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A ideia é
combater com mais eficiência os vícios (da personalidade) correspondentes e
melhorar o desempenho emotivo e profissional”
Revista Isto É
“Com o Eneagrama, profissionais e gestores podem reconhecer habilidades e
desenvolver competências em si próprios e nos colaboradores”
Coluna “Recursos Humanos”, Caderno “Boa Chance”
do jornal O Globo
“Clareza mental e capacidade didática são qualidades raras no mundo atual.
Tive o privilégio de realmente aprender sobre o Eneagrama com o Khristian
Paterhan em workshops e cursos, utilizando seu conhecimento e orientação
firme para melhorar o trabalho em equipe e o relacionamento médico-paciente”
Dra. Emilia Serra
Diretora Médica do Instituto Alpha de Saúde Integral
“O Eneagrama é um instrumento poderoso de gestão empresarial e
autoconhecimento. Destaco o profundo conhecimento e habilidade do autor na
condução de treinamentos, palestras e coaching de executivos. Os resultados
são evidentes e rápidos. Tenho a certeza que este livro de agradável leitura será
para o leitor um instrumento de reflexão e melhor entendimento das pessoas de
sua convivência”
Dr. Linomar Barros Deroldo
CEO Autovias, Centrovias, Intervias, Vianorte
– Arteris S. A. SP – Brasil
“Sou testemunha das mudanças positivas que o Eneagrama transmitido por
Paterhan produz nas pessoas, agregando qualidade de vida e possibilitando que
os indivíduos se tornem mais produtivos e pró-ativos”
Dr. Georges Barrenne
Vice Presidente do Sistema FIRJAN – Federação
das Indústrias do Rio de Janeiro
Copyright © 1998, by Khristian Paterhan Condes
Todos os direitos desta edição reservados à Khristian Paterhan Condes
É proibida a duplicação ou reprodução desta obra, ou de partes da mesma, sob
quaisquer meios, sem autorização expressa de Khristian Paterhan Condes
Capa
Folha de rosto
Créditos
Sobre o autor
Agradecimentos
Referências Bibliográficas
Como ler, aplicar e tirar
maior proveito deste livro
Estas indicações preliminares serão importantes quando
considerarmos os Tipos Eneagramáticos e seus movimentos
psicológicos contra e/ou a favor da seta de acordo com seu
“Traço ou Defeito Principal”.
Ouspensky deixou registrado também que “Gurdjieff voltou
ao Eneagrama em múltiplas ocasiões”.
Numa dessas ocasiões revelou que: “(...) é necessário
compreender que o Eneagrama é um símbolo universal.
Qualquer ciência tem seu lugar no Eneagrama e pode ser
interpretada graças a ele. E, sob este aspecto, é possível
dizer que um homem só conhece realmente, isto é, só
compreende aquilo que é capaz de situar no Eneagrama. O
que não é capaz de situar no Eneagrama, não compreende.
(....) Se um homem isolado no deserto traçasse o
Eneagrama na areia, nele poderia ler as leis eternas do
universo. E cada vez aprenderia alguma coisa nova, alguma
coisa que ignorava até então.”
E mais: “(...) O Eneagrama é o movimento perpétuo, é
esse perpetuum mobile que os homens buscaram desde a
mais remota antiguidade, sempre em vão. E não é difícil
compreender por que não podiam encontrá-lo. Buscavam
fora de si o que estava dentro deles (...) A compreensão
desse símbolo e a capacidade de utilizá-lo dão ao homem
um poder muito grande (...).”
Gurdjieff também diz: “(...) A ciência do Eneagrama foi
mantida secreta durante muito tempo e, se agora, de certo
modo, está sendo tornada acessível a todos, é apenas sob
uma forma incompleta e teórica, praticamente inutilizável
para quem não tenha sido instruído nessa ciência por um
homem que a possua. Para ser compreendido, o Eneagrama
deve ser pensado como em movimento, como se movendo.
Um Eneagrama fixo é um símbolo morto; o símbolo vivo
está em movimento.”
Um dos “movimentos” do Eneagrama tem relação com os
aspectos dinâmico-psicológicos que diferenciam os seres
humanos uns dos outros como já foi mostrado. É sobre esse
“movimento” que tratamos neste livro à luz dos
ensinamentos de Gurdjieff.
A aplicação psicológica do Eneagrama
nos ensinamentos de Gurdjieff
OS TRÊS CENTROS BÁSICOS: Como profundo conhecedor
do Eneagrama, G. I. Gurdjieff baseou todo o seu método de
desenvolvimento humano na aplicação deste símbolo
milenar e nas leis das quais ele é a síntese: a “Lei de Sete”
e a “Lei de Três”.
Baseado na “Lei de Três” presente no Eneagrama, ele
dividia o ser humano, para facilitar o estudo e a
compreensão de si mesmo, em três níveis ou “centros”
básicos: Centro Intelectual, Centro Emocional e Centro
Motor. Como lembra Ouspensky, “tentava inicialmente
ensinar-nos a distinguir essas funções, a encontrar
exemplos e assim por diante”.
No Eneagrama esses “centros” têm a seguinte localização:
Figura 4
Você pode observar como, para cada Centro, existe uma
manifestação eneagramática “tripla” e um correspondente
vértice do triângulo central. Os números associados ao
Centro Motor são: 8, 9 e 1; os associados ao Centro
Emocional são 2, 3 e 4; e, finalmente, os associados ao
Centro Intelectual são 5, 6 e 7.
A localização dos Centros como se vê no gráfico não é
aleatória. Obedece a uma ordem exata, revelada por
Gurdjieff a seus alunos e que foi preservada por Ouspensky
no Capítulo IX da obra citada. Não tratarei deste tema aqui
por sua complexidade e porque só costumo falar sobre ele
com quem já tem um certo tempo de prática com o
Eneagrama.
Figura 5
Relação dos Três Centros com nossa Bilateralidade
Cerebral
e os Três Cérebros
Antes de continuar, vou apresentar aqui uma nova visão
do Eneagrama, que chamo de “O Eneagrama Invertido”. Ao
contrário do que geralmente se divulga, descobri que no
Eneagrama devemos observar o ser humano ao contrário
(Figura 5): ou seja, no Centro Físico ou do Movimento
(Pontos 8,9,1), localizamos o sistema digestivo, o reprodutor
e pernas; no Centro Intelectual o lado esquerdo do corpo até
o umbigo, abarcando os órgãos desse lado do corpo e o
braço e mão esquerda (Pontos 6 e 7); e no Centro Emocional
o lado direito do corpo até o umbigo, os órgãos desse lado
do corpo e braço e mão direita (2,3). Por último, nos Pontos
4 e 5 devemos imaginar a cabeça, o cérebro, suas partes e
hemisférios cerebrais: no Ponto 5 o Hemisfério Cerebral
Esquerdo (HCI) e no Ponto 4 o Hemisfério Cerebral Direito
(HCD).
De acordo com o princípio de bilateralidade cerebral o
Hemisfério Cerebral Esquerdo rege o lado direito do ser
humano (Centro Emocional) e o Hemisfério Cerebral Direito
rege o lado esquerdo do ser humano (Centro Intelectual).
Daí a importância do desenvolvimento harmonioso dos três
Centros, já que, uma das questões mais descuidadas na
educação é a do desenvolvimento das faculdades do
Hemisfério Cerebral Direito, relacionado com o Centro
Emocional no Eneagrama, e, uma supervalorização do
desenvolvimento das faculdades relacionadas ao Hemisfério
Cerebral Esquerdo, ligado ao Centro Intelectual no
Eneagrama, e, um descuido quase total com o
desenvolvimento do Centro Físico ou do Movimento
relacionado, em parte, aos nossos instintos. Gurdjieff dava
extrema importância ao desenvolvimento equilibrado de
todos os Centros como única maneira de formar um ser
humano mais harmonioso, já que, segundo ele somos seres
TRICEREBRAIS ou de Três Cérebros. Estes são:
1. O Reptiliano : relacionado com o Centro Físico da AÇÃO e
ATIVIDADE e com os Pontos 8, 9 e 1 do Eneagrama
Invertido.
Este Centro está conectado principalmente com o
Cerebelo, camada do nosso cérebro que temos em comum
com os répteis e mamíferos e que é responsável por
nossas manifestações instintivas tais como a
sobrevivência (Ponto 9 do Eneagrama) , com a
reprodução, a luta e com nossa necessidade de poder e de
hierarquias (Ponto 8 do Eneagrama) e com hábitos,
condicionamentos e rotinas (Ponto1).
2. O Límbico : relacionado com o Centro Emocional e com
os nossos sentimentos e aos Pontos 2, 3 e 4 do
Eneagrama Invertido. Esta camada do cérebro presente
também nos mamíferos, inclui o Tálamo e Hipotálamo e se
relaciona ao controle do comportamento e do sistema
nervoso autônomo.
3. O Neocórtex : relacionado ao Centro Intelectual e aos
Pontos 5, 6, 7 do Eneagrama Invertido. Esta camada do
cérebro que compartilhamos com os mamíferos superiores
é considerada subjetivamente a mais “evoluída” e esta
relacionada com nossa capacidade de raciocinar (Ponto 5
do Eneagrama Invertido), com a chamada “linguagem
simbólica” (Ponto 6 do Eneagrama Invertido) e com a
linguagem conceitual e verbal. Como possui neurônios
altamente especializados que possibilitam ao ser humano
a realização de múltiplas tarefas simultâneas (Ponto 7 do
Eneagrama), este terceiro cérebro é chamado de “centro
da inteligência” ou “cérebro inteligente”.
