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Direito Civil – Família e Sucessões

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Sumário
1. Sucessões ........................................................................................................2
1.1 Princípio da saisine .........................................................................2
1.2 Espécies de sucessão .....................................................................3
1.3 Natureza e Cessão .........................................................................6
1.4 Vocação Hereditária ....................................................................10
1.4.1 Ordem da Vocação Hereditária ..................................................15
1.4.1.1 Descendentes em concorrência com o cônjuge ...................16
1.4.1.2 Ascendentes em concorrência com cônjuge ........................20
1.4.1.3 Ausência de descendentes e ascendentes ...........................22
1.5 Sucessão dos companheiros ........................................................24
1.6 Sucessão na linha transversal ......................................................27
1.7 Aceitação e Renúncia ..................................................................29

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Direito Civil – Família e Sucessões
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1. Sucessões
1.1 Princípio da saisine
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros
legítimos e testamentários.

Por que o princípio da saisine é tão importante no estudo dos direitos das
sucessões?
Alguém tem uma universalidade de direitos atrelados à si, ao seu patrimônio,
com a morte e o fim da personalidade é necessário promover a sucessão de todos
esses direitos ao mesmo tempo, vez que com o fim da personalidade não há mais que
se mencionar em propriedade.
Logo, a morte abre a sucessão de toda essa universalidade de direitos.
Segundo a teoria do fato consumado é no momento da morte que a sucessão é
aberta e que todos os direitos são transmitidos.
Assim, a lei utilizada para a aquisição dos direitos em razão da morte é aquela
vigente no momento da abertura da sucessão (Tempus Regit Actum).
Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo
da abertura daquela.

Da mesma forma, os herdeiros se tornam proprietários, credores, possuidores


de todos aqueles direitos que outrora eram atrelados ao falecido no momento da
abertura da sucessão.
O princípio da saisine é uma ficção jurídica, segundo a qual, todos os direitos de
uma pessoa são transmitidas aos seus herdeiros no exato momento da morte.
Ainda, a sucessão será aberta no último domicílio do autor da herança.
Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

Sendo o último domicílio do autor da herança o lugar da abertura da sucessão


isso acabará refletindo na competência das questões sucessórias (cumprimento de
testamento, arrolamento, inventário), ou seja, toda e qualquer causa acerca do direito
hereditário fará competente o juízo do lugar do último domicílio do autor da herança.
O Novo Código de Processo Civil estabelece critérios subsidiários, ou seja, se o
autor da herança não possuir domicílio certo, o local da competência será da situação
do imóvel, havendo mais de um imóvel haverá foros concorrentes, e não havendo
imóvel será competente qualquer lugar de qualquer dos bens.
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o
inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última

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vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as


ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é
competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.

1.2 Espécies de sucessão


Importante para que possamos seguir adiante com o estudo do tema é
identificar as espécies de sucessão.
Se o critério utilizado para identificar a sucessão for a origem, ou seja, a causa
da sucessão, poderá ser:
 Legítima
A origem é a lei (herdeiros legítimos).
Existem basicamente dois tipos de herdeiros:
1) Necessários
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.

Atenção! O cônjuge não era herdeiro necessário no Código Civil de 1916.


Assim, sendo a data do óbito anterior a 11 de janeiro de 2003, o cônjuge deverá ser
considerado como herdeiro facultativo.
Ser herdeiro necessário significa ter a garantia de herança legítima, vez que há
na lei restrição à liberdade de fazer testamento, que determina que existindo
herdeiros necessários o testamento não poderá abordar mais da metade da herança.
Como o testamento tem um limite de 50% da herança significa que os
herdeiros necessários sempre herdarão, já que o testador não poderá alcançar mais da
metade do seu patrimônio.
Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens
da herança, constituindo a legítima.

Art. 1.857. § 1o A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no
testamento.

2) Facultativos
Quem não for herdeiro necessário será herdeiro legítimo facultativo.

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Atualmente existe no STF um recurso extraordinário, que já recebeu 7 votos,


para declarar a inconstitucionalidade do tratamento sucessório aos companheiros
(art.1790).
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro,
quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas
condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por
lei for atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade
do que couber a cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da
herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.

Referido dispositivo que confere direitos ao companheiro na herança legítima


está prestes a ser declarado inconstitucional. Nos termos dos votos proferidos até o
momento, entendeu-se ter existido um retrocesso na situação do companheiro, pois
em razão da Lei 9.278/1996 e naquela época o companheiro havia tingido uma
situação de igualdade com o cônjuge na sucessão, e essa igualdade foi quebrada pelo
Código Civil de 2002, que inseriu um tratamento bastante superior aos cônjuges
comparado aos companheiros.
Caso esse entendimento seja consolidado, os companheiros deixarão o grupo
dos herdeiros facultativos e ingressarão no grupo dos herdeiros necessários, ficando
no grupo dos herdeiros facultativos somente os parentes colaterais da pessoa falecida.
A herança legítima é suplementar a herança testamentária, em razão da
estrutura do nosso ordenamento jurídico, segundo o qual somente haverá sucessão
legítima se alguém morrer ab intestato, ou seja, sem deixar testamento. Ou então, se
quem morrer deixar um testamento com invalidades ou caducidades, sendo que a
invalidade do testamento ou a caducidade reverte em favor dos herdeiros legítimos,
conforme o princípio da sobra (o que não pode ser cumprido no testamento é
revertido em favor da herança legítima).
Ainda, segundo o mesmo princípio, quando o testamento não envolver todos
os bens o que ficou de fora do testamento reverterá para a herança legítima.
Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros
legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no
testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for
julgado nulo.

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Conclui-se assim que a sucessão legítima ocupa o espaço deixado pela sucessão
testamentária, por isso é suplementar, e, esse sistema funciona pela via da sobra, ou
seja, o que sobra do testamento cai na sucessão legítima.
Ademais, conforme disposto no art.1.789, haverá sucessão legítima se os
herdeiros legítimos forem necessários, ou seja, sendo os herdeiros facultativos não
haverá certeza da sucessão legítima.
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade
da herança.

Dessa forma, se alguém morreu sem deixar testamento a extensão da legítima


será de 100% da herança.
De outro modo, se alguém morreu e deixou testamento que somente pode ser
cumprido em 20%, a extensão da legítima será de 80%.
Logo, a legítima pode sair de 100 a 50% se os herdeiros legítimos forem
necessários e de 100 a 0% se os herdeiros legítimos forem facultativos.
Atenção! Herdeiro não é a mesma coisa que filho (a); herdeiro é aquele que
sucederá a universalidade de direitos no dia da morte.
 Testamentária
A origem é a vontade do titular do direito.
Outra forma de classificar a sucessão é pela extensão do direito sucessório, que
pode ser:
 Herança é a universalidade de direitos que está em sucessão.
Quando uma pessoa morre, seu patrimônio se transforma em herança, assim,
herança é o patrimônio da pessoa falecida que é transmitida, em razão da sua morte.
Sendo que, todos aqueles que possuam uma porcentagem sobre essa herança são
chamados de herdeiros.
Ou seja, herdeiro é um sucessor que tem direito sobre todo o monte.
 Legado
Pode ser que da herança seja destacado um direito certo pelo testador, como,
por exemplo, uma casa, ou um terreno, ou uma joia, ou um quadro etc.
Ou seja, essa pessoa não irá participar da partilha do monte, recebendo tão
somente aquele bem específico, determinado, certo, estabelecido no testamento.
Essa sucessão é a título singular, chamado de legado, sendo que esse sucessor é
o legatário.

