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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Sumário
1. Sucessões ........................................................................................................2
1.1 Princípio da saisine .........................................................................2
1.2 Espécies de sucessão .....................................................................3
1.3 Natureza e Cessão .........................................................................6
1.4 Vocação Hereditária ....................................................................10
1.4.1 Ordem da Vocação Hereditária ..................................................15
1.4.1.1 Descendentes em concorrência com o cônjuge ...................16
1.4.1.2 Ascendentes em concorrência com cônjuge ........................20
1.4.1.3 Ausência de descendentes e ascendentes ...........................22
1.5 Sucessão dos companheiros ........................................................24
1.6 Sucessão na linha transversal ......................................................27
1.7 Aceitação e Renúncia ..................................................................29
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Direito Civil – Família e Sucessões
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1. Sucessões
1.1 Princípio da saisine
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros
legítimos e testamentários.
Por que o princípio da saisine é tão importante no estudo dos direitos das
sucessões?
Alguém tem uma universalidade de direitos atrelados à si, ao seu patrimônio,
com a morte e o fim da personalidade é necessário promover a sucessão de todos
esses direitos ao mesmo tempo, vez que com o fim da personalidade não há mais que
se mencionar em propriedade.
Logo, a morte abre a sucessão de toda essa universalidade de direitos.
Segundo a teoria do fato consumado é no momento da morte que a sucessão é
aberta e que todos os direitos são transmitidos.
Assim, a lei utilizada para a aquisição dos direitos em razão da morte é aquela
vigente no momento da abertura da sucessão (Tempus Regit Actum).
Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo
da abertura daquela.
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Art. 1.857. § 1o A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no
testamento.
2) Facultativos
Quem não for herdeiro necessário será herdeiro legítimo facultativo.
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Conclui-se assim que a sucessão legítima ocupa o espaço deixado pela sucessão
testamentária, por isso é suplementar, e, esse sistema funciona pela via da sobra, ou
seja, o que sobra do testamento cai na sucessão legítima.
Ademais, conforme disposto no art.1.789, haverá sucessão legítima se os
herdeiros legítimos forem necessários, ou seja, sendo os herdeiros facultativos não
haverá certeza da sucessão legítima.
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade
da herança.
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Assim, na sucessão legítima somente existem herdeiros, vez que não há como a
lei estabelecer legado, pois é genérica e abstrata. Entretanto, na sucessão
testamentária, poderá tanto existir, como legatários.
Imagine um testamento com o seguinte teor:
Isabela receberá 15% do monte e César receberá 1 imóvel.
Isabela será herdeira testamentária, vez que em razão do testamento
participará da divisão do monte todo. Enquanto César não terá direito sobre tudo, mas
apenas sobre um determinado imóvel.
Conclui-se que o testamento nomeou uma herdeira (Isabela) e um legatário
(César).
Por fim, o testamento estabelece tanto um sucessor a título, quanto a título
singular, a depender da exposição testamentária.
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os
herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e
posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao
condomínio.
Assim, de acordo com essa leitura sistemática do Código Civil, a herança até a
partilha é um único imóvel indivisível, o que resulta na equiparação da herança ao
condomínio.
Explica-se:
Considere um patrimônio de 20 milhões de reais, com 4 herdeiros (A, B, C, D),
sendo que dentro desse patrimônio podem existir alguns imóveis, títulos, joias,
vestimentas, sendo que tudo isso somado atinge o montante de R$ 20.000.0000,00.
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Isso somente ocorrerá quando se tratar de cessão onerosa, não valendo tal
direito de preferência quando se tratar de cessão gratuita.
Ainda, caso esse direito de preferência não seja observado, aquele coerdeiro
que não teve o direito observado poderá reivindicar essa fração.
Exemplo: Um monte foi avaliado em R$ 20.000.000,00, em tese, cada um dos
herdeiros teria um quinhão hereditário avaliado em R$ 5.000.000,00. Entretanto, não
significa que se o montante vale R$ 5.000.000,00, que esse preço será alcançado. O
preço é quanto se consegue negociar, podendo encontrar-se abaixo ou acima do valor
do bem.
Esse herdeiro precisa de dinheiro e não poderá aguardar até o final do
inventário para realizar a partilha, motivo pelo qual oferta esse quinhão hereditário.
