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O tribunal da internet e as redes anti-sociais

Não tem mais como frear o intensivo uso das redes sociais. Atualmente, milhões de pessoas
passam quase 100% do seu tempo conectada nos diversos aparelhos que se encontram à
venda no mercado. Em cada lançamento, o Smartphone e outros aparatos tecnológicos,
trazem uma novidade tão sensacional, que não tem quem nem queira trocar imediatamente
aquele que comprou há tão pouco tempo, e provavelmente, nem conseguiu terminar de
pagar.

Já faz alguns anos que as Redes Sociais chegaram, encantando a todos devido à
possibilidade de encontrar pessoas, comunicar de forma rápida, enviar fotos, áudios, vídeos,
entre outras atividades. Isso permitiu reencontrar amigos de infância, da escola, além de
familiares que estavam distantes, promovendo, assim, uma aproximação imediata.

Segundo o Especialista em TI pela UFRJ e MBA em Gestão de Projetos pelo IBMEC-RJ,


professor, Consultor e Palestrante, Rodrigo Moreira, “as Redes Sociais vêm transformando
nossas vidas e nosso aprendizado. A geração atual tem acesso a novas tecnologias desde
muito cedo e tem acesso a diferentes meios de informação. Estamos diante de um novo
formato de comunicação que a cada dia passa por transformações.”

Ainda de acordo com o professor, “a dependência do celular, do computador e da Internet é


crescente e, apesar de serem vícios socialmente aceitos, são igualmente nocivos, pois
alteram o comportamento dos indivíduos. Alguns especialistas acreditam que o uso
excessivo das novas tecnologias torna as pessoas mais impacientes, impulsivas e
esquecidas.”

Um dos primeiros artigos que li sobre as Redes Sociais, intitulado “O Lado Negro do
Facebook”, escrito por Alexandre de Santi e Bruno Garattoni, publicado na Revista Super
Interessante, em 2015, me chamou a atenção sobre as diversas sensações e reflexos que a
má utilização dessa Rede Social pode trazer para as pessoas.

Nele, os autores discorrem sobre como o simples ato de uma postagem sobre a viagem de
dois ou três amigos nossos, enquanto estamos no trabalho, pode trazer a sensação de que
todo mundo está de férias, ou que esses amigos viajam muito mais do que nós. Os autores
concluem que apenas o fato de vermos as fotos, poderá fazer com que nos sintamos
fracassados.

De acordo com o psiquiatra Daniel Spritzer, mestre pela UFRGS e coordenador do Grupo de
Estudos sobre Adições Tecnológicas, isso ocorre porque as pessoas tendem a mostrar só
as coisas boas no Facebook, e, portanto, achamos que aquilo reflete a totalidade da vida
delas, ”A pessoa não vê o quanto aquele amigo trabalhou para conseguir tirar as férias”, diz
Spritzer.

Em um meio competitivo, onde precisamos mostrar como estamos felizes o tempo todo, há
pouco incentivo para diminuir o ritmo e prestar atenção em alguém que precisa de ajuda. Há
muito espaço, por outro lado, para o egocentrismo.

Um fato que tem chamado minha atenção nas Redes Sociais, principalmente no Facebook,
refere-se a como o ódio e a intolerância têm sido disseminados nas postagens ou
comentários, sem o menor senso de caráter e empatia. Se as Redes Sociais têm o objetivo
de aproximar pessoas, de uns tempos para cá, elas têm sido um verdadeiro campo de
guerra, um tribunal da internet, com o crescimento do narcisismo e da competição, além, do
conflito de opiniões no que se refere à religião, preferência sexual, política, futebol e
relacionamentos.

Tenho acompanhado postagens e notícias pelo Brasil e no mundo, relacionadas a diversos


assuntos. Ao ler os comentários, chego a ficar perplexa diante de ataques e palavrões entre
pessoas que nem se conhecem. Há pouco tempo, sentimos isso de uma maneira bem
intensa, na época das eleições presidenciais. Amizades e grupos foram, e continuam sendo
desfeitas, e nesse caso, até mesmo na vida real. Havia um ódio espalhado pelos lugares por
onde passávamos e as pessoas pareciam estar sentadas em um barril de pólvora, de tanto
que estavam tensas e estressadas.

Se o objetivo da conexão através da internet é de nos aproximar uns dos outros, parece que
está ocorrendo um efeito contrário: o ódio está afastando amigos e familiares. Quando
temos uma conta no Facebook, no Instagran, ou no WhatsApp, compartilhamos diversas
informações para as pessoas, são denominados AMIGOS. Portanto, uma relação de
amizade deve ser baseada no respeito e na confiança. Não adianta nada ter mais de 3.000
“amigos” virtuais, se o relacionamento será de desrespeito e ódio.

Orkut Büyükkökten, criador da Rede Social que levava o seu nome, cita em um artigo que
um dos motivos que explicam esse campo de batalha nas redes sociais é a cultura do
narcisismo, pois estamos “cercados de espelhos, que refletem não verdadeiramente como
nos sentimos, mas o que queremos que o mundo veja em nós”.

O que se observa é que as pessoas evitam expressar suas opiniões na vida real, pois
sabem das consequências legais, porém, no contato virtual, sentem-se mais “protegidas”
para disseminar seus pensamentos de ódio e preconceito. Enquanto na vida real, fora da
tela do computador ou do smartphone, se seguram para não expressar opiniões
preconceituosas e agressivas, com medo das consequências, esses comportamentos são
liberados na vida virtual.

Será que não é um bom momento para refletirmos sobre o impacto e a importância das
Redes Sociais em nossa vida e comportamento? Quem sabe possamos fazer uma grande
“faxina” e vermos se temos maior quantidade ou qualidade em relação aos nossos contatos
virtuais? Também poderá ser bom encontrarmos com nossos amigos em casa, no cinema,
na escola, e dar mais abraços e beijos do que aquelas figurinhas que enviamos.

Antes de compartilharmos qualquer informação, vamos pensar no impacto das palavras,


áudios ou fotos. Dar a nossa opinião é um direito que temos, porém, plantar a discórdia e
atacar em um espaço onde todos têm acesso chega a ser imoral.

Torço para que chegue o dia em que as Redes Sociais serão utilizadas para disseminar a
Paz, o Amor, as ações humanitárias e reunir os verdadeiros amigos, aproximando pessoas,
Instituições e empresas. Quem sabe assim possamos conseguir espalhar o Amor?

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