Você está na página 1de 16

“ARTE” E A “CIÊNCIA” DE CONTAR HISTÓRIAS:

como a noção de performance pode provocar diálogos entre a


pesquisa e a prática

The “Art” and “Science” of Storytelling: how the notion of


performance can lead to dialogues between research and practice

Luciana Hartmann
Docente do Departamento de Artes Cênicas e do
Programa de Pós-Graduação em Arte
Universidade de Brasília – UnB

Resumo: Este artigo, baseado em levantamento da produção bibliográfica brasileira sobre a


narração de histórias e no escopo teórico-metodológico fornecido pelos estudos da performance,
pretende promover uma análise dos diálogos possíveis entre a pesquisa e a prática do contar
histórias.
Palavras-chave: Contadores de histórias; performance; narrativas orais.

Abstract: This paper, based on research of Brazilian storytelling bibliography, and with its
scope provided by performance studies, aims to analyze the possible dialogues between research
and practice of storytelling.
Keywords: storytellers, performance, oral narratives.

Magda recorta palavras dos jornais, tristes. E, em caixa transparente, guarda as


palavras de todos os tamanhos e as guarda em palavras que tem magia.
caixas. Em caixas vermelhas, guarda as palavras Às vezes, ela abre as caixas e as vira sobre a
furiosas. Em caixa verde, as palavras amantes. mesa, para que as palavras se misturem como
Em caixa azul, as neutras. Em caixa amarela, as

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014


Luciana Hartmann

queiram. Então, as palavras lhe contam o que Escrevi uma dissertação, depois uma
ocorre e anunciam o que ocorrerá.
tese, e, de tanto ouvir histórias, acabei
(Eduardo Galeano - Janela sobre a Palavra)
sentindo vontade de compartilhar
algumas delas com colegas, professores,
Palavras ditas, palavras escritas.
alunos. Assim, aos poucos, sem pressa,
O mistério das palavras – e das gentes –
fui me tornando contadora. Mas toda
que contam.
professora não é também contadora?
Costumo começar meus textos,
Pois bem, tornei-me professora
cada vez mais, procurando contar um
de Artes Cênicas e, após muitos anos de
pouco de minha própria história,
docência e de pesquisa com contadores
localizando meu interesse pelas palavras
de histórias de diferentes regiões do
e pelos mestres na arte de misturá-las.
Brasil, comecei a perceber que havia
Isso porque, quanto mais o tempo passa,
uma espécie de lacuna ou de silêncio –
mais entendo a importância das
para usar um recurso característico da
histórias pessoais no encaminhamento
oralidade – entre aqueles que
de nossas trajetórias profissionais. E
pesquisavam e analisavam as narrativas
mais respeito e cuidado procuro ter com
orais e aqueles que as contavam de
as palavras.
forma profissional. Ou seja, constatei
Da menina que ouvia histórias
que esses diferentes campos de atuação,
do avô (aquele de quem todos os netos
embora trabalhassem com “objetos” de
fugiam quando ensejava repetir pela
interesse comuns (as narrativas orais),
enésima vez o mesmo “causo”), tornei-
quase não dialogavam. Este artigo,
me a jovem que queria contar histórias
portanto, visa estabelecer algumas
através do teatro. Quando concluía o
“pontes” entre um campo e outro.
Bacharelado em Artes Cênicas, resolvi
Retomemos o fio da história: eu,
transformar-me no próprio contador
como pesquisadora (ainda não
gaúcho ou gaucho, transfronteiriço,
contadora), encontrava-me de um lado
procurando recuperar tradições de um
do rio. Para estabelecer os diálogos
passado regional que eu pouco
pretendidos, eu precisava conhecer
conhecia. Meu encantamento por este
melhor o outro lado do rio, ou seja,
universo foi tamanho que saí da estrada
como se dá, na atualidade, a prática
do teatro para me embrenhar nas trilhas
profissional da contação de histórias.
da antropologia. Para tanto, tornei-me
“pesquisadora” de causos e contadores.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014


