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v.11, n.2.

2016(Esp)

FOTOGRAFIA PICTORIALISTA:
A IMPORTÂNCIA DO PICTORIALISMO NA CONSTRUÇÃO DA FOTOGRAFIA COMO OBRA DE
ARTE

PICTORIALIST PHOTOGRAPHY:
THE IMPORTANCE OF PICTORIALISM IN THE CONSTRUCTION OF THE PHOTOGRAPH AS A
WORK OF ART

Camila Siqueira, Lilian Santana, Sidinei de Lima1, Professora Orientadora: Neli Demônico de Mello2

RESUMO: Este artigo mostra a importância do pictorialismo para a promoção da fotografia como
forma de expressão artística. Descreve técnicas como a raspagem de negativos, reenquadramento,
manipulação de negativo por meio da goma bicromatada, planotipia, heliogravura, manipulação de
iluminação, exploração de novos ângulos de visão, close-up, desligando-se das questões científicas
e técnicas que caracterizaram a fotografia por muito tempo, defende o seu desenvolvimento como
arte independente capaz de evocar sentimentos. Apresenta também principais fotógrafos e suas
contribuições, instituições e fundações criadas com intuito de consolidar o movimento.

PALAVRAS-CHAVE: Fotografia, Pictorialismo, Técnicas, Foto-clubes.

ABSTRACT: This article shows the importance of pictorialism for promotion of photography as a form
of artistic expression. Describing techniques scraping negative, through the gum bichromate (gum
dichromate), planotype, photogravure, manipulation lighting, exploring new angles of view, close-up,
turning off scientific and techniques issues that feature the photography for a long time, defending its
development as independent art able to evoke feelings. We show up (We introduce) the principal
photographers and their contributions, institutions and foundations created with the order to
consolidate the movement.

KEYWORDS: Photography, Pictorialism, Techniques, Photo clubs.

1 Alunos do Curso de Graduação Tecnológica em Fotografia da Universidade Guarulhos.


2 Professora Orientadora do Curso Tecnológico em Fotografia da Universidade Guarulhos

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Introdução Fotografia x Pintura

De acordo com FABRIS (2011), o


surgimento da fotografia sugere
O intuito deste trabalho é classificar e
questionamentos na arte em si, desde a
defender a fotografia como obra de arte,
“prática artística tradicional, conceito de arte e
desvinculando-a da mera reprodução da
artista até a disputa de um público cada vez
realidade permitindo com que, fotógrafos
mais interessado em uma imagem fiel a
criativos encontrem um novo meio para
realidade”.
expressar sua arte.
Afirma também que a reprodução fiel

O advento da fotografia levantou da realidade que a imagem fotográfica


questionamentos a respeito da prática artística oferecia, gerou conflitos entre artistas em

no século XIX. Apesar da suposta rivalidade relação à autoria e originalidade, levando-os a

entre ambos meios de representação visual, buscarem novos modos de visualização que
foi devido a fotografia, que a pintura se lhes permitiam demarcar um território próprio,

libertou da responsabilidade de retratar a citando na pintura o impressionismo como

realidade, buscando novos meios de ponto inicial da “libertação dos significados

visualizações e expressões, dando início ao relacionados com a tradição humanista.” A

impressionismo e futuramente outros fotografia, ao contrário, buscou emprestar

movimentos. qualidades fundamentais da pintura, visando


competir de modo mais artístico, incluindo o
Por outro lado, a fotografia com intuito campo alegórico.
de se afirmar no meio da arte, emprestou da
pintura, técnicas e composições, seja “É notável, na década de 1850, o
utilizando-se de modelos de gêneros desenvolvimento da fotografia
pictóricos ou de recursos técnicos que lhes alegórica, cujo o objetivo é conferir a
proporcionassem a artisticidade que lhe imagem técnica a mesma função

faltava. social e cultural da pintura e


conseguir seu reconhecimento como
Por ser resultado de uma relação arte maior”. (FABRIS, 2011, p.18).
intrínseca do mundo exterior e a
personalidade do fotógrafo, a fotografia está
entrelaçada em um ato que antecede o
registro fotográfico, por ser consequência de O primeiro fotógrafo a seguir essa
emoções e intelecto. tendência, foi John Mayall que ilustrou o pai
nosso em 1845, com dez daguerreótipos e
Por esta razão, a fotografia
que seis anos mais tarde em 1851 se
pictorialista permite que o fotógrafo abandone
apresentou na exposição Universal de
a imagem técnica e transmita sua
Londres, com diversos trabalhos descritos
subjetividade, a visão do mundo que o cerca,
como “Fotografias em daguerreótipos para
estampando em seu trabalho a marca decisiva
ilustrar a poesia e sentimentos”. Os ensaios
de sua personalidade.

