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Digestão e absorção

Profa Maíra Valle


Os 4 processos do TGI

1. Motilidade ✔
2. Secreção ✔
3. Digestão
4. Absorção
Degradação química dos alimentos em
Digestão moléculas absorvíveis

Absorção
Movimento dos
nutrientes, água e
eletrólitos do lúmen
intestinal para o sangue.
Digestão
Digestão é a quebra dos substratos alimentares
(carboidratos, proteínas, gorduras e ácidos nucleicos)
em seus constituintes, para que possam ser absorvidos.

P O L Í M E R O

MONÔMERO

peptidases
Proteínas (polipeptídios) aminoácidos

sacaridases monossacarídeos
Carboidratos (polissacarídeos)

lipases ácidos graxos e


Triglicerídeos
monoglicerídeos
MECANISMO GERAL DE DIGESTÃO
DOS MACRONUTRIENTES

Carboidratos
Formação por condensação

H2O
Digestão por
hidrólise Enzimas
MECANISMO GERAL DE DIGESTÃO
DOS MACRONUTRIENTES
Lipídeos

Ácido Graxo

Formação por
Glicerol H2O condensação
Triglicerídeo

“R”
MECANISMO GERAL DE DIGESTÃO
DOS MACRONUTRIENTES
Lipídeos

H2O

Enzimas

Digestão por
hidrólise
Triglicerídeo Glicerol Ácidos Graxos
MECANISMO GERAL DE DIGESTÃO
DOS MACRONUTRIENTES
Proteínas

aa1 aa2

H2O

Formação por
Condensação
Digestão
Os macronutrientes são formados por condensação de monômeros.

A digestão ocorre com a participação de enzimas, por hidrólise


(rompimento de uma ligação química pela inserção de uma molécula de água)
A digestão ocorre em duas fases:
a) luminal: as reações ocorrem na luz do trato digestório, onde as enzimas
são lançadas.
b) b) de membrana: as reações ocorrem na camada estável de água, muco
intestinal e glicocálice (glicoproteínas e glicolipídeos), que formam um
microambiente junto à borda em escova da mucosa intestinal, onde
também ocorre a absorção.
DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS

Principais fontes de carboidratos da dieta:


sacarose (açúcar), lactose (leite e derivados), frutose e amidos (polissacarídeo vegetal)

DIGESTÃO

BOCA INTESTINO

ESTÔMAGO
DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS
NA BOCA E NO ESTÔMAGO onívoros – ex. Suínos

Boca: Degradação Mecânica e Enzimática

α-amilase (saliva)

Hidrólise do Amido

Maltose e pequenos
Parótidas
polímeros de Glicose
Submandibulares

Sublinguais Digestão 5% do Amido


DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS
NA BOCA E NO ESTÔMAGO

Digestão do amido continua (1h)

Secreções gástricas (pH < 4)

Inibição da amilase salivar

Secreções:
– Glândulas oxínticas: HCl, pepsinogênio, lipase e fator intrínseco.
– Glândulas mucosas pilóricas: muco, pepsinogênio e gastrina.
DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS
NO INTESTINO DELGADO

Passagem do quimo para o


intestino delgado

Mistura com suco pancreático

Digestão pela amilase pancreática

Digeridos a
Maltose e polímeros muito peq
monossacarídeos
Lúmen intestinal
Enterócitos
DIGESTÃO E ABSORÇÃO NO INTESTINO DELGADO

Cerca de 80% da absorção de solutos (nutrientes e íons) e de água


ocorre no intestino delgado

Pregas circulares
Aumento área:
vilosidades
1. Pregas circulares

2. Vilosidades

3. Borda em escova

criptas de Lieberkhün

Aumento na área de absorção de 600X


DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS
NO INTESTINO DELGADO

Lúmen intestino delgado


CHO

Enterócito
Borda em escova Lactase
Sacarase
Maltase São proteínas transmembrana
α-dextrinase

Monossacarídeos (glicose – 80%) hidrossolúveis


são absorvidos para o SANGUE porta
DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS
Absorção carboidratos
SGLT e GLUT – família de transportadores de CHO
SGLT – co-transporte de Na+ e monossacarídeos
ABSORÇÃO Nutrientes: Ponto-chave gradiente de Na+

145 mM LEC Transporte secundário

15 mM LIC

142 mM Plasma
Secreção gástrica
DIGESTÃO DAS PROTEÍNAS
NO ESTÔMAGO
PTNs são os principais constituintes das CARNES e sua digestão se inicia no estômago

Pepsina
(pH=2-3)
HCl

Hidrólise das
Lig peptídicas
Células
parietais
(oxínticas) Digere Colágeno
Tec Conjuntivo

