal campanha. O irmão Lee disse-lhes: "Para mim, ter um irmão Lee é
apenas ter um irmão a mais; perder um irmão Lee é simplesmente perder um irmão".
Se houvesse uma igreja em Taipé, ter ou perder o irmão Lee seria uma questão de
ter ou perder um irmão. Todavia, se não houvesse igreja em Taipé, então, quando
o irmão Lee se fosse, metade de Taipé também se iria. Não obstante, o resultado
daquela campanha de evangelização foi maravilhoso! Alguns dos irmãos que vocês
suporiam incapazes de pregar o evangelho o fizeram contra toda expectativa. Como
resultado, mais de mil e quatrocentos pessoas receberam o Senhor. Nas reuniões
dos dois dias seguintes, duzentos e vinte e oito foram batizadas. Não faz diferença
se um irmão é tirado ou acrescentado, porque lá existe a igreja. Voltando agora à
carta do irmão, estou contente pela sua afirmação: "Acredito que, se nós, irmãos,
aprendêssemos a servir o Senhor de uma maneira coordenada, mesmo que
houvesse três mil ou dez mil convertidos, seríamos capazes de digeri-los e absorvê-
los". Quando a igreja vem à existência e começa a funcionar, então, se vierem
quinhentos, quinhentos serão digeridos; se vierem mil, mil serão digeridos. Esta é a
igreja de Deus.
(Palestra proferida aos irmãos em Xangai, a 1° de abril de 1950, e publicada em "A Porta
Aberta", a 30 de junho de 1950).
Com referência à base da igreja, dissemos que, em uma cidade, deve haver
somente uma igreja, pois deve haver apenas uma unidade. Mas algumas pessoas
dizem que "a igreja em uma casa" — tomando por base as Escrituras — "é uma
unidade adicional à localidade". O que querem dizer é que a igreja pode ter várias
unidades numa localidade. O que dizer sobre tal tipo de afirmação? O Novo
Testamento, em quatro lugares diferentes, menciona a igreja em uma casa, isto é,
num lar.
1. Romanos 16:5:"Saudai, igualmente a igreja que se reúne na casa deles..."
"Deles se refere a Priscila e Áqüila, do versículo terceiro. Aqui o fato é simples. A
igreja em Roma, como centenas e milhares de outras igrejas, começou,
primeiramente, na casa de um irmão. Isso significa que os principais membros da
casa desse irmão já eram irmãos no Senhor. Ao mesmo tempo, não havia muitos
membros na igreja; usavam, portanto, a casa deste irmão como seu local de
reuniões. Este é um fato histórico, e não doutrinário. É possível justificar uma
doutrina; mas o mesmo não ocorre com a História, pois acontecimentos históricos
são fatos. Qualquer pessoa que esteja familiarizada com a História sabe que
centenas e milhares de igrejas, primeiramente, se iniciaram em lares. A igreja
num determinado lugar, portanto, tornou-se a igreja na casa de uma certa pessoa.
A igreja em Roma era a igreja na casa de Priscila e Aqüila.
Alguns podem perguntar: "Uma vez que Paulo enviou saudações tanto à igreja em
Roma como à igreja em uma casa, mostrando assim não haver somente a igreja
local, mas também a igreja numa casa, não existiriam, conseqüentemente, duas
igrejas?"
Vamos devagar: Temo que você não tenha ouvido a Palavra de Deus
cuidadosamente. O livro de Romanos jamais menciona o termo "a igreja em
Roma". Como, então, o apóstolo pode ter saudado a igreja em Roma? O livro de
Romanos, ao enviar saudações, não o faz claramente à "igreja em Roma", mas sim a
igreja em casa". Está implícito, entretanto, que a saudação enviada à igreja em casa
de Priscila e Aqüila é a saudação enviada à igreja em Roma, a qual se reunia em casa
de Priscila e Aqüila. Assim a igreja em Roma era a igreja na casa deles.
Presumo que a dificuldade daqueles que discutem sobre isso advenha do fato de
que, após o versículo quinto, Paulo novamente menciona vários nomes. Acredito que
todos os expositores da Bíblia sabem que, após ter saudado a igreja no versículo
quinto, Paulo mencionou propositadamente um bom número de pessoas
importantes, e especialmente as saudou uma a uma. Isto não significa, todavia, que
tais pessoas estivessem fora da igreja em casa, mas sim que eram as pessoas, dentro
da igreja em casa, às quais Paulo especialmente enviava suas saudações. Algumas,
além de estarem incluídas nas saudações gerais à igreja, necessitavam de uma
atenção especial. Não cometam o erro de pensar que, pelo fato de estarem todos
incluídos nas saudações gerais à igreja, seja desnecessário acrescentar-lhes outras
saudações feitas individualmente. Isto não é afeição santa nem tampouco o que
ocorreu. Paulo não fez isto e nem mesmo nós o faríamos.
A prova disto está no versículo terceiro. Se a saudação enviada à igreja
automaticamente incluía a todos, e não havia necessidade de saudá-los novamente,
mencionando certos nomes, então Paulo não deveria ter saudado a Priscila e Áqüila no
versículo terceiro. Ele deveria saudar apenas "a igreja que se reúne na casa deles"
[de Priscila e Áqüila] (versículo quinto). O fato de haver saudado a "igreja que se
reúne na casa deles" [de Priscila e Áqüila já não significava a inclusão de ambos?
A saudação a toda a igreja naturalmente, inclui a cada um individualmente.
Mencionar estes indivíduos, todavia, além de saudar a igreja, não significa que eles
não sejam membros da igreja, ou que sejam membros de um outro grupo. Se assim
fosse, então Priscila e Áqüila não seriam da igreja que se reunia em sua própria casa!
Você percebe agora? Paulo saudou a Priscila e Áqüila no versículo terceiro; e, no
versículo quinto, prosseguiu saudando a igreja que estava na casa de Priscila e
Áqüila. Se a menção dos nomes de alguns indivíduos, além da saudação à igreja,
significa que tais indivíduos não eram desta igreja, e que existia uma outra igreja na
cidade, então até mesmo Priscila e Áqüila, cujos nomes Paulo também mencionou
separadamente em sua saudação, não pertenciam à igreja que estava em sua
própria casa!
O fato é que a igreja na casa de Priscila e Áqüila era a igreja em Roma. A igreja
em Roma, naquela época estava na casa de Priscila e Áqüila. Da mesma maneira
que os indivíduos mencionados antes do versículo quinto — tais como Priscila e
Áqüila — eram desta igreja, assim os muitos indivíduos nomeados após o versículo
quinto também eram desta igreja. E, além disso, muitos outros indivíduos não
mencionados também eram desta mesma igreja.
Nos versículos décimo e décimo - primeiro, mais duas casas são mencionadas, nas
quais também havia o povo do Senhor. Entretanto Paulo não disse: "saudai a igreja
na casa de Aristóbulo" ou "saudai a igreja na casa de Narciso". Somente no
versículo quinto ele realmente disse: "Saudai igualmente a igreja que se reúne na
casa deles" [a de Priscila e Áqüila]. Embora toda a casa de Aristóbulo tenha crido
no Senhor, em Roma havia apenas uma igreja — a igreja que estava na casa de
Priscila e Aqüila. Portanto, embora houvessem cristãos na família de Aristóbulo, eles
não podiam tornar-seuma igreja. Apesar de muitos da casa de Narciso serem cristãos,
estes de sua casa não podiam tornar-se uma igreja independente. Só havia uma
igreja em Roma, que era a igreja na casa de Priscila e Aqüila. Por isso a Bíblia não
menciona a igreja na casa de Narciso. A casa de Aqüila, a casa de Aristóbulo e a casa
de Narciso, todas pertenciam à igreja em Roma. Embora houvesse três casas de
cristãos, não eram três igrejas. Havia somente uma igreja. Roma era uma
localidade; tinha, portanto, apenas uma igreja — a que estava na casa de Priscila e
Aqüila.
Além disso, a História nos conta que, à época do Senhor, Roma já era uma
cidade muito grande. Mas, no início, os cristãos em Roma eram poucos. Por ser
grande a cidade e estarem espalhados os cristãos por toda a cidade, era natural que
Paulo acrescentasse saudações pessoais às saudações enviadas à igreja em Roma, a
qual se reunia na casa de Priscila e Aqüila. Por isso mencionou especialmente: "Saudai
a Asíncrito, Flegonte, Hermes, Pátrobas, Hermas e aos irmãos que se reúnem com
eles" (versículo catorze), e também: "Saudai a Filólogo e a Júlia, a Nereu e sua irmã,
a Olimpas e a todos os santos que se reúnem com eles (versículo quinze). Tais
santos estavam espalhados por lugares distantes uns dos outros, através de toda a
cidade de Roma, assim como os irmãos, hoje, na igreja em Xangai, que moram em
Young Shu Pó e Kiang Wan. Mas Paulo nos diz que havia somente uma igreja na cidade
de Roma, e que tal era aquela que se reunia em casa de Priscila e Aqüila. Embora
estivessem espalhados, e alguns irmãos se reunissem com aqueles que moravam
perto, Paulo, contudo, não os chamou de igreja; chamou-os somente de "irmãos que
se reúnem com eles" ou "todos os santos que se reúnem com eles". Só pode existir
uma igreja em uma localidade.
2. Primeira Coríntios 16:19: "No Senhor muito vos saúdam Aqüila e Priscila e,
bem assim, a igreja que está na casa deles". Esta saudação foi enviada em 59 d.C,
quando Áqüila e Priscila moravam em Éfeso (At 18:18-19). Como a igreja em Éfeso
se reunia na casa deles, foi, portanto, chamada de "igreja que está na casa deles".
Isso não significa que houvesse uma igreja na cidade de Éfeso e outra, na casa de
Áqüila e Priscila, mas que a igreja na cidade de Éfeso era a igreja na casa de Áqüila e
Priscila. Tal fato histórico de maneira alguma pode ser mudado.
Mais tarde esses dois retornaram a Roma, e, mais uma vez, abriram sua casa
para local de reuniões da igreja em Roma. Eram realmente um casal fiel e amável.
3. Colossenses 4:15-16: "Saudai aos irmãos que estão em Laodicéia. e a Ninfa e
à igreja que está em sua casa. E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós,
fazei que também o seja na igreja dos laodicenses..." (VRC) (a palavra "e", usada
duas vezes no versículo quinze, é a mesma palavra em grego).
Podemos descobrir, por meio da História, que a igreja em Laodicéia se reunia em
casa de um irmão chamado Ninfa, um cristão de Laodicéia, não de Colossos.
(Verifique isso, por favor, nos escritos de Moore, Alfred, Earle e Finley). Paulo,
portanto, chamou à igreja de Laodicéia de "igreja que estava na casa de Ninfa", isto
é, "a igreja de Laodicéia na casa de Ninfa". Tal é um fato, e está bem evidente
nesta passagem.
É possível que os irmãos mencionados no versículo quinze sejam diferentes da
igreja? Não, é impossível! Paulo mencionou três categorias de pessoas: 1) os
irmãos, 2) Ninfa, 3) a igreja.
Se os irmãos e a igreja não são os mesmos, então onde colocar Ninfa? O
versículo diz: "os irmãos e Ninfa". A expressão "os irmãos" inclui "Ninfa" ou não?
Não importa quem você seja; tem de reconhecer que "os irmãos" inclui "Ninfa".
Logo tanto "os irmãos" quanto "Ninfa" pertencem ao mesmo grupo. Embora
ambos sejam do mesmo grupo, todavia, depois de ter saudado os irmãos (isto é,
após Ninfa ter sido incluído na saudação aos irmãos), Paulo especialmente
destacou Ninfa dentre eles, saudando-o pessoalmente.
Além disso, com relação às categorias (2) Ninfa, e (3) a "igreja que está em sua
casa" [de Ninfa], podemos dizer que a "igreja que está em sua casa" inclui Ninfa? É
claro que sim, a igreja o inclui. Assim sendo, por que não é suficiente que Paulo
diga: "saudai a igreja que está em casa de Ninfa"? Embora a igreja em sua casa
inclua Ninfa, Paulo ainda assim diz: "Saudai... a Ninfa e à igreja que está em sua
casa". Ele saúda a igreja, mas principalmente a Ninfa.
Nestas três categorias de pessoas, Ninfa é parte de cada uma delas. Da mesma
maneira, "os irmãos" e "a igreja são idênticos. Portanto Paulo não pára com a
saudação aos "irmãos de Laodicéia", mas prossegue, saudando a um irmão em
particular chamado "Ninfa". Já que a reunião da igreja se fazia em casa de Ninfa,
Paulo continua, saudando a "igreja que está em sua casa". "Os irmãos" se refere a
indivíduos; "a igreja" se refere a todo o grupo. Mas eles são idênticos. Paulo
primeiramente saúda os indivíduos, depois saúda toda a igreja.
Qual é o relacionamento existente entre a igreja na casa de Ninfa (versículo
quinze) e a igreja em Laodicéia (versículo dezesseis)? O versículo quinze é uma
saudação, enquanto o versículo dezesseis refere-se à leitura da epístola. O versículo
quinze fala da saudação aos irmãos em Laodicéia, os quais eram a igreja que se
reunia em casa de Ninfa. No versículo dezesseis, espontaneamente, sem qualquer
explicação, Paulo informa aos colossenses que os irmãos em Laodicéia (a quem
saudou no versículo quinze) eram a igreja que se reunia em casa de Ninfa, e que
tal igreja era a igreja em Laodicéia. Então, solicitou aos irmãos em Laodicéia que
providenciassem que a epístola fosse lida aos colossenses (Colossos distava apenas
20 km de Laodicéia). Lendo esses dois versículos cuidadosamente, você perceberá
que a igreja em casa de Ninfa, em Laodicéia (versículo quinze), é a própria igreja em
Laodicéia (versículo dezesseis). Pedro é Cefas, e Cefas é Pedro: os dois são
permutáveis. O mesmo ocorre aqui.
4. Filemom 1-2: a "...Filemom... Afia, e a Arquipo... e à igreja que está em tua
casa". Filemom era um cristão que morava em Colossos e era um cooperador do
apóstolo Paulo. A igreja em Colossos reunia-se em sua casa; a frase "à igreja que
está em tua casa", conseqüentemente, indica a igreja em Colossos. Isto é a História!
Teotóno afirma que, até o século quinto, sempre que visitavam Colossos, os
turistas freqüentemente consideravam a casa de Filemom como um ponto histórico.
Sendo famoso lugar histórico, era ponto turístico obrigatório aos que iam a Colossos.
Tal se devia ao fato de que a igreja em Colossos se reunia naquela casa em
particular.
A igreja na casa de Filemom era a igreja em Colossos, pois a igreja em Colossos se
reunia na casa de Filemom. Todas as igrejas na Bíblia, portanto, tomam a localidade
como a unidade: a casa jamais pode ser a unidade para a igreja.
Já vimos que o Novo Testamento menciona quatro vezes a igreja em uma casa.
O que tudo isso, na verdade, significa? Devemos observar essa questão por um
outro ângulo, e ver se a casa é ou não a unidade para a jurisdição de uma igreja. Não
sei se você compreende ou não o que se chama de "unidade de jurisdição". Quando
pesamos alguma coisa, por exemplo, usamos o quilo como unidade; assim o quilo é
a "unidade de peso". Quando medimos coisas, usamos o metro como unidade;
assim o metro é a "unidade de comprimento". O quilo é a unidade de peso, e o
metro, a unidade de comprimento. É uma casa a "unidade de jurisdição" para a
igreja? Como já disse antes, em outros lugares, a unidade de jurisdição para a
igreja é uma cidade ou localidade. Isto se baseia nos ensinamentos de Deus.
Por que uma cidade ou uma localidade pode tornar-se a unidade? É porque Éfeso,
Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia, todas eram localidades, e
apenas uma igreja posicionava-se em cada localidade. A questão agora é que, se
Deus não tivesse tomado a localidade como a unidade de jurisdição da igreja,
então não deveria haver sete igrejas nestas sete localidades. Por que não deveria
haver uma igreja para todas as sete localidades? Ou, se a localidade não fosse
mantida como unidade, por que não deveria haver mais de sete igrejas? Mas, na
Bíblia, Deus nos disse que havia sete localidades e que também havia sete igrejas!
Elas eram as "sete igrejas na Ásia", não "a igreja na Ásia"; eram "as igrejas", não "a
igreja"; eram as "ecclesiae", não a "ecclesia". Não somente existiam sete igrejas
diferentes nesta terra, mas também havia sete candelabros no santo lugar, diante
do Senhor. Havia sete, não um. Sem dúvida, está evidente que as pessoas devem
obedecer àquilo que Deus nos mostrou quanto à questão de tomar a localidade
como unidade de jurisdição para uma igreja.
Permitam-me perguntar novamente: pode a casa tornar-se a unidade para a
igreja? Para responder a esta pergunta, precisamos ter uma mente bastante clara;
caso contrário, cometeremos erros. Precisamos compreender a diferença entre a
casa mencionada na Bíblia e a casa mencionada por aqueles que, hoje, defendem
a igreja numa casa. A casa ensinada na Bíblia é o lugar onde a igreja se reunia
naquela localidade. A igreja na casa de uma pessoa, portanto, é também a igreja
naquela localidade. A igreja na casa de Aqüila era a igreja em Roma, a igreja na casa
de Ninfa era a igreja em Laodicéia, e a igreja na casa de Filemom era a igreja em
Colossos.
Mas, e hoje? As pessoas ensinam que Roma é uma localidade, mas que pode
haver lá duas igrejas: uma em uma rua e outra em uma casa. Em Colossos, pode
haver três igrejas: uma em uma rua, duas em duas diferentes casas. Portanto as
pessoas ensinam que a igreja em uma casa é uma igreja menor do que a
jurisdição de uma localidade; isto é, na mesma localidade, pode haver muitas
igrejas. Utilizam a palavra "casa" da Bíblia para entenderem que a unidade da
igreja nas Escrituras não está limitada a uma localidade, mas a uma casa. Por isso
vocês devem atentar em que a "casa" mencionada na Bíblia e a casa proposta por
algumas pessoas têm significados completamente diferentes.
Agora, a questão é: existe na Bíblia uma unidade menor do que a localidade
para o limite, para a jurisdição da igreja? O homem diz que sim, porém Deus diz
que não! Essa pergunta é bem fácil de se responder. Já vimos que só havia uma
igreja em Roma, uma igreja em Colossos e uma igreja em Laodicéia. O livro de
Apocalipse claramente nos mostra que a igreja em Laodicéia está no singular, o que
também corresponde a um candelabro de ouro nos céus.
O exemplo mais evidente foi a igreja em Jerusalém, que, àquela época, era a
igreja com o maior número de pessoas. Todos os que estudam a Bíblia sabem que
as reuniões da igreja em Jerusalém eram realizadas em diferentes casas. A Bíblia
diz: "Diariamente persevera-vam unânimes no templo... de casa em casa..." (At
2:46). A palavra "casa" aqui não é meramente uma casa. Atos 5:42 também diz:
"...no templo e de casa em casa...". Aqui também não é meramente uma casa.
Mais tarde, quando Pedro saiu da prisão, foi para a "casa de Maria" (At 12:12),
que era uma entre muitas casas. Agora a questão é se esse tipo de casa pode ser
a unidade de jurisdição para a igreja. A História nos mostra que, entre todas as
outras igrejas, Jerusalém teve o maior número de membros e o maior número de
reuniões em lares. Se Deus tivesse qualquer intenção de tomar a casa como
unidade da igreja, então Jerusalém teria sido a localidade mais qualificada e o
exemplo mais típico. Se em Jerusalém, onde havia muitos membros e muitas
casas, Deus não usou a casa para ser a esfera, a jurisdição da igreja, concluímos
então ser totalmente impossível encontrar em qualquer outro lugar o fato de que
uma casa seja a esfera da igreja.
Qual é, então, a realidade? Havia muitas casas em Jerusalém, mas Deus tinha
somente uma igreja em Jerusalém, a Cada vez que mencionou a igreja em
Jerusalém, o Espírito Santo usou convictamente a palavra "igreja" no singular, e
nunca 'igrejas" no plural. A Bíblia registra somente o termo "a igreja em Jerusalém",
e não "as igrejas em Jerusalém". Ela jamais declara: "cada igreja em cada casa em
Jerusalém". É possível que tenha havido muitas casas de reuniões, mas, mesmo
assim, elas eram a única igreja em Jerusalém. Qualquer idéia de tomar a casa como
unidade para a igreja é um conceito humano e não o ensinamento da Bíblia. Só
esta frase "a igreja em Jerusalém" (At 8:1). Já é suficiente para impossibilitar a
qualquer um que deseje o estabelecimento de uma igreja isolada, independente,
individualista e solitária em uma casa.
Podemos também comparar Atos 14:23 com Tito 1:5, isto é: "...promovendo-lhes
em cada igreja a eleição de presbíteros..." e "...em cada cidade, constituísses
presbí-teros...". Esses dois versículos se correspondem e concordam um com o
outro. "Cada igreja" está em "cada cidade". Está em "cada cidade", e não em cada
casa. A casa pode ser usada como um local de reuniões, e a igreja pode ser
chamada de igreja na casa de certa pessoa; mas a igreja na casa de Ninfa ainda era
a igreja em Laodicéia. A cidade ou a localidade — jamais a casa — é o limite, a
jurisdição e unidade da igreja.
DOIS ERROS
Os dois maiores erros cometidos pelo homem são: 1. Querer ter uma igreja maior
do que a cidade ou a localidade; querer unir muitas igrejas em diferentes loca-
lidades e fazer delas uma grande igreja, maior do que a localidade. Jamais
pensaram que, nas Escrituras, não se registra um termo equivalente a "igreja na
China". Quantos são capazes de perceber que o termo "a igreja na China" não é
bíblico? Todos os filhos de Deus devem compreender que, nas Escrituras, não
há uma igreja unida maior do que a localidade.
Temos, por exemplo, 'às igrejas da Galácia", e não "à igreja da Galácia" (Gl
1:2). Temos "as igrejas aos gentios", e não a "igreja dos gentios" (Rm 16:4). Temos
as "igrejasde Deus... na Judéia" (uma província), e não a "igreja de Deus... na
Judeía" (l Ts 2:14). Temos "às sete igrejas... na Ásia", e não "à igreja... na Ásia"
(Ap 1:4). Temos ainda "as igrejas" na Síria e Cilícia (distritos) e não "a igreja" na
Síria e Cilícia (Atl5:41).
Portanto o limite, a jurisdição da igreja sobre a terra, está restrito a uma
localidade. Ainda que você junte duas igrejas, que estão em duas localidades
diferentes, elas não podem ser uma igreja; ainda são duas igrejas. Na província da
Ásia, se você somar as igrejas como uma, mais uma, mais uma, mais uma, mais
uma, mais uma, mais uma, o resultado não será uma igreja, mas sete igrejas. Se
você somar todas as igrejas das diferentes localidades de toda a província da
(Galácia, você ainda não terá a igreja na Galácia, mas as "igrejas da Galácia".
Quem disse que a igreja está acima, além da localidade? Que Deus possa abrir
os seus olhos, a fim de que você não cause confusão ao testemunho de Deus.