Todos possuímos estes Três Cérebros ou Centros, porém,
um deles é predominante em nossas vidas e atividades. Por
esta razão, a divisão básica do ser humano em Três Centros
é muito importante no estudo do Eneagrama.
Compreendendo-a, é possível apreender uma segunda
divisão de Gurdjieff, maior, mas pouco conhecida, cujo
profundo valor sequer se suspeita, tendo a maioria se
limitado a repetir o que Ouspensky escreveu a respeito.
Refiro-me aos Três Grupos de Seres Humanos Básicos e aos
Quatro Grupos de Seres Humanos que correspondem a
níveis superiores de evolução consciente. Note-se que
novamente estão presentes aqui as Leis de Três e de Sete.
Vejamos.
Os Três Grupos de Seres Humanos Básicos e os
Quatro Grupos
Superiores de Seres Humanos, segundo G. I. Gurdjieff
Gurdjieff ensinava que existem Três Grupos de Seres
Humanos Básicos , os dos “Homens número Um”;
“Homens número Dois” e “Homens número Três”, que não
devemos confundir com os números dos Tipos 1,2, 3
Eneagramáticos e seus Traços Principais.
Para ele os Grupos de Seres Humanos “Um, Dois e Três
constituem a humanidade mecânica; na qual os seres
humanos permanecem no nível em que nasceram” . Só
poderiam ascender a um nível superior de consciência
mediante um trabalho perseverante de autoconhecimento
que objetivasse a evolução individual, por meio das escolas
conectadas com o que Gurdjieff chamava “Círculo
Consciente da Humanidade”.
Os seres humanos do Grupo número Um correspondem
no “Eneagrama dos Traços Principais” aos Tipos 8, 9 e 1 e,
segundo Gurdjieff, teriam o “centro de gravidade de sua
vida psíquica no Centro Motor” . Seriam os homens “do
corpo físico, em quem as funções do instinto e do
movimento predominam sobre as do sentimento e do
pensar” . Estes aprendem por imitação, por memorização e
por repetição. (Reptiliano)
Os seres humanos do Grupo número Dois correspondem
no “Eneagrama dos Traços Principais” aos Tipos 2, 3 e 4 e,
segundo Gurdjieff, seriam aqueles nos quais o “centro de
gravidade de sua vida psíquica está no Centro Emocional, e,
[o ser humano] em quem as funções emocionais
predominam sobre as outras é [o ser humano] do
sentimento, [o ser humano] emocional”. Aprendem somente
o que lhes “agrada”, o que “gostam”. Quando sadios
procuram tudo o que lhes “agrada”; quando “doentios” são
atraídos para o que os “desagrada”. (Límbico)
Os seres humanos do Grupo número Três correspondem
no “Eneagrama dos Traços Principais” aos Tipos 5, 6 e 7 e,
segundo Gurdjieff, é o tipo de ser humano “cujo centro de
gravidade da sua vida psíquica está no Centro Intelectual,
noutros termos, é [o ser humano] em quem as funções
intelectuais predominam sobre as funções emocionais,
instintivas e motoras; é o [ser humano] racional, que tem
uma teoria para tudo o que faz, que parte sempre de
considerações mentais [...] O saber [dos seres humanos
Três] é um saber fundado num pensar subjetivamente
lógico, em palavras, numa compreensão literal [...]”.
(Neocortex)
Naturalmente, para cada aspecto predominante, existem
outros dois, só que com menor poder de influência e
desenvolvimento. Para “visualizar” esta divisão da
humanidade, fiz o seguinte gráfico:
Figura 6
Além destes Três Grupos de Seres Humanos Básicos,
Gurdjieff definia um grupo de Seres Humanos Intermediários
(ou seja, que estão iniciando um processo de evolução
consciente) e três Grupos de Seres Humanos Superiores,
produtos de uma evolução deliberada, consciente e gradual,
fruto de um conhecimento exato relacionado com o
desenvolvimento objetivo de novos níveis de consciência e
nos quais os Três Centros estão em equilíbrio, permitindo, a
partir do quinto nível evolutivo, a manifestação plena do
que ele chamava de “Centros Superiores”, que existem só
potencialmente nas primeiras três categorias “mecânicas”,
e com alguns sinais básicos de manifestação na quarta
categoria.
O ser humano do Grupo número Quatro Gurdjieff o definia
como aquele que, tendo nascido nos Grupos Psicológicos
Um, Dois ou Três, conhece um sistema de trabalho interno,
que lhe permite desenvolver nele “um centro de gravidade
permanente feito de suas ideias, de sua apreciação do
trabalho (interno) e de sua relação com a escola (na qual
aprende a realizar esse trabalho de autoconhecimento).
Além disso, seus centros psíquicos já começaram a se
equilibrar; nele, um centro não pode mais ter
preponderância sobre os outros, como é o caso das três
primeiras categorias”. Gurdjieff completa dizendo que este
tipo de ser humano, diferentemente dos que pertencem aos
três primeiros Grupos, “já começa a se conhecer, começa a
saber para onde vai”.
Sobre os seres humanos das categorias Cinco, Seis e Sete
(repito, não confundir com os Tipos 5, 6 e 7 do Eneagrama),
Gurdjieff se refere apenas ao tipo de saber que
desenvolvem com as seguintes palavras citadas por
Ouspensky:
“O saber do homem [do Grupo] número Cinco é um saber
total e indivisível [...]. Possui um Eu indivisível e todo o seu
conhecimento pertence a esse Eu. Não pode mais ter um
‘eu’ que saiba alguma coisa sem que outro ‘eu’ esteja
informado disso. O que ele sabe, sabe com a totalidade de
seu ser. Seu saber está mais próximo do saber objetivo
[lembra o que já revelamos sobre o conhecimento objetivo
anteriormente?] do que pode estar o do homem número
Quatro.O saber do homem [do Grupo] número Seis
representa a integralidade do saber acessível ao homem;
mais ainda pode ser perdido. O saber do homem [do Grupo]
número Sete é bem dele e não lhe pode mais ser tirado; é o
saber objetivo e totalmente prático (ou seja, vivencial, não
teórico) de Tudo.”
Em seguida e para reflexão dos conhecedores do Quarto
Caminho e interessados no autoconhecimento e na
evolução “espiritual” da humanidade, deixo um insight que
tive em relação a estes ensinamentos e que resumi no
seguinte “Eneagrama da evolução possível do homem” da
minha autoria, para cuja confecção apliquei o Princípio
Hermético de Correspondência, a Lei de Três e a Lei de Sete.
[4]
Figura 7
A importância do estudo prático e vivencial do
Eneagrama
para o autoconhecimento
É fácil observar no gráfico anterior (Figura 7) como são
importantes o estudo e o conhecimento de si mesmo por
meio do Eneagrama, já que, teoricamente, nos podem
conduzir a níveis de desenvolvimento muito elevados.
Iniciar um processo de autoconhecimento implica,
primeiramente, perceber e aceitar que vivemos sujeitos a
um nível de consciência subjetivo e “mecânico” e que
fazemos parte de um desses três grupos psicológicos
básicos de seres humanos ensinados por Gurdjieff. Em
segundo lugar devemos compreender que o único meio
para nos livrarmos dessa “mecanicidade” passa
necessariamente por um processo de aprimoramento que
não pode ser improvisado e que deverá incluir o
desenvolvimento harmonioso dos Três Centros (Físico,
Emocional e Intelectual). Enquanto não soubermos o que
implica tudo isso, não será possível compreender por que é
fundamental o Eneagrama para iniciar este processo
objetivamente.
Muitas pessoas iniciam seus primeiros esforços em busca
do autodomínio e do autoconhecimento estimuladas pela
expectativa dos sonhados benefícios espirituais, materiais e
individuais que isso lhes poderá proporcionar. Porém, as
diversas razões pelas quais uma pessoa deseja ter maior
domínio e conhecimento de si mesma podem claramente
ser diferenciadas e definidas quando sabemos a qual dos
grupos principais ela pertence como ser humano. É fácil
comprovar que existem motivações básicas bem diferentes.
Pessoas do Grupo Um (Centro Motor) talvez desejem obter
maior poder pessoal, maior controle das situações e dos
demais, maior domínio de si mesmas, objetivando
“resultados materiais”. Pessoas do Grupo Dois (Centro
Emocional) querem lidar e interagir melhor com as pessoas
em termos emocionais, querem aprender a controlar suas
emoções e as das outras pessoas, querem ampliar suas
possibilidades de servir aos outros com sucesso já que isto
as satisfaz e realiza. Por último, pessoas do Grupo Três
(Centro Intelectual) querem saber quais são as causas e as
leis que governam seus mundos internos, querem conhecer
as causas pelas quais os fenômenos acontecem, querem ter
os conhecimentos que lhes permitam compreender a vida e
a si mesmas, ou seja, talvez queiram apenas “saber”.
Naturalmente, em todas elas, algo das motivações que
influenciam com maior força os outros dois grupos aos quais
não pertencem, está presente, ainda que em menor grau. A
razão é que em todos os três Grupos é possível perceber um
desenvolvimento psicológico unilateral, pelo qual um dos
Centros se tornou mais “sensível” que os outros aos
“estímulos externos” e “interpreta” a realidade a partir de
“necessidades” e “motivações” diferentes.
O que dificulta o estudo prático de si mesmo é o fato de as
pessoas não se darem conta do que implica ser parte de
uma humanidade mecânica ou que vive num baixo nível de
consciência.
