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Análise Comparativa da Estabilidade de Taludes nas Condições Saturada e Não


Saturada

Conference Paper · November 2017

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Carla Beatriz Costa de Araújo Mateus Torres Campos


Universidade Federal do Ceará Universidade de Fortaleza
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XII Conferencia Brasileira sobre Estabilidade de Encostas
COBRAE 2017 - 2 a 4 Novembro
Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
© ABMS, 2017

Análise Comparativa da Estabilidade de Taludes nas Condições


Saturada e Não Saturada
Carla Beatriz Costa de Araújo
Professora Universidade de Fortaleza, Fortaleza. Brasil. carlabeatriz@unifor.br
Doutoranda Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Brasil
Ana Jéssica Freitas Mendes
Universidade de Fortaleza, Fortaleza, Brasil, jessicamendes.fr@gmail.com
Jane Kathleen Pereira Gomes
Universidade de Fortaleza, Fortaleza, Brasil, jane-kathleen@hotmail.com
Lucas Melo Monteiro
Universidade de Fortaleza, Fortaleza, Brasil, melomonteiro@email.arizona.edu
Mateus Torres Campos
Universidade de Fortaleza, Fortaleza, Brasil, mateustorrescampos@gmail.com
Matheus Matos Magalhães
Universidade de Fortaleza, Fortaleza, Brasil, mattheusmm@hotmail.com

Victor Menezes do Vale


Universidade de Fortaleza, Fortaleza, Brasil, victorvale14@gmail.com
Silvrano Adonias Dantas Neto
Professor Universidade Federal do Ceará. Brasil. silvrano@ufc.br

Dennis Teixeira Rodrigues


Universidade de Fortaleza, Fortaleza, Brasil, dennisifce@hotmail.com

RESUMO: Taludes de solo e/ou rocha existem naturalmente, ou podem ser construídos pelo
homem nas mais diversas obras, em forma de corte (escavações) e aterros. Em períodos chuvosos,
há um aumento do grau de saturação, o que provoca uma redução da sucção e afeta diretamente a
resistência ao cisalhamento do solo, sendo esta reduzida, podendo levar o talude à ruptura. Neste
estudo, é avaliado o comportamento de um talude hipotético de solo nas condições saturada e não
saturada, levando em consideração seus mecanismos de resistência. Após caracterização do solo em
análise, o mesmo foi definido, de acordo com a classificação do Sistema Unificado de Classificação
dos Solos – SUCS, como sendo uma areia siltosa. Foram realizados ensaios de cisalhamento em
amostras de solo, as quais apresentaram valores de ângulo de atrito de 41,25° e coesão de 18 kPa na
condição não saturada e ângulo de atrito de 41,49° e coesão de 6 kPa, na condição saturada. A
análise da estabilidade do talude foi realizada na Universidade Federal do Ceará, foi utilizado o
software Slide, da Rocscience. O valor do fator de segurança tanto pelo método de Bishop quanto
pelo método de Morgenstern-Price para as condições não saturada e saturada foram de 2,2 e 1,3,
respectivamente. Portanto, o aumento do grau de saturação do solo em taludes de terra, o que ocorre
principalmente em épocas de chuvas, influencia diretamente na estabilidade do talude, ocasionando
uma redução do fator de segurança.

PALAVRAS-CHAVE: Taludes, estabilidade, condição saturada, condição não saturada.

COBRAE 2017, Florianópolis/SC, Brasil.