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Assim, na sucessão legítima somente existem herdeiros, vez que não há como a
lei estabelecer legado, pois é genérica e abstrata. Entretanto, na sucessão
testamentária, poderá tanto existir, como legatários.
Imagine um testamento com o seguinte teor:
Isabela receberá 15% do monte e César receberá 1 imóvel.
Isabela será herdeira testamentária, vez que em razão do testamento
participará da divisão do monte todo. Enquanto César não terá direito sobre tudo, mas
apenas sobre um determinado imóvel.
Conclui-se que o testamento nomeou uma herdeira (Isabela) e um legatário
(César).
Por fim, o testamento estabelece tanto um sucessor a título, quanto a título
singular, a depender da exposição testamentária.

1.3 Natureza e Cessão


A natureza jurídica da herança está intimamente ligada à cessão de direitos
hereditários.
Antes de adentrar ao conceito de cessão é necessário entender como a herança
é recebida e estruturada dentro do ordenamento jurídico.
A herança é um bem imóvel, sendo que todo monte forma um único bem (bem
unitário), e até a partilha a herança é indivisível.
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
II - o direito à sucessão aberta.

Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os
herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e
posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao
condomínio.

Assim, de acordo com essa leitura sistemática do Código Civil, a herança até a
partilha é um único imóvel indivisível, o que resulta na equiparação da herança ao
condomínio.
Explica-se:
Considere um patrimônio de 20 milhões de reais, com 4 herdeiros (A, B, C, D),
sendo que dentro desse patrimônio podem existir alguns imóveis, títulos, joias,
vestimentas, sendo que tudo isso somado atinge o montante de R$ 20.000.0000,00.

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Esse patrimônio representa um único imóvel indivisível. Ou seja, até a partilha,


esse conjunto tem a mesma natureza jurídica de uma casa ou de um apartamento.
Ora, não há como “A” ser proprietário da cozinha, “B” da sala e “C” do banheiro, vez
que como o imóvel é indivisível, cada coproprietário desse imóvel tem uma fração
ideal de propriedade.
Assim, quando alguém morre, esse imóvel (20 milhões de reais) é transmitido a
A, B, C, e D, que serão proprietários da universalidade até que ocorra a partilha (25%
para cada um do imóvel).
A equiparação entre coerdeiro e condôminos se dá em razão do condomínio
representar a hipótese em que duas ou mais pessoas tem a fração ideal de
propriedade sobre um imóvel indivisível.
O nome dado a essa fração ideal de propriedade é quinhão hereditário.
Cada herdeiro é titular exclusivo de um quinhão hereditário, sendo que o
quinhão hereditário lhe dá direito a concorrer na partilha do monte, podendo o
herdeiro dispor de tal quinhão.
Lembre-se, o herdeiro é proprietário da herança desde a morte, sendo ele
proprietário poderá dispor do que possui.
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros
legítimos e testamentários.

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o


direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

Dessa forma, poderá, por exemplo, celebrar contratos que implique na


transferência do seu direito hereditário, podendo ceder o que detém.
Essa cessão poderá ser tanto a título oneroso, quanto gratuito.
A cessão onerosa é o mesmo caso do condômino que tem interesse em vender
a sua fração ideal de propriedade, sendo que neste caso, da mesma forma que o
condômino, deverá o herdeiro oferecer aos demais coerdeiros o seu direito hereditário
antes de transferi-lo onerosamente.
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a
estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não
se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte
vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de
decadência.
Art. 1.794. O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa
estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto.

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Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá,


depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até
cento e oitenta dias após a transmissão.
Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles
se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias.

Isso somente ocorrerá quando se tratar de cessão onerosa, não valendo tal
direito de preferência quando se tratar de cessão gratuita.
Ainda, caso esse direito de preferência não seja observado, aquele coerdeiro
que não teve o direito observado poderá reivindicar essa fração.
Exemplo: Um monte foi avaliado em R$ 20.000.000,00, em tese, cada um dos
herdeiros teria um quinhão hereditário avaliado em R$ 5.000.000,00. Entretanto, não
significa que se o montante vale R$ 5.000.000,00, que esse preço será alcançado. O
preço é quanto se consegue negociar, podendo encontrar-se abaixo ou acima do valor
do bem.
Esse herdeiro precisa de dinheiro e não poderá aguardar até o final do
inventário para realizar a partilha, motivo pelo qual oferta esse quinhão hereditário.
Alguém se interessa por esse quinhão hereditário e efetua a proposta de pagar o
montante de R$ 3.000.000,00. Quando esse coerdeiro recebe essa oferta deverá
repassá-la aos outros coerdeiros, vez que se um coerdeiro realizar uma proposta, ao
menos igual à ofertada pelo estranho, terá o direito de ficar com o quinhão
hereditário. A pessoa estranha que ofertou os R$ 3.000.000,00 somente terá o direito
de tornar-se o cessionário se a sua proposta for melhor que a dos coerdeiros.
Não sendo observada a preferência poderá o coerdeiro reivindicar a fração,
desde que dentro do prazo decadencial de 180 dias a contar da transferência e
depositado o preço do contrato.
Há uma certa discussão sobre qual o exato momento para o início do prazo
decadencial.
Como a cessão de direitos hereditários irá ofertar ao terceiro a participação na
herança é necessária a sua habilitação nos autos do inventário, que deverá ser
instruída com a escritura pública da cessão dos direitos hereditários realizada.
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o
co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.

Logo, quem irá participar da partilha será o cessionário no lugar do cedente.


No momento em que o juiz comunica os demais coerdeiros sobre o pedido de
habilitação é que deve ser iniciado o prazo decadencial de 180 dias.

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Ainda, é necessário o pagamento de imposto sobre a cessão de direitos


hereditários, sendo que a alíquota é estabelecida pelo Município por tratar-se de
imposto municipal, equiparando-se cessão de direitos hereditários a uma compra e
venda.
Caso trate-se de cessão de direitos a título gratuito equiparar-se-á a uma
doação, com a incidência de imposto estadual.
Atenção! Não há o pagamento de dois impostos, mas o pagamento de um
imposto para cada fato gerador. A morte é um fato gerador de imposto, em razão da
transmissão da herança, assim, quando um coerdeiro faz a cessão de direitos
hereditários está realizando um outro fato gerador de imposto, motivo pelo qual
incide imposto sobre o valor do contrato da cessão de direitos hereditários.
Ainda, esse contrato requer vênia conjugal, já que há a transferência de bem
imóvel, sendo dispensada se o regime de casamento for de separação absoluta.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

Ademais, na cessão de direitos hereditários não pode o objeto versar sobre


bem particular por causa da natureza indivisível da herança.
Art. 1.793 § 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário
sobre qualquer bem da herança considerado singularmente.

