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O SIGNIFICADO DO JULGAMENTO

Parte I – Introdução

Trechos do Workshop efetuado no Institute & Retreat Center da Foundation for A Course in
Miracles®

Kenneth Wapnick, Ph.D.

Parte I

Esse workshop é basicamente um complemento a outro workshop que dei sobre julgamento,
chamado “Julgar ou Não Julgar”. Vamos terminar no mesmo lugar, mas vamos abordar isso de
forma um pouco diferente. Gostaria de estruturar isso sobre quatro tipos diferentes de julgamento,
três dos quais são diretamente articulados em Um Curso em Milagres, e o quarto, que é realmente
o segundo tipo de julgamento na seqüência que vamos discutir, está implícito em todos os outros.

O primeiro é o sonho de julgamento do ego, baseado na idéia de que poderíamos ser separados
de Deus. É uma forma de julgar Deus como inadequado, senão insignificante. O ego, com toda a
sua imensa força, fez Deus se ajoelhar, usurpou Sua autoridade, e inventou seu próprio mundo.
Esse julgamento é baseado em diferenças, que são todas formas diferentes de ataque.

Vou pular o segundo tipo de julgamento aqui, para voltar logo a ele. O Curso se refere ao terceiro
tipo como o julgamento do Espírito Santo, discutido mais claramente em “O julgamento do Espírito
Santo” (T-12.I), e “A igualdade dos milagres” (T-14.X), seções que não vamos revisar nesse
workshop. Também somos solicitados a compartilhar esse julgamento, que vê a tudo e a todos
nesse mundo tanto como expressando o Amor de Deus, ou pedindo por ele. Não existe ataque
nesse tipo de percepção.

O quarto julgamento sobre o qual o Curso fala é chamado de o Último Julgamento, ou o


Julgamento Final, ou o Julgamento de Deus (e.g., T-2.VIII; LE-pII.10). Esse julgamento acontece
no exato final do processo de Expiação. Ele afirma que “o que é falso é falso, e o que é verdadeiro
nunca mudou” (LE-pII.10.1:1). Esse julgamento acaba inteiramente com o sonho. É a pura
expressão do princípio da Expiação: a separação nunca aconteceu. Uma vez que tenhamos
aceitado e nos identificado com o julgamento do Espírito Santo, o Julgamento Final de Deus está
apenas a um milímetro de distância. Na descrição metafórica do Curso, Deus se abaixa e nos
eleva até Ele – o passo final de Deus.

A questão crucial, entretanto, é como sair do primeiro julgamento – o sonho de julgamento do ego
– para o terceiro julgamento – a percepção do Espírito Santo de tudo como ou uma expressão de
amor ou um pedido de amor. Vamos passar bastante tempo falando sobre esse segundo tipo de
julgamento. Ele não tem um nome no Curso, mas está refletido em toda a sua extensão. Esse é o
julgamento que fazemos quando olhamos para o julgamento do ego e reconhecemos que todos os
nossos julgamento e pensamentos não tiveram efeitos. Vou elaborar isso mais tarde. Sem esse
passo intermediário, é impossível sequer saber realmente o que é o julgamento do Espírito Santo.
Um dos erros que os estudantes fazem quando começam a trabalhar com o Curso e pensar que é
fácil passar do primeiro tipo de julgamento – do julgamento do ego sobre as diferenças,
especialismo e ataque para o julgamento do Espírito Santo que reconhece a todos como o
mesmo, onde a única diferença aparente é que as pessoas ou expressam amor ou pedem por ele.
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Qualquer um que tenha trabalhado seriamente com Um Curso em Milagres durante um período de
tempo reconhece que não é fácil mudar dos julgamentos do nosso ego para o julgamento do
Espírito Santo. Um passo intermediário é necessário. Novamente, esse é o julgamento ao qual
vamos nos dirigir. Esse tipo de julgamento é expresso muito claramente em uma das definições
importantes que o Curso dá para o processo do perdão: “O perdão... é quieto e na quietude nada
faz. Apenas olha e espera e não julga” (LE- pII.1.4:1,3-4). Jesus repetidamente nos incitar a pegar
sua mão e olhar com ele para a escuridão do ego é a segunda forma de julgamento. Ele não nega
os pensamentos do ego que expressamos no mundo – todos os pensamentos de violência,
malignidade e assassinato.

Esse passo reconhece que todos os nossos pensamentos, no final das contas, não podem ter
efeitos sobre nossa paz interior. Isso, então, nos permite olhar para o mundo e verdadeiramente
ver que todos aqui ou estão expressando amor ou estão pedindo por ele. Sem esse segundo
julgamento, o terceiro e o quarto passos são absolutamente impossíveis. Quando eu digo, como já
falei muitas vezes, não pulem etapas, esse é o passo de que estou falando. Significa que nós
realmente olhamos para o fato de que julgamos o tempo todo.

Meu workshop anterior coloca a questão “julgar ou não julgar”, e a resposta óbvia parece ser que
não deveríamos julgar. Mas essa é a resposta errada. A resposta certa é que não apenas
deveríamos julgar, mas que não existe maneira de evitarmos o julgamento, porque é isso o que
esse mundo é. Esse mundo todo repousa na premissa de que o nosso julgamento sobre Deus e
sobre o Filho de Deus é válido. Então, nós primeiro realmente queremos ser capazes de julgar e
não nos sentirmos culpados em relação a isso; isso é inerente a esse segundo passo. Nós
olhamos para todos os julgamentos que fizemos contra outras pessoas, contra nós mesmos,
contra Jesus e contra Deus, mas sem julgarmos a nós mesmos por fazê-los – em outras palavras,
sem sentimento de culpa.

Vamos usar como nosso texto básico para esse workshop a sessão chamada “O sonho que
perdoa” (T-29.IX), o que vai nos capacitar a rever esses quatro passos. Mas, antes de nos
voltarmos para ele, gostaria de discutir os passos com um pouco mais de detalhes: primeiro, o
sonho de julgamento do ego, então, olhar com Jesus para esses julgamentos sem nos sentirmos
culpados, o que nos permite então olharmos para todos no mundo como nossos irmãos e irmãs
em Cristo; e, finalmente, o fim do processo, a Expiação, o reconhecimento de que tudo nesse
mundo é uma ilusão.

Todo o sistema de pensamento do ego começa com o julgamento inicial que veio quando a
“diminuta e louca idéia” pareceu surgir na mente do Filho de Deus. Antes disso, Deus e Seu Filho
habitavam no Céu juntos, em uma unidade tão perfeita que seria impossível até mesmo falar de
Deus como um Criador ou Fonte distintos de Cristo, Seu Efeito, ou Seu Filho. Em outras palavras,
nenhuma diferenciação é possível no Céu. Julgamento, é claro, é sempre baseado em
diferenciação. Todos os nossos julgamentos acarretam a comparação de uma pessoa à outra, ou
de uma série de eventos à outra, ou de um objeto a outro, etc. Todo nosso mundo de percepção
repousa sobre isso. É por isso que não existem percepção nem julgamento no Céu.

Quando o Curso fala sobre o Julgamento de Deus, está identificando-o como a expressão dessa
perfeita Unicidade. A presença de Deus é a perfeita unidade e o perfeito Amor, e a presença de
Cristo como para sempre um com a Unicidade e o Amor de Deus é o julgamento sobre tudo o que
o ego pensa. E esse julgamento simplesmente diz “o que é falso [o pensamento da separação] é
falso e o que é verdadeiro [a realidade da unicidade do Céu] nunca mudou” (LE-pII.10.1:1). Mas,
quando a “diminuta e louca idéia” pareceu surgir, de repente, a dualidade apareceu. E esse foi o
princípio do julgamento.
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O Filho de Deus então começou a experienciar a si mesmo em relação a – como separado de –


seu Criador e Fonte. E ele não experienciou esse relacionamento de uma forma muito boa. Ele viu
a si mesmo como em falta, com Deus injustamente tendo o que ele não tinha, mas que ele agora
tinha o poder de roubar de Deus o que ele acreditava estar vindo dele. E, então, o Filho tornou-se
o criador e a fonte da vida. Ele se tornou aquele que existia por conta própria. Esse foi o
nascimento do ego. Naquele instante, Deus tornou-se o efeito do Filho, pois o Filho agora era a
causa de Deus. O Curso refere-se a isso como usurpar o papel de Deus. O Filho estabeleceu-se
como seu próprio criador, de tal forma que Deus, como Ele realmente é, deixou de existir, pelo
menos dentro da mente do Filho. Deus não é mais a Fonte de toda Existência; agora é o Filho que
é.

O julgamento inicial é que existe uma diferença injusta ou desleal entre Deus e eu, o que me leva
a um estado de escassez ou de falta. Meu ego conclui que estou em falta de autoria, de estar no
trono, porque Deus me privou disso. Portanto, estou justificado em pegar de volta de Deus o que
por direito é meu. Esse é o julgamento inicial. Uma das coisas mais cruciais de se entender sobre
esse julgamento inicial é que ele é baseado em diferenças. Antes da “diminuta e louca idéia”
parecer surgir, não havia consciência separada que pudesse observar, perceber ou pensar sobre
quaisquer diferenças.

Pulando alguns poucos passos agora: Dessa “diminuta e louca idéia” e seu sonho inicial de
julgamento, surgiu todo um universo físico. Quando Jesus diz no Curso em Milagres que esse
mundo é uma ilusão, ele quer dizer que todo o universo físico é uma ilusão. Ele é irreal. Nós
sabemos que ele é irreal porque o mundo que vemos e experienciamos é um lugar de diferenças.
É assim que percebemos. É extremamente importante, ao trabalharmos com Um Curso em
Milagres, que reconheçamos que tudo nesse mundo é completamente irreal. Como um resultado
disso, quaisquer pensamentos de que Deus ou o Espírito Santo fazem qualquer coisa nesse
mundo precisa ser falso. Se Eles fizessem qualquer coisa nesse mundo para nós, Eles seriam
insanos, porque estariam tornando o mundo da dualidade real, o que iria comprometer sua
perfeita integridade como puro espírito, que é perfeitamente uma.

O mundo todo do tempo e espaço – um mundo de diferenças – surge do pensamento de que o


Filho poderia ser diferente de Deus. Nós somos o mundo para o qual acreditamos ter vindo
quando nascemos. Mas nós não “viemos” para esse mundo; o mundo vem de uma projeção do
pensamento de separação e diferenças dentro de nossas mentes. É por isso que o princípio,
“Idéias não deixam sua fonte” (T-26.VII.4:7) é tão crucial para a compreensão do ensinamento
todo o Curso. O mundo não é nada mais do que a projeção desse pensamento de separação e
culpa. E ele não deixou sua fonte dentro de nossas mentes, onde ainda permanecemos – o que
significa que não há mundo lá fora.

O julgamento que todos nós fazemos é que existe um mundo para o qual viemos, um mundo
dentro do qual experienciamos a nós mesmos, fora de nossas mentes, que vai continuar a existir
depois que morrermos. Vamos explorar isso em mais detalhes depois. Mas esse mundo inteiro é
um sonho de julgamento. É um sonho porque está fora da realidade da Mente de Deus; e é um
julgamento porque nada fora da Mente de Deus precisa ser percebido como diferente Dela – e
esse é o julgamento.

É impossível para nós existirmos nesse mundo sem esses tipos de julgamentos. Nosso mundo
realmente é um mundo de percepção. Todos nós percebemos a nós mesmos em relação a outras
pessoas, e a coisas que estão fora de nós, e Jesus não está dizendo que deveríamos negar que
essa é a nossa experiência. Perto do início do texto, ele diz que é praticamente impossível negar
nossa experiência física nesse mundo (T-2.IV.3:10). Mas ele está nos pedindo para olhar para ele
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de forma diferente, como vamos ver. O ponto é que nós não podemos existir nesse mundo como
indivíduos separados, - acreditando que cada um de nós é um corpo real e uma personalidade
distinta dos corpos e personalidades de outras pessoas – e não julgar. E todos nós somos muito
bons em negar o quanto julgamos. Um exemplo claro de como os estudantes do Curso caem
nessa armadilha aconteceu quando a guerra do Golfo estourou. Alguns estudantes disseram a
outros que expressavam preocupação com o que estava acontecendo no Golfo Pérsico, “Que
guerra? Não existe nenhuma guerra lá fora. Dizendo que existe uma guerra lá fora, assistindo às
notícias e falando sobre ela, vocês estão dando a ela uma realidade que ela não tem”. Eles não
estavam cientes de que estavam fazendo um julgamento ainda pior, porque estavam dizendo,
“Existe algo terrível lá fora que não quero ver. E, portanto, vou espiritualizar isso e dizer que Um
Curso em Milagres diz que tudo é irreal aqui, que ninguém é diferente, que a guerra é impossível,
portanto, não existe guerra lá fora”. De um nível metafísico, é claro, isso é verdade, mas ninguém
aqui no mundo, com pouquíssimas exceções, está nesse nível.

Então, não somos solicitados a negar os julgamentos que fazemos, que é porque é tão importante
falar sobre esse passo intermediário entre o sonho de julgamento do ego e o julgamento do
Espírito Santo: querermos estar confortáveis com todos os julgamentos que fazemos. E,
inicialmente, isso significa entender que simplesmente estarmos nesse mundo, acordarmos de
manhã e acreditarmos que despertamos aqui, é um julgamento e um ataque. Estamos dizendo,
“Eu acredito que estou em casa aqui, em minha cama”. A verdade é que nós realmente estamos
em casa em Deus, e não estaríamos sonhando que estamos acordando em casa, em nossas
camas, se não quiséssemos deixar Deus. Se tudo acontece dentro de nossas mentes e tudo é
uma escolha, como Um Curso em Milagres nos diz muitas e muitas vezes, então, simplesmente
acreditar que estamos aqui no mundo é um pensamento de ataque. É um pensamento de ataque
que diz que eu prefiro estar aqui ao invés de estar com Deus, meu Criador e minha Fonte. E, pior
do que isso, estou dizendo que não apenas acredito que quero estar aqui e que posso estar aqui,
mas acredito que realmente estou aqui, o que significa que estou aqui às custas de Deus. Eu
usurpei Seu lugar. Eu O matei e coloquei a mim mesmo no Seu trono.

