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Mecânica

Geral

CENTRO DE GRAVIDADE
- PARTE 2
APRESENTAÇÃO

C aro(a) aluno(a), seja bem-vindo! Neste módulo, vamos aprender sobre uma grandeza
denominada momento de 1ª ordem ou momento estático de uma área em relação a
um eixo, muito útil na engenharia civil.
Faremos também o estudo da localização do centro de gravidade de sólidos compostos
homogêneos e não homogêneos.

Vamos começar?

Bom trabalho!

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desse módulo você deverá ser capaz de:
• Compreender o conceito do momento de 1ª ordem de uma área em relação a um eixo.
• Calcular o momento de 1ª ordem de uma área em relação a um eixo qualquer.
• Compreender sob quais condições torna-se necessário calcularmos, explicitamente, as três
coordenadas do centro de gravidade de um sólido.
• Compreender a diferença entre sólidos homogêneos e não homogêneos e o cálculo das
coordenadas do centro de gravidade nos dois casos.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA DA DISCIPLINA
Gabrielle Nunes Paixão
Alan Galego Bernini
Transposição Pedagógica Profa. Valéria Cunha Figueiredo
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Ana Rosa Venâncio

BELO HORIZONTE - 2015


CENTRO DE GRAVIDADE - PARTE 2

Introdução
Caro(a) estudante, os conceitos fundamentais mencionados aqui estão disponíveis de
forma detalhada no Módulo 9 – Centro de Gravidade – 1ª parte, caso você sinta necessi-
dade de fazer uma revisão.

CENTRO DE GRAVIDADE DE UM CORPO QUALQUER

Vimos que as coordenadas do centro de gravidade de um corpo sólido qualquer, formado


por n pedaços, são calculadas, genericamente, pelas relações:


n
i =1 i i
xP
xC =
P

n
yP
i =1 i i
yC =
P

n
zP
i =1 i i
zC =
P
Onde:

• xC ,yC e zC são, respectivamente, abscissa, ordenada e cota do centro de gravidade


do corpo.
• xi ,yi e zi são a abscissa, ordenada e cota do centro de gravidade do i-ésimo pedaço
que constitui o corpo.
• Pi é o peso do i-ésimo pedaço que constitui o corpo.
• P= peso total do corpo.

CENTRO DE GRAVIDADE DE ÁREAS

Considere agora um sólido homogêneo, de massa M, densidade r constante e altura (ou


espessura) constante e para qualquer ponto da área A da sua seção transversal, como
mostra a figura 1.

Fig. 1 – Sólido com densidade r e altura constante e


Fonte: próprio autor

Vimos que, nessas condições de sólido homogêneo, com espessura constante para qual-
quer ponto da área de sua seção transversal, o centro de gravidade do corpo se situa
sobre o plano transversal que o divide ao meio.

Além disso, vimos também que as coordenadas do centro de gravidade deste sólido, nas
condições descritas acima, dependem apenas da forma da área da seção transversal.

Centro de Gravidade - Parte 2 175


Confira essas condições mostradas nas figuras 2 e 3.

Fig.2 - Os sólidos homogêneos possuem seção transversal A e


altura e e o centro de gravidade no plano indicado.
Fonte: próprio autor

Como as formas das áreas das seções transversais são diferentes, seus respectivos
centros de gravidade se situam em posições diferentes, determinadas por este fator,
como mostra a figura 3.

Fig.3 - A posição do centro de gravidade do sólido depende da forma da área da seção transversal
Fonte: próprio autor

Diante disso, fizemos a adaptação das relações originais referentes às coordenadas xC e


yC, substituindo o peso pela área, como novo fator de ponderação.
A referida alteração foi:

∑ ρε g ∑ i =1 xi Ai
n n
xP
i =1 i i
=xC =
P ρε g A
∑ ρε g ∑ i =1 yi Ai
n n
yP i i
=yC = i =1

P ρε g A

Observe que essa adaptação foi possível, porque simplificamos, no numerador e no deno-
minador, os termos comuns: g (aceleração da gravidade), r (densidade do material) e e
(altura do sólido), lembrando que partimos da hipótese de que todos os pedaços do corpo
são feitos do mesmo material, isto é, r é constante e a altura e também.

