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Abstract
Afiliação dos autores: Professor da Escola Municipal Sebastião Francisco do Vale, Barbacena/MG.
* marcelo.bergamini@hotmail.com
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Conti & Longo, 2017.
para a construção de conhecimento. Elas explicitam sugerir que a abordagem poderia ter sido ampliada,
características que permitem diferenciar um problema de pois os comentários ficaram limitados aos resultados
um exercício, evidenciado o papel do professor em sala encontrados pelos estudantes, não sendo feita referência
de aula. Ressaltam a necessidade de criar um ambiente às estratégias por eles utilizadas.
propício e motivador para os alunos, contribuindo para No quinto capítulo, Gabriela Maria de Lima
que não tenham uma postura passiva, mas que possam Mourão, Roberta A. de Castilho Belo e Keli Cristina
debater diferentes pontos de vista. Conti relatam uma experiência vinculada a um projeto
Segundo as autoras, a proposta ganhou destaque envolvendo histórias infantis. No desenvolvimento do
a partir de 1945 quando George Polya publicou a trabalho, fica evidente a intenção de explorar de forma
obra “A arte de resolver problemas” que ainda hoje é profícua o imaginário infantil.
tomada como referência. Os documentos brasileiros, em Keli Cristina Conti e Eduardo de Lucas Pereira
sintonia com recomendações de outros países, indicam discutem outro trabalho no sexto capítulo. Os autores
o tema como ponto de partida e orientação da atividade trouxeram para a sala de aula um problema que se
matemática reconhecendo sua centralidade no currículo distancia do ensino tradicional, tendo em vista que admite
da disciplina. mais de uma solução. Eles ratificam a necessidade de que
Longo e Conti sinalizam as vantagens de o professor valorize os diversos caminhos percorridos
explorar diferentes tipos de situações incluindo aquelas pelos estudantes.
não convencionais como, por exemplo, as que podem No sétimo capítulo, Rosana Aparecida Bueno e
apresentar mais de uma resposta ou não ter solução. Keli Cristina Conti apresentam uma situação em que as
Observam ainda que as atividades devem estimular a atividades a serem desenvolvidas foram apresentadas de
curiosidade dos estudantes e requerer um nível adequado forma não convencional. O enunciado de cada problema
de dificuldade. foi proposto em várias tiras de papel contendo frases
No segundo capítulo, Rosana Prado Biani faz que deveriam ser organizadas pelos próprios estudantes
uma análise crítica de sua própria atuação enumerando formando um texto que fizesse sentido.
uma série de lacunas. A autora assume que seu Bueno e Conti defendem, ainda que de forma
trabalho estava alinhado com as práticas tradicionais bastante breve, que a dificuldade encontrada por muitos
de ensino, enfatizando a técnica em detrimento da alunos pode não estar associada diretamente à matemática
compreensão e, consequentemente, não contribuindo subjacente, mas na leitura e interpretação das situações
com a aprendizagem dos estudantes. A resolução de apresentadas. A organização dos enunciados pelos
problemas é apontada como uma metodologia que lhe próprios estudantes, segundo as autoras, possibilitou
permitiu alcançar mudanças significativas no exercício que levantassem e avaliassem hipóteses, além de ter
da docência, tendo em vista que possibilita aos alunos despertado o interesse na tentativa de resolvê-los.
desenvolver “uma atitude de questionamento, análise, No oitavo capítulo, Iza Cristina Lopes e Keli
investigação, descoberta, discussão, superação de Cristina Conti relatam uma experiência envolvendo
obstáculos, valorização dos processos e não só dos problemas de lógica. Elas explicitam sua intenção de
resultados” (p. 44). romper com o paradigma de que todas as questões
Biani também é a autora do terceiro capítulo, discutidas nas aulas de matemática contém números
momento em que relata uma experiência desenvolvida e que, para solucioná-las, é preciso efetuar operações.
em sala de aula. Ela enfatiza o papel a ser desempenhado Lopes e Conti alertam que, na maioria das vezes, os
pelo professor e volta a criticar o mecanicismo no ensino alunos solicitam que o professor indique procedimentos
tradicional. Reconhece ainda a necessidade de criar ou operações a serem realizadas. Esta constatação,
oportunidades para que os estudantes possam confrontar na visão das autoras, revela que a criança deseja um
e analisar em conjunto as diferentes estratégias que caminho para seguir sem precisar pensar ou mesmo que
utilizaram constatando que não existe um único caminho está habituada a operar dessa forma.
correto para solucionar cada questão proposta. No capítulo nove, Bruna Cristina de Almeida
No quarto capítulo, Conceição Aparecida Cruz e Keli Cristina Conti apresentam uma experiência
Longo e Ithamara Dias Frezzarin discutem o uso de desenvolvida a partir de um problema com um
estimativas, realçando a sua importância diante do interessante processo de resolução. Elas afirmam que
caráter pragmático na tomada de decisões cotidianas. conseguiram propiciar mais segurança aos estudantes
Indicam também que a proposta contribui com a quando comunicaram que a situação poderia ter mais
formação matemática do educando, possibilitando de uma solução, desde que eles apresentassem bons
verificar a razoabilidade de resultados encontrados argumentos para sustentá-las. As diferentes respostas
além de favorecer a compreensão das estratégias de encontradas pelas crianças, bem como as justificativas e
cálculos. as estratégias utilizadas, são comentadas no texto.
As autoras apresentam uma situação em que No décimo capítulo Longo e Conti desenvolvem
as crianças teriam desenvolvido estimativas. Convém uma reflexão crítica sobre o ensino de matemática.
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Conti & Longo, 2017..
Referências
CONTI, Keli Cristina; LONGO, Conceição Aparecida Cruz (orgs.) Resolver problemas
e pensar a matemática. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2017. - (Série Educação
Matemática)
POLYA, George. A arte de resolver problemas. Tradução Heitor Lisboa de Araújo. Rio
de Janeiro: Interciência, 1978.
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