Em primeiro lugar, no nível de consciência habitual ou
subjetivo, o ser humano não é realmente “livre”. Gurdjieff
ensina que nesse nível o ser humano não faz, tudo
simplesmente lhe acontece. É muito difícil compreender e
aceitar esta afirmação porque todos achamos que
“fazemos” e que somos “livres”. Só que, falando em termos
estritos, nenhum ser humano nos três Grupos (Físico,
Emocional e/ou Mental) poderia considerar que suas
condutas, modos de agir e/ou reagir perante a existência
são “conscientemente” escolhidos ou mesmo originais, já
que todos os que integram esses grupos agem e reagem
pelas mesmas causas básicas. Esta é uma das verdades
mais provocantes que o Eneagrama nos permite
“descobrir”.
O único meio de que dispomos para nos livrarmos dessa
“mecanicidade” é conhecer como ela se manifesta em cada
um de nós, ou seja, quais são essas características
mecânicas e previsíveis que acompanham essa nossa
determinada e “mecânica” manifestação pessoal. É aqui
que o Eneagrama dos Traços ou Tipos Principais se torna
valioso, porque por meio dele conseguiremos saber:
1. Qual é o Grupo (Um, Dois ou Três) ao qual pertenço como
ser humano no nível “mecânico”.
2. Qual é o Traço ou Defeito Principal (são três para cada
grupo), no qual devo concentrar meus esforços de
observação, lembrança e autocontrole para superá-lo e
conseguir efetivamente o real conhecimento de mim
mesmo.
3. Qual o trabalho específico, relacionado com meu grupo e
Traço Principal, que me ajudará a aprimorar meu
autoconhecimento e autodomínio, e, a partir daí, ter a
possibilidade de passar para o 4º Tipo de seres humanos.
Vamos, então, conhecer o Eneagrama dos Traços ou Tipos
e suas três causas principais.
O Eneagrama dos Nove Traços (Tipos) principais
segundo Gurdjieff
Gurdjieff costumava usar uma linguagem muito exata para
transmitir seus conhecimentos, de tal maneira que seus
conceitos podem ser muito bem identificados e
diferenciados por alguém que estude e reflita sobre sua
obra com atenção. Isso me permitiu realizar a análise
eneagramática dos mesmos e definir explicitamente o
Eneagrama dos Traços Principais implícitos nas obras de
Gurdjieff e Ouspensky. Baseado nesta experiência e
comparando essas observações com os estudos e
descobertas eneagramáticos feitas por Ichazo e Naranjo,
segundo foram revelados, pesquisados e comentados nas
obras do próprio Naranjo, e de autores como Don Richard
Risso, Helen Palmer, David Daniels e outros pesquisadores
do tema, pude, ao longo do tempo, concluir que,
eneagramaticamente falando, os Três Problemas
Fundamentais e Nucleares que segundo Gurdjieff impedem
o autoconhecimento e a realização humana são:
1. O Esquecimento de Si Mesmo
2. A Consideração Interna
3. A Identificação
Destes três problemas principais, que podemos e devemos
associar aos Três Grupos Humanos Básicos, surgem os
seguintes Traços Principais:
Do Primeiro Grupo : associado ao Esquecimento de Si
Mesmo , questão nuclear que afeta os seres humanos Tipos
8, 9 e 1, cujo centro de gravidade psicológico está
localizado no Centro Motor ou do Movimento, surgem:
a) Os seres humanos que se caracterizam por um
constante estado de luta e defesa contra tudo o que
parece estar contra eles, revoltados, sempre acham
que alguma “injustiça” está sendo cometida contra
eles, ou seja, os Tipos 8.
b) Os seres humanos proteladores e esquecidos de si
mesmos que se caracterizam por sofrer do que
Gurdjieff chamava de a “doença do amanhã”, ou seja,
os Tipos 9.
c) Os seres humanos que se caracterizam por uma forte
inclinação a separar as coisas em “boas” e “más”,
“corretas” e “incorretas”, “certas” e “erradas”, ao que
Gurdjieff denominava a “Moral Externa” ou “moral
subjetiva”, ou seja, os Tipos 1.
Figura 8
Grupo Um dos seres humanos / Centro Motor ou do
Movimento / Tipos 8, 9 e 1.
Questão Nuclear: Esquecimento de Si Mesmo / Traços ou
Defeitos Principais:
A “revolta” (8) A “Doença do amanhã” (9) e a “Moral
Externa ou subjetiva” (1).
Do Segundo Grupo : Da Identificação, questão nuclear
que afeta os seres humanos Tipos 2, 3 e 4 e cujo centro de
gravidade psicológico está localizado no Centro Emocional,
surgem:
a) Os seres humanos que se caracterizam por acreditar
que não consideram os outros o suficiente, que não
dão o suficiente de si e que se tornam escravos dos
outros quando amam, ou seja, os Tipos 2. Identificados
com as emoções alheias.
b) Os seres humanos que se caracterizam por suas
“exigências”, ou seja, que exigem admiração, estima e
consideração constante dos outros para que se sintam
agradados e felizes, ou seja, os Tipos 3. Identificados
com a “imagem” necessária para obter a consideração
alheia.
c) Os seres humanos que sofrem “tolamente”, aqueles
para os quais o “sofrimento inconsciente” se tornou
uma escravidão, ou seja, os Tipos 4. Identificados com
seus próprios “sofrimentos”.
Figura 9
Grupo Dois dos seres humanos / Centro Emocional / Tipos 2,
3 e 4.
Questão Nuclear: Identificação / Traços ou Defeitos
Principais: “Amor escravo” (2).
A “Exigência” de atenção (3) e o “Sofrimento tolo” (4).
Do Terceiro Grupo : Da Consideração Interna, questão
nuclear que afeta os seres humanos Tipos 5, 6 e 7 e cujo
centro de gravidade psicológico está localizado no Centro
Intelectual, surgem:
a) Os seres humanos que só vivem “pelo mental”, que
aprendem sem compreender, ou seja, os Tipos 5.
b) Os seres humanos que estão sob o controle do “medo”
e/ ou que “deixam de ver e ouvir o que realmente
acontece”, ou seja, os Tipos 6.
c) Os seres humanos que têm a ilusão de serem “livres”,
que acham que possuem “vontade própria” para
“escolher, dirigir e organizar livremente suas vidas”,
que se acham “notáveis”, “originais”, ou seja, os Tipos
7.
Figura 10
Grupo Três dos seres humanos / Centro Intelectual / Tipos 5,
6 e 7.
Questão Nuclear: Consideração Interna / Traços ou Defeitos
Principais: “Viver no mental (5).
O “Medo” (6) e a “Falsa liberdade” (7).
Definições de Gurdjieff consideradas para o estudo
dos Traços (defeitos) Principais
Definição dos três problemas nucleares: Esquecimento de
Si Mesmo, Identificação e Consideração Interna e sua
relação com os Tipos Eneagramáticos:
Gurdjieff permanentemente chamava a atenção dos seus
alunos para os três problemas nucleares. Para ele, era
fundamental que todos conseguissem observá-los em si
mesmos, como um meio para alcançar a consciência de si.
Sendo “nucleares”, afetam todos os Tipos Eneagramáticos,
porém aquele relacionado com o grupo ao qual você
pertence, deve ser considerado com maior atenção.
Sendo meu interesse principal destacar a obra e os
ensinamentos deste mestre, cito as principais definições
que ele deixou destes três problemas nucleares:
SOBRE O ESQUECIMENTO DE SI MESMO:
Gurdjieff dizia: “... o homem se esquece de si mesmo sem
cessar. Sua impotência em lembrar-se de si é um dos traços
mais característicos de seu ser e a verdadeira causa de todo
o seu comportamento...”
Também podemos ler: “Vocês se esquecem sempre de si
mesmos, vocês nunca se lembram de si mesmos. Vocês não
sentem a si mesmos; vocês não são conscientes de si
mesmos. Em vocês, isso observa, ou então isso fala, isso
pensa, isso ri; vocês não sentem: sou eu quem observa, eu
observo, eu noto, eu vejo. Tudo se observa sozinho, se vê
sozinho... Para chegar a observar verdadeiramente, é
necessário, antes de tudo, lembrar-se de si mesmo.”
Embora sirva para todos, por se tratar de um ponto
nuclear que afeta todos os Tipos e se manifesta em todos os
Defeitos ou Traços Principais, esta recomendação se reveste
de especial importância para os Tipos 8, 9 e 1, os quais
deverão considerá-la especialmente. Por quê? Porque, por
exemplo, quando Tipos 8 se fixam demais na conquista do
externo, “esquecem” do valor de seus mundos internos;
quando Tipos 9 deixam de se importar com suas
necessidades e protelam aquelas ações que os beneficiam
pessoalmente, estão demonstrando o “esquecimento” de si
mesmos, e quando Tipos 1 se preocupam demais com as
“formalidades” e com a “ordem”, “esquecem” de considerar
as coisas sob outros ângulos e, também, “esquecem” que
existem várias maneiras de realizar os mesmos objetivos.
P. D. Ouspensky escreve a respeito o seguinte:
“Dizia que um fato de prodigiosa importância escapara à
psicologia ocidental, ou seja: que não nos lembramos de
nós mesmos, que vivemos, agimos e raciocinamos dentro
de um sono profundo, dentro de um sono que nada tem de
metafórico, mas é absolutamente real; e, no entanto, que
podemos nos lembrar de nós mesmos, se fizermos esforços
suficientes; que podemos despertar.”
A lembrança de si mesmo é a chave que nos permite
compreender que não somos nossas “máscaras”
(personalidades), que elas não são o ser real e que é
possível observar nosso “traço ou defeito principal”
compreendendo que podemos chegar a transmutá-lo em
seu oposto “virtuoso”.