Tal conduta era muito comum, sendo que as pessoas realizavam cessão de
direitos hereditários sobre aquela casa, sobre o apartamento, sobre uma coisa
específica. Entretanto, o Código Civil de 2002 determinou expressamente que esse
contrato de cessão de direitos hereditários sobre bem singular é ineficaz, vez que
ofende a natureza jurídica da herança que estabelece que o monte é um único imóvel
indivisível até a partilha.
Muitas pessoas leem o § 2º do 1793 e não o compreendem quando compara
com o § 3º do mesmo dispositivo, que assim preceitua:
Art. 1.793 § 3o Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão,
por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a
indivisibilidade.

Entretanto, referidos parágrafos são completamente distintos, isso porque, o


contrato de cessão de direitos hereditários não modifica o patrimônio, mas tão
somente altera as participações que os autores terão na divisão do bem. Ou seja, um
herdeiro poderá ceder direitos a outro herdeiro, mas os bens ainda serão os mesmos,
somente o direito de participar da partilha que será alterado. O § 3º não altera os

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autores, mas os bens que compõem a herança. É o que ocorre, por exemplo, quando
um herdeiro pretende a venda de um veículo que compõe a herança ou movimentar a
conta bancária do espólio etc. Assim, se houver a necessidade de mexer no monte é
necessário alvará judicial para que, através deste instrumento, o juiz defira a
autorização para dispor de bens de herança.

1.4 Vocação Hereditária


A Vocação Hereditária possui uma grande regra disposta no art.1.798, que é
chamada de princípio da coexistência.
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no
momento da abertura da sucessão.

Atenção! Ter direito sucessório e ser herdeiro são coisas distintas, vez que para
ser herdeiro e legatário não basta ter direito sucessório, devendo a pessoa aceita-lo,
sendo que enquanto não houver aceitação ou renúncia o que se adquire é o direito
sucessório.
Esse direito sucessório só é concedido a quem estiver vivo no momento da
abertura da sucessão, ou seja, sobrevivência ainda que por breve momento, ou então
que seja nascituro.
Exemplo: o testador nomeou Gustavo para herdar 20% do seu patrimônio1. O
testador morreu em 15.09.2016 e Gustavo em 06.04.2015. Como o testador morreu
depois de Gustavo diz-se que o Gustavo é pré-morto, ou seja, não estava vivo no
momento da sucessão, não possuindo direito hereditário.
Nesse caso, os 20% ficarão com os filhos de Gustavo?
Não, pois a sucessão testamentária é intuito persona, ou seja, o testador
determinou que o Gustavo receberia 20%, se não há qualquer determinação que ele
poderia ser substituído pelos seus filhos, tal sucessão não poderá ocorrer. Logo, os
20% reverterão em favor dos herdeiros legítimos do testador, vez que o Gustavo não
teve vocação hereditária.
Na sucessão legítima não é isso que ocorre, vejamos:
Na sucessão legítima existem modos de suceder e de partilhar, assim, alguém
pode suceder por direito próprio ou por representação, ainda, quem sucede poderá
partilhar por cabeça ou por estirpe.

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Gustavo é um herdeiro testamentário

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Próprio
Modos de
suceder
Represent
ação

Cabeça
Modos de
partilhar

Estirpe

Exemplo: “A” faleceu em 2015. Quando há o falecimento, as primeiras pessoas


convocadas para sua sucessão legítima são os descendentes. “A” deixou dois filhos (A₁
e A₂), cinco netos (B₁, B₂, B₃, B₄ e B₅) e 3 bisnetos (C₁, C₂ e C₃). Ou seja “A”, deixou dois
descendentes de 1º grau (filhos), cinco descendentes de 2º grau (netos) e três
descendentes de 3º grau (bisnetos), num total de dez descendentes.

A₁ A₂

B₁ B₂ B₃ B₄ B₅

C₁ C₂ C₃

Todos os descentes serão herdeiros do de cujus?


Não, vez que os parentes de grau mais próximo retiram da sucessão os
parentes de grau mais afastados.
Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais
remotos, salvo o direito de representação.

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Sendo que aqueles que estiverem em grau mais próximo sucederam por direito
próprio e partilharão por cabeça.
Neste caso, os parentes de grau mais próximo são os filhos e compartilharão
por cabeça (50% para cada filho).
E se um desses filhos (A₁) já fosse falecido no momento da abertura da
sucessão?
Esse filho seria pré-morto, não possuindo direito sucessório, vez que não estava
vivo no momento da abertura da sucessão em 2015. Embora não possa suceder
poderá A₁ ser representado pelos seus filhos B₁ e B₂.
Assim, B₁ e B₂ virão a sucessão para representar A₁ junto ao filho A₂. Ou seja,
haverá alguém de 1º grau (A₂), concorrendo na herança com de 2º grau (B₁ e B₂).
Há, dessa forma, três herdeiros, um herdeiro por direito próprio, vez que está
no grau mais próximo (A₂) e dois herdeiros por representação.
Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes
do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.
Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca
na ascendente.

Nessa hipótese, quem sucede por direito próprio partilha por cabeça, e quem
sucede por representação partilha por estirpe.
Como ocorre a partilha por estirpe?
O quinhão pertencente ao pré-morto, no caso 50%, será dividido entre os seus
representantes, ficando cada um, no exemplo acima, com 25%.
E se no enunciado de uma questão, utilizando o exemplo acima, afirmasse que
“A₂” era comoriente, ou seja, que morreu junto e no mesmo evento que “A”, não se
podendo afirmar quem faleceu primeiro?
Se o filho (A₂) morreu exatamente no mesmo momento em que o pai (A), ele
não sobreviveu ao pai. Logo, não tendo sobrevivido ao pai não possui direito
sucessório. Inexistindo direito sucessório ele estará fora da partilha.
Neste cenário não haveria herdeiros no 1º grau e o 2º grau, nesta hipótese,
seria o grau mais próximo, sendo o 2º grau o grau mais próximo quem estiver neste
grau sucederá por direito próprio e a partilha ocorrerá por cabeça.
E se o neto B₂ não pudesse ser sucedido, poderia se representado pelos
bisnetos?

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Sim, neste caso, teriam quatro herdeiros por direito próprio e dois herdeiros
por representação que partilhariam por estirpe (20%).
Por isso, quando se lê o art.1.835 verifica-se que os filhos sempre sucedem por
direito próprio e sempre partilham por cabeça, já que sempre pertencem ao grau mais
próximo, os demais descendentes variam.
Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros
descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo
grau.

Diante do exposto, é possível concluir que premoriente e comoriente não


possuem vocação hereditária, vez que nestas duas hipóteses a pessoa não estava viva
no momento da abertura da sucessão.
Outrossim, o art.1.798 garante a sucessão do nascituro, adquirindo o direito
sucessório com o nascimento. Ou seja, adquire o direito sucessório, pois estava vivo na
abertura da sucessão. Entretanto, para se tornar um direito adquirido deve nascer
futuramente.
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no
momento da abertura da sucessão.