2. Por outro lado, as pessoas desejam ter uma igreja menor do que a cidade ou
a localidade. Desejam dividir uma localidade em muitas "igrejas", muitas
"assembléias", muitas "congregações", ou igrejas em casas", usando este último
como um maravilhoso título. Mas estas são todas da mesma natureza, isto é,
servem para causar divisões, para estabelecer suas próprias seitas segundo a
carne. Os filhos de Deus devem diferenciar bem a "casa" mencionada na Bíblia da
"casa" concebida pelo pensamento humano. Na Bíblia, quando a casa eqüivale a
uma localidade ou cidade, os cristãos que nela se reúnem são chamados de
igreja, como a igreja em Roma, a igreja em Colossos, a igreja em Laodicéia, etc.
Mas, quando a casa é menor do que a localidade ou cidade, os cristãos que nela
se reúnem não são chamados de igreja, como as reuniões da igreja em Jerusalém
realizadas em várias casas. Isto é muito diferente da casa concebida pelo
pensamento humano, que é feita menor do que a localidade ou a cidade,
perpetuando assim a vida das seitas, ou dando outra forma às mesmas.
Os irmãos, portanto, devem lembrar-se de que o ensinamento bíblico é "a igreja
em Jerusalém", e não "as igrejas em Jerusalém" (At 8:1); é "a igreja... cm Corinto", e
não "as quatro igrejas em Corinto" (l Co 1:2); é "a igreja em Laodicéia" (Ap 3:14;
Cl 4:15-16). Encontramos "a igreja em Éfeso", e não "as igrejas em Éfeso" (Ap 2:1).
Temos "a igreja dos Tessalonicenses", e não "as igrejas dos Tessalonicenses" (l Ts 1:1).
Também temos "a igreja... em Antioquia", e não "as igrejas em Antioquia" (At 13:1 -
V.R.C.).
A igreja de Deus toma a localidade como o seu limite! Quando a igreja na casa de
certa pessoa é completamente equivalente à igreja daquela localidade, pode ser
chamada de igreja na casa dessa pessoa. Todavia, quando a "igreja" na casa de
certa pessoa é menor do que a igreja em sua localidade, não pode ser chamada de
igreja. Quando você junta as "igrejas" na "casa" de Cefas, na "casa" de Paulo, na
"casa" de Apoio e na "casa" de Cristo, não existem quatro igrejas em Corinto, mas
sim a igreja em Corinto, no singular. Então se conclui que Deus nunca fez deste tipo
de "casa" uma unidade para o limite, para a jurisdição da igreja. Como as quatro
casas não são quatro unidades, os cristãos que nelas se reúnem, respectivamente,
não podem ser quatro igrejas.
Deve ter havido mais de dez mil irmãos em Jerusalém, e é possível que eles se
tenham dividido em cem casas para as reuniões (não sabemos o número exato).
Como casas desse tipo são menores do que a cidade, menores do que a localidade e
menores do que Jerusalém, elas não são suficientes para se tornarem as unidades
das igrejas. Portanto, se você juntar as cem casas, não se tornarão cem igrejas. Na
Bíblia, só há a igreja em Jerusalém, no singular. Já que as cem casas juntas não
podiam tornar-se cem, mas só podiam totalizar uma, isso significa que cada uma
das cem não era suficiente para tornar-se uma unidade por si mesma.
Se a igreja na casa de Ninfa (Cl 4:15) e a igreja em Laodicéia (versículo dezesseis)
não são a mesma, então, ao somá-las, o resultado será duas igrejas. Mas, depois
que "as" somamos, Deus diz, em Apocalipse 3:14, a "igreja em Laodicéia", e não as
igrejas" ou as "duas igrejas" em Laodicéia. São uma somente.
Quando menor do que a localidade, a casa não é suficiente para tomar-se a
unidade. Quando equivalente a uma localidade, então é qualificada para tornar-se a
unidade. Mas a unidade é a localidade, jamais a casa. Devemos ficar bem claros de
que, na Bíblia, a unidade-padrão para a igreja, o limite da igreja, é a cidade ou a
localidade. Quando a casa eqüivale à localidade, então podemos dizer "a igreja na
casa de Fulano de Tal". Quando a casa é menor do que a localidade, você pode somar
um mais um, mas o total será um, não dois. Você pode somar dez mais dez, porém
o total não será vinte, será um. Você pode somar cem mais cem, mas o total não
será duzentos, será só um. Todos os totais serão um! Através disso, conclui-se que
nenhuma das "casas" pode igualar-se com a unidade para o limite, para a
jurisdição da igreja.
Quem pode mostrar, na Bíblia, que haja duas igrejas em uma localidade?
Ninguém! Hoje, só podemos dizer que há duas denominações em uma localidade,
quatro seitas numa localidade, ou cem manifestações da carne em uma localidade;
mas nunca poderemos dizer que haja duas ou mais igrejas em uma localidade.
Podemos dizer que há cem reuniões caseiras em uma certa localidade, mas só pode
haver uma igreja nessa localidade. Isso é certo!
Por causa da voz de Deus, nos últimos vinte e oito anos, as seitas perderam o seu
lugar naqueles que amam ao Senhor, Os irmãos que defendem a divisão da igreja
em casas devem estar alerta, suspeitando de que isto vem a ser uma outra forma
de pedir autorização para o ego ou para as seitas. Que Deus possa abrir os olhos de
Seus filhos, para verem que aqueles que deixaram as denominações não deixaram
necessariamente as seitas. Que Deus tenha misericórdia, pois eu falo
honestamente.
Todos precisamos examinar seriamente os nossos próprios corações na luz: não é
verdade que, de um lado, nós gostamos de rejeitar o pecado do
denominacionalismo, e, contudo, por outro lado, também não ouvimos a igreja, e
então adotamos o caminho cômodo de ter a "igreja" em casa? Que o Senhor tenha
misericórdia de vocês por fazerem isto, e de mim por falar desta maneira.
Meu coração está muito triste, porque, ao mesmo tempo em que o Senhor
obtém Sua vitória, ainda ocorre tal perturbação. Um pouco da nossa desobediência
hoje, se o Senhor adiar a Sua vinda, resultará numa bifurcação no percurso da
igreja cem anos depois. Desejaria que os irmãos orassem por nossos irmãos com
jejuns, para que Deus possa converter seus corações. Por outro lado, vocês, irmãos,
que ainda se comunicam com eles, devem mostrar-lhes o seu amor firme para com
eles, a fim de que o Senhor possa ganhá-los. Que o Senhor lhes conceda um coração
de temor e tremor, para que saibam o quanto o falar em nome do Senhor requer
que eles se despojem de seu "ego", requer que sejam humildes e que não falem, até
que vejam e ouçam. Que o Senhor lhes faça ver quão sério é o resultado do
proferir uma palavra sem revelação. Uma vez que damos à luz a Ismael, o que é
carnal perseguirá o que é espiritual para sempre.
A INTENÇÃO E O RESULTADO
O CONTEÚDO DA IGREJA
Gostaria de falar-lhes um pouco mais sobre o problema da igreja. Esta deve ter
tanto a autoridade do Espírito quanto a unidade da localidade. A base da
localidade, todavia, não é um assunto tão simples, pois a igreja ainda precisa do
seu conteúdo. Sem conteúdo, ela ainda não pode ser reconhecida como uma igreja
local. Estar certo quanto ao nome é uma questão muito importante, mas isso não
quer dizer necessariamente que não haja problemas. Por isso é que eu gostaria de
ver, na Bíblia, junto com vocês, irmãos, os vários requisitos de uma igreja em uma
localidade. Dizer simplesmente que estamos posicionados sobre a base da localidade
não é suficiente. Além de posicionar-nos sobre a base da localidade, deve haver os
requisitos, as condições e o conteúdo da igreja. Se tais requisitos e condições não
são satisfeitos, então ainda não estamos posicionados sobre a base da localidade.
1. RECEPTIVA
Isso quer significar que devemos receber todos os cristãos de uma localidade
sem reserva alguma? Não! Uma igreja em uma localidade deve não apenas receber
todos aqueles a quem Cristo recebeu nessa localidade, mas também deve exercer
a disciplina da igreja. Que é a disciplina da igreja? Quando um irmão, que foi
recebido pelo Senhor, comete algo, de modo que o próprio Senhor o exclui da
comunhão, nós também exercemos disciplina sobre ele. Você não deve dizer que
queremos todos os que o Senhor quer e também todos os que o Senhor não quer.
Se Ele coloca certa pessoa no mundo, e ainda assim você a coloca na igreja, você
abre na igreja uma porta para o mundo. Conseqüentemente, não haverá uma
linha demarcatória entre a igreja e o mundo: a muralha que há entre os dois foi
derrubada por você.
Sempre usamos esta ilustração: Quando um barco está no mar, o barco e o mar
não podem ter comunhão. Tão logo começam a ter comunhão, mais cedo ou mais
tarde, o barco afundará. Do mesmo modo, se você fizer um furo na igreja, a linha de
separação entre a igreja e o mundo desaparecerá. A igreja local, portanto, deve
exercer disciplina; deve haver ação disciplinar, para tornar-se uma igreja local.
Que é ação disciplinar? Primeira Coríntios 5 menciona seis diferentes tipos de
pessoas salvas e que tinham a vida de Deus. Mas, de um modo especial, eles
desleixaram, tornando-se respectivamente fornicador, avarento, idolatra,
maldizente, beberrão e roubador. Paulo disse-lhes (à igreja em Corinto): "expulsai,
pois, de entre vós o malfeitor" (l Co 5:13). A ordem de l Coríntios 5 não diz que,
assim que um irmão peque, vocês devem expulsá-lo de seu meio. Contudo o que
realmente diz é que, quando um irmão se torna /a/pessoa, aí então, vocês devem
expulsá-lo. Não diz: aquele que comete fornicação, mas sim "um fornicador"; não
um irmão que maldiz, mas sim "um maldizente". Quando um homem se torna tal
pessoa, a igreja deve expulsá-lo, deve excomungá-lo. Aquele a quem o Senhor não
quer na igreja, você também não deve querer naquela localidade. Se vocês, em sua
localidade, conservarem alguém que o Senhor não quer, essa retenção causará sérios
problemas. O Senhor disse que tal pessoa é como um pouco de fermento que leveda
toda a massa (l Co 5:6). Dentro de pouco tempo, a igreja inteira ficará mofada. A
igreja inteira já não será mais a farinha pura, mas o fermento. A igreja, portanto,
precisa ter disciplina. Além disso, ela sabe que tipo de pessoa um irmão é. Isso se
reflete nas palavras da irmã M. E. Barber: "A unidade da igreja é a voz do Espírito
Santo". Se todos os irmãos sentem que um irmão é tal pessoa, então ele com certeza é
tal pessoa. Você não pode dizer que todos os irmãos o entenderam mal. Uma igreja
local, por conseguinte, deve executar a disciplina de Deus em sua localidade.
Além disso, a Bíblia revela-nos que a igreja exerce disciplina não só no aspecto
moral, mas também no aspecto doutrinário. O Senhor, todavia, não deseja que
exerçamos disciplina com relação a doutrinas vulgares. Alguns, por exemplo, guardam
o dia do Senhor, enquanto outros guardam o sábado (isto não se refere aos
Adventistas do Sétimo Dia, que estão retornando à lei). Isso não devemos discutir.
Alguns guardam ambos os dias; isso tampouco deveríamos discutir. Alguns irmãos
comem legumes, e outros comem carne; tampouco devemos discutir isso. Há um tipo
de doutrina que obrigatoriamente devemos discutir, e isto se refere à Pessoa do Senhor
Jesus. Isso está mencionado em 2 João 7-11: "Porque muitos enganadores têm saído
pelo mundo f ora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne: assim é o enganador
e o anticristo... Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece, não
tem Deus... Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa,
nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das
suas obras más." Aqui, penso eu, está muito claro que uma igreja em uma localidade
deve guardar a Pessoa do Senhor Jesus. Se o Senhor Jesus não é Deus vindo em
carne, se é somente carne, então não é Deus; sendo assim, o Senhor Jesus não
poderia ter realizado a redenção por nós, e a igreja estaria basicamente anulada. A
igreja, conseqüentemente, deve ser rigorosa, e de maneira alguma desleixada e
tolerante em qualquer coisa que se relacione à Pessoa de Cristo. Se alguém pregar um
ensinamento diferente sobre a Pessoa do Senhor, não o receba em sua casa, nem
tampouco lhe dê as boas-vindas. Caso contrário, a igreja perderá sua base. Se não
há disciplina, ela perde a sua qualificação de igreja. Logo, a confusão moral é errada e
proibida pela igreja; a confusão doutrinária também é errada, e não é permitida pela
igreja. Todavia de modo algum pense que isso se refere a doutrinas vulgares. Se a
igreja se preocupa com doutrinas vulgares, toda ela será derrotada, dividida em
pedaços. Não deveremos discutir doutrinas vulgares. Devemos somente combater as
doutrinas relativas à Pessoa de Cristo. Aqui, a igreja precisa exercer disciplina;
doutra sorte, ela estará acabada.
Mateus 18:15-17 diz: "Se teu irmão pecar [contra til, vai argüi-lo entre ti e ele só...
se, porém, não te ouvi toma ainda contigo uma ou duas pessoas. ..E, se ele não os
atender, dizei-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como
gentio..'.
Algumas igrejas são muito preguiçosas e não se preocupam em tratar com
assuntos problemáticos. Todavia, aqui, o Senhor disse que a igreja deve cuidar dos
assuntos disciplinares. O ensino do Senhor aqui se refere à igreja local, lugar onde
podemos contar nossos problemas. A igreja numa localidade deve cuidar de tais
assuntos. Se uma igreja local não o faz, está negligenciando seu dever. Se vocês
são a igreja em uma localidade, devem assumir toda a responsabilidade nessa
localidade.
III. INCLUSIVA
Além disso, a questão mais importante para a igreja em uma localidade é que
ela deve ser inclusiva, não exclusiva. O que a igreja deve incluir tem dois aspectos:
o da conduta e o da doutrina. Primeiramente, vamos considerar o aspecto da
conduta cristã, que a igreja não deve excluir.
Em Atos 20:27, Paulo disse aos presbíteros de Éfeso: "Porque jamais deixei de
vos anunciar todo o desígnio de Deus" ou "nunca deixei de anunciar-vos a perfeita e
completa vontade de Deus". Se a igreja em uma certa localidade está firmada na
posição de igreja, não pode deixar de declarar a perfeita e completa vontade de
Deus. Não podemos esperar que um irmão alcance a perfeita e completa vontade
de Deus, mas pelo menos, como Paulo, não podemos rejeitar ou deixar de anunciar
nenhuma verdade referente a esta vontade perfeita e completa. Assim que vocês
evitarem algo, imediatamente se tornarão uma seita. Porque não são capazes de
incluir todos os filhos de Deus, vocês excluem aqueles que acreditam naquilo que
vocês deixam de anunciar.
A "igreja... é o Seu Corpo, a plenitude Daquele que a tudo enche em todas as
coisas" (Ef 1:22-23). O Senhor enche a igreja universal; o Senhor também enche a
igreja local. Se uma igreja local tem só uma parte de Cristo, não é a igreja. A igreja
é o Corpo de Cristo, o que significa todo o Cristo. Por exemplo, se minha cintura
fosse de noventa e oito centímetros, e você me desse uma roupa com uma cintura
de setenta e cinco centímetros, eu não poderia usá-la. A roupa deverá ser
suficientemente grande, para que eu possa usá-la. O relacionamento entre a igreja
e Cristo é igual ao corpo e a vida, e não como o relacionamento entre a roupa e o
corpo. Às vezes, você pode forçar um pouco a roupa para que se ajuste ao corpo;
mas você jamais poderá forçar o corpo a conter a vida. Deve haver um corpo que
seja completo, a fim de incluir plenamente toda a vida de Cristo. Só quando a
plenitude do Senhor for colocada na igreja em Xangai é que esta poderá ser chama-
da de igreja em Xangai. Suponhamos que a igreja permita que haja uma certa
coisa, mas não permita uma outra. Então ela carece de algo. Pelo fato de o Cristo
dessa porção que vocês não querem não poder ser incluído entre vocês, vocês não
estão perfeitamente completos. Essa porção fica inutilizada. Isto é muito importante.
A igreja está cheia da plenitude de Cristo. Desde que ela é o Corpo de Cristo, e
Cristo precisa revestir-Se dela, esta tem que ser suficientemente grande, para que
possa revestir Cristo. A igreja precisa ter um invólucro suficientemente grande, para
que Cristo se encaixe nele. Se não tiver tudo que a Sua vida possui, não poderá
expressar o Cristo completo e não poderá ser chamada de igreja.
"Da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me
foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus" (Cl 1:25).
Dentro da igreja, deve haver a plena Palavra de Deus. A Sua Palavra deve ser
cumprida na igreja.
Após ler essas palavras, talvez você não compreenda o seu lado prático. Que
significa ter a Palavra de Deus e todos os tipos de conduta bíblica cumpridos na
igreja? Que significa dizer que uma igreja local deve ser inclusiva e não exclusiva?
Vem à tona, por exemplo, o assunto dos dons espirituais, sobre os quais temos
falado nestes dias. Dizemo-nos ser a igreja em Xangai; mas suponhamos que os
irmãos daqui não acreditem em dons espirituais. Isso está correto? Não! A igreja não
pode deixar de crer em dons espirituais, porque na Bíblia há dons espirituais. No
momento em que vocês não acreditam em dons espirituais, não podem ser a igreja
em Xangai. Só podem ser chamados "uma igreja em Xangai que não acredita em
dons espirituais". A sua falta em não crer nos dons espirituais faz com que vocês
não sejam inclusivos, mas exclusivos para com certos irmãos.
Suponhamos que haja vinte irmãos em Xangai que acreditam em dons
espirituais. Uma vez que vocês recusam acreditar em dons espirituais, não
podem incluí-los, e os marginalizam. Como eles são membros do Corpo de Cristo, o
fato de vocês os excluírem talvez não seja como amputar uma das mãos, mas
pelo menos é como amputar um dedo. Vocês, por conseguinte, não podem dizer que
essa igreja está cheia da plenitude de Cristo. Vocês não cumpriram a Palavra de
Deus. Amputaram uma parte de Cristo.
Tomemos uma questão mais importante, tal como vender tudo para seguir o
Senhor. Suponhamos que os irmãos em Xangai não acreditem no vender tudo, mas
em trabalhar diligentemente para ganhar dinheiro e tirar uma certa porcentagem
para dar aos pobres. Se cem irmãos em Xangai fossem movidos pelo Espírito do
Senhor a vender tudo e segui-Lo, sentiriam não haver lugar para eles nessa igreja.
Como vocês não têm meios de incluí-los, são exclusivos em relação a eles. Mas
vender tudo para seguir o Senhor também é uma parte da vida de Cristo. Se vocês
não podem incluir os irmãos que têm essa porção de vida, mas os marginalizam,
percebam que essa igreja é demasiadamente pequena e defeituosa. Isso é
exatamente como a amputação de uma das mãos ou de um dos pés. Como pode
a igreja não ter o que Cristo tem? Se a igreja não aceita aquilo que Cristo tem, não
pode permanecer na posição de igreja. Assim vocês são uma seita, não uma igreja.
Uma igreja deve incluir a plenitude de Cristo. O resultado será que essas cem
pessoas se tornarão uma "igreja que vende tudo para seguir o Senhor", e, assim,
mais uma seita será gerada. Vocês não são completos, tampouco eles. Sua
doutrina não é suficiente para incluí-los, e a deles não é também a perfeita e
completa vontade de Deus. Vocês os amputam, e eles os amputam como a outra
parte. Uma igreja local, portanto, tem de incluir todos os tipos de filhos de Deus que
buscam o Senhor. Deve ser capaz de incluir todos os irmãos que vendem tudo, como
também os que não vendem tudo. Tudo o que não está na Bíblia, não podemos
incluir; caso contrário, incluiremos o mundo. Mas tudo o que está na Bíblia,
devemos incluir; doutro modo, separaremos e excluiremos alguns filhos de Deus.
"Conservando-o (o campo), porventura, não seria teu?" (At 5:4). Está evidente
que, enquanto não era vendida, a propriedade podia continuar sendo dos seus
donos. A Bíblia nos mostra que aqueles que nada vendiam ainda podiam ser
cristãos. Se um certo grupo não crê que devem ser aceitos os que não vendem seus
bens, tal grupo é uma "família" — como foi praticado por alguns cristãos na China
— mas não a igreja. As denominações, em geral, não exigem que todos vendam
tudo o que possuem, mas a "família" exige; portanto todos eles não são a igreja.
Qualquer coisa que exclua uma parte dos filhos de Deus é exclusiva e sectária. O
melhor para os irmãos em todo o lugar seria tomarem o caminho da perfeição. Se,
todavia, você não for capaz de escalar este caminho, de modo algum impeça os
outros de o fazerem. Somente assim poderemos ser inclusivos e ser chamados de
igreja. O melhor para todos os servos de Deus é escalarem este caminho. Caso não
sejamos capazes, devemos deixar que outros tomem o caminho. O que a Bíblia
permite, também devemos permitir; o que a Bíblia não permite, nós tampouco
devemos permitir. Nós mesmos devemos subir cada vez mais alto. Devemos ter a
esperança de subir cada vez mais alto. Não importa quão difícil seja o caminho;
precisamos trilhá-lo. Mas, em caso de não conseguirmos, ainda assim deveremos
deixar que outros irmãos o trilhem. Jamais deve ocorrer o fato de a igreja ter o que
você tem e não ter o que você não tem. Por você não ser suficientemente grande,
não está apto a ser a base de uma divisão.
Andrew Murray disse certa vez: "Nós, que somos servos do Senhor, mais cedo
ou mais tarde teremos que pregar palavras que nós mesmos não somos capazes
de cumprir". Eu jamais deverei impedir os outros de ir em frente só porque não
posso prosseguir. A igreja em uma localidade deve ter essa tolerância, para que
possa permanecer na posição de igreja. Talvez pareça estranho, mas isto é um
fato. O andar de Paulo concordava com tudo o que pregava. Mas, pessoas como
nós, mesmo que não sejamos capazes de ir em frente adequadamente, ainda
assim precisamos pregar.
Outro exemplo é o dos irmãos que usam medicamentos quando estão doentes.
Têm base bíblica para fazê-lo, pois Lucas continuou sua profissão de médico depois
de salvo. Durante a doença, é certo tomar-se alguma coisa para ajudar o corpo.
Mas alguns irmãos dependem somente do Senhor, e não tomam medicamento de
modo algum. A atitude correta da igreja é incluir os dois. Se os irmãos puderem
crer na cura divina sem ajuda de médico ou medicamento, tal é o ideal. Se alguns
irmãos, por lhes faltar fé, consultam um médico e tomam algum medicamento, não
há problema. Se um grupo de irmãos acredita na ciência e pensa que seja
exagero não tomar medicamento, e por isso rejeita os outros, imediatamente se
poderá ver que esse grupo de irmãos é exclusivo para com alguns irmãos, e os
rejeita. Não devemos, todavia, ir ao outro extremo, insistindo em não ir ao
médico nem em tomar medicamentos. Se assim fizermos, aqueles que carecem
de fé morrerão.