1 INTRODUÇÃO
2 ESTABILIDADE DE TALUDES
Segundo Caputo (1987), taludes compreendem
quaisquer superfícies inclinadas que limitam um Segundo Augusto Filho e Virgili (1998), os
maciço de terra, de rocha, ou de terra e rocha. taludes ou as encostas naturais são definidos
Tais superfícies se formam naturalmente, por como superfícies inclinadas de maciços
meio dos processos geológicos, sendo terrosos, rochosos ou mistos (solo e rocha),
denominadas de encostas, ou podem ser oriundos de formações geológicas e
construídas pelo homem nas mais diversas geomorfológicas, podendo ser alteradas pelo
obras, como barragens e estradas, por meio de homem, por meio de cortes, desmatamentos,
cortes e aterros. acréscimo de cargas, etc. Em taludes naturais, o
No Brasil, devido ao forte crescimento de ângulo de inclinação geralmente corresponde ao
centros urbanos comerciais, tem-se maior ângulo na qual o maciço encontra-se em
intensificado o número de conjuntos equilíbrio. Portanto, os escorregamentos
habitacionais em locais considerados de risco, ocorrem quando a inclinação do talude excede
como encostas. Essas regiões tornam-se àquela imposta pela resistência ao cisalhamento
suscetíveis à ocorrência de desastres, como do maciço, além dos casos em que ocorre a
escorregamentos ou deslizamentos de terra, presença de água, capaz de afetar diretamente
devido ao acréscimo de tensões no solo, além nos mecanismos de resistência do solo.
da alteração dos mecanismos de resistência do A resistência dos solos é o resultado da ação
mesmo quando exposto a condições adversas. conjunta do ângulo de atrito e da coesão. Logo,
Segundo pesquisa realizada pelo Instituto a determinação desses parâmetros no estudo de
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, estabilidade de taludes é essencial para a correta
2013), 2,1 milhões de pessoas foram caracterização do solo e a interpretação dos
desabrigadas ou desalojadas entre 2008 e 2012, resultados das análises de estabilidade
no território nacional, em decorrência de (OLIVEIRA, 2006).
desastres naturais. Foram registrados 2.065 Para análise de estabilidade de talude é
municípios atingidos por enchentes ou fundamental a determinação do fator de
enxurradas e 895 municípios por deslizamentos. segurança (FS) no qual a estrutura se encontra.
É importante ressaltar que apenas os Esse fator é definido numericamente como
deslizamentos de terra registraram óbitos, o que sendo a razão entre a resistência ao
evidencia a importância do estudo da cisalhamento disponível do solo ( ) e a tensão
estabilidade de taludes. de cisalhamento mobilizada ( ), a fim de
Uma das razões desses deslizamentos manter o equilíbrio do corpo deslizante, de
estarem ligados a enchentes e acontecerem em acordo com a Equação 1:
períodos de chuva se deve à infiltração de água
pluvial nos taludes, tendo em vista que o solo se = (1)
comporta de maneira diferente nas condições
saturada e não saturada. Dessa forma, uma
Dessa forma, para valores de FS acima de
análise dos mecanismos de resistência do solo
1,0, o talude apresenta-se estável, porém,
nessas situações se torna fundamental na
quanto mais próximo de 1,0 for esse valor,
obtenção de informações que viabilizem a
maior será a tendência de ruptura.
prevenção desses desastres.
Horst (2007) afirma que a análise de
O presente trabalho tem por objetivo avaliar
estabilidade de taludes envolve um conjunto de
a influência da saturação nos mecanismos de
procedimentos visando à determinação de um
resistência do solo e as suas implicações na
índice ou de uma grandeza que permita
estabilidade do talude por meio de análise
quantificar o quão próximo da ruptura um
comparativa do mesmo, nas condições saturada
determinado talude ou uma encosta se encontra
e não saturada, apresentando os resultados
num determinado conjunto de condicionantes
obtidos a partir de simulação feita em software.
atuantes. Dessa forma, existem diversos

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métodos propostos que se diferem quanto às ângulo que a força normal atuante na base da
equações de equilíbrio usadas, quanto à forma fatia faz com o eixo vertical; c’ é a coesão
da superfície de ruptura considerada, e quanto efetiva do solo; u é a poropressão média na base
às hipóteses sobre as forças entre as fatias do da fatia e ϕ’ é o ângulo de atrito efetivo do solo.
talude. O método de Morgenstern-Price (1965) é
aplicado a uma superfície de ruptura qualquer e
2.1 Métodos de Estabilidade de Talude suas condições de estabilidade satisfazem
simultaneamente todas as condições de
Os dois métodos utilizados nesse trabalho são equilíbrio de forças e momentos. São
baseados na teória do Equilíbrio Limite e consideradas fatias infinitesimais as quais
utilizam a métodologia das fatias, contudo, contêm três icógnitas: as forças de interação
diferem nas hipóteses adotadas. entre as fatias (X e E) e a posição da linha de
O método de Bishop (1955) simplificado pressão (y’). Para tornar o problema em questão
considera uma superfície de ruptura circular e estaticamente determinado, o método considera
parte da hipótese que a força resultante entre as uma função arbitrária que descreve a variação
fatias é horizontal e que elas se anulam. A da relação entre X e E e um fator de escala λ. A
Figura 1 ilustra as forças atuantes em uma fatia Figura 2 ilustra as forças atuantes em uma fatia
por esse método. por esse método.