“ARTE” E A “CIÊNCIA” DE CONTAR HISTÓRIAS

Como não encontrava a ponte para abordar justamente estes


atravessá-lo, resolvi nadar. Pode parecer “atravessamentos”, estes
estranho, mas nadei, nadei, e acabei transbordamentos que podem permitir o
caindo num lugar chamado “Boca do contato entre a ciência antropológica e a
Céu”. Será que voei? Pois bem, foi no arte da narração de histórias. Ou seria
Boca do Céu1, um Encontro entre a arte da antropologia e a ciência
Internacional de Contadores de da narração? Por que não? E como
Histórias, que tem a curadoria e tenho me dedicado aos estudos das
coordenação geral de Regina Machado performances narrativas de contadores
– professora da USP, e ela própria de histórias, a partir de um campo
contadora de histórias – que comecei conhecido como “antropologia da
desenvolver, de maneira mais performance”, procuro estabelecer essas
sistematizada, minha formação como conexões justamente através da noção
contadora e a me sentir instigada pelo de “performance”.
trabalho direto com a contação. Isso tem
me permitido vivenciar (e *
compreender), de forma mais concreta, * *
as duas margens do rio.
É importante ressaltar que a Quando comecei minha pesquisa
oposição entre a pesquisa e a prática da com os contadores de “causos”, da
contação de histórias (que estou região da fronteira entre Brasil,
elaborando figurativamente como as Argentina e Uruguai, constatei que
“duas margens do rio”) é usada aqui havia uma forte produção local de livros
apenas como estratégia analítica, de com coletâneas de contos e descrições
forma a propiciar uma reflexão sobre o de rodas de causos, muitas delas
tema, já que, na concretude da redigidas pelos próprios contadores.
experiência, elas não operam de forma Nenhuma delas, no entanto, dialogava
oposta. Meu objetivo neste artigo é com a produção acadêmica na área. Isso
1
Em sua sexta edição, em maio de 2014, o Boca do Céu
me causava estranhamento: por que, por
completa treze anos. Realizado em São Paulo, esse encontro
configura-se, junto com o Simpósio Internacional de um lado, não reconhecíamos essas obras
Contadores de Histórias, do Rio de Janeiro, como um dos
mais importantes encontros brasileiros relacionados à em nossas pesquisas universitárias e,
prática e à reflexão sobre a contação de histórias. Maiores
informações disponíveis em: http://bocadoceu.com.br/boca- por outro lado, por que esses autores
do-ceu-2014/ e
http://www.simposiodecontadores.com.br/default.aspx?code
=126 – acesso em 03/07/2014.
autodidatas desconheciam a nossa

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014


Luciana Hartmann

existência? De alguma maneira, os leitores a conhecerem melhor esse


procurei estabelecer cruzamentos fértil campo de estudo, e fazerem suas
analíticos entre estas distintas próprias leituras. Vejo esta como outra
literaturas, numa relação de igualdade dimensão de diálogo: a contextualização
de valores, em meus trabalhos de e análise crítica de obras escritas por
mestrado e de doutorado, e, embora contadores profissionais2, enfatizando o
saiba que existem iniciativas cruzamento de diferentes campos
semelhantes, tenho clareza de que essas disciplinares.
ainda são ações reduzidas. Esta é uma Começo com o livro “A Arte de
dimensão possível de diálogo: Ler e Contar Histórias”, de Júlio César
oportunizar debates diretos entre de Mello, que assinava com o
contadores tradicionais (e suas heterônimo Malba Tahan (1961). No
respectivas obras, independentemente Brasil, este talvez seja o maior clássico
de sua natureza – coletâneas de contos, sobre a contação de histórias. Nesta
reflexões históricas, poemas, obra, o autor – um professor de
descrições) e pesquisadores matemática apaixonado pelas tradições
universitários. orientais (daí a escolha de seu
Mais recentemente, no primeiro pseudônimo) e reconhecido como um
semestre de 2013, ministrei uma grande contador de histórias – propõe
disciplina optativa sobre Contação de um panorama dos conceitos
Histórias, no Departamento de Artes relacionados às histórias infantis e às
Cênicas da Universidade de Brasília, técnicas para contá-las. Voltado para
onde atuo como professora. Naquele um público formado principalmente por
momento, resolvi abordar com maior professoras primárias, o texto é redigido
profundidade a bibliografia produzida em linguagem coloquial, relatando
pelos (e não sobre) contadores de episódios vividos ou ouvidos pelo autor
histórias brasileiros, debatendo os textos e fazendo uso de citações de diversas
com os alunos e refletindo sobre sua obras de outras professoras, da primeira
operacionalidade e relevância para o metade do século XX, sobre o tema. A
estudo e a prática da contação. Comento
2
Considero contadores tradicionais aqueles sujeitos que são
abaixo algumas dessas obras, não no reconhecidos em suas comunidades (tradicionais - urbanas
ou rurais) como contadores, porém, não exercem essa
sentido de fornecer interpretações função profissionalmente. Já os contadores profissionais são
aqueles que passaram por algum tipo de formação (cursos,
fechadas, mas na perspectiva de instigar oficinas, graduações e pós-graduações) e especializaram-se
na função, exercendo-a profissionalmente em diferentes
espaços.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014