SOBRE A IDENTIFICAÇÃO:
Gurdjieff dizia que “... uma das características
fundamentais da atitude do homem para consigo mesmo e
para com os que o rodeiam [é] sua constante identificação
com tudo o que prende sua atenção, seus pensamentos ou
seus desejos e sua imaginação. A Identificação é um traço
tão comum que, na tarefa da observação de si, é difícil
separá-la do resto. O homem está sempre em estado de
identificação; apenas muda o objeto de sua identificação”.
Assim como acontece com o Esquecimento de Si Mesmo, a
Identificação, como aspecto “nuclear” (Ponto 3 do
Eneagrama), afeta todos nós e, como diz Gurdjieff, quando
iniciamos a observação de nós mesmos, é difícil separá-la
do resto, porém ela afeta com maior força os Tipos 2, 3 e 4,
os quais deverão trabalhar sobre este aspecto com mais
atenção. Exemplos: a) a “Identificação” leva Tipos 2 a
ficarem “escravos” daquilo e/ou daqueles que amam
transformando-os em “seres para”, o que, num momento
determinado, pode angustiá-los; b) leva Tipos 3 a ficarem
“escravos” dos “bons desempenhos”, dos “triunfos”, da
“imagem de sucesso”, o que lhes provoca a perda do
“contato” com seus sentimentos e necessidades mais
profundos; finalmente, a “Identificação” com vivências
passadas ou com desejos ou esperanças futuras leva Tipos
4 a serem “escravos” das lembranças ou dos desejos e,
portanto, a não estarem emocionalmente felizes no
momento “presente”, nem perceber o que esse “presente”
tem de bom.
Gurdjieff sustenta que o único modo de superar a
identificação é aprendendo a desidentificar-se, já que
somente desta maneira se poderá conseguir a “lembrança
de si”: “... para aprender a não se identificar, o homem
deve, antes de tudo, não se identificar consigo mesmo, não
chamar a si mesmo de ‘eu’, sempre e em todas as coisas.
Deve lembrar-se de que existem dois nele, que há ele
mesmo, isto é, um ‘eu’ (o verdadeiro ser, o observador) e o
outro (a máscara, o falso eu), com quem deve lutar e a
quem deve vencer se quiser alcançar alguma coisa.
Enquanto um homem se identifica ou é suscetível de
identificar-se, é escravo de tudo o que lhe pode acontecer. A
liberdade significa antes de tudo: libertar-se da
identificação”.
SOBRE A CONSIDERAÇÃO INTERNA:
Considerar tem sua origem no latim considerare e,
segundo os dicionários, significa entre outras coisas:
atender a, atentar para; pensar em; meditar, ponderar,
examinar, imaginar, conceber, julgar, refletir em alguma
coisa. Todos estes sentidos “intelectuais” devem ser
relacionados na definição que Gurdjieff faz da “consideração
interna”, ou seja, um pensar, refletir, examinar, imaginar,
somente voltado ao sujeito que considera e relaciona tudo
apenas com suas “necessidades”. Não existe um pensar
“considerando o que está fora” do sujeito, ou seja,
considerando as pessoas, as situações, as necessidades, os
sentimentos e estados de ânimo dessas pessoas, desses
outros. A consideração interior é como um muro que nos
separa da realidade tal qual ela é. A consideração interna
não nos permite agir de acordo com as mudanças, as
nuances, apenas podemos enxergar nossas “ideias”, nossas
“opiniões”, nossos “medos”. Na consideração interior
também existe uma “projeção” ao exterior daquilo que eu
sinto, penso ou acho de uma situação dada. Na filosofia
Vedanta Advaita, se diz que um dos poderes de “Maia” é
fazer as coisas aparecerem como elas não são e se conta,
como exemplo, a história de um sujeito que vem
caminhando à noite por uma estrada escura. Está ventando
muito, então, de repente, ele vê uma serpente se movendo
alguns metros adiante e se arma com um pau para se
defender do provável ataque. Fica tenso, perde muita
energia pelo seu grande temor de ser mordido pela
serpente. Avança com cuidado. A serpente parece estar
muito agitada. Porém quando chega perto da serpente e
está totalmente esgotado de tanto temor, tremendo e
suando, percebe que ela não existe, que era um galho que,
movido pelo vento e devido à noite escura, parecia uma
serpente. Isto é a consideração interna: uma incapacidade
de ver, sentir e pensar nas coisas apenas tal qual elas são.
Gurdjieff ensina a respeito que:
“Temos duas vidas, uma interior e outra exterior; por
conseguinte, temos duas espécies de consideração. Nós
‘consideramos’ constantemente.” Então, ele dá um
exemplo: “Uma pessoa me olha. Interiormente, sinto
antipatia por ela (...) exteriormente sou cortês. Sou forçado
a ser cortês, pois preciso dela. Isso é consideração exterior.
Agora ela diz que sou um imbecil. Isso me enfurece. O fato
de estar enfurecido é um resultado, mas o que isso provoca
em mim é proveniente da consideração interior.”
A consideração interior, por ser um dos pontos nucleares
(Ponto 6), também é algo que devemos aprender a
controlar, porque afeta todos os Tipos Eneagramáticos.
Porém os Tipos 5, 6 e 7 deverão prestar maior atenção a
esta questão. Por exemplo, Tipos 5 tendem a se isolar
porque lhes é difícil “comunicar-se”, “interagir” e “inter-
relacionar-se” com os demais, por estarem sempre
“considerando internamente”, ou seja, pensando que
algumas pessoas são “muito superficiais”, que outras
“podem comprometê-lo”, outras podem ter “intenções
ocultas” e assim por diante, o que os leva a criar barreiras
entre eles e os outros. Os Tipos 6 “consideram
internamente” a partir de seus temores, de seus medos,
imaginam situações perigosas ou difíceis de resolver e
vivem essas suposições como se fossem reais. Já os Tipos 7
vivem “planejando” coisas no “plano mental”, às vezes
totalmente “fora da realidade”, o que os pode levar a
cometer certas irresponsabilidades que acabam afetando
outros. Tudo isto porque apenas “consideram internamente”
e não percebem que seus atos, que julgam “importantes”,
podem afetar negativamente os outros. Gurdjieff afirma que
esta “consideração interna” é produto de uma educação
que só se preocupa com o desenvolvimento do Centro
Intelectual. Ele diz que “não educamos nada além de nosso
intelecto” e que o caminho para a consideração externa é o
desenvolvimento correto do Centro Emocional, o qual
compara com um “cavalo” que só aprendeu duas palavras
“direita” e “esquerda”, ou seja, “simpático/odioso,
agradável/desagradável”, etc. Um de seus conselhos era:
“Devemos parar de reagir interiormente. Se alguém for
grosseiro conosco (por exemplo), não devemos reagir
internamente.” E acrescenta algo que, com certeza, Tipos 5,
6 e 7 apreciam demais: “Aquele que conseguir isso será
mais livre.” Porém nos adverte que “isso é muito difícil.”
Para Gurdjieff conseguir considerar tudo “externamente
sempre e internamente nunca” era tão importante que um
dos aforismos inscritos no toldo do Study House, no Prieuré
(França), dizia assim:
“O melhor meio de ser feliz nessa vida é poder
considerar externamente sempre – internamente
nunca.”
Para além dos Nove Traços ou Tipos Principais.
A questão dos “eus”. O Eneagrama e o nosso mundo
interno
Após transcrever os exatos “retratos” psicológicos que
Gurdjieff fazia dos tipos humanos, gostaria de compartilhar
com você uma outra questão. Muitos me perguntam: Por
que é que Gurdjieff não definiu um Eneagrama dos Traços
Principais explicitamente? Porque falava deles de um modo
geral, de maneira que todos tinham que observar em si
mesmos o modo pelo qual esses Traços/Tipos Principais se
manifestavam, tendo que hierarquizá-los com respeito ao
que, em cada caso particular, era o “principal”. Preferia, em
algumas ocasiões, ele mesmo mostrar (e às vezes de forma
bastante rude) qual era o Traço Principal de alguns de seus
discípulos para que eles aprimorassem a observação e
lembrança de si.
Gurdjieff gostava de “pisar nos calos favoritos das
pessoas”, ou seja, “provocar” a identificação do Traço/Tipo
Principal de uma maneira que as pessoas se sentissem
“chocadas” ao se aperceber de suas condutas mecânicas.
Como observa muito corretamente Claudio Naranjo “(...)
Gurdjieff explorou sua injunção ao insight e sua magistral
confrontação (enquanto que) Ichazo trabalhou com o
diagnóstico (...)”.
Logicamente, como Tipo 8 que Gurdjieff era, seu jeito
“agressivo” de confrontar as pessoas com seus Traços
(Tipos) Principais era para ele o mais adequado e, com
certeza, conseguia “despertar” a atenção de seus alunos
para a necessidade de enxergá-los sem “nenhuma
piedade”.