Alguém se interessa por esse quinhão hereditário e efetua a proposta de pagar o
montante de R$ 3.000.000,00. Quando esse coerdeiro recebe essa oferta deverá
repassá-la aos outros coerdeiros, vez que se um coerdeiro realizar uma proposta, ao
menos igual à ofertada pelo estranho, terá o direito de ficar com o quinhão
hereditário. A pessoa estranha que ofertou os R$ 3.000.000,00 somente terá o direito
de tornar-se o cessionário se a sua proposta for melhor que a dos coerdeiros.
Não sendo observada a preferência poderá o coerdeiro reivindicar a fração,
desde que dentro do prazo decadencial de 180 dias a contar da transferência e
depositado o preço do contrato.
Há uma certa discussão sobre qual o exato momento para o início do prazo
decadencial.
Como a cessão de direitos hereditários irá ofertar ao terceiro a participação na
herança é necessária a sua habilitação nos autos do inventário, que deverá ser
instruída com a escritura pública da cessão dos direitos hereditários realizada.
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o
co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.
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Tal conduta era muito comum, sendo que as pessoas realizavam cessão de
direitos hereditários sobre aquela casa, sobre o apartamento, sobre uma coisa
específica. Entretanto, o Código Civil de 2002 determinou expressamente que esse
contrato de cessão de direitos hereditários sobre bem singular é ineficaz, vez que
ofende a natureza jurídica da herança que estabelece que o monte é um único imóvel
indivisível até a partilha.
Muitas pessoas leem o § 2º do 1793 e não o compreendem quando compara
com o § 3º do mesmo dispositivo, que assim preceitua:
Art. 1.793 § 3o Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão,
por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a
indivisibilidade.
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autores, mas os bens que compõem a herança. É o que ocorre, por exemplo, quando
um herdeiro pretende a venda de um veículo que compõe a herança ou movimentar a
conta bancária do espólio etc. Assim, se houver a necessidade de mexer no monte é
necessário alvará judicial para que, através deste instrumento, o juiz defira a
autorização para dispor de bens de herança.
Atenção! Ter direito sucessório e ser herdeiro são coisas distintas, vez que para
ser herdeiro e legatário não basta ter direito sucessório, devendo a pessoa aceita-lo,
sendo que enquanto não houver aceitação ou renúncia o que se adquire é o direito
sucessório.
Esse direito sucessório só é concedido a quem estiver vivo no momento da
abertura da sucessão, ou seja, sobrevivência ainda que por breve momento, ou então
que seja nascituro.
Exemplo: o testador nomeou Gustavo para herdar 20% do seu patrimônio1. O
testador morreu em 15.09.2016 e Gustavo em 06.04.2015. Como o testador morreu
depois de Gustavo diz-se que o Gustavo é pré-morto, ou seja, não estava vivo no
momento da sucessão, não possuindo direito hereditário.
Nesse caso, os 20% ficarão com os filhos de Gustavo?
Não, pois a sucessão testamentária é intuito persona, ou seja, o testador
determinou que o Gustavo receberia 20%, se não há qualquer determinação que ele
poderia ser substituído pelos seus filhos, tal sucessão não poderá ocorrer. Logo, os
20% reverterão em favor dos herdeiros legítimos do testador, vez que o Gustavo não
teve vocação hereditária.
Na sucessão legítima não é isso que ocorre, vejamos:
Na sucessão legítima existem modos de suceder e de partilhar, assim, alguém
pode suceder por direito próprio ou por representação, ainda, quem sucede poderá
partilhar por cabeça ou por estirpe.
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Gustavo é um herdeiro testamentário
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Próprio
Modos de
suceder
Represent
ação
Cabeça
Modos de
partilhar
Estirpe
A₁ A₂
B₁ B₂ B₃ B₄ B₅
C₁ C₂ C₃
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Sendo que aqueles que estiverem em grau mais próximo sucederam por direito
próprio e partilharão por cabeça.
Neste caso, os parentes de grau mais próximo são os filhos e compartilharão
por cabeça (50% para cada filho).
E se um desses filhos (A₁) já fosse falecido no momento da abertura da
sucessão?
Esse filho seria pré-morto, não possuindo direito sucessório, vez que não estava
vivo no momento da abertura da sucessão em 2015. Embora não possa suceder
poderá A₁ ser representado pelos seus filhos B₁ e B₂.
