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RESUMO
Karl Marx discutiu o tema fetiche da mercadoria no qual é explicado o caráter que a
mercadoria possui na sociedade capitalista, ou seja, a ocultação da exploração nas relações de
trabalho. O pensamento marxista conduz à desmistificação do fetichismo da mercadoria e do
capital, desvendando o caráter alienado de um mundo em que as pessoas são dominadas pelas
coisas que elas próprias criam. O que se observa na sociedade atual são novas formas de
alienação pelo caráter que assumiu o fetiche das mercadorias. Neste artigo, pretende-se
retratar, de forma breve, o conceito do fetichismo da mercadoria e a teoria da alienação em
Marx nas perspectivas do consumo, utilizando o método analítico-dedutivo. Levou-se em
consideração a hipótese de que o fetiche da mercadoria na sociedade atual assumiu maior
importância em função dos avanços tecnológicos e da crescente valorização da imagem.
Tentou-se entender a relação entre o fetiche da mercadoria e a teoria da alienação para além
de sua concepção original da relação trabalho-produção na atualidade.
1
Artigo apresentado na disciplina de Economia Política na Universidade Estadual de Santa Cruz
2
Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Santa Cruz. E-mail: htane_17@hotmail.com
3
Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Santa Cruz. E-mail:
daphne_abreu@hotmail.com
4
Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Santa Cruz. E-mail:
marinaasv@yahoo.com.br
5
Doutor em Sociologia pela Universidade Federal Pernambuco. E-mail: economiapolitica.uesc@gmail.com
INTRODUÇÃO
6
MARX, K. O Capital. São Paulo: Nova Cultura, 1996. cap. I, p. 165-175; 197-208.
o que induz as pessoas na sociedade atual a sentirem-se cada vez mais realizadas e felizes ao
consumirem?
1 O fetichismo da mercadoria
desenvolvida para produzir as mercadorias, faz-se necessário que haja a divisão do trabalho.
Existem diversos ramos de produção na composição de uma só mercadoria, originando uma
grande ligação entre todos os produtores, o que significa ser o trabalho de cada um deles
(privado) parte do conjunto do trabalho da sociedade ( social) e só ser possível no seu interior.
Para Netto e Braz (2006), como se trata de um produtor privado, ele administra
isoladamente a sua produção, atuando independentemente dos outros produtores; sendo assim,
o produtor só se confronta com o caráter social do seu trabalho no mercado: sua
interdependência em face dos outros produtores evidencia-se no momento de compra - venda
das mercadorias.
Marx (1996) afirma que o comportamento alienado e a coisificação das relações de
produção são efeitos de uma forma histórica específica de organização social, a saber, a
baseada na produção de mercadorias.
O processo de alienação econômica, segundo Branco (2008) tem duplo caráter, que
obedece as ideias sociais da ordem capitalista, onde o homem é tratado como coisa, e visto
como produto, ora na posição de trabalhar em prol da reprodução do sistema, ora como
consumidor do mesmo. O fetichismo da mercadoria, e a teoria da alienação estão interligados,
sendo uma manifestação da sociedade histórica e capitalista. Podemos dizer assim que,
enquanto a alienação é um processo que decorre de diversos modos de produção, e de
distintas modalidades, o fetichismo da mercadoria é uma particularidade econômica do modo
de produção capitalista.
(...) relações humanas por trás das relações entre as coisas, revelando a ilusão da
consciência humana que se origina da economia mercantil e atribui às coisas
características que têm sua origem nas relações sociais entre as pessoas no processo
de produção (RUBIN, 1987).
Há uma inversão na qual as relações humanas surgem enquanto relações entre coisas,
e as coisas adquirem relações sociais. Dessa forma, podem-se enxergar os valores como uma
propriedade natural das coisas. Segundo Marx (1986), isso é um engano, pois afasta a noção
do trabalho humano incorporado ao valor. Segundo Mészáros (2007), “a questão da alienação
está diretamente relacionada à questão do produto excedente e da mais-valia” o valor revela a
ideia da mais-valia.
