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ABSTRACT
A discussion of the connection of product development process with the activities of
production engineering envisaging the teaching of production engineers. The usefulness of
a framemework for product development as a reference for teaching and practice is
commented.
1. Introdução
A engenharia de Produção no Brasil passa no momento por um processo de
discussão em torno de sua base tecnológica e de perfil profissional. Independentemente dos
rumos desta discussão, desde já pode-se identificar a importância que a atividade de
concepção dos dispositivos técnicos, sejam artefatos de consumo ou de produção, assume
na profissão.
2. Justificativa
A abertura econômica em diversos países com subseqüente unificação de mercados
regionais; as rápidas mudanças tecnológicas; o aumento da facilidade e da velocidade de
acesso à informações e a personalização e maior segmentação de mercados; que
caracterizam a realidade sócio-econômica em nosso tempo, determinam para as empresas a
necessidade da produção de produtos word class. Para tanto, as empresas tem adotados
estratégias tecnológicas e organizacionais que buscam fundamentalmente a flexibilidade
dos sistemas produtivos. No campo organizacional, consolida-se o conceito de network
manufacturing (D’Amours et al., 1995), caracterizado pela estruturação de pequenas
empresas em rede com capacidade de produzir uma variedade de produtos eficientemente.
Para se ter uma idéia da defasagem do país, pode-se tomar como base os dados
referentes à Propriedade Industrial, que refletem o esforço das empresas brasileiras em
Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). No ano de 1992 verificou-se uma relação de 6/1 nos
depósitos de pedidos de Patente de Invenção entre os não residentes e residentes no país e
de 12/1 nos pedidos aprovados. Ainda, em termos dos números globais de pedidos de
patentes encaminhados no mesmo ano, os dados da OMPI (Organização Mundial de
Propriedade Industrial) mostram 385000 pedidos encaminhados no Japão, 187000 nos
EUA, 115000 na Alemanha, 82000 na França e apenas 14000 no Brasil. A tabela 1
apresenta um levantamento feito por Margareth Maio da Rocha em um total de 552
pedidos depositados no INPI no período de 1979/1995 que aguardavam a aprovação da
Nova Lei de Propriedade Industrial, que entrou em vigor em maio de 1997, para serem
examinados. Fica claro portanto, a pouca ênfase dada pelas empresas brasileiras para a
atividade de desenvolvimento e projeto de produtos, no passado recente.
País Incidência
Estados Unidos da América 37,2%
Suíça 11,1%
Brasil 10,5%
Inglaterra 8,4%
Japão 7,7%
Alemanha 4,6%
França 4,4%
Holanda 4,2%
Dinamarca 2,5%
Outros* 9,4%
Tabela 1.1. Distribuição de Pedidos de Patente no Brasil na Área da Biotecnologia (por país de origem)
O relacionamento entre P&D, Projeto de Produto e Patentes é evidenciado quando
são correlacionados dados de investimentos em ciência e tecnologia (Coutinho, op cit.) e o
número de patentes obtidas pelo países membros da OECD (Organization for Economic
Cooperation Development). De uma forma geral um novo produto incorpora uma parte
reusada e outra inovativa (Andrade&Clausing, 1997) que proporciona a diferenciação
necessária para prevalecer no ambiente de negócios. A capacidade de inovar, relaciona-se
diretamente aos investimentos em P&D e estes, refletem-se em número de privilégios de
patentes obtidos.
Num outro grupo, estão as empresas de menor porte, que tem sofrido de maneira
mais concreta os efeitos da abertura do mercado brasileiro aos produtos internacionais. No
geral, pode-se apontar nestas indústrias debilidades internas, associadas à incapacidades
gerenciais e tecnológicas, determinadas pela inexistência de um ambiente competitivo no
mercado brasileiro durante um longo período de tempo. Destacam-se então as estruturas
organizacionais por função, pouca padronização e formalização nos processos produtivos,
ineficiência de planejamento e controle da produção, inexistência de uma cultura de
projeto de produtos e ausência de investimentos e Pesquisa & Desenvolvimento.
Assim tal engenheiro deve estar preparado para compreender a natureza das
atividades que possa a vir gerenciar. Este enfoque nos coloca dentro do campo da
Projetação, ou seja, com centro na ação de projetar. Isto nos remete também para o campo
da ergonomia. Sem dúvida, aspectos como o trabalho em grupo, trabalho cooperativo ou
problemas não estruturados, constituem o dia a dia de uma equipe de projeto.
Não obstante, nosso foco estar sobre a atividade dos projetistas, faz-se necessário
buscar modelos mais amplos que integrem o projeto do produto e a atividade dos agentes
relacionados, ao contexto dos negócios.
5. Conclusão
Este trabalho tratou de justificar a importância e a relevância do Projeto de Produto
e de Processo no contexto da Engenharia de Produção, bem como discutiu a abordagem a
ser adotada no tratamento do tema.
Enfatiza-se nesta conclusão a necessidade de centrarmos o foco sobre o estudo e a
prática da atividade dos engenheiros de produção projetistas, buscando capacitar os
profissionais da área na compreensão e difusão da cultura de projeto.
6. Bibliografia
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