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____________________________________________________________N.º: _____ Turma: _____


Avaliação:__________________ Professor(a): __________________ Enc. de Educação: _______________

Grupo II - Leitura e Educação Literária


Texto A
Lê atentamente o texto. Em caso de necessidade consulta a nota.

O Victor Hugo do teatro



No Palácio Marquês da Fronteira, em São Domingos de Benfica, Lisboa, voltei ao teatro que não o
da Politécnica, o Maria Matos, o São Luís ou o Recreios da Amadora, só para citar algumas salas que
costumo frequentar. O teatro interessa-me mais pelos atores do que pelas peças. Vou ao teatro para
ver representar os meus atores preferidos e observar o trabalho dos meus encenadores de eleição.
5 A recente visita ao Palácio Marquês da Fronteira tinha como objetivo ver em cena Victor Hugo,
Alexandra Carvalho e Humberto Machado, que já conheço de outras representações, para além do
trabalho de Carlos Carvalheiro de quem vou ouvindo elogios e que conseguiu por de pé um projeto fora
de Lisboa com atores amadores de fora de Lisboa de que haverá muitos poucos exemplos em Portugal.
Cheguei quase uma hora mais cedo ao Palácio para me encontrar com o Victor Hugo que deixou
10 crescer a barba, farta e branca para melhor representar o Rei Lear1. E valeu a pena, tanto a hora de
conversa como as duas horas de teatro e passeio pelo palácio. De verdade cheguei ao
Palácio/residência de José de Mascarenhas eram cerca de 16h00 e só retornei ao Largo da Estefânia,
onde tenho um esconderijo, já passava das 21h00.
Ouvi, no meio de tanta conversa, a pergunta habitual sobre se estava a ver o teatro como
15 jornalista ou como simples espetador; mas ouvi acima de tudo o Victor Hugo falar de si e da sua santa
terrinha, que também é a minha, com o desencanto de que comungo, mas ao qual não dou qualquer
importância. Foi uma conversa para matar o tempo; mas deu para perceber o que vai na alma de um
homem a caminho dos oitenta anos que ainda faz teatro com uma atitude e uma energia que nos
espanta.
20 Na nossa conversa sobre sentimentos, bairrismos, coletividades e cidadania, deu para perceber
que vivemos em mundos diferentes e que a minha opinião não coincide com a dele nem o meu espírito
está possuído do mesmo Deus que nos alimenta a alma. Mesmo assim, no reencontro depois da
representação, quando lhe dei os parabéns pelo papel que tinha acabado de desempenhar, a sua
reação surgiu em forma de pergunta: “não deixei mal a Chamusca pois não; achas que representei bem
25 a nossa terra?”
Publicada por Joaquim António Emídio quinta-feira, 15 de outubro de 2015
http://ultimapaginaomirante.blogspot.pt/2015_10_01_archive.html

1
NOTA: Personagem principal da tragédia teatral de William Shakespeare, considerada uma de suas obras-primas. No argumento da obra,
inspirado por antigas lendas britânicas, o rei enlouquece após ser traído por duas das suas três filhas, às quais havia legado o seu reino de
maneira insensata, pois deserdara a terceira filha.

1. As afirmações apresentadas de (A) a (G) referem-se a informações do texto. Escreve a sequência de


letras que corresponde à ordem pela qual essas informações aparecem no texto. Inicia a sequência com a
letra (E).

(A) O que leva o autor ao teatro são os seus protagonistas.



(B) O jornalista felicitou o ator pelo seu desempenho na peça de teatro Rei Lear.
(C) O ator Victor Hugo, apesar da idade, ainda apresenta uma vitalidade surpreendente.
(D) A peça é representada por atores não profissionais de outras zonas do país.
(E) O autor voltou a frequentar o teatro no Palácio Marquês de Fronteira.
(F) Victor Hugo e o jornalista são naturais da mesma cidade.
(G) Os dois homens, jornalista e Victor Hugo, conversam sobre diversos assuntos.
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2. Para responderes a cada item (2.1. a 2.3.), seleciona a opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto. Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

2.1. O segmento «de que haverá poucos exemplos em Portugal» (linhas 8) refere-se
(A) ao facto da representação ocorrer fora de Lisboa.
(B) apenas ao desempenho dos atores amadores.
(C) ao papel desempenhado por Carlos Carvalheiro.
(D) ao projeto do encenador Carlos Carvalheiro.