Figura 2: Forças atuantes em uma fatia pelo método de


Figura 1: Forças atuantes em uma fatia pelo método de Morgenstern-Price (1965). (Ferreira, 2012).
Bishop (1955). (Ferreira, 2012).
É admitida a relação expressa pela Equação
O fator de segurança é obtido pelas 4:
Equações 2 e 3. A solução resulta de um
processo iterativo onde se arbitra o valor do * = +. -(.). /
fator de segurança inicial (FSi) e calcula-se o (4)
fator FS, o processo é repetido até que o valor
de FS se iguale ao valor de FSi. Onde: λ é a constante a ser determinada por
∑( ( )
processo iterativo; E é a força horizontal entre
)
=∑ as fatias e f(x) uma função que precisa ser
(2) especificada.
Para se chegar ao fator de segurança e de λ
procede-se à integração das equações
= !"#$(1 & ) diferenciais referentes ao equilíbrio das forças e
'()
(3) dos momentos e, posteriormente, efetua-se um
processo iterativo.
Onde:
W é o peso da fatia; b é a largura da fatia; α é o 2.2 Saturação

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que pode ser associada à variação do grau de
Segundo Ventura (2009), a água é o principal saturação do solo. A ação da água infiltrada no
fator de instabilidade em taludes, podendo atuar maciço desencadeia movimentos de massa
de diferentes maneiras. Os principais através da criação da frente de saturação
mecanismos onde as águas de superfície podem (PARIZZI et al., 2009). Nessas condições, há o
atuar, de forma a desencadear escorregamentos aumento da poro-pressão e, consequentemente,
são os seguintes: diminuição da coesão a redução das tensões efetivas do solo,
aparente, variação do nível piezométrico em diminuindo a resistência ao cisalhamento.
massas homogêneas e elevação da coluna Alguns autores como Lambe e Whitman
d´água em descontinuidades (ABGE, 1998). A (1969) consideram o solo não saturado como
água também pode alterar a geometria do talude um sistema trifásico constituído pela fase
a partir do desenvolvimento de erosões, atuando líquida, gasosa e sólida. Porém, uma quarta fase
como fator determinante nos processos de é admitida por Fredlund e Morgenstern (1977) ,
intemperismo e alterando o comportamento dos a interface ar-água, também é conhecida como
solos não saturados, por meio da variação das membrana contrátil.
pressões atuantes. Na Figura 3, pode-se Segundo Lopes (2006), a tensão superficial,
observar o resultado da tensão superficial da existente na coesão aparente, é a característica
água nos vazios do solo, ou seja, a coesão mais importante da membrana contrátil, ou seja,
aparente que forma superfícies curvas de água a possibilidade da mesma exercer uma tensão
entre as partículas de solos parcialmente de tração nos materiais em contato. Devido à
saturados, aproximando-as. ação dessa tensão, a interface ar-água comporta-
se como uma membrana elástica. Para o caso da
fase gasosa se apresentar contínua, tal
membrana interage com as partículas sólidas,
influenciando o comportamento mecânico do
solo.
De acordo com Lambe e Whitman (1979), à
medida que o teor de água do solo aumenta, a
água age como lubrificante entre as partículas
do solo, diminuindo o atrito entre eles. De
modo geral, o ângulo de atrito de uma areia
saturada é aproximadamente igual ao da areia
seca, ou só um pouco menor, com exceção do
Figura 3 – Coesão aparente. (Fonte: Pinto, 2006) caso de areias com grãos muito irregulares e
fissurados, nas quais a água reduz a resistência
Em solos não saturados, Fredlund e Rahardjo dos cantos da partícula. Assim, a redução da
(1993) consideram que a presença de uma coesão aparente, da sucção e do ângulo de atrito
pressão negativa nos poros, também conhecida decorrentes do aumento da saturação no solo
representam um conjunto de fatores que
como sucção, é um dos principais fatores de
influenciam consideravelmente na ruptura de
alteração do comportamento geomecânico dos
taludes (PINTO, 2006).
solos residuais, podendo causar a estabilização
de um talude natural a partir de um acréscimo 3 METODOLOGIA
na resistência do solo ou, de uma forma inversa,
instabilizá-lo a partir de uma diminuição em sua Visando comparar a estabilidade de um talude
resistência, através da sua saturação. hipotético nas condições saturada e não
Menezes e Campos (1992) identificaram a saturada, foi coletada uma amostra de solo no
possibilidade de ocorrência de rupturas de Campus da Universidade de Fortaleza –
taludes em decorrência da redução da sucção UNIFOR, a qual foi submetida a ensaios de

