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Geração de Energia Elétrica

Adriano Rodrigues Siqueira

Bruno Leandro Galvão Costa


© 2016 by Universidade de Uberaba

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por escrito, da Universidade de Uberaba.

Universidade de Uberaba

Reitor
Marcelo Palmério

Pró-Reitor de Educação a Distância


Fernando César Marra e Silva

Editoração
Produção de Materiais Didáticos

Capa
Toninho Cartoon

Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário

Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE

Siqueira, Adriano Rodrigues.


S75g Geração de energia elétrica / Adriano Rodrigues Siqueira, Bruno
Leandro Galvão Costa. – Uberaba: Universidade de Uberaba, 2016.
194 p. : il.

Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba.


ISBN: 978-85-7777-569-9

1. Engenharia elétrica. 2. Energia elétrica. I. Costa, Bruno Leandro


Galvão. II. Universidade de Uberaba. Programa de Educação a
Distância. III. Título.
CDD 621.3
Sobre os autores
Adriano Rodrigues Siqueira

Possuo mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Engenha-


ria Civil - PPGEC com ênfase em Meio Ambiente e Sustentabili-
dade pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR
- campus Curitiba (2013) e MBA em Gestão Empresarial pela Fun-
dação Getúlio Vargas - FGV (2010). Sou graduado em Engenha-
ria Elétrica pelo Instituto Nacional de Telecomunicações - INATEL
(Santa Rita do Sapucaí - MG, 1999). Atuei como professor titular
dos cursos de Engenharia do Centro Universitário Católico Sale-
siano - Unisalesiano. Coordenei e lecionei em curso de Engenharia
da Unicesumar - Maringá-PR e em cursos de Engenharia Elétrica e
Civil da Faculdade de Engenharias e Inovação Técnico Profissional
- FEITEP. Atualmente, leciono na UEM - Universidade Estadual de
Maringá, lotado no departamento de Engenharia Civil como profes-
sor assistente. Montei projetos e coordeno cursos de Engenharias
e Tecnólogo em Engenharia a distância na UNIFIL - Centro Univer-
sitário Filadélfia, Londrina - PR. Trabalhei em multinacionais com
propostas turn key para Sub Estações de Energia de alta tensão,
e atuei em empreiteira como engenheiro orçamentista de obras de
construção civil, montagem, energização e comissionamento de
Sub Estações de Energia. Como engenheiro de obras, trabalhei
em empreiteira com construção civil, montagem e energização de
sub estações e linhas de transmissão de energia de alta tensão.
Trabalhei com implantação e O&M de Sistemas de Telecomunica-
ções WLL, construção de rede de telefonia metálica e instalação de
fibra óptica em rodovia. Presto consultoria em NR10, segurança do
trabalho, projetos e adequação de sistemas de incêndio e outros.
Bruno Leandro Galvão Costa

Possuo graduação em Engenharia Elétrica, com ênfase em Ele-


trotécnica, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná
(UTFPR) – Câmpus Cornélio Procópio (2013) e mestrado no Pro-
grama de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica também pela
UTFPR – Câmpus Cornélio Procópio (2015). Possuo curso técnico
em computação pelo Centro de Ensino Profissionalizante CEDAS-
PY (2005). Tenho experiência na área de Engenharia Elétrica, com
destaque para Automação Eletrônica de Processos Industriais,
atuando principalmente nos seguintes conceitos: sistemas de con-
trole (mono e multivariável), otimização de sistemas, inteligência
artificial (redes neurais e metaheurísticas de otimização), máquinas
elétricas, acionamento e controle de máquinas elétricas.
Sumário
Capítulo 1 Panorama do setor elétrico e sua evolução...................11
1.1 Contexto do setor elétrico brasileiro................................................................. 13
1.2 A evolução da matriz energética brasileira ...................................................... 16
1.3 Evolução do setor elétrico brasileiro................................................................. 18
1.4 O contexto atual é diferente do ano de 2001................................................... 22
1.4.1 Transmissão: projetos prioritários........................................................... 29
1.4.2 Geração: ampliação da oferta................................................................. 30
1.4.3 Demanda e Geração Distribuída............................................................ 32

Capítulo 2 Geração centralizada e descentralizada


de energia elétrica.............................................................................35
2.1 Consumo de energia elétrica no brasil............................................................. 38
2.2 Geração centralizada (gc)................................................................................ 41
2.3 Geração descentralizada (gd)......................................................................... 42
2.3.1 Uso de Eólicas e Solares como Geradoras Descentralizadas............... 45
2.3.2 Vantagens da Geração Descentralizada................................................ 48
2.3.3 Desvantagens da Geração Descentralizada.......................................... 51

Capítulo 3 Geração hidroelétrica, termoelétrica e nuclear ..............55


3.1 Fontes de energia............................................................................................. 56
3.2 Geração hidroelétrica........................................................................................ 59
3.3 Geração termoelétrica...................................................................................... 62
3.4 Geração nuclear............................................................................................... 67

Capítulo 4 Centrais geradoras..........................................................71


4.1 Conceitos iniciais.............................................................................................. 73
4.2 Central geradora hidroelétrica.......................................................................... 76
4.2.1 Turbinas de Reação (ou propulsão)....................................................... 81
4.2.2 Turbinas de Ação (ou impulso)............................................................... 84
4.2.3 Reservatório............................................................................................ 88
4.3 central geradora termoelétrica.......................................................................... 95
4.1.3 Central geradora termonuclear............................................................... 103
Capítulo 5 Sistemas não convencionais de produção de eletricidade..115
5.1 Conceitos iniciais.............................................................................................. 117
5.2. Fontes de energia não convencionais............................................................. 119
5.2.1 Energia Geotérmica................................................................................ 120
5.2.2 Energia Solar........................................................................................... 122
5.2.3 Energia Eólica......................................................................................... 124
5.2.4 Energia por Biomassa............................................................................. 126
5.2.5 Energia Maremotriz................................................................................. 128

Capítulo 6 Energias solar - painéis fotovoltaicos - e eólica -


aerogeradores....................................................................................133
6.1 Conceitos gerais sobre energias solar e eólica................................................ 135
6.2 Aspectos sobre os painéis fotovoltaicos........................................................... 136
6.2.1 Efeito Fotovoltaico................................................................................... 137
6.2.2 Construção de um Painel Fotovoltaico................................................... 138
6.2.3 Sistema Fotovoltaico............................................................................... 141
6.3 Aspectos sobre aerogeradores......................................................................... 144
6.3.1 Funcionamento de um Aerogerador....................................................... 145
6.3.2 Estrutura de um Aerogerador.................................................................. 146
6.3.3 Vantagens da utilização de aerogeradores............................................ 148

Capítulo 7 Perspectivas e tendências futuras para a geração de


energia elétrica...................................................................................151
7.1 Panorama energético em termos mundiais..................................................... 153
7.2. Panorama energético brasileiro....................................................................... 157
7.2.1 Análises do balanço energético nacional................................................ 158

Capítulo 8 Setor elétrico brasileiro e projeção


de demanda de energia elétrica........................................................169
8.1 Conceitos iniciais.............................................................................................. 171
8.2 Estrutura organizacional do setor elétrico brasileiro........................................ 173
8.3 Tipos de demanda de energia.......................................................................... 176
8.4 Projeção de demanda de energia elétrica........................................................ 176
8.4.1 Projeção de Consumo de Energia Elétrica............................................. 178
8.4.2. Projeção de Carga de Energia do Sistema Interligado Nacional ......... 181

Conclusão.............................................................................................................. 185
Referências............................................................................................................. 188
Apresentação
Olá Querido aluno. Seja muito Bem-vindo aos estudos da nossa disciplina de
Geração de Energia Elétrica. No decorrer dos próximos capítulos, veremos di-
versos conceitos que caracterizam esta importante área do conhecimento em
Engenharia Elétrica.

Vejamos a seguir, de maneira bem resumida, os principais tópicos característicos


de cada um dos capítulos que estaremos estudando no decorrer desta disciplina:

CAPÍTULO I - Panorama do Setor Elétrico e Sua Evolução:

Em um primeiro momento, neste capítulo, estaremos vendo um contexto sobre o se-


tor elétrico brasileiro. Na segunda seção, veremos alguns aspectos de evolução da
matriz energética brasileira. Por sua vez, na Seção 3, analisaremos rapidamente so-
bre a evolução do setor elétrico brasileiro. E por fim estudaremos algumas informa-
ções sobre o contexto atual (particularmente ao ano de 2014) energético nacional,
analisando sobre: i) expansão da geração (geral, térmica e eólica), ii) crescimento
do consumo e capacidade instalada, iii) ampliação dos limites de intercâmbio, iv)
expansão da transmissão (nos anos 2001, 2014, 2015 e 2023), v) ações que estão
em andamento no Brasil, em termos de transmissão, geração, demanda e geração
distribuída.

CAPÍTULO II - Geração Centralizada e Descentralizada de Energia Elétrica:

Neste capítulo, inicialmente estaremos analisando alguns aspectos sobre o consu-


mo de energia elétrica no Brasil, segundo um estudo da EPE. Em seguida, vere-
mos algumas características principais sobre os sistemas de geração centralizada
e descentralizada (ou distribuídos). No que se refere aos sistemas descentraliza-
dos daremos um pequeno enfoque ao uso de energia eólica e solar. Logo após,
observaremos as principais vantagens da geração de energia distribuída, sob três
perspectivas: para a sociedade, para o meio ambiente e para o setor elétrico. Por
fim, serão colocadas também as principais desvantagens da geração descentra-
lizada, desta vez apenas sob duas perspectivas: para a sociedade e para o setor
elétrico.

CAPÍTULO III - Geração Hidroelétrica, Termoelétrica e Nuclear:

Particularmente, neste capítulo serão vistos aspectos fundamentais relacionados


à três formas de geração de energia convencionais por meio das usinas: hidro-
elétrica, termoelétrica e nuclear. Primeiramente, discutiremos alguns conceitos
iniciais sobre as fontes de energia. Em seguida, iremos analisar vários conceitos
sobre a geração por meio das hidrelétricas. Na sequência, detalharemos as-
pectos sobre a geração de energia utilizando termoelétricas. E ao fim, veremos
vários detalhes da geração de energia elétrica considerando energia nuclear.

CAPÍTULO IV - Centrais Geradoras:

Por sua vez este capítulo irá complementar algumas informações dadas no Ca-
pítulo III, visto que iremos retomar sobre o assunto de geração por meio de
hidrelétricas, termelétricas e nucleares, mas também iremos linkar informações
que serão melhor explanadas no Capítulo VI, neste caso sobre geração por
energias solar e eólica. Em um primeiro momento, iremos ver alguns conceitos
iniciais. Logo após veremos aspectos particulares das centrais geradoras hidro-
elétricas: i) funcionamento; ii) tipos de turbina (de reação, nas quais destacam-
se as turbinas Francis e Kaplan, e de ação, nas quais destacam-se as turbinas
Pelton e Bulbo); iii) reservatórios; iv) barragem do reservatório principal e verte-
douro, onde veremos as barragens do tipo de terra, de enrocamento, em arco,
mista, de gravidade, ensecadeira; v) casa de força; e algumas vi) desvantagens
das centrais hidrelétricas. Na Seção 3, iremos analisar as centrais geradoras ter-
moelétricas: i) componentes; ii) funcionamento; iii) turbinas a vapor e a gás; e iv)
ciclos termodinâmicos. Em seguida, analisaremos sobre as centrais de geração
termonucleares: i) principais componentes; ii) reator nuclear; iii) enriquecimento
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do urânio; iv) fissão atômica; v) tipos de reatores nucleares (particularmente, os


reatores civis BWR, PWR e LMFBR); e vi) vantagens e desvantagens de plantas
nucleares. Ao fim do capítulo, veremos de forma rápida alguns conceitos sobre
centrais geradoras solar e eólica.

CAPÍTULO V - Sistemas Não Convencionais de Produção de Eletricidade:

Neste capítulo, iremos nos aprofundar no estudo de sistemas não convencionais


(ou alternativos) de produção de eletricidade. Inicialmente, iremos analisar os
principais conceitos relacionados a produção de eletricidade segundo sistemas
convencionais, e também com base em sistemas não convencionais. Em segui-
da iremos analisar detalhadamente aos principais sistemas não convencionais de
geração de energia: i) energia geotérmica, ii) energia solar, iii) energia eólica, iv)
energia por biomassa, e por fim v) energia maremotriz.

CAPÍTULO VI - Energias Solar: Painéis Fotovoltaicos, e Eólica: Aerogeradores:

O foco deste capítulo é analisar detalhadamente os principais aspectos sobre os


sistemas não convencionais de geração de energia elétrica Solar e Eólico. Precisa-
mente, estaremos estudando os principais conceitos sobre seus equipamentos de
conversão de energia, neste caso, painéis fotovoltaicos (energia solar) e aeroge-
radores (energia eólia). Inicialmente, veremos uma conceituação geral sobre estas
duas formas de geração de energia. No que se refere aos painés fotovoltaicos,
iremos estudar sobre: i) como ocorre o efeito fotovoltaico; ii) a construção física de
um painel fotovoltaico (suas células fotovoltaicas e também montagem do painel);
e por fim iii) como funciona um sistema fotovoltaico (neste caso, um sistema resi-
dencial). Já para os aerogeradores, estaremos analisando: i) seu funcionamento;
ii) a estrutura básica de um aerogerador, no qual são detalhados seus principais
componentes; e iii) vantagens de utilização de aerogeradores, no contexto atual.

CAPÍTULO VII - Perspectivas e Tendências Futuras para a Geração de Energia


Elétrica:
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Já este Capítulo dedica-se em apresentar de forma resumida algumas perspecti-


vas e tendências futuras para a geração de energia elétrica, em um contexto mun-
dial, assim como em um contexto nacional. Para compreendermos alguns aspec-
tos que permeiam as tendências futuras de geração de energia a nível mundial,
iremos estudar, particularmente, uma palestra ministrada por Philippe Joubert, um
ilustre profissional da área de Energia, que irá mostrar vários aspectos sobre o
tema. Em seguida, a fim de compreender as perspectivas futuras de geração de
eletricidade em nosso país, analisaremos vários dados do Balanço Energético Na-
cional (BEN) do ano de 2015 (que neste caso refere-se ao ano de 2014), sendo
eles: i) matriz energética, ii) matriz elétrica, iii) participação de fontes renováveis na
matriz elétrica, iv) capacidade energética instalada, v) geração de potência elétrica
e vi) emissão de gás carbônico na produção de energia elétrica.

CAPÍTULO VIII - Setor Elétrico Brasileiro e Projeção de Demanda de Energia


Elétrica:

No último capítulo deste nosso livro, iremos discorrer a respeito novamente do


setor elétrico brasileiro, assim como sobre a projeção de demanda de energia
em nosso país. Inicialmente, veremos alguns conceitos iniciais sobre os temas.
Na Seção 2, voltaremos a discutir sobre o setor elétrico brasileiro (visto no Capí-
tulo I), particularmente, sobre sua estrutura organizacional. Logo após, veremos
algumas definições sobre os tipos de demanda existentes. E ao fim do capítulo,
analisaremos algumas informações sobre as projeções de demanda de energia
elétrica no Brasil, sob duas perspectivas: i) consumo de energia elétrica e ii) car-
ga de energia do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Espero que você possa aproveitar bem os conhecimentos que aqui lhe serão
passados, e que esta disciplina possa contribuir de maneira ativa em sua forma-
ção como Engenheiro. Iniciemos então...
Panorama do setor
Capítulo
1
elétrico e sua evolução

Adriano Rodrigues Siqueira

Introdução
Nesta unidade, serão abordados aspectos referentes à
transformação de energia mecânica em energia elétrica, pois isso
é o que chamamos de Geração de Energia. Em tempo de crise
energética, essa temática se mostra muito atual, pois necessário
se faz aprimorar os mecanismos utilizados atualmente para
esse trabalho, bem como desenvolver novas fontes energéticas,
tendo em vista a responsabilidade social e ambiental. Unidades
geradoras mais eficientes e com menor desperdício da energia
gerada são necessárias para as novas demandas industriais,
uma vez que a sociedade moderna também está cada vez mais
dependente da energia elétrica para garantir seu bem-estar.
No Brasil, quem regulamenta o setor elétrico é a ANEEL (Agência
Nacional de Energia Elétrica). Esta unidade didática tem por
finalidade contextualizar o panorama atual das principais fontes
de geração de energia elétrica brasileira, bem como demostrar
como se deu a evolução do setor até os dias atuais, evidenciando
desse modo a atuação da ANEEL nesse contexto histórico. Para o
engenheiro, se faz necessária a formação de uma cultura acerca
do setor elétrico voltado para a geração, pois lhe será requerido
no mercado de trabalho informações acerca da disponibilidade de
energia em determinadas regiões como um fator determinante para
a tomada de decisão de investimentos. As indústrias têm migrado
12 UNIUBE

para regiões onde, além da disponibilidade de energia, haja alta


qualidade e valores competitivos. Portanto, é de suma importância
saber como é gerada a energia que abastece determinada região,
sua dependência dos recursos naturais, como reservatórios de
águas, disponibilidade de ventos, do sol, das marés, do biodiesel, do
bagaço da cana-de-açúcar para processos onde se dá a cogeração.
Assim, a demanda por energia é crescente e novas tecnologias
não poluentes precisam ser desenvolvidas, pois um país não pode
prescindir da energia elétrica que movimenta toda uma economia
e, ao mesmo tempo, não pode ficar tão dependente de uma única
fonte de geração.
O mercado corporativo carece de profissionais com visão sistêmica,
líderes e gestores capazes de propor soluções factíveis para as
diversas demandas industriais. Os profissionais que conseguem
apresentar soluções viáveis para as demandas energéticas têm
sido cada vez mais valorizados pelo mercado.

Objetivos
• Apresentar uma visão geral do setor.
• Evidenciar a dependência dos recursos naturais para a
geração de energia elétrica.
• Demonstrar como se deu a evolução do setor elétrico
brasileiro.
• Indicar como os órgãos de fiscalização do governo
federal atuam na regulamentação do setor.
• Comparar fatos relevantes do passado com o cenário
atual.
• Informar como ocorreu a expansão da geração de
energia no Brasil.
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Esquema
• Contexto do Setor Elétrico Brasileiro
• A Evolução da Matriz Energética Brasileira
• Evolução do Setor Elétrico Brasileiro
• O Contexto Atual é Diferente do Ano de 2001
• Transmissão: projetos prioritários
• Geração: ampliação da oferta
• Demanda e Geração Distribuída

1.1 Contexto do setor elétrico brasileiro

A principal modalidade de geração de energia elétrica do Brasil,


nos dias de hoje, é a hidroelétrica, correspondendo a mais de 60%
da matriz energética nacional. Nos últimos anos, houve escassez
de chuvas, fazendo com que a maioria dos reservatórios das usi-
nas hidroelétricas ficassem constantemente abaixo de 50% de seu
nível normal de operação.

Além disso, uma crescente preocupação com o meio ambiente tem


provocado impasses às hidroelétricas, em virtude dos impactos
causados pela sua implantação, sobretudo pelos alagamentos de
grandes áreas, acarretando danos ambientais e sociais.

A solução pode estar nas usinas termoelétricas, apesar destas sig-


nificarem uma energia mais cara e mais poluente, elas vêm aumen-
tando a sua participação na matriz energética nacional, despontan-
do como uma alternativa às hidroelétricas. O principal problema
enfrentado por esse tipo de geração de energia é o fato de ele
contribuir para o aumento do efeito estufa, sendo que esse tipo de
usina, normalmente, é visto como um dos vilões desse problema
14 UNIUBE

ambiental. Outro ponto desfavorável na utilização dessas usinas


é a utilização de recursos não renováveis, tais como petróleo, gás
e carvão, fontes essas que tendem a ficar escassas nas próximas
décadas. Mas o impulso dado a esse tipo de geração utilizando
como combustíveis materiais renováveis, como o bagaço de cana-
de-açúcar, tem animado o setor e liberado verbas intensas para
este tipo de geração de energia elétrica.

Por sua vez, outra fonte de energia renovável tem se estabelecido no


país, que é a geração eólica. O Brasil tem vivenciado uma expansão
dessa modalidade de geração de energia, estimulada pela boa quali-
dade dos ventos principalmente nas Regiões Nordeste, Sudeste e Sul,
bem como por incentivos para a implantação de tal empreendimento.

A existência de uma matriz energética mista e diferenciada é es-


sencial para que o Brasil possa atender à crescente demanda por
energia, sendo fundamental que as diferentes fontes sejam estimu-
ladas e integradas entre si.

Algumas usinas eólicas ficaram prontas e aptas à operação em


2014 e somente puderam entrar no SIN, Sistema Integrado Nacional
de energia elétrica, em meados ou final de 2015 porque não se
conseguiam construir as linhas de transmissão até a subestação
concentradora e elevadora, em distâncias menores que 30 km, de-
vido a problemas de desapropriação de áreas e até mesmo ações
judiciais provocando revisões dos impactos ao meio ambiente.

Sendo assim, é preciso que tanto governo quanto empreendedo-


res desenvolvam meios de melhorar a divulgação de informações
sobre esses empreendimentos, com conhecimento técnico, cientí-
fico e jurídico visando fornecer à população e ONGs ambientais os
meios de, por si, avaliar os prós e os contras de cada modalidade,
evitando-se, dessa forma, preconceitos e aversões.
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Com uma certa escassez das chuvas, das quais dependem as usi-
nas hidroelétricas, em contrapartida a um grande crescimento indus-
trial e tecnológico, comprometeram a produção e a capacidade de
armazenamento e os riscos de apagões no sistema, caracterizando
‘Condições Hidrológicas Desfavoráveis’, como mostra a Figura 1.

Figura 1 - Registros de produção de energia em períodos de chuvas

Fonte: MME/SEE (2015, p. 3)

Saiba mais

O vídeo "Visão Geral das Operações do Setor Elétrico" apresenta,


de forma simples, clara e sistêmica, a cadeia produtiva do setor,
as categorias de agentes, as instituições que atuam no mercado
de energia e o papel da Câmara de Comercialização de Energia
Elétrica (CCEE) nesse contexto.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=izrywvK-


DWkg> (9:12). Acesso em: 26 jul. 2016.
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1.2 A evolução da matriz energética brasileira

A necessidade do aumento da capacidade de fornecimento de


energia, independentemente de sua origem, é fundamental para
o crescimento industrial do país. No entanto, se questiona se vale
a pena crescer a qualquer custo, assim há a necessidade de um
crescimento sustentável, que se valha dos recursos naturais sem
impactar excessivamente o meio ambiente.

Visando, então, à sustentabilidade, o consenso é de que as na-


ções devem priorizar a obtenção de recursos energéticos de custo
baixo e a utilização eficaz da energia, a fim de que estejam melhor
posicionadas em relação aos países que ainda mantêm suas ba-
ses energéticas majoritariamente em energia não renovável, por
exemplo. Nesse cenário atual, o modelo brasileiro de produção de
biocombustíveis, por exemplo, tem sido alvo de vários elogios e
observações, sendo um modelo de sucesso de aproveitamento da
energia mais limpa e renovável.

Isso afeta diretamente a produção de energia elétrica no Brasil,


permitindo usinas geradoras nas indústrias, com o reaproveita-
mento de bagaço de cana ou soja e, até mesmo, de resíduos não
aproveitados de eucalipto. Assim, as grandes usinas de cana (para
produção de açúcar e álcool) e as fábricas de celulose recente-
mente construídas têm se transformado também em produtoras de
energia elétrica de médio e até grande porte, dessa forma, elas têm
se integrado ao SIN, abrindo opções ao chamado “Mercado Livre”
para os consumidores industriais, além de permitir construções e
expansões sem que necessitem aumentar o consumo do sistema
nacional, uma vez que produzem sua própria energia elétrica.

Todos esses fatos somados e, principalmente, o aumento da neces-


sidade do uso da energia elétrica como principal fonte de energia
UNIUBE 17

são os responsáveis pelas mudanças da matriz energética nacio-


nal. O crescimento da demanda energética em correlação com o
crescimento econômico pode ser observada em razão de

o processo de desenvolvimento econômico ser o


processo de utilização de mais energia para au-
mentar a produtividade e a eficiência do trabalho
humano. De fato, um dos melhores indícios da ri-
queza de uma população é a quantidade de ener-
gia que ela consome por pessoa (THEIS apud
RODRIGUES, 2008, p. 12).