Agora imagine a seguinte situação: “A” possui três filhos com mulheres
distintas, mais um filho havido fora do casamento e há uma mulher grávida em uma
gestação de dois meses. “A” morreu em 09.05.2014, quando a sucessão aberta já havia
uma concepção de dois meses, bastando saber se dessa concepção haverá nascimento
ou não.
Havendo nascimento do concebido ele levará 20% dessa herança, vez que há
mais quatro herdeiros.
Se a criança nasceu e morreu logo depois, ao nascer ela vai adquirir os 20%, vez
que estava vivo no momento da sucessão e se morrer transmite esses 20%,
provavelmente, para sua mãe.
Tratando-se de natimorto2 terá apenas o certificado de natimorto, não
ocorrendo a sucessão. Logo, os demais herdeiros ficarão com 25% cada um.
Outrossim, a pessoa jurídica tem vocação sucessória, mas apenas da sucessão
testamentária.
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:
II - as pessoas jurídicas;

2
O nascido tem certidão de nascimento e de óbito; o natimorto tem apenas certificado de natimorto.

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Ademais, poderá o testamento determinar a constituição de uma fundação,


passando a fundação a existir em razão do testamento, sendo também uma pessoa
jurídica, mas não uma pessoa jurídica preexistente a abertura da sucessão e sim uma
pessoa jurídica que irá existir em razão da abertura da sucessão.
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:
III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a
forma de fundação.

Na sucessão testamentária a figura em que se deve ficar mais atento é a da


prole eventual.
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que
vivas estas ao abrir-se a sucessão;

Neste caso, o testador estabelece que quem irá lhe suceder é alguém que nem
concebido estava.
Exemplo: “A” testador nomeou o filho de Tatiana para lhe suceder em imóvel.
Aberta a sucessão em 27.03.2012 a Tatiana não tinha filho e nem grávida estava.
Pelo Código Civil de 1916 essa disposição testamentária seria revertida em
favor dos herdeiros legítimos do testador.
Entretanto, no Código Civil de 2002, o art.1.799, I não exige que o sucessor
testamentário esteja vivo e sim que o genitor da prole esteja vivo. Logo, quem deve
estar viva em 27.03.2012 é a Tatiana a fim de viabilizar o nascimento desse filho.
A sucessão é aberta em 27.03.2012, sendo que o filho de Tatiana sucederá o
imóvel, embora este filho não exista e não concebido esteja.
Como esse problema será resolvido?
Art. 1.800 § 2o Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim
nomeado, regem-se pelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no
que couber.

Aguardar-se-á até dois anos a contar da abertura da sucessão para que o filho
da Tatiana seja concebido, esse prazo poderá até ser menor que dois anos, mas não
poderá ser superior.
Art. 1.800 § 4o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for
concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário
do testador, caberão aos herdeiros legítimos.

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Atenção! A lei não determina dois anos para o nascimento e sim para a
concepção.
Além disso, até se saber quem será o real sucessor daquele imóvel, a
administração do bem será do genitor, neste caso da Tatiana, a não ser que o testador
tenha estabelecido outra pessoa, sendo que essa administração é pela curatela.
Art. 1.800. § 1o Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à
pessoa cujo filho o testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às
pessoas indicadas no art. 1.775.
§ 2o Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, regem-
se pelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que couber.

Não há nenhum problema caso a Tatiana tenha um filho através da adoção, ou


pela reprodução assistida, ou pela socioafetividade, vez que a legislação ordinária não
pode estabelecer discriminação entre os filhos, pois contrariaria disposição
constitucional.
Assim, se nesses dois anos, for configurada a posse de estado de filho entre a
Tatiana e uma criança, já estaria assegurada a esse filho a sucessão do imóvel, ainda
que não ocorra a prolação de uma sentença de adoção, desde que já esteja
configurada a posse do estado de filho dentro do prazo para aguardar a prole
eventual.
1.4.1 Ordem da Vocação Hereditária
O art.1.829 do Código Civil estabelece um elenco de quatro incisos para se fazer
a convocação para a herança legítima, sendo que esta ordem é cogente, imperativa,
não admitindo negociação à vontade dos sujeitos.
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se
casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação
obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão
parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.

Primeiramente, quando alguém morre é necessário verificar quem irá herdar,


sendo o art.1.829 quem traz a ordem de vocação hereditária.
Segundo o inciso I do referido dispositivo, havendo descendentes todos os
outros parentes do de cujus estão fora, vez que dentre os parentes os descendentes
são os primeiros convocados. Sendo que dentro dos descendentes os de grau mais
próximo excluem os de grau mais remoto, salvo a hipótese de representação.

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1.4.1.1 Descendentes em concorrência com o cônjuge


Ainda, o de cujus pode ter falecido casado, sendo que, neste caso, haverá a
retirada da meação do cônjuge sobrevivente e o que ficar no patrimônio é a herança.
Logo, a herança é identificada somente após a partilha dos bens do cônjuge
(meação decorre do regime de bens).
Atenção! Meação não é herança.
Ademais, o cônjuge não concorrerá com o descendente, se na data do óbito, o
regime for de comunhão universal, separação obrigatória e comunhão parcial sem
bens particulares.
Exemplo₁: Hélio e Telma são casados pelo regime da comunhão universal de
bens, mantendo a sociedade conjugal até a data da morte de Hélio. Com a morte, o
casamento está extinto e a sociedade conjugal fica desfeita. Lembrando que
comunhão universal significa dizer que todo o patrimônio é dos dois, logo, metade de
tudo (50%) pertencerá a Telma e a outra metade (50%) é igual a 100% da herança de
Hélio, vez que estando Hélio morto, tudo que seria somente dele seria esse 50%.
Sendo que essa herança seria somente dos descendentes, vez que o art.1.829, I,
determina que quando o cônjuge sobrevivente ou supérstite é casado pela comunhão
universal não concorre com os descendentes, vez que aquele já tem direito a 50%
sobre tudo.
Exemplo₂: Rodolfo e Miriam são casados pelo regime da separação absoluta,
com a morte de Miriam 100% do que é dela é herança, não possuindo o Rodolfo
meação, vez que no regime de separação absoluta não há comunicação patrimonial.
Como o Rodolfo, em razão do regime, não possui qualquer meação irá participar da
herança. Essa hipótese é o contrário do que ocorre na comunhão universal.
É como se uma coisa ou outra, ou seja, ou você terá direito à meação, ou você
irá participar da divisão da herança com os descendentes.
Havia uma controvérsia até dois anos atrás, que a Ministra Nancy Andrighi
entendia que se o regime fosse de separação absoluta não haveria motivo para a
concorrência entre o cônjuge sobrevivente e os descendentes, pois ela homenageava o
regime de bens após a morte. Ou seja, se houve a realização de pacto para o regime de
separação é porque não havia o interesse de que o outro sucedesse nos seus bens pela
sua morte.
Entretanto, essa mudança de entendimento se deu, vez que a Ministra
percebeu que o regime de bens não pode surtir efeitos depois da morte, porque é um
efeito patrimonial do casamento. Assim, acabando o casamento não há mais produção
de efeitos.

