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Realizadas no Brasil
Trabalho publicado nos Anais da 37ª Reunião do Instituto Brasileiro do Concreto , Goiânia (GO), julho de
RESUMO
O trabalho relaciona algumas obras realizadas no Brasil cujas estruturas foram concebidas e executadas em
concreto de alta resistência (C.A.R.), com o objetivo de divulgar e ampliar o debate a respeito do emprego desta evolução
tecnológica relativamente recente de um consagrado material de constru-ção - o concreto convencional.
Alguns trabalhos neste sentido foram anteriormente publicados (e foram neste revistos e referenciados), mas
considerou-se que o volume de novas obras já justificava uma atualização de dados.
Através de contatos com profissionais da área foram obtidas informações relativas às suas experiências com
C.A.R., que estão aqui apresentadas com o objetivo de permitir às pessoas interessadas uma referência rápida e uma visu-ali-
zação imediata de algumas características básicas dos C.A.R. e de estruturas com eles construídas, já testadas e aprovadas
em vários locais do país.
1 - INTRODUÇÃO
O concreto de alta resistência (C.A.R.), apesar de ter tido um desenvolvimento relativamente recente e de ainda
estar sendo intensamente investigado em muitos centros de pesquisa de todo o mundo, vem sendo a cada dia que passa
mais utilizado nas obras civis realizadas em diversos países.
No Brasil os exemplos de utilização de C.A.R. ainda pareciam relativamente escassos, embora informalmente,
em conversas do meio técnico envolvido principalmente com a tecnologia do concreto, começassem a surgir, com frequência
cada vez maior, menções a obras realizadas aqui e ali com este material.
Assim sendo, sabendo-se que não é prática corrente no país a divulgação dos trabalhos realizados e dos
resultados obtidos, principalmente quando se trata de empresas privadas e de tecnologia recente, foi que pensou-se em
realizar este levantamento, com o objetivo de prover o meio técnico de uma panorâmica ao mesmo tempo atualizada e
abrangente sobre o assunto.
É importante mencionar que o trabalho não compreende composições de concretos com polímeros, fibras ou
cimento aluminoso.
2 - PESQUISA REALIZADA
Através de contatos pessoais ou realizados por fax e/ou telefone, foram solicitadas informações a pessoas e
empresas consideradas com maior probabilidade de terem realizado obras com C.A.R.. As respostas às consultas não podem
propriamente ser consideradas boas, conforme é possível verificar-se na TABELA 1, mas acredita-se que este seja apenas
uma das versões de um trabalho que deverá ser continuado.
TABELA 1: Consultas Efetuadas e Respostas Recebidas
CONTROLE TECNOLÓGICO 8 5
RECUPERAÇĂO/REFORÇO ESTRUTURAL 4 2
CONCRETEIRAS 11 2
CIMENTEIRAS 5 2
FORNECEDORES DE ADITIVOS 10 3
CONSTRUTORAS 6 2
CONSULTORES/CONSULTORIAS 5 3
EMPRESAS PÚBLICAS 6 2
UNIVERSIDADES 3 0
OUTRAS 1 0
TOTAIS 59 21
Adotou-se como conceito de alta resistência a definição da própria "Chamada de Trabalhos" do Ibracon: concretos
do Grupo I de C35 a C50 e do Grupo II de C55 a C80, conforme a Norma NBR 8953/92 da ABNT.
Os resultados obtidos das consultas somados aos de uma pesquisa bibliográfica realizada, para efeito de melhor
compreensão, foram separados em gru-pos segundo os tipos de obra, e estão apresentados a seguir.
3 - OBRAS REALIZADAS
3.1 - Prédios Comerciais/Residenciais
Os dados coletados estão concentrados nas TABELAS 2A e 2B.
3.4 - Barragens
Além dos casos de recuperações estruturais realizadas em barragens (TABELA 4B), algumas informações
obtidas, mais detalhadas, sobre peças construídas em C.A.R., foram reunidas na TABELA 5.
Há indicações ainda de que concretos com resistências à compressão superiores a 40 MPa tenham sido
utilizados em pré-moldados, vigas munhão, elementos protendidos e superfícies em contato com água a grande velocidade
nas Barragens de Ilha Solteira, Água Vermelha, Itaipú, Tucuruí e Corumbá.
