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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.848.314 - SP (2019/0338978-6)

RELATOR : MINISTRO SÉRGIO KUKINA


RECORRENTE : CLEIDE ANTUNES DA COSTA SOUZA
ADVOGADO : NAOKO MATSUSHIMA TEIXEIRA - SP106301
RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

DECISÃO

Trata-se de recurso especial interposto por CLEIDE ANTUNES DA COSTA


SOUZA, com fundamento no art. 105, III, a e c da CF, contra acórdão proferido pelo Tribunal
Regional Federal da 3ª Região, assim ementado (fls. 160/163):

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA


ESPECIAL. SENTENÇA EXTRA PETITA. NULIDADE. CONDIÇÕES
DE JULGAMENTO IMEDIATO PELO TRIBUNAL. ATIVIDADE
ESPECIAL COMPROVADA. TEMPO COMUM EM ESPECIAL.
CONVERSÃO INVERSA. IMPOSSIBILIDADE. BENEFÍCIO
INDEVIDO. AVERBAÇÃO. SUCUMBÊNC1A RECÍPROCA.
NULIDADE DE OFÍCIO. PEDIDO INICIAL PARCIALMENTE
PROCEDENTE. APELAÇÕES, DO INSS E DA AUTORA,
PREJUDICADAS.
1 - Na peça vestibular, descreve a parte autora seus vínculos
empregatícios supostamente especiais como sendo de 22/09/1983 a
29/02/1988 e 02/12/1988 a 09/04/2009. para os quais espera
reconhecimento, neste sentido, assim como a conversão dos
intervalos de 20/10/1981 a. 03/08/1983 e 19/10/1988 a 02/12/1988.
de comuns para especiais, tudo em prol da concessão, a si, de
"aposentadoria especial" (sem incidência do fator previdenciário),
desde a data do requerimento administrativo formulado em
09/04/2009 (sob NB 148.141.689-5). Destaque-se, pois, o
acolhimento, já então administrativo, quanto aos intervalos
especiais de 01/08/1986 a 29/02/1988. 02/12/1988 a 28/04/1995 e
29/04/1995 a 05/03/1997, o que o.s torna evidentemente
incontroversos nos autos.
2 - Fixados os limites da lide pela parte autora, veda-se ao
magistrado decidir além (ultra petita), aquém (cifra petita) ou
diversamente do pedido (extra petita), consoante art. 492 do
CPC/2015.
3 - ln casu. configurado está o julgamento extra petita, eis que,
conquanto a parte autora tenha postulado a concessão única de
"aposentadoria especial" (de forma expressa na inicial, com
reiteração, em idênticos termos, em sede recursal), a r. sentença
apreciara pedido diverso, vale dizer, de "aposentadoria por tempo
de serviço/contribuição" - que tem pressupostos e requisitos
próprios, inclusive tendendo ao (ressaltado e notadamente temido
pela parte autora), fator previdenciário.
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4 - Merece ser anulada de ofício a r. sentença, isso porque não
examinara o pleito narrado na inicial, restando, assim, violado o
princípio da congruência, insculpido no art. 460 do CPC/73, atual
art. 492 do CPC/2015.
5 - 0 caso, entretanto, não é de remessa dos autos à Primeira
Instância, uma vez que a legislação autoriza expressamente o
julgamento imediato do processo, quando presentes as condições
para tanto.
6 - A aposentadoria especial foi instituída pelo artigo 31 da Lei n.
3.807, de 26.08.1960 (Lei Orgânica da Previdência Social. LOPS).
Sobreveio a Lei n. 5.890. de 08.06.1973. que revogou o artigo 31
da LOPS, e cujo artigo 9o passou regrar esse benefício. A benesse
era devida ao segurado que contasse 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25
(vinte e cinco) anos, conforme a atividade profissional, de serviços
para esse efeito considerados penosos, insalubres ou perigosos,
por decreto do Poder Executivo.
7- 0 Decreto n° 53.831/64 foi o primeiro a trazer a lista de
atividades especiais para efeitos previdenciários, tendo como base
a atividade profissional ou a exposição do segurado a agentes
nocivos. Já o Decreto n° 83.080/79 estabeleceu nova lista de
atividades profissionais, agentes físicos, químicos e biológicos
presumidamente nocivos à saúde, para fins de aposentadoria
especial, sendo que, o Anexo I classificava as atividades de acordo
com os agentes nocivos enquanto que o Anexo II trazia a
classificação das atividades segundo os grupos profissionais.
8 - Atualmente, a aposentadoria especial encontra previsão no art.
57 da Lei n° 8.213/91. com redação dada pela Lei n° 9.032/95.
9 - Até a edição da Lei n° 9.032/95, era possível o reconhecimento
da atividade especial: (a) com base no enquadramento na categoria
profissional, desde que a atividade fosse indicada como perigosa,
insalubre ou penosa nos anexos dos Decretos n° 53.831/64 ou
83.080/79 (presunção legal); ou (b) mediante comprovação da
submissão do trabalhador, independentemente da atividade ou
profissão, a algum dos agentes nocivos, por qualquer meio de
prova, exceto para ruído e calor.
10 - A apresentação de laudo pericial, Perfil Profissiográfico
Previdenciário - PPP ou outro formulário equivalente para fins de
comprovação de tempo de serviço especial, somente passou a ser
exigida a partir de 06.03.1997 (Decreto n°. 2.172/97), exceto para
os casos de ruído e calor, em que sempre houve exigência de laudo
técnico para verificação do nível de exposição do trabalhador às
condições especiais.
11 - Especificamente quanto ao reconhecimento da exposição ao
agente nocivo ruído, por demandar avaliação técnica, nunca
prescindiu do laudo de condições ambientais.
12 - Considera-se insalubre, a exposição ao agente ruído acima de
80dB, até 05/03/1997; acima de 90dB, no período de 06/03/1997 a