É totalmente visível que houve um crescimento da diversificação


da matriz energética brasileira nas últimas décadas. De acordo
com Segura (2014), enquanto na década de 1970 quase 80% da
energia era proveniente da exploração de carvão, lenha e petró-
leo, hoje quase 50% vem de fontes alternativas. Esse padrão deve
se expandir ainda mais nos próximos anos com uma participação
cada vez maior de fontes energéticas renováveis ou, ao menos, um
pouco menos agressivas. Segundo Abrepo (2008), haverá um ba-
lanço negativo na energia hidroelétrica no ano de 2020, sendo que,
nesse estágio, 80% do seu potencial de geração provavelmente já
estará sendo utilizado e restrições ambientais não permitirão o uso
pleno dos 20% restantes.

A Empresa de Pesquisa Energética – EPE – publicou em 2011:

A demanda de energia elétrica no Brasil ao longo


da década deverá crescer a uma taxa média de
4,8% ao ano, saindo de um patamar de consumo
total de 456,5 mil gigawatts-hora (GWh) no ano
de 2010 para 730,1 mil GWh em 2020. As esti-
mativas constam da Nota Técnica ‘Projeção da
demanda de energia elétrica para os próximos
10 anos’, produzida pela Empresa de Pesquisa
Energética – EPE. Considerando o período em
questão, o acréscimo do consumo total de eletri-
cidade será de 274 mil GWh, volume superior ao
18 UNIUBE

atual consumo de eletricidade do México e próxi-


mo ao atual consumo de eletricidade da Espanha.
O estudo trabalha com a hipótese de a economia
brasileira expandir-se ao ritmo de 5% ao ano nos
próximos 10 anos (EPE, 2011, p. 1).

Como exemplo dessa utilização alternativa de geração de energia


elétrica, convém destacar o incentivo, no Brasil, e a tendência ao
crescimento, nos próximos anos, da utilização de energia eólica,
cuja primeira concessão, realizada em 2009, possibilitou a cons-
trução de 71 empreendimentos, com uma capacidade somada de
1.805 megawatts (MW), principalmente instalados no Nordeste e
no Sul do país.

Outra fonte de energia considerada “limpa” é a energia solar, que


foi alavancada pelo Plano de Aceleração do Crescimento 2 (PAC
2). Dessa forma, as chamadas energias limpas, tais como solar e
eólica, juntas devem gerar quase 500 TWh, em 2030. Isso deixará
o Brasil em posição confortável, visto que a dimensão territorial e o
clima predominantemente tropical possibilitam a captação de ener-
gia dessas fontes diversificadas.

1.3 Evolução do setor elétrico brasileiro

Conforme o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) (ONS,


2014), a reformulação do setor elétrico iniciou-se em 1995 e ficou
conhecida como a Lei de Concessões dos Serviços Públicos, a
partir da qual foram estabelecidas as bases para um novo modelo
institucional do setor elétrico. Graças à privatização de empresas
e à propensão dos capitais privados, houve uma expansão dos in-
vestimentos nesse setor.
UNIUBE 19

Em 1996, foi criada a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL


com o objetivo de regulamentar e fiscalizar a produção, a transmissão,
a distribuição e a comercialização de energia elétrica (ANEEL, 2008).

A ANEEL atua na fiscalização econômico-financeira do serviço de


geração e dos serviços de eletricidade, buscando atingir todas as
empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas em ope-
ração no País, com o objetivo de garantir a prestação de serviços
de qualidade. As empresas que descumprem as normas e leis do
setor elétrico podem sofrer penalidades que vão desde advertência
e multas até a cassação da concessão.

Em 1997, foi criado o Conselho Nacional de Política Energética


- CNPE que tem por objetivos: promover o aproveitamento racio-
nal de energia, a proteção ao consumidor em termos de preços,
qualidade e oferta de produtos, a proteção ao Meio Ambiente, o
incremento do uso do gás natural, a utilização de fontes renováveis
de energia, a promoção da livre concorrência, a ampliação da com-
petitividade e a atração de capitais para a produção de energia.

A partir de 2003, o governo federal projetou um novo modelo para


o setor elétrico brasileiro, em consonância com Agência Nacional
de Energia Elétrica (ANEEL, 2008), e estabeleceu regras explícitas
para a contratação de energia nos ambientes livre e regulado com
objetivo de:

• Garantir a segurança do suprimento de energia elétrica.

• Definir um conjunto de medidas a serem observadas pelos


Agentes, como a exigência de contratação de totalidade da
demanda por parte das distribuidoras e dos consumidores
livres.
20 UNIUBE

• Adotar nova metodologia de cálculo do lastro para venda de


geração, contratação de usinas hidroelétricas e termoelétri-
cas em proporções que assegurem melhor equilíbrio entre
garantia e custo de suprimento. As medidas ainda preveem o
monitoramento permanente da continuidade e da segurança
de suprimento, visando detectar desequilíbrios conjunturais
entre oferta e demanda.

• Prever a compra de energia elétrica pelas distribuidoras no


ambiente regulado por meio de leilões, ao menor preço, pro-
movendo a modicidade tarifária.

• Promover a inserção social e a universalização no Setor


Elétrico Brasileiro.

A nova hierarquia governamental para o Sistema Elétrico de


Potência é mostrada na Figura 2 a seguir.

Figura 2 - Mapeamento organizacional das instituições do setor elétrico nacional

Fonte: Engie (s./d.)


UNIUBE 21

Mediante a inclusão da tecnologia MRT (Sistema Monofilar com


Retorno por Terra), por meio de simplificações em materiais, estrutu-
ras, dispositivos de proteção que propiciam grandes vãos entre pos-
tes, obteve-se redução significativa de custos, possibilitando uma
melhora na eletrificação rural do país, que era de, aproximadamen-
te, somente 30% em 2000. No âmbito do Programa de Eletrificação
Rural "LUZ NO CAMPO", iniciado em Janeiro de 2000, esse sistema
foi definido como prioritário para o atendimento de consumidores ru-
rais, com um envolvimento em âmbito nacional de todas as conces-
sionárias de distribuição de energia elétrica do país.

Do ponto de vista tecnológico, o programa contempla o atendimen-


to das demandas no meio rural por meio dessas três alternativas:

a. Extensão de Rede.

b. Sistemas de Geração Descentralizada com Redes Isoladas.

c. Sistemas de Geração Individuais.

Graças a esse programa, tivemos um crescimento grande das


Centrais Descentralizadas, garantindo a eletrificação e um melhor
custo da energia na geração de energia elétrica na área rural, des-
vinculando essas redes da dependência dos sistemas centraliza-
dos, tais como as médias e grandes usinas hidroelétricas.
22 UNIUBE

Saiba mais

As razões da ineficiência administrativa do setor elétrico e da crise


na Petrobras são temas da entrevista com Adriano Pires, professor
da UFRJ e diretor fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura.
Os efeitos da polêmica Medida Provisória 579 e o papel do pré-sal
na economia brasileira também são analisados pelo especialista
em energia.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=De5Vgx-


JxsP4> (32:23). Acesso em: 26 jul. 2016.

1.4 O contexto atual é diferente do ano de 2001

No final dos anos 90, estávamos com um déficit da capacidade de


gerar energia em relação à demanda necessária. Portanto, essa
situação contrária, por volta do ano 2000, impulsionou toda a evo-
lução do Setor Elétrico Nacional já descritas.

As ações tomadas tiveram impactos positivos no cenário nacional.


Notamos que houve uma boa mudança com relação à situação em
2001 comparada com a condição atual desse setor. A expansão no
sistema de geração chegou a atender as expectativas, mas não
foi o suficiente para tirar o sinal de alerta para a próxima década.
O crescimento da capacidade de geração está apresentado nas
Figuras 3, 4 e 5 a seguir.
UNIUBE 23

Figura 3 - Expansão da geração - 2001 a 2014

Fonte: MME/SEE (2015, p. 17)

Figura 4 - Expansão da geração térmica - 2001 a 2008

Fonte: MME/SEE (2015, p. 18)


24 UNIUBE

Figura 5 - Expansão da geração eólica - 2001 a 2015

Fonte: MME/SEE (2015, p. 19)

Como podemos ver no gráfico da Figura 6 a seguir, a capacidade


instalada conseguiu reverter o quadro nos últimos 15 anos, mas as
expectativas para os próximos 10 anos ainda não está boa, daí a
necessidade de se manterem os investimentos no setor, aumentan-
do e melhorando ainda mais a malha instalada. Os fortes incentivos
e campanhas para que as indústrias reduzissem seus consumos
de energia e até mesmo investissem em geração própria também
fizeram com que a curva de consumo se desacelerasse, permitindo
que ainda haja essa capacidade positiva do sistema.
UNIUBE 25

Figura 6 - Crescimento de consumo e capacidade instalada - 1996 a 2014

Fonte: MME/SEE/EPE (2015, p. 12)

O sistema interligado (SIN) permite que novas linhas de transmis-


são sejam também instaladas, juntamente com subestações de
energia, com consequente melhor distribuição e intercâmbio entre
as unidades geradoras e as regiões de consumo. Nas Figuras a
seguir (7, 8, 9 e 10), podemos ver essa evolução também signifi-
cativa no sistema de transmissão nos últimos 15 anos, apesar das
dificuldades ambientais que a construção dessa malha enfrenta.
26 UNIUBE

Figura 7 - Ampliação dos limites de intercâmbio

Fonte: MME/SEE (2015, p. 13)

Figura 8 - Expansão da transmissão

Fonte: MME/SEE (2015. p. 21)


UNIUBE 27

Figura 9 - Expansão da transmissão -1996 a 2014

Fonte: MME/SEE (2015, p. 22)

Figura 10 - Expansão da transmissão ano 2015

Fonte: MME/SEE (2015, p. 23)


28 UNIUBE

A Figura 11 ainda mostra a expectativa para 2023 da malha, que já


está projetada ou pretendida para o sistema integrado, segundo o
Ministério das Minas e Energia (MME).

Figura 11 - Expansão da transmissão ano 2023

Fonte: MME / SEE / Eletrobras

Quais Ações estão em Andamento?

Com a expectativa ainda de déficits no setor até 2023, na casa de


5 e 10%, o Ministério das Minas e Energia resolveu passar aos ór-
gãos de controle do setor os seguintes temas prioritários:
UNIUBE 29

1.4.1 Transmissão: projetos prioritários

Medidas para recuperar, cumprir e/ou antecipar os prazos de im-


plantação dos projetos prioritários que têm impacto direto no au-
mento da capacidade de permuta entre regiões e o fluxo da energia
de grandes usinas.

Obras que asseguram o transporte de energia de grandes usinas


da região Norte e aumentam a capacidade de intercâmbio entre as
regiões, principalmente na Interligação Norte/Nordeste – Sudeste.

Além de 18 projetos prioritários a executar, já tínhamos em 2015 os


seguintes já em andamento:

Figura 12 - Linhas de transmissão no Brasil

Fonte: MME / SEE (2015, p. 30)


30 UNIUBE

1.4.2 Geração: ampliação da oferta

Ações para atender o novo perfil da curva de carga e contribuir para


ampliar a oferta de energia elétrica em cenários adversos e as so-
luções para geração de energia próxima aos centros de consumo
(Centrais Descentralizadas), ou seja, aumento da geração de ener-
gia no setor sucroenergético e a expansão da geração distribuída.

Os projetos em andamento registrados em 2015 estão expostos


nas tabelas das Figuras 13 e 14.

Figura 13 - Projetos de geração de energia em 2015

Fonte: MME / SEE (2015, p. 33)


UNIUBE 31

Figura 14 - Leilões de energia em 2015

Fonte: MME / SEE (2015, p. 34)

Apesar dos custos e tarifas não serem tão atraentes, as termo-


elétricas também terão seus incentivos como podemos ver nas
Figuras 15 e 16.

Figura 15 - GNL para termoelétricas

Fonte: MME - SEE (2015, p. 42)


32 UNIUBE

Figura 16 - Integração energética Brasil x Argentina

Fonte: MME / SEE (2015, p. 43)

1.4.3 Demanda e Geração Distribuída

Diligência para incentivar as boas práticas de uso eficiente de ener-


gia e ampliar a geração distribuída.

Figura 17 - Geração distribuída

Fonte: MME / SEE (2015, p. 44)


UNIUBE 33

Figura 18 - Articulação Institucional x Implantação de Projetos

Fonte: MME / SEE (2015, p. 45)

Novos projetos regionalizados por meio das Centrais Geradoras,


usinas de pequeno e médio porte, atendendo regiões específicas e
limitadas, com a participação de todos os níveis de governo, desde
municipais até os federais.

Figura 19 - Bandeiras tarifárias brasileiras

Fonte: MME / SEE (2015, p. 46)


34 UNIUBE

Por fim, o governo tem se comprometido e procurado manter a


Transparência nas Ações, mediante:

• Ampliação do diálogo com os agentes setoriais.

• Diálogo com associações do setor elétrico e de petróleo, gás


e combustíveis renováveis.

• Reuniões com associações de classe, representando mais de


uma centena de agentes setoriais.

• Abertura de diálogo com a população e meios de comunica-


ção com realização de entrevistas para jornais, revistas, rá-
dios e redes de televisão e sociais.

Audiências com empresas estatais e privadas envolvidas em em-


preendimentos estratégicos nos diversos setores.

Considerações finais

Percebe-se que há uma grande dependência dos recursos naturais


para a geração de energia elétrica. O Brasil tem experimentado
uma evolução gradual de seu setor elétrico, o crescimento da ativi-
dade industrial é que justifica a ampliação desse setor.

A ANEEL, como órgão regulador, tem papel fundamental nas ati-


vidades ligadas à geração de energia, pois o governo necessita
regulamentar as diversas fontes de geração de modo que os inves-
tidores sintam-se seguros em aplicar recursos financeiros.

Apesar do crescimento vertiginoso da geração de energia nos últi-


mos anos, esgotam-se as possibilidades de novas concessões para
usinas hidroelétricas de grande porte, pois o impacto ambiental cau-
sado por elas é considerável diante das exigências da sociedade.
Geração centralizada
Capítulo
2
e descentralizada de
energia elétrica

Adriano Rodrigues Siqueira

Introdução
Devido à falta de interesses econômicos convivemos com
uma certa escassez no abastecimento das chamadas
regiões rurais do país. Levando-se em conta que cerca de
10% da população vive nessas regiões mais afastadas e
que poderíamos ter um crescimento econômico viável e
interessante ao desenvolvimento do país nessas mesmas
regiões, no final da década de 90, ainda no século passado, o
governo decidiu, por medidas, descentralizar e baratear esses
custos de modo a reverter essa situação. Com isso, se criou e
se intensificou a chamada eletrificação rural descentralizada.
O processo de eletrificação rural descentralizada, e por que
não dizer dispersa, pode utilizar-se de tecnologias disponíveis
no mercado, que convertem energias de fontes renováveis
em energia elétrica. Exemplos são os painéis fotovoltaicos, as
turbinas eólicas, a cogeração usando biogás, a geração por
meio de biomassa vegetal (cana-de-açúcar, biodiesel usando
óleos vegetais etc.), que, quando operando com grupos
motor-gerador diesel, ou outro combustível, e dispositivos
com boa eficiência, proporcionam confiabilidade, qualidade e
segurança no fornecimento de energia elétrica.
Outra fonte de geração descentralizada, já há muito explorada
nas propriedades rurais e que estava meio que abandonada,
é a hidráulica, que gera energia por meio das PCH (Pequenas
Centrais Hidroelétricas), também classificadas, tecnicamente,
de micro ou pequenos aproveitamentos hidroenergéticos.
Vamos tratar mais especificamente dessas chamadas Centrais
Elétricas no capítulo 4 deste material.
De acordo com Edna Elias Xavier et al. (2014), da Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), o Brasil possui um perfil energético
com potencial técnico promissor para adoção de estratégias
voltadas para a utilização de fontes renováveis não tradicionais.
Assim sendo, as centrais eólicas, a energia solar, as centrais
hidroelétricas de pequeno porte (PCHs) e a bioeletricidade são
cada vez mais procuradas para o suprimento das demandas
energéticas. Essas fontes contribuem com a diversificação da
matriz elétrica, além de estarem usualmente relacionadas a
projetos menos impactantes ambientalmente.
Observa-se que a questão ambiental certamente é um dos
argumentos mais importantes para a expansão da utilização
dessas fontes nos últimos anos.
As centrais eólicas e a energia solar assumem papéis de
destaque no cenário energético nacional. Em especial,
porque geralmente tais projetos estão associados a impactos
socioambientais menos expressivos se comparados aos de
outras fontes convencionais.
Ao transportar-se energia elétrica de grandes centrais de
geração para diversas localidades por meio de linhas de
transmissão aéreas ou subterrâneas, tem-se o processo de
distribuição centralizada.
Conforme o Conselho Empresarial para o Desenvolvimento
Sustentável (apud PORTUGUAL, 2009, p. 2):
a produção descentralizada de energia ou
microgeração, refere-se à possibilidade de o
consumidor, particular ou empresa, poder pro-
duzir a sua própria energia, recorrendo para
tal a equipamentos de pequena escala, como,
UNIUBE 37

por exemplo, painéis solares, microturbi-


nas, micro eólicas ou mini hídricas. A ener-
gia produzida pode ser aproveitada para a
produção de energia elétrica, que pode ser
vendida à rede de distribuição nacional.

Portanto, o processo de distribuição descentralizada pode ser


definido como as microcentrais de geração de energia que
abastecem a pequenas regiões onde a demanda é menor.

Objetivos
• Verificar a geração centralizada e descentralizada da
energia elétrica.
• Compreender em todos os aspectos o consumo de
energia elétrica brasileira.
• Observar as vantagens e desvantagens da geração de
energia descentralizada.
• Estudar o uso das energias eólicas e solares como
geradoras descentralizadas de energia.

Esquema
• CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL
• GERAÇÃO CENTRALIZADA (GC)
• GERAÇÃO DESCENTRALIZADA (GD)
• Uso de Eólicas e Solares como Geradoras
Descentralizadas
• Vantagens da Geração Descentralizada
• Do lado da sociedade
• Do lado do meio ambiente
• Do lado do setor elétrico
• Desvantagens da Geração Descentralizada
• Do lado da sociedade
• Do lado do setor elétrico
38 UNIUBE

2.1 Consumo de energia elétrica no brasil

Acessando o site da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), é


possível verificar o consumo de energia elétrica na rede das cin-
co regiões brasileiras, o que tornou possível a criação do seguinte
gráfico e tabela:

Figura 20 - Consumo de energia elétrica na rede

(MWh). Sistema simples: Janeiro de 2015

Fonte: adaptada da EPE (2015)

Tabela 1 - Consumo de energia elétrica na rede

Fonte: adaptada da EPE (2015)


UNIUBE 39

Obviamente, como possui o maior percentual populacional e in-


dustrial, o consumo de energia na região sudeste é maior, o que
ocasiona maior pressão sobre os recursos ambientais disponíveis
nessa região. Nesse cenário, a inclusão de fontes renováveis de
energia no sistema de distribuição, tanto de forma centralizada
como descentralizada, se mostra como solução para minimizar os
possíveis impactos resultantes da grande demanda energética.

Na Figura a seguir, podemos perceber a diferença entre geração


centralizada e descentralizada.

Figura 21 - Comparação entre geração centralizada e distribuída.

Fonte: Geração... (s./d.)

Desde 17 de abril de 2012, quando entrou em vigor a Resolução


Normativa ANEEL nº 482/2012, o consumidor brasileiro pode gerar
sua própria energia elétrica a partir de fontes renováveis ou coge-
ração qualificada, podendo inclusive fornecer o excedente para a
rede de distribuição de sua localidade. Essa forma de geração de
energia elétrica é comumente chamada de micro e minigeração dis-
tribuídas de energia elétrica, que contribuem para aliar economia
financeira, consciência socioambiental e autossustentabilidade.
40 UNIUBE

Novas regras foram instituídas a partir de 1º de março de 2016,


permitindo o uso de qualquer fonte renovável, além da cogeração
qualificada, de microgeração distribuída a central geradora com po-
tência instalada até 75 quilowatts (KW) e minigeração distribuída
aquela com potência acima de 75 kW e menor ou igual a 5 MW
(sendo 3 MW para a fonte hídrica), conectadas na rede de distribui-
ção por meio de instalações de unidades consumidoras.

Também permitiu a possibilidade de instalação de geração distri-


buída em condomínios (empreendimentos de múltiplas unidades
consumidoras). A ANEEL criou ainda a figura da “geração compar-
tilhada”, possibilitando que diversos interessados se unam em um
consórcio ou em uma cooperativa para instalar uma micro ou mini-
geração distribuída e assim utilizar a energia gerada, o que reduzi-
ria o valor das faturas dos consorciados ou cooperados.

A ANEEL também estabeleceu regras que simplificam o processo:


foram instituídos formulários padrão para realização da solicitação
de acesso pelo consumidor, e o prazo total para a distribuidora co-
nectar usinas de até 75 kW, que era de 82 dias, foi reduzido para 34
dias. Adicionalmente, a partir de janeiro de 2017, os consumidores
poderão fazer a solicitação e acompanhar o andamento de seu pe-
dido junto à distribuidora pela internet.

Saiba mais

Documentário da série “Construindo o Futuro”, realizado pelo


Discovery Channel. Essa edição mostra o desafio de físicos, enge-
nheiros e pesquisadores para encontrar novas fontes de energia.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7aBE-


TpwNEF4> (45:08). Acesso em: 27 jul. 2016.
UNIUBE 41

2.2 Geração centralizada (gc)

Podemos definir que as Usinas de Geração Centralizada são as


Usinas de Grande Porte, ou seja, usinas com produção geralmente
superior a 100 MW e que ocupam espaços territoriais extensos.

No Brasil, nas regiões de grande densidade populacional como a


Sudeste e parte da região Sul, o uso de usinas centralizadas ainda é
a melhor solução para atender esses grandes centros populacionais,
uma vez que as distâncias das usinas desses centros não é tão grande.

Assim sendo, as centrais de grande porte centralizadas deverão


continuar a atender uma significativa parcela do Sistema Interligado
Nacional (SIN). Uma fonte de energia limpa de grande porte, mes-
mo que centralizada, pode ganhar força nessa tarefa. É o caso,
mais especificamente, da eólica, que tem potencial para atender
com importantes ganhos essa demanda, contribuindo para a redu-
ção da emissão de poluentes atmosféricos, pelas usinas térmicas,
diminuindo a necessidade da construção de grandes reservatórios
e reduzindo o risco gerado pela sazonalidade hidrológica das usi-
nas hidroelétricas.

Com isso, o governo tem liberado verbas orçamentárias especí-


ficas para esse tipo de empreendimento, já que essa é a melhor
maneira de se ter usinas centralizadas com menores impactos am-
bientais e sem ferir os recursos naturais que estão ameaçados de
escassez nas próximas décadas.

As vantagens da geração eólica centralizada se resumem da se-


guinte forma:

• Redução da emissão, pelas usinas térmicas, de poluentes


atmosféricos.
42 UNIUBE

• Diminuição da necessidade da construção de grandes


reservatórios.

• Redução do risco gerado pela sazonalidade hidrológica, à luz


da complementaridade.

• Atração de turistas, gerando renda, emprego, arrecadações e


promovendo o desenvolvimento regional.

2.3 Geração descentralizada (gd)

A GD é definida como o uso integrado ou isolado


de recursos modulares de pequeno porte por con-
cessionárias, consumidores e terceiros em aplica-
ções que beneficiam o sistema elétrico e ou con-
sumidores específicos. O termo tem sintonia com
outras expressões normalmente usadas como:
autogeração, geração in situ, cogeração e gera-
ção exclusiva (EPRI, 1997 apud OLADE, 2011).

De acordo com o COGEN, a Geração Descentralizada se trata de


um tipo de geração elétrica que se diferencia da realizada pela ge-
ração centralizada por ocorrer em locais onde não seria instalada
uma usina geradora convencional, contribuindo assim para aumen-
tar a distribuição geográfica da geração de energia elétrica em de-
terminada região.

A GD oferece inúmeras vantagens ao setor elé-


trico, visto que a disposição da unidade de ge-
ração próxima à carga permite a diminuição das
perdas associadas ao transporte de energia elé-
trica, além de uma maior diversificação das tecno-
logias empregadas para produção de energia, e
assim sua escolha pode ser realizada em função
dos requerimentos específicos da carga ou da
disponibilidade dos recursos energéticos locais
(RODRIGUES, 2000 apud OLADE, 2011).
UNIUBE 43

As tecnologias de GD disponíveis no mercado atualmente têm dis-


ponibilizado equipamentos de medição, controle e comando que
articulam a operação dos geradores e o eventual controle de car-
gas (ligamento/ desligamento) para que estas se adaptem à oferta
de energia, melhorando a eficiência energética.