Penso também que quando ele ensina sobre os diversos
“eus” que podem atuar na vida psíquica de um sujeito, ele
se referia, de algum modo, ao fato de que todos temos, em
maior ou menor grau, algo de todos os “Traços” e suas
combinações, sendo que, um deles, é o mais “forte” e
característico. Seus ensinamentos sobre os diversos “eus”
presentes no mundo interno são um alerta para nossa falta
de “unidade” interior. Citado por Ouspensky, Gurdjieff diz a
respeito:
“O homem não tem ‘Eu’ individual. Em seu lugar há
centenas e milhares de pequenos ‘eus’ separados, que, na
maior parte das vezes, se ignoram, não mantêm nenhuma
relação entre si ou, ao contrário, são hostis uns aos outros,
exclusivos e incompatíveis. A cada minuto, a cada
momento, o homem diz ou pensa ‘Eu’. E a cada vez seu ‘eu’
é diferente [...] O homem é uma pluralidade. O seu nome é
legião”. [5]
Visto deste ângulo, o Traço ou Tipo Principal seria, entre
todos os “eus” que habitam nosso mundo interior, o “eu
falso” mais forte, aquele que comanda a “máscara”
/personne. Assim, por exemplo, um sujeito Tipo 8, que tem
como Traço Principal seu caráter agressivo/luxurioso, ou
melhor, que se excede em tudo o que faz, também teria os
outros 8 “eus” eneagramáticos e todos os “eus” resultantes
das “triplas” combinações. Isso significa que, no mesmo
sujeito agressivo, podemos achar todas as restantes
características eneagramáticas “negativas” e “positivas”.
Algumas serão relativamente fortes, outras se manifestarão
de maneira mais “fraca”, algumas fortalecerão o Traço
Principal, outras o tornarão mais equilibrado. Algumas serão
aliadas desse sujeito, outras agirão como “inimigos”
internos. O que quero dizer é que, analisando o modo como
Gurdjieff falava dos três problemas nucleares e o modo
como descrevia os aspectos negativos das pessoas em
relação aos seus diversos “eus”, cheguei à conclusão de
que para ele o mais importante é que a gente perceba que
todos os “traços negativos” estão presentes em nós sempre
e que não devemos considerar apenas o “principal” como o
alvo do nosso trabalho de observação e lembrança interior.
No meu entendimento, este é o ponto mais valioso da
técnica de Gurdjieff, porque nos lembra que o Eneagrama
também está completo e em movimento constante nos
nossos mundos internos; que o esquecimento de si mesmo
e os três traços decorrentes de sua manifestação afetam
todos nós; que a identificação está sempre presente em
nossos atos e relacionamentos, que vivemos considerando
internamente sempre e que todos os “traços” ligados a
estes “núcleos” expressam a perda de contato com o Ser,
com o “Eu real”, com aquilo que poderíamos chamar, de
acordo com as antigas tradições, o “observador silencioso”,
a “testemunha”, a única capaz de ser verdadeiramente
consciente porque é a consciência. Ao mesmo tempo,
considerando o assunto deste modo, cada um de nós tem
mais um elemento para a análise de si mesmo: quais os
aspectos que além do Traço Principal devemos conquistar
em nós mesmos, que Tipos Eneagramáticos podem servir
como exemplo do que devemos ou não fazer, o que é que
podemos aprender com esses “outros eus” que fazem parte
dos nossos mapas eneagramáticos? Por acaso temos um
“eu” que sofre “tolamente”?
Temos um “eu” que não sabe amar? Temos um “eu”
protelador? Um “eu” vaidoso? Um “eu” moralista? Um “eu”
medroso? Ao mesmo tempo, e sabendo que para cada Traço
ou Defeito Principal existe uma Virtude, um Poder em
potencial que podemos desenvolver e atualizar, devemos
concluir necessariamente que a conquista da Virtude por
trás dos nossos Traços Principais nos permitirá desenvolver
positivamente o potencial de todos os demais “eus” dos
nossos mapas eneagramáticos. Ainda mais, talvez,
atualmente alguns desses “eus” sejam já os nossos
“aliados” psicológicos e só devemos nos tornar conscientes
de suas “presenças”. A questão dos “eus” na psicofilosofia
de Gurdjieff é fundamental, já que, a grande conquista
interior passa necessariamente pelo controle, transmutação
(ou até a “morte” de alguns deles) e governo de todos os
pequenos “eus” por um único “Eu”, permanente, reflexivo e
consciente. Isto é o que torna “indivíduo” (sem divisões
interiores) aquele que conquista a “máscara” ou
personalidade. Enquanto o Traço Principal não for
conquistado, o comando da “personalidade” ficará a cargo
de um “falso eu” e de todos os que a ele estão atrelados. Só
o profundo conhecimento de si mesmo poderá devolver o
comando da personalidade ao “verdadeiro Eu”. Não vou me
estender mais aqui sobre este assunto, que trato com mais
profundidade na minha obra Iniciação e autoconhecimento .
Enfim, o modo gurdjieffiano de mostrar o Eneagrama dos
Traços Principais apontava, na minha opinião, na direção da
descoberta de todos os nossos “problemas internos”, de
todos os 9 “eus” e seus “subtipos”, com o objetivo de que o
conhecimento de si mesmo fosse “completo”, ou seja, que
nossos Eneagramas internos se tornassem conhecidos para
nós mesmos. Então, conhecer o Traço Principal é
importante, não apenas como uma classificação, não
apenas para repetir como “papagaio” “sou 4”, “sou 7” ou
“sou 3 com asa 2”, como ouço por aí de pessoas para as
quais o Eneagrama se tornou mais uma “armadilha” que só
aumenta seu grau de “sono”. Quando nos tornamos
conscientes de nosso Traço Principal e conscientes dos
demais “eus” que habitam nosso complexo e labiríntico
mundo interior, quando podemos ser conscientes dos “eus”
que, sem ser os principais, também influenciam no
“esquecimento de si mesmo”, na “identificação” e na
“consideração interna”, aí então é que o Eneagrama se
torna verdadeiramente valioso e supera os limites de uma
mera “tipologia psicológica”. Desta forma se torna também
uma ferramenta para que possamos lidar melhor com
nossas “realidades” pessoais e individuais. Torna-se útil
como instrumento de apoio no profissional e em nossos
necessários e cotidianos relacionamentos.
Graças à minha experiência no estudo e prática destes
conhecimentos, a cada dia, torna-se cada vez mais fácil
para mim perceber o Traço Prin-cipal nas pessoas e observo
o quanto isso é valioso para, usando a “consideração
externa”, compreendê-las melhor e obter delas o que
realmente quero. Pessoas que não conhecem o seu próprio
Traço Principal e que não o reconhecem em outras pessoas,
só conseguem resultados em seus rela-cionamentos e
trabalhos por mero “acidente”, ou porque com o tempo
ficam mais sensíveis às diferenças humanas devido às suas
experiências e vivências. Gurdjieff reconhece que ele
próprio se tornou com o tempo um especialista em
descobrir o Traço Principal nas pessoas com as quais se
relacionava, não somente com objetivos “espirituais” mas
também com objetivos muito “concretos”. Em sua última
obra, A vida é real somente quando “Eu Sou” cujo título já é
uma grande lição a ser compreendida, Gurdjieff revela como
isso se tornou para ele uma tarefa constante:
“(...) qualquer um que eu conhecesse, por negócios,
comércio ou qualquer outro motivo, fosse velho ou novo
conhecido, e qualquer que fosse sua posição social, eu teria
que descobrir imediatamente seu ‘calo mais sensível’ e
‘pressioná-lo’, preferivelmente com dureza.”
Este deve ser o seu “espírito” ao se preparar para
conhecer seu Traço Principal por meio desta obra, ou para,
já conhecendo seu Traço Principal, aprimorar sua
experiência por razões pessoais ou profissionais. Reconheça
seu Traço Principal com sinceridade e descubra o seu
próprio Eneagrama interior, no qual, todos os “traços” estão
presentes. Conhecendo dessa forma seu “microcosmo”,
você poderá conhecer todos os “microcosmos” que o
rodeiam e, finalmente, quando alcançar a total consciência
de si mesmo, o “macrocosmo” poderá ser conhecido tal
qual ele é, uma expressão maravilhosa dos milhares de
“rostos” daquilo que chamamos “DEUS”. Agora sim vamos
ver como Gurdjieff “retrata” cada um dos nove Traços ou
Defeitos Principais:
D EFINIÇÕES DOS N OVE T RAÇOS OU D EFEITOS P RINCIPAIS
SEGUNDO G URDJIEFF
Após analisar detidamente os Traços ou Defeitos Principais
definidos por Gurdjieff e confrontá-los com os que outros
pesquisadores do Eneagrama destacam, baseados nas
descobertas de Ichazo, consegui isolar todas as definições
com as quais ele os “retratava” tão magistralmente.
Novamente os livros Fragmentos de um ensinamento
desconhecido e Gurdjieff fala a seus alunos foram
fundamentais para realizar essa pesquisa. Vejamos por
Grupos.
T RAÇOS P RINCIPAIS DOS T IPOS 8, 9 E 1 (C ENTRO DO M
OVIMENTO
Q UESTÃO N UCLEAR :E SQUECIMENTO DE SIM ESMOS )
Tipos 8 : “Existem diversas espécies de consideração. Na
maior parte dos casos, o homem se identifica com o que os
outros pensam dele, com a maneira com a qual o tratam,
com sua atitude para com ele [...] pensa sempre que as
pessoas não o apreciam o suficiente [...] Tudo isso o
aborrece, o preocupa, o torna desconfiado; desperdiça em
conjecturas ou em suposições enorme quantidade de
energia; desenvolve nele, assim, uma atitude desconfiada e
hostil para com os outros. Como olharam para ele, o que
pensam dele, o que disseram dele, tudo isso assume a seus
olhos enorme importância. E considera não só as pessoas,
mas a sociedade e as condições históricas. Tudo o que
desagrada a tal homem lhe parece injusto, ilegítimo, falso e
ilógico. E o ponto de partida de seu julgamento é sempre
que as coisas podem e devem ser modificadas. A ‘injustiça’
é uma dessas palavras que servem frequentemente de
máscara a [este tipo de] ‘consideração’ [interna].”