18/11/2003; e superior a 85 dB, a partir de 19/11/2003. 13-0 Perfil
Profissiográfico Previdenciário (PPP), instituído pela Lei ii°
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9.528/97, emitido com base nos registros ambientais e com
referência ao responsável técnico por sua aferição, substitui, para
todos os efeitos, o laudo pericial técnico, quanto à comprovação de
tempo laborado em condições especiais.
14 - Saliente-se ser desnecessário que o laudo técnico seja
contemporâneo ao período em que exercida a atividade insalubre.
Precedentes deste E. TRF 3o Região.
15 - A desqualificação em decorrência do uso de EPI vincula-se à
prova da efetiva neutralização do agente, sendo que a mera
redução de riscos e a dúvida sobre a eficácia do equipamento não
infirmam o cômputo diferenciado. Cabe ressaltar, também, que a
tese consagrada pelo C. STF excepcionou o tratamento conferido
ao agente agressivo ruído, que, ainda que integralmente
neutralizado, evidencia o trabalho cm condições especiais.
16 - A apresentação de laudos técnicos de forma extemporânea não
impede o reconhecimento da especialidade, eis que de se supor que,
com o passar do tempo, a evolução da tecnologia tem aptidão de
redução das condições agressivas. Portanto, se constatado nível de
ruído acima do permitido, em períodos posteriores ao laborado pela
parte autora, forçoso concluir que, nos anos anteriores, referido
nível era superior.
17 - Carreada documentação específica aos autos - cuja finalidade
seria demonstrar a sujeição a agentes nocivos durante a prática
laboral - do seu exame acurado, a conclusão a que se chega é a de
que a parte autora, durante seu ciclo laborativo, estivera sob o
manto da especialidade, da seguinte forma (sem se olvidar, aqui, da
existência de lapsos especiais já adotados pelo INSS, listados no
texto introdutório deste decisum): de 22/09/1983 a 31/07/1986. na
função de atendente de enfermagem, junto à empresa Santa Casa
de Misericórdia de Aparecida: conforme PPP. descrevendo tarefas
como prestar assistência integral aos pacientes, higienização,
preparo, administração de medicamentos, instalação de soros e
sondas, monitorização de sinais vitais, realização de curativos,
utilização de aparelhos e equipamentos, visando assistir, preservar,
recuperar e reabilitar a saúde, seguindo escala de serviço
estabelecida pelo enfermeiro. com a exposição a agentes
biológicos, possibilitando o acolhimento como labor de natureza
especial, consoante itens 1.3.2 do Decreto n° 53.831/64 e 1.3.4 do
Decreto n° 83.080/79; * de 06/03/1997 a 31/12/2003, na função de
auxiliar de enfermagem, junto à empresa Polic/in SM Serviços
Médico-Hospitalares: conforme formulário e laudo técnico,
revelando a exposição a agentes biológicos - em contato com
pacientes portadores de patologias diversas ou manuseio de
materiais contaminados, possibilitando o acolhimento como labor
de natureza especial, consoante itens 1.3.2 do Decreto n°
53.831/64, 1.3.4 do Decreto n° 83.080/79, 3.0.1 do Decreto n°
2.172/97, e 3.0.1 do Decreto n° 3.048/99; de 01/01/2004 a
02/12/2008 (data da emissão do documento), na função de auxiliar
de enfermagem, junto à empresa Policlin S/A Serviços
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Médico-hospitalares: conforme PPP, revelando a exposição a vírus
e bactérias (agentes biológicos), possibilitando o acolhimento como
labor de natureza especial, consoante itens 1.3.2 do Decreto n°
53.831/64. 1.3.4 do Decreto n° 83.080/79, 3.0.1 do Decreto n°
2.172/97, e 3.0.1 do Decreto n° 3.048/99.
18 - A pretensão de conversão de tempo comum em especial, com a
aplicação do redutor 0.83, denominada "conversão inversa", não
merece prosperar. Isso porque o Superior Tribunal dc Justiça, por
ocasião do julgamento do REsp n° 1.310.034/PR. em sede de
recurso representativo de controvérsia repetitiva, firmou o
entendimento no sentido de que a lei vigente por ocasião da
aposentadoria é a aplicável ao direito à conversão entre tempos de
serviço especial e comum, inclusive quanto ao fator de conversão,
independente do regime jurídico à época da prestação do serviço,
restando inaplicável a regra que permitia a conversão de atividade
comum em especial aos benefícios requeridos após a edição da Lei
n° 9.032/95.
19 - Conforme planilha anexa, computando-se todos os intervalos
laborativos da autora, de índole unicamente especial, constata-se
que. na data do pleito administrativo, totalizava 24 anos, 05 meses e
11 dias de tempo de serviço exclusivamente especial, número este
aquém do necessário à consecução da "aposentadoria especial"
vindicada. Improcedente a demanda neste ponto especifico.
20 - O pedido formulado na inicial merece parcial acolhida, 110
sentido de compelir a autarquia previdenciária a reconhecer e
averbar tempo laborativo especial correspondente a 22/09/1983 a
31/07/1986, 06/03/1997 a 31/12/2003 e 01/01/2004 a 02/12/2008.
- Ante a sucumbência recíproca, deixa-se de condenar as partes em
honorários advocatícios. conforme prescrito no art. 21 do CPC/73,
e em custas processuais, dada a gratuidade da justiça conferida ao
autor e por ser o INSS delas isento.
21 - Sentença extra petita anulada de ofício.
22 - Pedido inicial parcialmente procedente.
23 - Apelos, da autora e do INSS. prejudicados.