O simples ato de respirar dissimula esse pensamento maligno de ataque, esse julgamento que diz
que eu sou separado de Deus; eu sou melhor do que Ele, e minha individualidade e minha
existência foram conseguida às Suas custas. Agora, isso não significa que deveríamos nos sentir
culpados porque respiramos a cada 15 ou 20 segundos, ou porque acordamos a cada manhã e
nos sentimos bem. Isso realmente significa que deveríamos não nos iludir pensando que todas
essas experiências são santas ou espirituais, que elas são reais e, acima de tudo, estão livres de
julgamento. Não podemos fazer nada nesse mundo sem julgamento, porque é isso o que significa
estar nesse mundo. Então, a resposta não é que não deveríamos julgar. A resposta é que
deveríamos aprender como ficar confortáveis com todos os julgamentos que realmente fazemos,
porque só então poderemos ir além deles.

Deixem-me acrescentar outro ingrediente, que tem a ver com o mecanismo da negação. Uma vez
que acreditamos estar realmente aqui, como venho dizendo, presumimos que nós, e não Deus,
somos o criador e a fonte de nosso próprio ser. A culpa envolvida é enorme, porque o ego nos diz
que não podemos matar Deus e esperar sair completamente livres disso. Esse é o nascedouro da
nossa culpa, seguida pelo medo terrível de que, quando Deus nos pegar, vai nos destruir. Então,
para nos proteger do horror da nossa culpa que vem do pavor do pecado de nos apoderarmos do
trono de Deus, nós todos acreditamos que não fizemos isso. Esse é o mecanismo da negação ou
da repressão. E, uma lei inexorável da mente do ego é que uma vez que negamos algo,
precisamos projetá-lo para fora.
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Então, primeiro julgamos a nós mesmos por atacar Deus, mas então dizemos, “Não, não fui eu
que fiz essa coisa terrível. Alguém mais o fez”. Pegamos nossa própria culpa em relação a
acreditarmos que atacamos Deus ao nos separarmos Dele, e a projetamos para fora.
Encontramos outra pessoa para culpar por isso; e, então, não estamos mais conscientes da
origem desse sonho de julgamento em nossas próprias mentes. Acreditamos que o sonho é a
realidade, e que ele existe do lado de fora, externo a nós. Mas a verdade é que o sonho de
julgamento nunca deixou sua fonte dentro de nossas mentes. Nós não nos lembramos dele, mas
ainda somos aqueles que estão sonhando esse sonho de julgamento, pecado e ataque – de
assassinar Deus. E, sobre seu corpo assassinado, nós erigimos nosso próprio ser.

O problema básico é que nós primeiro julgamos a nós mesmos como pecadores, e depois
dizemos que isso é tão terrível que nunca mais queremos olhar para ele. Então, projetamos o
pensamento, escondendo-o de nós mesmos. O pensamento é tão horrível e traz tanta ansiedade
que fazemos um voto de nunca olhar para ele novamente: o primeiro nível para protegê-lo. Então,
pegamos o pensamento, o projetamos para fora e o colocamos em outra pessoa: o segundo nível
de protegê-lo. E, então, nunca aceitamos a responsabilidade por esse pensamento, porque não
sabemos mais nada sobre ele. Nós o empurramos para o nosso inconsciente. Nós dissemos a nós
mesmos, “Não fui eu que fiz isso; outra pessoa o fez. Não sou eu que sou pecador; outra pessoa
pecou contra mim. Não fui eu que cometi o erro; não fui eu que peguei o caminho errado, ou fiz
isso, aquilo, ou a outra coisa. Outra pessoa fez isso”. Em outras palavras, nós protegemos o
julgamento. E, enquanto projetarmos o julgamento, ele nunca será curado. É por isso que essa
segunda forma de julgamento é tão importante. Nós temos que aprender a estar alertas – não
sobre sermos, na verdade, miseráveis pecadores, criaturas vis de especialismo que querem
destruir a todos, mas sobre acreditarmos nisso. Existe uma grande diferença. Essa não é a forma
com que Deus nos vê. De fato, Deus não nos vê de forma alguma. Essa é a forma que vemos a
nós mesmos. Mas, então, uma vez que temos visto a nós mesmos dessa forma, então negamos o
pensamento e o colocamos em outra pessoa, o que significa que o projetamos. É isso o que
significa psicologicamente quando descrevemos alguém como sendo defensivo. Uma pessoa
defensiva ergue uma parede quando algo que foi dito a ela a leva a se sentir ameaçada. A pessoa
está realmente dizendo, “Não chegue perto de mim. Esse pensamento de pecado e esse
julgamento que estou fazendo contra mim mesmo é tão terrível que não quero olhar para ele, e
não quero que você olhe também”. É isso o que realmente significa ser defensivo. É uma atitude
de proteger o pensamento de que sou uma pessoa terrível. Não é assim que Deus ou Jesus nos
vê, mas é assim que vemos a nós mesmos. Mas, se nos recusarmos a reconhecer no que
acreditamos sobre nós mesmos, nunca poderemos mudar nossas mentes em relação a essa
crença.

É por isso que não podemos simplesmente passar do sonho de julgamento do ego para o
julgamento do Espírito Santo de que todos estão pedindo amor ou expressando amor. É essencial
que primeiro treinemos a nós mesmos – e Um Curso em Milagres é um programa de treinamento
– para olharmos para o sistema de pensamento do ego. Esse não é um curso em negação ou em
nos fazer acreditar que coisas terríveis não acontecem no mundo, o que expressa os
pensamentos terríveis que passam na mente do Filho. Muitas e muitas vezes, Jesus usa palavras
muito fortes como assassinato e malignidade para descrever o sistema de pensamento do ego.
Ele não está dizendo que esse é um mundo maravilhoso. Como ele poderia ser, se foi feito para
escapar de Deus? Poderia ele ser um mundo maravilhoso se serve para nos proteger para que
nunca olhemos realmente para o sonho de julgamento subjacente, que é irreal, mas no que
acreditamos ser real? Como esse poderia ser um mundo maravilhoso se continua no caminho da
cura?
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Ao trabalharmos com o Curso, queremos desenvolver uma atitude de sermos capazes de olhar de
olhos abertos para o que o mundo é – seja em um nível internacional, interpessoal ou pessoal
dentro de nossas mentes. A meta do Um Curso em Milagres é nos tornar capazes de olhar para
esses pensamentos do ego sem julgamento. Quando o julgamento se for, quando nós pudermos
realmente olhar para todo o ódio e especialismo em nós – a necessidade de sermos tão
importantes, todas as demandas que fazemos para sermos tratados como se fôssemos
importantes – sem julgarmos a nós mesmos ou nos sentirmos culpados sobre esses
pensamentos, sem termos medo de qualquer tipo de punição, então, eles vão desaparecer,
porque o pensamento básico do ego é irreal. O pensamento básico que está sob todo o universo
físico é um pensamento irreal. É um pensamento que diz que realmente podemos empurrar Deus
para longe e fazê-Lo se ajoelhar, estabelecendo a nós mesmos como Deus. E, se nós pudermos
olhar para isso pelo que é, sem julgamento, vamos perceber, como o texto diz em um ponto, “é
uma piada pensar que o tempo pode vir a lograr a eternidade, que significa que o tempo não
existe” (T-27.VIII.6:8-10). Em outras palavras, a “diminuta e louca idéia” que fez surgir esse mundo
é apenas isso: diminuta porque é insignificante, sem poder e sem efeito, e louca porque é insana.
O ego não pode conseguir o impossível. Ele pode nos levar a acreditar que o impossível
aconteceu, mas não pode fazê-lo acontecer. Mas, se não olharmos para ele, então, não
saberemos o que realmente é.

Então, o propósito de Um Curso em Milagres é nos fazer alcançar o ponto em que podemos
realmente olhar para o ego. E, quando o fizermos, ele vai desaparecer como o Curso diz, de volta
“no nada do qual veio...” (MP-13.1:2). Nesse ponto, o julgamento do Espírito Santo se torna uma
realidade para nós. Uma vez que nós então temos apenas o Amor de Cristo dentro de nós e
experienciamos apenas o amor de Jesus dentro de nossas mentes, quando olhamos para o
mundo, o vemos da mesma forma que ele. E nós entendemos, como o texto explica, que cada
ataque é realmente uma expressão de medo (T-2.VI.7:1). E, sob o medo, está o pedido de amor
que tem sido negado, o que significa que nós agora olhamos para o mundo e vemos todos como
ou pedindo amor ou expressando-o. E, então, nossa resposta é sempre a mesma.

Quer você esteja me pedindo amor ou expressando amor, como seu irmão em Cristo, vou
estender amor a você. Não vou mais ver quaisquer diferenças. As diferenças superficiais não vão
importar para mim. Tudo o que vai importar é que você está ou pedindo amor ou expressando-o.
Então, o amor em mim acolhe você – minha resposta é sempre a mesma. Esse é o julgamento do
Espírito Santo. A partir daí, o Curso explica, Deus desce e nos eleva de volta até Ele, e o sonho
todo desaparece. Novamente, o que permite que esse terceiro e quarto passos – o julgamento do
Espírito Santo e o Julgamento Final de Deus – aconteçam é o segundo passo de olhar sem
julgamento para o sistema de pensamento do nosso ego, com toda a sua feiúra, malignidade e
falta de gentileza. Mas nós olhamos para ele com um sorriso que diz que esses pensamentos não
têm efeitos sobre Quem eu sou, nenhum efeito sobre meu relacionamento com Jesus e, portanto,
nenhum efeito sobre meu relacionamento com Deus.

Parte II

“O Sonho que perdoa” (T-29.IX)

(Parágrafo 1 – Sentença 1) O escravo de ídolos é um escravo voluntário.

Essa parte do texto fala muito sobre ídolos. Em Um Curso em Milagres, um ídolo é simplesmente
outro termo para o ego e seus objetos de especialismo. Em outras palavras, é algo que não é
verdadeiro, a que conferimos valor e realidade.
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(Parágrafo 1 – Sentenças 1-3) Pois ele tem que estar disposto a se inclinar em adoração diante do
que não tem vida e a buscar poder no que não tem poder.

Claramente, isso está falando sobre o sistema de pensamento do ego. O sistema de pensamento
do ego não tem vida porque permanece fora da Vida de Deus, e não tem poder porque
permanece fora do poder de Deus. É claro, o ego, em seu sonho, acredita que roubou a vida de
Deus, de tal forma que agora o ego (o Filho separado de Deus) tem vida e Deus não tem. O ego
também acredita que roubou o poder de Deus de criar, e, então, agora, tem aquele poder e Deus
não. É isso a que Jesus está se referindo aqui como o ídolo.

(Parágrafo 1 – Sentenças 3-7) O que aconteceu ao santo Filho de Deus para que esse pudesse
ser o seu desejo, para que ele se deixasse cair e descer ainda mais baixo do que as pedras do
chão e ficasse procurando ídolos para que eles o levantem?

Jesus basicamente está perguntado como tudo isso começou: como podemos ter acabado na
situação em que estamos, na qual negamos nossa realidade como Cristo, negamos nosso poder,
e negamos o Amor de Deus? Em nossa condição de pecadores e culpados, caímos “mais baixo
do que o mais baixo” por causa dessa crença terrível sobre nós mesmos. E, então, olhamos para
algo fora de nós para nos ajudar, para nos fazer sentir melhor. Esse é o propósito dos ídolos de
especialismo: eu acredito que Deus não pode me ajudar, mas essa pessoa especial, esse
tratamento especial, esse evento especial, ou esse objeto especial no mundo pode me fazer sentir
bem, elevando-me acima do estado de baixeza no qual caí.

(Parágrafo 1 – Sentenças 7-10) Ouve, então, a tua história no sonho que fizeste e pergunta a ti
mesmo se não é verdade que acreditas que isso não é um sonho.

Jesus está falando a nós como indivíduos, mas também está falando conosco como uma mente
egóica coletiva que inventou essa história. Ele está dizendo (uma vez que você se isole de toda a
negatividade) que deveríamos perguntar a nós mesmos, de forma honesta, se é isso o que
realmente acreditamos. Nós realmente acreditamos que esse mundo é a realidade. Existe uma
grande parte de nós, não importando o quanto já estudamos esse Curso e afirmamos acreditar
nele, que não acredita que esse mundo é um sonho. E nós podemos reconhecer isso na extensão
em que observarmos nossas mentes cheias de julgamentos; todas as pequenas coisas do mundo
pelas quais nos sentimos tão atraídos; todos os ódios e mágoas insignificantes aos quais nos
agarramos; todas as coisas insignificantes às quais nos agarramos como símbolos de injustiça;
todas as coisas especiais que queremos para nós mesmos e para os outros, etc. Todos esses
pensamentos deixam muito claro o quanto nos identificamos com esse sonho e o transformamos
na realidade. Ele diz isso muitas e muitas vezes, em muitos lugares diferentes. É extremamente
importante prestar atenção nisso, porque ele está nos dizendo que sim, nós acreditamos que esse
mundo é a realidade, e, sim, nós realmente acreditamos que matamos Deus, e que o especialismo
vai nos dar o que queremos. “As leis do caos” (T-23.II) constituem provavelmente a afirmação
mais forte no Um Curso em Milagres sobre o sistema de pensamento do ego, em toda a sua
insanidade. E, nessa seção, depois de descrever as cinco leis do caos, Jesus diz que podemos
insistir que não acreditamos nelas, mas “Irmão, tu realmente acredita nelas”, ele afirma (T-
23.11.18:3). Nós realmente acreditamos que essas leis verdadeiramente funcionam. E
acreditamos que o mundo que repousa sobre essas cinco leis está realmente lá. Então, é
extremamente importante não cairmos na armadilha de insistir que estamos livres de todos os
julgamentos apenas porque fizemos o livro de exercícios, ou porque estudamos o Curso por cinco,
dez ou quinze anos. O sistema de pensamento do ego não é um sistema fácil de simplesmente
revertermos, porque não apenas contém todos os pensamentos de julgamento, mas ele é o
pensamento de julgamento. E, enquanto nos identificarmos como um ser separado, com nossa
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própria personalidade e corpo separados de outros corpos, então, estaremos acreditando na


totalidade do sistema de pensamento do ego. Novamente, não é apenas que acreditemos em um
sonho de julgamento, nós acreditamos que somos esse sonho de julgamento. E nós agora somos
um sonho de julgamento porque nos identificamos como uma das figuras nesse sonho.