“ARTE” E A “CIÊNCIA” DE CONTAR HISTÓRIAS

obra aborda desde a importância, os desenvolva uma reflexão específica a


objetivos e a finalidade de contar respeito desta. Seu livro, um dos
histórias, a escolha do repertório, pioneiros no assunto no Brasil,
estratégias de início e conclusão de constitui-se, fundamentalmente, como
histórias, até questões como a leitura de um guia para aqueles que pretendam se
histórias em sala de aula, os gêneros das instrumentalizar nas técnicas do contar
histórias e o uso da música. Embora histórias, orientando desde a escolha e
traga uma rica seleção de referências análise das histórias até sugestões de
literárias, o autor não dialoga com uso de audiovisual e dramatização.
nenhuma pesquisa específica sobre Embora não discuta esse último aspecto,
tradições orais e a narração de histórias podemos enxergá-lo como um primeiro
de cunho antropológico ou linguístico, aceno em relação à importância da
permanecendo mais voltado ao universo “performance” na atuação dos
da sala de aula e da educação infantil. contadores de histórias. Dentre a
Obviamente, o livro traz suas marcas de bibliografia citada pela autora, grande
época, mas pode-se verificar que as parte é constituída de obras norte-
interessantes técnicas de narração americanas, com foco no uso da
propostas ao longo do texto aparecem contação de histórias como ferramenta
adaptadas ou sistematizadas, de forma na educação e, mais especificamente, na
diferente, em muitas obras na educação religiosa.
atualidade, que ainda adotam Malba Parece ter havido um intervalo
Tahan como inspiração – revelada ou de duas ou três décadas até que a
não. contação de histórias voltasse a figurar
Alguns anos antes, a educadora de forma mais efetiva no mercado
evangélica Otília Chaves lança o livro editorial brasileiro. Nesta retomada,
“A Arte de Contar Histórias” (1952), uma das principais obras foi “Contar
voltado também para o público formado histórias – uma arte sem idade”, na qual
por professoras primárias e aos Betty Coelho (1991) oferece um
“obreiros da educação religiosa”. pequeno manual, repleto de exemplos
Considero importante ressaltar que, práticos, também baseados em sua
assim como Malba Tahan, Otília vivência como professora e contadora
Chaves caracteriza a contação de de histórias. O livro é dividido em cinco
histórias como uma “arte”, embora não capítulos que englobam: 1. A escolha da

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014


Luciana Hartmann

história; 2. Estudo da história infantil; 3. Giordano, autora de “Contar histórias,


Formas de apresentação das histórias; 4. um recurso arteterapêutico” (2004),
A narração da história; e 5. Atividades a resultante de seu Mestrado em Ciências
partir da história; possibilitando, através das Religiões, pela PUC-SP; Celso
de uma narrativa que se assemelha a Sisto, que é mestre e, recentemente,
uma “conversa” com o leitor, um concluiu o doutorado em Teoria da
contato deste com diversas histórias e as Literatura, na PUC-RS, com o livro
respectivas técnicas para contá-las. A “Texto e pretextos sobre a arte de contar
maior parte da bibliografia utilizada histórias” (2005); Ângela Barcellos
pela autora diz respeito a obras de Café que, a partir de seu mestrado em
literatura infantil, não dialogando com Educação Física na UNICAMP,
outras obras sobre o mesmo tema. publicou “Dos Contadores de Histórias
A virada do milênio é marcada, e das Histórias de Contadores” (2005);
acredito, por uma virada Bia Bedran, com a obra “A Arte de
epistemológica. Neste momento, a Cantar e Contar Histórias – narrativas
“arte” e a “ciência” do contar histórias orais e processos criativos” (2012),
passam a figurar nas mesmas obras, oriunda de seu Mestrado em Ciência da
redigidas pelos próprios contadores de Arte pela UFF; entre tantos outros.
histórias brasileiros, a partir de suas Todos estes autores, para além de
pesquisas de mestrado ou doutorado. manuais de técnicas, têm procurado, em
Estes são alguns exemplos: Cléo seus textos, problematizar e
Busatto, que fez mestrado em Teoria contextualizar estas técnicas e,
Literária, na UFSC, e publicou os livros sobretudo, refletir sobre o papel do
“A Arte de Contar Histórias no Século contador de histórias na
XXI – tradição e ciberespaço”, de 2003; contemporaneidade. Considero que este
e “Contar e Encantar – pequenos movimento dinâmico entre prática e
segredos da narrativa”, de 2011; Regina teoria, que alia a atuação como contador
Machado (já citada), com seu belo de histórias à produção escrita, criativa
“Acordais – fundamentos teórico- e reflexiva, esteja causando um impacto
poéticos da arte de contar histórias” muito positivo, pois amplia e qualifica
(2004), derivado de sua tese de Livre os campos de atuação destes contadores
Docência, apresentada ao Departamento no país.
de Artes Plásticas da USP; Alessandra