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não foram aceitos pela crítica levando-o a Técnicas e Manipulação


abandonar a fotografia, porém muitos
fotógrafos seguiram seu exemplo. Com intuito de aperfeiçoarem suas
Em 1862, comissários da Exposição imagens, fotógrafos foram desenvolvendo
Internacional rebaixaram a fotografia técnicas de manipulação do negativo, cujo
comparando-a aos utensílios de marceneiro e resultado se aproximava da pintura – A esse
aos instrumentos agrícolas, fazendo com que movimento deu-se o nome de Pictorialismo,
a sociedade de Londres protestasse em pois o termo deriva da expressão inglesa
defesa e estabelecesse uma relação com a “Pictorial Photography”, fazendo alusão a
pintura da seguinte forma: Picture, que quer dizer quadro ou imagem.
Uma das técnicas desenvolvidas foi a
“(...) seus membros interessam-lhe da goma bicromatada, inventado por Rouillé
pelo aparelho fotográfico apenas e Ladevèze em 1894, que se caracteriza em
do mesmo modo pelo qual um Rafael cobrir o papel com carvão ou outro tipo de
ou um Reynolds escolhiam e usavam
pigmento, utilizando o pincel, o carvão quando
o cavalete mais adequado os
misturado ao bicromato, endurece exposto à
melhores pinceis ou as tintas mais
luz, a imagem surge quando o papel é lavado
apropriadas e mais duradouras”.
(FABRIS, 2011, p. 18 – apud com água morna. Em geral a revelação era

HELMUT) feita com um pincel ou com uma mistura de pó


de serra e água quente.
Foi por buscarem mais artisticidade É devido à goma bricromatada¹ e ao
para suas imagens, que fotógrafos optaram bromóleo² que os fotógrafos pictorialistas
por compor suas fotografias, utilizando-se de passaram a manipular a fotografia direta
alegorias, inspirando-se em poemas e obras sendo possível controlar tonalidades,
literárias ou até mesmo imitando pinturas modificando luz, sombras, disfarçando ou
holandesas e inglesas. removendo detalhes.
Observa-se que, ao contrário das
críticas que Mayall recebeu por seus ensaios, Além da goma bricromatada,
os críticos passaram a incentivar fotógrafos fotógrafos pictorialistas fizeram uso da técnica
que se permitissem usar a criatividade, da Heliogravura³, já utilizada por Niépce no
fugindo da mera reprodução da realidade, surgimento da imagem técnica e futuramente
como podemos perceber no trecho abaixo: aperfeiçoada por Karel Klic em 1850.
Outra técnica utilizadas por
“A Fotografia tem novos segredos a pictorialistas de acordo com FABRIS (2011),
conquistar, novas madonas a foi a Planotipia 4, patenteada William Willis Jr.
inventar e novas ideias a imaginar. na França em 1878, que resultava uma
Existirão possivelmente fotógrafos imagem exata e difusa ao mesmo tempo.
Rafael e fotógrafos Ticiano”.
Além das alterações feitas nos
(FABRIS, 2011, p.18 apud HELMUT)
negativos ou durante o processo de revelação
das fotografias, FABRIS (2011) esclarece:

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de qualquer cor a escolha ao


“Em busca de uma fotógrafo.
fotografia pura e ao mesmo
tempo criativa que aposta na 2. Bromóleo: Processo que consiste
autonomia do meio como sistema basicamente no branqueamento de
de representação visual, Strand fotografias em papel de brometo e seu
usa recurso de iluminação, posterior revestimento com um
escolhe novos ângulos de visão, pigmento oleoso e produz um
utiliza-se close-up, alcançando
acabamento com textura semelhante
tanto resultados abstratos quanto
ao da pintura a óleo.
configurações muito próximas ao
léxico cubistas, em imagens 3. Heliogravura: Processo feito com uma
caracterizadas pela
placa de estanho derivado de um
bidimensionalidade, pela
petróleo fotossensível, podendo ficar
presença estrutura geométrica e
cerca de 8 horas na exposição solar.
pela unidade espacial”.( FABRIS,
O processo tem baixa velocidade de
2011, p.09 ).
captação e pouca qualidade de