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caracterização, dentre eles: densidade real dos 300

TENSÃO CISALHANTE (KPA)


grãos, teor de umidade, granulometria, limite de 250
liquidez e limite de plasticidade. Depois de 200
caracterizada a amostra seria submetida ao 150
ensaio de cisalhamento direto a fim de obter os 100
parâmetros de resistência, ângulo de atrito e 50
coesão. 0
Para realização do ensaio de cisalhamento, a 0 1 2 3
amostra foi ensaiada na umidade ótima, valor DESLOCAMENTO (MM)
esse obtido por meio do ensaio de compactação
do solo, no qual a energia de compactação 50 kPa 100 kPa
utilizada foi a Proctor Intermediário, baseado na 200 kPa 300 kPa
NBR 7182.
No ensaio de cisalhamento direto foram Gráfico 2 – Curva Tensão x Deformação (amostra
aplicadas, em 4 corpos de prova, tensões saturada).
normais de 50; 100; 200 e 300 kPa,
respectivamente, para determinar os valores de
coesão e ângulo de atrito do solo. Os Gráficos 1 350
e 2 apresentam a relação entre tensão cisalhante
e deformação das amostras não saturada e TENSÃO CISALHANTE (KPA) 300
y = 0,886x + 18
saturada, respectivamente. Os Gráficos 3 e 4 250
apresentam a relação entre tensão cisalhante e
200
tensão normal das amostras não saturada e
saturada, respectivamente. 150

100
400
TENSÃO CISALHANTE (KPA)

50
300
0
200 0 100 200 300 400
100 TENSÃO NORMAL (KPA)

0
0 1 2 3
Gráfico 3 – Gráfico Tensão Cisalhante x Tensão Normal
DESLOCAMENTO (MM) (amostra não saturada).

50 kPa 100 kPa


300
200 kPa 300 kPa
TENSÃO CISALHANTE (KPA)

y = 0,877x + 6
250
Gráfico 1 – Curva Tensão x Deformação (amostra não
saturada). 200

150

100

50

0
0 100 200 300 400
TENSÃO NORMAL (KPA)

Gráfico 4 – Gráfico Tensão Cisalhante x Tensão Normal


(amostra saturada).

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granulométrica do material.
Os parâmetros utilizados – obtidos por meio
do ensaio de cisalhamento direto – para cálculo 100
do fator de segurança estão dispostos nas 90
Tabelas 1 e 2 seguintes: 80
70

% Passante
Tabela 1 – Parâmetros do solo não saturado. 60
Coesão (kPa) Ângulo Peso Específico 50
de Atrito (kN/m³)
40
(°)
18 41,5 18,8 30
20
Tabela 2 – Parâmetros do solo saturado. 10
Coesão (kPa) Ângulo Peso Específico 0
de Atrito (kN/m³) 0,01 0,1 1 10 100
(°) Diâmetro dos grãos (mm)
6 41,25 19,2
Gráfico 5 – Curva granulométrica.
De posse destes resultados, foi simulada uma O solo foi definido como um material não
situação comparativa, no software Slide, da plástico (Índice de Plasticidade = 0) e o valor da
Rocscience, de um talude com a geometria umidade ótima do solo é de 7,9%.
mostrada na Figura 4 nas condições saturada e As Figuras 5 à 8 ilustram os resultados de
não saturada, a fim de analisar a influência da fator de segurança para as condições não
saturação na estabilidade de taludes. O talude saturada e saturada, calculados pelos métodos
apresenta uma inclinação de 45°, ou seja, de Bishop simplificado (1955) e Morgenstern-
proporção de 1 m na vertical para 1 na Price (1965), das simulações feitas no software.
horizontal, com altura de 8 metros. Na Tabela 3 encontram-se os resultados das
simulações.

Figura 4 – Geometria do talude (dimensões em metros).


Figura 5 – FS (Bishop) na condição não saturada.
4 RESULTADOS

A amostra utilizada para o estudo foi


caracterizada como uma areia siltosa mal
graduada quando classificada pelo SUCS
(Sistema Unificado de Classificação dos Solos)
e A-2-4 pelo Sistema Rodoviário de
Classificação, o que equivale a areia e areia
siltosa ou argilosa, pois apresentou
porcentagens insignificantes de pedregulho e
areia grossa, além de 9,3% de areia média e
90,6% de areia fina. O Gráfico 5 mostra a curva Figura 6 – FS (Bishop) na condição saturada.

