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Apostila

Gestão Ambiental
Unidade 6

2017
2019
Riscos Físicos
Unidade VI

Aula 06 – Riscos físicos

INTRODUÇÃO
As atividades desenvolvidas em laboratórios e serviços de saúde, na sua
maioria, envolvem riscos físicos, decorrentes da presença de agentes físicos
no ambiente laboral (MASTROENI, 20006).
Consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de energia a que
possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, calor, frio, pressão,
umidade, radiações ionizantes e não ionizantes, vibração etc. (FIOCRUZ).
Considerando o tipo de atividade e equipamentos mais usuais em laboratórios
e serviços de saúde, verifica-se que os agentes físicos mais frequentes são a
temperatura extrema, especificamente o calor, as radiações ionizantes e não
ionizantes e o ruído (MASTROENI, 20006).
A diversidade e a potencialidade dos riscos físicos, bem como a descoberta de
doenças profissionais vêm estimulando estudos que têm como objetivo não
somente o controle desses riscos, mas também a sua prevenção, por meio da
elaboração de programas de segurança eficientes, dinâmicos e integrados,
cuja principal missão visa à eliminação ou redução dos riscos. O sucesso
desses programas depende fundamentalmente do envolvimento de todos, em
que cada indivíduo é responsável pelo cumprimento e por fazer cumprir
exigências deles. Aliado a isso, é necessária a participação da direção e da
empresa mediante apoio constante e decidido na política de segurança,
garantindo recursos adequados (MASTROENI, 20006).

TEMPERATURA EXTREMA - CALOR


Sobrecarga térmica é a quantidade de energia que o organismo deve dissipar
para atingir o equilíbrio térmico. Os trabalhadores expostos a trabalhos com
temperaturas extremas estão propensos a problemas como desidratação,
cãibras, choques térmicos, catarata e outros. Esses problemas, geralmente,

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aparecem devido à exposição excessiva a situações térmicas extremas com
desgaste físico que poderá tornar-se irreparável se medidas de controle não
forem adotadas. A exposição ao calor dependerá de variáveis como
temperatura, umidade e velocidade do ar, bem como do calor radiante e da
atividade exercida (PEIXOTO, 2011).
São medidas de controle para atenuar a exposição ao calor: aclimatação
(adaptação lenta e progressiva do indivíduo a atividades que o exponham ao
calor), limitação do tempo de exposição, educação e treinamento, controle
médico e medidas de conforto térmico (ventilação, exaustão) etc. (PEIXOTO,
2011).

RUÍDO
O ruído é o fenômeno físico vibratório com características indefinidas de
variações de pressão (no caso ar) em função da frequência, isto é, para uma
dada frequência, podem existir, em forma aleatória através do tempo, variações
de diferentes pressões (SALIBA, 2004). Ruído é definido como um som
indesejável, já a National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH,
1998) define como um som errático, intermitente ou com oscilação
estaticamente aleatória.
O ruído é considerado um som capaz de causar uma sensação indesejável e
desagradável para o trabalhador (PEIXOTO, 2011).
Níveis sonoros, quando acima da intensidade, conforme legislação específica,
podem causar inúmeros danos à saúde do trabalhador. O primeiro efeito
fisiológico de exposição a níveis altos de ruído é a perda de audição na banda
de frequência de 4 a 6 kHz. Outros efeitos causados pelo ruído alto nos seres
humanos: aceleração da pulsão, fadiga, nervosismo etc. (PEIXOTO, 2011).
As medidas de controle do ruído dependem de técnicas de engenharia e de
conhecimento detalhado do processo industrial em questão. A melhor maneira
de se atenuar a exposição ao ruído são as medidas de controle coletivo, ou
seja, controlar o ruído diretamente na fonte geradora e na sua trajetória.
Quando isso não for possível, deve-se recorrer ao uso de protetores
auriculares (EPI). Como medidas de controle, podem se citar a substituição do

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equipamento por outro menos ruidoso, a lubrificação, o isolamento acústico e a
manutenção (PEIXOTO, 2011).