Recuperações estruturais de barragens com C.A.R., principalmente de vertedouros, também teriam sido
executadas nas UHE de Gafanhoto, Camargos e Salto Grande, todas da CEMIG, em Minas Gerais.
3.5 - Pré-moldados
Foram recebidas informações relativas aos seguintes serviços:
- Fabricação de parede diafragma pré-moldada em concreto com microssílica pela Construtora Camargo Correia,
onde obteve-se a eliminação da cura térmica, um bom acabamento e uma permeabilidade extremamente baixa [3, 4];
- Estacas pré-fabricadas em concreto armado com fck = 35 MPa, onde obteve-se a eliminação de trincas e fissuras
na extremidade superior e redução de até 30% da armadura longitudinal em comparação com as estacas anteriormente
utilizadas, fabricadas em concreto com fck de 25 MPa [17];
- Vigas-calha protendidas pré-fabricadas tipo J, onde a elevação do f ck do concreto para 35 MPa proporcionou a
ampliação do vão para até 15 m [17];
- Anéis pré-moldados expansíveis para "shield" entre as Estações Conso-lação e Trianon, e aduelas pré-moldadas
para confecção do teto do mezanino da estação Consolação do Metrô de São Paulo [18, 19];
- As próprias fôrmas dos segmentos dos anéis supra-referidos foram fabricadas pela Construtora Andrade
Gutierrez em concreto com fck de 60 MPa [20];
5 - CONCLUSÕES
Concretos de alta resistência têm sido empregados no Brasil em frequência e variedade de utilizações que
chegaram a surpreender os próprios autores desse trabalho, que desde o início disso suspeitavam.
Principalmente com, mas até sem microssílica (cujas dosagens geralmente variam de 10 a 12% da massa de
material cimentíceo), majoritariamente com superplastificantes (em dosagens da ordem de 1,0 a 3,0% da massa de material
cimentíceo), com todo tipo e marca de cimento (mas em dosagens geralmente variáveis entre 350 e 550 kg/m 3), com os
agregados locais das mais diversas regiões geográficas, são obtidos C.A.R. com fatores A/MC de 0,30 a 0,45 e resistências
aos 28 dias de até cerca de 100 MPa em obras, o que não é muito fácil. A tecnologia parece estar dominada e disseminada.
Se não é possível destacar ainda nenhuma obra que possa ser realmente considerada espetacular, deve ser
ressaltado o trabalho contínuo de aprimoramento de utilização que vem sendo executado nas obras do Metrô de SP e o
esforço conjunto de construtoras, projetistas, tecnologistas e centrais de concreto de Salvador (BA).
Para finalizar, considera-se importante ainda levar em conta que este levantamento não é completo, e que a
resposta recebida, de apenas 36% das consultas, dá margem à estimativa da existência de muitas outras obras já realizadas
no Brasil com os C.A.R..
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
.1 - Amaral Filho, E.M. - Tecnologia de Concreto Aplicado em Recuperação Estrutural. Seminário sobre Recuperação de
Estruturas. Exemplo Treinamento e Desenvolvimento, Rio de Janeiro (RJ), jul. 1992, Anais, p. 69-107.
.2 - Amaral Filho, E.M. - Concretos de Alta Resistência, o Futuro das Estru-turas. Simpatcon - 11º Simpósio de Aplicação da
Tecnologia do Concreto. s.l., s.d., 52 pp.
.3 - Amaral, C.K. - Microssílica: Aplicações no Brasil. Anais da Reunião Anual de 1987 do Instituto Brasileiro do Concreto, São
Paulo, julho de 1987, 33 pp.
.4 - Amaral Filho, E.M. - Concreto de Alta Resistência (1ª Parte). Revista Ibracon (SP), ano II, nº 4, abril/maio/junho 1992, p.
40-49.
.5 - Amaral, C.K. - Microssílica em Concretos e Argamassas de Alta Resistência. 30ª Reunião Anual do Ibracon, Rio de
Janeiro (RJ), agosto de 1988, Anais, vol. 1, p. 67-80.
.6 - Hermann, E.; Camerato, C.R. - Estudos e Aplicação de Concreto de Alta Resistência com Microssílica no Brasil. 30ª
Reunião Anual do Ibracon, Rio de Janeiro (RJ), agosto de 1988, Anais, vol. 1, p. 81-93.
.7 - Gonçalves, J.R.A. - Concreto de Alto Desempenho - Uso e Aplicações em Obras no Brasil. Monografia de fim de Curso,
Mestrado em Estruturas, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro (RJ), novembro de 1993, 25 pp.