Outra técnica muito utilizada por imagem.

pictorialistas, foi a do foco diferencial, que


4. Planotipia: Processo de produção de
consiste no foco apenas no objeto principal e
positivos sobre o papel, empregado
todo o resto sem nitidez, e mesmo o objeto
como material fotossensíveis, sais de
principal não deve estar perfeitamente nítido
ferro e platina precipitada, produzindo
como faria uma lente ótica normal.
dessa forma uma imagem indissolúvel
da fibra do papel e dotada de fina e
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rica gradação tonal.
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A Emancipação da Fotografia Pictorialista
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Abandonando questões científicas e
_____________________________________
técnicas que haviam caracterizado a fotografia
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durante muito tempo, a fotografia pictorialista
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busca “defender seu desenvolvimento como
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arte independente e propor novas
_
possibilidade de promoção." (FABRIS, 2011,
p. 32).
1. Goma Bicromatada: Composta
pela mistura de goma arábica e Para FABRIS, o objetivo do
de dicromato de potássio na qual pictorialismo é promover a fotografia entre as
podiam ser adicionado pigmento demais imagens, o que resulta na

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transformação da natureza da fotografia, que explicação mais exata para a consolidação do


será "julgada por sua artisticidade e meio como sistema de representação visual,
capacidade de evocar sentimentos, distante sem desvalorizar a natureza técnica do
do tradicional estatuto realista a ela aparelho.
associado" (FABRIS, 2011 p.36.)
Para Francesca Alinovi, "a fotografia,
As manipulações realizadas no em outras palavras, encarna a forma híbrida
negativo na fotografia pictorialista, se de uma ‘arte exata’ e, ao mesmo tempo, de
diferenciam das manipulações realizadas com uma ‘ciência artística’." (FABRIS, 2008 p.143.)
intuito apenas de corrigir o dispositivo
fotográfico, por serem "fruto da transcrição
pessoal da natureza e por isso mesmo, obra Iniciativas tomadas com o intuito de
de arte, isto é, expressão particular de um promover a fotografia como obra de arte
artista." (FABRIS, 2011, p. 35)
Existiram iniciativas tomadas com a
"A emancipação da fotografia como intenção de promover e mostrar ao público, a
linguagem ocorre no momento em que esta fotografia como obra de arte tais como a
deixa de ser mero instrumento de registro da fundação dos fotoclubes, e organização de
verossimilhança e passa a ser um meio para exposições, como a exposição realizada em
que o fotógrafo ou mesmo o produtor da Berlim, em 1889, para celebrar o
imagem técnica exteriorize de maneira clara e cinquentenário da invenção fotográfica.
objetiva a sua real visão de mundo e de si
mesmo". (LEITE. 2014) Dois anos mais tarde, criou-se o Club
der Amateur-Photografien, de Viena, que
O Fotógrafo Pictorialista estampa em realizou uma mostra com seiscentas
seu trabalho a marca decisiva de sua fotografias. Em 1893, foi inaugurado o Salão
personalidade, fazendo com que a fotografia Fotográfico de Londres, cujo objetivo principal
deixe ser apenas um dispositivo que reproduz era declarar a emancipação completa da
a realidade, tornando-a um meio de fotografia pictorialista.
expressão.
Também em 1893, Hamburgo recebe
FABRIS, acrescenta: "Acreditando a Primeira Exposição Internacional de
que a imagem é resultado de uma relação Fotógrafos Amadores, - Que expos seis mil
complexa entre a aparência do mundo exterior obras realizadas por quatrocentos e cinquenta
e a personalidade do operador afirma que o fotógrafos. - que reconhecerá a fotografia
ato fotográfico está enraizado numa como imagem, sendo apresentada ao público
concepção formal que antecede a tomada por como obra autossuficiente e independente.
ser fruto das emoções, do intelecto ou de
ambos." (FABRIS, 2011, p.09). A exposição em Turlim em 1903,
também contribuiu para a consolidação da
Ressalta que, a emancipação da fotografia, sendo projetada uma galeria, que
fotografia pictorialista é a busca de uma atendesse as necessidades da nova imagem,

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preocupando-se com a iluminação que lhe às artes.