No lado oeste do Egito, ao longo do Sudão, prevalecia seriamente a malária. Muitos
irmãos, que criam na cura divina, foram para lá e diziam: "O quinino é medicamento,
não o tomaremos". Como resultado, a cada ano, de um grupo de cem, dezenas
morriam. Mas um outro grupo de irmãos falou: "Num lugar como este, o quinino é
alimento, e não medicamento". Conseqüentemente, poucos dentre cem morriam a
cada ano. Sem dúvida, isto prova que a proposta do primeiro grupo estava errada.
Basicamente, nossa atitude deve ser: não aceitar aquilo que a Bíblia não permite;
mas aceitar aquilo que ela permite. Essa é a maneira de ser inclusivo, e não exclusivo.
Não devemos dizer que precisamos depender dos medicamentos. Se assim falarmos, os
que acreditam na cura divina irão embora. Também não devemos insistir em não
tomar medicamentos; caso contrário, os fracos na fé irão embora. Uma igreja deve ser
inclusiva, e não exclusiva. Todas as seitas são o resultado do fracasso havido nesse
aspecto. Devemos, portanto, voltar a isso nossa atenção.
4) Com relação à questão da santidade, muitos dos filhos de Deus acreditam
que, uma vez que crêem no Senhor, são perfeitos. Outros dos filhos de Deus acreditam
que ainda precisam de uma segunda bênção, para que possam ser perfeitos. Na Bíblia,
alguns foram aperfeiçoados ao serem abençoados, mas alguns também foram
abençoados uma segunda e uma terceira vez, e, então, alcançaram a perfeição. Pelo
fato de alguns do grupo dos "Irmãos" crerem na perfeição através de serem abençoa-
dos uma única vez, os do grupo da "Santidade" irão embora, porque acreditam
firmemente que só após uma segunda bênção é que se alcança a perfeição. Por causa
de sua absoluta crença na segunda bênção para alcançar a perfeição, aqueles que
estão no grupo dos "Irmãos" irão embora, pois crêem na perfeição através de serem
abençoados uma única vez. Se uma igreja selecciona apenas os trechos das Escrituras
em que acredita, automaticamente não está firmada na posição da igreja, mas, de
fato, na posição de uma denominação. Nós pregamos ambas — a doutrina da
perfeição por ser abençoado uma vez, e a doutrina da perfeição por receber uma
segunda bênção. Levamos as pessoas a ser aperfeiçoadas através da primeira
bênção, e também levamos as pessoas a ser liberadas, recebendo uma segunda
bênção. Logo a possibilidade de surgirem mais seitas e divisões no futuro depende
do fato de vocês reservarem ou não um lugar para todos os filhos de Deus. Se não
reservarem um lugar para todos os filhos de Deus, serão uma seita.
com isso; todavia não os forçamos. Se não praticamos isso, que está na Bíblia, alguns
irmãos nos deixarão. Então os que se opõem à imposição de mãos são uma seita, a
seita dos "não impositores de mãos". Se vocês quiserem permanecer na posição de
igreja, devem aceitar tudo que estiver na Palavra de Deus.
O batismo é o problema mais discutido. Por que tem havido tanta discussão sobre
este assunto durante os últimos séculos? É porque alguns trouxeram coisas do
Catolicismo Romano para o Protestantismo. Pelo fato de o Catolicismo Romano
aspergir água sobre a cabeça das pessoas, muitas igrejas protestantes seguiram
o mesmo caminho.
Originalmente, é provável que ambas as partes tenham tido muitas discussões,
até que cada um tomou seu próprio caminho. Diante de qualquer mandamento da
Bíblia, se a igreja não ficar firme no lado positivo, a fim de preservar o que se
encontra na Bíblia, estará criando uma seita.
O partir do pão, na Bíblia, significa que se lembre o Senhor no primeiro dia de cada
semana. Se algumas igrejas não o praticam de acordo com a Bíblia, os que desejam
lembrar o Senhor com mais freqüência terão de ir embora.
O lavar os pés também está na Bíblia. Alguns radicalmente se opõem a este assunto,
e o reduzem a nada por meio de seus ensinamentos. Em conseqüência, os que
desejam obedecer à ordem do Senhor no que se refere ao lavar os pés, terão de
sair.
Entre os filhos de Deus, alguns são mestres, alguns enfatizam a vida mais
profunda, e outros, a pregação do evangelho. Alguns irmãos são tão zelosos na
pregação do evangelho, que desprezam os que enfatizam a vida mais profunda; e,
alguns, que enfatizam a vida mais profunda, desprezam os que pregam o evangelho.
Você me despreza, e eu o desprezo. Imediatamente, surgem as divisões.
Darei um outro exemplo: Alguns irmãos dão ênfase ao pregar por inspiração.
Obviamente, isso não é comum. Prega-se pela inspiração que vem dos dons
espirituais. Isto é muito bom. O profetizar mencionado em l Coríntios 14 é desse
tipo. Tais irmãos são absolutamente contrários à exposição da Bíblia. Mas não está
isto na Bíblia? Na Bíblia, há os que pregam o evangelho, e há os que são mestres. Se
os irmãos desaprovam a exposição da Bíblia, os que estudam a Bíblia acharão tal fato
insuportável, e os que são mestres terão de ir embora. Mas, se a igreja só crê no
ensino através da exposição das Escrituras, os que acreditam na inspiração não
poderão tolerá-lo. Como resultado, haverá divisões.
Toda a dificuldade é que somos demasiadamente pequenos. Nosso coração não é
suficientemente amplo perante o Senhor, nem tampouco nossa pessoa. "Quero isto,
mas não quero aquilo; a igreja deve ser dirigida de acordo com a minha idéia". Por
favor, lembre-se: a igreja deve ser dirigida de acordo com a vontade do Senhor, e
não de acordo com a sua idéia, porque você é muito pequeno. Sempre há alguns
irmãos melhores do que você em certos aspectos; não pode dizer que é superior a
todos os irmãos. Sempre há alguns irmãos e irmãs que estão acima de você em alguns
pontos. Você não pode correr à frente de todos eles. Precisamos aprender a receber
os pontos bons de todos os irmãos, porque só o Senhor é equivalente a uma igreja.
Somente quando a igreja inteira for juntada, é que ela se igualará ao único Senhor.
Ainda que tenha recebido misericórdia especial do Senhor, você só pode ser
equivalente a uma parte; não pode ser equivalente a todos os irmãos. Se pode
eqüivaler a dois ou a vinte irmãos, isso já é misericórdia especial do Senhor. Mas, se
pensa que é igual a toda a igreja, que tipo de orgulho é este? Como você pode fazer
com que todos os irmãos sejam iguais a você? Se cada irmão ou irmã for como você,
a igreja não terá futuro algum. Os irmãos e irmãs devem ser melhores que você em
muitos aspectos. Falta equilíbrio à igreja, quando ela dá atenção a uma coisa
somente. Quando você enfatiza uma coisa, outro irmão salienta uma outra, e mais
outro irmão ressalta outra ainda; isso representa desenvolvimento para toda a
igreja. Mas, assim que você tomar a dianteira da igreja, ela estará acabada. Admito
que você seja melhor do que muitos irmãos, mas você jamais poderá ser igual a
todos os irmãos. Só o próprio Senhor é igual a toda a igreja, não você. Mesmo o
irmão mais novo pode enfatizar algo que você não enfatizou. A virtude de alguns
irmãos é o amor, mas nem todos os irmãos têm o amor como virtude principal. Se todos
virmos isso, a igreja poderá crescer equilibradamente. 12) Se uma determinada igreja,
por exemplo, deseja guardar o "Natal", os que servem a Deus fielmente terão que
seguir por outro caminho; não há absolutamente nem "Natal" nem "Páscoa» (a que é
celebrada pelo Cristianismo) na Bíblia. Se a igreja guarda tais ocasiões, imediatamente
se verá que ela não vai bem. Há muitas outras coisas que não se encontram na Bíblia,
tais como os ídolos do Catolicismo Romano. Se você se render a elas, os problemas
virão imediatamente.
Vários Princípios Básicos
Uma igreja pode ou não estar na posição de igreja, dependendo também do fato
de ela dar ou não a todos os irmãos e irmãs a oportunidade de trabalharem, de
conceder ou não a todos a oportunidade de servirem a Deus. Há uma coisa a que
vocês precisam atentar: quando recebe a vida de Deus, um cristão tem a disposição
para servi-Lo, sua natureza deseja servi-Lo. Se não lhe derem tal oportunidade,
haverá uma ruptura, e esse irmão se tornará uma seita.
Os ensinamentos da Bíblia são bem claros com relação a este assunto. Há três
trechos na Escritura a nos mostrarem que o Corpo de Cristo tem um relacionamento
especial com serviço.
Romanos 12:4-5: "Porque, assim como num só corpo temos muitos membros,
mas nem todos os membros têm a mesma função; assim também nós, conquanto
muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros."
Estes dois versículos dizem que somos um corpo e, individualmente somos
membros. Os versículos de 6 a 8:"Tendo, porém, diferentes dons, segundo a graça
que nos foi dada: se profecia,... se ministério,... ou o que ensina,... ou o que
exorta,... etc."
Em outras palavras, a igreja é o Corpo de Cristo. Como um corpo, inclui muitos
membros e inclui cada membro. A este Corpo você deve oferecer trabalho; deve dar-
lhe oportunidade de desenvolver suas funções.
Paulo aqui nos mostra que se deve usar qualquer tipo de dom que se possua.
Jamais se deve fazer além e acima do grau de sua fé; deve-se dar lugar à atuação
de outros irmãos. Se você fizer todos os trabalhos, os outros irmãos nada terão a
fazer. Se pregar todas as mensagens, os outros irmãos nada terão a pregar.
Portanto, na igreja, é melhor que uma pessoa tome uma porção, e não duas; não é
bom que uma pessoa faça todas as coisas. Uma porção deve ser designada a cada
irmão, para que ele a cumpra. A cada irmão e irmã deve ser dada a oportunidade
de servir a Deus, assim como você tem essa oportunidade.
Primeira Coríntios 12:27-28: "Ora, vós sois Corpo de Cristo; e, individualmente,
membros desse Corpo." A seguir diz: "A uns estabeleceu Deus na igreja, primeira-
mente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro lugar mestres, depois
operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de
línguas". O maravilhoso aqui é que Paulo, no próximo versículo, pergunta: "São
todos apóstolos? Ou todos profetas? São todos mestres? Ou operadores de
milagres?". São todos apóstolos? Deus está perguntando aqui. É verdade que todos
o são? Pelo fato de haver profetas que querem ocupar toda a igreja de Deus, de
haver mestres que desejam ocupar toda a igreja de Deus e operadores de milagres
que desejam ocupar toda a igreja de Deus, o Senhor pergunta: São todos profetas?
São todos mestres? São todos operadores de milagres? Mesmo que cada um, em
toda a igreja, operasse milagres, isso ainda não seria a igreja. Ainda que cada um,
em toda a igreja, pudesse pregar, isso não seria a igreja. Mesmo que cada um, em
toda a igreja, fosse profeta, assim mesmo isso não seria a igreja. Todos recebem
dom de curar? Certamente, há grupos que se especializam só em curar. Mas,
mesmo que cada um de nós pudesse curar, ainda assim não seríamos a igreja.
Falam todos em línguas e interpretam-nas todos? Mesmo que cada um falasse em
línguas e as interpretasse, isso não seria a igreja. "São todos...?" Significa "nem
todos", pois deveria haver apóstolos, mestres, os que prestam socorros a outros, os
que governam, etc. Com todos estes tipos de funções colocados juntos, temos a
igreja. Ficamos assombrados, porque há muitos que preferem só um tipo de
trabalho. Alguns pensam simplesmente que o tipo de trabalho que eles têm é o mais
importante. Se cada irmão é um com o dom de curar, então os apóstolos, profetas e
mestres serão todos inúteis. Portanto os que arcam com a responsabilidade da igreja
devem deixar que os profetas tenham a oportunidade de profetizar, que os mestres
tenham a oportunidade de ensinar, que dêem aos que têm o dom de cura, a oportuni-
dade de curar; aos que falam em línguas a oportunidade de falar em línguas, e aos que
governam a oportunidade de governar. No que se refere ao serviço, a igreja não deve
restringir nenhum irmão ou irmã; então teremos a igreja. Caso contrário, teremos uma
seita, não a igreja. Pelo fato de vocês não darem aos irmãos e irmãs uma oportunidade
de servir, eles haverão de buscar um outro caminho.
Se os irmãos jovens ainda estão misturados com a carne, vocês só podem
exercer a autoridade para tratar com eles. O Senhor não tem absolutamente a
intenção de que os que só têm um talento o enterrem. Aos Seus olhos, o dom maior é
cinco talentos, e o menor, um talento. Se a igreja pusesse todos os de um talento em
uso, isso compensaria vários cinco talentos. Se só alguns de vocês estão servindo, a
igreja não pode ser forte. Isto não significa que os membros de um talento, que
recentemente creram no Senhor, não terão nenhum ato carnal. Em muitos pontos,
vocês devem fazê-los escutar e obedecer; mas, assim mesmo, ainda devem usá-los.
Nunca, ao tratar com a carne, você deverá tratar com o dom. Todos os irmãos
cooperadores, os líderes nas igrejas, devem dar a cada irmão a oportunidade de
servir. Os dons registrados em Romanos 12 são mais complexos que os de l Coríntios.
Profetizar, ministrar, ensinar, exortar e contribuir estão todos incluídos. Quando todos
os de um só talento têm a oportunidade de manifestar seus dons, as seitas não
podem aparecer.
Efésios 4 tem palavras similares. Os versículos onze e doze dizem: "E Ele mesmo deu
uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para
pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para a edificação do Corpo de Cristo" (VRC). Esta passagem também
mostra que os dons não são os mesmos. O versículo dezesseis diz: "Do qual todo o
Corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa
operação de cada parte, faz o aumento do Corpo, para Sua edificação em amor"
(VRC). O pensamento de Deus aqui é que só quando todos os membros funcionam,
o Corpo de Cristo pode ser edif içado. Se nem todos os irmãos e irmãs estão
servindo, o Corpo de Cristo não pode ser edif içado. Os irmãos responsáveis em
cada localidade devem lembrar que, se estão ocupados enquanto os irmãos e
irmãs não estão, fracassam grandemente. Vocês jamais devem pensar que, pelo
fato de estarem fazendo muito, isso seja o bastante. Se você pode levar outros
irmãos e irmãs a trabalharem na obra do Senhor, permita-me dizer-lhe que o
Senhor deseja que você os leve a trabalhar ainda mais do que você.
A questão é esta: como você se considera? Se pensa que, fazendo tudo
perfeitamente, pode edificar o Corpo de Cristo, então continue. Mas, se tiver a visão,
poderá perceber que os assuntos da igreja não podem ser dirigidos por você
somente. No máximo, você é apenas um membro da igreja. Cada membro do Corpo
de Cristo tem seu próprio trabalho. Se os introduz também no serviço, então você
alcançou o que é chamado de Corpo de Cristo. Você precisa ver que não pode
substituir os irmãos e irmãs. De modo algum pode trabalhar no lugar deles. Não
importa quão perfeito seja, quão bom seja no seu serviço, ou quão grandes sejam
os seus dons; se não pode introduzir os irmãos e irmãs no serviço, então no lugar
onde você está ainda não existe a igreja. São todos mãos? Mil mãos, ou cem mãos
são um monstro, não um corpo.
Iria um passo além, e perguntaria: há uma só mão? De qualquer forma, não
conseguirá dizer que, sozinho, pode fazer esse tipo de trabalho. Precisamos ver que
o Corpo de Cristo inclui muito mais do que a minha pessoa. Cada um pode receber
graça diretamente do Cabeça, não necessariamente através de mim. A graça do
Senhor sempre me assombra. Como ela é grande! Já que Ele é gracioso, pode fazer
com que recebam graça sem mim. Pode fazer com que recebam a Sua bênção sem
passar por mim. Na igreja, Ele pode levantar todo tipo de cooperadores. Precisamos
introduzir todos os irmãos no serviço. Não devemos tentar fazê-los iguais a nós. Se,
em certo lugar, os irmãos e irmãs não podem trabalhar, e só poucos estão
servindo, isto é mais ou menos a mesma coisa que o serviço de um só homem nas
denominações. Assim como o serviço de um só homem é abominável diante de Deus,
o serviço de poucas pessoas também o é. O serviço de todo o Corpo é o que agrada
a Deus. Deus diz que cada um deve servir. Quando você introduzir todos no serviço,
verá que esta é a igreja, que este é o conteúdo da igreja.
V. NÃO SISTEMATIZANDO
Hoje, em Xangai, devemos dar uma atenção considerável a certos irmãos e irmãs
que querem deixar as denominações. Se realmente viram que a localidade é a base
estabelecida pela Bíblia, não devem, em circunstância alguma, estabelecer outra
reunião. Quando deixei as denominações, por exemplo, não pensava em mim
mesmo como sendo o primeiro a deixá-las. No meu coração esperava encontrar
outros que, de igual modo, as houvessem deixado. Se fosse deixar as
denominações em Xangai, definitivamente iria procurar e inquirir se também outros
irmãos as haviam deixado ou não. Quando estava para deixá-las, há trinta anos,
em Foochow, saí por toda a cidade, procurando irmãos que já as haviam deixado.
Isso não significa que, quando as deixei, me haja tornado o cristão mais
maravilhoso do mundo inteiro. Mas meu primeiro pensamento, nessa época, foi
procurar irmãos. Amar os irmãos é uma disposição natural; procurar os irmãos é
também uma disposição natural. Devemos estar muito felizes por nos reunir com
aqueles que buscam o Senhor de coração puro. Alguns irmãos dizem que deixaram
as denominações, mas a intenção deles era mais estabelecer uma igreja do que
realmente deixar as denominações. Assim, não procuram os que já as deixaram. O
objetivo de muitos é estabelecer uma igreja por sua conta. Não sentem, portanto, a
preciosidade dos outros irmãos que também as deixaram. Mas os que realmente as
deixaram vão considerar todos os irmãos em iguais condições como amáveis e
preciosos para si. Há, portanto, dois tipos de pessoas que deixam as denominações:
o primeiro tipo são aqueles que realmente as deixam; assim sendo, procuram estar
juntos com os que servem ao Senhor de coração puro. Os outros são aqueles que as
deixam, porque desejam estabelecer uma igreja por conta própria. Esta situação não
existe apenas em Xangai, mas também em Tsing-Tao, em Pequim, e até mesmo no
noroeste. Em Xangai, parece que começamos mais cedo que outros. Hoje, eles não
nos procuram, mas nós temos que procurá-los. Eles têm o problema do sistema,
mas nós não podemos tê-lo. Se hoje vamos a Ping-Liang, Tien-Sui ou Ti-Hua,
devemos ter muito cuidado para jamais estabelecer primeiro uma igreja, mas para
procurar os irmãos.
Se a primeira coisa que fizerem, ao chegar a um novo lugar, for estabelecer uma
igreja, estarão cometendo o mesmo erro de alguns irmãos em Xangai, que já men-
cionamos. Há provavelmente um grupo de irmãos cuja base não é errada e estão
indo rumo à melhor direção. Não se pode dizer que não estejam familiarizados com a
Bíblia. São irmãos cuja base não é errada. Assim, você precisa a qualquer preço
procurá-los, até que não encontre realmente nenhum; então poderá ter um novo
começo. Muitas vezes, você só poderá unir-se a outros, e não ter um novo
começo. Em nenhuma circunstância, deverá sentir que se unir a outros seja
vergonhoso, e que estabelecer uma igreja seja glorioso. Se assim for, você só
poderá culpar-se por não ter nascido antes dos apóstolos. Muitas pessoas gostam
de estabelecer igrejas. Isto não as revela espirituais, mas carnais.
Por outro lado, estes irmãos jovens, que recentemente saíram das
denominações, talvez sejam capazes de liderar outros. Pode ser que um irmão
recebido no sábado passado tenha sido disciplinado nas mãos do Senhor. Uma
vez que você o recebeu, talvez você precise escutá-lo no próximo fim de semana,
compartilhando sobre muitos assuntos, porque a sua maturidade pessoal não
estava relacionada com a denominação em que ele estava. Qualquer um que tenha
verdadeira experiência espiritual deve ser posto no lugar correto. Espero que o
Senhor abra o Seu caminho mais e mais claramente diante dos irmãos, para que
todos os que verdadeiramente amam ao Senhor possam andar nele.
CAPITULO QUATRO
A História da Mudança
Mais tarde, depois dos apóstolos, a igreja começou a mudar. As igrejas nas
grandes cidades começaram espontaneamente a ter poder. Uma grande cidade
naturalmente tinha uma população maior; desta forma, a igreja numa grande
cidade tornou-se mais poderosa do que a igreja numa pequena cidade, num
lugarejo. A igreja na cidade grande tinha a tendência de absorver as igrejas nas
cidades menores e lugarejos, de modo que estas se tomaram seus satélites. Uma se
tornou o centro, enquanto as outras se tornaram os acessórios ao seu redor.
Como resultado, houve mudanças, não apenas na organização, mas também na
administração da igreja. Originalmente, havia vários presbíteros numa igreja. As
igrejas nos lugarejos ou pequenas cidades também tinham seus próprios presbíteros.
Mas, depois que os apóstolos morreram, um grupo de pessoas na igreja primitiva
defendeu um certo tipo de doutrina: isto é, uma vez que os apóstolos morreram,
sua autoridade foi comissionada aos presbíteros (ou bispos), e estes representavam
os apóstolos. Isto foi um tipo de cortesia. Porque honravam o primeiro grupo de
apóstolos, era-lhes deselegante designar qualquer outro como um apóstolo. Não
ousavam usar o título "apóstolo".
Mais tarde, designaram um dentre muitos presbíteros de uma cidade grande,
para ser o bispo. Originalmente, todos os presbíteros eram bispos (supervisores);
cada um era um bispo. O termo "presbítero" refere-se à própria pessoa, e "bispo",
ao seu ofício. Mas, dentre os muitos presbíteros, e colheram um para ser o bispo.
Este bispo, tornou-se o cabeça dos presbíteros de sua localidade, bem como o
cabeça de todos os presbíteros das igrejas-satélites.
Esta mudança originou-se na igreja de uma grande cidade, a qual fez de todas
as igrejas nas cidades pequenas e lugarejos seus satélites. Posteriormente, o
presbítero-chefe saiu da grande igreja e, naturalmente, tornou-se o presbítero-
chefe das igrejas-satélites. Foi, então, chamado de "bispo", que é o mesmo título
dado na Bíblia, mas que não corresponde essencialmente àquele da Bíblia. Nesta, os
presbíteros eram bispos. Paulo reuniu os presbíteros de Éfeso e lhes disse: "...
sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos" (At 20:28). Os bispos, na Bíblia,
eram muitos em número; os presbíteros também o eram. Mas, hoje, um é
escolhido dentre muitos presbíteros, para tornar-se o bispo. Somente um é o bispo,
enquanto os restantes são presbíteros, não bispos. Os presbíteros não têm mais a
autoridade de bispos. Os lugares menores foram também unidos e entregues ao
governo deste único bispo. Assim, uma mudança ocorreu, de modo que uma pessoa
governava sobre muitas igrejas. E então a questão de distritos surgiu. Este
desenvolvimento não parou aqui. Naquele tempo, o Império Romano conquistou o
mundo todo, e, naturalmente, entre as muitas igrejas, a igreja na cidade de Roma
tornou-se muito grande. A cidade não era apenas grande, mas também a capital.