Opostos embargos de declaração, foram rejeitados (fl. 181/196).

Aponta a recorrente, além de divergência jurisprudencial, violação aos arts. 52 e


seguintes da Lei 8.213/91 e 460 do CPC/72 (atual art. 492 do CPC/2015), sustentando que " não
houve julgamento extra petita, considerando o principio da fungibilidade das ações
previdenciárias, segundo o qual, caso verificado que o segurado preenche os requisitos
necessários para obtenção de beneficio diverso do pleiteado e, tratando-se de um
beneficio de menor extensão, ou seja, um minus em relação ao beneficio originalmente
pleiteado: pode o magistrado conceder de oficio o benefício cujos requisitos foram
preenchidos" (fl. 203).

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Ao final requer, "o afastamento da multa por litigância de má-fé e a
condenação do recorrido ao pagamento de honorários advocatícios nos termos do artigo
35, §§ 1o e 2o, I a IV, § 3o, I e § 11, do CPC/15, ..." (fl. 207).

Sem contrarrazões.

É O RELATÓRIO. SEGUE A FUNDAMENTAÇÃO.

A irresignação comporta acolhida.

Isso porque, o acórdão recorrido divergiu da jurisprudência desta Corte, que


firmou entendimento no sentido de que, diante da relevância social e alimentar dos benefícios
previdenciários, pode o magistrado, constatando que não foram cumpridos os requisitos para
concessão do benefício requerido na inicial, conceder benefício diverso cujos pressupostos
tenham sido preenchidos pelo Segurado. Assim, pode o julgador, desde que preenchidos os
requisitos legais, apreciar os fatos, de ofício, e adequar a hipótese ao benefício cabível.

Nesse sentido, destacam-se os seguintes precedentes:

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


ESPECIAL. DEFERIDA APOSENTADORIA POR IDADE EM VEZ
DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. DECISÃO
EXTRA PETITA. NÃO-OCORRÊNCIA. AGRAVO IMPROVIDO.
1. A sentença, restabelecida pela decisão em sede de recurso
especial, bem decidiu a espécie, quando, reconhecendo o
preenchimento dos requisitos necessários à concessão do benefício
de aposentadoria por idade rural, o deferiu à segurada, não
obstante ter sido requerido benefício diverso.
2. Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 861.680/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES
LIMA, QUINTA TURMA, DJe 17/11/2008).