Tipos 9 : “[...] Sem auxílio exterior, um homem nunca
pode se ver. Por que é assim? Lembrem-se. Dissemos que a
observação de si conduz à constatação de que o homem se
esquece de si mesmo sem cessar. Sua impotência em
lembrar-se de si é um dos traços mais característicos de seu
ser e a verdadeira causa de todo o seu comportamento.
Essa impotência manifesta-se de mil maneiras. Não se
lembra de suas decisões, não se lembra da palavra que deu
a si mesmo, não se lembra do que disse ou sentiu há um
mês, uma semana ou um dia ou apenas uma hora. Começa
um trabalho e logo esquece por que o empreendeu, e é no
trabalho sobre si que esse fenômeno se produz com
especial frequência.”
Tipos 1 : “Outro exemplo, talvez pior ainda, é o do homem
que considera que na sua opinião, ‘deveria’ fazer algo,
quando na realidade, não tem que fazer absolutamente
nada. ‘Dever’ e ‘Não dever’ é um problema difícil; em outras
palavras, é difícil compreender quando um homem
realmente ‘deve’ e quando ‘não deve’ (fazer algo).”
T RAÇOS P RINCIPAIS DOS T IPOS 2, 3 E 4 (C ENTRO E MOCIONAL
Q UESTÃO N UCLEAR : I DENTIFICAÇÃO )
Tipos 2 : “Há duas espécies de amor. Um é o amor
escravo. O outro deve ser adquirido pelo trabalho sobre si.
O primeiro não tem valor algum; só o segundo, o amor que
é fruto de um trabalho interno, tem valor. É o amor de que
todas as religiões falam. Se você amar, quando ‘isso’ [a
máscara] ama, esse amor não depende de você e não
haverá nenhum mérito nisso. É o que chamamos ‘amor de
escravo’. Você ama até mesmo quando não deveria amar.
As circunstâncias fazem-no amar mecanicamente [...]”
Tipos 3: “Sugiro que cada um faça a si mesmo a pergunta
‘Quem sou eu?’ Estou certo de que 95% de vocês ficarão
perturbados... Isso prova que um homem viveu toda a sua
vida sem se fazer essa pergunta e considera perfeitamente
normal que ele seja ‘algo’, e até mesmo algo muito
precioso, algo que jamais pôs em dúvida. Ao mesmo tempo,
é incapaz de explicar a outra pessoa o que esse algo é,
incapaz de dar a menor ideia desse algo, porque ele próprio
não o sabe. E se não sabe, não será simplesmente porque
esse algo não existe, mas apenas se supõe existir? Não é
estranho que fechem os olhos, com tão tola complacência,
ao que realmente são, e passem a vida na agradável
convicção de que representam algo precioso? Esquecem de
ver o vazio insuportável por trás da soberba fachada criada
por seu autoengano e não se dão conta de que essa
fachada só tem um valor puramente convencional.”
Ouspensky lembra que alguém perguntou: “O que é que
não compreendemos?” E Gurdjieff respondeu: “Estão de tal
modo habituados a mentir, tanto a si mesmos como aos
outros, que não encontram nem palavras nem
pensamentos, quando querem dizer a verdade. Dizer a
verdade sobre si mesmo é muito difícil. Antes de dizê-la,
deve-se conhecê-la. Ora, não sabem nem mesmo em que
ela consiste [...].”
Tipos 4 : “Qual o papel do sofrimento no desenvolvimento
de si?” Ele respondeu: “Existem duas classes de sofrimento:
consciente e inconsciente. Somente um tolo sofre
inconscientemente. Na vida existem dois rios, duas
direções. No primeiro rio, a lei é somente para o rio, não
para as gotas d’água. Nós somos as gotas. Num momento
uma gota está na superfície, num outro momento está no
fundo. O sofrimento depende da sua posição. No primeiro
rio, o sofrimento é completamente inútil, porque é acidental
e inconsciente. Paralelo a esse rio tem um outro. Neste
outro rio existe outra classe de sofrimento. A gota do
primeiro rio tem a possibilidade de passar ao segundo.
‘Hoje’ a gota sofre porque ‘ontem’ não sofreu o suficiente.
Aqui opera a Lei de Retribuição. A gota também pode sofrer
por antecipação, tarde ou cedo tudo se paga. Para o Cosmo
o tempo não existe. O sofrimento pode ser voluntário e
somente o sofrimento voluntário tem valor. A gente pode
sofrer simplesmente porque se sente infeliz. Ou pode sofrer
por ‘ontem’ para preparar-se para o ‘amanhã’. Repito:
somente o sofrimento voluntário tem valor.”
T RAÇOS P RINCIPAIS DOS T IPOS 5, 6 E 7 (C ENTRO I NTELECTUAL
Q UESTÃO N UCLEAR : C ONSIDERAÇÃO I NTERNA )
Tipos 5 : “É impossível lembrar-se de si mesmo. E não
podemos nos lembrar, porque queremos viver unicamente
pelo mental... Talvez vocês se lembrem do que dissemos do
homem: nós o comparamos a uma atrelagem com um amo
[o Ser], um cocheiro [Centro Intelectual], um cavalo [Centro
Emocional] e uma carruagem [Centro do Movimento]. Não
podemos nem falar do amo pois ele não está presente; de
modo que só podemos falar do cocheiro. Nosso mental é o
cocheiro... Todos os interesses que temos em relação à
mudança, à transformação de nós mesmos pertencem
apenas ao cocheiro, quer dizer, são unicamente de ordem
mental... A transformação não se obtém pelo mental; se for
pelo mental, não tem nenhuma utilidade. Por essa razão
devemos ensinar, e aprender, não por meio do mental, mas
do sentimento e do corpo... Naqueles que estão aqui se
levantou acidentalmente um desejo de chegar a algo, de
mudar alguma coisa. Mas apenas no mental. E nada mudou
ainda neles. Não passa de uma ideia que têm na cabeça e
cada um permanece o que era. Mesmo aquele que
trabalhasse mentalmente durante dez anos, que estudasse
dia e noite, que se lembrasse mentalmente e lutasse,
mesmo esse não realizaria nada útil ou real, porque
mentalmente nada há para mudar. O que deve mudar é a
disposição do cavalo. O desejo deve estar no cavalo e a
capacidade na carruagem. Mas como já dissemos, a
dificuldade é que, devido à má educação moderna, a falta
de relação entre nosso corpo (carruagem), nosso
sentimento (cavalo) e nosso mental (cocheiro) não foi
reconhecida desde a infância, e a maioria das pessoas está
tão deformada que não há mais linguagem comum entre
uma parte e outra...”
Tipos 6 : “O homem, às vezes, se perde em pensamentos
obsessivos, que voltam e tornam a voltar em relação ao
mesmo objeto, às mesmas coisas desagradáveis que
imagina, e que não apenas não ocorrerão, mas, de fato, não
podem ocorrer. Esses pressentimentos de aborrecimentos,
doença, perdas, situações embaraçosas se apoderam
muitas vezes de um homem a tal ponto, que assumem a
forma de sonhos despertos. As pessoas deixam de ver e
ouvir o que realmente acontece, e, se alguém conseguir
provar a elas, num caso preciso, que seus pressentimentos
e medos são infundados, elas chegam a sentir certa
decepção, como se tivessem sido frustradas de uma
perspectiva agradável...
O medo inconsciente é um aspecto muito característico do
sono...
As pessoas não suspeitam até que ponto estão em poder
do medo. Esse medo não é fácil de definir. Na maioria dos
casos, é o medo de situações embaraçosas, o medo do que
o outro pode pensar. Às vezes o medo se torna quase uma
obsessão maníaca.
Tipos 7 : “O homem, bem no seu íntimo, ‘exige’ que todo
mundo o tome por alguém notável, a quem todos deveriam
constantemente testemunhar respeito, estima e admiração
por sua inteligência, por sua beleza, sua habilidade, seu
humor, sua presença de espírito, sua originalidade e todas
as suas outras qualidades. Essas ‘exigências’, por sua vez,
baseiam-se na noção completamente fantasiosa que as
pessoas têm de si mesmas, o que acontece com muita
frequência, mesmo com pessoas de aparência muito
modesta [...].”
E NEAGRAMA DOS T RAÇOS OU D EFEITOS P RINCIPAIS DE ACORDO
COM OS N OVE “R ETRATOS P SICOLÓGICOS ” DE G URDJIEFF
Figura 11
Parte I
- Centro Físico ou Motor (Traços 8, 9 e 1)
O eu
que confronta
O eu
que espera
O eu
que ordena
Centro Emocional
Traços 2, 3 e 4
O Traço 2
: O eu que ama
O eu
que ama
O eu
que compete
O eu
que idealiza
Centro Intelectual
Traços 5, 6 e 7
O Traço 5
: O eu que pensa
O eu
que pensa
O eu
que imagina
O eu
que projeta
O Eneagrama positivo
e a possível evolução humana
A importância da observação
e da lembrança de si
Gurdjieff ensinava que a evolução do ser humano podia
ser compreendida como “o desenvolvimento nele de
faculdades e poderes que nunca se desenvolvem por si
mesmos ”. Ensinava que essas faculdades e poderes
podiam ser desenvolvidos somente por meio de um
constante trabalho sobre nós mesmos, fundamentado em
três processos aparentemente simples, porém, difíceis de
praticar: A “Observação e Lembrança” de nós mesmos e a
prática da “Desidentificação (Não identificação) e da
Consideração externa”.