seria mais conveniente e molduras que
Alfred Stieglitz foi convidado em 1902,
valorizassem os trabalhos que ali seriam
por Charles de Kay (diretor do national Arts
expostos.
Club) para organizar uma exposição de
Além da realização de exposições, fotógrafos americanos, Stieglitz sugere o
cujo papel foi fundamental na promoção da termo "Photo Secession", que se torna
fotografia, pode-se dividir tal importância com conhecido por um grupo composto por: Frank
a fundação de associações entre 1893 e Eugene, Gertrude Kasebier, Joseph Turner
1910, como Wienner Kamera Klub (Viena), Keiley, Steichen, White, William B. Dyer, Alvin
The Linked Ring Brotherhood (Londres), Langdon Coburn, Paul Haviland, Karl Strauss,
Photo-Cs, Association Belge de Photographie entre outros. O objetivo do Photo Secession
(Bruxelas), Gesselschaft zur Forderung der era o "reconhecimento do pictorialismo não
Amateur Photographie (Hamburgo) e Photo - como servo da arte, mas como um meio
Secession (New York), lembrando apenas as distinto de expressão individual".
de mais destaque.
O Surgimento das revistas, Amateur
The Linked Ring Brotherhood , foi a Photography, Photogram, La Revue
associação mais importante, fundanda em Photographique, Photographische Kunst, La
1892 (Londres), por Henry Peach Robinson, Fotografia Artistica, Camera Note, Camera
Henry Hay Cameron, George Davison, Lionel Work, desempenharam um importante papel,
Clark, Alfred Horsley Hinton, Alfred Maskel, e na divulgação da estética pictorialista,
outros, foi inspirada o New English Art Club.
Foto- Clubes no Brasil
Entre seus sócios estão figuras importantes
como: James Braig Annan, Frederick H. As organizações criadas com o intuito
Evans e Franck M. Sutcliffe, Alfred Stieglitz, de expandir e incentivar as práticas
Edward Stechen, Clarence White, Demachy, fotográficas nascidas na Europa e instituídas
Puyo, René Le Bègue, Kunh. nos Estados Unidos, chegariam finalmente ao
Brasil, por meio dos fotoclubes.
O The Linked Ring Brotherhood se
opõe ao Photo-Club de Paris, que foi fundado De acordo com VELOSO (2014), o
em 1894 por Maurice Bucquet, entre seus Rio de Janeiro sediou o Photo Club do Rio de
membros estão Demachy, Lè Beque e Puyo. Janeiro, fundado em 1910, e o Photo Club
Brasileiro, criado em 1923, idealizados por
A fotografia foi aceita como arte no
Fernando Guerra Duval e J.A. Mirili, que se
final do século XIX, a Secessão de Munique,
interessavam por composições de temas
que expõem em 1898, trabalhos fotográficos
bucólicos, "pautados nos movimentos
ao lado de quadros, exemplo que é seguido
pictóricos do Realismo, Romantismo e
pela Exposição Internacional de Artes e
Impressionismo, característico do Século XIX".
Indústria, realizada em Glasgow em 1901. No
ano seguinte a fotografia pictorialista seria Os associados do Photo Club
julgada com os mesmos critérios reservados Brasileiro criaram a revista Photogramma que

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circulou de 1926 a 1931 e foram os


responsáveis pela criação dos primeiros
Principais pictorialistas e suas
salões de fotografia brasileiro, cuja exposições
contribuições
"contribuíram para a comercialização da
fotografia pictorialista como obra de arte."

Em São Paulo, foi fundada, em 1926 No decorrer do século XIX, fotógrafos,


a Sociedade Paulista de Fotografia, que se dedicaram na construção da fotografia
duraria apenas três anos. como meio de expressão artística, criando
fotografias alegóricas, manipulando negativos,
Em 1939, um grupo formado por
almejando resultados pictóricos, escrevendo
Benedito Duarte, Eduardo Salvatore, José
artigos, organizando exposições, fundando
Yalente, José Medina, Guilherme Malfati.
foto-clubes.
Valêncio de Barros e outros, identificados com
as tendências modernistas, associaram-se em A precurssora da fotografia alegórica
torno do Foto Clube Bandeirante, agremiação foi Julia Margareth Cameron, que ganhou sua
que mantém seu funcionamento até hoje, primeira câmera aos 48 anos, presente dado
sendo que durante os anos de 1945 e 1960, por uma de suas filhas. Sua carreira decolou
teve destaque e reconhecimento internacional. rápido, em um ano, era membro das
Seis anos após sua criação, o cinema sociedades de fotografia inglesa e escocesa.
amador, foi incorporado ao Foto Clube
Bandeirante, alterando o nome da associação Era movida, segundo ela, por um