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Ademais, não há como se ter a aplicação da regra do regime de bens na


questão sucessória, até porque o cônjuge é herdeiro necessário, não podendo ser
afastado em razão de pacto antenupcial.
Além disso, a herança é coisa distinta do pacto antenupcial.
A herança, principalmente nos herdeiros necessários, não é algo que dependa
do titular do patrimônio.
Assim, neste caso, prevaleceu o entendimento do Enunciado 270 da III Jornada
de Direito Civil.
III Jornada de Direito Civil - Enunciado 270 – Art. 1.829: O art. 1.829, inc. I, só
assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência com os descendentes
do autor da herança quando casados no regime da separação convencional de
bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou participação final nos
aqüestos, o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em que a concorrência
se restringe a tais bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados
exclusivamente entre os descendentes.

Ou seja, tratando-se de separação absoluta, o cônjuge terá concorrência na


herança com os descendentes, vez que neste caso não terá meação alguma, pois todos
os bens são particulares.
Atenção! O regime de separação que não admite concorrência é somente a
separação obrigatória, vez que decorre da lei. Entretanto, poderá conferir direitos de
meação.
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da
celebração do casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de
2010)
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

STF – Súmula 377: “No regime de separação legal de bens, comunicam-se os


adquiridos na constância do casamento”.

Há ainda, o regime da comunhão parcial sem bens particulares, que gerou um


grande problema, vez que não haverá concorrência se no regime da comunhão parcial
não existir bens particulares.
Todavia, e se existir?
Existindo bens particulares haverá a concorrência na herança.
Contudo, qual herança? A herança toda?

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Em um primeiro momento houve uma corrente, defendida, entre outros, por


Maria Helena Diniz, que haveria concorrência em tudo.
Entretanto, o que prevaleceu foi no sentido de que quando tratar-se de regime
de comunhão parcial, a concorrência deve ser limitada ao bem particular.
III Jornada de Direito Civil - Enunciado 270 – Art. 1.829: O art. 1.829, inc. I, só
assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência com os descendentes
do autor da herança quando casados no regime da separação convencional de
bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou participação final nos
aqüestos, o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em que a concorrência
se restringe a tais bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados
exclusivamente entre os descendentes.

Assim, a concorrência não será em toda a herança, mas somente nos bens
particulares.
Exemplo: Rebeca e Pedro são casados pelo regime da comunhão parcial de
bens e teve com ele dois filhos. Pedro morreu e deixou um imóvel que era proprietário
antes do casamento e outro imóvel, dois carros e dinheiro adquiridos onerosamente
durante o casamento.
Com a morte do Pedro, a Rebeca passa a ter meação sobre os bens adquiridos
durante o casamento, sendo que o imóvel adquirido anteriormente é particular, não
detendo Rebeca direito à meação, vez que é anterior ao casamento.
Neste caso, no inventário do Pedro estariam 50% sobre os bens adquiridos
após o casamento e 100% do imóvel adquirido antes do casamento.
Seguindo a orientação de Maria Helena Diniz, a Rebeca teria direito à meação e
a partilhar na herança com os dois filhos o imóvel particular e o 50% dos bens que
seriam do Pedro.
Entretanto, segundo a tese que prevalece, a Rebeca somente terá direito à
meação, somente tendo direito de participar da herança com os descendentes no que
tange ao bem particular.
Atenção! Livros indicados para estudo da matéria:
Direito das Sucessões – Luiz Paulo Vieira de Carvalho, Editora Atlas (é um livro
mais profundo sobre a matéria);
Direito das Sucessões Teoria e Prática – Mario Roberto Carvalho de Faria,
Editora Forense (igualmente profunda e completa como a obra anteriormente
indicada, porém, mais enxuta);
Ainda, é possível a utilização da parte de sucessões do livro do Flávio Tartuce.

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Entretanto, o que é necessário aprender é que alguns autores não irão ajudar
muito no momento do concurso, embora possam ser ótimos para reflexões ou para
especializações, mas não para o concurso. É o que ocorre com a obra da Maria
Berenice Dias, vez que seu manual de sucessões apresenta posicionamentos perigosos
para um candidato, por exemplo, nessa parte do 1.829 a autora estabelece que o
cônjuge sobrevivente somente deverá suceder nos bens que foram adquiridos na
vigência do casamento, ou seja, vai na contramão da lei, já que a lei estabelece que
existindo meação não poderá concorrer na herança com os demais descendentes e a
Maria Berenice diz exatamente ao contrário. Isso porque, filosoficamente falando esse
posicionamento é absolutamente sensato, porém, não são esses posicionamentos que
precisarão ser defendidos em provas, já que possuem um cunho elevado de filosofia
jurídica, mas são contra legem.
Voltando a matéria e ainda sobre a questão do cônjuge, há o aspecto da
partilha (art.1.832), vez que já sabemos quando o cônjuge concorrerá com os
descendentes, restando saber como essa partilha ocorrerá.
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao
cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua
quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com
que concorrer.

Referido dispositivo é dividido em duas partes, em uma primeira parte a lei


determina que o cônjuge deverá receber o mesmo quinhão que tocar o herdeiro que
partilhar por cabeça.
Exemplo: “A” e “B” são casados e possuem quatro filhos em comum. “A”
morreu. Neste caso, “B” o cônjuge sobrevivente, se apresentará nessa sucessão com
um duplo papel, vez que ao mesmo tempo que é cônjuge, também é ascendente dos
herdeiros com quem concorre.
Assim, “B” não terá o direito de 20% da herança e sim de no mínimo 25%, vez
que a lei diz que sendo ele ascendente dos herdeiros que concorrer, o mínimo que vai
tocar esse cônjuge é de ¼ da herança.
Entretanto, imagine que após essa partilha aparece um outro filho
desconhecido do morto e havido fora do casamento.
Nesta hipótese, não há apenas os quatro filhos que são descendentes do
cônjuge sobrevivente e sim cinco filhos, sendo que um não é descendente do cônjuge
sobrevivente, sendo que em razão disso, o cônjuge automaticamente perde o mínimo
de 25% e passa a ficar com 1/6 da herança.

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Ou seja, basta que o cônjuge sobrevivente não seja ascendente de um dos


herdeiros para que ocorra a perda do direito à cota mínima, ficando com a mesma
coisa que ficar com os descendentes.
1.4.1.2 Ascendentes em concorrência com cônjuge
Na ausência de descendente virão à herança os ascendentes, não se admitindo
a representação, sendo que a partilha é por linha.
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca
na ascendente.

Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes,


em concorrência com o cônjuge sobrevivente.
Art. 1.836. § 2o Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os
ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha
materna.