O momento de 1ª ordem ou
momento estático da área
Escrevendo as duas relações para xC e yC, temos:

∑ xP ∑ ∑ i 1yi= ∑ yi Ai
n n n n
i i i 1 i
x Ai = Pi
=x =
=i 1 =
C = e yC =    i 1
P A P A

176 Centro de Gravidade - Parte 2


Observamos que, tanto em xC quanto em yC , os numeradores diferem entre si e os deno-
minadores idem.

Isto é:
n n n n

∑x P ≠ ∑x A , ∑y P ≠ ∑y A
i i i i i i
=i 1 =i 1 =i 1 =i 1
i i eP≠A

Os numeradores
n n

i i
=i 1 =i 1
∑x P e ∑y P i i

são os momentos ou torques do peso P do corpo em relação aos eixos Y e X, isto é, MY


e MX, respectivamente, e são medidos em Nm.

Denominamos:

QY = ∑ i =1 xi Ai : momento de 1ª ordem (ou momento estático) da área A em relação ao eixo Y.


n

QX = ∑ i =1 yi Ai : momento de 1ª ordem (ou momento estático) da área A em relação ao eixo X.


n

• QX e QY são números proporcionais aos torques do peso P (Mx e My) em relação aos
eixos X e Y.
• A constante de proporcionalidade entre Mx e QX e entre My e QY é o produto gre,
fator que foi eliminado, quando as relações de xC e yC foram expressas em função
da área.
• QX e QY são números medidos em unidades de (comprimento)3, m3, cm3, mm3, etc.

Mas atenção! Apesar de medirmos QX e QY em unidades


de volume, isso não significa que exista uma representação
geométrica na forma de um volume para QX e QY !
QX e QY correspondem a uma avaliação geométrica do torque
do peso P em relação aos eixos X e Y, respectivamente.

Esta avaliação leva em conta:

• A forma da área A da seção transversal.


• A posição do centro de gravidade da área A.
• A distância do centro de gravidade até o eixo X ou Y.

E mais, como a densidade r e a espessura e foram eliminadas quando definimos QX e QY,


dizemos que:

O momento de 1ª ordem da área fornece uma avaliação de caráter exclusivamente geomé-


trico do torque do peso P em relação a um eixo, INDEPENDENTE do material de que é
feito o corpo e da dimensão e desse corpo.

Retomando as relações existentes, podemos escrever:


n
xA
i =1 i i QY
=xC =
A A
∑ yA
n
i =1 i i QX
=yC   =
A A

Centro de Gravidade - Parte 2 177


IMPORTANTE
Dada uma área composta A, calcularemos o momento de 1ª ordem em relação aos eixos X
e Y, utilizando:

• QY ∑ xi Ai e QX ∑ i 1 yi Ai , se as coordenadas do centro de gravidade da área A


n n
=
=
= i 1=

forem desconhecidas ou

• QY x=
= C A e QX YC A , se as coordenadas do centro de gravidade da área A forem
conhecidas.

Observação:

QX e QY recebem o nome de momento de 1ª ordem da área em relação a X e Y, respec-


tivamente, porque possuem as coordenadas ( xi, yi ou xC e yC) com expoente igual a 1.

Exemplo 1:

Determine o momento de 1ª ordem da área composta da figura 4, em relação aos eixos


X e Y indicados.

Fig.4 – Área A composta por quatro regiões


Fonte: próprio autor

Como desconhecemos a localização do centro de gravidade da área A, faremos:

QY ∑ xi Ai e QX ∑ i 1 yi Ai ,
n n
=
=
= i 1=

ou seja, vamos calcular a soma dos momentos de 1ª ordem das áreas individuais, para
obter QX e QY da área A.