Esses conceitos de geração distribuída trazem em comum:

• Proximidade com a região de consumo.

• Localização: sistema elétrico da empresa ou sítio do cliente.


Quando o local for fora do alcance da rede distribuída, devem
se utilizar os chamados sistemas isolados.

• Produção em pequena escala, possibilitando conexão próxima


aos diversos pontos da rede elétrica (alta, média e baixa tensão).

• Potência reduzida.

• Emprego de diversas tecnologias.

Figura 22 - Conceito de geração distribuída

Fonte: EPRI (2009 apud OLADE, 2011)


44 UNIUBE

Mas a grande vantagem do uso das GD é a possibilidade de usar


recursos renováveis disponíveis localmente ou mesmo conceber
medidas de eficiência energética. Em termos ambientais, na utili-
zação da GD, os recursos energéticos distribuídos podem e devem
contribuir na redução das emissões de GEE (gás de efeito estufa)
e também para mitigar a mudança climática.

No Brasil, as tendências para o incremento da geração distribuída


decorrem de diversas causas, como:

• Desejo dos consumidores de reduzir o custo do suprimento


de energia elétrica e de melhorar a confiabilidade desse su-
primento, em face do aumento dos preços aplicados pelas
concessionárias e das sua deficiências, em particular.

• Reestruturação institucional do setor elétrico.

• Disponibilidade crescente do gás natural para geração, em


virtude do aumento da oferta tanto de origem nacional como
externa, da construção de gasodutos para transporte e do de-
senvolvimento das redes de distribuição (OLADE, 2011).

• Crescente aumento e aperfeiçoamento de tecnologias para


aproveitamento de energia a partir de fontes renováveis, com
destaque para a solar e a eólica.

• O baixo valor econômico da venda de energia, obtido median-


te leilões de energia para fontes renováveis.

• Políticas públicas de incentivo ao mercado de energia solar,


que colocou o Brasil em destaque quanto ao aproveitamento
da energia solar térmica.
UNIUBE 45

• Conscientização dos problemas ambientais, promovendo so-


luções que tendem a reduzir os impactos ambientais da gera-
ção, dentre as quais as que permitem melhor aproveitamento
da energia proveniente de combustíveis fósseis ou provenien-
tes da biomassa; e da diminuição da utilização e construção
de grandes redes de distribuição.

• Progresso da tecnologia eletrônica e consequente redução


nos custos de sistemas de controle, de processamento e de
transmissão de dados, viabilizando a operação de sistemas
elétricos cada vez mais complexos (INEE, 2001).

2.3.1 Uso de Eólicas e Solares como Geradoras Descentralizadas

A energia solar e a eólica aparecem como ótimas opções para ge-


ração descentralizada (no caso das eólicas até mesmo como usi-
nas centralizadas), pois, além de energias limpas e de baixo impac-
to ambiental, suas vantagens se resumem da seguinte forma:

• Suprem pequenas localidades distantes da rede, contribuindo


para o processo de universalização do atendimento.

• A qualidade do fornecimento de energia elétrica é superior por


dispensar o transporte por longas distâncias.

• Estabilidade e confiança.

• Alívio da sobrecarga e o congestionamento do sistema de


transmissão.

• Manutenção da tensão em níveis adequados.


46 UNIUBE

• Redução do número de quedas de energia e blackouts.

• Diminuição de perdas decorrentes do transporte da energia,


com correspondente aumento da eficiência energética.

• Contribui na diversificação da matriz energética e do setor


elétrico.

• Reduz impactos ambientais decorrentes da construção de re-


servatórios e de longas LTs.

• Geração de empregos e desenvolvimento econômico.

• Diversificação de investimentos privados distribuídos


regionalmente.

• Eficiência no uso das fontes energéticas.

• Agilidade no atendimento ao crescimento da demanda.

• A energia solar não polui durante seu uso. A poluição decor-


rente da fabricação dos equipamentos necessários para a
construção dos painéis solares é totalmente controlável utili-
zando as formas de controles existentes atualmente.

• As centrais solares necessitam de manutenção mínima.

• Os painéis solares estão a cada dia mais potentes ao mesmo


tempo que seu custo vem decaindo. Isso torna cada vez mais
a energia solar uma solução economicamente viável.

• A energia solar é excelente em lugares remotos ou de difícil


acesso, pois sua instalação em pequena escala não obriga a
enormes investimentos em linhas de transmissão.
UNIUBE 47

• Em países tropicais, como o Brasil, a utilização da energia


solar é viável em praticamente todo o território e, em locais
distantes dos centros de produção energética, sua utilização
ajuda a diminuir a procura energética nestes e consequente-
mente a perda de energia que ocorreria na transmissão.

As desvantagens da geração centralizada e descentralizada das


eólicas, em maior e menor proporção respectivamente, são:

• Impactos visuais.

• Interferências eletromagnéticas.

• Interferência nas rotas de aves.

As desvantagens da geração centralizada e descentralizada das


geradoras solares são:

• Existe variação nas quantidades produzidas de acordo com a


situação climatérica (chuvas, neve), além de que, durante a
noite, não existe produção alguma, o que obriga a que exis-
tam meios de armazenamento da energia produzida durante
o dia em locais onde os painéis solares não estejam ligados à
rede de transmissão de energia.

• Locais de latitudes médias e altas (Ex: Finlândia, Islândia,


Nova Zelândia e Sul da Argentina e Chile) sofrem quedas
bruscas de produção durante os meses de inverno devido à
menor disponibilidade diária de energia solar. Locais com fre-
quente cobertura de nuvens (Londres, por exemplo) tendem
a ter variações diárias de produção de acordo com o grau de
nebulosidade.
48 UNIUBE

• As formas de armazenamento da energia solar são pouco efi-


cientes quando comparadas por exemplo aos combustíveis
fósseis (carvão, petróleo e gás) ou à energia hidroelétrica
(água).

• Os painéis solares têm um rendimento de apenas 25%, ape-


sar desse valor ter aumentado ao longo dos anos.

2.3.2 Vantagens da Geração Descentralizada

De uma forma geral, no que se refere à Geração Descentralizada,


independentemente da fonte de energia utilizada, podemos salien-
tar o que segue:

2.3.2.1 Do lado da sociedade

• Qualidade e confiabilidade superiores do abastecimento por


meio de tecnologias de GD, porque seu sistema elétrico não
aceita variações de frequência e/ou tensão.

• Aumento da confiabilidade do suprimento aos consumidores


próximos à geração local, por adicionar fonte não sujeita a
falhas na transmissão e distribuição.

• A eletricidade gerada pela GD tem menor custo para o


consumidor.

• Contribuição para o aumento do mix da geração, levando a


uma maior segurança do suprimento energético.
UNIUBE 49

• Geração de empregos e estabilidade na produção pela indús-


tria nacional, gerando desenvolvimento econômico.

• Contribuição para o desenvolvimento local (social e econômi-


co), devido ao uso de recursos próprios da região onde está
inserida a instalação elétrica.

2.3.2.2 Do lado do meio ambiente

• Contribuição na redução das emissões de GEE e para a miti-


gação da mudança climática devido ao uso de recursos ener-
géticos distribuídos.

• Minimização dos impactos ambientais, pela redução da ne-


cessidade de grandes instalações de geração de cargas e
extensas linhas de transmissão.

• Diminuição do uso de fontes de energia não renováveis.

• Diminuição do desmatamento.

• Possibilidade de melhorar a eficiência energética.

• Uso adequado dos recursos renováveis.

2.3.2.3. Do lado do setor elétrico

• A GD é economicamente atraente na medida em que reduz os


custos, adia investimentos em subestações de transformação e
50 UNIUBE

em capacidade adicional para transmissão, além de reduzir per-


das nas linhas de transmissão e distribuição, perdas reativas de
potência e estabilidade na tensão elétrica (OLADE, 2011).

• A diversidade de investimentos privados gerados pela GD ten-


de a ampliar o número de agentes geradores e participantes
do setor elétrico, distribuídos regionalmente (COGEN, 2013).

• Atendimento mais rápido ao crescimento da demanda (ou à


demanda reprimida) por ter um tempo de implantação inferior
comparado à geração centralizada, bem como facilidade de
reforços das respectivas redes de transmissão e distribuição.

• Diminuição da dependência do parque gerador centralizado,


mantendo reservas próximas aos centros de carga (COGEN,
2013).

• Agilidade no atendimento ao crescimento da demanda, inse-


rindo menor prazo e menor complexidade no licenciamento e
na liberação para implantação dos projetos (COGEN, 2013).

• Aumento da estabilidade do sistema elétrico, pela existência


de reservas de geração distribuída (INEE, 2001).

• Redução das perdas na transmissão e dos respectivos cus-


tos, e adiamento no investimento para reforçar o sistema de
transmissão (INEE, 2001).

• Redução dos investimentos para implantação, inclusive os


das concessionárias, e para o suprimento de ponta, dado que
este passa a ser compartilhado (“peak sharing”), e os de to-
dos os produtores para reservas de geração (que podem ser
alocadas em comum) (INEE, 2001);
UNIUBE 51

• Redução dos riscos de planejamento.

• O uso de unidades de menor capacidade propicia o equilíbrio


na busca de melhores taxas variáveis de crescimento de de-
manda, contribuindo na redução de risco associados a erros
de planejamento e oscilações de preços ao sistema elétrico
(WALTER et al. apud OLADE, 2011);

• Contribuição para a abertura do mercado energético, com a


criação de regulamentação jurídica própria, que podem repre-
sentar uma grande oportunidade comercial.

2.3.3 Desvantagens da Geração Descentralizada

A Geração Descentralizada acarreta desvantagens devido à de-


sarticulação entre interconexão física, intercâmbio comercial e o
custo da tecnologia, e também em razão do aumento do número de
empresas e entidades envolvidas.

Da mesma forma que as vantagens, podemos também classificar as


seguintes desvantagens para o uso de centrais descentralizadas:

2.3.3.1 Do lado da sociedade

• Remuneração do custo da interligação da GD à rede, que a


princípio fica a cargo do proprietário da GD (OLADE, 2011).

• Possível variação da tarifa em função da taxa de utilização da


interconexão.
52 UNIUBE

• Possível tempo de amortização elevado devido ao custo do


sistema.

• Variações na produção de energia do sistema, conforme a


fonte energética adotada (INEE, 2001).

2.3.3.2 Do lado do setor elétrico

• A concessionária à qual vai se conectar um produtor inde-


pendente pode ser apenas transportadora e não compradora
da energia que lhe é entregue por aquele produtor para um
cliente remoto.

• Maior complexidade no planejamento e na operação do sis-


tema elétrico.

• Maior complexidade nos procedimentos e na realização de


manutenções, inclusive nas medidas de segurança a serem
tomadas e na coordenação das atividades.

• Possível diminuição do fator de utilização das instalações das


concessionárias de distribuição, o que tende a aumentar o
preço médio do seu fornecimento.

• Remuneração de investimentos de concessionárias, decor-


rentes ou afetados pela interconexão (INEE, 2001).
UNIUBE 53

Considerações finais

Vimos que a geração local de energia reduz as perdas de transmis-


são e aumenta a confiabilidade do sistema, pois os usuários não
necessitam contar com grandes e remotas centrais elétricas.

Entretanto, em termos econômicos e em curto prazo, a produção


descentralizada de energia não é tão vantajosa, em razão de os
custos de instalação inicial ser maiores em relação a uma central
energética.

No entanto, em longo prazo, a descentralização de energia torna


os preços mais competitivos e contribui para a redução dos impac-
tos ambientais, pois usa normalmente fontes renováveis de energia
como a eólica e a solar.

Com o estudo aprofundando da estrutura descentralizada de ener-


gia, verificamos alguns obstáculos ligados às questões técnicas,
principalmente no custo da tecnologia.

É imprescindível o papel do engenheiro na análise dos impactos


de um gerador descentralizado usado para atender a demanda de
energia local. O engenheiro também é responsável por gerenciar e
explorar essa oferta de energia utilizada para beneficiar as indús-
trias e a comunidade da região.
Geração hidroelétrica,
Capítulo
3
termoelétrica e nuclear

Adriano Rodrigues Siqueira

Introdução
O setor elétrico do mundo depende fortemente da disponibilidade
de recursos hídricos tanto para geração de energia em centrais
hidrelétricas como para o resfriamento em centrais termelétricas
(nuclear, combustível fóssil, biomassa ou geotérmica).
Em 2010, de acordo com o EIA (Energy Information Administration),
a termelétrica contribuiu com cerca de 16,473 milhões de MWh
(81%) da geração atual em todo o mundo e a hidrelétrica, com
3,402 milhões de MWh (17%).
Na maioria das regiões, a termelétrica é dominante, a não ser na
América do Sul, onde predomina a hidroelétrica (63% do total
de eletricidade) (DAVIS; KYLE; EDMONDS, 2013). Apesar de a
energia solar fotovoltaica e eólica estarem crescendo rapidamente,
vários estudos mostram que a energia termelétrica, em conjunto
com a energia hidrelétrica, muito provavelmente continuará a ser
dominante durante todo o século XXI.
Estudos anteriores mostraram que o aquecimento global e o
aumento das mudanças climáticas podem ter impactos importantes
sobre os recursos hídricos. Além disso, as demandas por eletricidade
deverão aumentar sob uma crescente população mundial.
Neste capítulo, iremos ver os benefícios e desafios das da geração
de energia hidrelétrica, termelétrica e termonuclear.
Objetivos
• Entender o conceito de fonte de energia.
• Compreender a geração de energia hidrelétrica.
• Verificar as vantagens e desvantagens da geração de
energia termoelétrica.
• Analisar os benefícios e desafios da geração nuclear de
energia.

Esquema
• Fontes de energia
• Geração hidroelétrica
• Geração termoelétrica
• Geração nuclear

3.1 Fontes de energia

A energia elétrica é a principal fonte de uso em grande escala


no mundo todo, inclusive no Brasil, até porque traz uma facilida-
de de transporte e um baixo índice de perda energética durante
conversões.

Fontes renováveis, como a força das águas, dos ventos ou a energia


do sol, bem como recursos fósseis estão entre os combustíveis usa-
dos para a geração da energia elétrica. Por meio de turbinas e gera-
dores podemos transformar outras formas de energia, como a mecâ-
nica e a química, em eletricidade. As fontes de energia mais comuns
são as térmicas, os combustíveis fósseis, os reatores nucleares, que
geram vapor e energia potencial gravitacional nas barragens das
usinas hidroelétricas. As pilhas geram a eletricidade pelas reações
de óxido-redução com uma variedade de produtos químicos.
UNIUBE 57

Segue uma tabela que indica diversas origens e fontes de energia


e o equipamento utilizado para a sua produção:

Tabela 2 - Fontes de Energia

Origem Fonte Equipamento


Calor Reação nuclear Central nuclear
Nascentes hidrotermais Central geotérmica
Queima de resíduos Incinerador
Queima de outros ti- Central termoelétrica
pos de combustível
Luz Sol Célula fotoelétrica
Movimento Vento Aerogerador
Motor Gerador
Ondas do mar Central talassomotriz
Peso Maré Central talassomotriz
Água dos rios Turbina hidráulica
Química Reações químicas Célula eletrolítica
Fonte: Wikipédia (s./d.)

A geração é feita através de transdutores, que, girando unidos a ge-


radores elétricos, convertem, normalmente, a energia mecânica em
eletricidade. As turbinas podem ser movidas usando o vapor, a água,
o vento ou outros líquidos como um portador de energia intermediário.

Em âmbito mundial, o que se vê é uma confiabilidade no carvão e


no gás natural para fornecer energia. As exigências elevadas da
energia nuclear, em termos de segurança por conta dos altos ris-
cos envolvidos, impediram a proliferação desse tipo de estrutura na
maioria dos países desde 1970.
58 UNIUBE

Já discutimos em capítulos anteriores que as usinas hidroelétricas


no Brasil são a maior fonte de geração de energia elétrica. No en-
tanto, com incentivos governamentais e ambientais, a energia eóli-
ca tem sido a preferida pelo governo e concessionárias e tem sido
apontada como a principal alternativa caso as hidroelétricas não
sejam capazes de atender as demandas, uma vez que estas estão
sujeitas à sazonalidade de chuvas, o que confere uma certa insta-
bilidade nos reservatórios das represas das hidroelétricas.

Na última década, incentivou-se o uso de fontes renováveis de co-


geração descentralizada por indústrias de grande porte, como as
canavieiras e as de celulose, que têm reforçado o sistema como
um todo, à medida que, ao invés de aumentar consumo no setor
elétrico, se alto alimentam eletricamente com seus próprios gera-
dores e ainda conseguem gerar centenas de MW ao sistema.

Exemplos típicos são a Usina de Cana-de-Açúcar da COSAN, em Jataí/


GO, que fornece mais de 60 MW ao sistema, o projeto PUMA de ce-
lulose da Klabin, em Ortigueira/PR, que fornece cerca de 165 MW ao
sistema (estas já em operação) e o projeto Horizonte 2 de celulose da
FIBRIA, em Três Lagoas/MS, que também deverá gerar ao sistema, no
segundo semestre de 2017, cerca de 150 MW. Essas novas fábricas de
celulose estão entre as maiores do mundo e não vão acarretar aumento
no consumo de energia elétrica ao sistema, sendo caracterizadas, sob
o ponto de vista do setor elétrico, como centrais descentralizadas de
geração, embora a potência entregue ao sistema seja equivalente a
uma usina de grande porte. Utilizando sobras de cana e de eucalipto
(Lixivia), são também fonte de energia renovável, indo, dessa forma, ao
encontro de todos os projetos ambientais e metas mundiais.

De acordo com o núcleo de estudos do senado federal (TANQUEDI;


ABBUD, 2012), dependendo do cenário macroeconômico conside-
rado, pode-se estimar que o parque gerador de energia elétrica
UNIUBE 59

brasileiro, em 2030, terá uma potência instalada entre 210 e 250


mil MW, ou seja, deveremos ter um considerável aumento em rela-
ção ao parque hoje existente, que gera de 120 a 160 mil MW. Esse
número é muito maior que a disponibilidade de recursos hídricos,
que a construção de mais usinas hidrelétricas é restringida primei-
ramente em razão de suas interferências ambientais.

Neste capítulo, vamos nos limitar às formas de geração sem detalhar as


usinas em si, o que será assunto do Capitulo 4 – Centrais Geradoras.

3.2 Geração hidroelétrica

O custo da hidroeletricidade é relativamente baixo, o que a torna


uma fonte competitiva de energia renovável. A barragem e o reser-
vatório são também fontes flexíveis de eletricidade, a quantidade
produzida pela estação pode ser alterada para adaptar novas de-
mandas de energia.

Diferentemente da produção termoelétrica, por exemplo, não se


deve esperar da produção hidroelétrica, no horizonte dos estudos
do plano nacional energético de longo prazo, ganhos significativos
de eficiência na conversão de energia.

Na transmissão de energia, a realidade também não é muito diver-


gente. No Brasil, hoje, as perdas médias na alta tensão são míni-
mas em relação ao volume de energia transmitida. Ainda assim,
existem desafios tecnológicos a serem superados, tanto na gera-
ção hidroelétrica quanto na transmissão.

A hidrelétrica funciona por meio da energia potencial da água re-


presada, a água aciona uma turbina hidráulica. A energia extraída
60 UNIUBE

a partir da água depende do volume e da diferença de altura entre


a fonte e o escoamento.

Figura 23 - UHE Jurumirim

Fonte: Memória (s./d.)

Estima-se que o potencial hidráulico do Brasil seja da ordem de


260 GW – segundo dados do Atlas de Energia Elétrica do Brasil
(ANEEL, 2008).

No início do século 20, muitas pequenas centrais hidrelétricas fo-


ram sendo construídas por empresas comerciais nas montanhas
perto de áreas metropolitanas. Em 1920, 40% da energia produzi-
da nos Estados Unidos era proveniente de hidrelétrica. No Brasil,
os primeiros watts/hora (W/h) foram produzidos praticamente no
mesmo período, graças às águas do Rio Paraibuna, que atravessa
a zona da mata mineira. As turbinas foram importadas dos Estados
Unidos e giraram pela primeira vez na Usina Marmelos, em Juiz
de Fora. Foi um salto inicial para que o Brasil se tornasse um dos
maiores geradores de energia hidrelétrica do planeta.
UNIUBE 61

Segundo o Atlas de Energia Elétrica do Brasil (ANEEL), a potência


instalada determina se a usina é de grande ou médio porte ou uma
Pequena Central Hidroelétrica (PCH) e adota três classificações:

• Centrais Geradoras Hidroelétricas (CGH, com até 1 MW de


potência instalada).

• Pequenas Centrais Hidroelétricas (PCH, entre 1,1 MW e 30


MW de potência instalada).

• Usina Hidroelétrica de Energia (UHE, com mais de 30 MW de


potência instalada).

Figura 24 - PCH Retiro

Fonte: Novas… (2013)

O porte, mais precisamente a potência nominal a ser gerada


pela usina, também determina as dimensões da rede que será
62 UNIUBE

necessária para levar a energia até o centro de consumo. A ten-


dência das hidrelétricas brasileiras é: quanto maior a usina, mais
distantes dos centros urbanos e industriais.

A exigência de construção de extensas linhas de transmissão de


alta e extra-alta tensão (230 kV - 750 kV), muitas vezes, cruza
grandes territórios inclusive estados.

Segundo a Comissão de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE),


as PCHs e CGHs, no geral, abastecem pequenos centros consumido-
res – inclusive unidades industriais e comerciais individuais – e não
necessitam de instalações tão extensas para o transporte da energia.

3.3 Geração termoelétrica

Na geração termoelétrica, a eletricidade é produzida a partir da


queima de combustíveis, que aquecem uma caldeira que produz
vapor. O vapor produzido na queima do combustível é utilizado
para movimentar a turbina acoplada, num mesmo eixo central, a
um gerador. O vapor é produzido por qualquer fonte de energia tér-
mica que gere o calor, por exemplo, a partir de fontes geotérmicas,
de energia solar ou de reatores nucleares.

Um dos combustíveis mais utilizados para aquecer as caldeira das


termoelétricas é o gás natural.

O gás natural é uma mistura de gás hidrocarbonato natural consti-


tuído principalmente de metano, mas comumente incluindo quanti-
dades variáveis de alcanos. É formado quando camadas de plantas
em decomposição e matéria animal são expostos à temperatura e
pressão intensas sob a superfície da terra por milhões de anos.
UNIUBE 63

O gás natural é um combustível fóssil utilizado também como com-


bustível para veículos, bem como matéria-prima química na fabri-
cação de plásticos e outros produtos químicos orgânicos comer-
cialmente importantes.

Embora as usinas termoelétricas tenham sido desenvolvidas na


década de 1940, seu uso foi ampliado somente na última década
do século passado. Atualmente, as maiores turbinas a gás chegam
a 330 MW de potência, e os rendimentos térmicos atingem 42%.

Entre as vantagens adicionais da geração termoelétrica a gás na-


tural estão o prazo relativamente curto de maturação do empreen-
dimento e a flexibilidade para o atendimento de cargas de ponta.

Outro combustível muito utilizado nas termoelétricas é o Petróleo.


O petróleo é o principal responsável pela geração de energia elé-
trica em diversos

países do mundo, sendo ainda hoje responsável por cerca de 8%


de toda a eletricidade gerada no mundo.

Relembrando

Alcanos são hidrocarbonetos formados apenas por ligações sim-


ples entre seus carbonos. Possuem cadeia aberta (acíclicos) e li-
gações simples (saturadas). Sua fórmula é CnH2n+2
64 UNIUBE

A geração de energia a partir de derivados de petróleo é econômi-


ca em áreas de alta densidade industrial, pois a alta demanda não
pode ser atendida por fontes renováveis. O efeito da poluição lo-
calizada é minimizado por se localizar longe de áreas residenciais.

A estação de energia de combustível fóssil consiste em um sistema


que converte a energia do calor de combustão em energia mecâ-
nica, que então opera um gerador elétrico. O motor primário pode
ser uma turbina a vapor, existem geradores que utilizam motor a
diesel, o que é comum em comunidades isoladas que não dispõem
de rede convencional de energia.

Figura 25 - Usina termelétrica de Juiz de Fora em 2010

Fonte: Wikipédia (s./d.)