Pessoas de todo o mundo vinham a ela, quando desejavam ver César. A princípio,
um bispo governava sobre muitos lugares, o que resultou numa igreja de distrito.
Como a cidade de Roma se tornara muito proeminente, disseram: "Somos a capital,
e César vive em nosso meio". Conseqüentemente, o bispo da igreja de Roma não
só governava sobre os presbíteros da igreja em Roma, mas também sobre os
presbíteros do distrito de Roma. E ele não somente se tornou o cabeça dos
presbíteros do distrito de Roma, mas também o cabeça dos bispos dos vários
distritos. Este era o papa. Tudo resultou de dar a um homem graduações contínuas,
até que ele atingisse o topo de uma hierarquia. Hoje, o significado de "bispo", nas
denominações, é supervisor. O cabeça de todos os bispos é o papa. Por isso é que
todos ambicionam ir a Roma, tornando-se o bispo de lá, pois, uma vez que alguém
se torne o bispo de Roma, torna-se automaticamente o bispo de todo o mundo, o
cabeça de todos os presbíteros do mundo. Uma vez que alguém se torna o bispo
de Roma, imediatamente se torna o papa, representante de Cristo. Esta tendência
continuou a desenvolver-se até o quarto século, quando seu desenvolvimento
tornou-se completo. Naquela ocasião, "as igrejas", conforme se registra na Bíblia,
já não mais existiam; todas se tornaram "uma igreja". As igrejas de todo o
mundo tornaram-se uma igreja. A partir daquele dia, "as igrejas de Deus", como se
menciona na Bíblia (l Co 11:16), não mais existiam e não mais foram mencionadas;
"as igrejas dos santos" mencionadas na Bíblia (l Co 14:33) também não mais
existiam, não mais eram mencionadas, e delas não se ouvia dizer. Todas se
tornaram a única Igreja de Roma, e todas as igrejas por todo o mundo se tornaram
filiais de Roma. Não havia mais igrejas das localidades.
Tinham ou não uma base bíblica? Sua base nas Escrituras era que os filhos de
Deus deveriam ser um. Pensavam que o Senhor tinha somente uma igreja nesta
terra; portanto uniram-se como "uma igreja", mas se esqueceram de que na Bíblia
havia "as igrejas".
Precisamos observar uma condição que prevaleceu depois que a Igreja Católica
Romana veio a existir. Já sabemos como a Igreja Romana estava cheia de heresia,
ídolos, imundícies e pecados. Então, por que razão, durante mil e cem anos, não
houve nenhum irmão ou irmã; na igreja, levantando-se para tratar com esta
situação? Será possível que nenhum irmão ou irmã tivesse visto tais heresias? Será
possível que não tivessem visto os ídolos? Ou que não tivessem visto os pecados
imundos? A partir do quarto século, por mil e cem anos, certamente existiram
alguns que viram as heresias, ídolos e pecados imundos; contudo ninguém ousava
tratar com eles! Temiam que, uma vez lidando com estas coisas, imediatamente
destruíssem a "unidade". "A igreja é uma", diziam; "se começarmos a tratar com os
ídolos, a igreja será dividida". Sentiam que o pecado de adorar ídolos era grande, mas
o pecado de destruir a unidade era ainda maior. Portanto preferiam rejeitar a
adoração de ídolos por si mesmos, mas sem nada propagar. Temiam que a
divulgação pudesse arruinar a unidade. Conheciam as heresias e conheciam os
ídolos; além disso, eles os detestavam. Detestavam, porém, muito mais destruir a
unidade. Sendo assim, simplesmente fugiam destas heresias e ídolos, mas não
ousavam proferir qualquer palavra, mensagem ou ação para destruir a unidade. Por
um período de mil e cem anos, ninguém tomou nenhuma medida. Continuaram a
guardara, unidade da igreja.
Antes da Reforma, Martinho Lutero não tinha nenhuma idéia de formar outra
igreja. Fazer tal coisa, pensava ele, seria um pecado sério. Portanto, a princípio, o
que esperava fazer era aperfeiçoar a Igreja Católica Romana; a idéia de formar
outra igreja não estava em sua mente. Foi mais tarde, na História, que a formação
de uma outra igreja foi forçada. Sem sombra de dúvida, Lutero somente esperava
aperfeiçoar a Igreja Católica Romana; não tinha intenção alguma de formar uma
nova igreja.
Aqui vemos uma coisa: A Igreja Católica Romana crê na unidade da igreja por
todo o mundo. Crê que apenas uma igreja deve existir em todo o mundo. Por isso é
que, durante a longa História de Roma, os filhos de Deus basicamente se
esqueceram de que, na Bíblia, existiam "igrejas", no plural. Apenas queriam a igreja
no singular. Portanto, quando Lutero surgiu, o que ele também viu foi a igreja na
terra. Não viu que na Bíblia, Deus tem "as igrejas". Assim, a unidade que se exigia
era que as igrejas na terra se tornassem a única igreja, a igreja internacional,
mundial e universal. A despeito do lugar onde esta igreja se fixasse, ela seria
sempre a Igreja de Roma. Em Xangai, ela é a Igreja de Roma; em Moscou, é a Igreja
de Roma; em Londres, é a Igreja de Roma; em Berlim, ela é também a Igreja de
Roma. Onde quer que esteja, ela é sempre a Igreja de Roma. Não se chama Igreja de
Roma; seu título correto é Igreja Católica, Igreja Pública. Nós a chamamos de Igreja
de Roma, porque sabemos que saiu de Roma. Por que se chama Igreja Católica?
Porque significa que é unificada, universalmente comum, incluindo todos em si. Na
China é chamada a Igreja Pública ("Kung-Chiao"). Mas a palavra "católico", no latim,
significa universal, geral, referindo-se a nenhuma diferença de raça ou distrito. Não
importa onde esteja, ela é sempre uma — uma na Inglaterra, uma no Japão e uma na
Rússia. Contanto que saia de Roma, é chamada de Igreja Católica. Como resultado,
há apenas "uma igreja" na terra.
Precisamos ser muito cuidadosos hoje, para estudar as Escrituras corretamente
diante de Deus, a fim de averiguar se a igreja na terra é ou não uma igreja. Se for
apenas uma igreja, deveremos dizer que a igreja local está errada, e até mesmo as
muitas denominações do Protestantismo deverão também confessar que estão
erradas. Se houver apenas uma igreja, todos teremos de voltar para Roma. Se não o
fizermos, estaremos errados. Portanto precisamos estudar as Escrituras, para ver
se estamos errados ou não.
Sei que há alguns amigos protestantes a dizerem que a igreja na terra é uma, e
que nossas igrejas nas diferentes localidades estão erradas. A igreja é sempre
uma, dizem eles. Por favor, note que a palavra deles os condena. Se a igreja é
apenas uma, não há nenhuma razão para existir qualquer de suas denominações.
Se a igreja é apenas uma, então, a despeito de onde exista, ela deve ser a Igreja
de Roma. De acordo com o número, eles são os maiores; de acordo com a História,
são os mais velhos; de acordo com a organização, são um. Se devesse existir
somente uma igreja, se a igreja de Deus ou a igreja de Cristo devesse ser a igreja,
no singular, então é correto e está de acordo com o ensinamento da Bíblia que
retomemos a Roma. Todavia a Bíblia não ensina assim.
No século passado, John H. Newman, um contemporâneo de J. N. Darby, foi um
famoso pastor inglês. Não era apenas piedoso, mas, intelectualmente falando, tinha
uma mente excelente e escreveu muitos livros. Foi considerado uma das mais
famosas pessoas da Igreja Anglicana. O hino "Dirija-me, Bondosa Luz" foi composto
por ele. Porque acreditava haver somente uma igreja no mundo, começou um
movimento na Igreja Anglicana para retornar a Roma. Não obteve êxito, é claro,
porque Apocalipse, capítulos segundo e terceiro, nos mostra claramente que Sardes
não pode retornar a Tiatira. Ele pensou que já que existe apenas uma igreja, é uma
atitude muito lógica deixar a Igreja Anglicana e unir-se à Igreja Romana. Por ter sido
recebido como um membro da Igreja Romana, acabou sendo promovido a cardeal
da Inglaterra. Você sabe que um cardeal, em graduação, está próximo a papa. Não
somente era um bispo, mas também um cardeal, o único na Inglaterra, o arcebispo
de um grande distrito. Quando um papa morre, um dentre inúmeros cardeais é
escolhido para ser o sucessor. Muitas pessoas lamentaram por Newman, mas eu
senti, ao ler seus livros, que seu princípio e seu fim eram consistentes. Não digo que
estivesse certo, mas que seu comportamento combinava com sua doutrina. Ele cria
em apenas uma igreja; voltou-se, portanto, para Roma. Você não deve crer em uma
igreja, e ainda assim permanecer nas denominações. Você não pode confessar que
a igreja é uma, e ser um pastor na Igreja Anglicana, ou um presbítero numa Igreja
Presbiteriana. Newman foi, antes, completamente consistente e incontraditório. Seu
fim esteve em harmonia com seu princípio. Neste aspecto, muitas pessoas nas
denominações não podem comparar-se a ele.
A Bíblia alguma vez disse que existe apenas uma igreja na terra? Não; a Bíblia nos
mostra que o que Deus estabelece na terra são as igrejas, conforme mencionamos,
isto é, uma igreja em cada localidade. Aqui está uma questão importante, que devemos
considerar diante de Deus: na Bíblia, as igrejas existiam em muitas localidades; Deus
jamais as reuniu para serem uma igreja.
Temos alguma prova disto? Sim. Observemos este assunto em três direções.
Primeiro, depois que os romanos conquistaram a Judéia, esta foi mudada de uma
nação para uma província de Roma. Muitas igrejas, uma em cada localidade, existiam
no distrito, na província da Judéia. Quando a Bíblia mencionou as igrejas da Judéia,
não disse "a igreja" na Judéia, mas as igrejas' na Judéia (l Ts 2:14). Você já viu a
importância da palavra igrejas"? Embora tantas igrejas existissem numa província,
não havia uma igreja provincial. Se houvesse, seriam registradas como "a igreja na
Judéia", não como "as igrejas na Judéia". Uma vez que a Bíblia as registrou como as
igrejas na Judéia, significa que existiam muitas igrejas individuais, não a união de
muitas, para se tornarem a única igreja da Judéia. Não havia coisa tal como uma
igreja unida.
A seguir, poderemos considerar um outro lugar, a Galácia. Galácia não era o
nome de uma cidade, mas, como Judéia, era o nome de uma província. Quando a
Bíblia mencionou Galácia, não disse "a igreja" na Galácia, mas as "igrejas da Galácia"
(l Co 16:1); não a igreja no singular, mas as igrejas no plural. Isto é para nos
mostrar que várias igrejas não estavam unidas na Galácia para formarem uma
igreja. Elas eram ainda as igrejas.
Em terceiro lugar, naquele tempo, a maior província era a Ásia. Podemos ver que
as igrejas importantes estavam na Ásia: Éfeso, Colossos, bem como Laodicéia. Não
deveríamos considerar Laodicéia menos importante, com base no fato de a Bíblia
não lhe dar um bom relato. Na verdade, Laodicéia, a princípio, era muito boa e era
um lugar bem grande. Muitas igrejas existiam na Ásia (l Co 16:19), mas não eram
unidas para se tornarem a igreja na Ásia; pelo contrário, Apocalipse l diz: "às sete
igrejas... na Ásia". Não há, portanto, nenhuma igreja unida na Bíblia. As igrejas
numa província não se uniram, e as igrejas em todo o mundo também não se
uniram. A Bíblia jamais indicou que as igrejas de uma província deveriam unir-se
como uma igreja, que as igrejas em cada país deveriam unir-se como uma igreja,
ou que as igrejas em cada continente deveriam unir-se como uma igreja. Não existe
tal tipo de igreja na Bíblia. Não há, na Bíblia, esta indicação de que todas as igrejas,
em todo o mundo, deveriam unir-se como uma igreja. O livro de Atos jamais
menciona tal coisa.
Além disso, o que disse Paulo, quando mencionou a igreja nas epístolas? Por
exemplo, em l Coríntios, mencionou "as igrejas de Deus" (11:16) e "todas as igrejas
dos santos" (14:33); não uma igreja, porém muitas igrejas. A igreja composta por
todos os santos não é a igreja, mas as igrejas dos santos. Aqui, três ou quatro
irmãos e irmãs se tornam uma igreja, e lá três ou quatro irmãos e irmãs se tornam
uma igreja; portanto são as igrejas dos santos. A Bíblia menciona claramente as
igrejas de Deus e as igrejas dos santos. Está, portanto, muito evidente que Deus
não tem nenhuma intenção de unir todas as igrejas em uma só.
Para tudo o que deseja realizar, Deus precisa primeiro fazer duas coisas: a
doutrina deve ser pregada, e os apóstolos devem pô-la em prática. Mas nós jamais
ouvimos a doutrina de unir as igrejas. Perdoem-me por dizer que estudei a Bíblia
muitas vezes e jamais vi uma doutrina a mostrar somente uma igreja na terra. Nem
jamais vi os apóstolos realizando tal coisa. O Senhor fez com que os apóstolos
fossem completamente obedientes; não os deixaria ter suas próprias opiniões, nem
agir por si mesmos. Todas as coisas feitas por eles foram realizadas em obediência
ao Senhor; estavam, portanto, qualificados a serem apóstolos. Se tivessem suas
próprias opiniões e agissem por si mesmos, Deus não reconheceria o trabalho deles
como sendo Seu trabalho, porque existiria uma distância entre eles. Deus exigiu
que obedecessem completamente e fossem totalmente consagrados; assim
reconheceria o que fizeram como sendo Seu próprio trabalho. Uma vez que os
apóstolos não uniram todas as igrejas na terra em uma igreja, nós não os temos
como exemplo para tal união; tampouco temos o ensinamento bíblico para tanto.
Se Deus quisesse unir todas as igrejas na terra dentro de uma grande e imensa
igreja, por que Ele não o faria através das mãos de homens tais como Pedro, Tiago,
João e Paulo? Por que esperaria por trezentos ou quatrocentos anos, para realizá-lo
através do papa? Eu creio no exemplo de Pedro e Paulo, mas não no exemplo do
papa; creio nas realizações de Pedro e Paulo, porém não nas coisas feitas pelo papa;
creio nestes apóstolos que foram absolutos para com o Senhor, mas não nos
papas. De modo algum podemos segui-los. E por isso que não acredito na Igreja de
Cristo na China. A igreja é local. Existem somente as "igrejas" de Cristo na China,
não "a Igreja" de Cristo na China. Irmãos, vocês enxergam a diferença? Somente as
igrejas na China, não a igreja na China, devem existir. Deve haver uma igreja em
Xangai, uma igreja em Tientsin. Poderia bem haver oito ou nove mil igrejas por
toda a China. Mas é absolutamente impossível fazer com que elas se tornem a única
Igreja na China. Portanto aqui vemos uma coisa: a Bíblia não contém
absolutamente nenhum mandamento nem exemplo para a união de todas as
igrejas na terra dentro de uma igreja organizada, formal. Pelo contrário, todos os
exemplos e todos os ensinamentos da Bíblia mostram que as igrejas são locais, e
no plural.
Portanto, quando busco a Deus, não posso associar-me à Igreja Católica
Romana. Vejo que ela é uma organização mundana, em que todas as igrejas em
todo o mundo são unidas em uma única igreja, e nesta igreja o papa age como o
imperador, e os cardeais como príncipes em cada nação. Uma vez que são como a
organização do mundo, não há como unir-nos a ela. Quando falamos com os
irmãos e irmãs nas diferentes localidades a respeito da unidade da igreja,
precisamos dizer-lhes que nossa unidade não é aquela da Igreja Católica Romana.
Hoje, nesta terra, existe uma unidade que é a da Igreja Católica Romana.Isto não
dará em nada, porque não é de Deus. Na História, vemos que isto é algo
produzido pelo homem; não é o que Deus quer realizar.
2. A UNIDADE "ESPIRITUAL"
A Religião Estatal
Nesse ponto, um problema surgiu. Uma vez que tanto a Igreja Católica Romana
quanto a Igreja Protestante eram igrejas estatais, naturalmente produziam muitas
pessoas não-salvas. Uma pessoa não pode ser salva por nascimento. Se alguém
pode ser salvo por nascimento, tudo o que precisamos fazer é tornar o cristianismo
a religião estatal da China, e todos os chineses serão cristãos. Assim, tornar-se um
cristão pela regeneração seria desnecessário. Todavia isto é impossível. Nascer é
uma coisa, mas nascer de novo é bem diferente. Portanto o resultado foi que todas
as igrejas estatais foram preenchidas por pessoas não salvas. Graças a Deus, havia
também muitos salvos. Mas essas pessoas não-salvas, não importando que tipo de
educação e ambiente você possa atribuir-lhes, ainda eram não-salvas.
A questão aqui é se a Igreja Anglicana é a igreja ou não. Se o é, como poderia
haver nela tantas pessoas não-salvas? Certamente, isto é muito estranho! Nesta
igreja há incrédulos, e ainda em bom número — como pode ocorrer isso?
Conseqüentemente, um certo tipo de doutrina emergiu: isto é, a igreja é de dois
tipos, um visível e outro invisível uma, igreja com forma, e outra, igreja sem forma.
A igreja mencionada nas Escrituras é invisível e espiritual, mas a igreja que temos agora é
visível e com forma. Na igreja visível existem falsos cristãos; na igreja espiritual, todos
são verdadeiros. Irmãos, precisamos saber que todas as doutrinas têm uma origem.
A doutrina da igreja espiritual, da visível e da invisível, foi introduzida assim como
mencionamos. Uma vez que o homem introduziu tantos falsos cristãos, a igreja
visível, naturalmente, não é digna de confiança. Desde que o homem capturou
todo o povo britânico numa rede, havia, obviamente, "peixes bons" e "peixes
maus". Isto está errado. As Escrituras ensinam que a igreja é o Corpo de Cristo, e
Cristo é o Cabeça da Igreja; sendo assim, somente os que crêem podem ser a
igreja. Como pode haver incrédulos na igreja? Uma vez que tantos incrédulos
encheram a igreja, o que eles poderiam fazer, senão ajudar a produzir tal doutrina,
dizendo ser a igreja de dois tipos, visível e invisível? A visível é indigna de
confiança, enquanto a invisível é verdadeira. Este tipo de doutrina só poderia ser
produzido. Era-lhes essencial; senão lhes seria impossível prosseguir. Irmãos, vocês
vêem que esta doutrina precisava surgir? A igreja visível se tornou tão desleixada,
que qualquer coisa poderia ser encontrada nela. Assim, viram-se forçados a
produzir essa doutrina.
E basearam-se numa passagem das Escrituras: depois que o Senhor semeou a
semente, Satanás também semeou o joio. Hoje não devemos remover o joio, mas
deixá-los crescer juntos (Ver Mt 13:24, 30). Diziam que os invisíveis, os espirituais,
são aqueles que nasceram de novo, dentre os quais nenhum é falso. Entre os visíveis
está o joio, que não deve ser removido. Muitos irmãos e irmãs, ao lerem esta
passagem, pensaram estar certos, vendo tal distinção entre a igreja visível e a
invisível. Não viram que este erro não pode ser coberto pela doutrina das igrejas
visível e invisível, só porque os que produziram esta doutrina fizeram a igreja incluir
pessoas a mais. O que o Senhor Jesus disse com respeito ao trigo e ao joio
crescerem juntos, é que eles crescem juntos no mundo (Mt 13:38), não na igreja!
Uma vez que expandiram a Igreja, para ser tão grande quanto o mundo,
naturalmente o joio está na igreja. Conseqüentemente, sua única saída era explicar
que a igreja nas Escrituras é tanto visível quanto invisível, tanto com forma quanto
sem forma. A Igreja Anglicana é excessivamente grande; a igreja na Bíblia constitui-
se somente das pessoas espirituais, regeneradas.
Qual era a condição das igrejas na terra em Apocalipse 2 e 3? Eram os sete
candelabros de ouro. O que é um candelabro de ouro? É um lugar onde a luz
brilha. Quando estava na terra, o Senhor Jesus disse: "Brilhe.., a vossa luz diante
dos homens". Se a luz brilha, mas os homens não podem vê-la, para que serve?
Hoje à noite, por ser visível a luz, podemos estar aqui; mas, se fosse invisível, como
poderíamos estar aqui? Uma luz invisível é uma anedota, uma grande zombaria.
Como poderia existir uma luz invisível? Além disso, se uma luz é visível, precisa ter
forma: não pode ser disforme. Uma luz sem forma é uma mentira. A igreja na terra
deve ser vista pelos homens. A Bíblia não tem intenção alguma de fazer da igreja
uma luz invisível. Mas, hoje, a igreja da qual falaram não é apenas aquela candeia
colocada debaixo do alqueire, mas colocada sobre o candelabro para brilhar com luz
invisível! A palavra que o Senhor Jesus falou-nos é suficientemente clara. Ele
disse:"Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um
monte" (Mt 5:14). Isto é visível, não invisível. O Senhor quer que sejamos
manifestados na terra e vistos pelos homens.
Vocês precisam ver, portanto, que o que chamam de igreja exterior é na
realidade, o mundo. Uma vez que insistem em pendurar uma placa, chamando-a
de uma igreja, precisam explicar que dentro desta igreja exterior está uma outra
igreja. Porém a igreja mencionada na Palavra de Deus é aquela que sai do mundo,
e é separada dele. Se é assim, somente reconhecemos a existência da igreja
espiritual, jamais da igreja exterior.
Qual então é a dificuldade hoje? Existem muitos irmãos e irmãs a pensarem que
a unidade, hoje, entre nós que somos cristãos, é uma unidade "espiritual". O que é
esta unidade espiritual? É que, na igreja, algumas pessoas são espirituais, e algumas
não o são. Assim, em toda igreja, há a igreja exterior e há também a igreja
espiritual. A unidade espiritual é que um grupo de irmãos espirituais tem comunhão
com um outro grupo de irmãos espirituais e todos eles se tornam um, uns com os
outros. A razão de a unidade espiritual ser necessária hoje é que alguns são do
mundo. Se todos fossem gerados pela Palavra de Deus, espontaneamente todos
teriam comunhão juntos, e a questão da unidade espiritual jamais apareceria.
Este assunto é muito importante porque toca num problema básico. Por
exemplo, se você perguntasse a alguém quantos em sua denominação não são
salvos, ele provavelmente lhe diria que são cerca da metade deles. Várias
denominações lhe diriam que seria muito bom se apenas um dentre dez fosse
salvo. Eles não são muito diferentes da igreja estatal. São como uma cebola que
possui muitas camadas, que podem ser descascadas. O que querem dizer é que as
nove camadas de fora nada significam; o que importa é o centro. Sem dúvida, o
princípio das denominações é ainda o princípio da igreja estatal, porque muitos, em
seu meio, não pertencem ao Senhor. Portanto sua comunhão é limitada aos
espirituais, não a toda a igreja. Se toda a igreja fosse ter comunhão juntamente,
muitos incrédulos estariam envolvidos. Sendo assim, não podem tomar toda a igreja
como o limite para a sua comunhão espiritual. Mas a Bíblia inclui toda a igreja
como o limite de sua comunhão. Já que o limite da igreja não está claramente
definido, a condição da igreja não está clara. Como resultado, precisamos ter uma
comunhão "espiritual".