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Observou-se que o valor do FS do talude
com solo na condição não saturada foi
aproximadamente 1,75 vezes superior ao valor
obtido com solo na condição saturada.
Dessa forma, os resultados evidenciaram que
o talude com solo na condição não saturada
apresentou valor de FS superior ao valor
mínimo normalmente adotado em obras de terra
(1,4 a 1,5), enquanto que o talude com solo na
condição saturada apresentou valor de FS
inferior.
Portanto, de acordo com os resultados
Figura 7 – FS (Morgenstern-Price) na condição não obtidos neste estudo, o aumento do grau de
saturada.
saturação do solo em taludes de terra, o que
ocorre principalmente em épocas de chuvas,
influência diretamente na estabilidade do
talude, ocasionando uma redução do fator de
segurança. Essa redução pode levar o talude de
uma condição estável à uma condição insegura,
como no caso apresentado neste trabalho, o que,
na prática, poderia significar a susceptibilidade
à movimentos de terra, gerando riscos à área
próxima ao talude.
Figura 8 – FS (Morgenstern-Price) na condição saturada. REFERÊNCIAS
Tabela 3 – Valores de FS encontrados. ABGE, Associação Brasileira de Geologia de
Condição Bishop Morgenstern-Price Engenharia. Geologia de engenharia. São Paulo:
Não saturada 2,2 2,2 Editores Antonio Manoel dos Santos Oliveira, Sérgio
Saturada 1,3 1,3 Nertan Alves Brito, 1998.

Observa-se que, na condição não saturada, os ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS. (1986) ABNT NBR7182: SOLO - Ensaio
valores do fator de segurança encontrados de Compactação. Rio de Janeiro.
foram de 2,2, enquanto, na condição saturada,
foi constatada a redução deste índice para os CAPUTO, Homero Pinto. Mecânica dos solos e suas
valores de 1,3. aplicações. Fundamentos. 6º edição, Rio de Janeiro:
Os resultados obtidos mostram que o Livros Técnicos e Científicos. Volume 1, 1987a.
coeficiente de segurança teve seu valor
FILHO, O. A.; VIRGILI, J. C. Estabilidade de taludes
reduzido em aproximadamente 43%, da In: OLIVEIRA, A. M. S.; BRITO, S. N. A. (Ed.),
condição não saturada para a condição saturada. Geologia de engenharia. São Paulo/SP: Associação
Isso se dá devido a ocorrer, na condição Brasileira de Geologia de Engenharia, 1998, cap. 15, p.
saturada, o aumento da poro-pressão e, 243-269.
consequentemente, a redução das tensões
efetivas no solo, e a ainda há uma redução da FREDLUND, D. G; MORGENSTERN, N. R. Stress
State Variables for Unsaturated Soils. Jounal of the
resistência do solo devido a sucção ser anulada. Geotechnical Engineering Division, v.103,1977.

4 CONCLUSÃO HORST, Rafael. Avaliação dos métodos para cálculo


de estabilidade de taludes em maciço. 2004. 131 f. TCC
Este estudo avaliou a estabilidade de um talude (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade
hipotético de solo nas condições saturada e não Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul,
Ijuí, 2007.
saturada, através do cálculo do fator de
segurança (FS) do talude.

COBRAE 2017, Florianópolis/SC, Brasil.


IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. Perfil dos municípios brasileiros. Pesquisa
de informação básica municipais. Rio de Janeiro, 2013.
Disponível em: <www.ibge.gov.br>. Acessado em Abril
de 2017.

LAMBE, T. W & WHITMAN, R.V. Soil Mechanics, SI


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Córrego do Sítio. Ouro Preto: Universidade Federal de
Ouro Preto, 2006. 94p.

MENEZES, M. S. S. e CAMPOS, L. E. P., Estabilização


de taludes em solos residuais tropicais, in: 1º COBRAE
Rio de Janeiro, 1992, volume I, 101-110 pp.

OLIVEIRA, Vanessa Scoz. Análise de estabilidade bi e


tridimensional de taludes estabilizados em solo
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FERREIRA, João Luis Ferráz. Análise de estabilidade


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Dissertação (Mestrado) – Mestrado em Geotecnia,
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