Apresentamos a seguir, com o auxílio da figura 5, as informações referentes a cada uma


das quatro regiões que compõem a área A.

 x1 = 4dm  x2 = 12dm
 
Área 1:  y1 = 3dm Área 2:  y2 = 4,5dm
 A = 27 dm 2  A = 108dm 2
 1  2

 x3 = 8dm  x4 = 16, 7 dm
 
Área 3:  y3 = 2dm Área 4:  y4 = 4,5dm
 A = −12, 6dm 2  A = −14,1dm 2
 3  4

Onde:

x1=(6-2)dm=4dm

178 Centro de Gravidade - Parte 2


x2=(6+6)dm=12dm
x3=(6+2)dm=8dm
x4=18-(0,424)(3)dm= 16,7dm

Fig. 5 – Regiões componentes da área A localizadas em relação aos eixos X e Y


Fonte: próprio autor

n
QY = ∑xi Ai = x1 A1 + x2 A2 + x3 A3 + x4 A4
i =1

Substituindo os valores, obtemos:

QY ( 4 )( 27 ) + (12 )(108 ) + ( 8 )( −12, 6 ) + (16, 7 )( −14,1)  dm


= = 3
1068dm3

Da mesma forma, teremos:

∑ ( 3)( 27 ) + ( 4,5 )(108 ) + ( 2 )( −12, 6 ) + ( 4,5 )( −14,1)  dm3


n
Q
= X i =1
y=
i Ai

QX = 478,3dm3

Vamos analisar agora o significado dos resultados obtidos.

Notamos que o valor de QY é bem maior que o de QX.

Isso significa que:

• O torque ou momento do peso do corpo em relação ao eixo Y é bem maior do que


o momento do peso em relação ao eixo X.
• O centro de gravidade da área A se situa mais distante do eixo Y do que do eixo X.
• A coordenada xC é bem maior que yC.

Centro de Gravidade - Parte 2 179


Confira essas afirmativas na figura 6.

Observe que:
QY 1068 QX 478,3
xC
= = dm
= 9,86dm   e  =
yC = dm
= 4, 42dm
A 108,3 A 108,3

Fig. 6 – Localização do centro de gravidade da área A


Fonte: próprio autor

Veja também a figura 7, na qual adicionamos o eixo Z.



O peso P = − Pk é normal à área A e atua no centro de gravidade dessa área.

Observe que, como xC >yC, o momento do peso em relação ao eixo Y é maior que seu
momento em relação ao eixo X.

Confira isso por meio dos produtos entre a força do peso e as distâncias perpendiculares
oferecidas por xC e yC e conclua que, de fato, QY >QX

Fig. 7 – O peso P possui MY >MX e a área A possui QY >QX .


Fonte: próprio autor

Exemplo 2:

A área da seção transversal da peça mostrada na figura 8 possui centro de gravidade nas
coordenadas xC=12,3cm e yC=25cm.

180 Centro de Gravidade - Parte 2


Como temos conhecimento prévio da posição do centro de gravidade da área, vamos
obter QX e QY por meio das relações:

QX=yCA e QY=xCA

Fig.8 – A peça homogênea, de espessura constante e sua seção transversal


Fonte: próprio autor

A área da seção é igual a:

 π 155  2
A =( 50 )( 30 ) −  cm ≅ 1147cm
2

 2 
Logo:
=QX (=
25 )(1147 ) cm3 28675cm3
=QY (12,3
= )(1147 ) cm3 14108cm3

ATENÇÃO
Observe a posição do centro de gravidade da área e como ela se relaciona com os valores dos
momentos de 1ª ordem calculados.

Exemplo 3:

Determine o momento de 1ª ordem da área mostrada na figura 9 em relação aos eixos X,


Y e em relação ao eixo E, todos sobre o centro de gravidade da área.

Fig. 9 – A área A e três eixos sobre seu centro de gravidade


Fonte: próprio autor

Observando os eixos X e Y, escrevemos:

QX=yC A e QY=xC A

Centro de Gravidade - Parte 2 181


Como o centro de gravidade se encontra na origem, obviamente teremos:

xC= yC= 0 e, consequentemente, QX= QY= 0.


Para chegarmos a uma conclusão quanto ao valor de QE, devemos recordar o conceito
de centro de gravidade de um corpo e o significado do momento de 1ª ordem da área.

• O centro de gravidade de um corpo é o ponto em relação ao qual o torque devido


ao peso é nulo.
• O momento de 1ª ordem da área em relação a um eixo, por sua vez, é um número
proporcional ao torque do peso de um corpo (homogêneo, de espessura constante)
em relação a este eixo.

Conclusão:

QE= 0 , pois o eixo E passa pelo centro de gravidade da área, o que torna nulo o momento
do peso em relação a este eixo.

Este mesmo argumento se aplica também aos eixos X e Y e aos respectivos valores de
Q X e Q Y.