Hoje, muitos tipos de igrejas peculiares existem no mundo, porque muitos não-
cristãos foram introduzidos nelas. Estando na "igreja" muitos incrédulos e falsos
cristãos, eles têm que manter uma comunhão invisível; toda a sua comunhão é
invisível. Portanto dizem que têm comunhão somente no coração. Foi um erro
produzir tal necessidade. Você precisa entender e ver através dela. Uma vez que sua
posição está errada, existe a necessidade de unidade "espiritual". Se você se colocar
na posição correta, você já é um. Se a igreja está correta, o invisível se tornará visível,
e não haverá necessidade alguma de comunhão invisível. O Senhor disse que a
igreja é o candelabro; mas, se você disser que esta é uma luz invisível, de fato
isto será estranho. Este tipo de comunhão espiritual e unidade espiritual foi
produzido por permitirem que incrédulos se misturassem à igreja.
A Formação de Muitas Denominações
Este problema envolve dois lados: o primeiro, do ponto de vista da igreja estatal,
conforme acabamos de ver; o segundo, do ponto de vista dos dissidentes, que
precisamos ver agora. Muitos não aprovaram a igreja estatal. Não somente a
desaprovaram, como também se opuseram ao seu erro. Tais foram os Batistas, os
Presbiterianos e os Wesleyanos. Os últimos criam que a pregação poderia ser feita
em qualquer lugar. Dissidentes outros, tais como estes, se levantaram e, baseados
em sua discórdia, formaram igrejas para manter a verdade. Assim surgiram as
igrejas Batista, Presbiteriana, Wesleyana, dos Quacres, e, posteriormente, vários
milhares de grupos também surgiram. Na Inglaterra, (oram chamados dissidentes.
No império russo, a igreja estatal foi chamada de Igreja Ortodoxa Grega, e as
restantes foram chamadas de denominações. Todos estes irmãos se levantaram em
favor da verdade. Isto é um ponto positivo! Nós agradecemos a Deus. Mas, por outro
lado, lamentamos o fato de eles fazerem com que a igreja de Deus fosse dividida em
vários milhares de partes, ao formarem igrejas para preservar a verdade de Deus.
Mais tarde, a situação gradativamente mudou. Na primeira geração, ambos os
lados debatiam consideravelmente. Por exemplo, Wesley debatia violentamente com
a Igreja Anglicana. Mas, na terceira e quarta geração, o debate se acalmou e elas
não diferiam muito uma da outra. Anteriormente, não se saudariam nem se
comunicariam; porém, hoje, até oram juntos. Por exemplo, a Igreja Cristã Unida
estava originalmente na Igreja Wesleyana, exigindo que os wesleyanos aceitassem a
doutrina da cura divina. Debateram tão terrivelmente sobre este assunto, que mais
tarde se separaram. Hoje, na terceira geração, não mais discutem. No princípio, a
diferença entre eles era grande; porém, agora, já não é tão grande. Algumas das
pessoas na Igreja Cristã Unida acreditavam no derramamento do Espírito Santo e
no falar em línguas; portanto saíram para estabelecer a Igreja Pentecostal. A
princípio, a discussão entre elas foi também terrível; porém, posteriormente, a
discussão não mais importava.
Hoje, todas essas igrejas já foram formadas. Pessoas, por causa do batismo,
formaram a Igreja Batista; pessoas, por causa de Lutero, formaram a Igreja
Luterana; outras, por causa de Calvino, formaram a Igreja Presbiteriana; outras,
por causa de Wesley, formaram a Igreja Metodista; e outras, por causa de Simpson,
formaram a Aliança Cristã e Missionária. Porém, na Bíblia, jamais houve um caso de
uma igreja ser formada por uma certa doutrina. E as doutrinas baseadas nas quais
os homens debatiam com todo o esforço possível, não eram, segundo o apóstolo
Paulo, os maiores problemas. Em Romanos 14, Paulo disse que está tudo bem no que
diz respeito a um homem guardar este dia enquanto um outro guarda outro dia.
Todas estas pessoas são fracas na fé. Contudo não deveriam estar divididas por
doutrinas. Alguns não comeriam carne, porque são fracos na fé; portanto não há
problema em que comam legumes. Paulo não formou uma igreja vegetariana, nem
uma igreja carnívora. Alguns comem legumes, e outros comem carne. Paulo disse que
não há problema algum; nós recebemos todos os que o Senhor recebe (Rm 14:3). Se
alguém come legumes, é um irmão; se come carne, é também um irmão. Se guarda
este dia, é um irmão; se guarda um outro dia, é também um irmão. Não há nenhum
exemplo na Bíblia de se formar uma igreja por doutrina.
Segundo a Bíblia, de que é formada então, a igreja? A única exigência é aquela
de Romanos 14:1,3: "acolhei... porque Deus o acolheu". Precisamos acolher todo
aquele a quem Deus acolhe. Nós o recebemos, porque Deus o recebeu. Ele já
possui a vida de Deus. Antigamente, era um pecador; mas, agora, veio ao Senhor. A
única pergunta que precisamos fazer é se ele recebeu o Senhor ou não. Se já O
recebeu, qualquer palavra adicional é desnecessária. Quanto ao modo como ele deve
comportar-se, na condição de cristão, precisamos ajudá-lo com os ensinamentos da
Bíblia, porém não podemos recusá-lo, ou colocá-lo fora da igreja. Alguns crêem em
batismo por aspersão; são melhores do que aqueles que de modo algum batizam.
Alguns batizam aspergindo pingos d'água; outros batizam por imersão. A Bíblia
retrata Felipe e o eunuco descendo à água, e o Senhor Jesus saindo da água. Descer
e sair devem significar batismo por imersão. Todavia algumas pessoas apenas têm
suas mãos imersas na água, não seus corpos. De acordo com as Escrituras,
precisamos ser imersos. Hoje alguns batizam, aspergindo água. Não podemos dizer-
lhes que pertencem à "igreja da aspersão de água". Não podemos estabelecer uma
igreja por doutrina. Deixando de lado a imersão e a aspersão, podemos apenas
fazer uma pergunta: Este irmão foi acolhido por Deus? Se todos foram aceitos
diante de Deus, quer sejam imersos, quer aspergi-dos com água, ou ainda nem
sejam batizados, como podemos não recebê-los hoje? Se vamos passar a eternida-
de juntos, por que não podemos acolhê-los hoje? Como podemos permitir que cada
um siga o seu próprio caminho, só porque não podemos aceitar os defeitos dos
outros? Não deve ser assim! A Bíblia mostra que a igreja inclui todos aqueles a
quem o Senhor recebeu.
Além do mais, Paulo, em Romanos 14, disse: "Acolhei ao que é débil na fé", e não:
"rejeitai". Nós reconhecemos que este irmão é fraco; contudo não devemos rejeitá-
lo, mas recebê-lo. Freqüentemente erramos, por considerar se sua fé é tão forte
quanto a nossa. Se o é, então ele pode seguir-nos. Portanto precisamos ver que
devemos receber aqueles que são fracos na fé. Se os rejeitarmos, o máximo que
podemos fazer é trancá-los fora da igreja por poucos anos. Depois disto, não
poderemos mais impedir a sua entrada. Você não tem nenhuma maneira de
excomungá-los; são nossos irmãos para sempre. Precisamos perceber que é errado
dividir a igreja por doutrinas. Suponha que haja um irmão que coma legumes na
igreja em Hsi-an. Que você diria? Você pode somente fazer uma pergunta: Esta
pessoa foi salva? Se já o foi, e continua sua dieta de legumes, precisamos
permitir-lhe fazê-lo. Em outras palavras, ele recebeu a mesma vida, exatamente
como nós; portanto, a despeito de sua maneira particular, temos de recebê-lo. O
que precisamos fazer com aqueles que são fracos na fé é ajudá-los com os
ensinamentos da Bíblia, não separá-los, formando uma outra igreja.
Hoje, as assim chamadas denominações foram geradas como o resultado da
divisão por causa de doutrinas. As pessoas tomam uma doutrina da Bíblia,
pregam-na e formam uma denominação à sua volta. Conseqüentemente, existe a
Igreja Pentecostal, a Igreja Luterana, os Quacres, etc. Os quacres enfatizam um
tipo de gesto (estremecimento); os luteranos, um tipo de doutrina; os
presbiterianos, um tipo de organização; e os congregacionais, um tipo de
congregação independente. Isto não é o trabalho do Senhor, mas o resultado das
idéias dos homens, que dividiram os filhos de Deus em tantas denominações.
Muitos pensam que é bom haver denominações. Sabem por quê? Porque é
conveniente. Irmãos! Se me perguntassem, segundo a carne, se gosto ou não de
denominações, eu diria: "Sim, gosto delas, porque tudo é bem delineado. Os que
gostam de falar em línguas, podem ir para a Igreja das Línguas; os que gostam de
congregações independentes, podem ir para a Igreja Congregacional; e os que
gostam de batismo por aspersão podem ir para uma igreja que o pratica". Mas a
Bíblia ensina que, em cada localidade, deve haver somente uma igreja. Em Corinto
há somente uma igreja; em Éfeso há somente uma igreja; e, em Xangai, deve existir
apenas uma igreja. Este caminho não é tão cômodo, porque cada um deve amar
todos os tipos de irmãos! Amar muitos irmãos que são diferentes de mim provoca
muito atrito e muitas lições. Você tem suas proposições, eu tenho as minhas; você
tem suas idéias, e eu tenho as minhas. É muito conveniente que você tenha a sua
igreja, e eu, a minha. Não nos é conveniente estarmos juntos em uma igreja, para
nos amarmos mutuamente. Com as muitas dificuldades, existem muitas lições;
quanto mais dificuldades, mais amor mútuo existe. Mesmo que estejamos
descontentes um com o outro, ainda não podemos escapar. Se gostamos ou não,
ainda temos de ser irmãos juntos. Você precisa vencer os carnais com espirituais,
conquistar todas as diferenças com amor, e cobrir todas as dificuldades com a graça.
Caso contrário, a igreja jamais poderá ser estabelecida.
A Igreja Católica Romana nos diz que, uma vez que o Corpo de Cristo é um,
devemos somente organizar uma igreja na terra. Já vimos que este não é o
ensinamento das Escrituras. Estas dizem que o Corpo de Cristo é um, porém nunca
exigem que a igreja na terra se torne uma igreja, como a Igreja Católica Romana.
Caso contrário, a palavra "igrejas" é um grande erro, e as Escrituras não deveriam
conter este termo. Você não pode dizer, ao mesmo tempo, "igrejas", e também dizer
"uma igreja". Uma vez que as Escrituras dizem "igrejas", sabemos então que Deus
não tem nenhuma intenção de unir todas as igrejas da terra em uma só. Além disso,
os apóstolos, na Bíblia, jamais organizaram "uma igreja". O que estabeleceram em
muitos lugares foram as "igrejas", e estabeleceram uma igreja em cada localidade.
O Espírito Santo não os dirigiu a estabelecer apenas uma igreja. Esta é somente a
opinião da Igreja Católica Romana, e a unidade do Catolicismo Romano é elaborada
pelo homem, e não é bíblica.
Não só isso: vamos atentar mais uma vez às Escrituras. A igreja que vemos nesta
terra é a aparência externa da igreja, que pode estar errada. Pode não ser fácil
compreender pela aparência externa se a igreja na terra deve ser muitas igrejas ou
uma só; portanto a melhor solução é colocar-se diante do Senhor e ver como Ele
enxerga as igrejas na terra. Isso não pode estar errado. Graças a Deus! Vemos nas
Escrituras que a igreja em cada localidade tem um representante diante do Senhor.
Esta é a preciosidade de Apocalipse, capítulos primeiro, segundo e terceiro, que nos
mostram as "sete igrejas... na Ásia". Isto não significa que apenas um total de sete
igrejas havia nesta terra, mas que estas sete igrejas foram colocadas lá como
exemplos representativos. Apocalipse l, 2 e 3 nos mostram como as sete igrejas na
Ásia estavam diante do Senhor no céu. Havia sete candelabros de ouro postos
perante Ele. Você vê? As igrejas na terra podem estar erradas, completamente
erradas, mas as igrejas no céu, as igrejas diante do trono, as igrejas perante o
Senhor não podem estar erradas. Dizer que também estas estão erradas é blasfemo e
terrível! Como eram as sete igrejas na Ásia diante do Senhor? Eram os sete
candelabros de ouro. Em outras palavras, para cada igreja na terra, há um
candelabro de ouro no céu. Estas sete igrejas estavam em sete diferentes
localidades: Éfeso era uma localidade, Esmirna era uma localidade, Pérgamo era
uma localidade, etc, — um total de sete localidades. Pelo fato de existirem sete
igrejas na terra, existiam sete candelabros no céu. Portanto não é a vontade de
Deus unificar as igrejas numa só igreja. Se fosse assim, então Deus no céu poderia ter
apenas um candelabro, não sete. Irmãos! Isto está muito claro. Vocês precisam
pensar. Que o Senhor os leve a pensar! Se pensassem somente um pouco, saberiam
que, se o Senhor possuísse apenas uma igreja na terra, Ele poderia ter somente um
candelabro no céu. Porém há sete candelabros, eles são sete igrejas em sete
localidades. Em cada localidade, há um candelabro. Está óbvio para nós que o
propósito de Deus não é unificar as igrejas em uma igreja. O termo "candelabro" nos
é bastante familiar; é também encontrado no Velho Testamento. No Velho Testa-
mento, havia um candelabro com sete hastes colocado diante de Deus, significando
que todos os israelitas eram unidos como uma nação. Deus não queria que a nação
de Israel fosse dividida em duas nações. A divisão entre as nações de Judá e Israel
não Lhe era agradável, porque perante Deus elas eram uma. Dividi-las em duas é
pecado.
Porém, no Novo Testamento, não existe um candelabro com sete hastes, mas
sete diferentes candelabros. Em outras palavras, no princípio, o pensamento original
de Deus com relação à igreja é ter as respectivas igrejas posicionadas diante Dele
independentemente.
Você vê? Não é um candelabro com sete hastes, mas sete candelabros. Eles foram
postos lá um a um, e o Senhor andava no meio deles. Se fosse um candelabro com
sete hastes, o Senhor não poderia andar no meio deles. Portanto, na realidade
espiritual, são sete diferentes candelabros diante de Deus, não sete candelabros
unidos para serem um candelabro. Isto significa que Deus não tem intenção alguma
de unir as igrejas na terra para serem uma igreja. Deus jamais teve tal intenção.
Em outras palavras, a vontade fixa de Deus com relação à nação de Israel é
diferente da Sua vontade concernente à igreja. A vontade fixa de Deus com relação
a Israel é que esta deveria ser uma nação na terra, não duas. Ao mesmo tempo,
Deus determinou somente um lugar para toda a nação de Israel adorar, que era
Jerusalém. O povo de Israel deveria ir a Jerusalém todo ano, e não a qualquer outro
lugar. Eles estabeleceram Betei, porém isso desagradou a Deus. Era um lugar
elevado, mas não o centro de Deus. Hoje, Deus não quer que as igrejas na terra
sejam unificadas e, da mesma forma como Jerusalém no passado, tomem Roma
como um centro. Hoje, são sete diferentes igrejas. Portanto a unidade do Corpo de
Cristo não significa que as igrejas na terra devam ser tornadas uma igreja. A Bíblia
não pode contradizer-se. E o que ela nos mostra é que há somente um Corpo de
Cristo. Também nos mostra que Deus não quer que as igrejas sejam reunidas numa
única igreja na terra. A unidade que Deus deseja não é que as igrejas sejam
combinadas em uma grande igreja, formando uma grande unidade.
Estamos estudando esta questão passo a passo. Acabamos de ver como a Bíblia
fala com relação ao Corpo, como fala com relação à igreja. A unidade mencionada na
Bíblia não se refere à unidade de uma igreja de dimensões extensas. Então a que
se refere a unidade do Corpo, que o Senhor hoje deseja? Deve referir-se a alguma
outra coisa. Sendo assim, a unidade do Catolicismo não pode ser aplicada; não é
de Deus. Este é o primeiro ponto.
Agora, atentaremos ao segundo ponto. Nossos irmãos dizem que precisamos ter
uma comunhão "espiritual", uma unidade "espiritual". Então a unidade do Corpo
de Cristo se refere à unidade "espiritual", como hoje é defendido pelos irmãos nas
denominações? É metade "sim", e metade "não". A Bíblia evidentemente nos mostra
que os filhos de Deus não devem estar divididos, porém as denominações são
obviamente divisões. Uma vez que você observa uma denominação,
imediatamente vê uma divisão. Desde que a divisão existe, não fale sobre a
unidade "espiritual"! Este é o tipo de comportamento que carece de integridade,
conforme já mencionamos. Você não pode, de um lado, defender a unidade, e,
todavia, por outro lado, defender as denominações. Você não pode, por um lado,
conservar as divisões, e, por outro lado, falar sobre unidade. Assim como na
ilustração que usamos com relação às xícaras, a metade inferior está errada,
enquanto a metade superior está correta. A base na metade inferior está errada,
enquanto a comunhão sobre a metade superior está certa. Penso que está
suficientemente claro que a Bíblia diz que as denominações são erradas. Gaiatas
5:19-21 até mesmo registra denominações (seitas) como obra da carne ou, como
traduzido para o chinês, obra da concupiscência. "Ora as obras da carne são
conhecidas, e são: "Rivalidades, divisões, seitas..." (Texto Grego de Nestle do Novo
Testamento Interlinear Greco-Inglês).
Como, então, Deus deseja que manifestemos a unidade do Corpo? Essa unidade
do Corpo não é a unidade de toda a terra, como a união de muitas igrejas para
formarem uma grande igreja; tampouco é permanecer na denominação e falar da
unidade "espiritual". Então o que é a unidade do Corpo, conforme o que se
estabelece na Bíblia? Gostaria de despender algum tempo para estudar este
assunto com vocês.
Primeira Coríntios 1:10 diz "Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus
Cristo, que (vós) faleis todos a mesma coisa...".
A quem se refere a palavra "vós"? Refere-se aos cristãos em Corinto, aos irmãos
em Corinto. "E que não haja entre vos divisões". Novamente, "vós" se refere aos
Coríntios. "Antes (vós) sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no
mesmo parecer". Desta vez também se refere aos cristãos em Corinto. Aqui vemos
uma coisa: a unidade do Corpo mencionada na Bíblia torna-se imaginária, caso você
não a expresse na localidade. É fácil dizer: "Oh, nós amamos todos os filhos de
Deus, exceto nosso vizinho!". "Oh, todos os filhos de Deus são um, desde Paulo até
aqueles que ainda não nasceram. Todos são um, exceto alguns irmãos aqui em
Xangai!". Isto é utópico e ilusório. Você não pode falar da unidade do Corpo e dizer
que todos são um, exceto os poucos irmãos que vivem juntos no mesmo lugar!
Portanto Paulo nos mostra que, quando falamos de unidade, há um requisito
mínimo de unidade, isto é, a igreja na localidade.
Se os cristãos em Corinto desejam falar da unidade do Corpo, não devem fazê-lo
em Roma ou em Jerusalém, mas em Corinto. Se vocês não falarem sobre ela em
Corinto. tornar-se-á inútil, e vocês estarão enganando a si mesmos. Suponhamos
que eu more em Xangai e que não consiga dar-me bem com os irmãos em Xangai,
mas com os irmãos de Nanking me dê otimamente bem. Isto é inútil, e estou
enganando a mim mesmo. Devemos ver que a unidade do Corpo é exigida pelas
Escrituras, mas tem um limite, um requisito mínimo de limite, que é a localidade. Os
irmãos em Corinto devem ser um com os irmãos em Corinto. Se vocês não são um em
Corinto, todas as suas palavras estão enganando os outros.
"Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu de Apoio, e eu de
Cefas, e eu de Cristo"(l Co 1:12). Observe a frase "cada um de vós". Quem são estes?
É claro, os coríntios. Não seria certo Paulo falar tais palavras aos irmãos em Jerusalém,
porque eles não as havia proferido. Tampouco seria certo Paulo aplicá-las aos irmãos
em Antioquia, porque eles não haviam dito tal coisa. Quem as proferiu? Somente os
irmãos em Corinto! Aqui o Senhor nos dá a luz para a unidade básica, isto é, os cristãos
em Corinto devem ser um pelo menos em Corinto. Se a unidade neste único lugar,
"Corinto", não se pode verificar, eles não devem falar sobre unidade com outras pesso-
as. Devem ser um pelo menos em um lugar. Talvez um irmão em Corinto possa recitar
todo o livro de Efésios, dizendo que devemos amar-nos uns aos outros. Naturalmente,
todos nós nos amaremos um ao outro na Nova Jerusalém, mas o problema é se nós
amamos uns aos outros hoje. Todos teremos comunhão na Nova Jerusalém, mas o
problema é se temos comunhão hoje. O que temos hoje é prático. Hoje, na Sua Palavra,
a exigência mínima de Deus para a unidade de Seus filhos é a localidade. Se a exigência
mínima não pode ser cumprida, então tudo o mais é falso. Os irmãos facciosos em
Corinto diziam: "Você é de Paulo, eu sou de Cefas, e ele é de Apoio", e alguém se
levantou para dizer: "Eu sou de Cristo". Enquanto contendiam entre si, Paulo lhes
disse que deveriam ser um.
Vejamos como Paulo os repreendeu: "Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a
espirituais; e, sim, como a carnais, como a crianças em Cristo. Leite vos dei a beber,
não vos dei alimento sólido; porque ainda (isto é, quando eles eram recém-salvos)
não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis (isto é, depois de salvos por um longo
tempo), porque ainda sois carnais. Porquanto, havendo entre vós ciúmes, contendas
e divisões, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?" (l Co 3:1-13
gr.). Isto se refere ao capítulo primeiro, onde vemos como os coríntios estavam
envolvidos em ciúmes, contendas e divisões, e eram carnais, tendo a respeito
dessas coisas o mesmo ponto de vista que tinham no princípio, quando foram
salvos. Não progrediram absolutamente. No começo, ao serem salvos, tomavam
leite; e, agora, ainda estão tomando leite. Se continuarem em ciúmes, contendas e
divisões, serão carnais durante toda a vida. Talvez possam ainda continuar bebendo
leite até aos sessenta, setenta ou oitenta anos de idade.
Então onde está a expressão da espiritualidade? Está na unidade da igreja. E
onde está a manifestação da carnalidade? Está nas divisões da igreja. Não
podemos chamar-nos espirituais e, no entanto, ainda permanecer nas divisões. Se
assim for, enganar-nos-emos a nós mesmos. Como é clara esta palavra: "porque
ainda sois carnais. Porquanto, havendo entre vós ciúmes, contendas e divisões, não é
assim que sois carnais e andais segundo o homem?"
Paulo também repetiu as palavras do capítulo primeiro no versículo seguinte:
"Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo; e outro: Eu, de Apoio; não é evidente
que andais segundo os homens?" (não sois carnais? -1 Co 3:4). Paulo estava
mostrando-lhes que as divisões, não importa a sua boa aparência diante dos
homens, são carnais diante de Deus. O sinal da espiritualidade é a unidade: o sinal
da carnalidade são as divisões, ciúmes e contendas.