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014


“ARTE” E A “CIÊNCIA” DE CONTAR HISTÓRIAS

Também nestas primeiras seus olhares” (2013), organizado por


décadas dos anos 2000, têm sido Fabiano Moraes e Lenice Gomes,
lançadas diversas coletâneas com ambos escritores e contadores de
artigos de diferentes contadores, que histórias. Estes são apenas alguns
relatam suas experiências, refletem exemplos da fértil produção na área, nos
sobre suas trajetórias e propõem novos últimos anos, todos, de diferentes
olhares (e gestos, e palavras) sobre a maneiras, com maior ou menor ênfase,
contação, não apenas nas salas de aula, realizando uma aproximação entre o
mas contemplando uma grande universo acadêmico, a prática e a
multiplicidade de outros espaços como divulgação da contação de histórias para
bibliotecas, hospitais, livrarias, ONGs, um público mais amplo.
presídios, centros de acolhimento a Proponho que nos detenhamos
menores, aldeias indígenas, entre agora, um pouquinho mais, em uma
outros. Dentre as principais obras com obra, também redigida por reconhecida
essas características pode-se encontrar: contadora de histórias brasileira, para
“Baús de Chaves da narração de adentrarmos com maior ênfase no
Histórias” (2004), organizada pela debate sobre a relação entre os estudos
contadora e professora da UFSC, Gilka da performance e a narração de
Girardello; “A Arte de Contar Histórias histórias. A obra é “A Palavra do
– abordagens poética, literários e Contador de Histórias”, de Gislayne
performática” (2010), organizada por Avelar3. Esta propõe, por um lado, de
Giuliano Tierno, que é ator e arte- forma semelhante às obras de Malba
educador; “Contadores de Histórias – Tahan e Betty Coelho, “uma
um exercício para muitas vozes” (2011), investigação teórica sobre a dimensão
organizado por Benita Prietto que, além educativa de sua palavra (dos
de atuar como contadora de histórias no contadores) na contemporaneidade (...)”
Grupo Morandubetá, junto com Celso (2005, p. XXI). Por outro lado,
Sisto, tem se notabilizado pela diferentemente dos autores citados,
organização do Simpósio Internacional nela, se pode adentrar, com maior
de Contadores de Histórias, promovido
3
A autora publicou outro livro, no mesmo período, redigido
pelo SESC Rio, desde 2002; e o recém- em co-autoria com a também contadora Inno Sorsy,
intitulado “O Ofício do Contador de Histórias – perguntas e
lançado “A Arte de Encantar – o respostas, exercícios práticos e um repertório para encantar”
(2005), no qual são oferecidos ao leitor exercícios práticos,
contador de histórias contemporâneo e enriquecidos de um belo repertório de histórias, como
informa o subtítulo, para o treinamento e aperfeiçoamento
no exercício da contação.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014


Luciana Hartmann

profundidade, no universo da poética posteriormente, voltarem à oralidade


dos contadores de histórias. Avelar (HARTMANN, 2011).
demonstra interesse concreto sobre a Avelar também propõe uma
revitalização da arte da narração oral no diferenciação entre atores e contadores
Brasil, em espaços que extrapolam as de histórias. Da mesma forma que no
instituições escolares, e dialoga com exemplo anterior, creio que dicotomizar
diversos pesquisadores e/ou contadores, essas categorias pode enfraquecer a
sobretudo, franceses. discussão e limitar os possíveis campos
Embora reconheça a importância de formação e atuação dos contadores
desta obra, gostaria de problematizar de histórias. A oposição estabelecida
algumas colocações feitas, neste caso, pela autora está baseada em uma
por Avelar, mas que também podem ser definição de ator que, se for revista,
encontradas em trabalhos de outros pode aproximá-lo (de forma não
contadores. Cito, por exemplo, a competitiva) do contador de histórias.
diferenciação que a autora faz entre Segundo ela: “o ator deve decorar o
contos populares e contos literários, texto, palavra por palavra, desenvolver
afirmando que os primeiros “são e incorporar o personagem e interagir
próprios da cultura oral, enquanto os com outros atores a fim de comunicar a
literários são próprios da cultura peça segundo a ótica do diretor.” (2005,
escrita.” (2005, p. 2). Penso que essa p. 36) Atualmente, no Teatro, e nas
classificação dos contos, entre Artes Cênicas de uma forma geral,
populares e literários, não seja muito temos trabalhado com a perspectiva do
operativa nem para pensar, nem para ator-performer, que muitas vezes
atuar no campo. Contos orais e escritos confunde-se com o próprio personagem.
participam de uma dinâmica que Frequentemente, não há mais um texto a
ocasiona influências mútuas, não sendo ser decorado, já que o ator pode também
possível afirmar categoricamente quem ser responsável pelo processo de
deu origem a quem. Em minha própria construção dramatúrgica, e a figura do
pesquisa de campo, percebi, diretor está longe de ser aquela que
frequentemente, que histórias contadas determina sob qual ótica a peça será
oralmente poderiam ter sido registradas comunicada, pois toda a equipe pode
por um autor, publicadas em livros, participar de um mesmo “processo
lidas em ocasiões coletivas e, colaborativo”. Neste sentido, penso que