Agora, Jesus vai nos contar uma história, como um irmão mais velho contando uma história do
mundo ao seu irmãozinho ou irmãzinha.

(Parágrafo 2 – Sentenças 1-3) Um sonho de julgamento entrou na mente que Deus criou tão
perfeita quanto Ele próprio. [Foi aí que a “diminuta e louca idéia” pareceu surgir] E nesse sonho, o
Céu virou inferno e fez-se de Deus um inimigo para com Seu Filho.

Nesse sonho, nós realmente acreditamos que éramos diferentes de Deus, que tínhamos uma
consciência que poderia experienciar a si mesma em relação a Deus e em oposição a Ele. Nesse
ponto, o Céu e Deus desapareceram. Se o Céu e Deus são estados de perfeita Unidade e de
perfeita Unicidade, e eu agora começo a experienciar a mim mesmo como diferente e que essa
diferença é real, então, o Céu precisa desaparecer porque eu neguei Sua realidade básica. É isso
o que significa “O Céu agora virou inferno”, e o fato de Deus agora ter sido transformado em um
inimigo. Antes desse pensamento de diferenças, Deus e Cristo eram perfeitamente unidos. Uma
vez que o pensamento da separação surgiu, nós acreditamos que tínhamos nos separado de
Deus. Nós roubamos nossa identidade Dele, e agora, Deus está no caminho da guerra e quer
roubar isso de volta de nós. Agora o Deus do Amor foi transformado em um Deus da vingança.
Esse é o início do sonho do julgamento.

(Parágrafo 2 – Sentenças 3-5) Como pode o Filho de Deus despertar do sonho? É um sonho e
julgamento. Assim é preciso que ele não julgue e despertará.

Isso parece muito bacana e fácil. Mas, como vocês sabem a partir de seu trabalho com o Curso,
dificilmente é fácil assim. Se esse é um sonho de julgamento baseado sobre diferenças, então,
para despertarmos desse sonho e voltarmos para a casa que nunca deixamos, nós obviamente
precisamos desistir do julgamento. O problema é que não estamos conscientes de que estamos
julgando. Não estamos conscientes por causa do poder das nossas defesas. Essa é a chave para
entender o perdão. É muito fácil dizer que vamos desistir do julgamento, mas não sabemos o que
realmente estamos dizendo porque não sabemos o quanto julgamos. Não sabemos o quanto
realmente somos filhos do especialismo, e o quanto nosso especialismo nos mantém caminhando,
dia a dia. O especialismo é o ar que respiramos, o princípio que nutre todos os nossos
relacionamentos. O especialismo governa cada pequena coisa que fazemos nesse mundo. O
problema é que não estamos cientes dele porque não o vemos em nós mesmos; nós o vemos fora
de nós.

Quer nos percebamos ficando defensivos sobre qualquer coisa, ou experienciando uma
resistência a fazer ou dizer qualquer coisa, ou em estar com qualquer pessoa, existe algum
especialismo escondido, algum julgamento escondido que não queremos ver. Toda defensividade
– em qualquer momento em que sentirmos nosso corpo físico ou psicológico apertado – diz que
nos sentimos ameaçados por uma ameaça externa ao nosso especialismo. Existe um pensamento
de julgamento em nossas mentes para o qual não queremos olhar. O problema não é o
pensamento de julgamento; a verdade é que não existe pensamento de julgamento. Toda a coisa
é inventada. O problema é que acreditamos que existe um pensamento de julgamento. E, uma vez
que acreditamos nisso, precisamos negá-lo e projetá-lo para que possamos vê-lo do lado de fora.
Isso é extremamente importante. Não existe julgamento. O problema é que acreditamos que
existe. E, uma vez que acreditamos nisso, nunca olhamos para dentro de nossas mentes outra
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vez. Ao invés disso, fizemos um corpo e o mundo para que pudéssemos focalizar toda nossa
atenção fora de nossas mentes , no corpo, em outros corpos que parecem existir fora de nós, e no
mundo no qual todos os corpos parecem existir.

A verdade é que não existe mundo lá fora; o mundo é um pensamento auto-criado para ocultar
outro pensamento auto-criado. Mas, se não olharmos para o pensamento auto-criado original,
então, nunca vamos saber que ele não está lá. Isso não significa que temos que olhar para o
pensamento original de atacar Deus. Tudo o que temos que fazer é olhar para o pensamento
dentro de nossas mentes que diz, “Eu existo como uma pessoa separada; eu sou importante, e
todos os outros são meus inimigos”. Mas ninguém quer olhar para isso. É por isso que tentamos
convencer a nós mesmos que esse é um mundo adorável, amoroso, com todas essas pessoas
amorosas ao redor de nós, as mais amorosas das quais são os estudantes do Um Curso em
Milagres. Participem de um encontro do grupo de Um Curso em Milagres, e vocês vão conhecer a
ilusão nessa afirmação. O problema é a negação. Nós acreditamos que pelo fato de estudarmos
um livro sobre o amor, então, somos todos crianças do amor. Tudo o que estamos fazendo é
empurrar para baixo todos os pensamentos de ódio, especialismo, competição, ciúmes e
assassinato para os quais não queremos olhar. Mas se nós não olharmos para eles, vamos
continuar a acreditar que são reais. Novamente, o problema não é os pensamentos de
especialismo. Não existem pensamentos de especialismo, mas existe a crença de que existem. E,
uma vez que a aceitamos, temos que protegê-la. É aí que o sistema defensivo começa. E o
mundo foi literalmente feito como uma forma de nos defendermos de olhar para dentro, para
nossas próprias mentes.

A coisa mais difícil de fazer é olhar para dentro. Jesus deixa isso claro em muitas passagens no
Curso. Duas seções específicas – “”Olhar para dentro” (T-12.VII) e “O medo de olhar para dentro”
(T-21.IV) – enunciam isso claramente, mas esse ponto é enfatizado o tempo todo no Curso. Pois,
se olhássemos para dentro, iríamos perceber que não há nada lá – exceto o Amor de Deus. Não
há nada do ego porque não existe ego. O problema não é o sistema de pensamento do ego. O
problema é a parte da mente dividida à qual usualmente me refiro como o tomador de decisões,
que acredita que existe um sistema de pensamento do ego e, portanto, que tem que ser
defendido.

Então, os julgamentos que faço contra você, tornando as diferenças importantes e reais, são
realmente uma projeção do julgamento que fiz contra mim mesmo por tornar a diferença entre
Deus e eu real. E eu persisto em me agarrar aos julgamentos contra você porque isso me protege
de realmente olhar para o julgamento que fiz contra mim mesmo. Tudo o que aconteceu foi que eu
adormeci, tive um sonho no qual era diferente de Deus, e julguei esse sonho de julgamento como
pecaminoso. E, então, eu disse que precisava de outro sonho – o mundo – para me proteger do
primeiro. Uma vez que fiz o sonho do mundo, acreditei que precisava de mais sonhos para me
proteger de todos os sonhos anteriores de julgamento. E, então, eu nunca volto ao sonho original
de julgamento contra Deus.

Portanto, a coisa mais difícil no mundo a se fazer é parar de julgar: “Assim, é preciso que ele não
julgue e despertará”. O problema, novamente, é que não estamos cientes de que estamos
julgando. Você estará compreendendo mal esse Curso se pensar que ele é um curso em qualquer
outra coisa além de olhar para seu ego e sorrir diante dele: olhar para o ego com o amor de Jesus
ou do Espírito Santo ao seu lado, e perceber que não há nada lá. Mas você precisa olhar, o que
significa que precisa entrar em contato com a parte da sua mente que é tão resistente e está tão
aterrorizada de olhar para todo o especialismo. Esse não é um curso em amor. Aqueles de vocês
que são relativamente novos no Curso podem ser capazes de evitar cometer esse erro de cair na
armadilha de pensar que esse é um curso em amor – ele não é. É um curso em olhar para o
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especialismo com a Pessoa do amor – Jesus ou o Espírito Santo – ao nosso lado. Uma vez que
possamos fazer isso, o especialismo desaparece, a defesa se vai, a necessidade de se defender
contra o especialismo se vai, e tudo o que resta é o amor, que automaticamente se estende
através de nós. Tudo o que temos que fazer é olhar para o especialismo sem julgamento. Mas
isso é muito difícil, porque toda a nossa existência como indivíduos é baseada sobre a noção de
que existe um pensamento de julgamento em nossas mentes que é tão aterrorizante que, se
sequer olharmos para ele, seremos destruídos. E, então, fazemos qualquer coisa exceto olhar
para ele.

(Parágrafo 2 – Sentenças 5-6) Pois o sonho parecerá durar enquanto ele faz parte do sonho.

Enquanto acreditarmos que somos criaturas do julgamento, enquanto acreditarmos que somos
uma parte desse pensamento de ser separado de Deus, então, o sonho vai parecer existir, porque
o sonho não é nada mais do que uma projeção desse pensamento.

(Parágrafo 2 – Sentenças 6-8) Não julgues, pois aquele que julga terá necessidade de ídolos que
arcarão com o julgamento impedindo que o mesmo caia sobre ele.

Isso basicamente é o que eu venho falando. Em resumo, então, Jesus está nos dizendo para não
julgarmos. Quando julgamos, primeiro estamos julgando a nós mesmos. Nossa culpa sobre isso é
tão enorme que temos que projetá-la e fazer um ídolo, para que possamos ver o pecado e a culpa
cair sobre o ídolo ao invés de sobre nós mesmos. Mas isso não é nada mais do que uma projeção
do nosso próprio ego. Em linguagem popular, um ídolo é usualmente uma imagem de Deus. Bem,
o ego tornou-se Deus, como um pensamento, então, o projetou para fora, deu-lhe um corpo, uma
forma, e passou a adorá-lo. Basicamente, esse é o ídolo do especialismo ou do julgamento.

Cada um de nós tem uma necessidade de ídolos “que arcarão com o julgamento impedindo que o
mesmo caia sobre ele”. Então, ao invés de olhar para nossa própria culpa, que é nosso
julgamento de nós mesmos, nossa culpa cai sobre outra pessoa. É por isso que tivemos que fazer
um mundo para início de conversa. Como o livro de exercícios diz em um trecho, o ódio precisa
ser específico (LE-pI.161.7:1-2) e “assim foi feita a especificidade” (LE-pI.161.3:1). Nós tivemos
que fazer algo fora de nós que acreditamos ser a realidade, para que pudéssemos projetar nossa
culpa nele. É por isso que fizemos um Deus odioso, vingativo, um Deus do especialismo. É por
isso que fizemos um mundo cheio de pessoas, para que pudéssemos encontrar alguém para
culpar. Mas o julgamento não está realmente no mundo fora de nós. O julgamento que eu faço
sobre você é realmente a projeção do julgamento que faço sobre mim mesmo. Mas eu tenho que
olhar para as minhas necessidades para ter esse julgamento.

(Parágrafo 2 – Sentenças 8-9) E assim também não poderá conhecer o Ser que ele condenou.
Então, não apenas eu não sei quem você é, mas certamente não conheço o Cristo que eu sou,
porque eu disse que o Filho de Deus que eu realmente sou não existe mais. Quando eu me
separei de Deus e transformei a dualidade em verdade, transformei a unidade de Deus e Cristo
em uma ilusão, o que significa que tanto Deus quanto Cristo desapareceram. Então, eu acredito
que ataquei Deus e Cristo, e Os condenei. Mas nunca vou me lembrar que inventei tudo isso,
porque acredito que essa realidade é tão ameaçadora que preciso nunca olhar para ela
novamente. Então, continuo protegendo a mim mesmo repetidamente por nunca olhar para a
culpa na minha mente. E a resposta para tudo isso é realmente olhar para o fato de que estou
inventando tudo isso. Mas não vou saber que estou fazendo isso até olhar para tudo.
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(Parágrafo 2 – Sentenças 9-12) Não julgues, porque fazes de ti mesmo uma parte dos sonhos
maus, onde ídolos são a tua ‘verdadeira’ identidade e a tua salvação do julgamento é colocada
sobre ti no terror e na culpa.

Novamente, começamos com aquele pensamento básico de julgamento: eu traí e abandonei o


Amor de Deus. Eu virei minhas costas para ele, o usurpei, o roubei. E a culpa em relação ao que
fiz é tão imensa que automaticamente me leva ao terror de que Deus ou o Amor vai me atacar de
volta. Então, para escapar, eu pego toda a culpa e terror e a projeto fora de mim, e faço um ídolo.
Eu digo que algo fora de mim me atacou. Não fui eu que fiz isso; alguém mais o fez; alguém mais
é o assassino.

E tudo o que eu tenho que fazer é olhar para todo esse cenário e vê-lo como é.

Parte III

(Parágrafo 3 – Sentenças 1-2) Todas as figuras no sonho são ídolos, feitos para salvar-te do
sonho.

Tudo o que percebemos e que acreditamos estar fora de nós é parte do sonho. Esses são os
ídolos, e seu propósito é tornar o sonho exterior real para nos proteger do sonho dentro de nossas
mentes, para o qual não queremos olhar. Estudantes do Curso transigem nisso vezes sem conta,
tentando tornar, de qualquer forma que puderem, algum aspecto do sonho exterior real. É por isso
que muitos estudantes colocam tal ênfase em ver Jesus ou o Espírito Santo como fazendo coisas
para eles no mundo. Essa é uma maneira súbita de torná-Los parte da ilusão, visto que, no Curso,
Jesus nos pede para levar a ilusão à verdade, não para trazer a verdade à ilusão. Nós temos um
grande investimento em tornar o sonho exterior real, porque se for real do lado de fora, não temos
que olhar para o sonho dentro de nossas mentes. Qual a melhor forma de fazê-lo parecer real do
que ter Deus ou Jesus ou o Espírito Santo trabalhando nele?