É fácil perceber que podemos realizar um processo de
auto-observação, porém não é fácil lembrar dessa
necessidade sempre e deliberadamente. Você pode
observar seu corpo ou Centro Físico? Claro que pode. E
graças a essa observação você até fica em condições de
dar-se conta, por exemplo, de que precisa perder alguns
quilos, ou que está necessitando comer um pouco mais, ou
que talvez seja necessário começar a praticar alguns
exercícios porque está “perdendo a forma”; você pode
cuidar dele esteticamente e assim por diante. Você pode
observar seu Centro Físico, também, com a ajuda de
especialistas, médicos e terapeutas corporais, que usarão
conhecimentos, técnicas e tecnologias avançadas para
detectar alguma doença, fazer um check-up geral. Tudo isto
para garantir sua saúde, ou para prevenir certas doenças,
ou para corrigir diversos problemas físicos, dos quais não
menos de 50% afetam sua vida emocional e/ou intelectual,
segundo importantes estudos e pesquisas. Enfim, você pode
observar seu Centro Físico. Porém você poderia esquecer
aquilo que for observado, ou esquecer a importância de
uma “observação” constante. Por exemplo: você “sabe” que
deve ir ao dentista, mas você pode adiar essa decisão até
que a dor ou o problema ultrapassem certos limites
toleráveis. Você não decide ir ao dentista, sua dor “decide”
quando você esquece. Se você esquece o observado, então,
não vai ao dentista, não inicia sua dieta, não se lembra de
praticar seus exercícios corporais e /ou de fazer exames
médicos periódicos e necessários. A lembrança é
necessária. Você pode também observar seu Centro
Emocional, certo? Às vezes você diz: “eu não gostaria de ser
tão sentimental”, ou, “acho que fui muito duro com meu
filho”, ou, “gostaria de ser menos agressivo”. Às vezes, você
percebe que está atuando emocionalmente de um modo
inadequado, acha que não consegue conter certas reações
emocionais “desagradáveis”, enfim, você acha que deveria
fazer algumas mudanças “emocionais” e que isso seria
muito bom. Especialistas de áreas alternativas, psicólogos,
analistas, orientadores, psicoterapeutas e outros
profissionais, podem ajudá-lo nessas observações relativas
ao seu “Centro Emocional”. Práticas de autocontrole e auto-
ajuda também são valiosas. Porém, pelo fato de não se
lembrar de si mesmo, você “esquece” de praticar o que
esses especialistas e métodos lhe indicam e você volta a ter
todas essas reações “emocionais” desagradáveis não
conseguindo modificá-las. Emoções ruins que perturbam
você ou seus seres queridos, amigos ou colegas, são difíceis
de conquistar. Nós nos damos conta de que é necessário
mudar, porém, não lembramos disso no momento certo.
Finalmente, você pode, às vezes, observar seu Centro
Intelectual, seus “estados mentais”, seus pensamentos,
certo? Às vezes você diz: “eu não gostaria de pensar essas
coisas”, ou, “por que imagino tantas besteiras?”, ou diz,
“gostaria de ter um pensamento mais positivo”, “mudar
alguns modos de pensar seria bom para mim”, “gostaria de
controlar minha mente” e assim por diante. Novamente
existem apoios externos que podem lhe ajudar nessa
procura do domínio mental: métodos diversos de controle
mental, técnicas de desenvolvimento das suas faculdades
de concentração, memória, imaginação criativa, meditação,
etc. Mas você volta a pensar negativamente, volta a ser
controlado por sua imaginação. Você esquece que pode
modificar o que tinha observado, por si mesmo, ou com a
ajuda dos profissionais e técnicas adequadas.
Tanto esquecer observar quanto esquecer o que essas
observações feitas no Centro Físico, Emocional e Mental
implicam em termos de mudanças ou cuidados, levam a um
forte esquecimento de si mesmo, e sabemos que o
esquecimento de si mesmo é um dos fatores
eneagramáticos nucleares, correspondente ao Ponto 9 do
triângulo eqüilátero, o qual se relaciona justamente com o
Centro Físico ou Centro do Movimento, que é o único Centro
capaz de estar sempre “presente” e é somente no presente
que tudo aquilo que você quer e poderia modificar está
acontecendo. Mas você não lembra de si mesmo, e lembrar-
se de si mesmo tem a ver com o desenvolvimento dos seus
Centros Intelectual e Emocional.
Você só pode lembrar aquilo que compreende e ama.
Aquilo que você não compreende, você esquece, ou se
torna um conhecimento morto, sem efeitos na sua vida.
Aquilo que você não ama não tem importância real para
você, passa sem deixar rastro, é fácil de esquecer. A maioria
das pessoas “entende” que deve realizar mudanças em si
mesmas, mas poucas o “compreendem”. Vou dar um
exemplo do que estou afirmando: um indivíduo fuma há
muito tempo e ele começa um dia a observar que isso lhe
faz mal. Porém esquece e continua fumando. Um dia lê um
artigo sobre os perigos do fumo. Ele concorda com os dados
que nesse artigo aparecem. Mas continua fumando. Ele é
uma pessoa inteligente, mas não consegue compreender
que “o cigarro é prejudicial a saúde”, apesar de essa frase
aparecer em cada maço de cigarros que ele compra. Ele
mente a si mesmo (Ponto Nuclear 3 do Eneagrama) e diz
que nada vai acontecer, que isso são bobagens, e se
“identifica” com o cigarro dizendo coisas como: “o cigarro
me acalma”, “com o cigarro consigo pensar melhor”, “nada
como um cigarro para eliminar a tensão”, “fumar é
charmoso”, etc., ou seja, ele se auto-engana, atribuindo ao
cigarro “virtudes” que não possui. Ele, na verdade, entende,
mas não compreende, porque esquece o valor de seu corpo
e não se ama. Seu intelecto sabe, mas ele não consegue
realizar o que de vez em quando lembra, ou seja, “acho que
deveria parar de fumar”. Somente a “compreensão” poderá
modificar esse quadro, ou um repentino “choque” na sua
saúde, talvez o início de um câncer pulmonar. Então ele não
conseguirá “esquecer” que deve mudar, ele valorizará seu
corpo, ele se arrependerá de não ter conseguido “amar a si
mesmo”. Porém, às vezes, é tarde demais para modificar os
resultados de seus esquecimentos. Compreender é o
processo que provoca as mudanças reais que fazem com
que o observado seja lembrado. Compreender não nos
permite mentir nem para nós mesmos nem para os outros.
Compreender é ter atingido a lembrança de si mesmo, a
consideração do que realmente acontece e não do que
“achamos” ou “imaginamos” ou “supomos” (Ponto Nuclear
6 no Eneagrama).
Só é possível mudar e evoluir, quando aprendemos e
compreendemos o valor da observação e lembrança de nós
mesmos e quando aumenta nossa capacidade de
“considerar externamente sempre, internamente nunca”.
Sem lembrança não existe observação e sem observação
não existem possibilidades de lembrança. Porém, para
observar “corretamente”, é necessário cultivar a
“consideração externa”, ou seja, ver as coisas sem
preconceitos, sem medos, sem prejulgamentos, sem
acomodá-las aos nossos “modos de ver as coisas”, sem
julgá-las apressadamente.
Quando conseguir “isolar” seu Traço Eneagramático
Principal, você terá que “observar” como ele se manifesta
na sua existência. Deverá se lembrar de fazer isto todas as
vezes que for possível, deverá constatar como esse Traço
Principal o leva a “considerar” pessoas e eventos
“internamente”, ou seja, os modos como você julga,
prejulga, decide, reage, enfim, se manifestam
automaticamente em função desse seu Traço Principal. Se
você descobre que é um Tipo 9, você percebe que esquece
suas próprias necessidades, que não é capaz de fixar prazos
e datas para realizar seus planos, que você “adormece”. Se
você descobre que é um Tipo 8, verá como sua
“consideração interna” o leva a criar inimigos que não
existem, a supor que as pessoas podem querer “atacá-lo”
sempre, que sua agressividade é a forma como se “esquece
de si mesmo”. Cada Tipo Eneagramático tem sua maneira
de “esquecer”, “considerar” e de se “identificar”
negativamente.
Quando sua capacidade de “observação” e “lembrança de
si” aumentem, você conseguirá alcançar a capacidade de
“considerar externamente”, ou seja, poderá ver as coisas,
as pessoas e as situações como elas são e não como você
imagina que são. Somente deste modo as mudanças
positivas vão acontecer.
Este não é um processo rápido, contudo é definitivo. É
necessário apenas lembrar-se sempre e em todo momento
de si mesmo e da sua relação com a existência. É deste
modo que conseguiremos vivenciar o Eneagrama Positivo
por meio do qual é possível a evolução a níveis de
consciência superiores.
A Lei Hermética de Polaridade explica o positivo que existe
por trás de cada Traço/ou Defeito Principal . Ela diz:
“Tudo é duplo; tudo tem seu par de opostos;
os semelhantes e os antagônicos são o mesmo;
os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em
grau;
os extremos se tocam,
todas as verdades são semiverdades;
todos os paradoxos podem se reconciliar.”