para, Foto Cine Clube Bandeirante. anseio de prender toda a beleza que existe,
fazendo com que seus modelos posassem por
"Os fotoclubes ofereciam agenda de horas enquanto ela meticulosamente revestia
atividades: desde seminários para
e expunha cada chapa. O resultado, para a
avaliação da produção, curso de
época, era pouco convencional, pois, suas
aperfeiçoamento técnico e estético,
imagens são subjetivas com forte apelo
excursões fotográficas, concursos
cênico, como se pode observar nas figuras 1,
internos, publicação das produções
em boletins informativos, revistas e 2, 3 e 4. Suas fotografias se enquadram em
catálogos das exposições, até a duas categorias: retratos e alegorias
promoção de intercâmbio com outras encenadas, inspiradas em obras religiosas e
associações no país e no exterior literárias.
(VELOSO, apud COSTA, 2014)”.

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Figura 1. Eu espero, 1872. Foto: Julia Margaret Cameron.

Figura 2. O rei Lear destinou seu reino para suas três filhas, 1872, Foto por: Julia Margaret Cameron

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Figura 3. O beijo da paz, 1869. Foto: Julia Margaret Cameron.

Figura 4. Amor em Ociosidade, 1867. Foto: Julia Margaret Cameron.

Em 1858, Henry Peach Robinson, se cinco negativos - um para cada um dos quatro
tornou famoso pela fotografia, Os últimos participantes e um para o fundo. Fruto de
instantes (Figura 5.), "uma combinação de encenação, a imagem é totalmente construída

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no estúdio..." (FABRIS, 2011, p.25).

Figura 5. Os últimos instantes, 1858, por Henry Peach Robinson

Robert Demachy, foi um dos que explica e defende em vários artigos e no


principais teóricos da fotográfica pictorialista, livro Photo-aquatin, or the Gum-bichromate
não apenas desenvolveu tais fotografias, process [Água-tinta fotográfica ou processo da
como publicou diversos artigos, tornou-se goma bicromatada, 1897]. "
"divulgador entusiasta da goma bicromatada,

Figura 6. Contrastes, 1904, por Robert Demachy.

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Foi lançado no ano de 1906, o livro (FABRIS,2011, p. 46 - apud Alfred

Objectifs d´artiste [Objetivas de artista], escrita Stieglitz).

pelo fotógrafo, Constant Puyo, com a


Paul Strand descobre a fotografia,
colaboração de Jean Leclerc de Pulligny, com
como meio de expressão numa visita feita à
intuito de definir o que é uma fotografia
galeria da Photo-Secession em 1908, e
artística, "a análise propiciada pela câmara
futuramente iria publicar livros, tento a
fotográfica, Puyo e de Pulligny contrapõem a
fotografia como assunto principal, dentre estes
síntese alcançada pelo pictorialismo graças à
livros estão, Photography, Photography and
intervenção da personalidade criadora do
the New God, The Art Movie in Photography.
fotógrafo." (FABRIS, 2011, p 39).
Strand ao contrário de muitos fotógrafos

Assim como Demachy, principal pictorialista se opõe as manipulações dos

entusiasta e divulgador do movimento negativos, procurando compor suas

pictorialista, Alfred Stiegltz também sai em fotografias com temas do mundo real,

defesa do movimento e processos técnicos utilizando-se de recursos de iluminação,

que envolvem a produção de uma imagem, novos ângulos de visão, close-ups.