.8 - Valois, J.G.C. - O Uso do Concreto de Alta Resistência - Comentários Sobre Produção e Comportamento no Estado
Fresco. 36ª REIBRAC, Ibracon, Porto Alegre (RS), setembro de 1994, Anais, vol. 2, p. 567- 580.
.9 - Valois, J.G.C. - Estudo e Controle Tecnológico do Concreto de Alta Resistência. 36ª REIBRAC, Ibracon, Porto Alegre
(RS), setembro de 1994, Anais, vol. 2, p. 1071 - 1083.
.10 - Azevedo, M.T.; Silva, A.S.R; Silva Filho, A.F. - Estudos e Aplicação de Concreto de Alta Resistência com Microssílica.
Revista Ibracon, ano III, nº 8, abr/mai/jun 1993, p. 32-36.
.11 - Pinto, A.A.; Rochlitz, R.C. - O Concreto de Alta Resistência do Edifício Trianon - MASP. Anais do Colóquio sobre
Dosagem do Concreto. Instituto Brasileiro do Concreto, São Paulo, maio de 1977, 14 pp.
.12 - Ferraz, J.C.F. - O Concreto de Alta Resistência e a Estrutura do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - 30ª
Reunião Anual do Ibracon, Rio de Janeiro (RJ), agosto de 1988, Anais, vol. 1, p. 40-46.
.13 - Tarallo Jr., J. et al - Reparo em Concreto, Utilizando Argamassa com Microssílica. 36ª REIBRAC, Ibracon, Porto Alegre
(RS), setembro de 1994, Anais, vol. 1, p. 185-198.
.14 - _ - Concreto de Alta Resistência: Uma Nova Tecnologia na Construção Civil. Jornal da Sociedade dos Engenheiros do
Rio Grande do Sul, s.l., s.d., p. 3.
.15 - Krempel, A.F. et al - Pisos de Alta Resistência - Execução e Proteção. 36ª REIBRAC, Ibracon, Porto Alegre (RS),
setembro de 1994, Anais, vol. 1, p. 369-382.
.16 - Oliveira, J.C.F. et al - Construção da Viga de Montante de Suporte das Pontes Rolantes da Casa de Força Subterrânea
da UHE Serra da Mesa. 34ª Reunião do Ibracon, Curitiba (PR), junho de 1992, Anais, vol. 1, p. 243-261.
.17 - Cunha, J.C.; Silva, C.A.R. - Aspectos da Pesquisa e do Emprego do Concreto de Alta Resistência em Estruturas de
Concreto Armado. Seminário Técnico Durabilidade e Alto Desempenho do Concreto. São Paulo, 29/10/92, CB-18/Ciminas
S.A.. Anais, 53 pp.
.18 - Palermo, G. - Concreto de Alta Resistência Proporciona Ganhos às Obras de Metrô. Revista Ibracon (SP), ano II, nº 6,
out/nov/dez 1992, p. 13-20.
.19 - Corrêa, A.H.M. - Revestimento de Túneis com Segmentos de Concreto Pré-Fabricados. Revista Ibracon (SP), ano II, nº
6, out/nov/dez 1992, p. 21-28.
.20 - _ - Inovação Marca Obras do Ramal Paulista do Metrô. Revista Ibracon (SP), ano II, nº 6, out/nov/dez 1992, p. 49-50.
.21 - Holanda, F.G.; Zanetti, J.J. - Controle de Qualidade de Produção de Dormentes Pré-Moldados com Cabos Pré-
Tensionados para o Metrô-DF. 35ª REIBRAC, Ibracon, Brasília (DF), junho de 1993, Anais, vol. 2, p. 545-559.
.22 - Cunha, N.L.; Gomes, A.O. - Concreto em Plataformas "Off Shore". 30ª Reunião Anual do Ibracon, Rio de Janeiro (RJ),
agosto de 1988, Anais, vol. 2, p. 437-458.
.23 - Abud, J. - Alto Desempenho. Revista Ibracon (SP), ano I, nº 1, jul/ago 1991, p. 32-34.
.24 - Vasconcelos, A.C. - A Primeira Ponte em Concreto Protendido do Continente das Américas. Revista Ibracon (SP), ano III,
nº 7, jan/fev/mar 1993, p. 8-10.
