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Universidade Potiguar

Unidade Curricular: Mecanismos de Agressão e Defesa


Profª. Drª. Diana Pontes

Bacteriologia I

Natal, agosto de 2022


MORFOLOGIA E ESTRUTURA BACTERIANA

 As bactérias de interesse médico podem apresentar formas esféricas, cilíndricas e


espiraladas, chamadas respectivamente de cocos, bacilos, espirilos e espiroquetas

Forma típica
MORFOLOGIA E ESTRUTURA BACTERIANA

 As bactérias de interesse médico podem apresentar formas esféricas, cilíndricas e


espiraladas, chamadas respectivamente de cocos, bacilos, espirilos e espiroquetas

Geralmente redondos, mas


podem ser ovais, alongados
ou achatados
unilateralmente
MORFOLOGIA E ESTRUTURA BACTERIANA

 As bactérias de interesse médico podem apresentar formas esféricas, cilíndricas e


espiraladas, chamadas respectivamente de cocos, bacilos, espirilos e espiroquetas

Forma alongada,
semelhantes a lanças
MORFOLOGIA E ESTRUTURA BACTERIANA

 As bactérias de interesse médico podem apresentar formas esféricas, cilíndricas e


espiraladas, chamadas respectivamente de cocos, bacilos, espirilos e espiroquetas

Bacilos com forma


semelhante ao coco

Como diferenciar? A
maioria dos bacilos
apresentam-se isolados
MORFOLOGIA E ESTRUTURA BACTERIANA

 As bactérias de interesse médico podem apresentar formas esféricas, cilíndricas e


espiraladas, chamadas respectivamente de cocos, bacilos, espirilos e espiroquetas

Bactérias espiraladas de
corpo rígido e levemente
curvado
MORFOLOGIA E ESTRUTURA BACTERIANA

 As bactérias de interesse médico podem apresentar formas esféricas, cilíndricas e


espiraladas, chamadas respectivamente de cocos, bacilos, espirilos e espiroquetas

Bactérias espiraladas de
corpo rígido, com forma de
saca-rolhas
MORFOLOGIA E ESTRUTURA BACTERIANA

 As bactérias de interesse médico podem apresentar formas esféricas, cilíndricas e


espiraladas, chamadas respectivamente de cocos, bacilos, espirilos e espiroquetas

Bactérias espiraladas de
corpo flexível, com forma
de saca-rolhas
Arranjos de cocos
Arranjos de bacilos Bactérias espirais: arranjo individual
MORFOLOGIA E ESTRUTURA BACTERIANA

 Particularidades:

- O citoplasma da célula bacteriana contém o DNA cromossômico, o RNA mensageiro


(RNAm), ribossomos, proteínas e metabólitos

- Cromossomo bacteriano – fita única circular de cadeia dupla, concentrada na região


do nucleoide Ausência de histonas

- Transcrição acoplada à tradução

- Ribossomo bacteriano: 30s + 50s (eucariótico 40s + 60s)

- Ausência de esteróis na membrana plasmática


(exceção: micoplasmas)
MORFOLOGIA E ESTRUTURA BACTERIANA

 Parede celular:

- Pressão osmótica interna (15 a 20 atm) superior à do meio externo –


intumescimento da bactéria – parede celular previne ruptura

- Primer da sua própria biossíntese – origem do septo

- Composição – peptideoglicano (mureína) –


dissacarídeo repetitivo de NAG e NAM

- Organização da parede celular –


Gram-positivas e Gram-negativas
 Parede celular:

Gram-negativas

Gram-positivas
MORFOLOGIA E ESTRUTURA BACTERIANA

 Gram positivas – Várias camadas de peptideoglicano, formando uma


estrutura rígida e espessa
MORFOLOGIA E ESTRUTURA BACTERIANA

 Gram positivas – Várias camadas de peptideoglicano, formando uma


estrutura rígida e espessa

ÁCIDOS TEICOICO E LIPOTEICOICO–


- Regulação do movimento de íons
- Função estrutural
- - Especificidade antigênica
MORFOLOGIA E ESTRUTURA BACTERIANA

 Gram negativas –uma ou poucas camadas de peptideoglicano e uma


membrana externa rica em lipopolissacarídeos (LPS)