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014


“ARTE” E A “CIÊNCIA” DE CONTAR HISTÓRIAS

um ator pode ser, sim, contador de de 20 ou 30 anos, não apenas em países


histórias, e um contador de histórias do Hemisfério Norte, mas também nos
pode também ser considerado, se assim vizinhos Argentina, Chile e Venezuela
o desejar, ator. E, acredito (entre outros), encontrou acolhida no
sinceramente, baseada em minha Brasil há pouco mais de uma década. Os
experiência de pesquisa com contadores estudos das performances culturais, que
tradicionais e na observação de englobam, entre outras formas
contadores profissionais, que não expressivas, a contação de histórias,
existem regras absolutas para aprender permitem uma perspectiva
ou definir a contação de histórias. interdisciplinar, agregadora e bastante
Escolhi esta obra de Avelar, dentre produtiva analiticamente. Exemplos de
tantas outras obras sobre as quais venho contadoras-pesquisadoras, que adotam
me dedicando, apenas para exemplificar essa perspectiva, são as já mencionadas
o risco que corremos com a falta de Gilka Girardello e Cléo Busatto.
diálogo entre os diferentes campos de Diversos outros pesquisadores também
saber que estão se debruçando sobre estão trabalhando sob essa perspectiva,
esse tema. como Frederico Fernandes, professor de
Estou propondo aqui, portanto, Letras da Universidade Estadual de
uma “conversa” entre essas áreas. Como Londrina (UEL), em sua pesquisa sobre
vimos, os contadores estão se as performances de narradores
especializando em Artes, Teatro, pantaneiros; e Esther Jean Langdon,
Educação, Literatura, Educação Física, antropóloga, que vem orientando muitas
Psicologia, História Oral, Antropologia, pesquisas na área e tem produzido
Comunicação. Por que, então, não nos artigos sobre o tema. Estes são apenas
aproximarmos, nos conhecermos e alguns exemplos da profícua produção
começarmos a trocar nossas histórias e atual de pesquisas que se entrelaçam ao
nossos saberes? tratar da narração de histórias orais.
E chegamos, finalmente, à noção Neste momento, faz-se
de performance: vejo-a como necessário adentrar um pouco no campo
possibilidade de “ponte” entre os dos Estudos da Performance, no sentido
distintos campos de abordagem do de esclarecer para os leitores o que
contador, tido aqui como “performer”. estou querendo dizer quando considero
Esta abordagem, que já tem uma estrada que o contador é um performer.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014


Luciana Hartmann

Como coloquei anteriormente, a possibilidades de interpretação desta)


inserção, no Brasil, dos estudos da passa a ser considerada a partir do quê,
performance – entendida aqui como e, sobretudo, como seus agentes a
performances culturais e não imaginam, a sonham, a comemoram, a
performance arte4 - deu-se há menos de contam, com todo o seu corpo e voz, em
duas décadas. Na antropologia, este contexto.
campo se intitula Antropologia da Particularmente, em meu
Performance. Derivada do campo mais trabalho, embora compreenda que o
amplo da Antropologia Simbólica e conceito de performance possua
pautada em grande parte pelas pesquisas diversas acepções, opto por utilizá-lo de
geradas na associação frutífera entre um acordo com a definição desenvolvida
antropólogo, Victor Turner, e um pela antropóloga Deborah Kapchan
diretor de teatro, Richard Schechner, a (1995). Para a autora, performance está
Antropologia da Performance permite a relacionada às práticas estéticas que
análise de fenômenos dinâmicos, envolvem padrões de comportamento,
ambíguos, multivocais, multissensoriais maneiras de falar, maneiras de se
e efêmeros, cuja ênfase, em alguma comportar corporalmente – cujas
medida, esteja posta em suas qualidades repetições situam os atores sociais no
estéticas. Nesta perspectiva, o teatro, os tempo e no espaço, estruturando
jogos, as festas, os rituais, as identidades individuais e de grupo.
manifestações políticas, cantos, danças Considero esta definição especialmente
e narrativas orais podem ser operativa, por envolver os aspectos
contemplados de uma maneira mais comportamentais, de fala e corpo, e por
holística e integradora, já que “a relacioná-los à organização das
cultura” (ou uma das múltiplas identidades pessoais e sociais. Enxergar

4
as performances narrativas na
A performance arte (ou performance art) está ligada a um
movimento artístico surgido na década de 60, mais combinação destes aspectos auxiliou-
diretamente relacionado às artes visuais, embora de fortes
tendências interdisciplinares, que continua com bastante
impacto na produção artística contemporânea. Já a noção de
me, sobremaneira, a analisar as
performance cultural foi desenvolvida pelo antropólogo
Milton Singer, na década de 50, e tem auxiliado performances dos contadores gaúchos/
pesquisadores das áreas de artes e ciências humanas na
compreensão e análise de eventos expressivos tais como gauchos.
festas, espetáculos teatrais, rituais e, como não poderia
deixar de ser, narrações de histórias. Para maior Baseada na abordagem de
aprofundamento sobre o tema, ver o recente artigo de
Robson Camargo “Milton Singer e as Performances
Culturais”. Karpa 6 – Revista de Teatralidades e Cultura
Langdon (1999), apresento abaixo uma
Visual. Summer, 2013.
breve revisão das três principais