Assim, não havendo descendentes haverá a convocação dos ascendentes e


cônjuge concorrerá com os ascendentes. Entretanto, isso ocorrerá somente se não
existir qualquer descendente do autor da herança.
Morto

Avô Avó Avô Avó


(mo

Pai Mãe

Morto

Da mesma forma que acontece com os descendentes, nos ascendentes o grau


mais próximo retira da sucessão o mais afastado.
Assim, havendo os pais, os avós estarão fora.
No caso acima, como existem dois ascendentes de 1º grau cada um receberá
metade da herança (50%).

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Caso o pai fosse pré-morto não teria direito sucessório, não podendo os avós
paternos representar o pai pré-morto, vez que, como já visto, pelo art.1.852 não existe
representação entre os ascendentes. Logo, a mãe ficará com 100% da herança.
Entretanto, se mãe for comoriente, também não possuirá direito sucessório,
motivo pelo qual subirá ao 2º grau, sendo a herança dividida por linha, ou seja, metade
para a linha paterna (50%) e metade para a linha materna (50%).
Na hipótese acima, o avo materno ficará com 50% e os avós paternos dividirão
os 50%, ficando 25% para cada um.
Em relação à concorrência com o cônjuge o Código Civil assim preceitua:
Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um
terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se
maior for aquele grau.

Referido dispositivo estabelece qual é a parte do cônjuge na herança e não qual


é a parte dos ascendentes, em que há a aplicação do art.1.836.
Exemplo: “A” morreu e era proprietário de um patrimônio de 24 milhões de
reais. “A” tinha pai, mãe, avós paternos e avó materna, sendo o avô materno pré-
morto, deixando ainda cônjuge sobrevivente.
Atenção! O enunciado da questão deverá informar qual o regime de bens que
havia entre o cônjuge e o falecido no momento da abertura da sucessão.
No exemplo acima narrado, os cônjuges eram casados pela comunhão
universal.
Atenção! Quando se tratar de cônjuge concorrendo com ascendente significa
que o cônjuge terá direito à meação e à herança. Entretanto, quando o cônjuge
concorre com descendente é meação ou herança.
Assim, na hipótese acima, o cônjuge terá direito a 12 milhões de meação e os
outros 12 milhões são herança, possuindo o cônjuge direito a 1/3 dessa herança.
Dessa forma, o cônjuge ficará com 4 milhões da herança e os pais também com
4 milhões cada um.
Se o pai fosse pré-morto, o cônjuge não receberia 1/3 e sim ½, vez que o
cônjuge concorreria tão somente com um ascendente. Ou seja, 6 milhões da herança
para o cônjuge e 6 milhões para a mãe.
E se a mãe também não tivesse direito sucessório?

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Ainda assim o cônjuge continuaria com ½ da herança, vez que concorre com
ascendente de grau superior ao primeiro, sendo que a outra metade será dividida por
linha. Ou seja, 3 milhões para o avô materno e 1,5 para cada um dos avós paternos.
Outro aspecto importante é quando há ascendentes e cônjuge e descendentes
e cônjuge, sendo que, nesta hipótese, ocorrerá o inventário.
No inventário poderá existir, dentre os bens, somente um imóvel que sirva de
residência para a família, mesmo existindo mais imóveis, o cônjuge sobrevivente terá
direito real de habitação.
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será
assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real
de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde
que seja o único daquela natureza a inventariar.

Assim, não importa se o cônjuge irá concorrer na herança ou não, nem mesmo
o regime de bens, podendo até mesmo ser o da separação obrigatória, o direito real de
habitação ainda existirá se no inventário constar somente um imóvel que servia de
residência para a família.
Logo, poderá até mesmo o cônjuge não ser proprietário do imóvel, mas terá
direito real de habitação no bem.
Ainda, pode ser que o cônjuge tenha a propriedade do imóvel, conjuntamente
com ascendentes e descendentes, mas quem terá direito de residir naquele imóvel
será o cônjuge.
Além disso, o direito real de habitação irá persistir mesmo se o cônjuge vier a
formar uma outra família, um novo casamento ou uma união estável não extinguirá o
direito real de habitação, vez que este direito real de habitação é constituído para se
estender até a morte do cônjuge sobrevivente.
1.4.1.3 Ausência de descendentes e ascendentes
Nesta hipótese, toda a herança legítima será do cônjuge:
Art. 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por
inteiro ao cônjuge sobrevivente.

Logo, é possível concluir que o cônjuge nunca partilhará herança legítima com
os parentes colaterais do autor da herança.
Embora tenha que, em algumas hipóteses, dividir a herança se houve
testamento, mas dentro da sucessão legítima o cônjuge não divide a herança com
parentes colaterais.
A única exceção seria a hipótese do art.1.830:

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Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se,


ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem
separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa
convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.

Segundo o dispositivo, o cônjuge não tem direito sucessório, então, nesse caso,
não havendo ascendentes e descendentes a herança seria toda dos colaterais.
Havendo ascendente ou descendente, o cônjuge não teria direito à
concorrência e o real direito de habitação.
Assim, haveria um cônjuge sobrevivente que não teria qualquer direito nessa
sucessão.
Na referida hipótese, na data da morte os cônjuges estariam separados
judicialmente ou de fato.
O cônjuge sobrevivente não tem direito a suceder se na data da morte já
estivesse separado judicialmente.
Exemplo: Eduardo e Mônica se separaram judicialmente em 2008. Eduardo
morreu em 2016, a Mônica era separada judicialmente e agora será viúva, vez que a
separação judicial não extingue o casamento e sim limita tão somente a dissolver a
sociedade conjugal, motivo pelo qual o casamento somente se extinguiu pela morte,
ou seja, a morte liberou Mônica para casar novamente.
Logo, Mônica é cônjuge sobrevivente. Entretanto, não terá qualquer direito
sucessório a reclamar no inventário do Eduardo, sendo que, no máximo, poderá retirar
a sua meação, caso a partilha nos autos da separação judicial ainda não tenha sido
feita.
Atualmente, o problema é a questão da separação de fato, vez que de acordo
com a redação do art.1.830 do Código Civil, o cônjuge sobrevivente somente perde o
direito sucessório pela separação de fato, se ela já houver se estendido há 2 anos da
data da morte.
Exemplo: Eduardo e Mônica são separados de fato há 1 ano e 6 meses. Eduardo
morreu antes de completar 2 anos da separação de fato. Logo, Mônica sucederá,
somente perdendo o direito sucessório se a separação ocorreu há pelo menos 2 anos.
E se a separação ocorreu há 4 anos da data da morte, haveria a perda do direito
sucessório?
Depende, vez que é necessário analisar outro requisito cumulativo, consistente
na culpa pela separação,

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Assim, se Mônica não for considerada culpada pela separação ela se mantém
com o direito sucessório.
Entretanto, tal regra pode gerar um grande problema, pois o art.1.723 §
o
1 permite que uma pessoa separada de fato constitua uma outra família por união
estável.
Art.1.723. § 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos
do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa
casada se achar separada de fato ou judicialmente.