escrevendo artigos e livros, como, Pictorial


Photography, Modern Pictorial Photography,
The Origins of the Photo Secession, The Metodologia
Photo Secession - Its Objectives, entre outros.
O tema deste trabalho surgiu por meio
Funda em 1902 o Photo Secession, que nada
da discussão se a fotografia é ou não é uma
mais é:
forma de arte. Durante a realização da
"Do que um protesto ativo contra o pesquisa para obter a resposta, percebeu-se
conservantismo e o espírito que o Pictorialismo surgiu com o intuito de
reacionário daqueles cuja consolidar a fotografia como obra de arte, os
autocomplacência os imbui da ideia
autores foram tomando conhecimento sobre
de que as condições existentes estão
as técnicas de manipulação de negativos que
próximas da perfeição [...] O objetivo
fotógrafos pictorialistas criaram para
da Photo-Secession não é, como
aproximar a fotografia da pintura, percebendo
geralmente se supõe, o de impor
suas ideias e padrões ao mundo a importância destas técnicas para o
fotográfico, mas o de insistir sobre o entendimento do que é pictorialismo.
direito de seus membros de seguirem
Foram selecionados livros e artigos
a própria salvação como eles a
concebem, junto com a esperança para auxiliar na pesquisa, e reuniões para
que, pela força de seu exemplo, debate e levantamento dos pontos principais
outros também consigam por si que deveriam ser incluídos no texto. Em
próprios ver a verdade como elas seguida foi apontado o item que cada
veem. Essa esperança nunca será integrante do grupo ficaria responsável por
realizada pela aceitação débil de
escrever.
padrões nos quais não se acredita,
nem pelo compromisso.”

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Preparou-se uma apresentação em o fotógrafo imprima em seus trabalhos a


power point para a professora orientadora e marca de sua personalidade, tornando-o a
alunos, expondo o problema de pesquisa, os expressão de um artista, por isso obra de arte,
itens que seriam desenvolvidos e por meio capaz de evocar sentimentos.
desta apresentação foi possível trocar
REFERÊNCIAS:
opiniões e referências de autores.
FABRIS, Annateresa. O desafio do olhar:
Constantemente os textos
fotografia e artes visuais no período das
preliminares eram apresentados para nossa
vanguardas históricas, 1. ed. São Paulo:
orientadora para correções, criticas e
Editora Wmf Martins Fontes, 2011
sugestões.

FABRIS, Annateresa. Fotografia: usos e


funções do século XIX, 2. ed. 1. reimp. São
Conclusão
Paulo: Editora Universidade De São Paulo,

Esta pesquisa aponta as dificuldades 2008.

que a fotografia pictorialista enfrentou, para


alcançar a consolidação da fotografia como VELOSO, Patrícia. Mundo em si: o moderno

forma de arte. e o contemporâneo na fotografia de Chico


Albuquerque e Gentil Barreira. Disponível em:
Ao longo do século XIX, muitos <http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/c
artistas se mostraram contrários a tal adernos/caderno-3/dialogos-entre-a-arte-e-a-
consolidação, mesmo quando fotógrafos fotografia-1.458798>. Acesso em: 05 maio 14.
comprovaram que a fotografia poderia
registrar mais do que a realidade, deixando de LEITE, Ênio. O advento da fotografia.
ser um simples bem de consumo. Críticos da Disponível em: <http://focusfoto.com.br/o-
época rebatiam afirmando que a fotografia advento-da-fotografia-2>. Acesso em: 12 maio
que buscava artisticidade por meio de 14.
manipulações de negativos ou alegorias
obtinha como resultado a imitação da pintura. Imagens:

Figura 1: Disponível em:


Foi necessário o empenho de muitos <foto.espm.br/index.php/referencias/as-
fotógrafos, não apenas na produção de alegorias-e-retratos-de-julia-margaret-
cameron> Acesso em: 12 maio 14
fotografias ou em organização de exposições,
mas também na publicação de livros e artigos Figura 2: Disponível em:
<foto.espm.br/index.php/referencias/as-
em revistas, que esclarecessem que o ato alegorias-e-retratos-de-julia-margaret-
fotográfico vai além do disparo, é um ato que cameron> Acesso em: 12 maio 14
antecede a tomada da imagem, permite ainda Figura 3: Disponível em:
que o fotógrafo transmita sua visão do mundo <foto.espm.br/index.php/referencias/as-
alegorias-e-retratos-de-julia-margaret-
e sua relação para com o mesmo. cameron> Acesso em: 12 maio 14

A fotografia pictorialista possibilita que Figura 4: Disponível em:


<foto.espm.br/index.php/referencias/as-

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alegorias-e-retratos-de-julia-margaret-
cameron> Acesso em: 12 maio 14 Figura 6: Disponível em:
<http://www.photo.rmn.fr/cf/htm/CPicZ.aspx?E
Figura 5: Disponível em: =2C6NU0SXQFHD> Acesso em: 12 maio 14
<http://www.kamerawork.es/2012_01_01_arch
ive.html> Acesso em:

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