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esumo:

VARGAS, Marlizete Moldonado. Adoção Tardia: Da Família Sonhada à Família Possível. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 1988.

Texto enviado ao JurisWay em 05/03/2010.

Última edição/atualização em 07/03/2010.

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Saiba como...
  
 
Meirilane Santana Nascimento[1]
 
 
Com o objetivo de falar sobre um tema pouco tratado em produções científicas
nacionais, o livro aborda a adoção de crianças maiores de dois anos. Originado de um
texto de dissertação defendida no mestrado em psicologia clínica da PUC de Campinas,
a autora Marlizete Maldonado Vargas integrante da equipe de assessoria técnica da
Secretaria da Criança e do Adolescente de Blumenau/ SC e prestadora de serviço do
Juizado da Infância e Juventude da mesma cidade, realizou estudos e acompanhou a
possibilidade de crianças maiores de vinte meses, no caso de serem adotadas,
estabelecerem novos vínculos familiares. Ao ingressar no curso de mestrado ela passou
a estudar a adoção de crianças maiores de dois anos.
Adoção tardia: da família sonhada à família possível é diferente dos demais
textos sobre adoção pois este não trata da adoção convencional e sim de crianças que já
passaram da idade “normal” de serem adotadas, quando não são mais bebês. A estrutura
do texto está dividida em oito capítulos e uma conclusão sobre o tema e sua pesquisa.
Mostra ao leitor a trajetória da adoção na história, antes vista como uma forma de dar
filhos para pais que não os tinham, hoje, como uma roupagem humanitária. Dando
sequência ao seu livro a autora relata o acompanhamento de cinco crianças.
Por ser feita com base em casos reais, a obra tem uma visão bastante crítica a
respeito do assunto abordado, além de analisar profundamente a história de vida de cada
criança, de sua família e ainda da família que vai ser colocada, ponto de fundamental
importância para o estudo. Assim, o texto pretende mudar a consciência dos adotantes.
É possível adotar uma criança maior. Esta também pode ser educada conforme os
princípios familiares da nova casa.
As citações usadas em todo texto possibilitam ao leitor uma interação com
outras idéias, além de instigar a busca de uma leitura correspondente.
Antes de ser abordado o tema, a autora fala sobre o que vem a ser abandono,
definindo-o como a perda do direito da criança de viver no seio de uma família que
ame, reconheça, eduque e proteja,julgado por ela como um pré-requisito para falar sobre
adoção. O objetivo da colocação familiar é proporcionar à criança abandonada
estabelecer ou restabelecer laços afetivos entre a criança e as novas figuras parentais, o
que é um fundamento da adoção moderna: possibilitar à criança que não tem família a
tê-la, garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Além de falar sobre as crianças que acompanhou, ela traça toda a trajetória
percorrida na pesquisa. Foram escolhidas sete famílias, pelo juizado, consultadas no
período de um ano. Dessas, cinco delas foram escolhidas, para fazer parte da pesquisa,
construindo grupos com características distintas. Pelo período de oito meses elas foram
acompanhadas, período este de estágio de convivência, para fins de adoção.
Depois de toda essa introdução do livro, a autora descreve cada caso, sendo que
o de Ric foi utilizado como enfoque central de analise e os demais, como referência na
discussão e conclusão, não deixando de ter importância e um capítulo próprio: Cláudia:
a travessia; Luciana: quando refazer é preciso; Alice: Do pai do sonho para a realidade e
Pedro: em busca das raízes. Em cada caso ela primeiro traz a história de cada criança,
bem como do adotante, a preparação e o acompanhamento até chegar ao final, tirando
suas conclusões.
O inicio de Ric foi muito complicado, tinha medo de tudo, sua aprendizagem e
cuidados médicos iniciaram do zero mas com o zelo e amor do casal ele evoluiu muito
rápido, sendo o qual teve melhor resultado sendo bastante satisfatório, chegando afinal a
ter ousadia nas relações com os outros.
No último capítulo, encontramos as conclusões e considerações finais,
apontando os pontos comuns de cada processo de adaptação criança-família, como elas
enfrentaram os preconceitos sociais, o comportamento regressivo e a agressividade, o
esforço da criança para se identificar com as novas figuras parentais, a necessidade da
preparação e o acompanhamento específico no processo, percebendo o ritmo de
desenvolvimento global da criança bastante acelerado se comparado aos padrões
normais.
A apresentação da capa, cuja ilustração revela o amor entre a nova mãe e a sua
filha adotada, demonstra a essência do livro, a valorização do amor e o carinho do novo
vínculo familiar.
 A adoção Tardia é um texto de leitura simples porém de profunda
aprendizagem. Percebe-se um profundo estudo da autora para a elaboração do livro, o
qual tem uma ótima estrutura. A leitura é recomendada para pais e pessoas que querem
adotar crianças, ficando assim a par dos trâmites legais e sociais, analisando qual a
melhor forma de escolher e se adaptar à criança para não aumentar ainda mais os seus
traumas e da sua família. A adoção deve ser vista como feitio humanitário de
convivência familiar e comunitária.

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