Dessa forma, um sujeito que separou de fato há muitos anos, pode agora
falecer e deixar uma companheira.
Como ocorrerá a divisão de bens?
Ao responder uma prova de múltipla escolha, deve-se observar o art.1.830.
Entretanto, não havendo essa resposta ou tratando-se de questão dissertativa, deve-
se ficar atento à Emenda Constitucional 66/2010, pois a partir de então não mais
interessa investigar quantos anos de separação de fato para se dissolver os efeitos de
uma sociedade conjugal. Isso porque, a partir da Emenda Constitucional 66/2010, uma
separação de fato automaticamente dissolve a sociedade, bastando a prova da
separação de fato.
Além disso, não mais interessa discutir culpa.
Art. 1º O § 6º do art. 226 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte
redação:
"Art. 226. .................................................................................
..........................................................................................................
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio."(NR)

Diante do exposto, de acordo com a atual estrutura do nosso ordenamento


jurídico, no exame do art.1.830 e no que tange à separação de fato, basta constatá-la
na data do óbito.
Assim, estando os cônjuges separados de fato no momento do óbito, o
sobrevivente não terá mais direito sucessório, não importando o tempo da separação
ou a culpa.

1.5 Sucessão dos companheiros


De acordo com o art.1.790 do Código Civil, os companheiros somente têm
direito à herança quanto aos bens adquiridos onerosamente durante a união estável.
Ou seja, a herança legítima dos companheiros limita-se aos bens adquiridos
onerosamente durante a união estável.
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Logo, os companheiros não têm direito à herança legítima quanto aos bens
adquiridos antes da união estável e quanto aos bens adquiridos gratuitamente.
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro,
quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas
condições seguintes:

Ainda, pode ser que uma pessoa venha a falecer deixando descendentes.
A fim de melhor entender a matéria, considere que existam bens adquiridos
antes da união estável, bens adquiridos gratuitamente e bens adquiridos
onerosamente durante a união estável, sendo que o morto deixou a companheira e
deixou filhos comuns.
Nesta hipótese será aplicado o art.1.790, I:
Art. 1.790. I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota
equivalente à que por lei for atribuída ao filho;

Ou seja, a companheira receberá o mesmo quinhão que entregar a cada um


desses filhos, mas somente no que tange aos bens adquiridos onerosamente durante a
união estável, sem prejuízo da meação.
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-
se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de
bens.

Referido dispositivo autoriza que os companheiros, através de um contrato,


escolham um regime de bens de seu interesse.
Logo, poderão os companheiros eleger o regime da comunhão universal de
bens, sendo que, neste caso, a companheira terá meação sobre todos os bens, mas a
herança somente recairá sobre os bens adquiridos onerosamente durante a união
estável.
De outro modo, se o regime fosse o da separação, não haveria meação sobre
nada, mas haveria a herança sobre os bens adquiridos onerosamente durante a união
estável.
Ainda, se o regime fosse da comunhão parcial, não haveria meação e nem
herança sobre bens anteriores e nem sobre os bens adquiridos gratuitamente, mas
haveria meação e herança sobre os bens adquiridos onerosamente durante a união
estável.
Outrossim, poderá ocorrer que o de cujus não tenha filhos com a companheira,
mas tenha descendentes de outro relacionamento.

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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Neste caso, sendo os descendentes somente do autor da herança, será aplicado


o art.1.790, II:
Art. 1.790. II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á
a metade do que couber a cada um daqueles;

Ou seja, os bens anteriores e aqueles adquiridos gratuitamente serão somente


dos filhos e os bens adquiridos onerosamente durante a união estável caberá metade
a companheira do que couber a cada um dos descendentes.
Logo, os descendentes receberão o dobro do que a companheira receber.
E se houvesse um filho em comum?
Basta ter um filho em comum para que seja aplicado o inciso I, do art.1.790, vez
que o inciso II é aplicado somente quando os descendentes forem todos apenas do
autor da herança.
E se no lugar de descendentes, o autora da herança deixar um tio?
Tio não é descendente, logo, não se encaixa no inciso I, e nem no inciso II,
sendo necessário examinar o disposto no inciso III:
Art. 1.790. III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um
terço da herança;

Tio é parente sucessível, pois trata-se de parente colateral de 3º grau, sendo


aplicável o inciso III.
Neste caso, o companheiro sobrevivente ficará com 1/3 da herança, ficando
2/3 para o tio quanto aos bens adquiridos onerosamente durante a união estável, vez
que os bens adquiridos anteriormente e os adquiridos gratuitamente serão todos do
tio. Entretanto, se ao invés de companheira, fosse cônjuge, ela ficaria com 100% da
herança.
É esse tratamento distinto que está sendo analisado pelo STF, no momento em
que a inconstitucionalidade do art.1.790 for declarada, não mais haverá a incidência de
tal regra.
Por fim, na total ausência de parentes sucessíveis, a totalidade da herança
ficará para o companheiro sobrevivente, vez que não é possível entregar a
propriedade dos bens da herança para o Município, União ou Distrito Federal se a
pessoa falecida deixou parentes sucessíveis, cônjuge ou companheiro.
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro,
quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas
condições seguintes:
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.

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Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum


sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao
Distrito Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando
situada em território federal.

O art.1.831 somente prevê direito real de habitação para o cônjuge, logo, se


fosse aplicado o texto da lei puro e simplesmente, o companheiro sobrevivente não
teria direito real de habitação. Essa questão foi discutida na I Jornada de Direito Civil, o
que originou o enunciado 117:
I Jornada de Direito Civil - Enunciado 117 – Art. 1831: o direito real de habitação
deve ser estendido ao companheiro, seja por não ter sido revogada a previsão da
Lei n. 9.278/96, seja em razão da interpretação analógica do art. 1.831, informado
pelo art. 6º, caput, da CF/88.

1.6 Sucessão na linha transversal


Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
IV - aos colaterais.

Na total ausência de descendentes, ascendentes e cônjuge, a herança será


entregue aos parentes colaterais até o 4º grau.
Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas
no art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau.
Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos,
salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos

Irmãos são parentes colaterais de 2º grau; Sobrinhos e tios são parentes


colaterais de 3º grau; Primos, sobrinhos-netos e tios-avós são parentes colaterais de 4º
grau.
Sendo que, nos termos do disposto no art.1.840, os parentes de grau mais
próximo excluem o de grau mais remoto, da mesma forma que ocorre entre os
ascendentes e descendentes.
Imagine a seguinte situação:
A

B C D E

B₁ B₂ B₃ C₁ C₂ D₁ E₁ E₂ E₃

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F₁ F₂ G₁ G₂ H₁ H₂ I₁ I₂
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“A” tem quatro irmãos, “B”, “C”, “D” e “E”, sendo que “B” tem três filhos (B₁, B₂
e B₃), “C” tem 2 filhos (C₁ e C₂), “D” tem um filho (D₁) e “E” tem três filhos (E₁, E₂ e E₃).
Ainda, B₂ tem dois filhos, C₂ tem dois filhos, E₁ tem também dois filhos e E₃ tem dois
filhos, sendo que todos os filhos dos filhos dos irmãos de “A” são sobrinhos-netos de
“A”.
Lembrando que, o grau mais próximo retira da sucessão o grau mais afastado,
sendo que agora é necessário analisar o art.1.841:
Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos
unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar.