IMPORTANTE
Temos aqui uma conclusão muito importante! O momento de 1ª ordem de uma área em rela-
ção a QUALQUER eixo que passe pelo seu centro de gravidade é igual a zero.

Centro de gravidade de sólidos


Vimos que, para um sólido homogêneo, com densidade r, área da seção transversal A e
espessura e constante para qualquer ponto desta seção, a posição do centro de gravidade
é determinada pela forma da área A da seção transversal e está localizada no plano (sobre
a área A) que divide o corpo ao meio.

Diante dessas condições, localizamos apenas o centro de gravidade da área da seção


transversal, pois a 3ª coordenada é automaticamente obtida por simetria sobre o plano
que divide o corpo em duas partes iguais.

ATENÇÃO
Mas, caso uma dessas condições não se cumpra, isto é:
• se a espessura (ou altura) e não for constante para todo ponto da área A da seção
transversal ou
• se o sólido não for homogêneo, isto é, se ele for constituído por materiais diferentes,
não poderemos mais trabalhar como antes, apenas com a área da seção transversal do
corpo!
Precisaremos calcular xC, yC e zC.

182 Centro de Gravidade - Parte 2


1º caso: A espessura e não é constante

Observe o sólido da figura 10, homogêneo, isto é, feito de um único material de densidade
r, mas com forma irregular, constituído por um mosaico de pedaços de pesos P1, P2, …,
Pn ,etc.

Fig.10 – Sólido homogêneo com e variável


Fonte: próprio autor

Observe que não temos e constante em relação à área da seção transversal, qualquer que
seja o plano considerado para esta seção: XY, XZ ou YZ.

Consequentemente, a terceira coordenada (Z, por exemplo) precisa ser calculada, pois
seu valor para um sólido assim já não depende apenas de simetria, como antes.

Vamos retomar as relações que determinam os valores de xC, yC e zC:


n
i =1 i i
xP
xC =
P

n
yP
i =1 i i
yC =
P

n
zP
i =1 i i
zC =
P

Para cada pedaço do corpo com peso Pi, lembrando que r é a densidade do material e Vi
é o volume do pedaço de peso Pi , escreveremos:
Pi m=
= ig ρVi g

Para o peso total Pi , escrevemos também:


= ρ g ∑ i =1Vi
n
= ρVg
P Mg
=


n
Onde V= V= V1 + V2 +…Vn soma de todos os volumes que compõem o volume total
i =1 i

V do sólido.

Agora, as coordenadas xC, yC e zC continuarão sendo obtidas por uma média ponderada,
como fazíamos antes, mas o novo fator de ponderação passa a ser o volume e não mais a
área da seção transversal, pois e não é constante e não pode ser colocado em evidência,
fora dos dois somatórios.

Teremos então:

∑ xi Pi ∑ i 1xi ρVi g=
ρ g ∑ i 1xiVi ρ g ∑ i =1xiVi
n n n n

=xC
=
= i 1=
= =
∑ ρVi g ρ g ∑ Vi ρ g ∑ i =1Vi
n n n
P
=i 1 =i 1

Centro de Gravidade - Parte 2 183


Considerações semelhantes para as coordenadas yC e zC produzem as relações que se
seguem, para as coordenadas do centro de gravidade de um corpo homogêneo, com
espessura e variável:

n
i =1 i i
xV
xC =
V

n
i =1 i i
yV
yC =
V

n
zV
i =1 i i
zC =
V

2º caso: A densidade r não é constante

A figura 11 mostra um sólido constituído por materiais diferentes, com densidades r1, r2,
…, rn.

Agora, a densidade do material também depende da posição que tomamos no corpo, uma
vez que porções diferentes são feitas de materiais diferentes.

Fig. 11 – Sólido formado por materiais de densidades diferentes


Fonte: próprio autor

Modificaremos novamente as relações de xC, yC e zC.

O peso Pi do i-ésimo pedaço do corpo pode ser escrito como:


=Pi ρ=
iVi g Mi g ,

onde Mi é a massa do i-ésimo pedaço com densidade ri, volume Vi, e g é a aceleração
da gravidade.