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014


“ARTE” E A “CIÊNCIA” DE CONTAR HISTÓRIAS

vertentes dos estudos de performance na veículos dos dramas sociais, assim


antropologia – Victor Turner/ Richard como instrumentos para comprometer
Schechner, Erving Goffman e Richard os valores e objetivos que motivam a
Bauman –, considerando que todos conduta humana, especialmente quando
dialogam direta ou indiretamente com homens e mulheres tornam-se atores no
as artes cênicas. Em sua teoria dos drama social.
dramas sociais, Turner (1974) parte da Inicialmente comparando a
análise do processo ritual e, estrutura dos dramas sociais à estrutura
provavelmente devido a sua dos rituais, foi a partir da parceria com
familiaridade com o universo teatral, faz Richard Schechner, diretor de teatro,
uma clara alusão à estrutura professor e pesquisador da New York
dramatúrgica de peças trágicas. A noção University, que Turner passou a
de drama social é desenvolvida como aproximar mais claramente estas
uma história com início, meio e fim, e, estruturas daquelas dos gêneros
de forma semelhante à estrutura básica culturais expressivos ou dramas
de “nó e desenlace” das tragédias estéticos (performances teatrais, etc.):
clássicas, Turner destaca, destas “há um interdependente, talvez dialético
situações desarmônicas que ocorrem no relacionamento entre os dramas sociais
processo social, quatro fases distintas: e os gêneros de performances culturais,
quebra, crise, reparação e reintegração em todas as sociedades. A vida, assim, é
ou reconhecimento da cisão. A tanto uma imitação da arte quanto o
preocupação do autor, acima de tudo, reverso.” (1981: 149). Em seus últimos
será com a possibilidade de anos de vida, Turner direcionou sua
transformação da sociedade, através das atenção para as “performances
performances ocorridas nestes culturais” e, buscando alternativas para
momentos5. Neste sentido, para Turner inserir a prática da performance na
(1992: 86, 87), as narrativas seriam prática da antropologia, propôs,

5
inclusive, que as próprias etnografias
Estas transformações seriam possíveis nas fases de
liminaridade, encontradas tanto no rito quanto nos dramas fossem performatizadas pelos
sociais. Conceito fundamental na obra de Turner (1974), a
liminaridade prevê a inversão da estrutura normal da
sociedade, trazendo à tona o que não é revelado no cotidiano
antropólogos (1992: 90). Finalmente,
(daí também o fato da arte ser associada à liminaridade).
Nos dramas sociais, a fase liminal é representada pelo Turner também aponta para uma nova
momento de reparação da ordem. Ainda segundo Turner
(1992: 79), a performance também transforma a si mesma, ênfase na análise da sociedade,
pois as regras podem enquadrá-la, mas o fluxo de ação e
interação com este enquadramento (frame) pode conduzir a considerada agora como um processo,
insights e gerar novos símbolos e significados, que podem
ser incorporados em subsequentes performances.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014


Luciana Hartmann

pontuado por performances de vários de quem está atuando e de quem está


tipos (rituais, cerimônias, carnavais, sendo representado6. Mas, segundo o
jogos, espetáculos, narrativas). Através próprio Schechner, sua taxonomia é
dessa análise, tem se desenvolvido a falha, pois frequentemente uma
visão de que tais gêneros constituem, performance mistura ou exclui algumas
em vários níveis e com variados códigos destas categorias. O debate intenso
verbais e não verbais, um conjunto de sobre o conceito de performance, em
metalinguagens interligadas. Nestas grande parte impulsionado por
performances, o grupo ou comunidade Schechner ao longo dos últimos trinta
não meramente “flui” em uníssono, anos, é explicitado pelo próprio autor:
mas, mais ativamente, tenta entender-se
Performance não é fácil de definir ou
no sentido de transformar a si mesmo. localizar: conceito e estrutura tem se
O trabalho de Richard espalhado para todos os lugares. É
Schechner encontra-se na confluência étnico e intercultural, histórico e a-
histórico, estético e ritual, sociológico
entre as pesquisas teatrais e
e político. Performance é um modo de
antropológicas, sendo possivelmente
comportamento, uma abordagem da
quem melhor (ou primeiro) fez uma experiência; é um jogo, um esporte,
adequada ligação entre ambas as entretenimento popular, teatro
perspectivas de análise. Para ele, a experimental, e mais. Mas como uma
ampla perspectiva a desenvolver, a
performance está enraizada na prática e
performance precisa ser descrita com
é fundamentalmente interdisciplinar e
precisão e em total detalhamento.
intercultural. Considerando que os (SCHECHNER, 1992, prefácio)
performances studies envolvem
Grande parte das pesquisas de
diversas artes, atividades e
Schechner, no entanto, vai guardar sua
comportamentos, Schechner (1992, p.
proximidade com aqueles estudos
273) organiza as atividades
desenvolvidos por Turner, relacionando
performativas da seguinte maneira: de
influência genética e cultural na
acordo com a relativa “artificialidade”
definição de ritual e de comportamento
da atividade ou gênero, de acordo com a
performativo. Para Schechner, a
necessidade de treinamento formal, de
acordo com o relacionamento entre 6
Para a análise de performances narrativas, o artigo de
“espaço teatral” e “evento teatral”, e de Schechner, recentemente traduzido para o português
“Traçando pontos de contato entre antropologia e teatro”
(Cadernos de Campo, USP, v. 20, n. 20, 2011), mostra-se
acordo com o status social e ontológico bastante operativo.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014


