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CENTRO DE GRAVIDADE
- PARTE 2
APRESENTAÇÃO
C aro(a) aluno(a), seja bem-vindo! Neste módulo, vamos aprender sobre uma grandeza
denominada momento de 1ª ordem ou momento estático de uma área em relação a
um eixo, muito útil na engenharia civil.
Faremos também o estudo da localização do centro de gravidade de sólidos compostos
homogêneos e não homogêneos.
Vamos começar?
Bom trabalho!
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desse módulo você deverá ser capaz de:
• Compreender o conceito do momento de 1ª ordem de uma área em relação a um eixo.
• Calcular o momento de 1ª ordem de uma área em relação a um eixo qualquer.
• Compreender sob quais condições torna-se necessário calcularmos, explicitamente, as três
coordenadas do centro de gravidade de um sólido.
• Compreender a diferença entre sólidos homogêneos e não homogêneos e o cálculo das
coordenadas do centro de gravidade nos dois casos.
Introdução
Caro(a) estudante, os conceitos fundamentais mencionados aqui estão disponíveis de
forma detalhada no Módulo 9 – Centro de Gravidade – 1ª parte, caso você sinta necessi-
dade de fazer uma revisão.
∑
n
i =1 i i
xP
xC =
P
∑
n
yP
i =1 i i
yC =
P
∑
n
zP
i =1 i i
zC =
P
Onde:
Vimos que, nessas condições de sólido homogêneo, com espessura constante para qual-
quer ponto da área de sua seção transversal, o centro de gravidade do corpo se situa
sobre o plano transversal que o divide ao meio.
Além disso, vimos também que as coordenadas do centro de gravidade deste sólido, nas
condições descritas acima, dependem apenas da forma da área da seção transversal.
Como as formas das áreas das seções transversais são diferentes, seus respectivos
centros de gravidade se situam em posições diferentes, determinadas por este fator,
como mostra a figura 3.
Fig.3 - A posição do centro de gravidade do sólido depende da forma da área da seção transversal
Fonte: próprio autor
∑ ρε g ∑ i =1 xi Ai
n n
xP
i =1 i i
=xC =
P ρε g A
∑ ρε g ∑ i =1 yi Ai
n n
yP i i
=yC = i =1
P ρε g A
Observe que essa adaptação foi possível, porque simplificamos, no numerador e no deno-
minador, os termos comuns: g (aceleração da gravidade), r (densidade do material) e e
(altura do sólido), lembrando que partimos da hipótese de que todos os pedaços do corpo
são feitos do mesmo material, isto é, r é constante e a altura e também.
O momento de 1ª ordem ou
momento estático da área
Escrevendo as duas relações para xC e yC, temos:
∑ xP ∑ ∑ i 1yi= ∑ yi Ai
n n n n
i i i 1 i
x Ai = Pi
=x =
=i 1 =
C = e yC = i 1
P A P A
Isto é:
n n n n
∑x P ≠ ∑x A , ∑y P ≠ ∑y A
i i i i i i
=i 1 =i 1 =i 1 =i 1
i i eP≠A
Os numeradores
n n
i i
=i 1 =i 1
∑x P e ∑y P i i
Denominamos:
• QX e QY são números proporcionais aos torques do peso P (Mx e My) em relação aos
eixos X e Y.
• A constante de proporcionalidade entre Mx e QX e entre My e QY é o produto gre,
fator que foi eliminado, quando as relações de xC e yC foram expressas em função
da área.
• QX e QY são números medidos em unidades de (comprimento)3, m3, cm3, mm3, etc.
∑
n
xA
i =1 i i QY
=xC =
A A
∑ yA
n
i =1 i i QX
=yC =
A A
forem desconhecidas ou
• QY x=
= C A e QX YC A , se as coordenadas do centro de gravidade da área A forem
conhecidas.