Da mesma forma, o peso total P do sólido será escrito como:


n n
= g ∑ρ=
P Mg
= iVi g ∑M i ,
=i 1 =i 1

onde M = ∑ i =1 M i é a massa total do sólido, que por sua vez é igual à soma das massas
n

de cada material presente nesse sólido.

A condição atual de sólido não homogêneo faz com que as médias ponderadas que defi-
nem as coordenadas do centro de gravidade, xC, yC e zC passem a ter a massa de cada
material componente do corpo como seu novo fator de ponderação, em lugar dos volu-
mes, utilizados no caso de sólidos homogêneos.

Teremos então:

∑ x P ∑ x ρV g g ∑ i =1xi M i
n n n
i i i 1 i i i
=x =i 1 =
C = =
∑ ρV g g ∑ i =1M i
n n
P
i =1 i i

184 Centro de Gravidade - Parte 2


Procedimento semelhante para yC e zC nos conduz às seguintes relações:


n
i =1 i
x Mi
xC =
M

n
i =1 i
y Mi
yC =
M

n
i =1 i
z Mi
zC =
M

É importante destacar que as considerações de simetria


permanecem válidas na determinação do centro de gravidade
de sólidos e devem ser aplicadas sempre que for possível, tendo
em vista sua utilidade na engenharia. Se um sólido (homogêneo
ou não) possuir um plano de simetria, este plano determinará
uma coordenada do centro de gravidade do corpo.

Exemplo 4:

O sólido mostrado na figura 12 é formado por dois paralelepípedos de concreto.

Determine as coordenadas do seu centro de gravidade.

Fig. 12 – Os dois blocos de concreto formam um sólido homogêneo


Fonte: próprio autor

Nosso sólido é formado por 2 paralelepípedos de concreto, com as dimensões indicadas.

Vamos determinar para cada um deles as coordenadas X, Y e Z e o volume V, com o


auxílio da figura 13.

Centro de Gravidade - Parte 2 185


Fig. 13 – Os dois blocos componentes do sólido em relação aos eixos coordenados
Fonte: próprio autor

Veja, na tabela 1, as informações individuais de cada paralelepípedo.

Tabela 1
Bloco 1 Bloco 2
x1 0,7m x2 (1,4 +1,3)m = 2,7m
y1 0,8m y2 0,6m
z1 2,5m z2 1,5m
V1 1,4 x 1,6 x 5 = 11,3 m3 V2 1,2 x 2,6 x 3 = 9,36 m3

Obtemos as coordenadas:

x1V1 + x2V2 ( 0, 7 )(11,3) + ( 2, 7 )( 9,36 )


=XC = m ≅ 1, 61m
V1 + V2 11,3 + 9,36
y1V1 + y2V2 ( 0,8)(11,3) + ( 0, 6 )( 9,36 )
=YC = m ≅ 0, 71m
V1 + V2 11,3 + 9,36
z1V1 + z2V2 ( 2,5)(11,3) + (1,5)( 9,36 )
=ZC = m ≅ 2, 05m
V1 + V2 11,3 + 9,36

Fonte: próprio autor

186 Centro de Gravidade - Parte 2


Vamos analisar a posição encontrada para o centro de gravidade do sólido:

• Se houvesse apenas o bloco 1, teríamos xC=0,7m, mas a presença do bloco 2 deslo-


cou o centro de gravidade para frente, em xC=1,61m.
• Se houvesse apenas o bloco 1, teríamos yC=0,8m, mas a presença do bloco 2 deslo-
cou o centro de gravidade para a esquerda, em yC=0,7m.
• Se houvesse apenas o bloco 1, teríamos zC=2,5m, mas a presença do bloco 2 deslo-
cou o centro de gravidade para baixo, em zC=2,05m.

Exemplo 5:

Suponha agora que o sólido acima não é homogêneo, sendo o bloco 1 feito de concreto
e o bloco 2 de aço.

Isto significa que deveremos utilizar as massas de aço e de concreto, presentes no sólido,
como fator de ponderação para obter as coordenadas do centro de gravidade.

Fonte: próprio autor

Temos que:

 ρ Aço = 7800kg / m
3


 ρConcreto = 2500kg / m
3

Lembrando que M=rV, vamos calcular a massa de cada material presente no corpo
estudado:
kg
M Concreto 2500
= = .11,3m3 28250kg
m3
E
kg
=M Aço 7800
= 3
. 9,36m3 73008kg
m
Esses valores serão nossos fatores de ponderação.