Outro ponto que devemos observar é que Paulo não deu atenção alguma a
qualquer dificuldade entre os irmãos em Corinto e os irmãos em Éfeso, ou entre os
irmãos em Corinto e os irmãos em Colossos. Não apontou dificuldade alguma entre
os irmãos em Corinto e os irmãos em Laodicéia, ou entre os irmãos em Corinto e os
irmãos em Filipos. Ele deu atenção às divisões entre os próprios irmãos em Corinto. No
mínimo, eles devem ter dito: "Eu sou de Paulo, eu sou de Cefas, eu sou de Apoio, e
eu sou de Cristo". Mas Paulo, com efeito, disse: "Irmãos Vocês são irmãos em
Corinto. Não deve haver ciúmes, contendas ou divisões em Corinto". Você percebe,
existe na verdade um limite. Pelo menos, não deveria haver ciúmes, contendas e
divisões na igreja em Corinto. A quem se refere o "vós"? À igreja em Corinto.
Portanto a questão da unidade nas Escrituras é a seguinte: Esta unidade é a
unidade do Espírito Santo e a unidade do Corpo; mas a unidade do Espírito Santo
e a unidade do Corpo têm um requisito mínimo de unidade, um requisito mínimo de
limite, isto é: a unidade da igreja deve ocorrer em uma localidade.
Acabamos de ver o ponto de vista negativo da divisão. Agora vamos ver o ponto
de vista positivo da unidade, conforme se exige na Bíblia. "Porque nós, embora
muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do
único pão" (l Co 10:17). Isto inclui os filhos de Deus em Corinto. Este "único pão" é
o pão sobre a mesa em Corinto. Durante o partir do pão nessa localidade, um pão
era posto diante dos filhos de Deus, indicando que, embora fossem muitos, ainda
eram um só pão. Em outras palavras, o Corpo de Cristo que os irmãos em Corinto
deveriam expressar tinha que ser expresso pelo menos em Corinto. Aqui devemos
lembrar a situação daquele tempo. Quando os irmãos e irmãs se reuniam, um pão
era exposto diante de muitos deles. Talvez cinqüenta irmãos estivessem partindo o
pão juntos; assim Paulo disse que os cinqüenta, sendo muitos, eram um só pão.
Em outras palavras, o Corpo de Cristo tem uma expressão universal, isto é, a
igreja, o Corpo de Cristo. Mas os irmãos em cada localidade também expressam o
Corpo de Cristo. Isto não significa que os irmãos em Corinto sejam o Corpo de Cristo,
enquanto que os irmãos em Éfeso não o são. Isso significa que os filhos de Deus
"em Corinto" são Corpo de Cristo; assim, tanto no princípio espiritual como no
fato espiritual, eles devem expressar-se como sendo o Corpo de Cristo. O Corpo
de Cristo é a igreja universal tanto em espaço quanto em tempo, a igreja que está
em todos os lugares e em todas as gerações; todavia os irmãos na localidade devem
pelo menos estar na mesma posição, aplicando o mesmo princípio para expressar
o mesmo fato. Em outras palavras, o limite mínimo da unidade é o limite da
localidade. Na localidade de Corinto, a unidade do Corpo, a unidade da vida deve ser
expressa.
Isto é maravilhoso! O Corpo mencionado em Efésios refere- se a todos os filhos de
Deus, mas o Corpo mencionado em Coríntios refere-se aos filhos de Deus num
determinado tempo e lugar. Os filhos de Deus naquele lugar e naquela época
também são o Corpo de Cristo.
Ao continuar lendo l Coríntios 12, novamente percebemos o assunto do Corpo; o
único Corpo com o único Espírito Santo é discutido: "Porque, assim como o corpo é
um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só
corpo, assim também com respeito a Cristo" (l Co 12:12). "Se disser o pé: Porque
não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. Se o ouvido
disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser. Não podem
os olhos dizer à mão: não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não
preciso de vós" (l Co 12:15-16, 21). Como se vê, l Coríntios 12 fala do Corpo de Cristo
com muitos pormenores. O Corpo de Cristo mencionado em l Coríntios é diferente
daquele mencionado em Efésios. Como já disse, o Corpo de Cristo mencionado em
Efésios se refere à igreja universal. Este não é um problema para a maioria dos
estudiosos da Bíblia. Mas o Corpo de Cristo mencionado em l Coríntios 12 refere-se à
igreja em Corinto. Por que isto? Porque é diferente do que se menciona em Efésios. O
Cabeça mencionado em Efésios é diferente da cabeça mencionada em l Coríntios 12.
Em Efésios, "Cristo é o cabeça da igreja" (5:23), mas em l Coríntios 12:21 se diz
"Não podem os olhos dizer à mão..." Aqui o olho é um membro, e a mão também é
um membro. Segue-se a isto uma afirmação muito especial: "nem ainda a cabeça,
aos pés: Não preciso de vós" (12:21). A cabeça mencionada em l Coríntios 12 é,
portanto, apenas um membro. Esta afirmação não pode ser usada e aplicada como
uma ilustração em Efésios. Isso seria terrível. De modo algum pode ser usada ali. Se
fosse, o Cabeça estaria colocado em posição muito baixa. Portanto a cabeça de l
Coríntios 12 é só um membro, cuja posição é diferente da de Efésios. O Cabeça de
Efésios é, sem dúvida, Cristo, enquanto a cabeça de l Coríntios 12 é alguém entre os
irmãos, que age como uma cabeça. É apenas um dos membros, mas não o único
Cabeça. E muito baixo; não é elevado. Assim, para a expressão da unidade do
Corpo, a Bíblia nos mostra que a localidade é o limite mínimo. Espero que os irmãos
enxerguem que, na Bíblia, o requisito mínimo da unidade é a unidade na localidade.
Os filhos de Deus devem ter sua unidade espiritual em cada localidade. Esta é a
exigência básica da Bíblia.
Qual é, então, o propósito de Deus? É "que não haja divisão no Corpo" (l Co
12:25). Você lembra por que Paulo disse isso? É por causa das ocorrências dos
capítulos primeiro e terceiro, onde se vêem divisões entre eles. Paulo mostrou-lhes
que ter divisões na localidade de Corinto significa ter shism no Corpo de Cristo. A
unidade tem de ter ao menos a localidade como seu limite. Se moro em Corinto, preciso
ao menos ser um com os filhos de Deus na localidade de Corinto; devo pelo menos
demonstrar uma vida de unidade em Corinto. Não posso ter divisões.
Paulo, no capítulo treze, fala do amor. Por que neste capítulo fala tão seriamente
do amor? Porque só o amor é contrário às divisões. O amor une, o amor não divide.
Em Corinto, havia ciúmes e contendas. Por isso, Paulo disse que o amor não arde
em ciúmes, não procura os próprios interesses, não se ressente do mal, não se
divide, nem se separa. Observamos, aqui, Paulo a exortar os irmãos em Corinto, a
se amarem mutuamente, ao menos na localidade de Corinto.
Hoje, um certo tipo de condição prevalece na igreja: as pessoas pregam a
doutrina de se amarem uns aos outros, mas se esquecem da localidade. Sentem
que a localidade não é importante. Mas, irmãos, por favor, lembrem-se de que,
quando vocês pregam o amar uns aos outros, mas se esquecem da questão da
localidade, é muito fácil tornarem-se idealistas. "Todos os irmãos e irmãs são
amáveis, exceto alguns em Xangai!". Que faremos? Os irmãos de Xangai sentem
desta maneira, e os irmãos de Nanking sentem do mesmo modo: "todos os irmãos
são bons, com exceção daqueles de Nanking..." Os irmãos de Ti-Hua também
sentem o mesmo: "Todos os irmãos são muito bons, mas não alguns em Ti-Hua".
Mas permitam-me dizer-lhes o que Deus diz aos irmãos de Xangai: "Amem,
primeiramente os irmãos de Xangai, e depois os irmãos de Nanking". Deus também
diz aos irmãos de Nanking: "Amem primeiramente os irmãos de Nanking, e, depois,
os de Xangai". Assim, os irmãos em Corinto precisavam amar primeiramente os
irmãos em Corinto, e depois ascender aos céus para ver o Corpo de Cristo. Em
primeiro lugar, deviam descer para ver Corinto, e, depois, ir até Éfeso, para ver o
Corpo de Cristp. Antes de tudo, precisavam descer até Corinto e observar o Corpo
de Cristo, porque isto é muito mais prático.
Se não podemos amar os irmãos a quem vemos, como podemos amar os irmãos a
quem não vemos? O apóstolo João disse "...pois aquele que não ama a seu irmão, a
quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê". Hoje, precisamos acrescentar
mais uma palavra: "Se não podemos amar aos irmãos que vemos, como podemos
amar os irmãos que não vemos?". Muitos, simplesmente, não amam aos irmãos que
vêem; só amam aqueles a quem não vêem. Isto é o que se chama de "comunhão
espiritual". Pois tudo o que não se pode ver é "espiritual". Se você permanecer nesta
posição, grandes dificuldades surgirão na igreja. A comunhão, o amor mútuo, o
cuidado mútuo e a unidade entre os filhos de Deus precisam ter início ao menos na
localidade. A localidade é o requisito mínimo.
No livro de Filipenses, Paulo também exortou os irmãos a serem um: "Pela vossa
cooperação (unidade) no evangelho, desde o primeiro dia até agora" (Fp 1:5). Mais
tarde, Paulo mencionou outro aspecto, nos versículos quinze e dezessete: "Alguns
efetivamente proclamam a Cristo por inveja e porfia... aqueles, contudo pregam a
Cristo por discórdia". Aqui, pode-se ver, não temos uma condição universal da igreja,
mas uma questão local em Filipos. A dificuldade lá era que alguns irmãos pregavam
Cristo em comunhão, enquanto outros pregavam Cristo por inveja, dizendo: "Se você
pode pregar, eu também posso. Se você pode fazê-lo, por que eu não posso?".
Assim, também pregavam.
No capítulo segundo, versículo segundo, Paulo exortou-os: "de modo que penseis a
mesma cousa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo senti-
mento". Gostaria de salientar aqui esta palavra: "de modo que penseis a mesma
cousa". Isso não se refere à igreja universal. Embora a igreja universal possa aprender
deste exemplo, esta palavra se refere principalmente aos Filipenses, pois a eles
Paulo escreveu a carta. Vocês, cristãos em Filipos, irmãos filipenses, devem pensar a
mesma coisa. É-lhes inútil pensar a mesma coisa que os irmãos em Xangai; é-lhes
também inútil pensar o mesmo que os irmãos da igreja em Lan-Chou. Vocês devem ter
o mesmo pensamento que os irmãos de Filipos. Este é o mandamento da Bíblia.
Pensar a mesma coisa exige a localidade como requisito mínimo. Se este falhar,
todas as doutrinas serão idealísticas e imaginárias. Muitos irmãos são bastante
espirituais nos céus, mas carnais na terra. Seu pensamento é muito espiritual, mas
sua prática é carnal.
Paulo falou-lhes que, se tivessem o mesmo pensamento, o mesmo amor, o mesmo
sentimento, e fossem unidos de alma, então completariam a alegria dele.
"Nada façais por partidarismo..." (Fp 2:3). Esta palavra foi proferida aos
filipenses. Vocês, filipenses, nada devem fazer por partidarismo. Então Paulo expôs
a razão que leva as pessoas a fazerem as coisas por partidarismo: Alguns cobiçam
a "vangloria". Estes, que buscam a vangloria, separam-se facilmente dos irmãos.
Os que desejam ter glória diante dos homens naturalmente criam problemas com
outros. Alguns são orgulhosos, considerando-se muito elevados. Assim são
incapazes de ser um com os outros. "...Mas, por humildade, considerando cada
um os outros superiores a si mesmo"; então vocês poderão ser um com os outros.
Alguns cuidam somente de suas próprias coisas, e são muito egoístas. Por isso
também lhes é fácil criar problemas com outros. Paulo falou: "Não tenha cada um
em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros"
(Fp 2:4). Essa é a razão pela qual muitos não podem pensar da mesma maneira,
não podem ter o mesmo amor, não podem ser unidos de alma, não podem ter o
mesmo sentimento e não podem ser um com os outros. Alguns cuidam apenas de
si, outros são orgulhosos, outros buscam a glória e desejam que terceiros os
aplaudam. Obviamente, tais tipos de pessoas jamais poderão ser um com os outros.
Temos que aprender a ser humildes, não buscando a glória dos homens, e
precisamos aprender a cuidar dos outros. Então poderemos ser um com outros
filhos de Deus. Este é o princípio bíblico. Precisamos segui-lo adequadamente.
Paulo louvou os filipenses por sua cooperação (unidade) na pregação do
evangelho. Mas, na realidade, tinham discórdia. Daí a necessidade da exortação no
capítulo segundo. As discórdias em Filipos não ocorriam somente entre os irmãos,
mas também entre as irmãs. Por isso, Paulo, no capítulo quarto, especialmente citou
duas irmãs: "Rogo a Evódia, e rogo a Síntique pensem concordemente, no
Senhor" (Fp 4:2). Temos aqui duas irmãs; seus nomes são femininos. Não sabemos
a extensão da história por detrás dessas palavras. Paulo não no-la revelou. Ele
apenas disse: "Rogo a Evódia, e rogo a Síntique pensem concordemente, no Senhor".
Essa exortação mostra-nos que havia contendas na localidade de Filipos. Também
nos mostra que essa contenda estava limitada àquela localidade, face aos nomes
mencionados. Creio que, agora, você deveria ver pelo menos uma coisa: A unidade
do Corpo, ou a unidade do Espírito Santo, na Bíblia, refere-se especialmente à
unidade na localidade. A unidade que não ocorrer na localidade será totalmente vã.
Você não pode dizer que é capaz de guardar a unidade em qualquer outro lugar,
exceto em sua própria localidade.
Agora iremos em frente, a fim de ver por que enfatizamos tanto a expressão da
unidade na localidade. É que a igreja na Bíblia é a igreja local. Falamos isto por
muitos anos, e mesmo agora continuamos a repeti-lo inúmeras vezes. A igreja, na
Bíblia, é local. Nenhuma exceção, sequer, pode ser vista em todo o Novo
Testamento. Todas as igrejas são locais: ou seja, a igreja em Jerusalém, a igreja em
Antioquia, a igreja em Corinto, etc...Todos os exemplos encontrados na Bíblia são
igrejas locais. Por exemplo, no livro de Apocalipse, a igreja em Éfeso, a igreja em
Esmirna, a igreja em Pérgamo, a igreja em Tiatira, a igreja em Sardes, a igreja em
Filadélfia e a igreja em Laodicéia são todas locais. Deus determinou ter uma igreja em
cada localidade. As localidades e as igrejas são equivalentes. As cidades na terra
estão divididas de acordo com a localidade. Hoje, as igrejas de Deus na terra estão
também separadas de acordo com a localidade. No mundo, existe a localidade de
Xan-gai; portanto há uma igreja em Xangai diante de Deus. No mundo, há a
localidade de Nanking; portanto existe a igreja em Nanking diante de Deus. No
mundo, existem as localidades de Hsi-An e Lan-Chou; portanto há a igreja em Hsi-An
e a igreja em Lan-Chou perante Deus. Em outras palavras, desde que haja um lugar
suficientemente grande para ser uma localidade, então uma igreja deve haver
naquela localidade. Se o seu lugar não é suficientemente grande para ser uma
localidade, então vocês não podem ser uma igreja. Por exemplo, Lan-Chou é um
lugar suficientemente grande para ser uma localidade. Aos olhos de Deus, é uma
localidade. Assim, uma igreja pode estar lá em Lan-Chou. Diante de Deus, este
assunto está muito claro. A Bíblia determina a localidade de acordo com o limite
de uma cidade ou um lugarejo. Por exemplo, no livro de l Coríntios, que acabamos
de ler, há uma palavra muito boa: "Por esta causa vos mandei Timóteo, que é meu
filho amado e fiel no Senhor, o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo
Jesus, como por toda parte ensino em cada igreja" (l Co 4:17). "Por toda parte" é a
localidade; "cada igreja" é o seu conteúdo espiritual. Em cada localidade, havia uma
igreja. Como está "por toda parte" dividida na Bíblia? Está dividida conforme uma
cidade ou um lugarejo. O Senhor Jesus pregou o evangelho em cada cidade e em
cada povoado (Mt 9:35); portanto, a unidade de jurisdição da localidade é a cidade
ou lugarejo. Paulo disse a Tito: "...em cada cidade, constituísses presbíteros,
conforme te prescrevi" (Tt 1:5). Naquela época, Paulo pregava o evangelho nas
cidades e não entrava nos lugarejos; por isso, não os mencionou. Todas as igrejas na
Bíblia eram locais. Portanto, este é o problema de hoje: a unidade dos filhos de Deus
precisa ter pelo menos uma igreja local como sua unidade. Em outras palavras, a
unidade mínima para a unidade espiritual dos filhos de Deus deve ser a localidade.
Todos os filhos de Deus na mesma localidade devem ser um. Esse é o requisito
mínimo.
Desejo agora considerar com vocês a dificuldade dos filhos de Deus com
referência a esta questão. Já mencionei o segundo tipo de unidade, parte da qual é
correta e parte é errada. Que significa isto? Deve haver a "comunhão espiritual" da
qual se fala? Parte dela deve existir, e parte não. Como, então, a parte que tem
que existir deve ser cumprida? A resposta é que deve haver comunhão espiritual
entre uma igreja local e outra igreja local. A Bíblia nos mostra que a igreja é local; a
unidade da igreja, portanto, deve ocorrer pelo menos na localidade. Por isso eu disse:
se não há nenhuma unidade na localidade, todas as outras palavras são vãs e
ilusórias. Não se trata de uma localidade negligenciar seus próprios assuntos para
cuidar dos assuntos de outra localidade. Não é que os irmãos de Tien-Hsui não
resolvem os próprios assuntos, e vão cuidar dos assuntos de Ping-Lian. Mas é que
Tien-Hsui e Ping-Lian devem ter comunhão em questões espirituais.
A unidade da igreja, a unidade do Corpo, tem a localidade como sua unidade.
Mas também devemos ter unidade espiritual com os irmãos de outras localidades.
Esta unidade espiritual não é a unidade entre uma denominação e outra, mas é a
unidade entre uma igreja e outra. Esta unidade espiritual não é unidade entre as
divisões, mas é a unidade do Corpo, entre os membros. Uma igreja local está
aqui, e outra igreja está acolá; e, entre essas igrejas locais, buscamos a unidade
do Espírito Santo, a unidade do Corpo, a unidade no caminho do Senhor, e
buscamos a unidade em cada aspecto, a fim de expressar a unidade espiritual
entre as igrejas. Hoje, se não temos a unidade espiritual entre as igrejas, mas, em
vez disto, nós a temos entre as denominações, tal está errado. É errado ter
unidade espiritual entre as seitas e não tela entrs as localidades. A teoria está certa,
mas a aplicação está errada.
4. A UNIDADE DO CONGREGACIONALISMO
Um Problema
Um irmão pergunta: "Já que a palavra referente à unidade da igreja sai de nós, as
pessoas podem nesta época, com muita facilidade, entender erroneamente o fato de
estarmos pedindo-lhes que se unam a nós. Por que não nos unimos a eles?"
Para responder esta questão, temos de mostrar-lhes que o problema básico é
este: perante o Senhor, podemos ceder em certas coisas; mas há outras em que
jamais poderemos comprometer-nos. Quais são estas coisas em que nunca
poderemos comprometer-nos? São os ensinamentos da Bíblia, porque são a
Palavra de Deus. Ainda que quiséssemos, não poderíamos comprometer-nos. Posso
falar de um jeito ou de outro, mas será inútil. Não poderemos alterar a Palavra de
Deus. Em quais coisas poderemos ceder? Poderemos ceder em nossa própria
posição. Em relação aos nossos irmãos que estão nas denominações, quer nas
igrejas congregacionais, quer na igreja unida, no que tange às coisas em que não
podemos comprometer-nos, não devemos ceder nem um pouco, mas permanecer
firmes. No entanto, nas coisas em que podemos ceder, deveremos fazê-lo, pois
devemos buscar a unidade. Há dois pontos em que não podemos comprometer-nos:
1- Denominações são pecado; portanto nisto não podemos comprometer-nos.
Deus disse que as divisões (seitas, denominações) são da carne. Não podemos
dizer que as divisões são espirituais. Se não somos fiéis ao Senhor, não somos
Seus servos, e não podemos pregar Suas palavras. As denominações devem ser
condenadas. Este é o aspecto negativo.
2- Temos de solicitar-lhes reconhecer que a igreja é local. Este é o aspecto
positivo, no qual jamais podemos comprometer-nos, ainda que pouco. Deve haver
somente uma igreja em cada localidade, e não várias igrejas. Esta é a Palavra do
Senhor, e não temos autoridade para alterá-la. Não podemos mudar nenhum dos
dois pontos. Uma vez que o problema referente à Palavra do Senhor ficar
esclarecido, já não se perguntará se você deve unir-se a mim ou se eu devo unir-
me a você, pois isto já não envolverá mais a Palavra do Senhor, mas apenas
nossas posições. Se ainda tivermos de considerar" o assunto, estaremos errados e
não seremos servos do Senhor.
Uma vez unidos hoje, o que acontecerá com as divisões que talvez surjam no
futuro? Já que eles, há pouco, começaram a andar neste caminho, os problemas
facilmente podem surgir outra vez. Aos que já fizeram certa coisa antes, é-lhes
muito fácil fazê-la novamente. Aos que andaram antes no caminho das
denominações, é-lhes muito fácil voltar a este mesmo caminho. Não é que não
confiamos em nossos irmãos, mas o fato é que eles devem condenar as
denominações como pecado. Então Deus os libertará delas. Se não condenarem as
denominações como pecado, ainda que tenham saído delas, certamente surgirão
problemas no futuro. Hoje, se usarmos manobras para atingir a unidade, problemas
ainda surgirão. Não deveremos relaxar quanto a esses dois pontos, isto é:
denominações são pecado, e a igreja é local. Devemos dizer-lhes que temos trilhado
esse caminho por mais de trinta anos, e que esperamos que eles também andem
juntamente conosco.
Por outro lado, está correto até mesmo pensarmos que nunca andamos neste
caminho e começarmos tudo novamente. Por ser esta a nossa história, não há
problema em nos considerarmos unidos a eles. A Palavra do Senhor é do Senhor, e
não podemos abandoná-la; mas a historia, que é nossa, sim, a esta podemos
abandonar. A igreja é local, e as denominações são pecado. Nestes dois pontos, não
podemos relaxar. Quanto à questão da posição, podemos ter um novo começo
amanhã. Nós rejeitamos as denominações; eles também rejeitam as denominações:
e assim nos unimos todos, tornando-nos a igreja local. Que vocês acham? A história
é nossa, mas a isso podemos abandonar, e começar tudo de novo. Eles não existem,
e nós também não existimos; mas, amanhã, todos existiremos. Que vocês acham?