ESPAÇO PERIPLASMÁTICO – Espaço


entre a membrana celular e a
parede celular

Ausência de ácidos teicoico e


lipoteicoico
MORFOLOGIA E ESTRUTURA BACTERIANA

 Coloração de Gram– baseia-se nas diferenças das estruturas das


paredes celulares gram-positivas e gram-negativas e em como cada uma
delas responde a vários reagentes

- Gram positivas – assumem


coloração roxa

- Gram negativas – assumem


coloração rosa
CRISTAL VIOLETA ADICIONADO
ÀS BACTÉRIAS

adição de iodo

FORMAÇÃO DE CRISTAIS
VIOLETA-IODO

adição de álcool adição de álcool

CAMADA DE PEPTIDEOGLICANO DISSOLUÇÃO DA CAMADA DE LPS,


DESIDRATA-SE, RETENDO OS ENFRAQUECIMENTO DA PAREDE
CRISTAIS VIOLETA-IODO CELULAR, CRISTAIS VIOLETA-IODO
EXTRAVASAM – CÉLULAS INCOLORES
adição de safranina
(contra-corante) adição de safranina
(contra-corante)

COR DA SAFRANINA É CÉLULAS INCOLORES ASSUMEM A


MASCARADA PELA COR ROXA DO COR ROSA/AVERMELHADA DA
DOS CRISTAIS VIOLETA-IODO SAFRANINA
Resultado: bactérias de cor roxa Resultado: bactérias de cor rosa/avermelhada
MORFOLOGIA E ESTRUTURA BACTERIANA

 Esporos

Algumas bactérias Gram-positivas (mas nunca as Gram-negativas) são capazes de


formar estruturas em estado vegetativo chamadas esporos
MORFOLOGIA E ESTRUTURA BACTERIANA

 Esporos

Algumas bactérias Gram-positivas (mas nunca as Gram-negativas) são


capazes de formar estruturas em estado vegetativo chamadas esporos

Estrutura desidratada, de múltiplas camadas, que


protege o material genético e permite que as
bactérias sobrevivam em um “estado de animação
suspenso” durante longos períodos
NUTRIÇÃO E METABOLISMO

 Elementos essenciais para o crescimento microbiano - componentes das proteínas, dos


lipídios e dos ácidos nucleicos (C, O, H, N, S, P), íons importantes (K, Na, Mg, Ca, Cl), e
componentes de enzimas (Fe, Zn, Mn, Mo, Se, Co, Cu, Ni)

 O ferro é tão importante que muitas bactérias secretam proteínas especiais (sideróforos)
para concentrar ferro a partir de soluções diluídas

 Quanto ao oxigênio, as bactérias podem ser aeróbios obrigatórios, anaeróbios obrigatórios


e anaeróbios facultativos

 Bactérias diferentes tem exigências nutricionais diferentes e podem gerar subprodutos


diferentes – critério de classificação de bactérias
NUTRIÇÃO E METABOLISMO

 Nutricionalmente, as bactérias podem ser agrupadas em:

- Quimioautotróficos – utilizam substâncias químicas inorgânicas como fontes de


energia, e dióxido de carbono como principal fonte de carbono

- Quimioheterotróficos - utilizam substâncias químicas orgânicas como fontes de energia


e compostos orgânicos como fonte de carbono

- Fotoautotróficos – utilizam a luz como fonte de energia e dióxido de carbono como


fonte principal de carbono

- Fotoheretróficos - utilizam luz como fonte de energia e compostos orgânicos como fonte
de carbono
NUTRIÇÃO E METABOLISMO

 Metabolismo da glicose em condições aeróbias e anaeróbias


NUTRIÇÃO E METABOLISMO

 Metabolismo da glicose em condições aeróbias e anaeróbias


NUTRIÇÃO E METABOLISMO

 Metabolismo da glicose em condições aeróbias e anaeróbias


CRESCIMENTO

 O crescimento é um somatório dos processos metabólicos progressivos,


que normalmente conduz à divisão (reprodução) com concomitante
produção de duas células-filha a partir de uma bactéria precursora

 Quando uma determinada bactéria é semeada num meio líquido de


composição apropriada e incubada em temperatura adequada, o seu
crescimento segue uma curva definida e característica