É por isso que é um engano confundir o Um Curso em Milagres com os sistemas de pensamento
da Nova Era. O Curso de forma alguma transige com a verdade de que todo o universo físico é
uma ilusão. Mas nós queremos tornar as figuras no sonho reais, incluindo o Espírito Santo e Jesus
para que fiquemos protegidos do sonho subjacente dentro de nossas mentes.

(Parágrafo 3 – Sentenças 2-3) Contudo, eles [todos esses ídolos] foram feitos para salvar-te
exatamente daquilo de que fazem parte.

Esses ídolos foram feitos para nos salvar do ídolo que fizemos dentro de nossas próprias mentes
(o sistema de pensamento do ego) que diz, “Eu roubei Deus e agora existo. Eu tenho o que
roubei. Eu não vou mais devolvê-lo, e existo por conta própria. E agora Deus existe fora de mim”.
O ego começa com aquele pensamento inicial de julgamento, que é o início do sonho. Ele então
se torna um sonho desenvolvido dentro das nossas mentes, de que somos diferentes de Deus,
que nós roubamos de Deus e pecamos contra Ele. E nossa culpa em relação a isso agora nos diz
que Deus vai nos punir. Esse é o sonho aterrorizante dentro de nossas mentes. É tão aterrorizante
que não queremos olhar para ele, mas o projetamos, então ele agora parece estar fora de nós. E
qualquer coisa que nos enraíze ainda mais no sonho exterior vai servir muito bem ao propósito do
ego, ainda que seja feita sob o nome de Deus, o que é o que as religiões têm feito por séculos. É
extremamente tentador para as pessoas fazerem a mesma coisa com Um Curso em Milagres –
trazer parte da verdade à ilusão, tornando a ilusão real. Se você fizer isso, nunca vai sair do
sonho, porque não vai saber que é só um sonho.
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(Parágrafo 3 – Sentenças 3-5) Assim é que o ídolo mantém o sonho vivo e terrível, pois quem
poderia desejar um, a não ser que estivesse no terror e no desespero?

O “tu” a quem Jesus está se referindo nessas passagens é a mente, a parte da mente que escolhe
– aquilo a que eu me refiro como o tomador de decisões. É a parte das nossas mentes que
primeiro se identificou com o sistema de pensamento do ego. É um sistema de pensamento de
terror e desespero que nos diz que precisamos nos proteger do terror e do desespero, negando-o,
o que significa que nunca devemos olhar para isso novamente. E, então, nós o projetamos e o
vemos fora de nós. É por isso que precisamos de um mundo de pessoas específicas e objetos
específicos. Nós projetamos todos esses pensamentos de pecado, culpa e julgamento, para que
eles não sejam mais vistos dentro, mas fora. Enquanto acreditarmos na realidade do ídolo, nunca
vamos saber que ela repousa dentro de nossas próprias mentes.

(Parágrafo 3 – Sentenças 5-7) E isso o ídolo representa, e assim a idolatria dos ídolos é a idolatria
do desespero e do terror, e do sonho do qual eles vêm.

Isso é verdadeiro para os ídolos do especialismo que pensamos que são maravilhosos e nos
fazem felizes, assim como para os ídolos do especialismo que odiamos. Antes, no texto, em “Os
obstáculos à Paz” (T-19.IV), Jesus fala sobre isso de outra forma: “Enquanto acreditares que ele
pode te dar prazer, também acreditarás que pode te trazer dor” (T-19.IV-A.17:14-15). Prazer e dor
são lados opostos da mesma ilusão. Ambos tornam o corpo real porque ambos dizem que existe
algo fora de nós que pode nos fazer felizes ou infelizes, e nos trazer dor. A verdade é que a única
coisa que pode nos trazer felicidade é escolher o Amor do Espírito Santo. A única coisa que pode
nos trazer dor é escolher o ego. Isso é tudo. Não há nada mais.

As linhas aqui representam a mesma idéia. É por isso que nós nos tornamos tão interessados
nesse mundo. É fácil cair nessa armadilha, mesmo como um estudante do Curso que ensina que
não há mundo, pois ainda acreditamos que comportamentos externos de alguma forma, significam
alguma coisa. Eles não significam nada em e por si mesmos. Seu significado está apenas em qual
significado damos a ele. O que é importante nunca é algo externo – nada do que corpos façam ou
deixem de fazer -, mas nossa decisão interna de escolher ou o ego e a separação, ou Jesus e a
união. Uma vez que focalizamos nossa atenção fora de nós, e acreditamos que o que fazemos é
importante, útil, curativo, ou amoroso, estamos ficando presos no especialismo, adorando o ídolo
do especialismo. Vamos pensar que estamos servindo uma função de cura ou de amor, mas
realmente é um ídolo de desespero e terror.

Ao adorar os ídolos do especialismo exteriores, estamos adorando não apenas o terror, o


desespero e a culpa, mas todo o sonho, do qual o terror, o desespero e a culpa são só
componentes. Estamos adorando o sonho de que temos o que roubamos de Deus e nunca vamos
devolver, pois agora existimos como indivíduos por conta própria. Nós amamos o terror, o
desespero e a culpa, ou não iríamos senti-los o tempo todo. Nós os amamos porque eles tornam o
pensamento da separação real – o pensamento do julgamento original contra Deus – que torna
real nossa existência separada de Deus. É por isso que temos um investimento tão tremendo em
nossa auto-importância, em sermos um indivíduo único – isso estabelece que o sonho é real. O
estado de terror ou desespero em nossas mentes diz que o sonho é real; a culpa e o pecado são
ambos reais.

(Parágrafo 3 – Sentenças 7-10) O julgamento é uma injustiça para com o Filho de Deus, e é
justiça o fato de que aquele que o julga não escapará da penalidade que infligiu a si próprio dentro
do sonho que fez.
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É importante perceber que todo o sistema de pensamento do ego é real em si mesmo. Ele não é a
realidade, mas, dentro do sonho em si mesmo, ele é muito real. Quando dormimos à noite e
sonhamos, vamos experienciar o sonho como muito real. O mundo todo é um sonho. Como Jesus
explica em outro trecho (e.g., T-18.II.7-14), não existe diferença entre o que chamamos de nossos
sonhos enquanto estamos dormindo, e o que ele se refere como nossos sonhos acordados, como
o que estamos experienciando exatamente nesse momento. Todos são o mesmo – são apenas
expressões diferentes de pensamentos dentro de nossas mentes. Dentro do sonho do ego, o
medo de punição é muito real. Dentro desse sonho, nosso medo de experienciar dano – físico ou
emocional – é muito real. Não somos solicitados, como estudantes do Um Curso em Milagres, a
negar o que são nossas experiências. Somos solicitados, entretanto, a não tornar essas
experiências a realidade. Existe uma diferença crucial entre essas duas abordagens.

Em outras palavras, todos nós experienciamos o medo, e acreditamos que esse medo é devido a
algo externo a nós que nos é imposto. O ego interpreta isso como a ira de Deus que caiu sobre
nós – que é a nossa experiência. Nós podemos não experienciar conscientemente isso como a ira
de Deus, mas certamente experienciamos mesmo o medo como sendo provocado por algo
externo a nós. Lembrem-se, nossos próprios corpos são tão externos às nossas mentes quanto os
corpos de todas as outras pessoas. Mas isso não transforma nada disso em realidade. É aí que as
igrejas cristãs estão enganadas; elas pegaram sua experiência de medo e escreveram uma
teologia sobre ela. Elas disseram que essa é a realidade de Deus: Deus vê nosso pecado como
real, e tem um plano para nos ajudar a expiá-lo, basicamente, um plano de assassinato. O plano
então se torna um plano de sofrimento e sacrifício. Se nós acreditarmos que sacrificando-nos
Deus não vai ficar zangado conosco, então, vamos nos sentir bem sobre o sacrifício. Mas isso não
o transforma na realidade. Nossa experiência é que o sol se levanta e se põe, mas isso não
transforma esse fato em realidade. Na realidade, é a terra girando sobre seu próprio eixo que faz
com que pareça que o sol se move ao redor da terra. E, de fato, é a terra que se move ao redor do
sol. De forma similar, as pessoas podem experienciar o Espírito Santo ou Jesus como fazendo
coisas para elas no mundo, mas isso não significa que eles realmente estão. Não confundam sua
experiência com a realidade. O ego sempre interpreta nossas experiências para construir uma
teologia que serve aos seus propósitos, o que, é claro, é a razão pela qual nós temos a
experiência para início de conversa. Dentro do nosso sonho, sempre que fazemos um julgamento,
estamos afirmando que somos diferentes de Deus; nós nos separamos Dele, pecamos contra Ele
e O roubamos. Nossa culpa sobre isso então exige que não escapemos da penalidade da raiva de
Deus. Esse mundo todo, que é um mundo de mudança e morte, então, permanece com a
testemunha para o fato de que o que o ego tem ensinado é verdadeiro. Se nossa existência, que
nós chamamos de vida, foi no final das contas roubada de Deus, então, quando Deus pegar de
volta a vida que roubamos Dele, vamos ficar sem vida, o que significa que estaremos mortos.
Essa é a interpretação do ego para a nossa morte.

(Parágrafo 3 – Sentença 10) Deus sabe da justiça, não da penalidade.

A justiça de Deus, é claro, não tem nada a ver com a justiça como pensamos sobre ela. A justiça
de Deus afirma que nada aconteceu. Se nada aconteceu, não existe culpa nem punição.
(Parágrafo 3 – Sentenças 10-13) Mas no sonho do julgamento tu atacas e és condenado, e deseja
ser o escravo de ídolos, que se interpõem entre o teu julgamento e a penalidade que ele traz. Mas
nós não somos condenados por Deus. Nós somos condenados pela projeção da nossa própria
culpa, que faz um Deus Que é zangado. Nós então tentamos negar toda a dinâmica, e fazer um
mundo no qual estamos continuamente condenando e julgando outros, enquanto acreditamos que
eles nos condenaram e julgaram primeiro. Mas nosso julgamento está dentro das nossas mentes;
essa é a nossa culpa. Nós a projetamos para fora e fazemos um mundo de ídolos que vão nos
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punir; e realmente pensamos que existe um mundo lá fora que nos afeta. Tudo isso é parte do
sonho, que parece muito real dentro do sonho.

Parte IV

(Parágrafo 4 – Sentença 1) Não pode haver salvação no sonho enquanto o estás sonhando.

Essa é a história do mundo. Ela explica porque cada tentativa de trazer paz tem sido fútil, e tem
falhado. Nós sempre tentamos alcançar a paz dentro da moldura do mundo. Estamos sempre
tentando tornar tudo melhor aqui, quando nada pode ser melhor aqui. Isso é porque, em primeiro
lugar, esse é um mundo de ódio, e, em segundo, não há mundo aqui de qualquer forma. O que
precisa ser melhorada é nossa decisão. Nós escolhemos o ego, o que foi um erro; o desfazer
desse erro é escolher Jesus ou o Espírito Santo. Mas não há nada aqui que pode ser melhorado.
Uma vez que tentemos tornar o mundo melhor, estaremos caindo na armadilha do ego. Por que
iríamos querer tornar o mundo melhor a menos que primeiro acreditássemos que existe algo
errado com ele? E, se acreditamos que existe algo errado com o mundo, então, de forma bem
óbvia, acreditamos que existe um mundo aqui, o que é exatamente o que o ego quer que
acreditemos. Nós precisamos acreditar que existe um mundo aqui, porque essa é nossa defesa
contra o mundo que tornamos real dentro de nós mesmos, e do qual estamos aterrorizados.

(Parágrafo 4 – Sentenças 2-4) Pois os ídolos têm que fazer parte dele, para salvar-te daquilo que
tu acreditas que realizaste e fizeste para fazer de ti mesmo um pecador, apagando a luz dentro de
ti.

O que nós acreditamos ter realizado é o assassinato de Deus, e agora Deus vai nos matar em
retribuição. Todos nós acreditamos que roubamos a luz do Céu, o que significa que destruímos
essa luz. A luz que então acreditamos ser a realidade – o sol e as estrelas – é realmente artificial.
Nós pensamos que existe uma diferença entre a luz do sol e a luz de uma lâmpada – uma é
chamada de natural e a outra de artificial, ou não-natural. Tudo é não-natural. Algumas pessoas
pensam que existe uma diferença entre alimentos naturais e processados, alimentos não-naturais
com química e outros aditivos artificiais. Todos os alimentos são não-naturais porque tudo nesse
mundo é não-natural. Não existe distinção entre níveis de ilusões. Como a primeira lei do caos
afirma, não existe hierarquia de ilusões (T-23.II.1). Todos nós acreditamos que extinguimos a luz.

Nesse ponto, a seção começa a mudar de foco. Jesus vai nos dizer como lidar com esse sonho.

É óbvio que esse sonho de julgamento é tão enorme que parece impossível até mesmo
ultrapassá-lo. E não somos solicitados a ultrapassá-lo por conta própria – e certamente por nada
que nosso ego faça. Tudo o que somos solicitados a fazer, que é inerente ao segundo passo do
julgamento, é olhar para o sonho e vê-lo como ele é. Não somos solicitados a negar o que
experienciamos nesse mundo, seja físico, emocional ou psicológico. Somos solicitados apenas a
iniciarmos o processo de negar que o que experienciamos tenha qualquer poder sobre o Amor e a
paz de Deus dentro de nós. Sobre isso podemos começar a fazer algo.

Nós não temos que experienciar a paz, mas pelo menos temos que perceber por que não a
estamos experienciando. Se não estiver me sentindo pacífico, não é por causa de algo que você
disse ou deixou de me dizer, ou pelo que você fez ou não fez. Se estiver me sentindo fraco e não
estiver me sentindo bem, não é porque algo está errado com meu corpo. É sempre porque algo
está errado com minha mente: eu escolhi o ego ao invés do Espírito Santo. É por isso que, muitas
e muitas vezes, Jesus diz o quanto seu curso é simples. Ele é simples porque tudo é ou
verdadeiro ou falso, e nunca há nada entre essas duas opções. Não existe causa para nada nesse
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mundo exceto minha decisão de torná-lo real. Se estiver feliz, é porque escolhi estar feliz. Se
estiver triste, é porque escolhi estar triste. Como eu me sinto não tem nada a ver com algo
exterior.