Proteoses, peptonas
polipeptídeos
Enzimas do suco pancreático

Enteroquinase

Tripsinogênio Tripsina

quimotripsinogênio quimotripsina

procarboxipeptidase carboxipeptidase
Enzimas do suco pancreático
Tripsina
quimotripsina

Oligopeptideo oligopeptidase Peptídeos

Lipídios lípase Ácidos graxos e


glicerol
(Pronto para ser absorvido)

Amido Amilase pancreática Maltose


DIGESTÃO DAS PROTEÍNAS
NO INTESTINO DELGADO
Corresponde à maior parte da digestão de pnts ocorre na porção inicial (80%)

Secreção de enzimas
proteolíticas pelo pâncreas

Tripsina
Quimotripsina
Carboxipeptidase
Pró-elastase

Proteoses, peptonas
polipeptídeos
DIGESTÃO DAS PROTEÍNAS
NO INTESTINO DELGADO

Ações enzimáticas ocorrem de forma diferencial


Tripsina: clivagem em pequenos polipeptídios
Quimotripsina: clivagem em pequenos polipeptídios
Carboxipeptidase: cliva aminoácidos da porção carboxiterminal
Pró-elastase >> elastase: digere as fibras de elastina que mantem a
carne unida
Mesmo após a digestão pelo suco gástrico e secreções pancreáticas
as proteínas não totalmente degradadas

Dipeptídios e Tripeptídios são degradados na membrana dos enterócitos


DIGESTÃO DAS PROTEÍNAS
NOS ENTERÓCITOS

Peptídeos Aminoácidos,
remanescentes Dipeptídios
Tripeptídios Lúmen intestinal

Aminopolipeptidase
dipeptidase
Ação de peptidases

intracelular
Aminoácidos

Interior da vilosidade
Vasos sanguíneos
ABSORÇÃO DAS PROTEÍNAS
TRANSPORTE DOS AMINOÁCIDOS

❖ Transporte facilitado

➢ Os transportadores tem afinidade com aminoácido


conforme a sua estrutura química.

➢ Um AA pode ter mais de um transportador


ABSORÇÃO DAS PROTEÍNAS
TRANSPORTE DOS AMINOÁCIDOS
CLASSIFICAÇÃO DOS AA QUANTO À ESTRUTURA
Neutros Dibásicos Ácidos Iminoácidos
Alanina Lisina Acido glutâmico Prolina
Glycina Arginina Acido aspárticos Hidroxoprolina
Serina Ornitina
Treonina Cisteina Glicina
Valina
Leucina
Isoleucina
Fenilalanina
Tirosina
Triptofano
Asparagina
Histidina
Cisteina
Metionina
Citrulina
Transportador Substrato Ions Sistema de Substrato Dependente de
dependentes transporte Na+
B Neutros Na+
A Iminoacidos Sim
B0+ Neutros Na+ hidrofobicos de
Básicos cadeia curta
Cisteína
ASC Neutros Sim
b0+ Neutros não
Básicos asc Neutros AA Não
Cisteína
y+ Básicos Não L Neutros Não
hidrofóbicos
β Β-alanina Na+ Cl-
y+ Básicos e cisteína Não
Imino Imino-ácidos Na+ Cl-
N Ácidos Sim
X- AG Ácidos Na+ K +

Frenhani e Burini, Arq. Gastr.oentrologia , 36(4) , 220- 232 ,1999


DIGESTÃO DAS PROTEÍNAS
NOS ENTERÓCITOS
Neonatos
– Absorção de proteínas intactas – colostro – formação da imunidade
– A secreção ácida formada no estômago é protelada por diversos dias após o
nascimento.
– Um atraso semelhante ocorre no desenvolvimento da função pancreática e,
assim, a digestão por ácido e tripsina das proteínas é evitada.
– Um epitélio intestinal especializado, apenas presente ao nascimento, é capaz
de engolfar proteínas solúveis no lúmen intestinal e descarregá-las dentro dos
espaços laterais.
SISTEMA PORTA-HEPÁTICO

A maioria dos nutrientes absorvidos pelo


intestino delgado passa pelo fígado, o
qual atua como um filtro que pode remover
xenobióticos potencialmente
nocivos antes que eles entrem na circulação
sistêmica

Xenobióticos são compostos químicos


estranhos ao organismo
Secreção hepática: bile
Derivado do
colesterol

A bile é composta por:


COLIPASE um cofator
-fosfolipídios, colesterol, ácidos biliares proteico secretado pelo
(componentes funcionais), pâncreas. A colipase
desloca alguns sais
-bicarbonato e pigmentos (bilirrubina - biliares, permitindo à
produto da quebra da hemeporfirina da lipase acessar as gorduras
por dentro da cobertura de
Hb - é convertida em outros sais biliares.
componentes que dão cor às fezes).