Tudo o que pode ser abandonado, nós abandonaremos; mas a Palavra do Senhor,
a esta, de maneira alguma, abandonaremos; dela não podemos abrir mão. Este
problema é facilmente resolvido. Isto não é uma dificuldade.
Com relação à administração, também só pode haver uma em cada localidade.
O Congregacionalismo tem várias administrações em cada localidade. Atos 14:23
diz que Paulo e Barnabé estabeleceram presbíteros em cada igreja. Se este fosse o
único registro da Bíblia alusivo à ação de Paulo, pqder-se-ia dizer que é possível
haver várias igrejas numa localidade, e presbíteros em cada uma dessas igrejas.
Todavia, se vocês lerem Tito 1:5, verão que a situação é diferente. Paulo diz:
"em cada cidade, constituísses presbíteros". Quando juntamos estes dois textos,
sentimos que o assunto é muito específico. Por um lado, diz "em cada igreja", e, por
outro lado, diz "em cada cidade". Presbíteros, portanto, são constituídos para
cada igreja, e a cidade é o limite da administração dos presbíteros na igreja. Muitos
irmãos e irmãs crêem que a questão de terem unidade conosco é meramente
espiritual, e que a sua administração ainda continuará independente. Esse não é o
ensinamento das Escrituras. Cada localidade deve ter somente uma igreja e uma
administração. É impossível haver várias igrejas e várias administrações em uma
só localidade. Já que esta é uma questão muito importante, precisamos ficar bem
claros a seu respeito. Só pode haver uma administração em uma cidade, jamais
várias administrações. Se estivermos claros sobre esse assunto, haverá poucos
problemas. Doutro modo, quando você tiver problemas numa reunião, irá para
uma outra reunião. Se numa reunião você não é recebido, poderá ir a outra
reunião e ser recebido. Se os filhos de Deus enxergarem a unidade da igreja, não
só a comunhão entre os irmãos e as irmãs será uma, mas também a
administração será uma.
CAPÍTULO CINCO
O SERVIÇO DA IGREJA
(Partes de duas palestras proferidas pelo irmão Watchman Nee a seus cooperadores,
quando os treinava no Monte Kuling, no ano de 1948. A primeira parte foi publicada
no capítulo cinqüenta e um de "Lições para os Novos Cristãos", em abril de 1949. A
segunda parte foi publicada no terceiro capítulo de "As Questões da Igreja", em março
de 1950).
1. O SERVIÇO DO CORPO
A "igreja... é o Seu Corpo" (Ef 1:22-23). O serviço da igreja, portanto, deve ser o
serviço do Corpo.
"Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. Se disser o pé:
Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. Se o
ouvido disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser.
Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde o
olfato? Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe
aprouve. Se todos, porém, fossem um só membro, onde estaria o corpo?... A uns
estabeleceu Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas,
em terceiro lugar mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar,
socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos? ou
todos profetas? são todos mestres? ou operadores de milagres? têm todos dons de
curar? falam todos em outras línguas? interpretam-nas todos?" (l Co 12:14-19,
28-30).
Você sabe o que é igreja? Uma igreja precisa ter espaço para que todos os
ministérios sirvam o Corpo. Isto é a igreja. Está bastante evidente que a igreja são
todos os irmãos e irmãs, incluindo aqueles que são considerados não decoro-sos,
executando as funções de seus ministérios espirituais, cada um servindo ao Senhor.
É impossível ao Corpo ter muitos membros inúteis. Vocês devem ver que todos são
membros do Corpo, que cada membro tem sua função, e que cada membro deve
cumprir seu serviço perante Deus. Isso então pode ser chamado de igreja.
Lendo l Coríntios 12, Efésios 4 e Romanos 12, vemos que há três categorias de
ministérios. Observamos aqui o ministério da Palavra e também o ministério dos
milagres, ambos para o crescimento do Corpo. Cada membro do Corpo tem o serviço
de seu ministério. Se você é cristão, é membro do Corpo, e como um membro do
Corpo, deve cumprir seu serviço perante Deus. Enfatizamos o serviço universal. Cada
um deve ter seu serviço específico, e servir adequadamente perante Deus. Cada um
deve servir. Espero que todos os filhos de Deus, um por um, sejam conduzidos ao
ponto de todos servirem. Uma vez que cada membro tem sua função, esperamos que
não haja nenhum que deixe de servir.
Se, num determinado lugar, os membros não servem, mas, ao invés disso, existe
um sistema em que todas as questões de todo o Corpo são confiadas aos olhos, isso
certamente não é o Corpo. As mãos não trabalham, mas pedem aos olhos que
trabalhem; os pés não andam, mas pedem aos olhos que andem; a boca não
come, mas pede aos olhos que comam o nariz não cheira, mas pede aos olhos que
cheirem.
Que é isso? Isso não é o Corpo; é um monstro! Se encontrarem uma
organização ou um sistema onde uma ou duas pessoas cuidam das questões de
todo o Corpo e onde todo o restante dos membros não precisam servir, e, contudo,
o Corpo prossegue em frente, digo-lhes que isso certamente não é a igreja, nem é
possível que isso seja a igreja. Onde já se viu uma pessoa cujo corpo nada faz, mas
todas as funções são confiadas a um ou dois membros? Os ouvidos não ouvem, mas
pedem aos olhos que ouçam; o nariz não cheira, mas pede aos olhos que cheirem;
as mãos não trabalham, mas pedem aos olhos que trabalhem; os pés não andam,
mas pedem aos olhos que andem por eles. Os olhos são solicitados para fazer tudo;
um membro faz tudo. Permitam-me dizer-lhes, pois está bastante patente, que isso
não é o Corpo de Cristo. Isso é uma doença, uma doença grave.
Portanto, irmãos, vocês devem observar que, na igreja, cada um tem um
ministério diante de Deus; cada membro precisa servir. Na igreja, todos devem
servir, sem a existência de qualquer sistema de "um por todos". Não deve haver um
membro, nem tampouco alguns membros representando todos os demais a
cuidarem dos problemas. Se existe uma situação assim, devemos saber que isso não
é o Corpo de Cristo. O sistema que não concede lugar para que todos os membros
sirvam, certamente não é o sistema do Corpo. No Corpo, os olhos podem estar muito
ocupados, a boca também, assim como os pés, e as mãos; contudo, não há conflito
algum entre eles. Se a boca, os pés, as mãos e o nariz estão inativos, então deve
haver alguma doença no Corpo. Quando os olhos, os pés, a boca e as mãos se
movem, você pode ver a coordenação do corpo. Isto é o Corpo. Se alguns servem e
outros não, se uns são sacerdotes e outros não, se somente um ou poucos têm a
permissão de ser sacerdotes, você pode ver claramente que isto não é o Corpo.
Vocês precisam fazer com que todos os irmãos e as irmãs vejam este princípio, este
caminho.
Veja Romanos 12:4-8: "Porque, assim como num só corpo temos muitos
membros, mas nem todos os membros têm a mesma função; assim, também nós,
conquanto muitos, somos um só Corpo em Cristo e membros uns dos outros,
tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja
segundo a proporção da fé; se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que
ensina, esmere-se no fazê-lo; ou o que exorta, faça-o com dedicação; o que
contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia,
com alegria".
Outra coisa que necessita de atenção especial no Corpo é que cada um não recebe
a mesma medida de graça. Desde que a graça que cada um recebe varia, os dons
recebidos por cada um diante de Deus também variam. Acabamos de ler l Coríntios
12. Sua ênfase está no ministério da Palavra e no ministério dos milagres; esta é a
esfera de l Coríntios 12. E quanto a esta passagem de Romanos 12? Aqui também
há o ministério da Palavra; mas, além disso, há também o ministério de servir os
outros na igreja, assim como a obra dos levitas. Alguns contribuem, outros presi-
dem, e alguns exercem misericórdia. Aqui se pode ver o ministério da Palavra e a
obra dos levitas.
Deve haver lugar no Corpo para que todos os membros sirvam. Já o vimos em l
Coríntios 12. Romanos 12 no-lo mostra novamente: para todo aquele que é dotado,
seja no ministério da Palavra ou no ministério de servir os outros, o mandamento é que
ele deve servir nessa conformidade. Em outras palavras, você não deve interferir nos
assuntos dos outros, e pisar nos seus pés. Enquanto estiver caminhando, não pise no
calcanhar dos outros. Siga o seu caminho, e aja de acordo com o dom que Deus lhe
deu. Aquele que profetiza, que profetize de acordo, e não cuide de outros assuntos.
Aquele que exorta, que o faça sem tentar cuidar de outras coisas. Aquele que
preside, que presida corretamente na igreja e não interfira no trabalho dos outros. A
disposição natural do homem gosta de se intrometer nos negócios dos outros.
Irmãos, vocês precisam ver que cada um deve servir de acordo com seu próprio
ministério, cada um cumprindo o que deve fazer e concentrando nisso sua atenção.
Essa passagem de Romanos 12 nos mostra que cada um deve servir de acordo com
aquilo que lhe foi designado. Cada um precisa saber perante Deus o que pode fazer,
que dom o Senhor lhe deu. Assim que souber, deverá exercê-lo de acordo, não se
intrometendo um no serviço do outro.
O Corpo não Deve Permitir que Membro Algum Negligencie Seu Dever
Vocês devem estar claros, portanto, de que o que importa não é o quanto
vocês mesmos podem trabalhar, ou quanto peso conseguem carregar, mas sim o
quanto vocês são capazes de levar todos os irmãos e irmãs, todos os de um
talento, a se levantarem para trabalhar e servir. Este é o caminho que vimos
principalmente nestes últimos anos: todos os de um talento devem levantar-se
para servir o Senhor. Se você é o único que está ocupado desde o nascer até o pôr-
do-sol, isso não será a igreja. Mas se você estiver ocupado desde a manhã até a
noite, e fizer com que todos os de um talento trabalhem e fiquem ocupados, tal
será a igreja servindo, tal será a igreja pregando o evangelho. É a igreja que está
trabalhando, é o Corpo que está agindo, e não alguns membros substituindo a
atividade do Corpo. Deste modo, a China começará a ter a igreja.
Você jamais deveria pensar que, por haver pessoas que se reúnem numa certa
localidade, temos então a igreja. Unicamente o Corpo de Cristo é a igreja, e o
Corpo de Cristo depende do funcionamento de todos os membros. O problema está
com os de um talento. Por essa razão, temos somente uma esperança, somente um
encargo, isto é: o serviço em cada localidade não deve depositar a ênfase sobre os
especialmente dotados, e sim sobre os menos dotados, sobre aqueles que, para os
homens, não têm valor algum, os que têm apenas um talento, esperando que todos
os que tenham um talento se levantem da terra. Você deve dizer-lhes que o lenço
destina-se a limpar o suor, não a embrulhar o talento (Leia Lc 19:20). O lenço de
cada um deve ser usado para limpar o suor; nenhum lenço deverá ser usado para
embrulhar talento.
Digo-lhes que, um dia, quando todos os de um talento se levantarem para servir o
Senhor, vocês verão que o Corpo estará entre nós, e também a igreja. Todo o
problema, hoje, é que os de cinco e os de dois talentos cuidam de todas as questões,
enquanto todos os de um talento são deixados inativos. Vocês devem fazer com que
os de um talento vejam que, embora, de fato, tenham apenas um talento, se traba-
lharem de acordo com o que têm, esta será a igreja, a vida do Corpo. Só podem
começar por aqui, e não de algum estágio mais avançado. Deixem que aprendam, dia
a dia, a fazer de acordo com sua capacidade, cada um servindo a Deus, ninguém
transferindo responsabilidade aos outros. Assim, você verá o Corpo de Cristo, a vida
do Corpo sendo plenamente expressa através dos de um talento.
Creio que posso dar aqui uma sugestão. Peço a atenção especial dos irmãos e irmãs.
Há muitos irmãos e irmãs que têm tempo livre. Também há irmãs que não têm tempo
para nada em seus lares: têm de cozinhar, cuidar das crianças, etc... Por que não
deixar que alguns irmãos, no serviço dos levitas, se levantem para assumir alguma
responsabilidade nesta questão, arranjando alguém que vá à casa do irmão ou da
irmã para ajudá-los? Os irmãos responsáveis podem dizer-lhes: "Há entre nós duas
irmãs que ajudarão vocês a lavar roupa duas horas por semana". Este também é um
trabalho dos levitas. No tempo de Atos, as viúvas gregas foram esquecidas na
distribuição diária, e houve murmúrios. Isto era a igreja. Ainda que não fosse algo
espiritual, mas um assunto prático, mesmo assim precisava ser feito.
1 - O trabalho da limpeza;
7- A contabilidade;
11-Deve haver alguns que cuidem da correspondência que entra e da que sai;
12- Até este ponto, ainda nada temos para a grande maioria dos irmãos e irmãs
fazerem. Portanto, creio que talvez possam ser usados no ajudar os irmãos e
irmãs pobres em seus afazeres domésticos, como lavar, costurar roupas, etc...
Espero sempre que cada irmão e irmã leve uma carga nos afazeres da igreja.
Jamais se deve permitir que alguns estejam ativos, e outros não. O serviço da igreja
é sempre para o todo. Se, em nosso meio, há alguns irmãos e irmãs que têm tempo
livre, seria bom que ajudassem os outros irmãos e irmãs nos afazeres domésticos.
Cada semana você vai à casa de um irmão ou irmã diferente e faz algumas coisas
variadas para eles. Principalmente as irmãs que são donas de casa, que têm
dinheiro e boa posição, seria bom se fossem à casa de algum irmão ou irmã para
lavar e costurar algumas roupas. Elas não devem ter pessoas trabalhando para si,
enquanto nada fazem por outrem. Se estiverem prontas a ir às casas dos irmãos e
irmãs pobres, e ajudá-los em algum trabalho, com suas próprias mãos, haverão de
parecer cristãs.
Todas essas coisas se relacionam ao lado prático do serviço da igreja. Quanto a
este princípio, precisamos estar claros diante de Deus: todos os irmãos e irmãs
devem participar do serviço espiritual e também do serviço prático. Quer seja muito
ou pouco, sempre espere que todos trabalhem, e que o façam com toda a sua
força. Se esta questão puder ser organizada adequadamente, ela levará a igreja a
progredir passo a passo nos serviços. Irmãos, permitam-me dizer novamente:
vocês precisam ver que a responsabilidade que lhes cabe é muito grande; devem
estar muito ocupados, têm de trabalhar, trabalhar a tal ponto, até que introduzam
todos os irmãos e irmãs nesse estágio. Quando todos os irmãos e irmãs vierem e
servirem juntos, a igreja local terá o seu fundamento. Quando outros virem tal
situação, haverão de perceber que há uma igreja em nosso meio. Cada um de nós
trabalha, cada um de nós tem parte na questão dos afazeres práticos, e cada um
de nós tem parte nas coisas espirituais.
Gostaria de falar aqui aos irmãos responsáveis. Vocês têm um costume natural
de usar somente os irmãos de dois talentos. A história da igreja é sempre assim. Os
de cinco talentos podem subir por si mesmos, não há necessidade de cuidar deles.
Mas os de um talento são realmente difíceis de lidar; antes de falarem duas frases, já
se enterraram novamente. Os de dois talentos são os mais fáceis de lidar: têm
alguma habilidade, podem fazer as coisas bem feitas, e não enterram seus talentos.
Mas, se em cada lugar, você puder somente usar os de dois talentos, e não for capaz
de usar os de um talento, já fracassou completamente.
Já disse isto em Foochow, e também em Xangai, e hoje o repetirei novamente:
Quando temos a igreja? Ela existe quando todos os de um talento se levantam para
participar do serviço da igreja, tanto do lado prático quanto do lado espiritual. Você
não pode menear a cabeça dizendo: "Este irmão é inútil". Se disser que este e
aquele são inúteis, acabou-se a igreja, você fracassou completamente. Se você crê
que ele é inútil, então ele realmente será inútil. Você pode dizer-lhe que, segundo
ele próprio, é de fato inútil; mas que o Senhor lhe deu um talento e quer que todos
os possuidores de um talento saiam e negociem. O Senhor pode usá-los. Se você
não pode usar os de um talento, isso prova que, perante o Senhor, você não pode
ser um líder. E preciso usar todos os irmãos e irmãs que são inúteis. Isso é trabalho
dos irmãos cooperadores. Os irmãos cooperadores não só devem usar os irmãos úteis,
como também devem fazer com que os irmãos inúteis se tornem úteis.
O princípio básico é que o Senhor jamais deu a alguém menos de um talento. Na
casa do Senhor, nenhum servo pode desculpar-se, dizendo que não lhe foi dado
talento algum. Gostaria de que todos vocês soubessem isto: diante de Deus, todos
os Seus filhos são servos. Se filhos, então servos. Ou, em outras palavras, se
membros, então dons; se membros, então ministros. Se pensamos que há alguém a
quem o Senhor não pode usar, realmente não conhecemos a graça de Deus.
Precisamos conhecê-la tão integralmente, de modo que, quando Deus chamar
alguém de servo, jamais nos levantemos para dizer que ele não o é. Hoje, se você
fizer a escolha, talvez possa apenas juntar três ou quatro pessoas em toda a
igreja. Mas Deus disse que todos são servos. Se Deus disse assim, devemos
permitir que eles sirvam.
Irmãos e irmãs, de agora em diante, se temos ou não um caminho em nosso
trabalho, e se este caminho será ou não bem sucedido, isso depende daquilo que
dizemos hoje diante do Senhor, daquilo que dizemos sobre o nosso trabalho. Há
somente alguns que trabalham? Há vários que são dotados de maneira especial
realizando o trabalho? Ou todos os servos do Senhor têm uma parte nele, e toda a
igreja serve? Nisto consiste todo o problema. Se este problema não puder ser
resolvido, não existe coisa alguma.
O Corpo de Cristo não é uma doutrina; é algo vivo. Todos devemos aprender
isso: somente quando cada membro funciona, é que temos o Corpo de Cristo.
Quando cada membro está funcionando, então temos a igreja.
Hoje, o problema está em nossas mãos: herdamos o sistema sacerdotal do
Catolicismo Romano, herdamos o sistema pastoral do Protestantismo, e, até no dia
de hoje, se formos descuidados, aparecerá um certo tipo de sistema intermediário:
diante de Deus, alguns de nós cuidarão de todos os problemas do Seu serviço.
Simplesmente pregar o Corpo de Cristo é inútil: precisamos permitir que Ele
trabalhe e demonstre Suas funções. Uma vez que seja o Corpo de Cristo, você não
precisa temer que Lhe faltem as funções; sendo o Corpo de Cristo, pode depositar
sua fé Nele. O Senhor quer que todo membro, em cada localidade, se levante e
sirva.
De acordo com a minha correspondência, creio que estou certo ao dizer que o
tempo chegou. As cartas que recebi de diferentes lugares e as notícias que ouvi de
todos os cantos mostram que hoje, em cada lugar, todos estão prontos a despertar
para o serviço. Deus foi além de nós; precisamos seguir em frente.
Não é meu desejo que um irmão sequer dentre nós saia e fracasse no conduzir
os irmãos e irmãs ao serviço, substituindo-os. Espero que, quando for a
determinado lugar, no princípio você leve oito ou dez a servirem, e, então, após
determinado tempo, eles mesmos levem sessenta, oitenta, ou cem a servirem
naquele lugar. Então, em uma segunda visita, você verá mil ou duas mil pessoas
servindo ali. Isso está correto. Se você precisa usar os de cinco talentos para
abafarem os de dois talentos, e os de dois talentos para abafarem os de um talento,
permita-me dizer-lhe que você não é o servo do Senhor. Se precisa usar os de cinco
talentos para substituírem os de dois talentos, e os de dois talentos para
substituírem os de um talento, você não é o servo do Senhor. Deve fazer com que
todos os de cinco talentos sirvam, com que todos os de dois talentos sirvam; não
apenas isso: você deve fazer também com que todos os de um talento sirvam. Aos
que você pensa ser inúteis, você também deve fazê-los servir. Assim a igreja
gloriosa aparecerá.
Preferiria ver em Foochow todos aqueles simples aldeões servindo, a ver três
ou quatro ilustres pregadores. Não aprecio os ilustres; prefiro os de um talento.
Se o Senhor for gracioso para conosco, poderá dar-nos mais pessoas como
Paulo e Pedro. Mas o Senhor não tem agido assim. Todo o mundo está cheio de
irmãos e irmãs que possuem um talento. Que faremos com tais pessoas? Onde
colocá-las? Neste treinamento, aqui, no monte, se Deus realmente tratar com o
nosso "ego" e com o nosso trabalho, a tal ponto que possamos sair e prover um
caminho em que todos os de um talento sirvam, então a igreja, pela primeira vez,
verá o que é o amor fraternal, e Filadélfia aparecerá (Ap 3:7-13).
Hoje, não precisamos apenas do governo do alto, mas também do amor, fraternal.
Creio na autoridade e creio também no amor fraternal. Sem a autoridade, a igreja não
pode prosseguir. "Guardaste a Minha Palavra" — isso é autoridade. "E não negaste o
Meu nome" — isso também é autoridade (Ap. 3:8). Filadélfia tinha esses dois tipos de
autoridade. Entretanto a própria Filadélfia é o amor fraternal; todos os irmãos se
levantaram e serviram em amor. Quando chegar tal dia, começaremos a conhecer o
que é a igreja. Caso contrário, se a condição atual continuar, estaremos ainda
agarrados à cauda do Catolicismo Romano e do Protestantismo; não saberemos o que
vem a ser a fraternidade de Filadélfia, e não saberemos o que é a autoridade da
igreja.
Hoje, creio que esses dois caminhos estão claramente colocados diante de nós. Se,
em nosso meio, o Senhor puder realmente quebrar-nos, o caminho que tivemos há
dez, vinte ou trinta anos será completamente invertido. A sua concepção não pode ser
a mesma de antes; tem de ser quebrada e destruída.
Em primeiro lugar, você não deve usar um irmão por considerá-lo útil ou deixá-lo
de lado por julgá-lo inútil. Na igreja, não deve haver membro algum que seja
marginalizado.
Esse não é o caminho que o Senhor tomou. Hoje, para restaurar o Seu testemunho,
o Senhor deve fazer com que todos os de um talento se levantem. Todos os que
pertencem ao Senhor são membros do Corpo. Todos precisam levantar-se; todos
precisam funcionar. Se tal ocorrer, você verá uma igreja. Hoje, enquanto você está
aqui no monte e olha em derredor, quase precisa dizer: "Onde está a igreja? Onde
está Cristo? Parece que o Senhor não está aqui, nem tampouco a igreja". Eu repito:
quando você se for, nunca despreze os de um talento; jamais os substitua, nem os
abafe. Você precisa acreditar neles, fazendo-o de coração. Tem de fazê-los
trabalhar. Se Deus está em paz quando lhes pede que sejam servos, você também
deverá estar em paz quando fizer o mesmo.
Em segundo lugar, na igreja, não estamos com medo de suas atividades carnais.
Estes dois caminhos têm de ser estabelecidos na igreja: dom e autoridade. Todos os
de um talento devem levantar-se para servir, trabalhar e frutificar. Vocês podem
perguntar: "Se os de um talento se levantarem com sua carne, que devemos fazer?"
Deixem-me dizer-lhes que a carne precisa ser tratada, e a maneira de tratá-la é o
uso da autoridade; a autoridade representa Deus.