O início do desfazer do sistema de pensamento de julgamento do ego é nosso reconhecimento do


que ele é: um sistema de pensamento de julgamento que está nos tornando ou felizes ou
transtornados. Ele não tem nada a ver com qualquer coisa externa; é um sistema de pensamento
que escolhemos. Em outras palavras, nada aconteceu. O problema não é o sonho de julgamento.
O problema é que nós acreditamos no sonho de julgamento. Não há sonho de julgamento. Não há
pecado contra Deus. Deus nem mesmo sabe que algo aconteceu, porque nada aconteceu. Se não
existe pecado contra Deus, não há culpa. A culpa vem apenas do pecado. E não pode haver
medo, porque o medo vem da culpa. Não vai haver pecado em minha mente que eu tenha que
negar ou contra o qual tenha que me defender. E se eu não tenho que negá-lo ou me defender
dele, não preciso de um mundo, porque o único valor a que o mundo serve é como um
esconderijo no qual minha culpa é protegida.

Jesus então diz:

(Parágrafo 4 – Sentenças 4-7) Pequena criança, a luz está aqui. Tu estás apenas sonhando e os
ídolos são brinquedos com os quais sonhas que estás brincando. Quem tem necessidade de
brinquedos a não ser as crianças?

Esse é apenas um trecho entre muitos (e.g., T-11.VIII.7:1; T-12.II.4:6) onde Jesus se dirige a nós
como pequenas crianças. Ele não pensa muito da nossa maturidade; e ele descreve o mundo todo
de ódio, malignidade, assassinato e especialismo como um jogo de pequenas crianças (e.g.,
LE.pI.153.7:8). Isso certamente coloca tudo em um contexto totalmente diferente. Nós pensamos
que nossos problemas e os problemas das pessoas que amamos, e os problemas do mundo em
um contexto mais amplo são todos muito sérios. E, realmente, eles são muito sérios dentro do
sonho.

Mas, quando comparamos o sonho à realidade, percebemos o quanto tudo é trivial. Não é trivial
dentro do sonho – assim como um pesadelo à noite que estamos tendo em nossas mentes não
parece trivial. Apenas quando despertamos, percebemos que inventamos tudo. É trivial apenas
quando olhamos para ele da perspectiva do Amor de Deus. Então, minha ansiedade e inquietude,
meu medo, terror e culpa vêm de não olhar para o sonho no contexto do Amor de Deus, e não de
nada que eu pense estar acontecendo na minha vida.

Todo o propósito do Curso é nos ajudar a entender isso. Se estiver transtornado, não é por causa
do que você está fazendo comigo. Eu me sinto culpado porque, mais uma vez, soltei a mão de
Jesus ou do Espírito Santo e me sinto sozinho. E na minha solidão, eu me sinto aterrorizado que a
ira de Deus vá descer sobre mim e me punir por causa do que eu fiz. É por isso que fico
transtornado. Não tem nada a ver com qualquer coisa que você ou qualquer outra pessoa no
mundo diz, ou com qualquer coisa que esteja acontecendo. É um erro confundir o Curso com
outros sistemas espirituais que ensinam que o Espírito Santo intervém no mundo. Se Ele o
fizesse, estaria caindo no mesmo truque do ego no qual caímos. O Espírito Santo ou Jesus
permanecem dentro de nossas mentes como um farol de luz que simplesmente brilha seu amor,
lembrando-nos de que poderíamos escolher o amor ao invés da escuridão do ego.

Toda a paz, conforto e alegria que queremos são encontrados nesse amor. Tudo o mais que
estamos fazendo é como um jogo com o qual as crianças pequenas brincam. Quando as crianças
brincam – “faz de conta”, como algumas vezes nos referimos a isso -, o que estão fazendo não é
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real. Pode parecer real para elas naquele momento, mas o adulto, olhando para eles, percebe que
não é real. Jesus é o adulto olhando para nosso pequeno chiqueirinho e todos os soldadinhos com
os quais estamos brincando. Um grupo está matando outro, literal ou simbolicamente. Nós
pesamos que é sério, mas Jesus está nos dizendo que não é. É por isso que ele nos chama de
pequenas crianças. Como criancinhas, nós não entendemos a diferença entre aparência e
realidade. Nós caímos na armadilha de pensar que o que fazemos e dizemos, o lugar em que
vivemos, o que acontece no mundo, e assim por diante, são todos muito importantes. Somos
criancinhas que vêem o mundo apenas através das lentes míopes da nossa própria percepção
muito limitada.

Então, novamente;

(Parágrafo 4 – Sentenças 6-11) Quem tem necessidade de brinquedos a não ser as crianças?
Elas fingem que governam o mundo e dão aos seus brinquedos o poder de se locomoverem, de
falarem e de pensarem, de sentirem e de falarem por elas. Entretanto, tudo aquilo que os seus
brinquedos aparentemente fazem está nas mentes das crianças que com eles brincam.

Um tipo de psicoterapia com crianças é terapia de brincadeira, onde a criança recebe bonecas e
outras figuras para atuar o que está dentro da sua mente e ela não pode verbalizar. A criança dá
realidade às figuras, projetando nelas suas questões não resolvidas com pais, irmãos e consigo
mesma. E o que a criança está fazendo não tem nada a ver com as figuras em si mesmas. Ela
está fazendo as figuras atuarem os pensamentos dentro de sua própria mente. Bem, é
exatamente isso que esse mundo todo é. E nós levamos a sério o que parece acontecer no
mundo que acreditamos estar lá fora, para que não entremos em contato com o mundo de
julgamento dentro de nós.

Então, uma parte essencial do processo de Um Curso em Milagres é desenvolver um


relacionamento com Jesus ou com o Espírito Santo. Se nenhum desses dois nomes funcionar
para você, substituam-nos por qualquer outro símbolo que reflita para você uma presença
amorosa, livre do ego, que não é sua, mas, entretanto, está dentro de você. Um relacionamento
pessoal com Jesus ou com o Espírito Santo permite que você comece a se separar do ser e do
mundo que parece estar fora desse ser. Esse processo nos capacita a olhar para o que está
acontecendo e perceber que é apenas um jogo com o qual as crianças brincam. Ele parece muito
real e poderoso enquanto está sendo jogado, mas isso não significa que deixe de ser
simplesmente um jogo com o qual as crianças brincam.

E, novamente:

(Parágrafo 4 – Sentenças 11-14) Mas elas anseiam por esquecer que elas próprias inventaram o
sonho no qual os seus brinquedos são reais, e não reconhecem que os desejos que eles têm são
os seus próprios.

As crianças ficam muito envolvidas e identificadas com seus jogos de faz de conta, esquecendo-
se de que foi tudo inventado. Mas é exatamente isso o que todos nós fazemos. Nós apenas
agimos como criancinhas. É ridículo que pensemos ser adultos. Fisicamente, podemos ser, mas
certamente não somos adultos de um ponto de vista espiritual. Nós inventamos tudo isso, e então
nos esquecemos que o fizemos. Se nós nos percebemos ficando transtornados por causa de uma
nova história, ou algo em nossos mundos pessoais, como estudantes desse Curso nós
certamente não queremos lutar contra ou negar o que estamos sentindo. Nós deveríamos apenas
dar um passo atrás e olhar com Jesus ou com o Espírito Santo, e observar a nós mesmos ficando
transtornados por algo que acreditamos estar fora de nós.
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Agora, novamente, não estamos falando simplesmente sobre observar o que nossos olhos vêem.
Estamos falando sobre observar nossa reação a isso – nossa interpretação do que nossos olhos
vêem – e perceber que o que estamos vendo fora e acreditamos ser real e ter um efeito sobre nós
não é nada mais do que uma projeção de um pensamento que não queremos ver em nós
mesmos. Isso é tudo o que fazemos. Nós não lutamos contra o pensamento ou tentamos mudá-lo.
Nós simplesmente temos que olhar para ele. Mas temos que olhar para ele com honestidade. E a
honestidade diz que se eu estou sentindo algo – se estou irritado, transtornado, amedrontado,
culpado ou em dor – não é por causa de algo fora da minha mente. É por causa de uma decisão
que minha mente tomou, de ver a mim mesmo, mais uma vez, como separado do Amor de Deus.
E o que estou sentindo é o efeito dessa decisão: a culpa, o medo, o sofrimento e a dor, que
automaticamente vêm de acreditar que eu pequei. Isso é tudo o que eu tenho que fazer. Só
preciso perceber que isso não é o que eu pensei que fosse.

Parte V

“A visão da impecabilidade” (T-20.VIII)

Vamos passar agora para o parágrafo 7 de “A visão da impecabilidade”.

(Parágrafo 7 – Sentenças 1-2) O julgamento não passa de um brinquedo, um capricho, o meio


sem significado de jogar o jogo vão da morte em tua imaginação.

Esse mundo todo é parte da nossa imaginação. Ele não tem base na realidade. Mantenham em
mente que quando fizemos o julgamento original, pensamos que era qualquer coisa menos um
brinquedo. Pensamos que era muito, muito sério. Esse foi um julgamento que disse que nós nos
voltamos contra Deus e O roubamos, que destruímos Deus, Cristo e a unidade do Céu. Isso
dificilmente parece com um brinquedo! Estamos dizendo que nossa mente é extremamente
poderosa. Vejam o que ela alcança: o impossível. Esse é o julgamento original, e é expresso
vezes sem conta em tudo o que acontece no mundo, sem exceção. Tudo parece tão pesado, tão
importante, tão real, tão valioso, tão maligno e destrutivo, tão maravilhoso, etc. E tudo isso vem do
julgamento original de que eu fiz uma coisa terrível a Deus. O outro lado é: “Mas isso não é
maravilhoso? Eu agora tenho minha própria individualidade; eu sou único e muito importante”. E, é
claro, eu roubei tudo isso de Deus, o que significa que o lado inferior desse senso de
maravilhamento e alegria é o terror. Mas a verdade é que tudo isso é um brinquedo. Nada
aconteceu. Eu apenas pensei que tinha roubado Deus. Eu apenas pensei que O tinha destruído.
Eu apenas pensei que destruí Jesus na cruz. Nada aconteceu. Toda a coisa foi inventada.

(Parágrafo 7 – Sentenças 3-4) Mas a visão corrige todas as coisas, trazendo-as gentilmente para
o controle benigno das leis do Céu.

A visão acontece quando olhamos com Jesus para todos os nossos terríveis julgamentos – os
terríveis julgamentos que fiz sobre você e sobre mim mesmo, pois é claro que eles são um e o
mesmo. Eu olho com Jesus para eles e digo, “Isso é só um brinquedo. Isso não tem efeito no
Amor de Cristo nem em você nem em mim. Isso não tem efeito no amor de Jesus por mim”. Em
outras palavras, nada aconteceu. É isso o que a visão nos diz.

(Parágrafo 7 – Sentenças 4-6) O que aconteceria se reconhecesses que esse mundo é uma
alucinação? O que aconteceria se compreendesses realmente que o inventaste?
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Jesus quer dizer essas palavras muito literalmente. E alucinação, do ponto de vista clínico, refere-
se a ver, ouvir ou cheirar algo que não está lá. Jesus está nos dizendo que o mundo todo é uma
alucinação – estamos literalmente vendo algo que não está lá. O mundo é simplesmente uma
projeção de um pensamento em nossa mente que, em si mesmo, não está lá. O mundo que
percebemos e experienciamos é um mundo de separação, diferenças e julgamento. Pelo fato de
as idéias não deixarem sua fonte em nossa mente, o mundo simplesmente reflete o pensamento
de julgamento, a percepção de diferenças em nossa mente. Mas esse pensamento também não
existe, porque na verdade, nunca deixamos a casa do Pai.

(Parágrafo 7 – Sentenças 6-10) O que aconteceria se te desses conta de que aqueles que
parecem perambular sobre ele [o mundo], para pecar e morrer, atacar e assassinar e destruir a si
mesmos são totalmente irreais? Poderias ter fé no que vês, se aceitasses isso? E queres ver
isso?

A resposta, é claro, é que temos medo de perceber que esse mundo é uma alucinação, que foi
tudo inventado, e, portanto, não o vemos dessa forma. Temos medo de ver que foi tudo inventado
porque então o mundo aparentemente externo não tem mais valor como uma defesa. Se eu
acreditar que o mundo é real, não tenho que olhar para minha mente. Se eu perceber que o
mundo é inventado, então, entendo que o que estou percebendo fora é uma projeção do que está
dentro da minha mente. E isso significa que preciso olhar para dentro, para o terrível pensamento
do julgamento. E eu não quero fazer isso.

(Parágrafo 8 – Sentenças 1-2) As alucinações desaparecem quando são reconhecidas pelo que
são. Essa é a cura e o remédio.

Esse é realmente o ponto crucial do segundo passo do julgamento, e eu gostaria de passar alguns
minutos discutindo-o. Se eu reconhecer que o que estou percebendo foi inventado, ele perde seu
valor como uma defesa, o que significa que ele desaparece, pois não preciso mais dele. O mundo
continua a existir para nós apenas porque temos uma necessidade de nos proteger contra a culpa
do julgamento original. Esse é o propósito do mundo. Se eu agora perceber que não há mundo lá
fora, e tudo o que estou vendo foi inventado, então, explodi o mito da defesa, o que significa que a
defesa desaparece.