Assim, B₁ e B₂ virão a sucessão para representar A₁ junto ao filho A₂. Ou seja,
haverá alguém de 1º grau (A₂), concorrendo na herança com de 2º grau (B₁ e B₂).
Há, dessa forma, três herdeiros, um herdeiro por direito próprio, vez que está
no grau mais próximo (A₂) e dois herdeiros por representação.
Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes
do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.
Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca
na ascendente.
Nessa hipótese, quem sucede por direito próprio partilha por cabeça, e quem
sucede por representação partilha por estirpe.
Como ocorre a partilha por estirpe?
O quinhão pertencente ao pré-morto, no caso 50%, será dividido entre os seus
representantes, ficando cada um, no exemplo acima, com 25%.
E se no enunciado de uma questão, utilizando o exemplo acima, afirmasse que
“A₂” era comoriente, ou seja, que morreu junto e no mesmo evento que “A”, não se
podendo afirmar quem faleceu primeiro?
Se o filho (A₂) morreu exatamente no mesmo momento em que o pai (A), ele
não sobreviveu ao pai. Logo, não tendo sobrevivido ao pai não possui direito
sucessório. Inexistindo direito sucessório ele estará fora da partilha.
Neste cenário não haveria herdeiros no 1º grau e o 2º grau, nesta hipótese,
seria o grau mais próximo, sendo o 2º grau o grau mais próximo quem estiver neste
grau sucederá por direito próprio e a partilha ocorrerá por cabeça.
E se o neto B₂ não pudesse ser sucedido, poderia se representado pelos
bisnetos?
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Sim, neste caso, teriam quatro herdeiros por direito próprio e dois herdeiros
por representação que partilhariam por estirpe (20%).
Por isso, quando se lê o art.1.835 verifica-se que os filhos sempre sucedem por
direito próprio e sempre partilham por cabeça, já que sempre pertencem ao grau mais
próximo, os demais descendentes variam.
Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros
descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo
grau.
Agora imagine a seguinte situação: “A” possui três filhos com mulheres
distintas, mais um filho havido fora do casamento e há uma mulher grávida em uma
gestação de dois meses. “A” morreu em 09.05.2014, quando a sucessão aberta já havia
uma concepção de dois meses, bastando saber se dessa concepção haverá nascimento
ou não.
Havendo nascimento do concebido ele levará 20% dessa herança, vez que há
mais quatro herdeiros.
Se a criança nasceu e morreu logo depois, ao nascer ela vai adquirir os 20%, vez
que estava vivo no momento da sucessão e se morrer transmite esses 20%,
provavelmente, para sua mãe.
Tratando-se de natimorto2 terá apenas o certificado de natimorto, não
ocorrendo a sucessão. Logo, os demais herdeiros ficarão com 25% cada um.
Outrossim, a pessoa jurídica tem vocação sucessória, mas apenas da sucessão
testamentária.
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:
II - as pessoas jurídicas;
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O nascido tem certidão de nascimento e de óbito; o natimorto tem apenas certificado de natimorto.
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Neste caso, o testador estabelece que quem irá lhe suceder é alguém que nem
concebido estava.
Exemplo: “A” testador nomeou o filho de Tatiana para lhe suceder em imóvel.
Aberta a sucessão em 27.03.2012 a Tatiana não tinha filho e nem grávida estava.
Pelo Código Civil de 1916 essa disposição testamentária seria revertida em
favor dos herdeiros legítimos do testador.
Entretanto, no Código Civil de 2002, o art.1.799, I não exige que o sucessor
testamentário esteja vivo e sim que o genitor da prole esteja vivo. Logo, quem deve
estar viva em 27.03.2012 é a Tatiana a fim de viabilizar o nascimento desse filho.
A sucessão é aberta em 27.03.2012, sendo que o filho de Tatiana sucederá o
imóvel, embora este filho não exista e não concebido esteja.
Como esse problema será resolvido?
Art. 1.800 § 2o Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim
nomeado, regem-se pelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no
que couber.
Aguardar-se-á até dois anos a contar da abertura da sucessão para que o filho
da Tatiana seja concebido, esse prazo poderá até ser menor que dois anos, mas não
poderá ser superior.
Art. 1.800 § 4o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for
concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário
do testador, caberão aos herdeiros legítimos.