CURVA DE CRESCIMENTO
CURVA DE CRESCIMENTO
CURVA DE CRESCIMENTO

FASE LAG:
Período de adaptação,
período de síntese de
enzimas para utilização do
novo substrato
CURVA DE CRESCIMENTO

FASE LOG:
Multiplicação máxima e
constante
CURVA DE CRESCIMENTO

FASE ESTACIONÁRIA:
Alta população = alto consumo
dos nutrientes disponíveis =
escassez
CURVA DE CRESCIMENTO

FASE DE DECLÍNIO:
Escassez de nutrientes
Acúmulo de resíduos
metabólicos
MEIOS DE CULTURA

Conjunto de substâncias formuladas de maneira adequada, capazes de


promover o crescimento bacteriano, em condições de laboratório

- Quanto à composição, classificam-se em:

 SINTÉTICO: Composição química conhecida quantitativa e qualitativamente

 COMPLEXO: Presença de produtos cuja composição não é bem definida. Ex.:


extrato de carne, sangue
MEIOS DE CULTURA

 Quanto ao estado físico:

LÍQUIDO: Crescimento indiscriminado


SÓLIDO: Crescimento de colônias isoladas, bactérias puras
SEMI-SÓLIDO: Demonstrar mobilidade bacteriana

 Quanto à utilização:

SELETIVOS: Selecionar as espécies que se deseja isolar, e impedir o desenvolvimento


de outros microrganismos
DIFERENCIAIS: Mudança de coloração ou na morfologia das colônias – facilita
identificação
ENRIQUECIMENTO: Favorece a multiplicação dos microrganismos
MEIOS DE CULTURA

- Exemplos:

 Ágar nutriente (extrato de carne, peptona, extrato de levedura, cloreto de sódio, ágar)
- Crescimento de uma ampla gama de microrganismos não fastidiosos

 Ágar Sabouraud (dextrose, peptona, ágar)


- Isolamento e cultura de fungos

 Ágar hipertônico manitol (extrato de carne, cloreto de sódio, peptona, manitol)


- Crescimento seletivo de estafilococos

 Ágar MacConkey (peptona, lactose, sais biliares, cloreto de sódio, ágar, cristal violeta)
- Crescimento seletivo de bactérias Gram-negativas e fermentadoras de lactose
BIOSSEGURANÇA
Finalidade: prevenção dos riscos gerados pelos agentes químicos e físicos envolvidos
em processos de saúde, onde o risco biológico se faz presente ou não
BIOSSEGURANÇA

 Mapa de risco – representação dos riscos ocupacionais


presentes em determinado ambiente
BIOSSEGURANÇA

 Mapa de risco

- As cores representam os riscos ambientais e os


tamanhos a intensidade desses riscos no ambiente
BIOSSEGURANÇA
PROFILAXIA E CONTROLE MICROBIOLÓGICO

Conjunto de medidas PREVENTIVAS que visam preservar


a saúde de um indivíduo ou de uma população

- ESTERELIZAÇÃO – Remoção ou destruição de todos os organismos vivos –


agentes esterilizantes: calor (mais comum), líquidos e gases
PROFILAXIA E CONTROLE MICROBIOLÓGICO

Conjunto de medidas PREVENTIVAS que visam preservar


a saúde de um indivíduo ou de uma população

- ESTERELIZAÇÃO – Remoção ou destruição de todos os organismos vivos –


agentes esterilizantes: calor (mais comum), líquidos e gases

É necessária em todas as situações?


Ex.: talheres de um restaurante
PROFILAXIA E CONTROLE MICROBIOLÓGICO

Conjunto de medidas PREVENTIVAS que visam preservar


a saúde de um indivíduo ou de uma população

- ESTERELIZAÇÃO – Remoção ou destruição de todos os organismos vivos –


agentes esterilizantes: calor (mais comum), líquidos e gases

- DESINFECÇÃO - Destruição ou remoção de patógenos na forma vegetativa,


embora possa não eliminar todos os microrganismos - substâncias químicas, vapor,
radiação UV, água fervente