Os sais biliares (produzidos no


RE dos hepatócitos) têm uma
porção hidrofóbica (lipofílica) e
outra hidrofílica, funcionando
como um “detergente”:
solubiliza gorduras (emulsifica).
DIGESTÃO DAS GORDURAS

NO ESTÔMAGO : 10 % da digestão pela lipase lingual (pouco importante)


NO INTESTINO OCORREM AS PRINCIPAIS ETAPAS DA DIGESTÃO

Bile Emulsificação Ação enzimática

Sais biliares e o fosfolipídio lecitina

Moléculas anfipáticas

Reduzem a tensão na interface


entre meio hidrofílico e lipofílico
DIGESTÃO DAS GORDURAS

Emulsificação facilita a dispersão da gordura em


pequenos glóbulos por meio da agitação mecânica

Aumento da superfície de contato

Ação da lipase pancreática (hidrossolúvel)

Digestão dos triglicerídeos


DIGESTÃO DAS GORDURAS

Papel dos sais biliares Precursor

❖ Remoção dos monoglicerídeos e AGL liberados


dos glóbulos de gordura em digestão

❖ Formação de micelas estáveis em meio hidrofílico

❖ Transporte dos produtos de digestão até as bordas


em escova dos enterócitos

❖ Após a internalização dos monoglicerídeos e AGL


podem retornar a atividade em novas moléculas
DIGESTÃO DAS GORDURAS
Digestão dos ésteres de colesterol e dos fosfolipídios

Secreção pancreática pancreática contém lipases

Éster de Colesterol Ácido graxo + Colesterol

Éster de colesterol hidrolase

Fosfolipídio Porção fosforilada + Ácido graxo


Fosfolipase A2

Produtos são transportados


da mesma forma pelos sais biliares
LACTÍFEROS
Gordura inicialmente é aborvida
pelo sistema linfático – depois
desemboca na veia cava.
Absorção gordura
Lipoproteínas

– Os quilomícrons são constituídos por colesterol, triacilgliceróis,


fosfolipídeos e lipídeos ligados a proteínas, chamados de
apoproteínas, ou apolipoproteínas
– Quanto mais proteínas, mais pesado o complexo é
– LDL é conhecido como “colesterol ruim”, uma vez que concentrações
elevadas de LDL no plasma estão associadas ao desenvolvimento da
aterosclerose
– Os complexos de LDL contêm apoproteína B, a qual se combina com
os receptores de C-LDL nas células distribuídas pelo organismo.
– O HDL é o bom colesterol”, uma vez que o HDL está envolvido no
transporte de colesterol para fora do plasma sanguíneo.
– O HDL contém apoproteína A (apoA), a qual facilita a captação de
colesterol pelo fígado e por outros tecidos.
Problemas de digestão/absorção

– Digestão: falta de enzimas, bile


– Absorção – danos ao epitélio absortivo – infecções virais, baterianas
– Pode gerar diarréia por má absorção (atrapalha o gradiente osmótico – ocorre
perda de água)
ABSORÇÃO H2O INTESTINO
Vias transcelular e paracelular (principal) – absorção passiva
A absorção da água depende da absorção de íons (Na+ e Cl-)
Gradiente osmótico gerado pela absorção dos nutrientes e íons.

QUIMO

Intestino grosso concentra os resíduos.


Secreção de H2O INTESTINO
CFRT: proteína reguladora da condutância transmembrana na fibrose cística

– A fluidez do conteúdo intestinal é importante para a


propulsão, digestão e absorção. Além do ingerido,
estômago e intestino podem secretar mais fluido.
– O mecanismo é via canal CFTR ativado por AMPc, que
secreta Cl-.
– O Na+ segue por via paracelular garantindo a
eletroneutralidade.
– Essa secreção de NaCl acaba gerando secreção resultante
de água
Diarréia secretória

– Secretória – algumas bactérias secretam toxinas


geram aumento de AMPc nas células e provovem
secreção de água – estimulam secreção de cloreto
– Escherichia coli – comum em bovinos e neonatos
Absorção vitaminas

Vitaminas hidrossolúveis Vitaminas lipossolúveis


Complexo B, Vit C, Vit A, D, E, K
Microbiota intestinal
A microbiota gastrointestinal é uma complexa população de
microorganismos, composta não apenas de bactérias, mas também de
fungos, protozoários e vírus. Cada dia novos estudos demonstram sua
importância para saúde e o bem estar humano e animal.

População microbiana no intestino de pessoas saudáveis


Estômago Jejuno Íleo Cólon

Bactérias viáveis/g 0 - 103 0 - 104 105 - 108 1010 - 1012


pH 3.0 6.0-7.0 7.5 6.8-7.3

1. Promovem saúde do TGI


2. Proteção contra patógenos
3. Metabolização de esteróides
4. Síntese de vitaminas

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