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Atenção! A lei não determina dois anos para o nascimento e sim para a
concepção.
Além disso, até se saber quem será o real sucessor daquele imóvel, a
administração do bem será do genitor, neste caso da Tatiana, a não ser que o testador
tenha estabelecido outra pessoa, sendo que essa administração é pela curatela.
Art. 1.800. § 1o Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à
pessoa cujo filho o testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às
pessoas indicadas no art. 1.775.
§ 2o Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, regem-
se pelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que couber.
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Assim, a concorrência não será em toda a herança, mas somente nos bens
particulares.
Exemplo: Rebeca e Pedro são casados pelo regime da comunhão parcial de
bens e teve com ele dois filhos. Pedro morreu e deixou um imóvel que era proprietário
antes do casamento e outro imóvel, dois carros e dinheiro adquiridos onerosamente
durante o casamento.
Com a morte do Pedro, a Rebeca passa a ter meação sobre os bens adquiridos
durante o casamento, sendo que o imóvel adquirido anteriormente é particular, não
detendo Rebeca direito à meação, vez que é anterior ao casamento.
Neste caso, no inventário do Pedro estariam 50% sobre os bens adquiridos
após o casamento e 100% do imóvel adquirido antes do casamento.
Seguindo a orientação de Maria Helena Diniz, a Rebeca teria direito à meação e
a partilhar na herança com os dois filhos o imóvel particular e o 50% dos bens que
seriam do Pedro.
Entretanto, segundo a tese que prevalece, a Rebeca somente terá direito à
meação, somente tendo direito de participar da herança com os descendentes no que
tange ao bem particular.
Atenção! Livros indicados para estudo da matéria:
Direito das Sucessões – Luiz Paulo Vieira de Carvalho, Editora Atlas (é um livro
mais profundo sobre a matéria);
Direito das Sucessões Teoria e Prática – Mario Roberto Carvalho de Faria,
Editora Forense (igualmente profunda e completa como a obra anteriormente
indicada, porém, mais enxuta);
Ainda, é possível a utilização da parte de sucessões do livro do Flávio Tartuce.
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Entretanto, o que é necessário aprender é que alguns autores não irão ajudar
muito no momento do concurso, embora possam ser ótimos para reflexões ou para
especializações, mas não para o concurso. É o que ocorre com a obra da Maria
Berenice Dias, vez que seu manual de sucessões apresenta posicionamentos perigosos
para um candidato, por exemplo, nessa parte do 1.829 a autora estabelece que o
cônjuge sobrevivente somente deverá suceder nos bens que foram adquiridos na
vigência do casamento, ou seja, vai na contramão da lei, já que a lei estabelece que
existindo meação não poderá concorrer na herança com os demais descendentes e a
Maria Berenice diz exatamente ao contrário. Isso porque, filosoficamente falando esse
posicionamento é absolutamente sensato, porém, não são esses posicionamentos que
precisarão ser defendidos em provas, já que possuem um cunho elevado de filosofia
jurídica, mas são contra legem.
Voltando a matéria e ainda sobre a questão do cônjuge, há o aspecto da
partilha (art.1.832), vez que já sabemos quando o cônjuge concorrerá com os
descendentes, restando saber como essa partilha ocorrerá.
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao
cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua
quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com
que concorrer.
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Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca
na ascendente.
Pai Mãe
Morto
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Caso o pai fosse pré-morto não teria direito sucessório, não podendo os avós
paternos representar o pai pré-morto, vez que, como já visto, pelo art.1.852 não existe
representação entre os ascendentes. Logo, a mãe ficará com 100% da herança.
Entretanto, se mãe for comoriente, também não possuirá direito sucessório,
motivo pelo qual subirá ao 2º grau, sendo a herança dividida por linha, ou seja, metade
para a linha paterna (50%) e metade para a linha materna (50%).
Na hipótese acima, o avo materno ficará com 50% e os avós paternos dividirão
os 50%, ficando 25% para cada um.
Em relação à concorrência com o cônjuge o Código Civil assim preceitua:
Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um
terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se
maior for aquele grau.
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Ainda assim o cônjuge continuaria com ½ da herança, vez que concorre com
ascendente de grau superior ao primeiro, sendo que a outra metade será dividida por
linha. Ou seja, 3 milhões para o avô materno e 1,5 para cada um dos avós paternos.