Aplicando esta Lei ao Eneagrama dos Traços Principais,
descobrimos que, para cada um desses aspectos negativos
que devemos “modificar” mediante a Observação, da
Lembrança de Si e da Consideração Externa, existe uma
virtude, um poder potencial que podemos desenvolver
mediante um trabalho deliberado e permanente de
autoconhecimento. Acerca destes poderes ou virtudes, o
leitor pode reler no final de cada análise das “máscaras
eneagramáticas” neste livro e refletir. Conservei o nome das
virtudes de acordo com as pesquisas de O. Ichazo e como
foram citadas na obra da Dra. Helen Palmer e outros
autores, o que ajudará a entender os seguintes e valiosos
ensinamentos de Gurdjieff. Todos sabemos que os Sete
Pecados Capitais são: A Indolência ou Preguiça, relacionada
com o Traço Principal dos Tipos 9, a Ira ou Raiva relacionada
com o Traço Principal dos Tipos 1; a Soberba, Orgulho ou
Vaidade, relacionada com o Traço Principal dos Tipos 2 e 3; a
Inveja, relacionada com o Traço Principal dos Tipos 4, a
Avareza, relacionada com o Traço Principal dos Tipos 5; a
Intemperança ou Gula, relacionada com o Traço Principal
dos Tipos 7; e a Luxúria, relacionada com o Traço Principal
dos Tipos 8. O Medo, relacionado com o Traço Principal dos
Tipos 6, seria o resultado “mental” de “culpabilidade” que
produzem a manifestação e os resultados dos Sete Pecados
Capitais. Cada Traço produz afastamento do Ser Verdadeiro,
e portanto, a “prática” de cada um deles provoca o “medo”
de perder o Ser, de ficar fora do “Superior”. Como diz o
apóstolo Paulo: “Porquanto todos pecamos e estamos
destituídos da glória de Deus.” Deus é o Ser Real e
recuperar sua “glória” tem a ver com a necessária vivência
do mandamento bíblico: “Ama a Deus acima de todas as
coisas e ao teu próximo como a ti mesmo.” Somente
quando amamos o Ser acima de todas as coisas, é que
podemos amar o Ser em nós mesmos e o Ser presente em
todos os nossos próximos e em toda a existência.
O resultado dessa possível nova atitude consciente será o
surgimento dos Poderes ou Virtudes:
A Reta Ação (9); a Serenidade ou Paciência (1); a
Humildade, Veracidade e Honestidade (2 e 3); a
Equanimidade (4); o Desapego (5); o Equilíbrio ou
Temperança (7) e o Contentamento ou Inocência (8).
Logicamente, quem consegue desenvolver esses poderes
ou virtudes não pode ter mais medo. O Ser pode ser sentido
no coração, e, a partir desse momento, será ele quem vai
atuar mediante a personalidade, promovendo a “Coragem”,
virtude atrelada ao Ponto 6 do Eneagrama e que significa
Agir desde e com o Coração, o qual é tido em todas as
Tradições Sagradas da humanidade como o Templo do Ser.
Estas virtudes estão relacionadas, então, com o Verdadeiro
Amor (Reta Ação, Serenidade e Inocência); com a
Verdadeira Esperança (Humildade, Veracidade e
Equanimidade) e com a verdadeira Fé (Desapego, Coragem
e Equilíbrio). Por acaso existem um Falso Amor, uma Falsa
Esperança e uma Falsa Fé?
Segundo Gurdjieff, sim. E todo o nosso trabalho interior
deve estar relacionado com a capacidade de distinguir entre
as expressões verdadeiras e falsas daquilo que no
Cristianismo é tido como as Virtudes Principais (Amor, Fé e
Esperança).
Para que você reflita sobre este assunto e faça as relações
correspondentes, transcrevo o que Gurdjieff diz sobre isso
nos Relatos de Belzebu a seu Neto , e também num dos já
citados Aforismos:
“A Fé (Ponto 6) da Consciência é Liberdade.
A fé do sentimento é fraqueza.
A fé do corpo é estupidez.
O Amor da Consciência (Ponto 9) provoca o mesmo em
resposta.
O amor do sentimento provoca o contrário.
O amor do corpo não depende senão do tipo e da
polaridade.
A Esperança (Ponto 3) da Consciência é Força.
A esperança do sentimento é servidão.
A esperança do corpo é doença.” (Gurdjieff, em Relatos de
Belzebu a seu neto)
“O Amor Consciente (9) provoca o mesmo em resposta.
O amor emocional provoca o contrário.
O amor físico depende do tipo e da polaridade.
A Fé Consciente (6) é liberdade.
A fé emocional é escravidão.
A fé mecânica é estupidez.
A Esperança (3) Inquebrantável é força.
A esperança mesclada de dúvida é covardia.
A esperança mesclada de temor é fraqueza.”
(Aforismos 34,35 e 36 de Gurdjieff como aparecem no livro
“Gurdjieff fala com seus alunos” .)
Lembrança de si mesmo
Gráfico das Virtudes e Poderes, pesquisados por Ichazo e outros, que se
escondem por trás de cada Traço ou Defeito Principal, destacando os três que
Gurdjieff ensinava como fundamentais: o Amor Consciente, relacionado com a
Lembrança de si mesmo, a Fé Consciente, relacionada com a Consideração
Externa, e a Esperança Consciente, relacionada com a Desidentificação. De
autoria de Khristian Paterhan-1997
Qualquer que seja seu Traço ou Defeito Principal, você
perceberá que todos os seus demais defeitos se ordenam
de acordo com ele, manifestando-se com maior ou menor
força em relação a ele. Ao mesmo tempo, isso significa que,
quando iniciamos o processo de autoconhecimento,
trabalhando acima do nosso particular Traço Principal, todos
os demais começam a ser superados, devido à dinâmica e à
inter-relação matemática existente no Eneagrama, presente
no movimento externo relacionado com a dízima periódica
0,142857142857.... e com o movimento no triângulo
eqüilátero 9,6,3,9,6,3, 9...
Lembre que todos os Tipos e Traços estão presentes em
você e que a seqüência e o movimento eneagramático
começam a partir da sua posição no Eneagrama,
relacionada com seu Traço ou Defeito Principal.
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Referências
Bibliográficas
Sobre as Leis ou Princípios Herméticos
PATERHAN, Khristian. Iniciação e autoconhecimento . São Paulo: Madras, 2004.
Sobre o Quarto Caminho e os Ensinamentos de Gurdjieff
Gurdjieff, G.I. Gurdjieff fala a seus alunos . São Paulo: Pensamento, 1993.
____. Relatos de Belcebú a su nieto . Buenos Aires: Hachette, 1976.
____. La vida es real solo cuando “Yo Soy” . Málaga: Sirio, 1995.
Ouspensky, P. D. Fragmentos de um ensinamento desconhecido . São Paulo:
Pensamento, 1989.
____. El Cuarto Camino . Buenos Aires: Kier, 1987
Speeth, Kathleen Riordan. O trabalho de Gurdjieff . São Paulo: Cultrix, 1989.
Sobre o Eneagrama
Bennett, J.G. O Eneagrama . São Paulo: Pensamento, 1993.
Naranjo, Claudio. Os nove tipos de personalidade: u m estudo do caráter
humano por meio do Eneagrama. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
Palmer, Helen. O Eneagrama: compreendendo a si mesmo e aos outros em sua
vida. São Paulo: Paulinas, 1993.
____. O Eneagrama no amor e no trabalho . São Paulo: Paulinas,
Riso, Don Richard. Tipos de personalidad: el Eneagrama para descubrirse a sí
mismo. Santiago: Cuatro Vientos, 1994.
____. Comprendiendo el Eneagrama . Santiago: Cuatro Vientos, 1994.
Sobre a Tipologia Junguiana
Jung, C arl Gustav. Psychological Types . Princenton: 1971, Princenton University
Press.
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[1] As quais tive a oportunidade de aprender vivencialmente desde os 15 anos
de idade Entre elas a Filosofia Vedanta Advaita, uma das principais linhas
filosóficas da India, o Budismo, sistema psicofilosófico pelo qual Gurdjieff tinha
uma especial simpatia, e o Hermetismo, filosofia milenar de origem egípcia,
especialmente difundida na Europa durante a Idade Média e cujas origens estão
relacionadas com as lendas ancestrais de Thot-Hermes.
[2] J.G.Bennet foi um notável discípulo de Gurdjieff nos Estados Unidos.
Escreveu várias obras sobre o sistema filosófico conhecido como “Quarto
Caminho” e uma sobre o Eneagrama, publicada no Brasil pela Editora
Pensamento sob o título: O Eneagrama: um estudo pormenorizado do
Eneagrama usado por Gurdjieff .
[3] Inspirado nesses e outros dados e nos Relatos de Belzebu a seu neto de
Gurdjieff, escrevi uma obra de ficção que trata, dentre outras coisas, da
provável origem extra-terrestre do Eneagrama, que foi publicada sob o título
“Apocalipse 21: Uma Visão do Bem Que Está Por Vir” (Quartet Editora).
[4] Sobre o “7 Princípios Herméticos” consultar minha obra Iniciação e
Autoconhecimento: Um Guia para o seu Despertar Espiritual .
[5] Do livro Fragmentos de um ensinamento desconhecido , de Ouspensky.
[6] Verso que podemos traduzir mais ou menos assim: “Se para todas as coisas
existe fim e medida e última vez e esquecimento, quem nos poderá dizer de
quem nesta casa pela última vez nos despedimos?”
[7] O lendário “pai dos Sátiros” e “educador de Dioniso”, segundo nos ensina o
saudoso Prof. Junito Brandão no seu Dicionário mítico-etimológico (Edit. Vozes).
Sugiro a leitura do livro O nascimento da tragédia no qual F. Nietzsche comenta
esta lenda.
[8] Hoje a neurociência comprova o que Gurdjieff ensinava sobre o “sofrimento
tolo”: o cérebro se “vicia” (emotional adiction) em emoções negativas ou
positivas, agradáveis ou desagradáveis.