Observação:
Exemplo 1:
QY ∑ xi Ai e QX ∑ i 1 yi Ai ,
n n
=
=
= i 1=
ou seja, vamos calcular a soma dos momentos de 1ª ordem das áreas individuais, para
obter QX e QY da área A.
x1 = 4dm x2 = 12dm
Área 1: y1 = 3dm Área 2: y2 = 4,5dm
A = 27 dm 2 A = 108dm 2
1 2
x3 = 8dm x4 = 16, 7 dm
Área 3: y3 = 2dm Área 4: y4 = 4,5dm
A = −12, 6dm 2 A = −14,1dm 2
3 4
Onde:
x1=(6-2)dm=4dm
n
QY = ∑xi Ai = x1 A1 + x2 A2 + x3 A3 + x4 A4
i =1
QX = 478,3dm3
Observe que:
QY 1068 QX 478,3
xC
= = dm
= 9,86dm e =
yC = dm
= 4, 42dm
A 108,3 A 108,3
Observe que, como xC >yC, o momento do peso em relação ao eixo Y é maior que seu
momento em relação ao eixo X.
Confira isso por meio dos produtos entre a força do peso e as distâncias perpendiculares
oferecidas por xC e yC e conclua que, de fato, QY >QX
Exemplo 2:
A área da seção transversal da peça mostrada na figura 8 possui centro de gravidade nas
coordenadas xC=12,3cm e yC=25cm.
QX=yCA e QY=xCA
π 155 2
A =( 50 )( 30 ) − cm ≅ 1147cm
2
2
Logo:
=QX (=
25 )(1147 ) cm3 28675cm3
=QY (12,3
= )(1147 ) cm3 14108cm3
ATENÇÃO
Observe a posição do centro de gravidade da área e como ela se relaciona com os valores dos
momentos de 1ª ordem calculados.
Exemplo 3:
QX=yC A e QY=xC A
Conclusão:
QE= 0 , pois o eixo E passa pelo centro de gravidade da área, o que torna nulo o momento
do peso em relação a este eixo.
Este mesmo argumento se aplica também aos eixos X e Y e aos respectivos valores de
Q X e Q Y.
IMPORTANTE
Temos aqui uma conclusão muito importante! O momento de 1ª ordem de uma área em rela-
ção a QUALQUER eixo que passe pelo seu centro de gravidade é igual a zero.
ATENÇÃO
Mas, caso uma dessas condições não se cumpra, isto é:
• se a espessura (ou altura) e não for constante para todo ponto da área A da seção
transversal ou
• se o sólido não for homogêneo, isto é, se ele for constituído por materiais diferentes,
não poderemos mais trabalhar como antes, apenas com a área da seção transversal do
corpo!
Precisaremos calcular xC, yC e zC.
Observe o sólido da figura 10, homogêneo, isto é, feito de um único material de densidade
r, mas com forma irregular, constituído por um mosaico de pedaços de pesos P1, P2, …,
Pn ,etc.
Observe que não temos e constante em relação à área da seção transversal, qualquer que
seja o plano considerado para esta seção: XY, XZ ou YZ.
Consequentemente, a terceira coordenada (Z, por exemplo) precisa ser calculada, pois
seu valor para um sólido assim já não depende apenas de simetria, como antes.
∑
n
i =1 i i
xP
xC =
P
∑
n
yP
i =1 i i
yC =
P
∑
n
zP
i =1 i i
zC =
P
Para cada pedaço do corpo com peso Pi, lembrando que r é a densidade do material e Vi
é o volume do pedaço de peso Pi , escreveremos:
Pi m=
= ig ρVi g
∑
n
Onde V= V= V1 + V2 +…Vn soma de todos os volumes que compõem o volume total
i =1 i
V do sólido.
Agora, as coordenadas xC, yC e zC continuarão sendo obtidas por uma média ponderada,
como fazíamos antes, mas o novo fator de ponderação passa a ser o volume e não mais a
área da seção transversal, pois e não é constante e não pode ser colocado em evidência,
fora dos dois somatórios.
Teremos então:
∑ xi Pi ∑ i 1xi ρVi g=
ρ g ∑ i 1xiVi ρ g ∑ i =1xiVi
n n n n
=xC
=
= i 1=
= =
∑ ρVi g ρ g ∑ Vi ρ g ∑ i =1Vi
n n n
P
=i 1 =i 1
A figura 11 mostra um sólido constituído por materiais diferentes, com densidades r1, r2,
…, rn.
Agora, a densidade do material também depende da posição que tomamos no corpo, uma
vez que porções diferentes são feitas de materiais diferentes.
onde Mi é a massa do i-ésimo pedaço com densidade ri, volume Vi, e g é a aceleração
da gravidade.
onde M = ∑ i =1 M i é a massa total do sólido, que por sua vez é igual à soma das massas
n
A condição atual de sólido não homogêneo faz com que as médias ponderadas que defi-
nem as coordenadas do centro de gravidade, xC, yC e zC passem a ter a massa de cada
material componente do corpo como seu novo fator de ponderação, em lugar dos volu-
mes, utilizados no caso de sólidos homogêneos.