A taxa de mais-valia é o resultado da exploração capitalista sobre o trabalho alienado
do individuo. Num ponto de vista mais atual, Debord (1997), faz uma crítica da sociedade
capitalista, uma acusação do seu caráter alienante, fetichista e espetacular. As ideias de
Debord (1997) apontam para um reconhecimento correto da generalização do fetichismo da
mercadoria, que passa a se manifestar como fetichismo da arte, da ciência, etc. e nesse mundo
fetichista, tudo vira fetiche.
O fetiche das relações se reproduz na obra de Debord (1997), pois ele mostra a
emergência que exerce na sociedade espetacular, da imensa acumulação de espetáculos, mas
não sua produção, seu processo de constituição. A Sociedade do Espetáculo mantém seu valor
e atualidade, valor este que consiste em analisar o modo de produção capitalista que é a
expansão do consumo, e das imagens criadas por ele, o que denominou espetáculo.
Os autores diante da sua realidade tentaram conceituar e desvendar os mistérios da
relação social existente no processo de produção das mercadorias, relações sociais em que os
determinantes se tornam alegorias passivas, subservientes a suas próprias criações. Na
atualidade, devido à importância dos bens tecnológicos, estendeu-se à alienação. Ela está não
só no sujeito que trabalha e produz, porém, mais que isto, no sujeito que trabalha e consome;
não apenas nos bens tangíveis, mas também nos intangíveis, ou seja, em todos os lugares ao
nosso redor.
dicularizada ou rejeitada. No consumo alienado não existe relação direta e real entre
consumidor e o prazer de adquirir determinado objeto. Os consumidores adquirem rótulos e
grifes induzido por propagandas, não por necessidade, mas por prazer pessoal. Através da
propaganda, surge a necessidade de possuir para ser feliz, impondo a necessidade de consumir
como um ideal a ser seguido.
Vive-se na era dos laptops e celulares que cabem na palma da mão, a maioria de nós
tem uma quantidade de artifícios tecnológicos que nos condicionam e torna os bens escravos
nosso, pois, num mundo em que uma novidade é tentadora, a alegria está toda nas compras,
enquanto a aquisição das coisas em si, se deflagra de forma alarmante. O princípio
fundamental e essencial da indústria capitalista corresponde à produção de novos objetos
imprópria para continuar sendo utilizados e destinados à lata de lixo, devido a constante
tecnologia no mercado.
O sistema capitalista mantém uma grande oferta de produtos para a sociedade. O
poder do consumo se torna assim contagioso, pois, envolve o indivíduo e estimula a dinâmica
da sociedade capitalista. O poder de consumo é tão contagioso e sua capacidade de alienação
é tão forte que a possibilidade de não consumir atribui às pessoas a condição de insatisfação e
infelicidade.
Acredita-se que o sistema capitalista serve como manipulador em nossa sociedade, que
ativa o consumo nas sociedades modernas, onde a imagem (representação do objeto), a partir
da publicidade, o marketing, invadem o contexto da mercadoria e agrega outros valores ao
produto.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HOBSBAWN, E. J.(org.) - A História do Marxismo, Rio de Janeiro : Ed. Paz e Terra, 1986
MARX, K. O Capital. São Paulo: Nova Cultura, 1996. cap. I, p. 165-175; 197-208.
MÉSZÁROS, I. A teoria da alienação em Marx. São Paulo: Boitempo, 2007. cap. IV, p.
115-138. Disponível em: <http://disciplinas.stoa.usp.br/mod/resource/view.php?id=6143>
Acesso em: 09 out 2013.
NETTO, J. P. & BRAZ, M. Economia política: uma introdução crítica. São Paulo: Cortez,
2006. cap. 3 e 4, p. 78-123. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/97207784/netto-jose-
paulo-braz-marcelo-economia-politica-uma-introducao-critica> Acesso em: 09 out 2013.
RUBIN, I. I. A teoria marxista do valor. São Paulo: Polis, 1987. I parte, p. 17-74.
VIANA, Nildo. O Capitalismo na Era da Acumulação Integral. São Paulo: Ideias e Letras,
2009.