2.2. Ao utilizar a expressão «desencanto de que comungo» (linha 16), o autor pretende mostrar que
(A) concorda com a visão que Victor Hugo tem da cidade onde vivem.
(B) comparativamente a Victor Hugo dá maior importância ao assunto.
(C) ao contrário de Victor Hugo, está descontente com a sua terra.
(D) não concorda com a visão que Victor Hugo tem da terra onde vivem.

2.3. Ao utilizar o termo “esconderijo”, o autor demonstra que
(A) brinca às escondidas.
(B) gosta de discrição.
(C) gosta de ser incomodado.
(D) relembra a infância.

3. Seleciona a opção que corresponde à única afirmação falsa, de acordo com o sentido do texto.

(A) «que» (linha 1) refere-se a «(o) teatro» (linha 1).

(B) «que» (linha 2) refere-se a «algumas salas» (linha 2).


(C) «que» (linha 16) refere-se a «santa terrinha» (linhas 15 e 16).
(D) «que» (linha 22) refere-se a «espírito» (linha 21).

Texto B
Lê com atenção o texto B e responde, de forma clara e objetiva, ao questionário que se segue.
Lê com atenção o texto e responde, de forma clara e objetiva, ao questionário que se segue. Em
caso de necessidade consulta o glossário.

5
Passagem de tempo. Coberta1. Dia.
Manuel está estendido sobre uma esteira2, agasalhado com uma manta.
A seu lado, de pé, o Capitão; debruçado sobre ele, segurando-lhe a cabeça, Mestre João observa-o
cuidadosamente.
Manuel continua inanimado.
Mestre João vê-lhe o pulso e os olhos e encosta-lhe o ouvido ao peito.

MESTRE JOÃO – O coração ainda bate. Está muito magoado. Vede. Abre a camisa de Manuel e, depois,
despe-lha. - Sangrou de muitos ferimentos, o pobre! Tendes memória dele?
CAPITÃO - Olhando atentamente o rosto de Manuel – Não sei. Está muito desfigurado... Mas é decerto
dos nossos.
MESTRE JOÃO – Pobre de Cristo. Pode ter sobrevivido de alguma das naus naufragadas à vinda…
CAPITÃO – Incrédulo – As naus perdidas no Cabo das Tormentas? Tantos meses depois? E como poderá
ele ter chegado aqui, a cem léguas ou mais?
MESTRE JOÃO – Deus o saberá.
CAPITÃO – É mais seguro ser algum degredado3 deixado na costa.
MESTRE JOÃO – E deixado por quem, senhor, se por nós não?
CAPITÃO – Que sei eu? Talvez pelos da armada do Almirante Vasco da Gama…
MESTRE JOÃO – Não parece degredado ou arrenegado4… É tão jovem. Vede.
CAPITÃO – Deus Nosso Senhor nos valha, agora há-os de todas as idades, Mestre.
MANUEL - Falando entrecortadamente, com grande esforço, e apontando para algo invisível no horizonte
– A Avantesma! A Avantesma!
CAPITÃO – Que dizes, rapaz? - Olha em volta - De que raio falas tu, marinheiro? - Manuel tomba de novo,
exausto.
O Capitão põe-se de pé, fitando5, inquiridor6, o horizonte e o mar.
CAPITÃO - Murmurando – Com um tempo tão limpo? Impossível!
Mestre João regressa com a mala de médico.
CAPITÃO - Para Mestre João, enquanto procura fazer erguer de novo Manuel – Delira, o pobre diabo... [...]
MANUEL - Surdamente, como num sonho – Não, não! Vai-te de mim, Demónio, afasta-te! Vai-te!
MESTRE JOÃO - Detendo-se e fitando, expectante, o doente – Demónio...? Benzendo-se e recomeçando o
seu trabalho - Deliras, rapaz! [...]
CAPITÃO – Não para de falar no Demónio. – Hesitando - Será que também ele...?
MESTRE JOÃO – Não recomeceis, Senhor Capitão! Não vedes que delira, o pobre? - Levantando-se,
pensativo - Talvez se lhe der a beber um pouco de... - Decidindo-se - Ficai com ele, vou buscar alguma
coisa forte para lhe dar a beber!