.25 - Hermann, E. - Construção da Obra do Aeroporto Internacional de Brasília. Revista Ibracon (SP), ano II, nº 5, jul/ago/set
1992, p. 36-39.
.26 - Zanetti, J.J.; Holanda, F.G. - O Emprego de Granulometria Imposta para Produção de Concreto Massa e Estrutural. 36ª
REIBRAC, Porto Alegre (RS), set/94, Anais, vol. 2, p. 595 - 604.
.27 - Almeida, I.R. - Betões de Alta Resistência e Durabilidade. Composição e Características. Tese de Doutorado. Instituto
Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa (Portugal), 1990, 740 pp.
AGRADECIMENTOS: Os autores gostariam de agradecer à CAPES/MEC, à PROPP/UFF e ao CNPQ/ SCT pelo apoio
financeiro indispensável ao desenvolvimento e apresentação deste trabalho, bem como aos profissionais que se dispuseram a
perder algum tempo na coleta e informação dos dados de obras com C.A.R..
Observaçăo Final: Caso algum participante da 37Ş REIBRAC ou leitor dos Anais esteja
interessado em divulgar, numa futura complementaçăo deste
trabalho, os dados de obras que projetou, controlou, calculou, forneceu material ou
executou com concreto de alta resistęncia, pode informar ao segundo autor deste, na
seguinte direçăo:
PEÇAS ONDE FOI pilares dos cantos e respectivos pilares centrais até o 5ş
USADO O C.A.D. capitéis pavimento
PRODUÇĂO DE na obra na obra
CONCRETO
fck (MPa) 60 60
VOLUME - -
fc28 - média (MPa) » 70 » 70
- máx. (MPa) 92 85
ABATIMENTO (cm) 10 ± 2 10 ± 2
BOMBEAMENTO năo năo
MARCA Montes Claros MG)/ Aratu (BA) Montes Claros(MG)/
CI- Aratu (BA)
MEN- TIPO CP II-E-32 CP II-E-32
TO DOSAGEM 560 kg/m3 550 kg/m3
MICROSSÍLICA: Elken densif. média/ 10 a 12% Elken densif. média/ 10 a
MARCA/DOSAGEM 12%
SUPERPLASTIF.: MARCA/- Adiment Adiment
DOSAGEM 3 a 4% 3 a 4%
CAPEAMENTO DOS CPs enxofre enxofre
AGREGADO: GRAÚDO gnaisse Dmax = 19 mm gnaisse Dmax = 19 mm
MIÚDO e areia fina e areia fina
FATOR A/MC 0,32 0,32
Ed. Biarritz (a) Campo Gran-de 1993 Reconstruçăo de 6 0,30 >50 » 380
(MS) consolos
Banco Geral (a) Goiânia (GO) 1993 Reforço de laje 6,00 55 » 380
fletida
Ed. Monte Verde Goiânia (GO) 1993 Recuperaçăo de 14
(a) pilares no sub-solo 1,50 50 » 380
Prédio do INSS Goiás (GO) 1994 Reforço de laje 8,00 52 » 380
(a) fletida
Ed. Saint Moritz Goiânia (GO) Recuperaçăo de 9
(a) 1994 pilares no sub-solo 0,80 >50 » 380
Ed. Maria - 1994 Recuperaçăo de 12 1,00 >50 » 380
Augusta (a) pilares
Ed. Georgete (a) Goiânia (GO) Reforço de laje
1994 fletida e vigas 2,50 >50 » 380
laterais
Prédio do BRB Brasília (DF) 1994 _ 15,00 >50 » 380
(a)
Goiânia Shopping Goiânia (GO) 1995 Reforço de pilares e 10,00 >50 » 380
(a) vigas
Ed. Grace Kelly Goiânia (GO) Recuperaçăo de 10
(a) 1994 pilares no sub-solo 1,00 >50 » 380
Aeroporto In- Rio de Janeiro Reparo do pavi- »340 CP 10% Sika- 0,7
ternacional (b) (RJ) 1993 mento da pista - 57 V-ARI crete 950 men
TABELA 5 - Barragens
CARACTE- UHE SEGREDO * UHE PORTO UHE SERRA DA
RÍSTICAS PRIMAVERA ** MESA ***
(3) PLATAFORMAS
CARACTERÍSTICAS METRÔ/DF* COSIGUA** OFF SHORE PUB,
DA PETROBRÁS***