Então, “as alucinações desaparecem quando são reconhecidas pelo que são”. Em outras
palavras, eu tenho que olhar para elas. Sempre voltamos a isso. Eu olho para o fato de que estou
ficando irritado, que estou ficando ansioso, que estou furioso, que estou com uma dor excruciante,
que estou em êxtase, que mal posso esperar que algo aconteça. Não importa se isso é positivo ou
negativo; eu busco algo que acredito que vai me trazer prazer, ou temo algo que acredito que vai
me trazer dor. Eu só tenho que perceber que estou inventando isso. Não tenho que parar de
acreditar nisso, de temê-lo, ou de ficar excitado em relação a isso. Eu simplesmente tenho que
saber o que fiz. Isso é tudo o que a “pequena disponibilidade” está nos pedindo. Ela não está nos
pedindo para liberar a coisa toda – nós estamos aterrorizados demais.

É por isso que no Curso, com muito poucas exceções (e.g., T-5.II.3:10; MP-17.8:4), Jesus nos
pede para ter uma pequena disponibilidade. A pequena disponibilidade é simplesmente a
disponibilidade de começar o processo de dar um passo atrás e olhar; o que automaticamente
significa dar um passo atrás com Jesus – o ego nunca iria nos deixar olhar para ele mesmo sem
julgamento. Se estiver olhando para o meu ego sem julgamento, preciso estar olhando com Jesus,
o que significa que estou olhando para ele e dizendo, “É isso o que estou fazendo. Estou sendo
teimoso e resistente. Estou me agarrando a isso porque estou com medo do Amor de Deus. Eu
iria preferir matar você do que deixar Deus me matar. Eu iria preferir indulgir comigo mesmo em
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todo o meu especialismo ao invés de ter a paz de Deus”. Pelo menos eu sei que é isso o que
estou fazendo. Eu não tenho que mudar isso, porque se sentir que tenho que mudá-lo, então, o
tornei real. Se você sequer acreditar que Jesus (ou o Espírito Santo) o está forçando a fazer algo,
então, não será Jesus. É o Jesus do seu ego. Jesus nunca iria forçá-lo a fazer nada, porque ele
sabe que não há nada que tenha que ser feito. Tudo o que ele faz, por sua própria presença em
nossas mentes, é gentilmente nos lembrar de que poderíamos olhar para o que está acontecendo
de forma diferente. Nós não temos que olhar para isso de forma diferente, apenas reconhecer que
existe outra forma de olhar para isso. Nós podemos não escolhê-la logo de início, mas reconhecer
que existe uma forma diferente é a cura e o remédio.

(Parágrafo 8 – Sentenças 2-3) Não acredites nelas [não acredite nas alucinações] e
desaparecerão.

Isso é um processo. Eu posso acreditar intelectualmente que isso são alucinações, mas uma parte
de mim ainda se agarra a elas. Então, eu olho para elas e percebo que sim, eu entendo que tudo
isso foi inventado. Sim, eu entendo que nunca estou transtornado pela razão que imagino. E, no
entanto, ainda quero me agarrar a esse especialismo, a essa mágoa, a essa depressão e dor –
porque estou com mais medo do que elas ocultam: o Amor e a paz de Deus. É disso que estou
com medo, mas pelo menos agora sei disso.

Aqui está a próxima linha muito importante:

(Parágrafo 8 – Sentenças 3-4) E tudo o que precisas fazer é reconhecer que foste tu que fizeste
tudo isso.

Jesus não diz que tudo o que você tem que fazer é desistir disso, ou mudá-lo, ou defendê-lo, ou
lutar contra ele. Ele diz “tudo o que tens que fazer é reconhecer que foste tu que fizeste tudo isso”.

(Parágrafo 8 – Sentenças 4-7) Uma vez que tiveres aceito esse simples fato e tomado a ti o poder
que lhes deste, estás liberado em relação a elas. Uma coisa é certa: as alucinações servem a um
propósito e quando esse propósito já não se mantém, elas desaparecem.

O propósito a que a alucinação serve é me proteger do Amor de Deus. Mas se puder começar a
perceber que o amor de Jesus está totalmente presente dentro de mim, ainda que eu tenha medo
dele, e que meu único problema é que continuo empurrando-o para longe, então, não preciso mais
me defender contra ele. Não tenho mais que acreditar que o problema é externo a mim porque
agora sei que ele é interno. Talvez eu ainda esteja com medo da solução. Talvez ainda sinta medo
do amor, mas agora pelo menos entendo do que tenho medo. Não tenho medo de você. Não
tenho medo de ficar velho e morrer. Não tenho medo de não ter dinheiro suficiente. Não tenho
medo de pegar AIDS. Não tenho medo de que outra guerra estoure. Não tenho medo de uma
recessão. Tenho medo do Amor de Deus, e não chamo meu medo por outro nome. Eu sei que ele
é o que é. Eu ainda posso escolher manter Jesus distante, mas pelo menos agora sei o que estou
fazendo.

(Parágrafo 8 – Sentenças 7-9) Portanto, a questão nunca é saber se tu as queres, mas sempre,
queres o propósito ao qual elas servem?

Isso é extremamente importante. A questão nunca é todos os ídolos, todas as formas que a
alucinação assume. O problema é que eu quero o propósito ao qual elas servem. Eu quero manter
o Amor de Deus longe de mim. É disso que tenho medo, porque, na presença do Amor de Deus,
vou desaparecer como um indivíduo separado. Novamente, nós não desaparecemos de uma vez:
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“Não tenhas medo de ser abruptamente erguido e jogado na realidade” (T-15.VI.8:1-2). Antes de
desaparecer totalmente, o que desaparece é minha ansiedade, culpa, depressão, dor, etc. – todas
as coisas negativas que estou sentindo. E o que toma seu lugar são o Amor e a paz de Deus, que
eu experiencio dentro do ser separado que acredito que sou. Mas agora pelo menos eu sei a
diferença entre a realidade e a ilusão. Isso significa que estou começando a crescer; não uso mais
fraldas.

É isso o que é esse passo no processo: eu simplesmente entendo o problema real e o chamo pelo
seu nome apropriado. O problema não é nada externo. Seu nome apropriado é meu medo do
Amor de Deus. Agora estou ciente do quanto usei o mundo e todos em meu mundo pessoal, e
todo o meu especialismo para resistir e me defender contra esse Amor. Se eu puder começar a
olhar para o que tenho feito com o amor de Jesus ao meu lado, então, começo a entender que o
amor não me condena ou me pune. Se eu puder experimentar olhar para o quanto tenho sentido
ódio em relação a Jesus, e portanto, o quanto tenho sido odioso com todas as outras pessoas, e
se eu puder olhar para isso com seu amor ao meu lado – um amor que não está me julgando pelo
ódio -, posso começar a entender que “o julgamento não passa de um brinquedo, de um capricho”.
Ele não é a realidade. É por isso que é tão importante olhar com Jesus ou com o Espírito Santo.

(Parágrafo 8 – Sentenças 9-12) Esse mundo parece oferecer muitos propósitos, cada um diferente
e com valores diferentes. No entanto, todos são o mesmo. Mais uma vez, não há nenhuma ordem,
apenas uma aparente hierarquia de valores.

O único propósito ao qual tudo no mundo serve é manter o Amor de Deus distante – não há ordem
dentro disso.

Parte VI

“O sonho que perdoa” (T-29.IX)

Vamos voltar ao “O sonho que perdoa”, começando com o parágrafo 5.

(Parágrafo 5 – Sentenças 1-6) Pesadelos são sonhos de crianças. Os brinquedos se voltaram


contra a criança que pensou tê-los feito reais. No entanto, é possível um sonho atacar? Ou é
possível um brinquedo crescer e tornar-se perigoso, ameaçador e selvagem? Nisso a criança
acredita, porque tem medo de seus pensamentos e os atribui aos brinquedos em vez de a si
mesma.

Aqui, assim como em outros trechos no Curso, Jesus fala especificamente sobre o que as
crianças pequenas fazem, mas então, pega esse exemplo e o generaliza para todos nós. Uma
criança tem muita culpa e medo. Uma criança adormecida que é subitamente despertada por um
som fora da sua janela, pode pensar que um homem mau vai machucá-la ou matá-la. Mas é
realmente só o vento sussurrando nas árvores. Mas sua culpa, e pensamentos amedrontadores,
agora têm uma realidade fora dela, porque ela primeiro os tornou reais para si mesma. Ela
primeiro acredita que é culpada e amedrontada, o que significa que acredita que merece ser
punida. Ela então projeta isso para fora e pega um estímulo neutro – o vento sussurrando nas
árvores – e o traduz em um homem que vai invadir seu quarto e matá-la. Entretanto, é exatamente
isso o que todos nós fazemos. A criança “tem medo de seus pensamentos e os atribui aos
brinquedos em vez de a si mesma”. Nós acreditamos que somos um pensamento amedrontador,
que somos o pensamento que matou Deus. Agora, nós não temos que entrar em contato com
esse pensamento ontológico original de destruir Deus, porque estamos em contato com ele o
tempo todo de várias formas específicas. Em qualquer momento em que eu tenho um pensamento
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negativo sobre mim mesmo, em qualquer nível, isso é uma expressão da culpa original. Qualquer
medo ou ansiedade que atribuo a algo fora de mim está vindo do medo original de que Deus vai
me punir. E esse pensamento vem da idéia de que nós tornamos o pensamento da separação, o
pensamento original de julgamento, real e poderoso. Uma vez que tornamos esse pensamento
real e demos realidade a ele, nós o projetamos no mundo.

(Parágrafo 5 – Sentenças 6-7) E a realidade deles [a realidade dos brinquedos] vem a ser a sua
realidade, porque parecem salvá-la de seus pensamentos.

Os brinquedos seriam qualquer coisa no mundo a que damos importância. Estamos voltando
agora, novamente, ao propósito de todos os ídolos: especialismo. Parece que eu tenho medo de
algo fora de mim. Na realidade, eu amo o que é amedrontador fora de mim, porque prefiro lidar
com o medo de algo fora de mim, do que com o medo de Deus dentro de mim. Parece que
sempre existe algo que eu posso fazer com o medo fora de mim, mas não há nada que eu possa
fazer para escapar da presença furiosa, vingativa, maníaca de Deus dentro de mim. E, então, nós
negamos o medo interno e o colocamos para fora de nós. E, novamente, esse é o propósito dos
brinquedos externos: eles parecem nos salvar do pensamento interno. Eu prefiro odiar você e
acreditar que você está conspirando contra mim, do que entrar em contato com o horror
subjacente de que Deus está conspirando contra mim.

(Parágrafo 5 – Sentenças 7-10) Contudo, eles mantêm os seus pensamentos vivos e reais, só que
vistos fora dela, onde podem voltar-se contra ela, pela traição que ela faz a eles.

Essa é a mesma idéia que está expressa antes, no texto, em “Os dois retratos”, na importante
afirmação, “defesas fazem exatamente aquilo do qual pretendem defender” (T-17.IV.7:1-2). O
propósito de qualquer defesa é nos proteger do nosso medo, de qualquer coisa da qual sintamos
medo. Mas quanto mais acreditamos que precisamos de uma defesa, nos identificamos com ela, e
temos um investimento nela, mais estamos dizendo que algo dentro de nós é vulnerável e merece
ser punido. Então, “defesas fazem exatamente aquilo do qual pretendem defender”. Supõe-se que
elas deveriam nos proteger do nosso medo, mas, ao invés disso, elas nos tornam ainda mais
amedrontados. Essa linha expressa o mesmo princípio.

Quanto mais eu acredito que existem coisas fora de mim que podem me dar prazer ou dor, mais
reais estou tornando os pensamentos que deram origem a elas. A única razão pela qual eu
preciso de ídolos externos – ídolos de prazer ou de dor – é para me proteger do pensamento de
julgamento. O fato de eu ter esses ídolos fora de mim está me dizendo que eu tenho um
pensamento de julgamento que estou protegendo. E eu vejo os ídolos fora de mim se voltando
contra mim, em punição pela traição que acredito ter feito a eles. Bem profundamente dentro de
mim, acredito que sou um assassino. Minha própria existência aqui como um ser separado,
individual, está dizendo que eu matei Deus. E não apenas eu matei Deus, mas peguei aquele
pensamento de assassinato, o dividi, o fragmentei, e agora acredito que vou matar todas as outras
pessoas. É assim que o especialismo funciona. Eu quero meu parceiro especial, meu amor
especial, meu objeto especial – e vou matar qualquer um que fique no caminho. E, é claro, todos
ficam no caminho porque todos querem o mesmo especialismo que eu. Então, estou sempre em
um estado de guerra. Esse mundo é um campo de batalha perpétuo do especialismo. Eu acredito
que todos lá fora vão fazer a mim o que eu secretamente acredito que fiz a eles. Eu secretamente
acredito que sou um assassino, mas agora projeto isso para fora e acredito que todos os outros
vão me matar.

(Parágrafo 5 – Sentenças 10-12) Ela pensa que necessita deles para poder escapar dos próprios
pensamentos porque pensa que os seus pensamentos são reais.
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Cada um de nós é a criança, pensando que precisamos desses ídolos do especialismo. Nós
pensamos que nossos pensamentos são reais, e que temos que escapar deles. E esse é o
propósito do mundo. Nós podemos dizer que ainda somos escravos do nosso especialismo
simplesmente por percebermos o quanto estamos interessados em certas coisas do mundo. A
idéia, entretanto, não é negar todos os nossos julgamentos e especialismo. Ao invés disso,
queremos olhar para eles. Jesus não está pedindo a nenhum de nós para abrirmos mão da nossa
ganância e dos nossos ídolos de especialismo: nossos amigos e todas as coisas externas de que
pensamos precisar. Nós somos solicitados apenas a olhar para eles pelo que são.

É claro, estamos aterrorizados de fazer até mesmo isso. E, então, todos entendem mal o que o
Curso está dizendo, ainda que ele realmente seja muito claro. Nós sabemos, em algum nível, que
se realmente olharmos com Jesus para o nosso especialismo, ele não vai tirá-lo de nós – nós
vamos liberá-lo. A parte de nós que ainda está identificada com o especialismo não quer deixá-lo
ir. Se olhar para as diversas formas do nosso especialismo é a forma de liberá-las, então, é óbvio:
para mantê-las, não olhem para elas! E, se o único papel do Espírito Santo é olhar conosco para
nosso especialismo, então, para negar a Ele esse papel, nós simplesmente temos que acreditar
que ele faz coisas para nós no mundo. É por isso que as pessoas compreendem mal os
ensinamentos do Curso, e têm um investimento tão insano em acreditar que o Espírito Santo faz
coisas para elas no mundo. Se nós percebermos que Seu propósito não é nos dar vagas para
estacionar, ou curar nossos corpos, ou encontrar novos amantes para nós, ou nos dar mil dólares,
mas, ao invés disso, estar dentro de nossas mentes para que possamos nos unir a Ele e olhar
para nosso ego, então, toda nossa culpa e especialismo vão desaparecer. E, para que eles não
desapareçam, nós dizemos, “Não, não é isso o que o Espírito Santo faz. Ele faz coisas no
mundo”.