“ARTE” E A “CIÊNCIA” DE CONTAR HISTÓRIAS

performance é um conceito central no metáfora, como uma alternativa para a


pensamento de Turner, justamente análise da vida no seu cotidiano.
porque os gêneros performativos seriam Finalmente, Bauman (1977)
exemplos vivos do ritual em/ como desenvolveu pesquisas no campo da
ação. Neste sentido, conclui o autor, a etnografia da fala, no qual as narrativas
performance, não apenas quando é orais passaram a ser o foco especial de
abertamente ritualística, mas, sempre, atenção, não somente em seus aspectos
terá seu cerne de ação ritual, onde há verbais, mas através da análise de todos
um “comportamento restaurado” (ações os meios comunicativos que compõem
de cunho simbólico/ estético que podem o evento narrativo. O uso da noção de
ser repetidas da mesma maneira). performance, para Bauman, possibilitou
Já as pesquisas de Goffman a união de gêneros estéticos distintos, e
(1999) estão centradas nas comumente segregados, a outras esferas
performances cotidianas. Através da do comportamento verbal. Fora das
analogia dramatúrgica, o autor analisa análises puramente teatrais, a etnografia
os diferentes papéis interpretados pelos da fala passou a representar mais uma
“atores sociais” em seu dia-a-dia. alternativa para que a performance
Segundo ele, há dois tipos de performer: passasse a ser abordada por ela mesma,
aquele que oculta a própria performance ainda que a consideração do seu
e aquele que não sabe que está contexto cultural tenha permanecido. A
performatizando. Em seu comentário definição já clássica de Bauman
sobre a obra de Goffman, Schechner compreende a performance como um
questiona se a performance gera seu modo de comunicação verbal que
próprio frame (enquadramento) – é consiste na tomada de responsabilidade
reflexiva e todos são conscientes da sua de um performer para uma audiência,
participação na ação ou se um através da manifestação de sua
determinado frame gera determinadas competência comunicativa. Esta
performances. Ao contrário de Turner, competência apoia-se no conhecimento
que analisava a sociedade a partir de e na habilidade que ele possua para falar
suas performances, destacadas do nas vias socialmente apropriadas. Do
processo social, para Goffman, a ponto de vista da audiência, o ato de
performance serviu antes como uma expressão do performer é sujeito à
avaliação, de acordo com sua eficiência.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014


Luciana Hartmann

Quanto mais hábil, mais intensificará a sirvam mais como “inspiração” do que
experiência, através do prazer como modelos para que desenvolvamos
proporcionado pelas qualidades nossas próprias teorias acerca dos
intrínsecas ao ato de expressão. Bauman complexos processos que envolvem a
salienta ainda que nem todas as formas aprendizagem, a criação e a transmissão
de comunicação oral serão suscetíveis à de narrativas orais. A ideia de que o
performance, daí a importância de se contador de histórias é um performer é
considerar quais os tipos de fala apenas uma dessas possibilidades, que
convencionalmente esperados pelos pode ser operativa a despeito de todos
membros da comunidade como os conflitos linguístico-ideológicos que
dependentes de performances. A possamos encontrar nos usos da palavra
perspectiva de Bauman está voltada “performance” no Brasil. Vejo o
para a “arte verbal” e apesar de propor contador-performer como aquele que é
vários dispositivos para a análise da apreciado enquanto artista da palavra
performance, estes se restringem à incorporada, mestre na arte de
questão da comunicação oral, e ainda enfeitiçar, conquistar, desafiar, divertir
que considerem contexto de horário, e emocionar plateias. O contador-
local e audiência, não incluem a performer acredita no poder da palavra
manifestação corporal do contador, e no poder da troca, da comunhão de
como a sua postura, gestual, posição e palavras.
movimentação no espaço. Acredito que o desenvolvimento
Os quatro autores mencionados dessas novas epistemologias –
são fundamentais para que se chamadas pelo sociólogo português
compreendam essas que são algumas Boaventura de Souza Santos, de
das principais vertentes de estudos que “epistemologias do sul”7, em alusão ao
embasam as pesquisas atuais sobre as hemisfério que teve seus saberes
performances narrativas. Vale historicamente excluídos – já esteja em
considerar, entretanto, que todas são curso e que a contação de histórias, os
teorias desenvolvidas no Hemisfério contadores tradicionais e profissionais,
Norte e que não são necessariamente e os pesquisadores da oralidade tenham
“aplicáveis” às nossas tão diversificadas grandes colaborações a dar. Os
realidades brasileiras. A perspectiva que 7
Para um aprofundamento sobre o impacto das
adoto aqui, neste sentido, é de que estas epistemologias do sul no teatro, ver o instigante artigo de
Verônica Fabrini, “Sul da Cena, sul do saber”, publicado na
Revista Moringa, UFPB, v. 4, n. 1, 2013.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014