Outro combustível comum nas termoelétricas, principalmente no


Brasil, é o carvão. Devido à sua porosidade, o carvão é sensível
ao fluxo de ar; o calor gerado pode ser moderado para controlar
o fogo. Por essa razão, o carvão ainda é largamente utilizado por
ferreiros.
UNIUBE 65

O carvão é uma combinação de elementos orgânicos, o mineral


é produto da fossilização da madeira por milhares de anos. Já o
carvão vegetal é normalmente produzido por pirólise lenta, ou seja,
pelo aquecimento da madeira na ausência do oxigênio.

Saiba mais

A pirólise é um processo de conversão térmica que implica a rup-


tura de ligações carbono-carbono e a formação de ligações carbo-
no-oxigênio. Mais apropriadamente, a pirólise é um processo de
oxidação-redução, na qual uma parte da biomassa é reduzida a
carbono, entretanto, a outra parte é oxidada e hidrolisada dando
origem a fenóis, carboidratos, álcoois, aldeídos, cetonas e ácidos
carboxílicos (ROCHA; PERÉZ; CORTEZ, 2004).

Muito utilizado em vários países, o carvão é responsável por mais


de 1/3 de toda a energia elétrica gerada.

Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE),


o aproveitamento do carvão mineral para a geração de energia elé-
trica no Brasil teve início nos anos 50. Naquela época, foram ini-
ciados estudos relacionados à eficiência energética e, em seguida,
foram construídas as usinas termoelétricas de Charqueadas (RS),
com 72 MW de potência instalada, Capivari (SC), com 100 MW, e
Figueira (PR), com 20 MW.

Mais recentemente tem sido desenvolvido o Biogás, outro combus-


tível para as usinas termoelétricas, principalmente as de pequeno
porte. O biogás tipicamente refere-se a uma mistura de diferentes
66 UNIUBE

gases produzidos pela decomposição de matéria orgânica, na au-


sência de oxigênio. Pode ser produzido a partir de matérias-primas
como resíduos agrícolas, esterco, material vegetal ou restos de ali-
mentos, pode ser considerado uma fonte renovável de energia.

O biogás tem sido um dos agentes que contribuem com o aqueci-


mento global, uma vez que é composto por metano (CH4), dióxido
de carbono (CO2), nitrogênio (N2), hidrogênio (H2), oxigênio (O2)
e gás sulfídrico(H2S). Representa uma alternativa de geração de
energia para abastecer comunidades isoladas, uma vez que apro-
veita resíduos orgânicos provenientes da agricultura e da pecuária.

De acordo com o CCEE, existem três formas de utilização do lixo


como fonte energética:

• Uma delas, a mais simples e disseminada, é a combustão


direta dos resíduos sólidos.

• Outra é a gaseificação por meio da termoquímica (produção


de calor por meio de reações químicas).

• A terceira é o biogás, que é gerado a partir do processo


anaeróbico dos micro-organismos em dejetos orgânicos.

No Brasil, apesar do enorme potencial, ainda são poucas as usi-


nas termoelétricas movidas a biogás em operação. A ANEEL re-
gulamentou a geração a partir do biogás bem como sua comer-
cialização por meio da Resolução Normativa n° 390/2009, assim,
qualquer distribuidora de energia elétrica pode fazer chamadas
públicas para comprar eletricidade produzida por biodigestores, e
ainda os produtores poderão enviar a eletricidade para a linha de
distribuição, em vez de somente consumir.
UNIUBE 67

Também foram sancionadas leis que obrigam os lixões das gran-


des cidades a terem geradores com motores similares aos motores
a diesel, mas movidos a biogás para seu consumo próprio. Isso
conta com incentivos e alguns atrativos, sem falar no pay-back - em
relação ao investimento para implementação do sistema de gera-
ção própria dos lixões - relativamente rápido com a economia de
energia das concessionárias em contrapartida .

3.4 Geração nuclear

A geração de energia pela fusão termonuclear foi sugerida como


uma alternativa às demais formas. Recentemente, um número de
obstáculos técnicos e de interesses ambientais existem, mas, se
a fusão realizada puder fornecer uma fonte relativamente limpa e
segura de energia elétrica, essa poderá ser uma boa opção onde
ou quando os recursos naturais estiverem inacessíveis.

Apesar da complexidade de uma usina nuclear, seu princípio de


funcionamento é similar ao de uma termoelétrica convencional,
sendo que na usina nuclear o calor para gerar o vapor é produzido
pela fissão do urânio no reator, o sistema mais utilizado é constituí-
do por três etapas: – primário, secundário e de refrigeração.

No chamado circuito primário, a água é aquecida a uma temperatu-


ra de aproximadamente 320°C, sob uma pressão de 157 atm. Em
seguida, essa água passa por tubulações e vai até o gerador de va-
por, onde vaporiza-se a água do circuito secundário, sem que haja
contato físico entre os dois circuitos. O vapor gerado aciona uma
turbina, que movimenta o gerador, que produz energia elétrica.

Visando conhecer melhor a tecnologia e adquirir experiências para


o futuro, o Brasil investiu na geração termonuclear nos anos 60.
68 UNIUBE

Na época, pensava-se no suprimento de eletricidade no estado do


Rio de Janeiro. Então, essa complementação ocorreu por meio da
construção de uma usina nuclear (Angra I) em Angra dos Reis (RJ).

A implantação de Angra I teve início em 1972. A primeira reação nu-


clear em cadeia ocorreu em março de 1982, e a usina entrou em exer-
cício em janeiro de 1985, interrompendo suas atividades logo em se-
guida por problemas técnicos, voltando a funcionar somente em abril
de 1987, operando, porém, de modo descontinuado, até em 1990.

Entre 1991 e 1994, as paralisações foram menos frequentes, e so-


mente a partir de 1995 que a usina passou a ter operação regular.

A construção de Angra II teve início em 1976, e a previsão inicial


para a usina entrar em operação era 1983. Em razão, porém, da
falta de recursos, a construção ficou inativa durante vários anos e a
operação do reator ocorreu somente em julho de 2000, com carga
de 200 MW a 300 MW. Segundo a ANEEL, entre agosto e setembro
daquele ano, a usina funcionou normalmente, com 915 MW médios.
A partir de então, operou de modo intermitente até 9 de novembro,
quando passou a funcionar com potência de 1.350 MW médios.

Figura 26 - Vista da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto.

Fonte: Usina… (2016)


UNIUBE 69

Considerações finais

A tecnologia é uma questão importante no planejamento energéti-


co. Um exemplo é a transição do combustível fóssil para a nuclear,
considerada também uma alta perspectiva da energia renovável e
os desafios em termos de eficiência das termelétricas.

O consumo de energia primária da América Latina é 4,7% do con-


sumo mundial, o que mostra uma desigualdade. Se verificarmos
as fontes primárias, essa participação varia: (5,8%) em petróleo,
(4,0%) em gás natural, (0,8%) em nuclear e (21,1%) em hidreletri-
cidade (ROSA, 2007).

A hidrelétrica tem a mais alta eficiência de todo o processo de con-


versão de energia, entretanto, a hidreletricidade depende da mete-
orologia. Devido às questões ambientais e aos movimentos contra
as grandes represas, há uma tendência de diminuição dos investi-
mentos em hidrelétricas.

Na tabela a seguir, vemos uma comparação entre a geração hi-


drelétrica, termelétrica e nuclear:

Tabela 3 - Comparação entre formas de geração elétrica

Fonte: Rosa (2007, p. 4)


70 UNIUBE

Para complementar, deve haver uma política energética voltada


para o lado da demanda, planejando o aumento da eficiência dos
equipamentos e a racionalização do seu uso, sem negar o direito
do aumento do consumo por parte da população, portanto, a obri-
gação do engenheiro é assessorar essas políticas para beneficiar
a sociedade com o uso da energia elétrica.
Centrais geradoras
Capítulo
4

Adriano Rodrigues Siqueira

Introdução
A geração de eletricidade é um processo de geração de energia
a partir de fontes primárias. Os princípios fundamentais da
geração de eletricidade foram descobertos durante a década de
1820 e início da década de 1830 pelo cientista britânico Micheal
Faraday. Este método básico é usado ainda hoje: a indução
eletromagnética.
O uso economicamente viável da energia elétrica ocorreu graças ao
desenvolvimento dos transformadores de potência para transmitir
energia de alta tensão, resultando em baixas perdas. As primeiras
estações centrais de energia foram construídas em 1882.
A seleção dos modos de produção de eletricidade e sua viabilidade
econômica variam de acordo com a região, a seleção é baseada na
capacidade de produção energética e nas demandas por energia.
A energia elétrica é produzida por geradores eletromecânicos, os
quais são impulsionados principalmente por máquinas térmicas
alimentadas pela combustão química ou fissão nuclear, mas
há também outros meios como a energia cinética da água e do
vento. Outras fontes de energia incluem a energia fotovoltaica e
geotérmica.
Neste capítulo, iremos ver o funcionamento desses geradores de
energia elétrica.
Objetivos
• Compreender o funcionamento de uma central geradora
hidroelétrica.
• Verificar o funcionamento das turbinas de impulsão e
reação.
• Analisar as vantagens e as desvantagens de uma
central geradora hidroelétrica.
• Entender o funcionamento de uma central termelétrica.
• Assimilar o processo de energia elétrica, por meio da
fissão nuclear
• Compreender o funcionamento das centrais geradoras
solar e eólica.

Esquema
• Conceitos Iniciais
• Central Geradora Hidroelétrica
• Turbinas de Reação (ou Propulsão)
• Turbinas de Ação (ou Impulso)
• Reservatório
• Barragem do Reservatório Principal e do Vertedouro
• Casa de Força
• Desvantagens das Usinas Hidrelétricas
• Central Geradora Termoelétrica
• Central Geradora Termonuclear
• Enriquecimento do Urânio
• Energia Liberada: Fissão Atômica
• Reatores Nuclear
• Vantagens de Plantas Nucleares
• Desvantagens de Plantas Nucleares
• Central Geradora Solar e Eólica
UNIUBE 73

4.1 Conceitos iniciais

Energia elétrica é uma forma de energia baseada geralmente na


conversão de outras energia, para geração de diferenças de poten-
cial elétrico entre dois pontos, permitindo estabelecer uma corrente
elétrica entre ambos. Possui facilidade de transporte e baixo índice
de perda energética durante conversões, resultando na fonte de
energia mais utilizada em todo o mundo.

A geração de eletricidade é o primeiro processo na entrega da ele-


tricidade aos consumidores e é obtida principalmente através de
Centrais Geradoras.

As primeiras centrais geradoras de energia utilizavam madeira como


combustível, hoje são utilizados principalmente o petróleo, o gás na-
tural, o carvão, o potencial hidroelétrico e nuclear e, ainda, em pe-
quena escala, o hidrogênio, a energia solar e a energia eólica.

No Brasil, se costuma denominar como Central Geradora de


Energia Elétrica as unidades geradoras de Pequeno e Médio Porte
e de Usinas Geradoras, as unidades de Grande Porte. Na verda-
de, todas são usinas ou centrais geradoras, independentemente
do porte.

O porte das unidades geradoras é definido pela potência que ela


pode entregar. Dessa forma, as Centrais de Pequeno Porte são as
com capacidade de geração de até 3 MW, e as Centrais de Médio
Porte são as com capacidade de geração maior que 3 MW até 30
MW. Acima da capacidade de geração de 30 MW estão as centrais
de Grande Porte e elas são denominadas simplesmente de Usinas
(de acordo com as denominações da ANEEL).
74 UNIUBE

Como já comentado nos capítulos anteriores, a geração de energia


elétrica é resultante da transformação de qualquer tipo de energia
em energia elétrica.

Dessa forma, vamos sempre ter em uma central elétrica um trans-


dutor ou um sistema transdutor. Por definição, transdutor é um dis-
positivo que transforma um tipo de energia em outro. Por exemplo,
o sensor pode converter informação de uma grandeza física (tem-
peratura, umidade, gás) em informação elétrica (corrente, tensão e
resistência). O sistema de geração de energia elétrica é formado
pelos seguintes componentes:

• Máquina primária: faz a transformação de qualquer tipo de


energia em energia cinética de rotação para ser aproveitada
pelo gerador. Exemplos: motor diesel, turbina hidráulica ou a
vapor ou a gás e eólicas.

• Geradores: gerar a energia elétrica ou reativos para o sistema


(síncrono).

• Transformador: gerada a energia elétrica, existe a necessi-


dade de se compatibilizar o nível da tensão de saída com a
tensão do sistema ao qual o grupo gerador será ligado.

• Sistema de controle, comando e proteção: para interligar um


grupo gerador a uma rede de transmissão ou distribuição, são
necessários:

• controle da tensão de saída do gerador (+/- 10%);

• sincronismo com a rede;

• comando do fechamento/abertura da linha.


UNIUBE 75

Figura 27 - Esquema unifilar de usina de geração

Fonte: Leão (2009, p. 10)

Segundo Modesto (2011), a localização física das centrais de gera-


ção deve ser cuidadosamente planejada, pois essa necessita estar
próxima à fonte primária de energia e uso das linhas de transmis-
são para o transporte da energia. Ex.: minas de carvão, cachoeiras,
rios. Preferencialmente, também devem estar próximas ao centro
de carga, com transporte do recurso energético primário até a usi-
na de geração. Ex.: transporte de carvão, urânio, petróleo e gás por
navio, trem ou dutos.
76 UNIUBE

A produção de energia elétrica é caracterizada por processos do


tipo:

a. eletromecânico:

• hidráulico;

• térmico;

• eólico;

• maremotriz;

b. fotovoltaico;

c. químico.

4.2 Central geradora hidroelétrica

Utiliza o movimento e a queda d’água de rios para geração de


energia elétrica. A transdução é feita por meio de dois elementos
principais e básicos: a turbina hidráulica e um gerador. A turbina
hidráulica transforma a energia potencial da água em desnível em
energia cinética de rotação, que é transferida a um eixo acopla-
do a um gerador, que a converte em energia elétrica. Comumente
constroem-se diques que represam o curso da água, acumulando
-a num reservatório que se chama barragem. Esse tipo de usina é
denominado usina com reservatório de acumulação.
UNIUBE 77

Figura 28 - Esquema de uma central geradora de energia hidroelétrica.

Fonte: Wikimedia Commons

Pela Figura 29 podemos observar este processo: o volume de água


em queda gravitacional entra no Postigo ou Portinhola alcançando
as lâminas da turbina, fazendo com que esta gire. O giro da turbina
acoplada ao eixo do rotor vai promover um campo magnético que
vai induzir eletricidade no estator gerando, assim, corrente elétrica.
O conjunto turbina-gerador gira a velocidades relativamente baixas
em relação à turbina-vapor.
78 UNIUBE

Figura 29 - Turbina hidráulica e gerador elétrico, vista cortante.

Fonte: Keller (2015)

O número de par de polos dos geradores é relativamente grande:

n.p = 120.f

n = velocidade angular em rpm;

f = frequência em Hz;

P = número de polos.
UNIUBE 79

Figura 30 - Tipos de rotores: de hidrelétricas (à es-

querda) e de termoelétricas (à direita)

Fonte: Newton (2014, p. 35)

A quantidade de energia produzida é proporcional à vazão da água


e à altura do nível do reservatório. A potência gerada em kW é dada
pela fórmula:

P = ρ.Q.H.g.η (kW)

P = potência em kW;

ρ = densidade da água em kg/m3;

Q = vazão da água em m3/s;

H = altura da coluna d’água em m;

g = aceleração da gravidade m/s2;.

η = rendimento do sistema p.u.0


80 UNIUBE

Nem toda a energia é transformada em energia elétrica. Podem


ocorrer:

• Perdas hidráulicas: a água tem que deixar a turbina com al-


guma velocidade, e esta quantidade de energia cinética não
pode ser aproveitada pela turbina.

• Perdas mecânicas: são originadas por atrito nas partes mó-


veis da turbina e calor perdido pelo aquecimento dos mancais.

A composição de uma turbina é dada por: caixa espiral; pré-distri-


buidor; distribuidor; rotor e eixo; tubo de sucção. Na Figura a seguir,
podemos observar melhor uma turbina hidráulica.

Figura 31 - Turbina hidráulica

Fonte: Newton (2014, p. 43)

As turbinas hídricas também podem ser subdivididas em dois tipos


básicos:
UNIUBE 81

4.2.1 Turbinas de Reação (ou propulsão)

As turbinas de reação desenvolvem torque, reagindo à pressão do


fluido. O funcionamento das turbinas de reação é descrita pela lei do
movimento de Newton (3º Lei - ação e reação são iguais e opostas).

Existem dois tipos de turbinas de reação, a Francis e a Kaplan.

4.2.1.1 Características das turbinas Francis

• A turbina Francis foi desenvolvida por James B. Francis.

• É uma turbina de reação para “dentro do fluxo”, que combina


conceitos radiais e de fluxo axial.

• São as turbinas mais comuns em uso hoje em dia, operam em


uma queda de água (40-600 m).

• Os geradores elétricos mais utilizados têm uma potência que


varia, geralmente, de apenas alguns kilowatts até 800 MW.

• A comporta (tubos de entrada) de diâmetro varia de 0,9 a 10


m. A faixa de velocidade da turbina é de 75 a 1000 rpm.

• As turbinas Francis são quase sempre montadas com o eixo


vertical para isolar a água a partir do gerador, isso facilita a
instalação e manutenção (ver Figura 32).

• No Brasil, as usinas que utilizam esse tipo de turbina funcio-


nam com cerca de 100 m de queda de água.
82 UNIUBE

Figura 32 - Turbina Francis

Fonte: Newton (2014, p. 47)

Saiba mais

Veja uma animação do funcionamento de um turbina tipo Francis,


no vídeo indicado a seguir.

Verifique que o gerador é ligado por meio de um eixo na turbina.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=LdAAg2kK-


0Jo> (1:30). Acesso em: 28 jul. 2016.
UNIUBE 83

4.2.1.1 Características das turbinas Kaplan

• A turbina Kaplan é do tipo hélice, que tem lâminas ajustáveis.


Ela foi desenvolvida em 1913 pelo professor austríaco Viktor
Kaplan.

• Kaplan desenvolveu pás da hélice com palhetas ajustáveis


para alcançar maior eficiência em uma ampla gama de nível
de fluxo de água. Ver Figura 33

• A turbina Kaplan foi uma evolução da turbina Francis, pois


permitiu a produção de energia em baixas quedas de água, a
qual pode variar de 10 a 70 m e a saída de 5 a 200 MW.

• Velocidade constante entre 70 e 430 rpm, dependendo do lo-


cal da instalação.

Saiba mais

Veja no vídeo a seguir uma animação do funcionamento de um


turbina tipo Francis.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6FXah2FcX-


SE> (1:14). Acesso em: 28 jul. 2016.
84 UNIUBE

Figura 33 - Turbina Kaplan (parte superior); b) Turbina Helice (parte inferior)

Fonte: Newton (2014, p. 51)

4.2.2 Turbinas de Ação (ou impulso)

As turbinas de ação ou impulso alteram a velocidade de um jato de


água, esse jato empurra as lâminas curvas da turbina, alterando
a direção do fluxo. A variação resultante no momentum é a força
exercida nas lâminas.

Antes de atingir as pás da turbina, a pressão da água (energia po-


tencial) é convertida em energia cinética, a segunda lei de Newton
descreve a transferência de energia para as turbinas.
UNIUBE 85

Vamos ver as características da turbinas de impulso, a Pelton e a


Bulbo.

4.2.2.1 Características das turbinas de Pelton:

• Foram inventadas por Lester Allan Pelton na década de 1870.

• A roda de Pelton extrai energia a partir do impulso da água em


movimento, ao contrário de um peso morto da água como a
tradicional roda de água ultrapassada (ver Figura 34).

• As maiores unidades podem gerar 400 MW.

• É recomendada uma queda de água de 30 m ou mais, a fim


de gerar níveis significativos de energia.

• Dependendo do fluxo de água e do design, a turbina Pelton


opera com uma variação que vai de 15 a 1800 metros, embo-
ra não haja limite teórico.
86 UNIUBE

Figura 34 - Turbina Pelton

Fonte: Newton (2014, p. 58)

Saiba mais

Veja o funcionamento de uma turbina tipo Pelton, um projeto inte-


ressante que mostra o princípio de funcionamento.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=lJ41itqBsmY>


(3:19). Acesso em: 28 jul. 2016.
UNIUBE 87

4.2.2.1 Características das turbinas de Bulbo:

• Foi originalmente inventada para a usina maremotriz e depois


desenvolvida para outras finalidades.

• A turbina tipo Bulbo é uma variação da turbina Kaplan, no


entanto o gerador é encapsulado e selado dentro do invólucro
de aço à prova de água (ver Figura 35).

• Ao contrário da turbina Kaplan, a água entra e sai sem muita


alteração na direção do fluxo.

• A natureza compacta desse projeto permite mais flexibilidade


no projeto da usina.

• No Brasil, nas Usinas de Santo Antônio e Jirau, a fio d’água,


no rio Madeira (Rondônia), foram instaladas 44 turbinas do
tipo Bulbo com potência unitária igual a 73 MW e 75 MW,
respectivamente. As turbinas instaladas nessas usinas são
consideradas as maiores turbinas bulbo do mundo.

• Tipicamente, essas turbinas com tecnologias mais modernas


têm uma eficiência entre 85% e 99%, que varia conforme a
vazão de água e a potência gerada.
88 UNIUBE

Figura 35 - Turbina Bulbo

Fonte: Newton (2014, p. 61)

Saiba mais

Veja a instalação e o funcionamento de uma turbina bulbo, é muito


interessante!

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=1VDDJtpD-


foo> (6:20). Acesso em: 28 jul. 2016.

4.2.3 Reservatório

É o local onde vai se acumular a água por meio de barragem, ga-


rantindo uma cota de água e compensando períodos de estiagem.
O reservatório é construído em um nível mais alto do que a turbina
e é responsável por até 30% do custo total de construção.
UNIUBE 89

Figura 36 - Componentes de uma Hidroelétrica

Fonte: Leão (2009, p. 29)

4.2.4 Barragem do Reservatório Principal e do Vertedouro

É mais um dos elementos estruturais de um complexo hidroelétri-


co, ela é construída transversalmente à direção de escoamento do
curso d’água. O objetivo da barragem nada mais é do que criar um
reservatório artificial de acumulação de água para determinados
fins, criando um desnível local. A barragem possui comportas que
podem ser abertas para permitir a passagem de água, que são uti-
lizadas para regular o nível do reservatório.

As barragens podem ser dos seguintes tipos:

• DE TERRA: é construída como um simples aterro de terra


compactada, podendo ter uma camada de drenagem (ver
Figura 37).
90 UNIUBE

Figura 37 - Barragem de terra

Fonte: Amaral Alves engenharia (s./d.)

• DE ENROCAMENTO: uma barragem de enrocamento de ro-


cha compactada prevê uma parede impermeável para evitar
fugas e também uma estrutura que visa suportar altas pres-
sões. Ex: Barragem de Xingó.

Figura 38 - Barragem de Enrocamento

Fonte: ENERCAN… (2014)


UNIUBE 91

• EM ARCO: sua estrutura é um arco de concreto.

Figura 39 - Barragem em Arco

Fonte: Barragens... (2015)

• MISTA: organização de distintos materiais ao longo de uma


seção transversal, podendo ser, por exemplo, concreto/enro-
camento ou terra/enrocamento .

Figura 40 - Barragem Mista

Fonte: Conheça… (2013)


92 UNIUBE

• DE GRAVIDADE: é construída a partir do concreto e proje-


tada para segurar a água, é constituída por uma parede de
betão (concreto) que resiste à pressão horizontal.

Figura 41 - Barragem de Gravidade de Paulo Afonso III

Fonte: Panoramio (s./d.)

• ENSECADEIRA: é utilizada para contenção temporária da


ação das águas em superfícies, é amplamente usada para
construção de barragens ou para viabilizar construções sem
a interferência da água.

Figura 42 - Barragem provisória

Fonte: Jirau… (2014)


UNIUBE 93

4.2.5 Casa de Força

É mais um elemento do complexo hidroelétrico. Também chamada


de casa das máquinas, ela abriga geradores, turbinas, transforma-
dores elevadores e sala de controle.

Figura 43 - Casa de máquinas de uma usina

Fonte: Newton (2014, p. 25)

Dentro da sala de controle está o sistema de supervisão e controle,


um sistema de monitoramento que permite a supervisão e controle
de variáveis relevantes (pressão, nível, entre outros) a partir de
uma interface.