(Parágrafo 5 – Sentenças 12-14) E assim ela faz de qualquer coisa um brinquedo, para fazer com
que o seu mundo permaneça fora dela e brincar de ser apenas uma parte dele.

Uma criança sentada sozinha, que tenha qualquer tipo de ingenuidade, pode fazer uma
brincadeira de qualquer coisa. Ela simplesmente pega algo e começa a brincar com ele, o que
significa que ela projeta um significado sobre ele. E é isso o que todos nós fazemos. Nós
transformamos qualquer coisa em um ídolo do especialismo. O livro de exercícios diz, “Outro pode
ser encontrado” (LE-pI.170.8:7). Se isso não funcionar, encontraremos outro e outro – qualquer
coisa para ocupar minha mente e distraí-la do lugar onde o problema e a resposta realmente
estão: na minha mente. Todos nós acreditamos que o mundo está fora de nós e que nós
brincamos dentro dele. Eu venho para ele, eu brinco com ele enquanto estou aqui, e, então, eu o
deixo quando morro, e ele permanece para a próxima criança vir brincar.

(Parágrafo 6 – Sentenças 1-2) Há uma época em que a infância deveria passar e acabar para
sempre.

Isso foi retirado de uma afirmação de São Paulo (1 Coríntios 13:11). Jesus está dizendo, “Você
não tem que permanecer uma criancinha mais. Segure minha mão e me deixe ensinar você a
olhar para o mundo como eu lhe digo que ele é. E, se você me deixar mostrar a você como olhar
para o seu ego – como algo que não deve ser temido – então, você gradualmente vai crescer e se
tornar como eu”. Uma criança aprende a crescer identificando-se com os adultos. Nós dizemos
que se uma criança não tiver bons modelos, não vai crescer direito. A idéia é encontrar um modelo
que vai nos ajudar a nos transformamos em adultos maduros.

Então, Jesus está nos dizendo, “Eu sou esse modelo para você. Segure minha mão e me deixe
ensiná-lo, e cresça comigo. Eu vou ajudá-lo a crescer. Eu vou ajudá-lo a olhar para tudo em seu
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mundo como simplesmente uma parte de um jogo de criança, ainda que pareça tão real e terrível.
Se você pensar que é real e terrível, é porque soltou minha mão e não está mais aprendendo de
mim. Você está acreditando que sabe por si mesmo”. Essa é a arrogância do ego. Nós pensamos
que entendemos o que está acontecendo. A verdade é que nós não entendemos nada.

Aqui está alguém que nos dá um livro e permanece para ensiná-lo a nós, para nos ajudar a
aprender. Nós queremos ficar conscientes de que sempre que criarmos um grande caso por nada
soltamos sua mão outra vez. Jesus nunca vai nos dizer que algo seja uma grande coisa. Ele nem
mesmo pensa que é uma grande coisa. A única grande coisa é Deus. Mas, uma vez que Ele é a
única coisa que importa na cidade, Ele não é uma grande coisa, porque grande implica em um
contraste. Nada nesse mundo é grande coisa. Então, sempre que você se vir tentado a fazer um
julgamento desses, saiba que se esqueceu de quem é o seu professor. E não é que você
realmente tenha esquecido quem ele é – você o afastou porque está com medo demais.

(Parágrafo 6 – Sentenças 2-5) Não busques reter os brinquedos das crianças. Põe todos de lado,
pois já não necessitas deles. O sonho do julgamento é um jogo de criança, no qual a criança vem
a ser o pai, poderoso, mas com o pouco juízo de uma criança.

Isso descreve o que acreditamos ter feito a Deus; nós acreditamos que agora somos o pai. Muitos
textos na literatura do mundo exaltam a grande sabedoria de uma criança. Mas essa não é a visão
de Jesus. Ele não é muito generoso com as crianças. Ele pensa que as crianças não entendem
coisa alguma. É por isso que ele usa isso como uma imagem. As crianças não são puras e
inocentes. Elas são tolas – elas têm pouca sabedoria. E é isso o que ele está dizendo sobre nós –
não que somos maus ou pecadores, mas apenas que não compreendemos. Nossa arrogância é
pensar que o fazemos.

(Parágrafo 6 – Sentenças 5-6) O que a fere é destruído; o que a ajuda, abençoado.

Isso, em resumo, é o amor especial e o ódio especial. Seja o que for que acreditemos que nos
fere, o que é claro é uma projeção da nossa própria necessidade de ferir, nós vamos destruir –
física ou verbalmente, ou dentro de nossas mentes. Ou nós fazemos isso jogando as pessoas
umas contra as outras. Qualquer coisa que acreditemos que nos ajuda – em outras palavras,
ajuda nosso ego – sentimos ser abençoada. Isso é amor especial.

(Parágrafo 6 – Sentenças 6-7) Mas isso é julgado do mesmo modo como julga uma criança, que
não sabe o que fere e o que irá curar.

Esse é outro ponto principal no Curso. Muitas e muitas vezes, Jesus tenta nos convencer de que
não entendemos coisa alguma. Nós confundimos dor com alegria, ele nos diz (T-7.X). Nós
confundimos prisão com liberdade (T-8.II), e avanço com retrocesso (T-18.V.1:6). Nós não
entendemos coisa alguma. Nós não sabemos quais são nossos melhores interesses (Le-pI.23). O
que pensamos que vai nos ajudar, o que é a indulgência do nosso especialismo, vai realmente
nos ferir. E nós pensamos que não conseguir o que queremos vai nos ferir, mas isso realmente vai
nos ajudar.

(Parágrafo 6 – Sentenças 7-9) E coisas ruins parecem acontecer e ela tem medo de todo o caos
em um mundo que pensa que é governado pelas leis que ela mesma fez.

Coisas ruins parecem acontecer, e nós esquecemos que fomos nós que inventamos tudo. Na
realidade, nada está acontecendo.
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Parte VII

“O sonho que perdoa” (conclusão)

Estamos prontos para o terceiro passo do julgamento, mas deixem-me resumir brevemente antes
de continuarmos. O primeiro tipo de julgamento é o sonho de julgamento do ego, que é sempre
baseado em diferenças e ataque. O segundo julgamento é ser capaz de olhar para o primeiro sem
julgá-lo – ser capaz de olhar para toda a feiúra do nosso ego – toda a malignidade, falta de
gentileza, ódio, assassinato e canibalismo – e então, dizer que isso é simplesmente um brinquedo.
Olhar para ele implica entender o propósito a que esses sonhos de julgamento servem. Nós temos
pensamentos rudes, julgadores e odiosos porque estamos aterrorizados do Amor de Deus. É a
presença de Jesus em nossas mentes que está nos deixando malucos, e, para nos defendermos
contra essa presença amorosa, nós fazemos ídolos de especialismo e, então, nos sentimos ainda
mais culpados. Portanto, nessa segunda forma de julgamento, que é realmente olhar para o
julgamento do ego, nós percebemos que o julgamento é um brinquedo com a qual a mente de
uma criança brinca. Nós julgamos porque estamos com medo do pensamento real de amor dentro
de nós. Nós substituímos esse pensamento real de amor pelo pensamento de culpa e pelo
pensamento de julgamento, e então os projetamos para fora, e os vemos nos outros.

Nós precisamos apenas olhar para esse processo, não com o objetivo de mudá-lo, mas
simplesmente com o objetivo de olhar para ele através da visão de Cristo. Ao olhar para ele
através dos olhos de Jesus, percebemos que isso é simplesmente um jogo tolo de criança que
nós inventamos porque temos medo do pensamento de ódio em nossas mentes. Mas esse
pensamento de ódio é uma defesa contra o pensamento de amor, o que significa que não somos
desprezíveis pecadores; estamos simplesmente amedrontados. Temos medo do amor de Jesus.
Entretanto, isso é tudo o que temos que fazer. Uma vez que façamos isso completamente e sem
nenhuma reserva, então vamos nos encontrar no mundo real, o que é o que vamos discutir agora,
conforme continuarmos com “O sonho que perdoa”.

No mundo real, eu olho para toda a minha culpa sem culpa, e para todo o meu ódio sem ódio, o
que significa que a culpa e o ódio vão desaparecer. Se eu olhar para a culpa e para o ódio com
Jesus ao meu lado, não me julgarei mais por tê-lo empurrado para longe, e por tê-lo abandonado,
então, minha única realidade será sua presença unida à minha, minha presença unida à dele. E,
nesse amor unido, vou olhar para um mundo diferente – não um que tenha mudado fisicamente,
mas um que vou ver de forma diferente porque eu mudei. Eu agora vou olhar para o que o Curso
se refere como o mundo real, que não tem nada a ver com o que parece ser externo. É
simplesmente o julgamento que eu fiz sobre mim mesmo que diz que eu não fiz nada errado.
Como Jesus diz, antes, no Curso, “Filho de Deus, tu não pecaste, mas tens estado muito
equivocado” (T-10.V.6:1-2). E, então, eu percebo que não fiz nada pecaminoso. Eu simplesmente
estou equivocado, e o equívoco é acreditar que eu poderia ser separado de Deus. Agora eu
percebo que não sou separado. E, ao me unir com Jesus, a verdade dessa realização se torna
realidade para mim. Dessa presença de amor dentro de mim, eu agora olho para o mundo e tudo
o que vejo são expressões de amor ou pedidos de amor. Existe só o amor dentro de mim, e,
assim, isso é tudo o que posso ver fora de mim.

(Parágrafo 6 – Sentenças 10-12) No entanto, o mundo real não é afetado pelo mundo que ela
pensa que é real. Tampouco as suas leis foram mudadas porque ela não as compreende.

Minha falha em entender o que o amor é não muda o amor. Meus ataques ao amor não o
modificam. O amor simplesmente espera pacientemente dentro da minha mente até que eu
retorne a ele.
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(Parágrafo 7 – Sentença 1) O mundo real ainda é apenas um sonho.

É por isso que esse terceiro passo no julgamento não é o último. O quarto e último passo é o fim
total do sonho. No mundo real, ainda estamos dentro do sonho, mas estamos totalmente
conscientes de que isso é um sonho. E, portanto, como poderíamos ficar zangados com o sonho
de outra pessoa? Nós não ficamos zangados com algo que sabemos que não é real. Nós apenas
ficamos zangados com algo que acreditamos ter poder sobre nós. É por isso que Jesus não ficou
zangado no fim da sua vida, e porque ele não tinha medo ou culpa, e, acima de tudo, nenhuma
dor. Ele sabia que nada estava acontecendo a ele. Ele sabia que não era seu corpo.

(Parágrafo 7 – Sentenças 1-2) O mundo real ainda é apenas um sonho. Mas as figuras mudaram.
Elas não são vistas como ídolos que traem.

Isso não significa que as figuras mudam fisicamente. Elas mudam em termos do que representam.
Portanto, eu vejo você como um inimigo somente porque primeiro vi a mim mesmo como um
inimigo: eu acredito que fui eu que traí e destruí o Amor de Deus. Mas, se eu agora sinto o amor
de Jesus dentro de mim, não vou mais ver a mim mesmo como um inimigo. Se eu sinto seu amor
dentro de mim, então, sei que não matei o amor. E, se eu não o matei, não existe pecado, nem
culpa, e nem necessidade de me proteger, projetando a culpa para fora da minha mente. Então,
agora eu olho para a mesma pessoa que está enfiando um prego no meu corpo, mas não a vejo
mais como se estivesse me traindo. Eu a vejo como um irmão em Cristo que está amedrontado. E,
na insanidade do seu medo, ela acredita que fica mais segura se me destruir. Era assim que
Jesus percebia.

(Parágrafo 7 – Sentenças 2-5) É um sonho [o mundo real] no qual ninguém é usado para substituir
alguma outra coisa, nem interposto entre os pensamentos que a mente concebe e aquilo que ela
vê.

Eu não preciso mais que você seja uma defesa contra esses pensamentos de julgamento em
minha mente, ou que fique entre mim e a vingança de Deus. Projetando minha culpa e julgando
você, meu ego espera que, quando Deus vier atrás do pecador que O roubou, Ele não vai ver o
pecador em mim, Ele vai vê-lo em você. Então, estou a salvo, pois agora Deus vai pegar você ao
invés de mim. Mas, uma vez que a culpa se vai, eu não preciso mais dessa defesa.

(Parágrafo 7 – Sentenças 5-6) Ninguém é usado como algo que não é, pois as coisas infantis
foram todas postas de lado.

Eu estou usando você como uma parte do meu sonho, e, por meio disso, negando Quem você é
como Cristo, estou negando sua realidade porque estou vendo você como eu quero que seja. Pelo
fato de primeiro negar minha realidade como Cristo e ver a mim mesmo como um pecador, um
ego culpado, preciso então negar sua realidade como Cristo e vê-lo como um ego culpado,
pecador. A maneira com que vejo a mim mesmo automaticamente se torna a maneira com que
vejo você – não poderia ser de outra forma. O único valor do mundo é que ele me mostra que o
que estou vendo fora é uma projeção do que está dentro. Se eu quero saber qual mão segurei – a
de Jesus ou a do ego -, só tenho que observar como experiencio o mundo. E, se algo no mundo
perturba minha paz, ou me traz paz, sei que soltei a mão de Jesus e segurei a do ego.