Estas duas coisas são inteiramente distintas: dom é dom, e autoridade é
autoridade. Os de um talento devem usar seus dons. Agora, com os que são
carnais, você deve usar autoridade. Se um irmão introduz a carne enquanto
trabalha, você precisa dizer-lhe: "Irmão, não adianta. Você não pode trazer isto
para dentro. Esta atitude está errada. Não permitimos que você a tenha". Falando-
lhe dessa maneira, em seguida ele irá para casa. Não fará coisa alguma novamente.
Então você deverá visitá-lo e dizer-lhe que isto também de nada adiantará, e que ele
ainda precisa realizar o serviço. Embora a carne se intrometa novamente, ainda
deve deixar-lhe realizar o serviço, mas precisa dizer-lhe novamente: "Isto você deve
fazer, mas aquilo não permitiremos que você faça". Use sempre a autoridade para
tratar com ele.
Esta é uma tentação muito grande. Assim que o Senhor usa os de um talento, sua
carne imediatamente se introduzirá; a carne e o único talento estão unidos.
Precisamos rejeitar a carne, mas temos de usar aquele único talento. A condição de
hoje, é: nós enterramos a carne, eles enterram o único talento, e a igreja nada tem.
Isso não pode continuar assim. Temos de usar a autoridade para tratar com a
carne, mas também precisamos pedir-lhes que manifestem o talento. Talvez digam:
"Se eu trabalhar, de nada adiantará, e se não trabalhar, de nada adiantará
também; portanto que devo fazer?". Você deverá dizer-lhes: "De fato, se você
trabalhar, isso estará errado, porque você introduz a carne; mas se não trabalhar,
isso também estará errado, porque você enterra o talento. O talento deve ser
introduzido; mas a carne não".
Se, na igreja, a autoridade puder ser preservada, e as funções de todos os
membros introduzidas, você verá uma igreja gloriosa na terra, e o caminho da
restauração será fácil. Não sei quantos dias mais o Senhor colocou diante de nós.
Creio que nosso caminho ficará cada vez mais claro. Precisamos dedicar todos os
nossos pensamentos e toda a nossa força, de modo que todos os irmãos e irmãs
possam levantar-se e servir. Quando este tempo chegar, a igreja começará, e o
Senhor voltará. Que o Senhor seja misericordioso e gracioso para conosco, de
modo a podermos ser bem-sucedidos.
CAPÍTULO SEIS
O CAMINHO PARA A OBRA DORAVANTE
1. A OBRA É REGIONAL
Uma das várias questões que descobrimos nesta ocasião é a da região. Enquanto
as igrejas são locais, a obra é regional. Isto, eu sinto, está bastante claro nas
Escrituras. Por que é que não o vimos há cinco ou dez anos? Simplesmente porque
não vimos. Não podíamos fazer nada. Hoje, porém, de uma vez por todas o vemos,
e apenas, se exigem duas frases para declará-lo: as igrejas são locais, e a obra é
regional. Em outras palavras, uma igreja está numa localidade, mas a obra está em
muitas localidades, que se agrupam para formar uma região.
No livro de Atos, pode-se ver claramente que os doze apóstolos tinham uma
região específica para a sua obra. Pedro, João e o seu grupo trabalhavam numa
região, enquanto Paulo, Silas, Timóteo e Barnabé trabalhavam numa outra. Ao
investigarmos o primeiro capítulo de Filipenses, muitas regiões diferentes podem
ser vistas. Quando lemos também 2 Coríntios, encontramos duas palavras: "Mas
respeitamos o limite da esfera de ação que Deus nos demarcou e que se estende até
vós" (10:13). Aqui é-nos mostrado claramente aquilo que se relaciona a uma região,
uma área que lhes era demarcada. Deus estava ali, traçando um círculo para eles,
e, dentro desse círculo, havia uma área de trabalho para tal grupo de pessoas. A
obra, portanto, se relaciona à região.
As igrejas, porém, não se relacionam a uma região. Nenhuma igreja deve
exercer controle sobre outras localidades, porque as igrejas são locais.
No passado, cometemos um grande erro, confundindo a esfera da obra com a
localidade da igreja. Agora vemos claramente que a obra inclui inúmeras localidades
dentro de uma determinada área, que é chamada de "região". Assim como Pedro e
João estavam na região de Jerusalém, Paulo e Timóteo, por sua vez, estavam
noutra região. Embora mantivessem contato e comunhão uns com os outros, suas
regiões respectivas não eram as mesmas.
Hoje, não podemos falar o suficiente, mas está mais do que claro que a obra é
regional, e as igrejas são locais.
Não sei se você pode ver que, sem um centro para a obra, Jerusalém se nos
torna uma dificuldade, e não um auxílio. Toda a Bíblia revela que as igrejas são
locais; Jerusalém, contudo, parece, de certo modo, ser especial. Enquanto a Bíblia
inteira revela que as igrejas são locais, Antioquia também parece ser especial.
Conseqüentemente, você pode ver que Antioquia se nos torna também uma
dificuldade, e não um auxilio.
Hoje, vemos claramente que a igreja em Antioquia é uma coisa, enquanto que
Antioquia como centro para a obra é uma outra coisa. Quando falamos das igrejas,
Jerusalém se coloca numa posição igual à de Antioquia e Samaria. Mas, quando
falamos da obra, Jerusalém é o centro. A ordem de Deus era que eles fossem
testemunhas "tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos con-fins
da terra" (At 1:8). Jerusalém, portanto, era um centro da obra.
Assim, em Atos 13, quando houve uma outra pregação em Antioquia, esta se
tornou um outro centro da obra. Foi o Espírito Santo quem deu o início em Jerusalém.
Aqui, foi o Espírito Santo, novamente, quem deu um outro início em Antioquia. Em
ambos os lugares, foi o Espírito Santo quem iniciou a obra. Em Antioquia, vemos
alguns que se foram para outros lugares, a fim de executar uma obra. Quando as
igrejas vinham a existir, presbíteros eram constituídos, a fim de serem responsáveis
pela supervisão da igreja, mas parece que Antioquia os controlava, porque os
cooperadores estavam morando em Antioquia.
Saindo e Voltando
Você se lembra de que Pedro saiu para Cesaréia, e retornou a Jerusalém. Uma
outra vez, Pedro foi a Samaria (uma vez que a obra de Deus estava em Samaria), e
depois retornou a Jerusalém. Jerusalém era o centro, enquanto Samaria era uma
cidade da obra naquela região. Os cooperadores concentraram-se em Jerusalém;
portanto saíam e voltavam, voltavam e saíam.
Ter um cooperador a governar sobre a igreja numa localidade é um
pensamento dos protestantes, e não das Escrituras.
Quanto à localidade que deve ser tomada como o centro para a obra, só Deus
pode tomar a decisão. Somente Deus sabe como e onde começar; somente o Espírito
Santo sabe como iniciar a obra. A decisão do homem não tem proveito algum. Não
podemos, através de discussão, decidir qual localidade é "Jerusalém", pois Deus
quer fazê-lo por Si mesmo; isto está nas mãos do Espírito Santo. Somente a
Jerusalém designada pelo Espírito Santo é Jerusalém.
Na primeira parte de Atos, vemos Pedro saindo de Jerusalém e retornando.
Mais tarde, vemos Paulo saindo de Antioquia e voltando. Jamais permaneciam em
outra localidade, mas sempre voltavam. Em outras palavras, o que devemos ver
neste instante é que a obra tanto tem uma área como um centro.
Quer digamos uma região, uma área ou um centro, todos vêm a ser apenas
termos. Qualquer termo que você escolha está correto. O que precisamos enfatizar é
a essência. Na obra em Jerusalém havia algo de essencial. O que importa não é se a
chamamos de área, centro ou região. O mesmo é verdadeiro com relação a
Antioquia. Uma vez que o Senhor diga: "Demarquei isso para você", estará correto
que você o chame de demarcação da obra. Isto sempre implica uma área, uma
região ou um centro, dentro do qual habita um grupo de cooperadores, e um outro
distrito, no qual habita um outro grupo de cooperadores.
Não foram presbíteros os enviados a outros lugares. Não foram somente os
apóstolos ou somente os presbíteros, mas foi Pedro e outros, que tanto eram
apóstolos como presbíteros. Portanto, irmão, quando você, um cooperador, residir
numa localidade, lá você será tanto apóstolo como presbítero. Tomar este caminho
desta forma está correto. É certo que alguns de nossos irmãos saiam para ajudar,
mas eles precisam retornar. Não é certo que deixem de voltar. Assim como Paulo,
saem e viajam por um amplo circuito, e depois voltam — isso está correto; ou, como
Pedro, saem e imediatamente voltam — isso também está correto. Voltar é um
dever. Os homens culpam a Pedro por não sair, mas deveriam também culpar a
Paulo por voltar. Pedro retornou a Jerusalém, e Paulo, a Antioquia. Esta é a Palavra
de Deus, que não poderia ser mais clara.
Veremos, agora, o terceiro aspecto, isto é, como a obra de Deus é levada adiante,
e como o evangelho é pregado. Temos aqui duas maneiras. Já que a obra de
Jerusalém é diferente da de Antioquia, temos, portanto, duas maneiras diferentes de
pregar o evangelho e de estabelecer igrejas.
Deus usou a perseguição para fazer os santos migrarem. Eles não podiam ficar;
foram forçados a partir. Naquela época, milhares de pessoas constantemente
estavam saindo. Mas Paulo, em sua volta a Jerusalém, ainda encontrou milhares de
cristãos naquela igreja. Ao voltar a Jerusalém e subir ao. templo para ser purificado,
ouviu dizer quantos milhares de judeus haviam crido (At 21:20). O trigo colhido
este ano crescerá novamente no ano próximo. Você precisa deixar o solo que
ocupou, a fim de permitir que outros se tornem cristãos. Você não deve permanecer
parado todo o tempo. O número de cristãos que saem é o que indica o crescimento
na mesma proporção. Permanecer todo o tempo num único lugar não fará com que
o número aumente. Os discípulos de Jerusalém continuaram a sair para pregar o
evangelho. Mais tarde, quando estava para ser julgado pelo sumo sacerdote, Paulo
salientou quantos milhares de judeus haviam crido. Assim o caminho de Deus é
enviar pessoas, grupo após grupo, como semente que se espalha.
Portanto, diante de Deus, precisamos ver claramente estes três princípios, antes
de podermos realizar a assim chamada obra missionária: 1) a obra é regional; 2) a
obra em cada região tem um centro; 3) há duas maneiras de pregar o evangelho
— pelo sair dos apóstolos e pela migração dos cristãos.
Sendo assim, irmãos, vocês jamais devem estar inertes com respeito a esses
três pontos. Durante os vários anos da guerra, enfrentamos dificuldades, por meio
das quais descobrimos estas três coisas. Para muitos de nós, metade de nosso
tempo já se foi. A metade restante precisa ser gasta em tomar um curso reto.
Jamais deveríamos andar como no passado. E creio (este é um sentimento pessoal)
que esta luz está suficientemente clara. Vocês vêem: a igreja, por dois mil anos,
tentou enquadrar-se no caminho de Jerusalém; porém jamais o fizeram correta-
mente. Hoje somos capazes de ajustá-lo correta e até mesmo claramente. A
clareza desta questão é exatamente a mesma da localidade da igreja, quando
estávamos em Hankow.
O fato de as igrejas serem locais já nos está claro: de que a obra é regional
também nos está claro. Por essa razão, nossa obra precisa estar voltada para o
curso correto. Se ainda estamos pensando que um cooperador deve controlar uma
localidade, chegaremos a um beco sem saída. A menos que essa questão seja
reparada, a obra jamais poderá continuar. O velho caminho jamais chegará ao
fim. Por exemplo, se o velho caminho fosse certo, então somente à região de
Pinyang poderíamos enviar todos os cooperadores, a fim de cuidarem de mais de
cem reuniões; mas isso, apenas para descobrir que mais cooperadores do que
agora temos se fariam necessários. Mesmo na região de Wenchow, nossos
cooperadores não atingem número suficiente, para serem distribuídos por todos os
lugares. Então precisaríamos de que as irmãs fossem pastoras. Seguir, portanto,
este caminho significa que jamais chegaremos ao fim, para atender as
necessidades.
Precisamos ver que a obra tanto tem sua região, como tem seu centro. Todas as
questões atinentes às localidades podem ser confiadas às igrejas locais. Os
cooperadores sempre saem para a obra, a fim de trabalhar e, não muito depois,
voltam a Jerusalém. Então saem outra vez e voltam novamente a Jerusalém.
Sendo assim, é bom manter um forte testemunho em Jerusalém. É uma tarefa
fácil para os doze apóstolos manter o ministério da Palavra em Jerusalém, mas lhes
seria muito difícil manter este ministério por toda a Samaria e por toda a Judéia.
Desta forma, diante de Deus, precisamos ter muita oração e uma clara luz, de
modo a podermos ver qual localidade pode ser usada como centro para a obra numa
região, um lugar onde um grupo de cooperadores, tanto irmãos quanto irmãs,
possam habitar e fazer dele seu centro, bem como ser membros da igreja local, a fim
de preservar o testemunho na localidade. Pelo sair e pelo voltar, se poderá manter
o ministério da Palavra naquela localidade.
Xangai é um Centro
Assim é como eu vejo hoje. Posso ilustrar deste modo: se a província de Fukien e a
ilha de Formosa são uma região para a obra, cremos então que Foochow pode ser
tomada como um centro. Naturalmente, os irmãos devem apoiar e manter tal
centro, saindo e voltando. Quando levamos pessoas à salvação, devemos
admoestá-las de que, se o Senhor for gracioso para conosco, elas também poderão
sair, encorajando vinte pessoas a se mudarem para Nan-Ping, trinta para Putein,
trinta para Amoy, trinta para Taipé e trinta também para Tainan. Quando se
mudarem, o evangelho será gerado. O evangelho simplesmente os seguirá. Se
vocês estão esperando enviar um número considerável de evangelistas dentro de
um certo número de anos, não apenas os gastos serão elevados, mas o número
de pessoas a saírem será menor. E, por fim, vocês não terão muitos resultados.
Lembrem-se de que toda a igreja precisa sair para pregar o evangelho. É correto
que saia um grupo após outro.
Em Foochow, há apóstolos e presbíteros. Às vezes, dois ou três deles podem ir a
uma localidade para visitar e, depois, voltam. Dois ou três mais podem ir a uma
outra localidade, e também voltarem.
Não estou dizendo que, de agora em diante, todo o trabalho do evangelho deva
ser deixado em suas mãos. Talvez um ou dois irmãos e irmãs precisem fazer visitas
de lugarejo em lugarejo. Somente quando estas duas maneiras de levar o evangelho
forem tomadas simultaneamente, é que o evangelho será pregado.
Vocês podem ver agora que a obra num centro torna-se muito importante. Lá
vocês não apenas precisam manter o ministério da Palavra, como também precisam
enviar pessoas para a obra. Não importa se são mascates, trabalhadores braçais ou
empregadas domésticas; todos devem ser enviados a pregarem o evangelho.
Por essa razão, precisamos dar a todos os irmãos e irmãs um treinamento
adequado, de modo a serem conduzidos ao estágio de serem enviados. Cinqüenta
serão enviados para um lugar, e trinta para um outro lugar, onde todos possam
ser capazes de auxiliar as igrejas locais, sem que se tornem um peso para elas. Se
os muitos que são enviados se tornam um problema, de modo que as igrejas não
possam encontrar uma saída, que fazer então? Portanto os irmãos e irmãs precisam
ser treinados, a fim de serem preparados para sair como missionários, grupo após
grupo.
Assim, os cooperadores precisam ver que a obra tem de ser centralizada, e não
espalhada. A localidade-centro deve primeiro ser estabelecida em boa ordem, antes
que os santos possam ser treinados e enviados. Durante esses poucos anos,
enfrentamos muitos sofrimentos e dificuldades, que nos capacitaram a aprender
algumas lições. Não tratemos tal lição erroneamente. Nós realmente precisamos ter
tal ensinamento.
Devem eles ser aconselhados de que, quando migrarem para um lugar, deverão
fazer o máximo para ali salvar almas. Assim pessoas sempre serão levadas à salvação
na localidade-centro. Estas pessoas devem então ser edifiçadas e migrar para algum
outro lugar, dando-lhes assim a oportunidade de sair para pregar o evangelho.
Deste modo, toda a igreja pregará o evangelho; não apenas os evangelistas. Se
somente os evangelistas fizerem a pregação, jamais poderão, em seu tempo de vida,
completar a pregação do evangelho por toda a China. Hoje, a população da China é de
quatrocentos e cinqüenta milhões de pessoas; mas não mais do que um milhão são
cristãos. Se este milhão de cristãos estiver em nossas mãos e todos forem enviados,
haverá uma maneira. Precisamos ajudá-los a receber o mesmo tipo de treinamento, e
depois enviá-los. Então você verá a igreja pregando o evangelho por toda a parte.
Eles saem para pregar o evangelho, porque são enviados. Não lhes é necessário
esperar pela perseguição antes de serem enviados. Talvez enfrentem perseguição;
mas, de qualquer forma, devem sair.
Alguma arrumação, portanto, é necessária, e os irmãos responsáveis devem fazer
tais arranjos. Algumas localidades são geograficamente estratégicas, e precisamos
lançar mão delas. Talvez pudéssemos primeiramente enviar alguns até lá, a fim de
adquirirem algum tipo de emprego, e depois pudéssemos enviar mais alguns outros
para executarem algum trabalho. Quando pessoas forem levadas à salvação através
delas, os cooperadores poderão ir até lá para levantar uma reunião. Assim, antes de
podermos chegar ao fim, precisamos de uma mudança em toda a situação atual, a
fim de prosseguirmos neste caminho da obra.
Quando a Igreja Prega o Evangelho, os Frutos Vêm
Hoje, todos os irmãos e irmãs reconheceriam que somente quando a igreja pregar
o evangelho, é que haverá mais frutos. Apenas o trabalho da igreja pode resultar mais
frutífero. Recentemente, um grupo de irmãos foi a Gou-Tien para pregar o evangelho,
e um total de mais de cinqüenta pessoas foram salvas e batizadas. Quando a igreja
pregou o evangelho, pessoas foram salvas. Sem propaganda, uma pessoa
simplesmente tomou uma ou duas outras pessoas, até que, por fim, mais de
cinqüenta foram salvas.
Antigamente, Nan-Ping tinha somente alguns que iam às reuniões. Finalmente,
depois que os irmãos foram lá, mais de vinte foram batizados. Estes ouviram o
evangelho durante um grande incêndio em Nan-Ping, onde somente um quarto da
cidade foi poupado. Cerca de dez casas de nossos irmãos foram também queimadas.
Mas, quando toda a igreja pregou o evangelho, um grande número de pessoas foram
salvas. Nessa época, nossos irmãos nos escreveram e disseram que, após descobrirem
esse caminho, entregariam suas vidas prontamente por isso, e não se voltariam para
qualquer outra direção.
Vemos hoje, que, enquanto a igreja prega o evangelho, o Senhor opera. Não
temos que usar propaganda ou aplicar qualquer tipo de métodos. Simplesmente
os irmãos saem, cada um trazendo uma alma. Então vocês vêem as pessoas
chegarem. Embora a mensagem até possa ser de certo modo fraca, não importa,
contanto que a igreja esteja pregando o evangelho. Você verá dezenas e dezenas
de pessoas batizadas. Esse trabalho, no futuro, será sempre transferido aos irmãos
locais, permitindo-lhes que façam o trabalho por si mesmos.
Que devemos fazer, nós que estamos em Kuling? As igrejas locais devem enviar
a este lugar os que prometem alguma coisa, os quais receberão um ou dois meses
de auxílio espiritual. Então serão enviados de volta às suas próprias localidades, a
fim de arcarem com alguma responsabilidade. Os cooperadores sempre arcam
com a responsabilidade da obra no centro, mas, ao mesmo tempo, sempre saem
e voltam. Se assim for, então a obra terá um caminho.
A Necessidade de Coordenação
O Fundamento da Obra
O fundamento de toda a obra está hoje aqui. Se este se tornar confuso, tudo
estará confuso. Então retrocederemos à situação que havia antes da nossa
reunião em Hankow. Em Hankow, somente vimos o problema da igreja. Naquela
ocasião, não vimos o aspecto da obra. Todavia, agora, o caminho da obra está
diante de nós. Se tivermos os homens corretos e a misericórdia do Senhor, digo-lhes
que, sem muito esforço e dentro de poucos anos, toda a China será conquistada.
Creio que este é um grande acontecimento possível; conquistar toda a China com o
evangelho. Caso contrário, mesmo após cinqüenta anos, a situação permanecerá a
mesma de hoje.
Reconheço, realmente, que muito da bênção de Deus tem estado em nosso meio.
No passado, sempre disse que Deus salva as pessoas, e, sem sombra de dúvida,
Deus já salvou um grande número de pessoas em nosso meio. Sempre sinto,
porém, que estes não são suficientes; ainda não há pessoas suficientes.
Recentemente, enquanto todos líamos a Bíblia aqui, eu mesmo também li a Palavra de
Deus uma ou duas vezes. Vejo que Sua Palavra é muito clara. No passado, vimos
apenas o caminho da igreja, sem ver o caminho da obra. Quando o caminho da
obra é pobre, o caminho da igreja também o é. Agradecemos a Deus pela Sua
misericórdia sobre nós, pois hoje, após tantos anos, Ele nos fez ver este caminho. Os
irmãos numa localidade devem sempre tomar a responsabilidade em coordenação
e também migrar em grupo para pregar o evangelho.
Esta é uma questão bastante simples. Jerusalém teve grande êxito nesse
aspecto. Diante de Deus, Jerusalém representa a igreja. Jerusalém nos céus
representa a igreja, e a Jerusalém nesta terra também representa a igreja. Pedro
estava sempre lá trabalhando; como resultado, muitas pessoas saíam para pregar
o evangelho. Jamais se dá o caso de que, quando as pessoas partem, o evangelho
chega ao fim. O evangelho sempre será levado em frente, continuamente. Isto é
muitíssimo glorioso. O requisito de hoje: seja fiel em coordenação.
Portanto nossa exigência hoje não é somente que os cooperadores devem ser
coordenados, mas que os irmãos responsáveis o devem ser igualmente. Entre nós,
ninguém pode escolher livremente. Desta maneira, é possível que a igreja pregue o
evangelho. Cada pessoa, não importa aonde vá, deverá ser pela pregação do
evangelho. Sua boca deverá ser pela pregação do evangelho. Nós precisamos, como
todo o Corpo, sair. Creio que o Senhor terá hoje o Seu caminho.
Se não formos fiéis e fidedignos, o Senhor escolherá outros para trilharem este
caminho. Acredito que Lhe seja possível fazê-lo. Mas levaria pelo menos outros vinte
anos. Não diga que o Senhor não nos poria de lado. Ele pode facilmente
marginalizar-nos; mas isto desperdiçaria outros vinte anos. Esperamos poupar
vinte anos para o Senhor. Que Ele possa ter misericórdia de nós, de modo a
podermos alcançá-lo. Vamos nos dedicar totalmente por isto. Nestes dias, após
passar por experiências muito pesadas e difíceis, Ele nos levou a ter este caminho.
Não o abandonemos.
FIM -
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