O último elemento é uma subestação elevadora que vai transfor-


mar o nível de tensão da geração em níveis de Alta e Extra Alta
tensões, para serem transmitidos pelas linhas de transmissão.
94 UNIUBE

Figura 44 - Exemplo de subestação elevadora de uma usina

Fonte: Newton (2014, p. 27)

4.2.6 Desvantagens das Usinas Hidrelétricas

O grande problema hoje em dia que tem denotado ações contra os


complexos hidroelétricos refere-se ao impacto ambiental causado
pelos enormes reservatórios, pois na sua construção uma área ge-
ográfica deve ser inundada, o que causa profundas alterações no
ecossistema da região, com efeitos diretos na fauna e flora origi-
nais do rio no local da nova represa, sem contar o desmatamento
que deve ser feito na área a ser inundada.

Mesmo assim, ainda é uma das fontes de energia elétrica mais


baratas ao consumidor final, embora recentemente o preço atrativo
do gás natural e o avanço na tecnologia de turbinas a gás (incluin-
do plantas em ciclo combinado) tenham sido um fator de ques-
tionamento do uso das hidroelétricas. Entre as desvantagens le-
vantadas para esse tipo de empreendimento, além do já levantado
quanto às represas, destacam-se:
UNIUBE 95

• Custo de capital para a construção civil é alto.

• Retorno do investimento relativamente longo.

• Tempo de construção relativamente longo.

4.3 central geradora termoelétrica

O processo de Transformação Termoelétrica utiliza a energia térmi-


ca obtida pela combustão de combustível fóssil e resíduos agroin-
dustriais, ou a energia térmica liberada em reações nucleares, ou
ainda a de fontes renováveis que podem gerar calor. Consiste basi-
camente de Caldeira, Turbina a Vapor, Condensador e Sistema de
Bombas (Figura 45).

Dentre os combustíveis utilizados para aquecer a caldeira, o carvão


é a fonte energética mais usada no mundo para geração de ener-
gia elétrica por conta de sua abundância e pela sua distribuição de
jazidas no mundo, em contrapartida, o carvão é a fonte que mais
contribui com emissões atmosféricas e para o efeito estufa. Em
consequência, a geração a carvão pode ser alterada consideravel-
mente por acordos internacionais para reduzir essas emissões de
gás de efeito estufa.
96 UNIUBE

Figura 45 - Etapas do funcionamento de uma termoelétrica

Fonte: Newton (2014, pág 05)

No Brasil, a utilização de carvão nas usinas termoelétricas não tem


sido bem apreciada, pois, apesar de possuirmos reservas grandes,
o carvão é de baixa qualidade, além de apresentar os consequen-
tes problemas ambientais (cinzas e enxofre) e da opção natural ser
somente na região sul do país.

A maioria das usinas térmicas tem potência nominal entre 200 e


2000 MW. No Brasil, 25,15% da produção de eletricidade é térmica,
sendo 23,23% de origem fóssil e de biomassa e 1,91%, nuclear.

As termoelétricas utilizam acionadores primários para geração tér-


mica, donde consideram-se as turbinas a vapor, turbinas a gás e
motores alternativos.

As turbinas a vapor são máquinas de combustão externa, enquanto


as turbinas a gás e máquinas alternativas são de combustão inter-
na. Nas máquinas de combustão interna, o fluido de trabalho são
os gases quentes resultantes da combustão.
UNIUBE 97

Nas máquinas de combustão externa, o calor proveniente da com-


bustão deve ser transferido dos produtos de combustão ao fluido
de trabalho através das serpentinas no interior de uma caldeira.

Figura 46 - Usina termelétrica a carvão Jorge Lacerda / Capivari de Baixo - SC

Fonte: Termelétrica (2015)

O esquema das turbinas a vapor é dado a seguir:

Figura 47 - Turbina a Vapor

Fonte: Newton (2014, p. 23)


98 UNIUBE

O esquema das turbinas a gás é dado a seguir:

Figura 48 - Turbina a Gás

Fonte: Newton (2014, p. 24)

Os motores alternativos a diesel tem o mesmo princípio de funcio-


namento dos motores a explosão, como os conhecidos motores de
automóveis. O Motor Diesel é a máquina térmica motora que está
acoplada a um gerador ou alternador. Uma central diesel, apesar
de sua limitação de potência, ruído e vibração, constitui um tipo de
central muito utilizado até potências de 40 MW.

A eficiência de uma usina térmica é baixa devido à baixa eficiência


das turbinas. Isso se deve a 2º Lei da Termodinâmica.
UNIUBE 99

Relembrando

Nenhum dispositivo pode operar de modo que seu único efeito seja
converter completamente o calor.

Todo sistema que sofre algum processo espontâneo muda para


uma condição na qual sua habilidade de realizar trabalho diminui.

A eficiência máxima de máquinas térmicas é definida para a máqui-


na de Carnot (sistema fechado) como:

η(%) = (1 – T2/T1)*100

Em que:

• η = eficiência da máquina térmica em %;

• T1 = temperatura (°K) do fluido na entrada da máquina, na


qual a máquina começa a conversão da energia térmica con-
tida nos produtos da combustão em trabalho;

• T2 = temperatura (°K) do fluido na saída da máquina, na qual


os produtos de combustão são rejeitados na atmosfera ou
temperatura na qual termina o processo de conversão.

Podemos evidenciar pela equação que quanto maior a diferença


entre as temperaturas T1 e T2, maior é o rendimento. Entretanto, a
temperatura T2 não poderá ser inferior à temperatura do ambiente.
100 UNIUBE

Os ciclos termodinâmicos são processos que um sistema exerce a


fim de se obter trabalho do sistema ou de se realizar trabalho sobre
o sistema (GASPAR, 2013).

Existem quatro processos, de acordo com Albalat (2000), num ciclo


Rankine, cada um alterando as propriedades do fluido de trabalho.
Essas propriedades são identificadas pelos números no diagrama
abaixo (Figura 49).

Processo 4-1: primeiro, o fluido é bombeado (idealmente numa


forma isoentrópica de uma pressão baixa para uma pressão alta,
utilizando-se uma bomba. O bombeamento requer algum tipo de
energia para se realizar.

Processo 1-2: o fluido pressurizado entra numa caldeira, onde é


aquecido a pressão constante até se tornar vapor superaqueci-
do. Fontes comuns de calor incluem carvão, gás natural e energia
nuclear.

Processo 2-3: o vapor superaquecido expande através de uma


turbina para gerar trabalho. Idealmente, essa expansão é isoentró-
pica. Com essa expansão, tanto a pressão quanto a temperatura
se reduzem.

Processo 3-4: o vapor então entra num condensador, onde ele é


resfriado até a condição de líquido saturado. Esse líquido então
retorna à bomba e o ciclo se repete.
UNIUBE 101

Figura 49 - Ciclo de Bryton de uma Termoelétrica

Fonte: Ciclo… (s./d.)

Importante

Num ciclo Rankine real, a compressão pela bomba e a expansão


na turbina não são isoentrópicas.

Duas variações básicas do ciclo Rankine são utilizadas atualmente.

Ciclo Rankine com reaquecimento:

O ciclo Rankine com reaquecimento opera utilizan-


do duas turbinas em série. A primeira turbina recebe
o vapor da caldeira à alta pressão, liberando-o de
tal maneira a evitar sua condensação. Este vapor
é então reaquecido, utilizando o calor da própria
caldeira, e é utilizado para acionar uma segunda
turbina de baixa pressão. Entre outras vantagens,
isto impede a condensação do vapor no interior das
102 UNIUBE

turbinas durante sua expansão, o que poderia dani-


ficar seriamente as pás da turbina (BORGNAKKE;
SONNTAG; WYLEN; 2013, p. 318).

Figura: 50 - Ciclo de Rankine com aquecimento

Fonte: Ciclo… (s./d.)

O ciclo Rankine regenerativo:

O ciclo Rankine regenarativo é nomeado des-


ta forma devido ao fato do fluido ser reaquecido
após sair do condensador, aproveitando parte do
calor contido no fluido liberado pela turbina de
alta pressão. Isto aumenta a temperatura média
do fluido em circulação, o que aumenta a efici-
ência termodinâmica do ciclo (BORGNAKKE;
SONNTAG; WYLEN; 2013, p. 320)
UNIUBE 103

Figura: 51 - Ciclo de Rankine regenerativo

Fonte: Ciclo… (s./d.)

4.1.3 Central geradora termonuclear

Um reator nuclear produz e controla a liberação de energia a partir


da divisão de átomos de certos elementos. Num reator nuclear, a
energia liberada na forma de calor é utilizada para produzir vapor
para a geração de energia elétrica.

Em 2014, de acordo com o relatório da AIEA (Agência Internacional


de Energia Atômica), havia cerca de 435 reatores nucleares em
funcionamento operando em 31 países.

Existem vários componentes comuns para a maioria dos tipos de


reatores:

• Combustível → O urânio é o combustível básico. Normalmente


paletes de óxido de urânio (UO2) são dispostas em tubos para
104 UNIUBE

formar barras de combustível. As hastes são organizadas em


conjunto para formar o núcleo do reator.

• Moderador → Material no núcleo que desacelera os nêutrons


liberados da fissão, tem como objetivo evitar o efeito cadeia.
Normalmente se utiliza água ou grafite.

• Barras de controle → São feitas com material de absorção de


nêutrons, tais como cádmio ou boro, são inseridas para con-
trolar a velocidade de reação ou suspendê-la.

• Sistema de refrigeração → Um fluido circula através do nú-


cleo de reatores, de modo a transferir o calor.

• Turbina a vapor → O vapor de água produzido pela troca


de calor do reator faz funcionar a turbina, gerando energia
elétrica.

• Sistema de Contenção → É uma estrutura geralmente com-


posta de aço com vários metros de espessura em torno dos
reatores, projetada para protegê-los e evitar os efeitos da ra-
diação em caso de falhas.
UNIUBE 105

Figura 52 - Usina Nuclear Bushehr

Fonte: Pomar (2011)

Figura 53 - Esquema do reator nuclear

Fonte: Reatores… (s./d.)

O custo de combustível para operação de uma usina nuclear é bem


menor, se comparado a uma usina térmica tradicional que utiliza
carvão ou gás natural.
106 UNIUBE

O Brasil possui a 5ª maior reserva mundial de urânio, com reservas


nos estados da Bahia (Caetité), Ceará (Santa Quitéria), Paraná e
Minas Gerais. A viabilidade econômica está condicionada à produ-
ção de ácido fosfórico, que é insumo na produção de fertilizantes.

Saiba mais

Funcionamento de uma usina nuclear:

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=65Nr8A_xt98>


(5:53). Acesso em: 28 jul. 2016.

4.1.3.1 Enriquecimento do urânio

A maioria dos combustíveis nucleares contém elementos físseis


pesados que são capazes de fissão nuclear, como o Urânio (235)
ou plutônio (239). Quando os núcleos instáveis desses átomos são
atingidos por um nêutron, eles se separam criando dois outros nú-
cleos e mais dois ou três nêutrons. Esses nêutrons podem dividir
mais núcleos, isso cria uma reação em cadeia autossustentável.

Entretanto existe muito pouco Urânio (235) em sua forma natural,


apenas 0,7%. Nesse caso, a partir do Urânio (238), faz-se o pro-
cesso de enriquecimento.

Existem atualmente dois métodos comerciais utilizados internacio-


nalmente para o enriquecimento:
UNIUBE 107

• Difusão gasosa → É uma tecnologia usada para produzir


urânio enriquecido, forçando o hexafluoreto de urânio gasoso,
(UF6) através de membranas porosas associadas em série, a
se separar o U (235) do U (238). Durante a guerra fria, a difusão
gasosa desempenhou um papel importante como uma técnica
de enriquecimento e, a partir de 2008, representou cerca de
33% da produção de urânio, mas em 2011 foi considerada uma
tecnologia obsoleta, sendo substituída pela ultracentrifugação.

• Ultracentrifugação → Utiliza um grande número de cilindros


rotativos em série e formações paralelas, a rotação de cada
cilindro cria uma força centrípeta, para que as moléculas de
gás contendo U (238) sejam movidas tangencialmente na di-
reção exterior do cilindro, e as moléculas de gás mais leves,
ricas em U (235), permanecem perto do centro. Essa tecno-
logia requer menos energia se comparada ao método de di-
fusão gasosa.

4.1.3.2 Energia liberada: fissão atômica

Na fissão nuclear ou reação nuclear, ocorre um processo de de-


sintegração radioativa em que o núcleo de um átomo se divide em
partes menores (núcleos menores). O processo de fissão, muitas
vezes, produz nêutrons livres e fótons de raios gama e libera uma
quantidade muito grande de energia, mesmo para os padrões ener-
géticos de decaimento radioativo. Um esquema de fissão nuclear
está representado na Figura 54 a seguir:
108 UNIUBE

Figura 54 - Diagrama representativo da fissão nuclear

Fonte: Wikimedia Commons (s./d.)

Existe a possibilidade de o núcleo decair em vários subprodutos di-


ferentes, as equações representam diferentes processos do núcleo
de urânio (235):
UNIUBE 109

Entre os produtos dessas fissões, incluem-se os fótons ( ). A ener-


gia liberada é na ordem de 200 Mev (milhões de eletron-volt).

4.1.3.3 REATORES NUCLEAR

Existem três tipos de reatores nucleares:

• Reator nuclear civil - é usado para gerar energia elétrica.

• Reator nuclear militar - pode ser utilizado em armas nucleares.

• Reator de pesquisa - é usado para desenvolver armas ou tec-


nologia de produção de energia, para fins de formação, expe-
rimentação em física nuclear ou produção de radioisótopos
para medicina e investigação.

Dentre os reatores civis, existem atualmente vários tipos em opera-


ção, neste material iremos ver os três principais:

1. Reatores BWR (Boilling Water Reactor ou Reator de Água


em Ebulição) - a água tem função de moderador, ocorrendo
a troca de calor e fornecendo vapor para a turbina (ver Figura
55). A desvantagem é que qualquer problema no reator pode
tornar a água radioativa e, consequentemente, atingir a turbi-
na. A pressão de operação típica para tais reatores é de cerca
70 atm, em que a pressão da água ferve a 285 ºC. A usina de
Fukushima Daiichi utilizava o sistema BWR.

2. Os reatores PWR (Pressure Water Reactor ou reatores de água


a pressão), a água que flui do núcleo do reator é isolada a partir
da turbina, ou seja, o circuito primário (ver Figura 56) produz
110 UNIUBE

vapor no circuito secundário e aciona a turbina. A vantagem


óbvia é que, se houvesse um vazamento de combustível no
núcleo, não passaria quaisquer contaminantes radioativos para
a turbina e para o sistema de refrigeração. Outra vantagem é
que o PWR pode operar a uma pressão mais elevada, cerca
de 160 atm e temperatura de 315 ºC. Isso proporciona uma efi-
ciência mais elevada se comparada ao BWR. O reator nuclear
de Angra dos Reis utiliza o sistema PWR.

3. No LMFBR (Liquid-Metal, Fast-Breeder Reactor - regenerador


rápido de metal líquido), a reação de fissão produz calor para
movimentar a turbina e, ao mesmo tempo, reproduz combus-
tível para o reator de plutônio, em suma, a transferência de
calor e o arrefecimento são realizados por um metal líquido. Os
metais usados geralmente são de sódio e lítio (ver Figura 57).

Figura 55 - Esquema de funcionamento de uma usina nuclear (BWR)

Fonte: Rothman (2011)


UNIUBE 111

Figura 56 - Esquema de funcionamento de uma usina nuclear (PWR)

Fonte: Pesquisa… (s./d.)

Figura 57 - Esquema de funcionamento de uma usina nuclear (LMFBR)

Fonte: Liquid… (s./d.)

4.1.3.5 Vantagens de plantas nucleares

• A geração de eletricidade através da energia nuclear reduz


a quantidade de energia gerada a partir de combustíveis fós-
seis, o que significa reduzir as emissões de gases de efeito
estufa.
112 UNIUBE

• O menor uso de combustível proporcionando maior quantida-


de de energia significa economia de matérias-primas. O custo
do combustível nuclear (Urânio) equivale a 20% do custo da
energia gerada.

• A produção de energia é contínua.

• A energia nuclear não depende de fatores naturais, diferen-


temente da usina hidrelétrica, que depende das chuvas para
manutenção dos níveis dos reservatórios.

4.1.3.6 Desvantagens de plantas nucleares

• Uma das principais desvantagens é a dificuldade na gestão


de resíduos nucleares. Leva-se muitos anos para eliminar a
radioatividade e riscos.

• As centrais nucleares têm uma vida limitada. O investimento


para a construção de uma central nuclear é muito alta.

• As centrais nucleares geram dependência externa. Muitos pa-


íses não têm minas de urânio ou tecnologia nuclear.

• O uso militar da energia nuclear.


UNIUBE 113

4.1.4 Central geradora solar e eólica

A energia proveniente do sol pode ser transformada em eletricida-


de, dessa forma, diretamente, pode ser usada a energia fotovoltai-
ca (PV) ou, indiretamente, a energia solar concentrada (CSP), este
sistema consiste em focar a energia solar em um ponto para aque-
cer água ou gerar eletricidade. Já o sistema de energia fotovoltaica
utiliza o efeito fotoelétrico para gerar eletricidade.

A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que, em 2050, ha-


verá uma utilização maior da energia fotovoltaica e da solar con-
centrada, as quais irão contribuir com a produção de aproximada-
mente 16% e 11%, respectivamente, da energia elétrica em todo o
mundo.

Muitos países industrializados têm em sua matriz energética várias


centrais geradoras solares para fornecer uma alternativa às fon-
tes convencionais, enquanto um número crescente de países em
desenvolvimento se voltaram para a energia solar para reduzir a
dependência de combustíveis importados (carvão, petróleo e gás
natural).

A energia eólica é a utilização do fluxo de ar através de turbinas eó-


licas para transformar a energia cinética em eletricidade. A energia
eólica é uma alternativa interessante em relação aos combustíveis
fósseis. Parques eólicos consistem em muitas turbinas eólicas indi-
viduais que estão ligados à rede de energia elétrica.

As centrais Geradoras Solar e Eólica serão tratadas com mais pro-


fundidade no Capítulo 6 deste material.
114 UNIUBE

Considerações finais

De acordo com o Ministério de Minas e Energia (BRASIL, 2016),


a capacidade de geração de energia elétrica instalada no Brasil
alcançou 141.684 mega-watts (MW) em janeiro, o que representa
uma expansão de 5,7% em relação ao mesmo mês do ano passado.

O Brasil encontra-se em um período de desenvolvimento econô-


mico difícil com o aumento da inflação e baixa produção industrial,
porém, mesmo assim, a demanda por energia elétrica é crescente.

Verificamos, neste capítulo, o funcionamento das usinas hidrelé-


tricas e termelétricas, nesse sentido, é importante destacar que o
Brasil tem um vasto potencial na produção de combustíveis fósseis
e faz parte do grupo de países em que a produção de eletricidade
é proveniente, em sua maioria, da hidreletricidade.

Em relação à energia nuclear, vimos que, após um acentuado cres-


cimento entre os anos 70 e 80, sua geração ficou praticamente
estagnada no cenário mundial, principalmente devido à preocupa-
ção com a segurança. Podemos constatar isso no recente acidente
nuclear (o segundo pior acidente da história) ocorrido no Japão na
usina de Fukushima I.

É relevante o engenheiro ter conhecimento dos processos e funcio-


namentos das centrais geradoras de energia, para planejar o me-
lhor investimento para utilização dos recursos energéticos do país.
Sistemas não
Capítulo
5
convencionais de
produção de eletricidade

Bruno Leandro Galvão Costa

Introdução
Neste capítulo, iremos analisar especificamente alguns aspectos
relacionados aos sistemas não convencionais para a geração de
energia elétrica.
Na primeira seção, veremos alguns conceitos sobre i) fontes
convencionais utilizadas na geração, muito difundidas atualmente
pelo fato de terem sido desenvolvidas primeiro, sendo em sua
maioria compostas por fontes de energia não renovável; ii) fontes
não convencionais, que têm sido alvo de inúmeras pesquisas
atualmente, devido ao fato de serem metodologias alternativas
para a geração de energia elétrica, sendo compostas pelas
fontes renováveis.
Na seção seguinte, iremos discorrer a respeito das fontes de
energia não convencionais, que são alvo de estudo deste capítulo.
O primeiro sistema não convencional a ser estudado será o
Geotérmico, caracterizado pela utilização da energia advinda do
calor do interior da Terra. O segundo sistema que veremos é o
Solar, no qual a geração de energia elétrica ocorre pela conversão
de energia solar em térmica, e desta em elétrica. Na sequência,
veremos a energia eólica, caracterizada pela utilização dos ventos
na geração de energia. O quarto sistema não convencional a ser
visto é o de geração a partir de biomassa, ou seja, da queima
de uma porção de material orgânico. E, por fim, analisaremos
algumas questões referentes à forma de geração de energia por
meio de ondas oceânicas, a conhecida energia maremotriz.
No decorrer do capítulo, temos diversos materiais complementares
que você poderá utilizar em seus estudos.

Objetivos
• Compreender os principais conceitos relacionados aos
sistemas de geração de energia elétrica:
• convencionais;
• não convencionais.
• Conhecer e analisar as principais características de
alguns dos sistemas não convencionais mais conhecidos
para a geração de energia elétrica, dentre eles:
• energia geotérmica;
• energia solar;
• energia eólica;
• energia por biomassa;
• energia maremotriz.

Esquema
5.1 Conceitos iniciais
5.2 Fontes de energia não convencionais
5.2.1 Energia Geotérmica
5.2.2 Energia Solar
5.2.3 Energia Eólica
5.2.4 Energia por Biomassa
5.2.5 Energia Maremotriz
UNIUBE 117

5.1 Conceitos iniciais

Sabemos que a energia elétrica pode ser obtida a partir da conver-


são de várias outras formas de energia (energia potencial, gravita-
cional ou cinética).

Como exemplo de um sistema que converte tanto energia potencial


quanto energia cinética em energia elétrica, podemos citar as usi-
nas de geração hidrelétricas, como ilustrado na Figura 58.

Figura 58 - Sistema de geração hidrelétrica de energia

Fonte: O princípio… (s./d.)

Nesse sistema, a água da represa armazena energia potencial.


Quando a comporta (ou as comportas) da usina é aberta, a energia
potencial da água vai sendo convertida em energia cinética, em
virtude do escoamento da água pelos dutos. Toda essa água entra
em contato com as turbinas que, por sua vez, começam a girar
dando origem à força eletromotriz induzida. Dessa forma, começa
a ser produzida energia elétrica (O PRINCÍPIO, 2016).
118 UNIUBE

No que se refere ao modo de geração de energia elétrica, temos


basicamente duas categorias de fontes:

• convencionais;
• não convencionais (também denominadas de Alternativas).

As fontes convencionais de geração de energia são aquelas que


foram desenvolvidas há muito tempo (sendo que hoje em dia já
estão em pleno desenvolvimento) e que ainda hoje são utilizadas
para a geração de energia elétrica. Nesse grupo, enquadram-se as
fontes de energia não renováveis. São grandes expoentes desse
grupo a geração de energia de hidrelétricas, termelétricas (que se
apropriam de combustíveis fósseis: carvão, petróleo, gás natural) e
usinas nucleares. Elas geram grandes impactos ambientais.

Por sua vez, as fontes não convencionais de energia (ou fontes alter-
nativas de energia) são aquelas que ainda estão em desenvolvimento,
em pequena escala, e surgem como alternativa às formas convencio-
nais, visto que não geram grandes impactos ambientais. Geralmente,
enquadram-se nesse grupo as fontes renováveis de energia (sendo,
portanto, energias limpas). Os grandes expoentes desse grupo são as
energias: geotérmica, solar, eólica, por biomassa, maremotriz. Essas
fontes ainda estão emergindo e, dessa forma, necessitam de apoios e
incentivos tanto empresariais quanto governamentais.
UNIUBE 119

Saiba mais

Nos links a seguir, você pode obter mais informações sobre as fon-
tes convencionais e não convencionais de energia, assim como
fontes não renováveis e renováveis:

Fontes convencionais e não convencionais de energia:

<http://www.ehow.com.br/fontes-convencionais-convencionais-e-
nergia-fatos_329185/>. Acesso em: 30 jul. 2016.

Fontes de energia:

<http://fontes-de-energia.info/>. Acesso em: 30 jul. 2016.