(Parágrafo 7 – Sentenças 6-8) E o que uma vez foi um sonho de julgamento, agora mudou e veio
a ser um sonho no qual tudo é alegria, porque esse é o propósito que ele tem.
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Isso não significa necessariamente que o mundo muda. Não estamos falando sobre uma mudança
externa. O mundo externo de Jesus certamente não mudou para melhor no final. Estamos falando
sobre o propósito que damos ao mundo, mudando do julgamento e da culpa para a alegria e a
paz. Nossa percepção do mundo então vai mudar de acordo – ela tem que mudar.

(Parágrafo 7 – Sentenças 8-9) Só sonhos que perdoam podem entrar aqui, pois o tempo está
quase no fim.

O tempo não terminou completamente porque não estamos no fim da ilusão, mas estamos no fim
do uso que o ego faz da ilusão. E, portanto, também estamos no fim de toda ansiedade, medo e
dor.

(Parágrafo 7 – Sentenças 9-10) E as formas que entram no sonho são agora percebidas como
irmãos, não em julgamento, mas em amor.

Novamente, nada externo muda. Apenas o que é interno muda. E, pelo fato da minha mente
mudar, agora se identificando com o amor de Jesus ao invés de com o ódio do ego, eu
automaticamente vejo todos banhados por esse amor. Mas, pelo fato de ainda ser uma parte do
sonho do mundo e da mente dividida, vou perceber que tudo dentro da mente é ou um
pensamento de amor ou um pensamento de medo. E, então, vou reconhecer que qualquer coisa
que você faça que possa parecer um ataque e não-amorosa está vindo do medo, e não é
realmente um ataque. Em outras palavras, dentro da mente dividida, existem apenas
pensamentos de medo e pensamentos de amor. O ego interpreta pensamentos de medo como
pensamentos de especialismo, ataque, assassinato e canibalismo. Mas, na minha mente certa, eu
os percebo como simplesmente expressões de medo. E o medo é realmente o medo do Amor de
Deus que tem sido negado pelo sistema de pensamento de separação e culpa do ego. Isso é tudo
então o que estarei vendo. As imagens podem ser exatamente as mesmas, as formas do sonho
podem ser exatamente as mesmas, mas o significado é inteiramente diferente.

(Parágrafo 8 – Sentenças 1-2) Sonhos de perdão têm pouca necessidade de durar. Eles não são
feitos para separar a mente daquilo que ela pensa.

Essa é a correção para a afirmativa do ego de que as idéias deixam sua fonte (T-26.VII.12; LE-
pI.167.4) – de que eu tenho um pensamento separado da minha mente, que poderia então
projetar para fora dela. No mundo real, através do perdão, percebo que tudo é um. E eu
finalmente entendo que nem mesmo Jesus é separado de mim. Jesus e eu somos ambos
pensamentos que são parte do mesmo amor. Nada é separado em minha mente.

(Parágrafo 8 – Sentenças 2-4) Eles [os sonhos que perdoam] não buscam provar que o sonho
está sendo sonhado por alguma outra pessoa.

É isso o que o ego está sempre tentando provar: não é o meu sonho de julgamento ou o meu
sonho de traição. É o seu sonho de julgamento e de traição!

(Parágrafo 8 – Sentenças 4-11) E nestes sonhos ouve-se uma melodia que todos lembram,
embora não a tenham ouvido desde antes do início dos tempos. O perdão, uma vez completo, traz
a intemporalidade para tão perto que a canção do Céu pode ser ouvida, não com os ouvidos, mas
com a santidade que nunca deixou o altar que habita para sempre profundamente dentro do Filho
de Deus. E quando ele ouve essa canção outra vez, sabe que nunca deixou de ouvi-la.
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É isso o que é chamado de canção da oração no panfleto do mesmo nome (S-2.IV.1:10), e o que,
na linda seção no início do Capítulo 21 é citado como a canção esquecida (T-21.I), a canção
sempre presente em nossas mentes. Não é uma canção ouvida com os ouvidos. Jesus está
falando metaforicamente sobre a experiência da unidade do Amor de Deus com Cristo.

(Parágrafo 8 – Sentenças 11-12) E onde está o tempo, quando os sonhos de julgamento foram
postos de lado?

Essa afirmação torna muita clara a razão pela qual vivemos no mundo da forma que fazemos: nós
não queremos nos lembrar da canção. Para nos lembrarmos da canção, precisamos querer
esquecer a canção do ego. E o que é a canção do ego? De que eu existo como uma pessoa
separada, que eu tenho o que roubei de Deus (a quarta lei do caos [T-23.II.9]), mas alguém mais é
responsável por isso. Nós não queremos desistir do nosso especialismo, da nossa singularidade,
da nossa individualidade. As pessoas glorificam o mundo maravilhoso de diferenças que Deus
criou. Todos são diferentes de uma forma única; nem dois objetos são iguais: todos nós temos
impressões digitais diferentes; cada floco de neve é único. E nós apontamos isso como uma prova
de que esse é um mundo de Deus! Mas esse é o mundo do ego. O mundo de Deus é a perfeita
Unicidade. Esse é um mundo de perfeitas diferenças! Essa é a canção do ego, e nós não
queremos abrir mão dela. Nós percebemos que ouvir a canção do Céu – que está sempre
cantando em nossas mentes porque é isso o que o Espírito Santo reflete – significa desistir da
canção de especialismo e individualidade do ego. Todos nós queremos ter nosso bolo e comê-lo
também. Queremos as duas canções, o que requer ajustar a verdade.

(Parágrafo 9 – Sentenças 1-5) Sempre que sentires medo, sob qualquer forma – e tu estás
amedrontado se não sentes um profundo contentamento, uma certeza de seres ajudado, uma
calma segurança de que o Céu vai contigo – estejas certo de que fizeste um ídolo e acreditas que
ele vai trair-te.

Em qualquer momento em que não sentirmos um profundo senso de contentamento e a certeza


de sermos ajudados, uma confiança serena de que Deus está sempre conosco, fizemos um ídolo
do especialismo. Esse ídolo é o que acreditamos ter feito por conta própria. Nós então projetamos
o ídolo para fora e acreditamos que ele vai voltar e nos trair.

(Parágrafo 9 – Sentenças 5-8) Pois, por trás da tua esperança de que [esse ídolo] vá salvar-te,
estão a culpa e a dor da auto-traição e da incerteza, tão profundas e amargas que o sonho não é
capaz de ocultar completamente todo o teu sentimento de perdição.

O sentimento de perdição, desespero, temor e desesperança que todos nós sentimos – e todos
nesse mundo o sentem porque todos nós vamos morrer – está realmente vindo desse
pensamento dentro de cada um de nós que diz, “Eu matei Deus e isso é irrevogável. Eu nunca
poderei voltar ao lugar de onde parti”. É claro que nunca poderei voltar, porque não quero desistir
do que me impede de voltar: minha individualidade. O desejo secreto do ego, novamente, é
manter o que roubou, mas culpar outra pessoa por isso.

(Parágrafo 9 – Sentenças 8-10) A tua auto-traição tem que resultar em medo, pois o medo é
julgamento, levando com certeza à busca frenética de ídolos e da morte.

A auto-traição é nossa crença em que traímos Quem realmente somos como Cristo. Essa é a
culpa que sentimos, o que automaticamente leva ao medo, que vem do julgamento de que o que
fizemos é pecaminoso e errado. Nós precisamos então projetar o pecado para fora das nossas
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mentes e acreditar que existe algo lá fora, do que precisamos nos esconder. E, então, o problema
não está mais em nossas mentes, está fora de nós.

(Parágrafo 10 – Sentenças 1-2) Sonhos que perdoam lembram a ti de que vives em segurança e
que não atacaste a ti mesmo.

É isso o que Jesus demonstrou a nós, e ainda nos ensina. O pensamento de separação é irreal –
ela nunca aconteceu. Eu nunca ataquei Deus. Eu nunca ataquei Cristo. Ninguém foi atacado.
Tudo foi um sonho. E, então, não existe culpa nem medo de que serei atacado de volta. Quando
sentimos que estamos na presença do Amor de Deus, absolutamente nada pode nos ferir ou nos
afetar. Isso não significa que não respondemos ao que acontece no mundo, mas que a resposta
virá do amor. Ela não vem do medo ou dos interesses separados, ou do auto-interesse.

(Parágrafo 10 – Sentenças 2-5) Assim dissipam-se os teus terrores infantis e os sonhos vêm a ser
um sinal de que fizeste um novo começo, não uma outra tentativa de adorar ídolos e manter o
ataque.

O “novo começo” é o titulo do próximo capitulo, então, isso já está à frente desse capítulo. Quando
começamos a perdoar, subitamente percebemos que há esperança – que nós finalmente fizemos
um novo começo. O propósito do Um Curso em Milagres é nos ajudar com esse novo começo. O
novo começo significa que eu não luto mais contra o meu ego. Eu simplesmente dou um passo
atrás, com Jesus ao meu lado, e olho para os pensamentos do meu ego em ação, sem justificá-
los, racionalizá-los, espiritualizá-los, negá-los ou projetá-los. Eu simplesmente olho para eles e
percebo, “Sim, é isso o que estou fazendo. Estou fazendo isso porque estou com medo do amor”.
Se eu puder olhar para o meu medo do amor com o amor ao meu lado, estou começando a
aprender que o amor não é mais meu inimigo.

(Parágrafo 10 – Sentenças 5-7) Sonhos que perdoam são benignos para com todas as pessoas
que figuram no sonho. E assim trazem ao sonhador liberação plena dos sonhos de medo.

O perdão não é algo que fazemos externamente. Deixem-me citar novamente a linha que já
mencionei: “O perdão... é quieto e na quietude nada faz. Apenas olha e espera e não julga” (LE-
pII.1.4:1,3-4). O perdão não faz nada. Nós perdoamos nosso irmão pelo que ele não fez (T-
30.IV.7:3). O perdão não é ativo. Eu não faço algo para você, com você ou por você. O perdão
não é algo que meu corpo faz. É algo que minha mente faz para voltar para dentro de si mesma e
olhar para meus pensamentos julgadores, que não perdoam. O perdão simplesmente olha para
esses pensamentos sem julgá-los. “Apenas olha e espera e não julga” – essa é a idéia chave.

Então, meu corpo pode fazer algo – eu posso dizer algo, mas o perdão não é uma ação. É um
desfazer de um pensamento, e, ainda mais direto ao ponto, é olhar com um sorriso gentil para a
feiúra do sistema de pensamento do ego.

(Parágrafo 10 – Sentenças 7-10) Ele [o sonhador] não tem medo do próprio julgamento, pois não
julgou ninguém e nem buscou se liberar, através do julgamento, daquilo que o julgamento
necessariamente impõe.

Eu não tenho mais medo daquilo que chamei de meu julgamento, e da projeção do meu
julgamento sobre você, pelo fato de eu não ter feito nada. O julgamento precisa impor punição e
dor, e eu tentei evitar minha própria punição julgando você: “É você que é um pecador, não eu;
então, não sou eu que mereço ser punido”. E, portanto, tentei escapar do que meu julgamento que
diz que preciso receber, insistindo que não fui eu que julguei; foi você que julgou e atacou.
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(Parágrafo 10 – Sentenças 10-12) E durante todo o tempo ele está se lembrando do que
esqueceu, enquanto o julgamento parecia ser o caminho para salvá-lo da penalidade de julgar.

Nós estamos nos lembrando do Amor de Deus, que foi o que nós esquecemos. Julgar os outros
parecia ser a forma de eu salvar a mim mesmo da penalidade do meu auto-ódio. Mas, enquanto
eu estava julgando, o Amor de Deus permaneceu seguro dentro de mim, esperando
pacientemente pelo meu retorno. Eu simplesmente tenho que chamar Jesus – não de uma forma
mágica, mas por simplesmente olhar com ele para os pensamentos do meu ego, e para o que o
ego tem feito e inventado no mundo, e dizer, “Eu fiz isso apenas porque estava com medo de
você”. Se eu puder aprender a dizer isso para ele cada vez mais, sem sentir medo do seu
julgamento, vou aprender que não existe julgamento. No final das contas, nada aconteceu.

Para encerrar esse workshop, pensei em lermos uma curta lição do livro de exercícios, Lição 352.
Ela é um final muito bom porque reflete o passo final do julgamento, o julgamento de Deus, que
diz que nada aconteceu. O título por si só quase pode ser uma lição. A própria lição é uma oração
nossa para Deus, o Pai.

O julgamento e o amor são opostos.


De um vêm todas as tristezas do mundo.
Mas do outro vem a paz do próprio Deus.

O perdão olha apenas para a impecabilidade e não julga. Através disso venho a Ti. O julgamento
limitará os meus olhos e me cegará. Mas o amor, aqui refletido no perdão, lembra a mim que Tu
me deste um caminho para achar a Tua paz outra vez. Sou redimido quando escolho seguir esse
caminho. Tu não me deixaste sem consolo. Dentro de mim, trago tanto a Tua memória quanto
Aquele Que me conduz a ela. Pai, quero ouvir a Tua Voz e achar a Tua paz no dia de hoje. Pois
quero amar a minha própria Identidade e Nela achar a memória de Ti.

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O SIGNIFICADO DO JULGAMENTO

O tópico do julgamento é um dos ensinamentos centrais em Um Curso em Milagres, e, portanto,


deveria ser nossa prática principal do Curso. Como Jesus mostra logo no início do texto, a escolha
de julgar é a causa da perda da paz, e, portanto, quando nos encontramos conosco mesmos e
com todas as outras pessoas sem julgamento, experienciamos um alívio e um senso de paz tão
profundos que estarão além de qualquer coisa que possamos imaginar (T-3.VI.2:1;3:1).

Esse conjunto de trechos é de um workshop efetuado no período da tarde, em junho de 1992, em


nosso Centro em Roscoe, Nova Iorque. Ele é baseado no Capítulo 29 do texto, IX, “O sonho que
perdoa”, e é focalizado em quatro formas de julgamento: (1) o sonho do julgamento contra nós
mesmos; (2) olhar com Jesus para esse julgamento contínuo da culpa sem julgamento adicional;
(3) julgar todas as coisas de acordo com o julgamento do Espírito Santo; e (4) unir-se com Jesus
no julgamento de que o Amor de Deus é a única realidade.

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