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Ao abordar a educação, torna-se importante considerar o caráter

multidimensional do aprender, das construções sociais, dos processos históricos,


contextos políticos e as singularidades da cultura. A tentativa de encontrar a interseção
entre Pedagogia, Filosofia, Política e Condições Socioculturais não pode ser confundida
com homogeneização ou enquadramento teórico, pois essa forma de pensar pode levar
ao reducionismo. O ponto central pretendido nesta discussão se encontra nas
possibilidades experimentais permitidas pela prática (LEIS, 2005).
Compreendendo a pedagogia como o meio para instrumentalizar o estudo dos
fenômenos educacionais e os aspectos sociais envolvidos neste processo, pensar sua
relação com outros campos torna-se necessária e, até certo ponto, natural. A filosofia
nos permite discutir questões fundamentais ligadas ao conhecimento, e ao realizar o
exercício de pensar a educação, os contextos não podem ser ignorados. Pensar a
educação permite a ação, e o agir se dá na realidade.
Analisando o contexto brasileiro, as marcas históricas da desigualdade se tornam
evidentes. O Brasil tem em seu campo educacional grandes desafios, e muito disso se
deve à construção do cenário econômico e político do país, que durante longo período, e
o mesmo ainda ocorre na atualidade, atendeu interesses externos aos da população
brasileira. Por exemplo, os séculos da exploração portuguesa, seguidos pela
globalização da economia após a revolução industrial, além dos constantes interesses
individuais das burguesias, que exploraram e exploram o trabalhador. Neste cenário, a
educação tornou-se mercadoria, pois nela se encontra a possibilidade de mudanças de
paradigmas. O desinteresse, por parte das classes dominantes, em permitir uma
educação para todos e de qualidade se explica através do risco que ela representa à
manutenção da dominação que exercem.
O embate que surge nesta discussão é a luta de classes, que se caracteriza pelos
conflitos de interesses entre os sujeitos que compõem a sociedade. Analisando-se as
correntes teóricas da educação e suas evoluções, a luta de classes não deve ser ignorada,
pois ela é o combustível que movimenta as transformações (CAMILLO; MEDEIROS,
2018).
Neste cenário, é preciso pensar a educação que rompa com a estrutura de
dominação e para isso é necessário pensar fora das limitações que o sistema de
produção capitalista impõe. A educação deve permitir ao trabalhador a possibilidade de
desenvolver suas potencialidades, a criação de sua própria existência, o pensamento e a
transformação de sua própria realidade subjetiva e intersubjetiva (PEREIRA; LIMA,
2008).

Referências

CAMILLO, Cíntia Moralles; MEDEIROS, Liziany Müller. Teorias da educação. Santa Maria, RS :
UFSM, NTE, 2018.

LEIS, Hector Ricardo. Sobre o conceito de interdisciplinaridade. Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar


em Ciências Humanas, Florianópolis, v. 6, n. 73, p. 2-23, jan. 2005. ISSN 1984-8951. Disponível em:
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/cadernosdepesquisa/article/view/2176>. Acesso em: 21 mar. 2020.

PEREIRA, Isabel Brasil; LIMA, Júlio César França. Dicionário da educação profissional em saúde. 2 ed.
rev. ampl. Rio de Janeiro: EPSJV, 2008.

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