5.2. Fontes de energia não convencionais

No decorrer deste capítulo, estaremos nos concentrando no estu-


do das fontes não convencionais de geração de energia elétrica,
sendo elas:

• Energia Geotérmica.

• Energia Solar.

• Energia Eólica.

• Energia de Biomassa.

• Energia Maremotriz.
120 UNIUBE

5.2.1 Energia Geotérmica

A Energia Geotérmica, como o próprio nome sugere, é uma fonte


de energia utilizada para a geração de energia elétrica baseada no
aproveitamento do calor proveniente do interior da Terra. A Figura
59 ilustra o processo de geração de energia elétrica de uma usina
geotérmica.

Figura 59 - Processo de geração de energia elétrica de uma usina geotérmica

Fonte: Energia… (2016)

Inicialmente o processo se origina com perfurações em solo, geral-


mente em locais onde há uma grande quantidade de vapor e água
quente, sendo estes drenados até a superfície terrestre através de
tubulações. Na sequência, o vapor é transportado até uma central elé-
trica, que irá girar as pás (lâminas) de uma turbina conectada a um ge-
rador, que, por sua vez, irá gerar energia elétrica (ENERGIA, 2016b).

Alguns pontos positivos desse tipo de fonte de energia são


(ENERGIA, 2016b):
UNIUBE 121

• Emissões de gases poluentes praticamente nulas.

• A instalação da usina geralmente ocupa pequenas áreas.

• Pode abastecer comunidades isoladas.

Porém, seus principais pontos negativos e desvantagens são


(ENERGIA, 2016b):

• Energia muito cara e pouco rentável, devido à necessidade


de investimentos estruturais, além de apresentar uma baixa
eficiência.

• Pode gerar o esgotamento do campo geotérmico.

• O calor perdido aumenta consideravelmente a temperatura


do ambiente.

• Existe a emissão de ácido sulfídrico, muito nocivo à saúde


humana.

Saiba mais

Consulte mais informações sobre Energia Geotérmica nos seguin-


tes links eletrônicos:

<http://brasilescola.uol.com.br/geografia/energia-geotermica-1.
htm>. Acesso em: 30 jul. 2016.

<http://energiaifba.blogspot.com.br/p/energia-geotermica.html>.
Acesso em: 30 jul. 2016.

<http://www.portal-energia.com/energia-geotermica-funcionamen-
to-e-tecnologia/>. Acesso em: 30 jul. 2016.
122 UNIUBE

O vídeo a seguir ilustra vários conceitos relacionados à Energia


Geotérmica:
<https://www.youtube.com/watch?v=9ZkbaU8fg0g> (5:11). Acesso
em: 30 jul. 2016.

5.2.2 Energia Solar

Já a Energia Solar é uma fonte de energia alternativa, na qual a ener-


gia elétrica é obtida a partir dos raios solares. O processo consiste
primeiramente em converter energia solar em energia térmica, para
que depois toda essa energia seja transformada em energia elétrica.

A energia solar é considerada por muitos como sendo uma boa


opção contra agressões ao meio ambiente, visto que é uma fonte
limpa. Como se sabe, a luz solar é uma fonte de energia altamen-
te abundante, além de ser gratuita. Por outro lado, sua principal
desvantagem é que, para a produção de energia, é necessária a
presença do Sol, pois não é possível captar energia do Sol durante
a noite ou com o tempo nublado.

Figura 60 - Painéis Solares

Fonte: As principais… (2015)


UNIUBE 123

Podemos captar a energia solar por meio das células fotovoltaicas.


Contudo, ainda hoje, essas apresentam preços elevados. Maiores
detalhes sobre a geração de energia solar considerando painéis
fotovoltaicos (ilustrados na Figura 60) serão dados no capítulo 6.

Outra forma de captação de energia elétrica se dá por meio da


construção de usinas solares (Figura 61) em áreas de grande inso-
lação, sendo espalhadas centenas de coletores solares.

Figura 61 - Exemplo de uma usina solar

Fonte: As 7… (2016)

Saiba mais
Para mais informações sobre Energia Solar, consulte o seguinte link:
<http://brasilescola.uol.com.br/geografia/energia-solar.htm>.
Acesso em: 30 jul. 2016.
Assista ao vídeo a seguir, que traz uma matéria relacionada à utili-
zação de Energia Solar no Brasil:
<https://www.youtube.com/watch?v=iDseQ-BI9Yc> (5:58). Acesso
em: 30 jul. 2016.
124 UNIUBE

5.2.3 Energia Eólica

Na Energia Eólica, há a transformação da energia do vento em ener-


gia útil, com a utilização de aerogeradores na produção de eletricida-
de. São montados os chamados parques eólicos onde os aerogera-
dores estão ligados a uma rede de transmissão de energia elétrica.
Veremos mais aspectos sobre esse tipo de geração no Capitulo 6.

Assim como a Sol, os ventos estão sempre disponíveis nos am-


bientes, o que possibilita a sua utilização para a transformação de
energia elétrica.

É fundamental que parques eólicos sejam instalados em localidades


que tenham uma constante incidência de ventos. Novamente, assim
como a energia solar, a energia eólica não lança para a atmosfera
qualquer espécie de gás que possa interferir na degradação do meio
ambiente, sendo também uma energia considerada limpa.

Contudo, o grande vilão da energia eólica ainda é o custo relati-


vamente alto com instalação, aliado ao fato de sua implantação
ser mais eficiente em alto mar e regiões do tipo beira mar, além de
necessitar de alta e avançada tecnologia, ela pode ainda gerar pro-
blemas para os pássaros que possuam rotas do ciclo de migração
onde for implantado o parque eólico (Figura 62).
UNIUBE 125

Figura 62 - Exemplo de um parque eólico

Fonte: Wind… (s./d.)

Saiba mais

Para saber um pouco mais a respeito de energia eólica, visite o


seguinte endereço eletrônico:

<http://www.infoescola.com/tecnologia/energia-eolica/>. Acesso
em: 30 jul. 2016.

Assista também ao seguinte vídeo, que nos mostra vários concei-


tos relacionados à utilização da Energia Eólica no Brasil:

<https://www.youtube.com/watch?v=6Fc3V0-ZA7k> (2:38). Acesso


em: 30 jul. 2016.
126 UNIUBE

5.2.4 Energia por Biomassa

A Biomassa é a fonte de energia renovável que mais tem atraído in-


vestimentos no ramo de geração de energia elétrica nos dias atuais.
Qualquer matéria orgânica que possa ser transformada em ener-
gia mecânica, térmica ou elétrica é classificada como biomassa.
Basicamente, a biomassa pode ser proveniente (GERAÇÃO, 2016):

• de áreas florestais;

• de áreas agrícolas;

• de rejeitos urbanos e industriais.

Logo, a fonte de biomassa é muito extensa, compreendendo:

• a tradicional lenha das florestas naturais;

• o bagaço de cana proveniente das usinas açucareiras;

• a madeira cultivada especificamente para fins energéticos;

• resíduos das indústrias da serraria, aglomerados e celulose;

• além do biogás, obtido pela decomposição de dejetos, muito


comum nos lixões.
UNIUBE 127

Figura 63 - Exemplo de um processo de geração de energia a partir de biomassa

Fonte: O que… (2016)

Na Figura 63, podemos ver um processo de geração de energia


elétrica por meio da utilização da Biomassa. A biomassa, neste
caso, é utilizada como combustível que, ao ser queimada, aquece
uma caldeira com água, produzindo vapor com uma pressão alta
que move as pás de uma turbina, que por sua vez impulsiona um
gerador na produção de eletricidade.

Embora utilize uma usina do tipo termoelétrica, possui um baixo


custo de aquisição, com menor poder calorífico e a vantagem de
não emitir dióxido de enxofre. Sua ineficiência pode ocorrer se fo-
rem utilizadas plantas pequenas, além do fato de ser difícil estocar
e armazenar a biomassa a ser incinerada.

A visão que se tem é que a biomassa é uma das fontes para pro-
dução de energia com maior potencial de crescimento para os pró-
ximos anos. A partir dela, é possível gerar energia elétrica, além de
obter biocombustíveis (biodiesel e o etanol), cujo consumo é cres-
cente e visa à substituição de derivados de petróleo (óleo diesel
128 UNIUBE

e a gasolina) e, por consequência, a redução da dependência de


combustíveis fósseis (ANEEL, 2008a, p.65).

Em regiões onde a economia é altamente dependente da agricultura,


é muito comum que a energia térmica e elétrica seja gerada por essa
fonte, principalmente por meio de madeira e dos resíduos agrícolas.

Saiba mais

Para saber mais sobre a geração de energia elétrica a partir da


Biomassa no Brasil, acesse o seguinte link:

<http://www.pensamentoverde.com.br/economia-verde/geracao-e-
nergia-eletrica-partir-biomassa-cana-acucar-brasil/>. Acesso em:
30 jul. 2016.

No vídeo a seguir, você irá encontrar mais informações a respeito


da geração de energia elétrica utilizando Biomassa no Brasil:

<https://www.youtube.com/watch?v=QrGh4p_TYt8> (17:01).
Acesso em: 30 jul. 2016.

5.2.5 Energia Maremotriz

A Energia Maremotriz (ou energia das marés) é obtida por meio da


movimentação da água em oceanos. Nesse caso, tanto a energia
cinética, advinda das correntes devido às marés, quanto a energia
potencial, dada pela diferença de altura da maré alta e maré baixa,
são formas de energia consideradas.
UNIUBE 129

Na Figura 64, temos um exemplo de processo de geração de ener-


gia elétrica a partir das ondas do oceano (marés). Seu funciona-
mento é muito semelhante ao de uma usina hidrelétrica, visto que
uma barragem (indicada por 1) é construída (junto à rocha) de
modo a criar um reservatório (ou câmara) que irá capturar ondas
advindas do mar. Basicamente, o movimento alternado das marés
ora enchem, ora esvaziam água do reservatório (indicada por 2) e,
neste caso, pressurizando e despressurizando o ar presente (indi-
cada por 3), faz girar as pás de uma turbina (indicada por 4) aco-
plada em conjunto com um gerador, de modo a gerar eletricidade.

Figura 64 - Exemplo de um processo de geração de energia a partir de ondas

Fonte: Oscillanting… (2010)

É uma fonte inesgotável de energia, portanto, renovável, além


de não ser poluente, tendo também a seu favor a constância e
130 UNIUBE

previsibilidade das marés. Contudo, é conhecido que poucas locali-


dades apresentam características propícias para a obtenção desse
tipo de energia (ENERGIA, 2016a).

Pode gerar alguns impactos ambientais, inibir a utilização das


praias onde estiver instalada e ainda depender do desnível das
águas da maré para um bom funcionamento.

Na Figura 65, são ilustrados equipamentos utilizados para a capta-


ção de energia das marés.

Figura 65 - Exemplo de captação maremotriz

Fonte: Diese… (2009)

Saiba mais

Para saber um pouco mais sobre a Energia Maremotriz, visite os


seguintes endereços eletrônicos:

<http://brasilescola.uol.com.br/geografia/energia-das-mares.htm>.
Acesso em: 30 jul. 2016.
UNIUBE 131

<http://www.suapesquisa.com/energia/energia_mares.htm>.
Acesso em: 30 jul. 2016.

<http://bibocaambiental.blogspot.com.br/2011/05/1-introducao-ma-
re-e-uma-fonte-natural.html>. Acesso em: 30 jul. 2016.

A seguir, você verá um vídeo que ilustra conceitos de uma usina


localizada no estado do Ceará que produz energia elétrica a partir
de ondas marítimas.

<https://www.youtube.com/watch?v=FZSO21oCx1M> (2:05).
Acesso em: 30 jul. 2016.

Caso queira saber um pouco mais sobre as fontes que foram co-
mentadas no decorrer deste capítulo, sugiro que leia as informa-
ções presentes no seguinte endereço eletrônico:

<https://www.ccee.org.br/portal/faces/pages_publico/onde-a-
tuamos/fontes?_afrLoop=81756320143223#%40%3F_afrLo-
op%3D81756320143223%26_adf.ctrl-state%3Dv5j4ikbhv_4>.
Acesso em: 30 jul. 2016.
132 UNIUBE

Considerações finais

Este capítulo buscou evidenciar os principais aspectos relacionados


aos sistemas não convencionais de geração de energia elétrica.

Particularmente, vimos, na primeira seção do capítulo, os principais


conceitos relacionados aos sistemas convencionais de geração, os
primeiros a serem desenvolvidos e que, hoje em dia, possuem uma
tecnologia muito difundida e já dominada pelo homem.

Nesse caso, se enquadram neste grupo, em maioria, as fontes não


renováveis de energia, tais como combustíveis fósseis e energia
nuclear. Em seguida, analisamos as fontes não convencionais de
geração, que têm sido muito consideradas atualmente devido a
questões ambientais, sendo fontes alternativas.

Foram destacados na sequência, particularmente, os principais as-


pectos das seguintes fontes não convencionais: i) energia geotérmi-
ca, aquela que se apropria do calor interno do nosso planeta Terra;
ii) energia solar, caracterizada pela utilização dos raios solares na
geração de energia elétrica (processo que envolve primeiramente
a conversão de energia solar para térmica e, em seguida, energia
térmica para elétrica); iii) energia eólica, ou seja, aquela provenien-
te dos ventos; iv) energia por biomassa, resultado da queima de
material orgânico em usinas termelétrica; v) energia maremotriz,
aquela que gera energia por meio das ondas marítimas.

Particularmente, no capítulo seguinte, daremos continuidade aos


nossos estudos, focando nas energias solar e eólica, sendo, neste
caso, comentados aspectos específicos sobre seus principais equi-
pamentos expoentes: painéis fotovoltaicos e aerogeradores.
Energias solar - painéis
Capítulo
6
fotovoltaicos - e eólica -
aerogeradores

Bruno Leandro Galvão Costa

Introdução
Neste capítulo, estudaremos conceitos relacionados tanto à
energia solar quanto à energia eólica. Particularmente, estaremos
focados em um entendimento maior sobre os painéis fotovoltaicos
e os aerogeradores.
Inicialmente, iremos retomar o assunto iniciado no capítulo anterior,
que tratou a respeito de fontes não convencionais de energia.
Desta vez, será comentado com um pouco mais de destaque
sobre as fontes alternativas: energia solar e eólica.
Na seção seguinte, focaremos nosso estudo em painéis
fotovoltaicos. Veremos a evolução da produção de energia por
meio de sistemas fotovoltaicos, em um cenário mundial. Em
seguida, iremos analisar como se dá o efeito fotovoltaico e alguns
aspectos relacionados à construção de um painel fotovoltaico,
nesse sentido, estudaremos como uma célula é feita e também
como é a montagem de um painel. Por fim, iremos analisar como é
o funcionamento de um sistema residencial de geração de energia
baseado em painéis fotovoltaicos.
Posteriormente, iremos analisar os principais aspectos sobre
aerogeradores e os equipamentos utilizados para a geração
de energia elétrica a partir dos ventos. Daremos destaque, em
um primeiro momento, para o ciclo de funcionamento de um
aerogerador e, em seguida, para a estrutura física típica de um
aerogerador. Por fim, veremos algumas vantagens de utilização
de aerogeradores.
Vale ressaltar que, durante todo o conteúdo, você irá se deparar
com vários materiais complementares que foram colocados
justamente para que você tenha um melhor aprendizado dos
assuntos que aqui serão expostos.

Objetivos
• Compreender a importância dos sistemas não
convencionais de energia, neste caso, o solar e o eólico
no contexto atual.
• Analisar em detalhes os principais aspectos relacionados
aos painéis fotovoltaicos, principalmente com relação:
• ao efeito fotovoltaico;
• à construção de um painel fotovoltaico, que inclui
a fabricação e a integração, em circuito, de células
fotovoltaicas;
• ao funcionamento de um sistema fotovoltaico residencial.
• Estudar alguns conceitos fundamentais sobre
aerogeradores, principalmente com relação:
• ao funcionamento de um aerogerador;
• à estrutura típica de aerogeradores;
• às vantagens de utilização de aerogeradores.

Esquema
• 6.1 Conceitos gerais sobre energias solar e eólica
• 6.2 Aspectos sobre os painéis fotovoltaicos
• 6.2.1 Efeito Fotovoltaico
• 6.2.2 Construção de um Painel Fotovoltaico
• 6.2.2.1 Célula Fotovoltaica
• 6.2.2.2 Painel Fotovoltaico
• 6.2.3 Sistema Fotovoltaico
UNIUBE 135

• 6.3 Aspectos sobre aerogeradores


• 6.3.1 Funcionamento de um Aerogerador
• 6.3.2 Estrutura de um Aerogerador
• 6.3.3 Vantagens da Utilização de Aerogeradores

6.1 Conceitos gerais sobre energias solar e eólica

Atualmente, fontes energéticas renováveis têm sido alvo de inú-


meras pesquisas em âmbito mundial, visto que tem aumentado, a
cada ano, o consumo de energia elétrica e a preocupação com as
questões de cunho ambiental, tais como redução da emissão de
gases que poluem a atmosfera terrestre e a diminuição da degra-
dação do nosso meio ambiente (OLIVEIRA, 2015, p.17).

No capítulo 5, estudamos sobre as várias fontes não convencio-


nais para a geração de energia: energia geotérmica, por biomassa,
maremotriz e as famosas energia solar e eólica, as quais analisa-
remos neste capítulo.

Como se sabe, o sol é um grande aliado para a produção de eletri-


cidade. O equipamento responsável pela geração de energia elé-
trica a partir da captação de raios solares é o painel fotovoltaico
e, dessa forma, é importante conhecer seus principais conceitos,
assim como características.

Uma outra fonte de energia amplamente considerada em pesqui-


sas, hoje em dia, para a geração de eletricidade, é a eólica, sendo
o principal equipamento para gerar energia o aerogerador.

Sendo assim, a seguir, veremos os principais conceitos sobre pai-


néis fotovoltaicos e aerogeradores.
136 UNIUBE

6.2 Aspectos sobre os painéis fotovoltaicos

Como sabemos, os painéis fotovoltaicos são responsáveis pela


conversão de energia solar em energia elétrica, sendo caracteri-
zados como uma das fontes renováveis que contribuem para a ge-
ração de energia limpa, ou seja, livre de emissões de gases que
aumentam o efeito estufa terrestre, além disso, amenizam a degra-
dação ambiental.

Particularmente, os painéis solares possuem alta confiabilidade e


durabilidade, sendo enormemente utilizados devido aos seus be-
nefícios, dos quais podemos destacar a conexão de energia à rede
elétrica (OLIVEIRA, 2015, p.17-18).

Na Figura 66, é apresentado um gráfico que ilustra uma evolução,


em termos de potência instalada, de sistemas fotovoltaicos em vá-
rias regiões do nosso planeta. Nota-se o aumento significativo da
utilização de sistemas fotovoltaicos, em especial, na Europa.

Figura 66 - Evolução da potência instalada por sistemas fotovoltaicos

Fonte: Oliveira (2015, p.18).


UNIUBE 137

A seguir, veremos alguns conceitos específicos de painéis fotovol-


taicos, particularmente, o efeito fotovoltaico, como se dá a constru-
ção de uma painel fotovoltaico e também como atua um sistema de
geração de energia elétrica a partir de painéis fotovoltaicos.

6.2.1 Efeito Fotovoltaico

A Figura 67 ilustra o princípio do efeito fotovoltaico que ocorre em


painéis fotovoltaicos.

Figura 67 - Princípio do efeito fotovoltaico em painéis fotovoltaicos

Fonte: Energia... (s./d.)

Particularmente, a geração de energia elétrica em um painel foto-


voltaico ocorre da seguinte forma (SOLAR, 2016):
138 UNIUBE

1. a luz solar é composta por pequenos elementos denominados


fótons;

2. os fótons incidem sobre a célula fotovoltaica;

3. parte desses fótons são absorvidos pela célula e, dessa for-


ma, despertam os elétrons do semicondutor presente na célu-
la, geralmente Silício, e com isso gera-se eletricidade, particu-
larmente ocorre a geração de uma corrente elétrica contínua.

Com isso, podemos dizer que quanto maior a intensidade dos fei-
xes de luz que incidem sobre a célula, maior será o fluxo de eletri-
cidade do painel.

6.2.2 Construção de um Painel Fotovoltaico

A seguir, são descritos alguns detalhes referentes à construção


de um painel fotovoltaico, baseado em Solar (2016). Neste caso,
é comentado sobre a construção da célula fotovoltaica em si (se-
ção 2.2.1) e, depois, sobre a construção do painel (seção 2.2.2). A
Figura 68 mostra o ciclo de construção de um painel fotovoltaico.

Figura 68 - Ciclo de construção de um painel fotovoltaico

Fonte: Solar… (s./d.)


UNIUBE 139

6.2.2.1 Célula Fotovoltaica

A célula fotovoltaica é a parte mais importante de um painel foto-


voltaico (também denominado de placa fotovoltaica). Tais células
são compostas por duas camadas de materiais semicondutores
(formando assim uma junção p-n), sendo que o principal elemento
constituinte de uma célula fotovoltaica é o Silício (Si), conforme
ilustrado na Figura 69.

Figura 69 - Esquema básico de uma célula fotovoltaica

Fonte: Oliveira (2015, p.24)

Existem pesquisas focadas no desenvolvimento de materiais apro-


priados para a utilização em células fotovoltaicas, que aumentam a
eficiência na conversão de energia, sendo alguns desses materiais
ilustrados na Tabela 3.

Tabela 3 - Eficiência das células fotovoltaicas

Fonte: Oliveira (2015, p.25)


140 UNIUBE

Em painéis fotovoltaicos, são utilizados dois tipos diferentes de si-


lício: um voltado para a criação de cargas negativas e outro, para
a criação de cargas positivas. Nesse caso, o elemento combinado
com o Si para a criação de cargas negativas é o Boro, e o elemento
combinado para a criação de cargas positivas é o fósforo.

Além disso, tais combinações são realizadas de modo a criar célu-


las de Si com mais elétrons de Si carregado positivamente e menos
elétrons de Si carregado negativamente.

Ao fim desse processo, o Si carregado positivamente é acoplado


ao Si carregado negativamente, e isso possibilita que a célula de Si
reaja com o Sol para a produção de energia elétrica.

6.2.2.2 Painel Fotovoltaico

Uma vez que cada célula foi fabricada, cada uma delas é cuidado-
samente acoplada, em série, uma após outra. Essa conexão entre
as células é realizada utilizando uma faixa condutora extremamente
fina, tecida de cima para baixo de cada célula, de modo que todas
as células fotovoltaicas estejam interligadas e formem um circuito.

Após essa interconexão de células, uma lâmina de vidro tempera-


do (tratado com substâncias antiaderentes e antirreflexo) deve ser
colocada, de modo a cobrir todas as células. Posteriormente, esse
equipamento deve ser emoldurado com um quadro de alumínio.

Logo atrás do painel fotovoltaico, existem dois condutores prove-


nientes de uma caixa, denominada de caixa de junção, os quais
são utilizados para ligar os painéis fotovoltaicos em conjunto, for-
mando assim uma série de painéis. Posteriormente, o conjunto de
UNIUBE 141

painéis será conectado através de cabos de corrente contínua ao


inversor solar.

Na Figura 70, é ilustrada a composição de um painel fotovoltaico,


conforme os detalhes informados anteriormente.

Figura 70 - Composição de um painel fotovoltaico

Fonte: Solar… (s./d.)

6.2.3 Sistema Fotovoltaico

Uma vez desenvolvido um conjunto de painéis fotovoltaicos, estes


podem ser instalados em casas, prédios, indústrias e outros locais.
Um exemplo de um arranjo de painéis colocados no telhado de
uma residência é ilustrado na Figura 71. Nesse caso, existe um
sistema residencial com painéis fotovoltaicos.

Contudo, a energia elétrica produzida diretamente pelos painéis


fotovoltaicos não é apropriada para as cargas residenciais con-
vencionais, pois eles geram energia em corrente contínua (CC), e
as cargas das residências consomem em corrente alternada CA.
Logo, necessitam de um conversor de potência para a adequação
de energia em CA, como será comentado a seguir.
142 UNIUBE

Figura 71 - Sistema residencial com painéis fotovoltaicos

Fonte: Solar… (s./d.)

Note que na figura, vários números estão dispostos, indicando os


principais componentes desse sistema. Vamos analisar cada um
deles a seguir:

1. Painéis: primeiramente, como comentado antes, a luz solar


interage com o painel fotovoltaico, de modo a produzir a ener-
gia elétrica para o sistema. Os painéis fotovoltaicos são co-
nectados com o inversor solar do sistema.