Teremos então:
∑ x P ∑ x ρV g g ∑ i =1xi M i
n n n
i i i 1 i i i
=x =i 1 =
C = =
∑ ρV g g ∑ i =1M i
n n
P
i =1 i i
∑
n
i =1 i
x Mi
xC =
M
∑
n
i =1 i
y Mi
yC =
M
∑
n
i =1 i
z Mi
zC =
M
Exemplo 4:
Tabela 1
Bloco 1 Bloco 2
x1 0,7m x2 (1,4 +1,3)m = 2,7m
y1 0,8m y2 0,6m
z1 2,5m z2 1,5m
V1 1,4 x 1,6 x 5 = 11,3 m3 V2 1,2 x 2,6 x 3 = 9,36 m3
Obtemos as coordenadas:
Exemplo 5:
Suponha agora que o sólido acima não é homogêneo, sendo o bloco 1 feito de concreto
e o bloco 2 de aço.
Isto significa que deveremos utilizar as massas de aço e de concreto, presentes no sólido,
como fator de ponderação para obter as coordenadas do centro de gravidade.
Temos que:
ρ Aço = 7800kg / m
3
ρConcreto = 2500kg / m
3
Lembrando que M=rV, vamos calcular a massa de cada material presente no corpo
estudado:
kg
M Concreto 2500
= = .11,3m3 28250kg
m3
E
kg
=M Aço 7800
= 3
. 9,36m3 73008kg
m
Esses valores serão nossos fatores de ponderação.
Tabela 2
Bloco 1 Bloco 2
x1 0,7m x2 (1,4 +1,3)m = 2,7m
y1 0,8m y2 0,6m
z1 2,5m z2 1,5m
M1 28250kg/m3 M2 73008Kg/m3
x1 M 1 + x2 M 2 ( 0, 7 )( 28250 ) + ( 2, 7 )( 73008)
=XC = m ≅ 2,14m
M1 + M 2 28250 + 73008
y1 M 1 + y2 M 2 ( 0,8)( 28250 ) + ( 0, 6 )( 73008)
=YC = m ≅ 0, 66m
M1 + M 2 28250 + 73008
z1 M 1 + z2 M 2 ( 2,5)( 28250 ) + (1,5)( 73008)
=ZC = m ≅ 1, 78m
M1 + M 2 28250 + 73008
Tabela 3
Sólido homogêneo Sólido não homogêneo
xC 1,61m xC 2,14m
yC 0,71m yC 0,66m
zC 2,05m zC 1,78m
O aço é aproximadamente três vezes mais denso que o concreto, e o efeito da presença
deste material no bloco 2 pode ser descrito como se segue:
Destacamos o fato de que esta é uma grandeza associada apenas a corpos homogêneos,
de espessura e (relativa à área A) constante.
Frisamos também que o momento de 1ª ordem de uma área é nulo em relação a qualquer
eixo que passe pelo seu centro de gravidade.
E mais, vimos que, se um sólido não for homogêneo, isto é, se ele for constituído por
uma combinação de materiais com densidades diferentes, as massas dos materiais que
o constituem é que deverão ser usadas como fator de ponderação, na média ponderada
que calcula suas coordenadas do seu centro de gravidade.
Agora, avalie se você conseguiu assimilar bem todos esses conceitos; caso contrário, é
importante que você retorne ao texto, para rever os tópicos que não ficaram claros.
Referências
BEER, F. P.; JOHNSTON, E. R. Mecânica Vetorial para Engenheiros: estática. 5. ed. rev. São Paulo: Makron Books,
1991.
BEER, F. P.; JOHNSTON, E. R.; EISENBERG, E. R. Mecânica Vetorial para Engenheiros: estática. 7. ed. Rio de
Janeiro: McGrawHill, 2006.
HIBBELER, R.C. Estática: Mecânica para engenharia. 10. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
HIBBELER, R.C. Estática: Mecânica para engenharia. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2011.
SHAMES, I. H. Estática: Mecânica para engenharia. 4. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.
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