"PROCESSO CIVIL. [...]. PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO


ACIDENTÁRIA. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR
INVALIDEZ OU BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA.
APLICAÇÃO DO ART. 109, I, e §§ 3º E 4º DA CF/88. INCIDÊNCIA
DA SÚMULA 15/STJ. PRECEDENTES. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA ESTADUAL.
[...]
2. Segundo a jurisprudência desta Corte Superior, em razão do
caráter social das demandas previdenciárias e acidentárias, pode o
julgador conceder benefício diverso ao pedido na inicial se
verificado o preenchimento das exigências necessárias para o seu
recebimento.
[...]
5. Conflito conhecido para declarar competente o suscitado. Por
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este já ter proferido sentença, ordena-se a remessa dos autos ao
Tribunal Regional Federal da 1ª Região para julgamento da
apelação.
(CC 87.228/MG, Rel.ª Min.ª MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, DJ de 01/02/2008.)

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO


REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO REQUERENDO CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO. ACÓRDÃO QUE CONCEDE APOSENTADORIA
POR IDADE. GARANTIA DE MELHOR BENEFÍCIO AO
SEGURADO. INOCORRÊNCIA DE JULGAMENTO EXTRA PETITA.
AGRAVO REGIMENTAL DO INSS DESPROVIDO.
1. O Direito Previdenciário não deverá ser interpretado como uma
relação de Direito Civil ou Direito Administrativo no rigor dos
termos, mas sim como fórmula ou tutela ao hipossuficiente, ao
carecido, ao excluído. Este deve, também, ser um dos nortes da
jurisdição previdenciária.
2. É firme a orientação desta Corte de que não constitui
julgamento extra ou ultra petita a decisão que, verificando a
inobservância dos pressupostos para concessão do benefício
pleiteado na inicial, concede benefício diverso por entender
preenchidos seus requisitos, tendo em vista a relevância da questão
social que envolve a matéria. Precedentes:
3. Agravo Regimental do INSS desprovido.
(AgRg no REsp 1320249/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/11/2013, DJe
02/12/2013)

Portanto, não se considera julgamento ultra ou extra petita a decisão que


interpreta sistematicamente e de forma ampla o pedido formulado pelas partes, conforme se
infere dos seguintes julgados:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO


DE SEGURANÇA. PROCESSUAL CIVIL. JULGAMENTO EXTRA
PETITA. INOCORRÊNCIA.
1. Não viola os arts. 128 e 460 do CPC a decisão que interpreta de
forma ampla o pedido formulado pelas partes, pois o pedido é o que
se pretende com a instauração da demanda e se extrai da
interpretação lógico-sistemática da petição inicial. (AgRg no REsp
737.069/RJ, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 17/11/2009, DJe 24/11/2009).
2. Agravo regimental improvido.
(AgRg no RMS 28.542/AP, relatora a Min. MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, DJe 28/9/2011 - grifo nosso).

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PROCESSUAL CIVIL. PETIÇÃO INICIAL. PEDIDO.
INTERPRETAÇÃO AMPLA. POSSIBILIDADE.
1. O pedido deve ser extraído da interpretação lógico-sistemática
da petição inicial, a partir da análise de todo o seu conteúdo.
Precedentes.
2. O pedido deve ser interpretado como manifestação de vontade,
de forma a tornar efetivo o processo, amplo o acesso à justiça e
justa a composição da lide. Precedentes.
3. A decisão que interpreta de forma ampla o pedido formulado
pelas partes não viola os arts. 128 e 460 do CPC, pois o pedido é o
que se pretende com a instauração da ação. Precedentes.
4. Recurso especial provido.
(REsp nº 1.049.560/MG, relator a Min. NANCY ANDRIGH, DJe
16/11/2010 - grifo nosso).

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. APOSENTADORIA POR


TEMPO DE SERVIÇO. DEFERIDO PERCENTUAL SUPERIOR AO
MÍNIMO REQUERIDO. DECISÃO "ULTRA PETITA".
NÃO-OCORRÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO.
1. Em matéria previdenciária, o pleito contido na peça inaugural,
mormente quando se trata de matéria previdenciária, deve ser
analisado com certa ponderação. Postulada na inicial a concessão
do benefício em um percentual mínimo, calculado pela parte,
incensurável a decisão judicial que reconhece o tempo de serviço
pleiteado e concede o benefício com um coeficiente de cálculo
superior ao mínimo requerido.
2. Recurso especial improvido.
(REsp 929.942/RS, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA,
QUINTA TURMA, DJe 2/2/2009 grifo nosso).

ANTE O EXPOSTO, dou provimento ao recurso especial, para reconhecer que


a concessão de benefício diverso do inicialmente pleiteado não implica em julgamento ultra ou
extra petita e por conseguinte, restabelecer a sentença de Primeiro Grau.

Publique-se.

Brasília (DF), 22 de novembro de 2019.

MINISTRO SÉRGIO KUKINA


Relator

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