2. Inversor: possui como principal função converter a corrente


advinda dos painéis, dessa forma, a corrente contínua (CC)
se transforma em corrente alternada (CA), de modo que a
energia possa ser utilizada na residência.

3. Quadro de Luz: logo em seguida, a energia advinda do inver-


sor segue em direção ao quadro de luz que se encarrega de
distribuí-la para a residência, assim como para a rede elétrica.
UNIUBE 143

4. Equipamentos da residência: uma vez convertida a energia


de CC para CA, os equipamentos de casa podem ser utiliza-
dos (TVs, aparelhos de som, computadores, lâmpadas, mo-
tores elétricos).

5. Rede Elétrica: vamos supor que o sistema esteja produzindo


energia além daquela que está sendo consumida na residên-
cia. Nesse caso, uma possibilidade que tem sido comumente
empregada é o envio da energia excedente para a rede elétri-
ca, o que gera os famosos “créditos de energia”, que possibi-
litam economizar com energia elétrica.

Saiba mais

Caso queira ter mais informações sobre painéis fotovoltaicos, visite


o seguinte endereço eletrônico:

<http://www.portalsolar.com.br/como-funciona-o-painel-solar-foto-
voltaico.html>. Acesso em: 01 ago. 201.

Também gostaria de indicar a dissertação de Fernando Marcos de


Oliveira (2015), na qual vários aspectos são considerados sobre
energia fotovoltaica. Vale a pena conferir!

<http://www.utfpr.edu.br/cornelioprocopio/cursos/mestrados-dou-
torados/Ofertados-neste-Campus/mestrado-em-engenharia-ele-
trica/dissertacoes-e-teses-1/dissertacoes/2015/copy_of_CP_
PPGEE_M_OliveiraFernandoMarcos_2015.pdf.pdf>. Acesso em:
01 ago. 2016.
144 UNIUBE

A seguir, gostaria de deixar como sugestão os seguintes vídeos:

Sistema residencial com painéis fotovoltaicos:

<https://www.youtube.com/watch?v=ho0DmrwgfCM> (7:44).
Acesso em: 01 ago. 2016.

Mais informações sobre painéis fotovoltaicos:

<https://www.youtube.com/watch?v=RmFKXeTs6gk> (12:26).
Acesso em: 01 ago. 2016.

6.3 Aspectos sobre aerogeradores

Como comentado no capítulo anterior, várias formas não convencio-


nais têm sido consideradas para a geração de energia elétrica. Uma
delas que ganha muita atenção hoje em dia é a Energia Eólica, que
utiliza o vento como recurso natural para a produção de eletricidade.

No que se refere ao sistema de geração de energia eólica, os ae-


rogeradores são os equipamentos considerados. Aparentemente
são equipamentos enormes com hélices fixadas por um suporte,
acionadas pela ação do vento.

No Brasil, existem grandes centrais de geração eólica espalhadas,


dezenas de aerogeradores são instalados próximos uns aos ou-
tros, para garantir uma melhor captação de energia.

Nesta seção, veremos alguns aspectos referentes aos aeroge-


radores, tais como funcionamento, estrutura, vantagens de sua
utilização.
UNIUBE 145

6.3.1 Funcionamento de um Aerogerador

O aerogerador é um equipamento dotado de um rotor com rola-


mentos, de um sistema de medição (denominado anemômetro)
e também de pás giratórias, que quando em funcionamento gera
uma força mecânica. Todo esse sistema é ligado a um multiplicador
que aumenta imediatamente a velocidade do eixo do aerogerador.
Esse eixo é conectado a um gerador elétrico e, dessa forma, pro-
duz energia elétrica. Por sua vez existem cabos que conectam o
gerador eólico à rede elétrica (TECNOGERA, 2016).

Basicamente, existem hoje dois modelos de aerogeradores difun-


didos no Brasil: os geradores de eixo vertical (Figura 72) e de eixo
horizontal (Figura 73). O mais utilizado e difundido para a gera-
ção de energia é o modelo de eixo horizontal, que apresenta um
padrão técnico bem desenvolvido, possibilitando a sua instalação
(TECNOGERA, 2016).

Figura 72 - Exemplo de uma aerogerador de eixo vertical

Fonte: Bofeng (s./d.)


146 UNIUBE

Figura 73 - Exemplo de uma aerogerador de eixo horizontal

Fonte: Projecto… (2008)

6.3.2 Estrutura de um Aerogerador

A seguir, na Figura 74, é ilustrada a estrutura básica de um aerogera-


dor, sendo destacados os nomes de seus principais componentes.

Figura 74 - Principais componentes de um aerogerador

Fonte: Concepção (s./d.)


UNIUBE 147

A seguir, são dadas breves descrições de alguns componentes en-


volvidos em um aerogerador (MOURA, 2011):

• Nacele: abriga os componentes principais de um aerogerador


(mancal do eixo, caixa de engrenagens e o gerador elétrico),
com o intuito de protegê-los contra chuva, vento, poeira e ra-
diação solar.

• Torre: estrutura que posiciona o conjunto nacele-rotor em


uma altura adequada para captação de vento. Junto com a
fundação provê suporte estrutural para o conjunto. As princi-
pais configurações para torres são: tubular, treliçada, haste
estaiada e híbrida (combinação das anteriores).

• Pás: estruturas aerodinâmicas responsáveis pela transforma-


ção da energia cinética do vento em energia rotacional no
eixo do gerador, podendo apresentar diversas formas e confi-
gurações distintas, assim como materiais.

• Engrenagens: possuem como função o aumento da velocida-


de de rotação fornecida pelo rotor, tornando viável o aprovei-
tamento pelo gerador elétrico.

• Anemômetro: fornece dados da velocidade do vento.

• Controlador: monitora o funcionamento do aerogerador.

• Freio: é um disco acionado por dispositivos mecânicos, elétri-


cos ou hidráulicos para parar o rotor.
148 UNIUBE

Saiba mais

Para obter mais informações a respeito de outros componentes in-


clusos em um aerogerador, leia particularmente a Seção 3.2 da
Monografia de Moura (2011), a qual pode ser acessada pelo se-
guinte link:

< h t t p : / / w w w. s o l e n e r g . c o m . b r / f i l e s / T C C - J U L I O M O U R A -
protecaoeolica.pdf>. Acesso em: 01 ago. 2016.

6.3.3 Vantagens da utilização de aerogeradores

A seguir, serão elencadas algumas vantagens da utilização de ae-


rogeradores (TECNOGERA, 2016):

• Menos poluente: é conhecido que os aerogeradores causam


pouco impacto ao meio ambiente durante a geração de ener-
gia elétrica, visto que não se apropria de recursos contagio-
sos (energia nuclear, por exemplo).

• Economia local: instalado em regiões mais afastadas, onde


existe muita força dos ventos, gerando empregos locais e mo-
vimentando a economia.

• Redução nos gastos governamentais: se comparado às gera-


ções de energia por hidrelétricas, termelétricas ou energia nu-
clear, é evidente que o custo com energia eólica é muito menor.

• Meio ambiente: aerogeradores podem ser instalados em lo-


cais pequenos, não influenciando diretamente na vegetação
e nem no habitat natural de animais.

• Energia renovável: o vento é uma fonte inesgotável de ener-


gia que não depende de chuvas ou sol.
UNIUBE 149

Saiba mais

Os seguintes vídeos ilustram processos de montagem de aeroge-


radores. Vale a pena conferir!

<https://www.youtube.com/watch?v=21wILPzcgJY> (2:50). Acesso


em: 01 ago. 2016.

<https://www.youtube.com/watch?v=xPuWjl28gng> (6:33). Acesso


em: 01 ago. 2016.

Já o vídeo a seguir traz comentários a respeito de detalhes de al-


gumas partes específicas de um aerogerador:

<https://www.youtube.com/watch?v=dXSeZAt2cuo> (6:22). Acesso


em: 01 ago. 2016.

Os vídeos na sequência descrevem aspectos gerais sobre o fun-


cionamento da energia eólica:

Parte 1: <https://www.youtube.com/watch?v=2JgC4A7L2PE>
(1:41). Acesso em: 01 ago. 2016.

Parte 2: <https://www.youtube.com/watch?v=9hMXFi8YB4k>
(1:24). Acesso em: 01 ago. 2016.

Parte 3: <https://www.youtube.com/watch?v=OnKGbiAPRQQ>
(1:27). Acesso em: 01 ago. 2016.
150 UNIUBE

Considerações finais

Este capítulo dedicou-se ao estudo de equipamentos fundamentais


utilizados tanto na geração de energia solar quanto na geração de
energia eólica, ou seja, os painéis fotovoltaicos e os aerogeradores.

Vimos a importância que as fontes renováveis têm atualmente no


cenário mundial, diante das discussões que envolvem aquecimen-
to global e degradação do meio ambiente, principalmente, as fon-
tes de energia solar e eólica.

Na primeira seção, discutimos sobre os painéis fotovoltaicos, prin-


cipalmente, sob a ótica da evolução de sua utilização para a ge-
ração de energia. Em seguida, analisamos como ocorre o efeito
fotovoltaico a partir da absorção de raios solares nas células foto-
voltaicas que liberam energia. Foram comentados alguns aspectos
relacionados à construção de um painel fotovoltaico, por exemplo,
como a célula é feita e como se dá a montagem de um painel. Ao
fim da seção, vimos o funcionamento de um sistema residencial de
geração de energia, em que foi destacado cada um de seus princi-
pais componentes.

Já na segunda seção, introduzimos conceitos sobre os aerogera-


dores. Vimos particularmente o ciclo de funcionamento de um ae-
rogerador, além de sua estrutura física básica. E, ao final, vimos
algumas das principais vantagens da utilização de aerogeradores.

No próximo capítulo, iremos estudar sobre as perspectivas e ten-


dências futuras para a geração de energia elétrica, tanto em âmbito
mundial quanto no Brasil.
Perspectivas e tendências
Capítulo
7
futuras para a geração de
energia elétrica

Bruno Leandro Galvão Costa

Introdução
Neste capítulo, iremos ver as perspectivas e tendências futuras
para a geração de energia elétrica, tanto em um nível mundial,
quanto em um nível nacional.
Na primeira seção, para ilustrar o panorama energético em termos
mundiais, estaremos analisando informações de uma palestra
concedida por Philippe Joubert, uma personalidade ilustre da área
de energia. Veremos importantes questões levantadas por ele,
sendo algumas delas: i) trilema de energia, ii) consumo de fontes
não renováveis, iii) emissões de CO2, iv) problemas energéticos em
cidades, v) condições energéticas sobre a Alemanha, Japão e Brasil.
Na seção seguinte, iremos analisar diversos dados referentes ao
cenário energético brasileiro. Particularmente, veremos informações
retiradas do Balanço Energético Nacional (BEN) de 2015 (referente
a 2014), um estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética
(EPE), que indicam tendências futuras na área de energia do Brasil.
Analisaremos, especificamente, os seguintes conceitos: i) matriz
energética, ii) matriz elétrica, iii) participação de fontes renováveis
na matriz elétrica, iv) capacidade energética instalada, v) geração de
potência elétrica e vi) emissão de CO2 na produção de energia elétrica.
Durante a explanação de todos esses tópicos, serão apontadas
algumas sugestões de material complementar para lhe auxiliar em
seus estudos.
Objetivos
• Relacionar as principais perspectivas e tendências
futuras para a geração de energia elétrica, em âmbito
mundial e nacional.
• Interpretar o panorama de energia elétrica mundial:
• consumo de fontes não renováveis e renováveis;
• problemas com emissão de CO2;
• problemas energéticos em cidades;
• condições energéticas em alguns países: Alemanha,
Japão e Brasil.
• Analisar as principais tendências energéticas no Brasil:
• matriz energética;
• matriz elétrica;
• participação de fontes renováveis na matriz elétrica;
• capacidade energética instalada;
• geração de potência elétrica;
• emissões de CO2 na produção de energia.

Esquema
• 7.1. Panorama energético em termos mundiais
• 7.2. Panorama energético brasileiro
• 7.2.1. Análises do balanço energético nacional
• 7.2.1.1. Matriz Energética
• 7.2.1.2. Matriz Elétrica
• 7.2.1.3. Participação de Fontes Renováveis na Matriz
Elétrica
• 7.2.1.4. Capacidade Energética Instalada
• 7.2.1.5. Geração de Potência Elétrica
• 7.2.1.6. Emissão de CO2 na Produção de Energia
Elétrica
UNIUBE 153

7.1 Panorama energético em termos mundiais

A fim de ilustrar um pouco as perspectivas futuras mundiais com re-


lação à eletricidade, a seguir, gostaria de comentar com você sobre
informações de uma palestra ministrada por Philippe Joubert, uma
personalidade importante na área de energia. Nessa ocasião, fo-
ram abordados vários aspectos relacionados ao panorama elétrico
global, que é o assunto desta seção. Gostaria que você pudesse
realmente refletir um pouco sobre essa questão, enquanto lê as
informações a seguir, e também posteriormente quando for assistir
ao vídeo1.

Inicialmente, ele fala a respeito do “Trilema de Energia” associado


a problemas energéticos, no qual uma solução energética viável
deve necessariamente satisfazer três condições básicas:

• ser acessível em termos de preço (ou seja, custos adequados


para a sociedade);

• ser segura;

• deve respeitar aspectos de impacto ambiental.

Em seguida, ele comenta sobre a produção energética. Por volta do


ano 2000, houve um incremento significativo de produção de ener-
gia: de 100 GW/ano para 300 GW/ano, decorrente principalmente
da utilização de fontes de energia baseadas em carvão e no gás
natural, portanto, fontes não renováveis. Além disso, ele destaca
que, apesar de serem conhecidas várias tecnologias atualmente, o
desenvolvimento de energia a partir dos recursos naturais, como o
vento e os raios solares, ainda é limitado.

1 Você poderá assistir a essa palestra por meio do link indicado logo a seguir no Saiba Mais.
154 UNIUBE

Na sequência, ele informa algo muito importante: vários países ain-


da investem muito em fontes não renováveis, principalmente no
continente asiático, onde o investimento em usinas de energia à
base de carvão e gás natural tem se intensificado. Com isso, gran-
des emissões de CO2 continuarão a ser feitas na atmosfera.

Outro problema futuro que Philippe destaca diz respeito às condi-


ções energéticas em cidades mundo afora. Ele comenta que existem
estimativas de que em 2030, 2050, de 75% a 80% da população vi-
verá em cidades, logo, existirão problemas energéticos nas cidades.
Dessa forma, será necessário o estabelecimento de políticas envol-
vendo a eficiência de distribuição energética nesses locais.

Em seguida, Philippe comenta um pouco sobre alguns países, em


específico: Alemanha, Japão e Brasil.

Com relação à Alemanha:

• sua fonte energética é composta, basicamente, por carvão


mineral, energia nuclear, energia eólica e gás natural;

• por questões políticas, foi decretado que o país deveria fechar


usinas nucleares e se dedicar apenas à utilização de fontes
renováveis, neste caso, energia solar e eólica:

• contudo, ainda existem parques nucleares em funcionamento;

• o país voltou a abrir usinas a carvão;

• o preço da energia elétrica subiu consideravelmente.


UNIUBE 155

Com relação ao Japão:

• o país possui 27% de sua matriz energética composta por


usinas nucleares;

• após o acidente em Fukushima, todas as usinas nucleares


foram fechadas;

• diante disso, o país voltou a gerar energia por meio de usinas


a carvão e a gás, que consequentemente tem aumentado as
emissões de gases poluentes na atmosfera.

Por fim, Philippe articula algumas informações sobre o Brasil, sob


uma perspectiva de quem está de fora, olhando para o nosso país:

• o país apresenta um grande potencial, por usinas hidrelétri-


cas (maior matriz nacional) e eólicas (principalmente na re-
gião nordeste);

• contudo, existem problemas relacionados à transmissão de


energia:

• é necessária a reabertura de usinas termelétricas;

• aumentam-se assim emissões de gases poluentes;

• logo, a imagem nacional perante o mundo é desastrosa, pois


não é compreensível que um país com tanta riqueza tenha a
necessidade de abrir usinas termelétricas.

Por fim, Philippe faz algumas considerações finais que devem nos
levar à reflexão:
156 UNIUBE

• atualmente, existem tecnologias capazes de eliminar a emis-


são de gases poluentes para a atmosfera;

• o tema eficiência deve ser trabalhado;

• ainda existem muitas usinas a carvão e a gás distribuídas


pelo mundo. Consequentemente, não existe possibilidade de
fechamento imediato dessas usinas (o que pode ainda levar
vários anos);

• existem pesquisas que informam que nós estamos extrapo-


lando os limites aceitáveis para a emissão, principalmente,
de CO2;

• é necessária uma política de encarecimento do “sinal-preço”


do CO2, visto que ainda é muito barato para empresas e, des-
sa forma, estas não irão medir esforços para garantir o seu
mercado.

Sintetizando

Temos ainda um longo caminho a percorrer no que se refere à in-


clusão de matrizes renováveis nos países. É importante que o pla-
nejamento seja melhor realizado, que ele seja mais eficiente. Além
disso, é necessário que sejam realizadas políticas contra o barate-
amento de fontes não renováveis (carvão mineral, gás natural, pe-
tróleo), para que o cenário de produção energética mundial mude.
UNIUBE 157

Saiba mais

Com base em todas essas informações, recomendo que você as-


sista ao vídeo da palestra de Philippe Joubert, acessando o link a
seguir:

<https://www.youtube.com/watch?v=UoLR52aunD8> (16:20).
Acesso em: 01 ago. 2016.

Tal palestra foi apresentada no dia 29/04/2014, em um Seminário


na cidade de São Paulo, pelo Instituto Ethos, que reuniu vários es-
pecialistas no tema “Energias Renováveis, Eficiência Energética e
Mudanças Climáticas”.

Ampliando o conhecimento

Na União Europeia, foi traçada uma meta para ser alcançada até
o ano de 2020: 20% do total de energia produzida deve advir de
fontes renováveis, visando reduzir a quantidade de CO2 lançado
na atmosfera e, além disso, deve-se diminuir a utilização de fontes
não renováveis (tais como o petróleo, o gás natural e o carvão).
Existem algumas discussões que indicam que essa meta será ele-
vada para 30% até 2030, visto que muitos países já a alcançaram.

7.2. Panorama energético brasileiro

Sabe-se que o Brasil é um país que possui um potencial energético


extremamente atrativo. Contudo, cada vez mais, existe a crescen-
te demanda por energia elétrica, a qual, ao que tudo indica, deve
158 UNIUBE

triplicar até o ano de 2050, segundo a EPE (GE, 2016).

Para que possamos ter uma dimensão dos rumos futuros que o
Brasil tomará com relação à geração de eletricidade, precisamos
analisar documentos e materiais que descrevam de maneira con-
creta informações daquilo que já vem sendo feito no país.

Diante disso, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE)


é uma instituição nacional que costuma publicar anualmente
“Balanços Energéticos Nacionais (BEN)”, documentos fundamen-
tais para as atividades de planejamento e acompanhamento do se-
tor energético nacional (EPE, 2015b, p.7).

7.2.1 Análises do balanço energético nacional

Dentre alguns conceitos que o BEN costuma abordar, estão (EPE,


2015b, p.7):

• a contabilidade entre oferta e consumo de energia no Brasil;

• processos de conversão de produtos energéticos e de comér-


cio exterior;

• séries históricas de operações;

• informações sobre reservas, capacidades instaladas e impor-


tantes dados estaduais.

Além disso, o EPE conta com a colaboração de aproximadamente


800 agentes e empresas, que são fornecedores de dados primá-
rios, para a elaboração do BEN (EPE, 2015b, p.7).
UNIUBE 159

Nesta seção, veremos vários aspectos relacionados ao BEN pu-


blicado no ano de 2015, particularmente informações resumidas
publicadas no Relatório Síntese do BEN, de 2015 (EPE, 2015b),
que indicam principalmente o quanto e como foi utilizada a energia
elétrica no Brasil, neste caso, no ano de 2014.

Serão analisados a seguir, particularmente, os seguintes conceitos:

• Matriz Energética.

• Matriz Elétrica.

• Participação de Fontes Renováveis na Matriz Elétrica.

• Capacidade Energética Instalada.

• Geração de Potência Elétrica.

• Emissão de CO2 na Produção de Energia Elétrica.

7.2.1.1 Matriz Energética

Em 2014, foi registrado que 39,4% da matriz energética nacional


era composta por fontes renováveis de energia, enquanto que o
restante (60,6%) era advinda de fontes não renováveis de energia,
como ilustrado no gráfico da Figura 75. No gráfico, podemos per-
ceber ainda que houve uma leve redução da matriz renovável no
ano de 2014 em relação ao ano de 2013. Contudo, esses percen-
tuais ainda se mantiveram acima das matrizes energéticas mundial
e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), o que deixa o Brasil em uma posição favorável em relação
ao restante do mundo.
160 UNIUBE

Figura 75 - Matrizes energéticas do Brasil (de 2013 e

2014), do mundo e da OCDE (ambos de 2012)

Fonte: EPE (2015c, p.15).

Na Figura 76, são ilustradas as fontes renováveis que compõem


o percentual de 39,4% da matriz energética de energia renovável
nacional.

Figura 76 - Fontes renováveis que compõem a matriz energética nacional

Fonte: EPE (2015c, p.18)

Como podemos notar, 15,7% são atribuídos à biomassa da cana,


11,5% à fonte hidráulica, 8,1% à lenha e ao carvão vegetal e 4,1% à
lixívia e a outras fontes renováveis (por exemplo, a energia eólica).
UNIUBE 161

Na Figura 77, estão ilustradas as principais fontes não renováveis


de energia que integram os 60,6% da matriz energética nacional.

Figura 77 - Fontes não renováveis que compõem a matriz energética nacional

Fonte: EPE (2015c, p.18).

Nota-se que 39,4% das fontes são atribuídas ao petróleo e seus


derivados, 13,5% provêm do gás natural, 5,7%, do carvão mineral,
1,3%, do urânio, enquanto outras fontes resultam em 0,6%.

Sintetizando

Com isso, podemos perceber que, apesar de a matriz energéti-


ca brasileira ser composta por fontes renováveis, ainda é maior
a utilização de fontes não renováveis para a geração de energia.
Contudo, o Brasil apresenta um posto interessante, em termos
mundiais, no que se refere à inclusão de fontes de energia renová-
vel em sua matriz energética.

7.2.1.2 Matriz Elétrica

A seguir, iremos ver alguns detalhes relacionados à matriz elétri-


ca brasileira, analisando a Figura 78. Note que, com exceção das
162 UNIUBE

matrizes hidráulica e nuclear, todas as outras formas de geração de


energia tiveram aumentos consideráveis em relação ao ano de 2013.

Figura 78 - Matriz elétrica brasileira nos anos de 2013 (à direita) e 2014 (à esquerda)

Fonte: EPE (2015c, p.35)

7.2.1.3 Participação de Fontes Renováveis na Matriz Elétrica

Com relação à participação de fontes renováveis na matriz elétrica


brasileira, que pode ser vista no gráfico da Figura 79, nota-se que o
país reduziu a sua porcentagem para 74,6% em relação ao ano de
2013 (com 78,3%), devido às condições hidrológicas desfavoráveis
no respectivo ano e também por conta do aumento da geração tér-
mica. Contudo, tais valores estão acima dos percentuais mundial
e da OCDE.
UNIUBE 163

Figura 79 - Participação de fontes renováveis em matrizes elétricas

Fonte: EPE (2015c, p.36)

7.2.1.4 Capacidade Energética Instalada

Na Tabela 4, são apresentados dados da capacidade energética


instalada de algumas formas de geração de energia elétrica no
Brasil. Perceba que, com exceção da energia nuclear, todas as ou-
tras tiveram incrementos de sua capacidade, com destaque para a
geração de energia eólica que atingiu 122,2% de aumento, o que
demonstra que o Brasil tem investido em instalação de fontes reno-
váveis, neste caso, a fonte eólica.

Tabela 4 - Capacidade de Energia Instalada (MW)

Fonte: EPE (2015c, p.37)


164 UNIUBE

7.2.1.5 Geração de Potência Elétrica

Por sua vez, a Tabela 5 descreve a quantidade de potência elétri-


ca gerada. Podemos notar novamente que apenas as gerações
hidrelétrica e nuclear não obtiveram um aumento de geração.
Todavia, a geração por hidrelétricas ainda é o tipo de geração que
obtém destaque em nosso país.