- ANTISSEPSIA - Desinfecção aplicada a tecidos vivos – agentes antissépticos


PROFILAXIA E CONTROLE MICROBIOLÓGICO

Conjunto de medidas PREVENTIVAS que visam preservar


a saúde de um indivíduo ou de uma população

- DEGERMINAÇÃO - Remoção de micro-organismos de uma área limitada, como a


pele ao redor do local da aplicação de uma injeção
Remoção mecânica feita com algodão embebido em álcool

- SANITIZAÇÃO - Tem a finalidade de reduzir as contagens microbianas a níveis


seguros de saúde pública e minimizar as chances de transmissão de doença de um
usuário para outro
PROFILAXIA E CONTROLE MICROBIOLÓGICO

Conjunto de medidas PREVENTIVAS que visam preservar


a saúde de um indivíduo ou de uma população
PROFILAXIA E CONTROLE MICROBIOLÓGICO

Conjunto de medidas PREVENTIVAS que visam preservar


a saúde de um indivíduo ou de uma população
PROFILAXIA E CONTROLE MICROBIOLÓGICO

Fatores que influenciam a efetividade dos tratamentos antimicrobianos:

I. Número de microrganismos: Quanto mais microrganismos existem no início, mais


tempo ou concentração são necessários para eliminar a população inteira.

II. Influências ambientais: A presença de matéria orgânica (gorduras e proteínas


especialmente) inibe frequentemente a ação dos antimicrobianos químicos. Temperatura e
pH mais elevados.

III. Tempo de exposição: Os antimicrobianos químicos frequentemente requerem


exposição prolongada para que os microrganismos ou endosporos mais resistentes sejam
afetados.
PROFILAXIA E CONTROLE MICROBIOLÓGICO

Fatores que influenciam a efetividade dos tratamentos antimicrobianos:

IV. Características microbianas: Os microrganismos variam consideravelmente quanto


à susceptibilidade aos agentes antimicrobianos em função de sua constituição

Príons - mais resistentes, resistindo à desinfecção e à autoclave

- Por ondem de resistência: Endósporos bacterianos – micobactérias - cistos e oocistos


protozoários - bactérias gram-negativas - fungos vegetativos e esporos de fungos - vírus
não envelopados - bactérias gram-positivas - vírus envelopados
CONTROLE MICROBIOLÓGICO

CONTROLE DO CRESCIMENTO MICROBIANO


MÉTODOS FÍSICOS MÉTODOS QUÍMICOS
Utilizam fatores físicos com a pressão, radiação,
Agentes químicos
temperatura e umidade (em algumas situações)
Esterilização pelo calor (úmido ou quente) Agentes de superfície

Esterilização por filtração Conservantes químicos de alimentos

Radiação ultravioleta e ionizante


Antibióticos
(Radiação UV ou radiação ionizante)
Baixas temperaturas Aldeídos, Álcoois, Halogênios (iodo e cloro)
Alta pressão Compostos fenólicos e bifenóis
Metais pesados e seus compostos (Prata, mercúrio e
Dessecação
cobre são biocidas)
Pressão osmótica Biguanidas
CONTROLE MICROBIOLÓGICO

 Mecanismos de ação:

- Prejuízo da síntese da parede celular

- Danos aos lipídeos ou proteínas da membrana plasmática por agentes


antimicrobianos produzem alteração na permeabilidade, na síntese de ATP e no
transporte de elétrons, causando o extravasamento do conteúdo celular

- “Coagulação” do citoplasma
CONTROLE MICROBIOLÓGICO

 Mecanismos de ação:

- Desnaturação de proteínas, enzimas e ribossomos pelo rompimento das ligações de


hidrogênio, produzindo a perda da estrutura e das ligações covalentes

- Danos aos ácidos nucleicos (DNA e RNA) que frequentemente são letais para a
célula, impossibilitando a replicação e o desempenho de funções metabólicas
normais

- Prejuízo na biossíntese de lipídeos


REFERÊNCIAS

 ALTERTHUM, F. et al. Microbiologia. 6ª ed. Atheneu, 2015

 TORTORA, G. Microbiologia. 7ª ed. Artmed, 2017


Universidade Potiguar
Unidade Curricular: Mecanismos de Agressão e Defesa
Profª. Drª. Diana Pontes

Bacteriologia I

Natal, agosto de 2022

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