Veja, na tabela 2, as informações de cada um dos blocos.

Vale observar que, individualmente, as coordenadas dos centros de gravidade de cada


bloco permanecem inalteradas, em relação ao que vimos no exemplo 4.

Centro de Gravidade - Parte 2 187


Compare as informações das tabelas 1 e 2.

Tabela 2
Bloco 1 Bloco 2
x1 0,7m x2 (1,4 +1,3)m = 2,7m
y1 0,8m y2 0,6m
z1 2,5m z2 1,5m
M1 28250kg/m3 M2 73008Kg/m3

Entretanto, quando utilizamos as massas de aço e concreto presentes no sólido, como


fator de ponderação, obtemos coordenadas diferentes.

x1 M 1 + x2 M 2 ( 0, 7 )( 28250 ) + ( 2, 7 )( 73008)
=XC = m ≅ 2,14m
M1 + M 2 28250 + 73008
y1 M 1 + y2 M 2 ( 0,8)( 28250 ) + ( 0, 6 )( 73008)
=YC = m ≅ 0, 66m
M1 + M 2 28250 + 73008
z1 M 1 + z2 M 2 ( 2,5)( 28250 ) + (1,5)( 73008)
=ZC = m ≅ 1, 78m
M1 + M 2 28250 + 73008

Vamos comparar, na tabela 3, estes resultados com as coordenadas do exemplo anterior


e observar o efeito da presença de materiais com densidades diferentes sobre a posição
do centro de gravidade do sólido.

Tabela 3
Sólido homogêneo Sólido não homogêneo
xC 1,61m xC 2,14m
yC 0,71m yC 0,66m
zC 2,05m zC 1,78m

O aço é aproximadamente três vezes mais denso que o concreto, e o efeito da presença
deste material no bloco 2 pode ser descrito como se segue:

• O corpo homogêneo possui xC=1,61m, mas a presença do aço no bloco 2 deslocou


o centro de gravidade para frente, em xC=2,14m.
• O corpo homogêneo possui yC=0,71m, mas a presença do aço no bloco 2 deslocou
o centro de gravidade para a esquerda, em yC=0,66m.
• O corpo homogêneo possui ZC=2,05m, mas a presença do aço no bloco 2 deslocou
o centro de gravidade para baixo, em ZC=1,78m.

188 Centro de Gravidade - Parte 2


Síntese
Neste módulo, aprendemos o conceito e o cálculo do momento de 1ª ordem (ou momento
estático) de uma área em relação ao um eixo.

Destacamos o fato de que esta é uma grandeza associada apenas a corpos homogêneos,
de espessura e (relativa à área A) constante.

Frisamos também que o momento de 1ª ordem de uma área é nulo em relação a qualquer
eixo que passe pelo seu centro de gravidade.

Aprendemos também que, se um sólido homogêneo possuir espessura e variável, as


coordenadas do seu centro de gravidade serão obtidas, utilizando-se os volumes das
partes que o compõem, como fator de ponderação, na média ponderada das coordenadas
individuais.

E mais, vimos que, se um sólido não for homogêneo, isto é, se ele for constituído por
uma combinação de materiais com densidades diferentes, as massas dos materiais que
o constituem é que deverão ser usadas como fator de ponderação, na média ponderada
que calcula suas coordenadas do seu centro de gravidade.

Agora, avalie se você conseguiu assimilar bem todos esses conceitos; caso contrário, é
importante que você retorne ao texto, para rever os tópicos que não ficaram claros.

Referências
BEER, F. P.; JOHNSTON, E. R. Mecânica Vetorial para Engenheiros: estática. 5. ed. rev. São Paulo: Makron Books,
1991.
BEER, F. P.; JOHNSTON, E. R.; EISENBERG, E. R. Mecânica Vetorial para Engenheiros: estática. 7. ed. Rio de
Janeiro: McGrawHill, 2006.
HIBBELER, R.C. Estática: Mecânica para engenharia. 10. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
HIBBELER, R.C. Estática: Mecânica para engenharia. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2011.
SHAMES, I. H. Estática: Mecânica para engenharia. 4. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.

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