Outro aspecto importante é quando há ascendentes e cônjuge e descendentes
e cônjuge, sendo que, nesta hipótese, ocorrerá o inventário.
No inventário poderá existir, dentre os bens, somente um imóvel que sirva de
residência para a família, mesmo existindo mais imóveis, o cônjuge sobrevivente terá
direito real de habitação.
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será
assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real
de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde
que seja o único daquela natureza a inventariar.
Assim, não importa se o cônjuge irá concorrer na herança ou não, nem mesmo
o regime de bens, podendo até mesmo ser o da separação obrigatória, o direito real de
habitação ainda existirá se no inventário constar somente um imóvel que servia de
residência para a família.
Logo, poderá até mesmo o cônjuge não ser proprietário do imóvel, mas terá
direito real de habitação no bem.
Ainda, pode ser que o cônjuge tenha a propriedade do imóvel, conjuntamente
com ascendentes e descendentes, mas quem terá direito de residir naquele imóvel
será o cônjuge.
Além disso, o direito real de habitação irá persistir mesmo se o cônjuge vier a
formar uma outra família, um novo casamento ou uma união estável não extinguirá o
direito real de habitação, vez que este direito real de habitação é constituído para se
estender até a morte do cônjuge sobrevivente.
1.4.1.3 Ausência de descendentes e ascendentes
Nesta hipótese, toda a herança legítima será do cônjuge:
Art. 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por
inteiro ao cônjuge sobrevivente.
Logo, é possível concluir que o cônjuge nunca partilhará herança legítima com
os parentes colaterais do autor da herança.
Embora tenha que, em algumas hipóteses, dividir a herança se houve
testamento, mas dentro da sucessão legítima o cônjuge não divide a herança com
parentes colaterais.
A única exceção seria a hipótese do art.1.830:
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Segundo o dispositivo, o cônjuge não tem direito sucessório, então, nesse caso,
não havendo ascendentes e descendentes a herança seria toda dos colaterais.
Havendo ascendente ou descendente, o cônjuge não teria direito à
concorrência e o real direito de habitação.
Assim, haveria um cônjuge sobrevivente que não teria qualquer direito nessa
sucessão.
Na referida hipótese, na data da morte os cônjuges estariam separados
judicialmente ou de fato.
O cônjuge sobrevivente não tem direito a suceder se na data da morte já
estivesse separado judicialmente.
Exemplo: Eduardo e Mônica se separaram judicialmente em 2008. Eduardo
morreu em 2016, a Mônica era separada judicialmente e agora será viúva, vez que a
separação judicial não extingue o casamento e sim limita tão somente a dissolver a
sociedade conjugal, motivo pelo qual o casamento somente se extinguiu pela morte,
ou seja, a morte liberou Mônica para casar novamente.
Logo, Mônica é cônjuge sobrevivente. Entretanto, não terá qualquer direito
sucessório a reclamar no inventário do Eduardo, sendo que, no máximo, poderá retirar
a sua meação, caso a partilha nos autos da separação judicial ainda não tenha sido
feita.
Atualmente, o problema é a questão da separação de fato, vez que de acordo
com a redação do art.1.830 do Código Civil, o cônjuge sobrevivente somente perde o
direito sucessório pela separação de fato, se ela já houver se estendido há 2 anos da
data da morte.
Exemplo: Eduardo e Mônica são separados de fato há 1 ano e 6 meses. Eduardo
morreu antes de completar 2 anos da separação de fato. Logo, Mônica sucederá,
somente perdendo o direito sucessório se a separação ocorreu há pelo menos 2 anos.
E se a separação ocorreu há 4 anos da data da morte, haveria a perda do direito
sucessório?
Depende, vez que é necessário analisar outro requisito cumulativo, consistente
na culpa pela separação,
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Assim, se Mônica não for considerada culpada pela separação ela se mantém
com o direito sucessório.
Entretanto, tal regra pode gerar um grande problema, pois o art.1.723 §
o
1 permite que uma pessoa separada de fato constitua uma outra família por união
estável.
Art.1.723. § 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos
do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa
casada se achar separada de fato ou judicialmente.
Dessa forma, um sujeito que separou de fato há muitos anos, pode agora
falecer e deixar uma companheira.
Como ocorrerá a divisão de bens?