PINA, Manuel António – Aquilo que os olhos veem ou O Adamastor. 3.ª edição. pp. 15-17 [com supressões]
GLOSSÁRIO
pavimento / chão do navio.
1

2
tecido grosso
Expulso da pátria ou da terra onde se mora.
3

4
amaldiçoado
5
olhando
6
observando muito atentamente

4. Atenta na didascália inicial e na primeira fala de Mestre João.
4.1. Relaciona os cuidados de Mestre João com o estado físico de Manuel quando foi recolhido a bordo da nau.
Justifica a resposta com passagens textuais.



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5. Explicita o valor das reticências no segmento «Talvez se lhe der a beber um pouco de...» (linha 32), tendo em
conta o contexto em que ocorre.
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6. Apresenta dois dos traços caracterizadores de Mestre João, ilustrando a resposta com elementos textuais.

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7. Explica o sentimento, comum às três personagens, provocado pela figura da «Avantesma».

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8. Identifica o recurso expressivo presente na fala de Manuel «- A Avantesma! A Avantesma! », explicitando o


seu valor.
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Grupo III – Gramática

1. Reescreve as frases, substituindo as expressões sublinhadas pelos pronomes correspondentes.


a) Continuaremos a nossa conversa, amanhã. ______________________________________________



b) Dizeis vós, Mestre, que não vi o Inferno?!... ______________________________________________

2. Completa cada uma das frases seguintes com a forma do verbo apresentado entre parênteses, no tempo e
no modo indicados. Escreve a letra que identifica cada espaço, seguida da forma verbal correta.

Pretérito imperfeito do indicativo


Antes de partir de viagem, Manuel _______________________________ (trabalhar) como carpinteiro.

Pretérito perfeito composto do indicativo


Ultimamente, os marinheiros ____________________________ (chegar) sãos e salvos.

Pretérito imperfeito do conjuntivo


Se não _________________________ (ter) sonhado, Manuel não saberia da existência do Mostrengo.

3. Identifica a função sintática dos constituintes destacados nas frases que se seguem.
a) Reconhecerás que os marinheiros correram perigos. ______________________________________
b) Dizeis vós, Mestre, que não vi o Inferno?!... _____________________________________________
c) O náufrago foi mordido por bichos repelentes. __________________________________________
d) Mestre João e Manuel conversaram longas horas. ________________________________________

4. Associa a frase sublinhada na coluna A à oração que lhe corresponde na coluna B.

Coluna A Coluna B

1. Oração subordinada substantiva


A. Mestre João ajudava Manuel ou ele morria completiva. A. ____
naquela terra.

2. Oração coordenada explicativa.



B. ____
B. Quando a frota de Mestre João encontrou
Manuel, ele estava mal tratado. 3. Oração subordinada adjetiva relativa
restritiva. C. ____
C. Manuel contou que viu a Avantesma.

4. Oração coordenada disjuntiva.


D. ____
D. Manuel, que era um jovem corajoso, não 5. Oração subordinada adjetiva relativa
temeu o monstro. restritiva.

6. Oração subordinada adverbial temporal.

FIM
Cotação
GRUPO I GRUPO II GRUPO III GRUPO III
1.1. ….. 3 pontos 1. ...…................ 4 pontos 1..…........... 4 pontos • Género e formato textual
1.2. ….. 3 pontos 2.1.. .................. 3 pontos 2. ............. 6 pontos • Tema e pertinência da informação
1.3. ….. 3 pontos 2.2..................... 3 pontos 3. .............. 6 pontos • Organização e coesão textuais
1.4. ….. 3 pontos 2.3..................... 3 pontos 4. .............. 4 pontos • Morfologia, sintaxe e pontuação
2.. …... 3 pontos 3. .....………...…... 3 pontos ___________ • Ortografia
_________ 4.1. ……….....….. 5 pontos 20 pontos _____________
15 pontos 5. ………….....…… 5 pontos 25 pontos
6. ………….....…… 5 pontos
7. ………….....…… 5 pontos
8. ………….....…… 4 pontos
___________
40 pontos

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