“ARTE” E A “CIÊNCIA” DE CONTAR HISTÓRIAS

conhecimentos adquiridos na prática da processos criativos. Rio de Janeiro:


contação, no contato com a audiência, Nova Fronteira, 2012.
no aperfeiçoamento da memória, na BUSATTO, Cléo. A Arte de Contar
valorização das diferentes tradições Histórias no Século XXI – tradição e
orais e no trabalho que integra corpo, ciberespaço. Rio de Janeiro: Vozes,
voz e boas doses de imaginação, 2005.
posicionam os contadores de histórias
BUSATTO, Cléo. Contar e Encantar –
em um lugar privilegiado nesses novos
pequenos segredos da narrativa. 6ª. ed.
processos de produção de
Petrópolis: Vozes, 2011.
conhecimento, tanto dentro quando fora
das instituições formais de ensino. A CAFÉ, Ângela B. Dos Contadores de
produção bibliográfica brasileira neste Histórias e das Histórias de
campo, tanto por parte dos contadores Contadores. Goiânia: Ed. UFG, 2005.
quanto dos pesquisadores (e daqueles CHAVES, Otília. A Arte de Contar
que conjugam os dois papéis), tem dado Histórias. São Paulo: Confederação
demonstrações de vitalidade, Evangélica do Brasil, 1952.
competência e disposição para trocas
COELHO, Betty. Contadores de
interdisciplinares. Esses diálogos abrem
Histórias – uma arte sem idade. São
“janelas sobre a palavra”, que permitem
Paulo: Ática, 1995.
o nascimento de novos saberes e novas
formas de contá-los. GIORDANO, Alessandra. Contar
Histórias – um recurso arteterapêutico

Recebido em: 07/04/2014 de transformação e cura. São Paulo:

Aprovado em: 04/07/2014 Artes Médicas, 2007.

GIRARDELLO, Gilka (org.). Baús e


Referências Bibliográficas: Chaves da Narração de Histórias. 2ª.
ed. Florianópolis: SESC/SC, 2004.

BAUMAN, Richard. Verbal Art as GOFFMAN, Erving. A Representação


Performance. Rowley, Mass: Newbury do Eu na Vida Cotidiana. Petrópolis,
House Publishers, 1977. Vozes, 8ª edição, 1999.

BEDRAN, Bia. A Arte de Cantar e HARTMANN, Luciana. Gesto, Palavra


Contar Histórias – narrativas orais e e Memória: performances de

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014


Luciana Hartmann

contadores de causos. Florianópolis: TAHAN, Malba. A Arte de ler e contar


Ed. da UFSC, 2011. histórias. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Conquista, 1961.
KAPCHAN, Deborah A. Common
Ground: keywords for the study of TIERNO, G. (org.) A Arte de Contar
expressive culture - Performance. Histórias – abordagens poética,
Journal of American Folklore. v. 108, n. literária e performática. São Paulo:
430, 1995. Ícone, 2010.

LANGDON, E. J. A Fixação da TURNER, Victor. Dramas, fields, and


Narrativa: Do Mito para a Poética de metaphors: simbolic action in human
Literatura Oral. Horizontes society. New York: Cornell University
Antropológicos, Porto Alegre, v. 5, Press, 1974.
n.12, 1999, p. 45-68. TURNER, Victor. The Anthropology of
MACHADO, Regina. Acordais – Performance. 2a. ed. New York: PAJ
fundamentos teórico-poéticos da arte de Publications, 1992.
contar histórias. São Paulo: Difusão
Cultural do Livro, 2004.

MATOS, Gislayne. A. A Palavra do


Contador de Histórias. São Paulo:
Martins Fontes, 2005.

PRIETTO, Benita (org.). Contadores de


Histórias – um exercício para muitas
vozes. Rio de Janeiro: Prieto Produções
Artísticas, 2011.

SCHECHNER, Richard. Victor


Turner’s Last Adventure. In: TURNER,
Victor. The Anthropology of
Performance. 2a. ed. New York: P. A.
J. Publications, 1992.

SISTO, Celso. Textos e pretextos sobre


a arte de contar histórias. Curitiba:
Positivo, 2005.

João Pessoa, V. 5 N. 2 jul-dez/2014

Você também pode gostar