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Gêneros e Educomrádio.
centro-oeste
formatos Núcleo de Comunicação e Educação

radiofônicos NCE-ECA/USP

Texto de
Apoio
Eduardo Vicente

O assunto “gêneros” é bastante polêmico, tros, o livro Gêneros Radiofônicos


Gêneros Radiofônicos, de André
não existindo consenso entre os diferentes Barbosa (Ed. Paulinas, São Paulo, 2003).
autores nas suas classificações das produ-
ções. A própria idéia de classificação é Antes de mais nada, devemos fazer a dife-
questionada sendo possível afirmar que, em renciação entre gêner
gênero o e formato
certos círculos intelectuais, “esse tipo de r adiofônico
adiofônico. Consideramos como de gêner
gênero o
discussão se tornou alguma coisa anacrôni- r adiofônico uma classificação mais geral da
ca, quando não irrelevante”1. Não concorda- mensagem, que considera o tipo específico
mos com essa posição, entendendo que a de expectativa dos ouvintes que ela visa
classificação de gêneros fornece, no mínimo, atender. Os gêneros radiofônicos que apre-
condições para uma compreensão mais sentaremos aqui serão o publicitário ou
didática das possibilidades de produção que comercial, o jormalístico ou informativo, o
o rádio pode nos oferecer. musical, o dramático ou ficcional e o
educativo-cultural. Formatos rradiofônicos
adiofônicos
O perigo de que devemos sempre fugir é o são os modelos que podem assumir os
de um enquadramento rígido das produ- programas realizados dentro de cada um
ções, que nos leve a discussões intermináveis dos diferentes gêneros.
sobre a classificação de uma determinada
obra ou, mais grave ainda, aprisione nossa Vale relembrar o perigo das formulações
criatividade. rígidas acrescentando que há, como vere-
mos a seguir, programas que acabam
Assim, a classificação que se segue deve misturando diferentes formatos de diferentes
servir apenas como uma orientação geral. gêneros radiofônicos! Mas a gente entende
Além disso, ela é necessariamente incomple- isso melhor só quando solta a imaginação,
ta, já que se resume aos gêneros e formatos cria os próprios programas e, muito impor-
que consideramos mais importantes dentro tante, ouve o rádio e os exemplos sonoros
da proposta do Educom
Educom. Ela também não oferecidos pelo Educom
Educom.
segue rigidamente a classificação de ne-
nhum de autor, sendo resultado tanto do Mas vamos à apresentação dos gêneros.
cruzamento de diferentes obras quanto de
nossas opiniões e experiênci-
1. MACHADO, as pessoais. Para uma
GÊNERO PUBLICITÁRIO OU COMERCIAL
Arlindo. A Televi- discussão mais É aquele que tenta seduzir, convencer, ven-
são Levada a
Sério. São Paulo, aprofundada sobre o tema der uma idéia ou produto. Seus formatos
Senac, 2001. recomendamos, entre ou- mais conhecidos são:
© Núcleo de Comunicação e Educação - NCE-ECA/USP
Supervisor: Prof. Dr. Ismar de Oliveira Soares
Gêneros e formatos radiofônicos
Jingle
Jingle: É um anúncio cantado, normalmente adotando essa posição, vale mencionar que
de melodia simples ou conhecida, que tenta alguns autores preferem dividir esse seg-
fixar a marca ou produto na memória do mento em gênero jornalístico (onde as
ouvinte. notícias seriam mais isentas) e opinativo
(onde haveria maior subjetividade) Seus
BG: É uma peça locutada com fundo musi- formatos mais usados são:
cal. Muitos comerciais de rádio e TV são
assim. Normalmente, a música de fundo é Nota: Informe curto (por volta de 30 s.) e
instrumental (a chamada trilha branca), sintético sobre um fato ou acontecimento.
para não prejudicar a compreensão da
locução. A sigla BG vem da palavra inglesa Boletim: informativo curto (com, no máxi-
background, que quer dizer fundo. mo, cinco minutos de duração) e apresenta-
do com maior frequência, que traz uma
Assinatura: É um texto curto que associa o
Assinatura: síntese das notícias mais importantes do
produto ao evento ou programa que ele dia.
patrocina (como “sob o patrocínio de...” ou
o famoso “as Pílulas de Vida do Dr. Ross Reportagem: Matéria específica e de maior
orgulhosamente apresentam...”). fôlego sobre um determinado tema. Pode
incluir entrevistas, externas, opinião do
Vinheta: É a abertura de um programa. repórter, BG, etc. Poderíamos considerar a
Normalmente traz um tema musical (como reportagem como um formato que combi-
o dos programas esportivos da Jovem Pan na elementos dos gêneros jornalístico e
ou, na TV, do Jornal Nacional, por exemplo). opinativo.