Ao responder uma prova de múltipla escolha, deve-se observar o art.1.830.
Entretanto, não havendo essa resposta ou tratando-se de questão dissertativa, deve-
se ficar atento à Emenda Constitucional 66/2010, pois a partir de então não mais
interessa investigar quantos anos de separação de fato para se dissolver os efeitos de
uma sociedade conjugal. Isso porque, a partir da Emenda Constitucional 66/2010, uma
separação de fato automaticamente dissolve a sociedade, bastando a prova da
separação de fato.
Além disso, não mais interessa discutir culpa.
Art. 1º O § 6º do art. 226 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte
redação:
"Art. 226. .................................................................................
..........................................................................................................
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio."(NR)
Logo, os companheiros não têm direito à herança legítima quanto aos bens
adquiridos antes da união estável e quanto aos bens adquiridos gratuitamente.
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro,
quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas
condições seguintes:
Ainda, pode ser que uma pessoa venha a falecer deixando descendentes.
A fim de melhor entender a matéria, considere que existam bens adquiridos
antes da união estável, bens adquiridos gratuitamente e bens adquiridos
onerosamente durante a união estável, sendo que o morto deixou a companheira e
deixou filhos comuns.
Nesta hipótese será aplicado o art.1.790, I:
Art. 1.790. I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota
equivalente à que por lei for atribuída ao filho;
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B C D E
B₁ B₂ B₃ C₁ C₂ D₁ E₁ E₂ E₃
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F₁ F₂ G₁ G₂ H₁ H₂ I₁ I₂
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“A” tem quatro irmãos, “B”, “C”, “D” e “E”, sendo que “B” tem três filhos (B₁, B₂
e B₃), “C” tem 2 filhos (C₁ e C₂), “D” tem um filho (D₁) e “E” tem três filhos (E₁, E₂ e E₃).
Ainda, B₂ tem dois filhos, C₂ tem dois filhos, E₁ tem também dois filhos e E₃ tem dois
filhos, sendo que todos os filhos dos filhos dos irmãos de “A” são sobrinhos-netos de
“A”.
Lembrando que, o grau mais próximo retira da sucessão o grau mais afastado,
sendo que agora é necessário analisar o art.1.841:
Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos
unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar.
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seja, cada filho de irmão unilateral terá o direito de receber a metade de cada filho de
irmão bilateral.
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Termo judicial é quando alguém que possui direito sucessório informa ao juiz,
através de petição, a sua renúncia.
Se o juízo sucessório constatar que a aceitação já ocorreu, a renúncia será
indeferida, vez que a aceitação é irrevogável.
Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento
público ou termo judicial.
Exemplo: Otávio (avô), Silvio (pai) e Rodrigo (filho). Silvio pai do Rodrigo morreu
em 2007 e Rodrigo renunciou a sucessão do pai. Otavio morreu em 2015, podendo
Rodrigo aceitar a sucessão de Otávio.
Isso ocorre, porque a renúncia da herança do pai, não significa também a
renúncia à herança do avô.
Ademais, quando alguém renuncia, o quinhão que seria dela acresce ao dos
outros que estiverem na mesma classe, não se admitindo o direito de representação
do renunciante. Entretanto, se admite que os filhos do renunciante venham a sucedê-
lo, desde que por direito próprio, partilhando por cabeça.
Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros
herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da
subseqüente.
Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se,
porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma
classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio,
e por cabeça.
Exemplo: “de cujus” deixou pai e mãe (“A” e “B”), filhos (“C e “D”) e netos (“C₁”,
“C₂”, “D₁” e “D₂”).
“C” renunciou, logo, seu quinhão será acrescido para outros da mesma classe,
não podendo, neste caso, o quinhão ser revertido em favor de “A” e “B”, vez que ainda
existem descendentes da mesma classe. Somente se houvesse a renúncia de todos os
descendentes é que a herança iria para os herdeiros da classe subsequente.
Ainda, os dois filhos de “C” não podem vir à sucessão junto à “D”, vez que a lei
não permite a representação de renunciantes.
Assim, toda a herança ficaria para “D”, salvo se “D” também renunciar, caso em
que a herança ficaria para os seus netos, sendo partilhada por cabeça.
Atenção! Filho de renunciante sucede, somente não poderá suceder por
representação.
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