RADIAÇÕES IONIZANTES
São provenientes de materiais radioativos como é o caso dos raios alfa, beta e
gama ou produzida artificialmente em equipamentos. Os raios alfa e beta
possuem menor poder de penetração no organismo, portanto, oferecem menor
risco (PEIXOTO, 2011).
Os raios X e gama possuem alto poder de penetração no organismo, podendo
produzir anemia, leucemia, câncer e alterações genéticas. Do ponto de vista do
estudo das condições ambientais, as radiações ionizantes de maior interesse
de uso industrial são os raios X, gama e beta, e de uso não industrial são os
raios alfa e nêutrons, cada um com uma faixa de comprimento de onda
(PEIXOTO, 2011).
A radiação ionizante tornou-se há muitos anos parte integrante da vida do
homem. Sua aplicação ocorre na área da medicina até as armas bélicas,
contudo, sua utilidade é indiscutível. Atualmente, por exemplo, a sua utilização
em alguns exames de diagnóstico médico, por meio da aplicação controlada da
radiação ionizante (a radiografia é mais comum), é uma metodologia de
extremo auxílio. No entanto, os efeitos da radiação não podem ser
considerados inócuos, a sua interação com os seres vivos pode levar a
teratogenias e até a morte. Os riscos e os benefícios devem ser ponderados. A
radiação é um risco e deve ser usada de acordo com os seus benefícios. Na
área da saúde, as radiações ionizantes podem ser utilizadas tanto no
tratamento quanto para diagnóstico como podemos visualizar em alguns
exemplos abaixo (FIOCRUZ):
 Radioterapia: consiste na utilização da radiação gama, raios X ou feixes de
elétrons para o tratamento de tumores, eliminando células cancerígenas e
impedindo o seu crescimento. O tratamento consiste na aplicação
programada de doses elevadas de radiação, com a finalidade de atingir as
células cancerígenas, causando o menor dano possível aos tecidos sãos
intermediários ou adjacentes.

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 Braquiterapia: trata-se de radioterapia localizada para tipos específicos de
tumores e em locais específicos do corpo humano. Para isso, são utilizadas
fontes radioativas emissoras de radiação gama de baixa e média energia,
encapsuladas em aço inox ou em platina, com atividade da ordem das
dezenas de Curies. A principal vantagem é que a proximidade da fonte
radioativa afeta mais precisamente as células cancerígenas e danifica menos
os tecidos e órgãos próximos.
 Aplicadores: são fontes radioativas de emissão beta distribuídas numa
superfície, cuja geometria depende do objetivo do aplicador. Muito usado em
aplicadores dermatológicos e oftalmológicos. O princípio de operação é a
aceleração do processo de cicatrização de tecidos submetidos a cirurgias,
evitando sangramentos e queloides, de modo semelhante a uma cauterização
superficial. A atividade das fontes radioativas é baixa e não oferece risco de
acidente significativo sob o ponto de vista radiológico. O importante é o
controle do tempo de aplicação no tratamento, a manutenção da sua
integridade física e o armazenamento adequado dos aplicadores.
 Radioisótopos: existem terapias medicamentosas que contêm radioisótopos
que são administrados ao paciente por meio de ingestão ou injeção, com a
garantia da sua deposição preferencial em determinado órgão ou tecido do
corpo humano. Por exemplo, isótopos de iodo para o tratamento do cancro na
tiroide.
 Radiografia: a radiografia é uma imagem obtida por um feixe de raios X ou
raios gama que atravessa a região de estudo e interage com uma emulsão
fotográfica ou tela fluorescente. Existe uma grande variedade de tipos,
tamanhos e técnicas radiográficas. As doses absorvidas de radiação
dependem do tipo de radiografia. Como existe a acumulação da radiação
ionizante, não se devem tirar radiografias sem necessidade e, principalmente,
com equipamentos fora dos padrões de operação. O risco de dano é maior
para o operador, que executa rotineiramente muitas radiografias por dia. Para
evitar exposição desnecessária, deve-se ficar o mais distante possível no
momento do disparo do feixe ou protegido por um biombo com blindagem de
chumbo.

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 Tomografia: o princípio da tomografia consiste em ligar um tubo de raios X a
um filme radiográfico por um braço rígido que gira ao redor de um
determinado ponto, situado num plano paralelo à película. Assim, durante a
rotação do braço, produz-se a translação simultânea do foco (alvo) e do filme.
Obtêm-se imagens de planos de cortes sucessivos, como se observássemos
fatias seccionadas, por exemplo, do cérebro. Não apresenta riscos de
acidente, pois é operada por eletricidade, e o nível de exposição à radiação é
similar. Não se devem realizar exames tomográficos sem necessidade, devido
à acumulação de dose de radiação.