Testemunhal: É o tipo de publicidade que se Entr evista: Depoimento dado a um ou mais


Entrevista:
utiliza da “credibilidade dos comunicadores repórteres tanto em estúdio quanto em
– apresentadores e animadores de progra- externas. É esperada do repórter isenção e
mas – quando da leitura de um texto co- objetividade na elaboração das perguntas,
mercial, tendo em vista o convencimento do bem como na condução da entrevista.
público”2. Esse tipo de publicidade é muito
usado também na TV, em programas como Externa: matéria jornalística feita a partir
o do Ratinho e da Ana Maria Braga. do local do acontecimento, que não só
busca levar ao ouvinte a informação mais
Spot: É um comercial com locução que pode recente como também o clima, a
ser apoiada por trilha musical, efeitos e ambientação do local onde estão ocorrendo
ruídos. É o tipo mais criativo de peça publi- os fatos. Nesse formato, as descrições do
citária, podendo usar elementos ficcionais e repórter, suas impressões sobre o que acon-
humorísticos (contar uma história, ter tece ao seu redor e os depoimentos que
diferentes personagens, etc). consegue obter assumem grande impor-
tância.

Crônica: Pode ser esportiva, política, de


GÊNERO JORNALÍSTICO OU moda, de comportamen-
INFORMA TIV
INFORMATIV O
TIVO to, etc. O que o caracteri- 2. BARBOSA FILHO,
É aquele em que o rádio busca levar ao za é a liberdade do autor André. Gêneros
Radiofônicos. São
ouvinte a informação da forma mais atuali- em escolher o tema e de Paulo, Paulinas,
zada e abrangente. Embora não estejamos expressar suas opiniões 2003, p. 126.