Tabela 5 - Geração de Potência Elétrica (GWh)

Fonte: EPE (2015c, p.38)


UNIUBE 165

7.2.1.6 Emissão de CO2 na Produção de Energia Elétrica

Por fim, vale a pena comentar a respeito dos índices de emissão de


CO2 na produção de energia elétrica (Figura 80). Nesse caso, avalia-
se a quantidade de gás (em kg) emitido para a produção de 1 MWh
de potência. Considerando o ano de 2012, pode-se perceber que o
Brasil emitiu 9 vezes menos que a China, 6 vezes menos do que os
EUA e 5 vezes menos que a União Européia. Em 2014, o Brasil ain-
da continuou emitindo menos CO2 quando comparado aos outros.

Figura 80 - Emissões de CO2 por MWh gerado

Fonte: EPE (2015c, p.48)

Saiba mais

Muito mais informações podem ser vistas no relatório de BEN do


Brasil 2015. Caso queira saber mais sobre essas informações, tan-
to do Relatório BEN 2015 quanto da sua Síntese, acesse os se-
guintes links:

Relatório BEN 2015:

<https://ben.epe.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2015.
pdf>. Acesso em: 01 ago. 2016.
166 UNIUBE

Síntese do Relatório BEN 2015: <https://ben.epe.gov.br/down-


loads/S%C3%ADntese%20do%20Relat%C3%B3rio%20
Final_2015_Web.pdf>. Acesso em: 01 ago. 2016.

O vídeo indicado a seguir é bem curto mas nos faz refletir sobre
como será o futuro da energia elétrica em nossas vidas:

<https://www.youtube.com/watch?v=tdpiZsHXqLI> (1:00). Acesso


em: 01 ago. 2016.

Veja também a seguinte reportagem que nos mostra tendências de


geração de energia elétrica com base em energia solar. Um pon-
to interessante desse vídeo é a descrição da bateria para casas.
Confira!

<https://www.youtube.com/watch?v=xYfrliLrLxM> (6:15). Acesso


em: 01 ago. 2016.

O vídeo indicado é composto por uma sequência de reportagens e


comenta algumas particularidades sobre a geração de energia elé-
trica a partir de fontes não renováveis e fontes renováveis, assim
como com suas perspectivas futuras.

<https://www.youtube.com/watch?v=wHj_BWXqkPI> (26:26).
Acesso em: 01 ago. 2016.
UNIUBE 167

Considerações finais

Neste capítulo, vimos alguns aspectos das principais perspectivas


e tendências futuras relacionadas às áreas de energia sob um pa-
norama mundial assim e nacional.

Inicialmente, visando descrever algumas tendências da área ener-


gética em termos mundiais, foram analisadas informações sobre
uma palestra ministrada por Philippe Joubert, profissional da área
de energia. Nessa perspectiva, se destacaram aspectos de um tri-
lema de energia, o consumo de fontes não renováveis que ainda é
crescente, as constantes e duradouras emissões de CO2 que irão
continuar nos próximos anos, as dificuldades energéticas nas cida-
des e, principalmente, algumas condições relacionadas à área de
geração de energia na Alemanha, no Japão e também no Brasil.

Por sua vez, na segunda seção, nos dedicamos a analisar da-


dos importantes retirados do Balanço Energético Nacional (BEN)
de 2015 (referente a 2014), estudo realizado pela Empresa de
Pesquisa Energética (EPE). O BEN possibilita a interpretação de
informações que podem indicar futuras tendências no Brasil rela-
cionadas à área de energia. Os principais conceitos vistos foram
relativos às matrizes energética e elétrica, além da participação de
fontes renováveis na matriz elétrica, capacidade de energia insta-
lada em território nacional, geração de potência elétrica e, também,
emissões de CO2 na produção de energia elétrica.

No capítulo seguinte, iremos analisar aspectos do setor elétrico


brasileiro e projeções de demanda de energia elétrica no Brasil.
Setor elétrico brasileiro e
Capítulo
8
projeção de demanda de
energia elétrica

Bruno Leandro Galvão Costa

Introdução
Neste capítulo, veremos os principais aspectos relacionados ao
setor elétrico e às projeções de demanda de energia elétrica no
Brasil.
Inicialmente, serão abordados alguns conceitos que contextualizam
os dois temas. Será visto que é uma tendência mundial o
aumento de demanda por energia, visto que anualmente novos
equipamentos, assim como novos consumidores têm surgido e,
dessa forma, as concessionárias devem atendê-los.
Para entendermos, particularmente, os aspectos sobre a
demanda, é importante que seja analisado o cenário no qual
vivemos, no qual estamos inseridos. Diante disso, torna-se
fundamental o conhecimento do Sistema Elétrico Nacional,
principalmente como ele encontra-se estruturado. Na
sequência, veremos um pouco sobre o Setor Elétrico Nacional,
especialmente, como é organizado estruturalmente esse setor
(órgãos, agências, empresas e conselhos).
Na seção seguinte, veremos as principais definições referentes
aos tipos de demanda caracterizados em um sistema elétrico:
demanda, demanda contratada, demanda faturável e demanda
medida.
Por fim, iremos analisar alguns dos principais detalhes
relacionados à projeções de demanda energética em nosso país.
Nessa seção, nossos estudos serão baseados em um estudo de
projeção de demanda energética, entre 2013 a 2022, realizado pela
Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a qual é um componente
do setor elétrico. Iremos analisar essa projeção segundo dois
conceitos: projeção de consumo de energia elétrica e projeção de
carga de energia.

Objetivos
• Compreender os principais aspectos relacionados ao
setor elétrico nacional e as projeções sobre demanda
de energia no país.
• Perceber a tendência mundial do aumento de demanda
por energia.
• Relacionar os principais integrantes do Setor Elétrico
Nacional:
• Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
• Ministério de Minas e Energia (MME).
• Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).
• Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
• Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
• Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
• Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE).
• Entender as definições dos tipos de demanda de
energia:
• Demanda.
• Demanda Contratada.
• Demanda Faturável.
• Demanda Medida.
• Analisar algumas das principais informações contidas
no estudo realizado pelo EPE sobre Projeção de
UNIUBE 171

Demanda Energética Nacional, no período de 2013 a


2022, considerando:
• Projeção de consumo.
• Projeção de carga.

Esquema
• 8.1 Conceitos iniciais
• 8.2 Estrutura organizacional do setor elétrico brasileiro
• 8.3 Tipos de demanda de energia
• 8.4 Projeção de demanda de energia elétrica
• 8.4.1 Projeção de Consumo de Energia Elétrica
• 8.4.2. Projeção de Carga de Energia do Sistema
Interligado Nacional

8.1 Conceitos iniciais

Atualmente, temos vivido em um mundo onde a demanda por ele-


tricidade tem sido cada vez maior nos países, visto que, a cada
novo ano, novas máquinas, assim como unidades consumidoras,
aparecem no sistema elétrico solicitando conexões. Dessa forma,
as distribuidoras e o sistema elétrico como um todo têm a obriga-
ção de atender a todos, seja qual for a classe de tensão (baixa,
média ou alta tensão).

No Brasil, não é diferente, pois o quadro da demanda por energia


é uma incógnita, sofrendo constantes variações. Dentre alguns fa-
tores que se inter-relacionam com a demanda por energia está
o atual cenário econômico brasileiro, que em 2016, por exemplo,
sofreu um afloramento da crise econômica, afetando em cascata
toda a cadeia produtiva, inclusive o setor elétrico.
172 UNIUBE

Antes de iniciarmos nossos estudos acerca da demanda de ener-


gia, analisaremos o Setor Elétrico Brasileiro, para entendermos um
pouco mais sobre o cenário energético em que estamos inseridos.

Quando falamos em setor elétrico, nos referimos normalmente ao


Sistema Elétrico de Potência - SEP, que é definido como sendo o con-
junto de todas as instalações e equipamentos destinados à geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica, inclusive, a medição, .

O SEP trabalha com vários níveis de tensão, classificados em alta,


média e baixa tensão, normalmente com corrente elétrica alternada
(CA) com 60 Hz de frequência.

Basicamente, em um SEP, as grandes usinas de geração (tais como


usinas hidrelétricas, por exemplo) enviam a energia produzida (ge-
ralmente em média tensão) para uma subestação que eleva a tensão
da geração e, logo após, encaminha toda essa energia transformada
para os centros de transmissão (em alta tensão), por meio das linhas
de transmissão. Em seguida, a energia chega a uma subestação
abaixadora, que tem a tarefa de abaixar a tensão de transmissão,
encaminhando-a para as linhas de distribuição de média e baixa ten-
são. Na Figura 81, temos um típico sistema de energia elétrica, cuja
geração se dá por meio de uma usina hidrelétrica.

Figura 81 - Sistema de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia

Fonte: Pereira (s./d., p. 6)


UNIUBE 173

Logo, o ponto crítico para o sistema elétrico é a capacidade de


abastecimento dos centros de distribuição, principalmente, que de-
mandam sempre uma grande quantidade de energia.

8.2 Estrutura organizacional do setor elétrico brasileiro

Segundo a ONS (2016), o Setor Elétrico Brasileiro (SEB) que opera


sob autorização (ou permissão) do Estado (Governo Federal) deve
fornecer serviços públicos de eletricidade à população. Uma carac-
terística importante do SEB é que seu serviço serviço público re-
lacionado à infraestrutura é o maior em extensão de atendimento,
superior a 98% da população, o que significa que, hoje, quase toda
a população brasileira tem acesso à energia elétrica, suprimento
vital para o conforto e segurança dos brasileiros.

É conhecido que o funcionamento do SEB é altamente regulamen-


tado, definindo atribuições, direitos e deveres do Poder Concedente,
Agência Reguladora, Entidades Setoriais e Agentes, com o intuito de
assegurar a gestão do compromisso com a segurança do suprimen-
to e modicidade tarifária no curto, médio e longo prazo (ONS, 2016).

O gerenciamento do SEB pelo Governo Federal obedece à estrutu-


ra organizacional apresentada na Figura 82.
174 UNIUBE

Figura 82 - Estrutura organizacional e agentes do setor elétrico brasileiro

Fonte: Leão (2009)

A seguir, são definidos cada um dos componentes dessa


estrutura organizacional (LEÃO, 2009):

• Conselho Nacional de Política Energética (CNPE): órgão de


assessoramento do Presidente da República para formulação
de políticas nacionais e diretrizes de energia, visando, dentre
outros, o aproveitamento natural dos recursos energéticos do
país, a revisão periódica da matriz energética e a definição de
diretrizes para programas específicos;

• Ministério de Minas e Energia (MME): encarregado de for-


mulação, do planejamento e da implementação de ações do
Governo Federal no âmbito da política energética nacional. O
MME detém o poder concedente;
UNIUBE 175

• Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE): constitu-


ído no âmbito do MME e sob sua coordenação direta, com a
função precípua de acompanhar e avaliar permanentemente
a continuidade e a segurança do suprimento eletro energético
em todo o território;

• Empresa de Pesquisa Energética (EPE): empresa pública fe-


deral vinculada ao MME tem por finalidade prestar serviços
na área de estudos e pesquisas destinados a subsidiar o pla-
nejamento do setor energético;

• Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL): autarquia


vinculada ao MME, com finalidade de regular a fiscalização,
a produção, transmissão, distribuição e comercialização de
energia, em conformidade com as políticas e diretrizes do
Governo Federal. A ANEEL detém os poderes regulador e
fiscalizador;

• Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS): pessoa jurídi-


ca de direito privado, sem fins lucrativos, sob regulação e fis-
calização da ANEEL, tem por objetivo executar as atividades
de coordenação e controle da operação de geração e trans-
missão, no âmbito do SIN (Sistema Interligado Nacional). O
ONS é responsável pela operação física do sistema e pelo
despacho energético centralizado;

• Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE):


pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, sob re-
gulação e fiscalização da ANEEL, com finalidade de viabilizar
a comercialização de energia elétrica no Sistema Interligado
Nacional (SIN). Administra os contratos de compra e venda
de energia elétrica, sua contabilização e liquidação. A CCEE
é responsável pela operação comercial do sistema.
176 UNIUBE

8.3 Tipos de demanda de energia

Segundo a Resolução Normativa 414, temos algumas definições


para demanda de energia (ANEEL, 2016b, p.16), são elas:

• Demanda: média das potências elétricas ativas (expresso em


quilowatts - kW) ou reativas (expresso em quilovolt-ampère
-reativo - kVAr), solicitadas ao sistema elétrico pela parcela
da carga instalada em operação na unidade consumidora, du-
rante um intervalo de tempo especificado;

• Demanda contratada: demanda de potência ativa (em kW) a


ser obrigatória e continuamente disponibilizada pela distribui-
dora, no ponto de entrega, conforme valor e período de vigên-
cia fixados em contrato, e que deve ser integralmente paga,
seja ou não utilizada durante o período de faturamento;

• Demanda faturável: valor da demanda de potência ativa (em


kW), considerada para fins de faturamento, com aplicação da
respectiva tarifa;

• Demanda medida: maior demanda de potência ativa, verifi-


cada por medição, integralizada em intervalos de 15 (quinze)
minutos durante o período de faturamento;

8.4 Projeção de demanda de energia elétrica

Em nosso país, existe uma empresa pública denominada: Empresa


de Pesquisa Energética (EPE), que é diretamente vinculada ao
Ministério das Minas e Energia (MME), cuja função principal consis-
te na prestação de serviços na área de estudos e pesquisas com o
intuito de auxiliar o planejamento do setor energético (EPE, 2012a).
UNIUBE 177

Em 2012, o EPE desenvolveu estudos de energia relacionados


à área de demanda energética, intitulado como “Projeção da de-
manda de energia elétrica” (EPE, 2012a), que dão base para a
elaboração do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) e do
Plano Nacional de Energia de Longo Prazo (PNE). A principal im-
portância desses estudos é que possibilitam avaliar estratégias de
expansão da oferta de energia em médio e longo prazo em nosso
país (particularmente de 2013 a 2022).

Os principais alvos de estudo foram:

• demanda de eletricidade: análise prospectiva da evolução so-


cioeconômica e demográfica no Brasil (período de 2013-2022);

• estudos setoriais da economia: dinâmica do mercado dos


principais segmentos industriais eletrointensivos;

• aproveitamento das ações de eficiência energética, vistas


pelo lado da demanda, bem como perspectivas de autopro-
dução de energia elétrica;

• previsão de mercado e carga documentada: previsão de car-


ga e de demanda para os primeiros cinco anos do horizonte.

Saiba mais

Sugiro que você leia o material do EPE: “Projeção da demanda de


energia elétrica”, o qual se encontra no seguinte link:

<http://www.epe.gov.br/mercado/Documents/S%C3%A9rie%20
Estudos%20de%20Energia/20130117_1.pdf>. Acesso em: 01 ago. 2016.
178 UNIUBE

8.4.1 Projeção de Consumo de Energia Elétrica

Os gráficos presentes na Figura 83 ilustram a estrutura do consu-


mo de eletricidade na rede em termo de porcentagem.

No que se refere à classe comercial, nota-se que o seu consumo


em 2000 era de 15,5%, tendo um aumento significativo de 17,6%
em 2012, e existe uma projeção de aumento para 20,7% em 2022.
Nesse caso, esse aumento é reflexo da evolução da economia na-
cional, de uma melhor distribuição de renda e do crescimento do
potencial turístico do país.

Já a classe industrial, em 2000, apresentava 42,7% do consumo na


rede, diminuindo esse valor em 2012 (41,1%) e estima-se que, em
2022, será ainda menor.

Por sua vez, a classe residencial, assim como outras classes dife-
rentes das comentadas anteriormente, oscilam no valor de consu-
mo: residencial 27,2%, em 2000, reduzindo para 26,1% em 2012 e
com uma estimativa de leve aumento, em 2022, para 26,6%.

Figura 83 - Estrutura de consumo de eletricidade na rede

Fonte: EPE (2012, p.55)


UNIUBE 179

Já o gráfico da Figura 84 ilustra o crescimento do número de con-


sumidores (nesse caso, ligações) residenciais. Pode ser observado
que, desde o ano 2000, há um crescimento do número de consumi-
dores residenciais. A expectativa é que haja um crescimento médio
de 2,4% ao ano de consumidores até o ano de 2022.

Figura 84 - Número de consumidores residenciais no Brasil

Fonte: EPE (2012, p.57)

Na Tabela 6, podemos analisar a projeção do consumo de energia


elétrica na rede (em GWh) por classe de consumo.

Nota-se, nesta tabela, que o setor industrial é aquele que detém


a maior parte do consumo de energia da rede, em todos os anos,
seguido do setor residencial e comercial.

Além disso, percebemos que a variação (em % ao ano) é muito


menor para o setor industrial (neste caso 3,4%), sendo que o setor
comercial é aquele que apresenta maior variação (5,8%).
180 UNIUBE

Tabela 6 - Consumo de eletricidade na rede brasileira (GWh)

Fonte: EPE (2012, p.58)

Saiba mais

Caso queira saber mais sobre a projeção do consumo de eletricida-


de na rede considerando cada uma das regiões brasileiras, dê uma
olhada nas páginas 59 e 60 do material da EPE:

<http://www.epe.gov.br/mercado/Documents/S%C3%A9rie%20
Estudos%20de%20Energia/20130117_1.pdf>. Acesso em: 01
ago. 2016.
UNIUBE 181

8.4.2. Projeção de Carga de Energia do


Sistema Interligado Nacional

Os gráficos da Figura 85 ilustram a participação de cada região na


carga do Sistema. Podemos perceber que a região sudeste/centro
-oeste é a que apresenta as maiores contribuições no aspecto de
carga do Sistema. Contudo, há uma estimativa de diminuição de
carga nesse subsistema.

Nestes gráficos, nota-se que há uma projeção de aumento na por-


centagem da região norte: 6,1% em 2000, com um aumento de
6,8% em 2012 e 8,4% em 2022. Isso é decorrente da interligação
do sistema Tucuruí-Macapá-Manaus (EPE, 2012a, p.65).

Temos a elevação de carga também na região nordeste: de 14,3%


em 2000, com um aumento de 14,9% em 2012 e aumento previsto
para 15,2% em 2022.

Já o subsistema Sul não apresenta variações de porcentagem de


carga nas projeções realizadas.
182 UNIUBE

Figura 85 - Carga de energia por regiões

Fonte: EPE (2012, p.65)

A Tabela 7 relaciona a previsão de carga resumida para o período


considerado no estudo. Podemos notar que o subsistema Sudeste/
Centro-Oeste é o que apresenta a maior parcela de carga no siste-
ma. Mas, durante o período da projeção, apresenta uma variação
de 4,0% ao ano, a segunda menor quando comparada aos outros
sistemas.

Já o subsistema Norte, que representa a menor parcela de carga do


sistema, resulta em uma variação superior às variações dos outros
subsistemas, devido à interligação do sistema Tucuruí-Macapá-
Manaus (EPE, 2012a, p.66).
UNIUBE 183

Tabela 7 - Carga de energia no Sistema (MW médio)

Fonte: EPE (2012, p.66)

Saiba mais

Caso queira saber mais informações sobre a projeção de carga no


sistema, consulte a Seção 4 do material da EPE:

<http://www.epe.gov.br/mercado/Documents/S%C3%A9rie%20
Estudos%20de%20Energia/20130117_1.pdf>. Acesso em: 01 ago.
2016.

Considerações finais

Este capítulo concentrou-se no estudo dos principais aspectos re-


lacionados ao setor elétrico nacional, bem como no das projeções
de demanda de energia elétrica no Brasil, sendo discutidos vários
conceitos que inter-relacionam os dois temas.
184 UNIUBE

Vimos que, atualmente, o aumento de demanda de energia é uma


tendência mundial, devido ao fato da utilização de novos equipa-
mentos e do surgimento de mais consumidores ao longo dos anos.

Analisamos também os principais órgãos estruturais do Sistema


Elétrico Nacional, sendo eles: Conselho Nacional de Política
Energética (CNPE), Ministério de Minas e Energia (MME), Comitê
de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Em seguida, vimos as principais definições sobre: demanda, de-


manda contratada, demanda faturável e demanda medida.

Ao final do capítulo, verificamos os principais detalhes de um es-


tudo de projeção de demanda energética, entre 2013 a 2022, rea-
lizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), entre 2013 a
2022, vendo particularmente informações sobre: projeção de con-
sumo e projeção de carga.
UNIUBE 185

Conclusão

No decorrer desta disciplina, estudamos vários conceitos de ex-


trema importância no que se refere ao tema Geração de Energia
Elétrica.

No capítulo I, vimos algumas questões referentes ao panorama do


setor elétrico brasileiro, sendo analisados o seu contexto e a sua
evolução. O destaque desse capítulo foram as análises feitas con-
siderando o ano de 2014 em contraste com o ano de 2001, no qual
foram vistos aspectos sobre expansão das fontes de geração, cres-
cimento do consumo e capacidade instalada, ampliação dos limites
de intercâmbio, expansão do sistema de transmissão e algumas
ações que estão em andamento no Brasil (transmissão, geração,
demanda e geração distribuída).

Já no Capítulo II, focamos nosso estudo nos conceitos sobre gera-


ção centralizada e descentralizada (denominada também de distri-
buída), bem como nas suas principais características. Detalhamos,
nesse sentido, os aspectos de sistemas distribuídos, sendo co-
mentado a respeito de suas principais vantagens, além de suas
desvantagens.

Em seguida, no Capítulo III, analisamos os aspectos fundamentais


do sistemas de geração de energia por hidrelétricas, termelétricas
e usinas nucleares, tais como seu funcionamento, vantagens e
desvantagens.

Por sua vez, o Capítulo IV focou na complementação de alguns


conceitos do Capítulo III, sobre os sistema de geração por hidrelé-
tricas, termoelétricas e termonucleares. Destacam-se, nesse capí-
tulo, os aspectos construtivos das i) centrais hidrelétricas: funcio-
namento, tipos de turbinas empregadas (as de reação - Francis e
186 UNIUBE

Kaplan - e as de ação - Pelton e Bulbo), reservatórios, barragem do


reservatório principal e vertedouro (sendo os tipos: de terra, de en-
rocamento, em arco, mista, de gravidade, ensecadeira), e casa de
força; ii) centrais termoelétricas: componentes, turbinas comumen-
te utilizadas (a vapor e a gás), ciclos termodinâmicos; iii) centrais
termonucleares: componentes e tipos de reatores.

O Capítulo V visou explicar a diferenciação entre sistemas con-


vencionais (os quais foram analisados em detalhes nos Capítulo
III e IV) e não convencionais de energia elétrica. Nesse caso, bus-
cou-se dar um enfoque maior sobre os sistemas não convencionais
de energia, sendo os principais: energia geotérmica, energia so-
lar, energia eólica, energia por biomassa e energia maremotriz, as
quais foram detalhadamente comentadas no decorrer do capítulo.

Logo após, no Capítulo VI, foram descritos aspectos dos sistemas


não convencionais Solar e Eólico, dessa forma, estudamos os dois
equipamento utilizados para conversão em energia elétrica: painéis
fotovoltaicos e aerogeradores. No que diz respeito aos painéis foto-
voltaicos, estudamos o efeito fotovoltaico, a construção de painéis
fotovoltaicos e também analisamos um sistema fotovoltaico resi-
dencial. Já com relação aos aerogeradores, foi vista sua estrutura
básica, além de ter sido explicados os principais componentes que
compõem esse equipamento.

Já no Capítulo VII comentamos sobre as principais perspectivas


e tendências futuras em termos de geração de energia elétrica,
em âmbito mundial e nacional. Analisamos uma palestra dada por
Philippe Joubert, que descreveu inúmeras informações sobre as
tendências mundiais em energia. Na sequência, vimos em deta-
lhes algumas das principais informações apresentadas no BEN de
2015, que nos remete a uma tendência futura nacional.
UNIUBE 187

Por fim, no Capítulo VIII, voltamos a falar sobre o setor elétrico bra-
sileiro, destacando as principais características de sua estrutura,
composta pelos órgãos: CNPE, MME, CMSE, EPE, ANEEL, ONS
e CCEE. Analisamos ainda mais algumas informações sobre a pro-
jeção de demanda de energia no território nacional em termos de
consumo de energia e carga de energia do SIN.

Esperamos que esse tema e as informações que aqui foram expla-


nadas possam ter contribuído em sua formação como Engenheiro.
Desejamos todo sucesso em sua vida profissional e que, além
de tudo, você possa continuar se esforçando pela busca do
conhecimento!
188 UNIUBE

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