A minimização dos efeitos da radiação nos trabalhadores inicia pela avaliação


de risco, o correto planejamento das atividades a serem desenvolvidas, a
utilização de instalações e de práticas corretas, de tal forma a diminuir a
magnitude das doses individuais, o número de pessoas expostas e a
probabilidade de exposições acidentais (FIOCRUZ).
Os equipamentos de proteção (EPC e EPI) devem ser utilizados por todos os
trabalhadores, além de ser observada a otimização dessa proteção pela
elaboração e execução correta de projeto de instalações laboratoriais, na
escolha adequada dos equipamentos e na execução correta dos
procedimentos de trabalho (FIOCRUZ). Por outro lado, o controle das doses
nos trabalhadores deve considerar três fatores: tempo, distância e blindagem.
A garantia de que as condições de trabalho é adequada do ponto de vista da
proteção pode ser obtida por meio do levantamento radiométrico da instalação.
Essa medida tem por objetivo verificar se, durante a operação, a instalação
apresenta níveis de segurança adequados aos trabalhadores (FIOCRUZ).
O controle à exposição ocorre pela monitorização, sendo que esse processo
tem como objetivo garantir a menor exposição possível aos trabalhadores e
garantir que os limites de dose não são superados. Os tipos de monitorização
podem ser (FIOCRUZ):
 Pessoal: procura estimar a dose recebida pelo trabalhador durante as suas
atividades envolvendo radiação ionizante. As doses equivalentes são
determinadas pela utilização de um ou vários dosímetros que devem ser
usados na posição que forneça uma medida representativa da exposição nas
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partes do corpo expostos à radiação. No caso do trabalhador usar diferentes
tipos de radiação, então diferentes tipos de dosímetros devem ser utilizados.
 De área: tem por objetivo a avaliação das condições de trabalho e verificar se
há presença radioativa. Os resultados das medidas efetuadas com os
monitores da área devem ser comparados com os limites primários ou
derivados, a fim de se tomar ações para garantir a proteção necessária.

RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES


As não ionizantes são radiações eletromagnéticas cuja energia não é suficiente
para ionizar os átomos dos meios nos quais incide ou os quais atravessa. São
consideradas pela legislação, como não ionizantes, as radiações
infravermelhas, micro-ondas, ultravioleta e laser. Os efeitos das radiações não
ionizantes sobre o organismo humano dependem dos seguintes fatores: tempo
de duração e intensidade da exposição, comprimento de onda da radiação e
região do espectro em que se situam (FIOCRUZ). Os principais tipos de
radiações não ionizantes são radiofrequências, raios infravermelho, micro-
ondas, ultravioleta e laser. No entanto, os mais usuais presentes nas atividades
de laboratório e serviços de saúde são: as radiações infravermelha, ultravioleta
e laser.
 Raios infravermelhos: emitidos por corpo que se encontra em temperaturas
mais altas do que a do ambiente onde está localizada. É conhecida como
calor radiante, e seu principal efeito no organismo humano é térmico,
podendo provocar queimaduras, cataratas e até lesões na retina. Nas
atividades e ambiente de serviços de saúde, é utilizada em fisioterapia e em
alguns sistemas de aquecimento ambiental.
 Ultravioleta: ocorre numa faixa de espectro eletromagnético
aproximadamente de 400 nm a 10 nm, e seus efeitos são característicos para
várias subfaixas do espectro², ou seja, luz negra (400-350 nm) eritemática
(350-270 nm), germicida (270-230 nm), ozona (230-150 nm) e ação sobre os
sistemas moleculares (150-100 nm). Dessas faixas, as que apresentam
maiores riscos são a eritemática e a germicida, usadas no processo de
esterilização e com efeitos bactericida e germicida. Em caso de exposição

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excessiva, podem ocorrer queimaduras e, em algumas condições, quadro de
conjuntivite.
 Laser: emitida exclusivamente com um único comprimento de onda, no qual a
radiação é altamente concentrada com dispersão insignificante, sendo emitida
em uma direção. Os equipamentos podem ser construídos para emitir a
radiação dentro da faixa do infravermelho visível ou ultravioleta. Nas
atividades de saúde e laboratoriais, pode ser usado em procedimentos
cirúrgicos, em destruição de tumores e cauterizações, bem como
equipamentos analíticos. A radiação a laser pode afetar os olhos e provocar
queimaduras na pele mesmo a baixa potência e, mesmo em frações de
segundos, uma exposição inadequada pode causar lesão grave e
permanente.

REFERÊNCIAS
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/radiacao.html. Acesso em:
06 jun. 2019.
https://www.inca.gov.br/exposicao-no-trabalho-e-no
ambiente/radiacoes/radiacoes-ionizantes. Acesso em 06/06/2019
https://www.inca.gov.br/exposicao-no-trabalho-e-no
ambiente/radiacoes/radiacoes-nao-ionizantes. Acesso em: 06 jun. 2019.
MASTROENI, M. F. Biossegurança aplicada a laboratórios e serviços de
saúde. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2006.
PEIXOTO, N. H. Segurança do trabalho. Curso técnico em automação
industrial: segurança do trabalho. 3. ed. Santa Maria: Universidade Federal de
Santa Maria; Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, 2011.
SALIBA, T. M. Higiene do trabalho e programa de prevenção de riscos
ambientais. São Paulo: LTR, 1998.

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