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Supervisor: Prof. Dr. Ismar de Oliveira Soares
Gêneros e formatos radiofônicos
pessoais sobre o assunto em questão. Assim, GÊNERO MUSICAL
o foco da crônica é a persona do autor/ É o tipo de programa que ocupa o maior
apresentador muito mais do que a notícia espaço da programação de grande parte
em si. das rádios comerciais do país. Preferimos
Debate: ou mesa redonda. Reúne diferentes não definir diferentes formatos para esse
personalidades (preferencialmente especia- tipo de programa, já que todos se baseiam
listas sobre um determinado assunto) para, na alternância entre música e
mediados por um apresentador, expressa- locução. As variações possíveis vão
rem seus diferentes pontos de vista sobre um dos programas onde o locutor
ou mais temas. Pode incluir, também, a pouco interfere numa programa-
participação do ouvinte. ção musical quase ininterrupta
(caso da
Radiojornal: Progra- maioria
ma dividido em das FMs)
diferentes seções àqueles em
que “congrega e que cada música
reproduz outros formatos é precedida de um
jornalísticos, como as notas, notícias, longo comentário
reportagens, comentários e crônicas”3. explicativo (às vezes
do próprio au-
Documentário rradiofônico:
adiofônico: tor) ou
Formato híbrido, o mesmo
documentário radiofônico executada
pode incorpo- ao vivo.
rar elementos
de todos os
gêneros aqui
apresentados, GÊNERO DRAMÁTICO OU
já que pode FICCIONAL
incluir entre- As produções desse gênero bus-
vistas, depoimen- cam utilizar todos os recursos da
tos pessoais, opiniões e dramatização de linguagem sonora e radiofônica (música,
textos e acontecimentos. Para tanto, neces- efeitos, silêncio e vozes) para construir ambi-
sariamente exige o uso de música e efeitos. entes e personagens e, através deles, apre-
sentar histórias reais ou fictícias. Embora
P rrogr
ogramas esportiv
ogramas os: Além daqueles
esportivos: seja pouco usado no rádio brasileiro atual, é
produzidos dentro de formatos jornalísticos um gênero extremamente importante,
tradicionais (como a mesa redonda, o bole- desafiador e extremamente útil para a
tim, etc), são classificadas como programas expressão de indivíduos e comunidades.
esportivos também as transmissões de Entre seus formatos, podemos destacar:
eventos, entre as quais se destaca evidente-
mente a de futebol, com toda a tradição Rádio-no
Rádio-novv elas: Dramas radiofônicos de
que criou no país. Também são muito carac- longa duração e divididos em capítulos que,
terísticas do meio radiofônico as no Brasil, fizeram imenso sucesso no país
3. Idem,
ibidem, p. transmissões de corridas de entre as décadas de 30 e 50. Em inglês,
100. cavalo. ganharam o apelido de “soap operas” em
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Supervisor: Prof. Dr. Ismar de Oliveira Soares
Gêneros e formatos radiofônicos
virtude do fato de serem patrocinadas por plo a série “Tirando Versos da Imaginação”,
fabricantes de sabonete e endereçadas a um que trata da cantoria de viola nordestina.
público exclusivamente feminino.
Audiobiogr afia: Programa que se concentra
udiobiografia:
Seriado: “É formado por peças independen- em discutir a vida e obra de uma determi-
tes umas das outras – tramas diferenciadas nada personalidade.
com começo, meio e fim –, focalizando
personagens centrais fixos”4. P rrogr
ograma TTemático:
ograma emático: Programa voltado
para a discussão do conhecimento dentro de
P eça rradiofônica:
adiofônica: Formato ainda bastante uma área ou tema específico.
usado na Europa, a peça radiofônica é uma .........................................
produção unitária que pode ser tanto a
dramatização de uma situação social perti- Além dos formatos aqui retratados, há
nente à realidade da comunidade que o outros que não podem ser enquadrados
produz (sociodrama) como uma produção dentro de um gênero específico. Seria esse o
original ou a adaptação de um texto (livro, caso dos programas infantis e de varieda-
conto, crônica, história em quadrinhos, etc). des. Embora dedicados a públicos distintos,
eles têm em comum o fato de serem com-
P oemas dr amatizados: Sendo o poema
dramatizados:
postos por uma miscelânea de quadros –
uma obra tão ligada à expressão oral (pelo
como jogos, concursos, divulgação de even-
uso que faz da rima, do ritmo, da
tos, música, noticiários, dramatização de
aliteração, etc) ela se presta muito bem à
histórias e situações, apresentação de calou-
leitura dramática que pode ser acompanha-
ros e convidados, etc – além de reservarem
da de BG, efeitos, intervenções, sobreposições
um papel preponderante para seu apresen-
de outras vozes, etc.
tador e oferecem diferentes possibilidades de
Sketch: Quadro cômico curto que pode ser participação do seu público (ao vivo, por
apresentado no intervalo da programação. telefone, carta, internet...).

GÊNERO EDUCA
EDUCATT I VVO-CUL
O-CULTURAL
O-CULTURAL BIBLIOGRAFIA
Embora pouco usado no Brasil, esse gênero é BARBOSA FILHO, André. Gêner os
Gêneros
bastante comum em países desenvolvidos. Radiofônicos
Radiofônicos. São Paulo: Paulinas, 2003
Destina-se, como o nome diz, à transmissão
FERRARETTO, Luiz Artur. Rádio: o VVeículo,
eículo, a
de conteúdos educacionais e culturais,
História, a Técnica
Técnica. Porto Alegre: Sagra,
sendo os seus principais formatos:
2001.
Documentário educativ o-cultur
educativo-cultur al: É aquele
o-cultural:
MACHADO, Arlindo. A TTelevisão ada a
Levada
elevisão Lev
dedicado a temas artísticos, históricos,
Sério
Sério. São Paulo: Senac, 2001.
sociais e/ou culturais. Como os
documentários jornalísticos, eles também MCLEISH, Robert. P rrodução
odução de Rádio
Rádio. São
podem recorrer aos mais diferentes recursos. Paulo: Summus, 2001.
São bons exemplos de documentários
educativos-culturais produções do VÁRIOS. Onda Chev eríssima! Comunicación
Cheveríssima!
4. Idem,
ibidem, projeto “Rádio Escola”, do Ministé- par
paraa la Convivência
Convivência. Bobotá: Paulinas,
p. 118. rio da Educação, como por exem- 2003.

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