Que tipos de irmãos são esses?


A relação de parentesco a ser examinada é a do sobrevivente com a pessoa a
morta, ou seja, em relação ao morto esse irmão é bilateral ou unilateral.
Como assim?
Eles são irmãos de mesmo pai e mesma mãe, ou, são irmãos só por parte de pai
ou só por parte de mãe.
Se todos os irmãos são bilaterais em relação à pessoa morta, eles receberão o
mesmo quinhão hereditário. Da mesma forma, se todos forem unilaterais.
Entretanto, pode ser que ocorra mistura, ou seja, “B” pode ser irmão por parte
de pai e mãe, “C” e “D” apenas por parte pai e “E” apenas por parte de mãe.
Nesta hipótese, cada irmão unilateral terá de receber a metade que tocar cada
irmão bilateral.
Parentes colaterais são facultativos, logo, as normas da sucessão legítima só
serão aplicadas de forma suplementar ao testamento.
E se “B” e “C” fossem pré-mortos?
Neste caso, o art.1.853 autoriza a sucessão por representação, vez que filho de
irmão pode vir à sucessão para suceder com outros irmãos.
Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em
favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem.

Como a partilha será feita?


Aquilo que caberia ao irmão pré-morto será dividido por estirpe para seus
representantes.
Somente se todos os irmãos não detiverem vocação hereditária é que os
sobrinhos virão a sucessão, sendo aplicada a mesma regra que atingiu os irmãos, ou

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seja, cada filho de irmão unilateral terá o direito de receber a metade de cada filho de
irmão bilateral.

Art. 1.843. § 2o Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos


unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles.

E se B₂, D₁ e E₃ fossem pré-mortos?


A representação é limitada somente aos filhos dos irmãos.
Esses que tiveram filhos não poderiam ser representados, vez que o art.1.853
somente autoriza a representação para filho de irmão, logo, filho de sobrinho não
representa, sendo necessário redistribuir a herança de tal modo que nada ficasse na
herança legítima para os sobrinhos-netos.
Os sobrinhos-netos somente poderiam vir à sucessão por direito próprio, ou
seja, na total ausência de sobrinhos, sendo que a herança será dividida igualmente,
sem levar em conta a regra da bilateralidade ou unilateralidade.
Como visto, os irmãos são os primeiros na sucessão colateral, vez que estão no
grau mais próximo.
Inexistindo irmãos deve-se ir ao 3º grau. Entretanto, no 3º grau os sobrinhos
sucederam primeiro que os tios, em razão da preferência dos sobrinhos sobre os tios.
Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios.

Os tios somente terão direito à herança na inexistência de sobrinhos e irmãos.


Não havendo sobrinhos, irmãos ou tios, tudo será entregue aos colaterais de 4º
grau, sendo que a divisão da herança será feita igualitariamente.

1.7 Aceitação e Renúncia


No bloco anterior, quando abordamos vocação hereditária, vimos que quando
alguém sobrevive ao autor da herança, essa pessoa possui direito sucessório.
Entretanto, não há como saber se esse direito sucessório irá se consolidar ou não, bem
como, se o titular do direito sucessório será ou não herdeiro.
Caso ocorra a aceitação da herança, os efeitos da saisine serão consolidados,
tornando-se definitivos. A aceitação não é o momento da sucessão, mas a aceitação
consolida o direito sucessório, tornando-o definitivo.
Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro,
desde a abertura da sucessão.

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A renúncia é a declaração formal do titular do direito sucessório de dispor


desse direito, ou seja, apesar da lei ou do testamento conceder o direito a suceder, a
aceitação não ocorre.
Dessa forma, essa pessoa nunca foi herdeira e nunca foi, vez que não teve
interesse.
Art. 1.804. Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o
herdeiro renuncia à herança.

Tanto a aceitação como a renúncia retroagem à data da abertura da sucessão,


sendo irrevogáveis.
Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança.

A aceitação pode ser expressa ou tácita.


Aceitação expressa é quando alguém, através de documento, manifesta a sua
vontade de suceder.
Aceitação tácita é quando alguém assume um comportamento e se apresenta
tal qual como um sucessor. Não há uma declaração expressa, mas o comportamento
expressa a vontade de sucessão.
Exemplo: “A” sucessor da herança de “B” reclama quinhão hereditário, requer
que determinados bens sejam trazidos ao inventário, tem interesse em realizar
contratos sobre determinados bens adquiridos na sucessão.
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração
escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade
de herdeiro.

A indiferença significa que ninguém aceitou expressamente ou tacitamente.


Essa não aceitação pode gerar uma instabilidade, vez que há pessoas que tem
interesse na sucessão, como os herdeiros, credores etc.
Assim, quem possuir interesse jurídico poderá requerer ao juiz que conceda um
prazo razoável, não superior a 30 dias, para que alguém renuncie ou aceite a herança.
Decorrido o prazo e persistindo a inércia, presumir-se-á que houve a aceitação.
Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança,
poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não
maior de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a
herança por aceita.

Ao contrário da aceitação, a renúncia é sempre formal, operando-se em termo


judicial ou escritura pública.

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Termo judicial é quando alguém que possui direito sucessório informa ao juiz,
através de petição, a sua renúncia.
Se o juízo sucessório constatar que a aceitação já ocorreu, a renúncia será
indeferida, vez que a aceitação é irrevogável.
Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento
público ou termo judicial.

Acolhida a renúncia pelo juízo sucessório, o termo judicial será ratificado e


assinado pelo renunciante.
A partir da assinatura é que ocorrerá o efeito retroativo.
A Resolução 35 do CNJ, art.17 estabelece que a renúncia também deverá ser
assinada pelo cônjuge, salvo se o regime de casamento for da separação absoluta. Isso
porque, o direito sucessório é bem imóvel, logo, a vênia conjugal é indispensável.
Art. 17. Os cônjuges dos herdeiros deverão comparecer ao ato de lavratura da
escritura pública de inventário e partilha quando houver renúncia ou algum tipo
de partilha que importe em transmissão, exceto se o casamento se der sob o
regime da separação absoluta.

Ainda, a renúncia pode ser realizada por escritura pública.


A Lei 11.441/2007 admite o inventário e partilha extrajudicial.
Neste caso, o titular do direito sucessório comparece perante o cartório e
assina a escritura na qualidade de renunciante, logo, os demais, poderão aceitar e
partilhar entre si a herança.
Por fim, é necessário diferenciar a renúncia abdicativa da renúncia translativa:
Imagine que o de cujus deixou quatro filhos: “A”, “B”, “C” e “D”.
Quando “D” renuncia e a renúncia é abdicativa, significa que “D” deixou no
monte os 25% que lhe pertencia para ser dividida com os demais herdeiros (“A”, “B” e
“C”).
Quando a renúncia é translativa, significa que “D” renuncia em favor de
alguém, ou seja, “D” entrega sua cota-parte para favorecer um outro coerdeiro.
Exemplo: “D” renunciou para deixar a sua parte da herança para “C”.
Neste caso, a herança não é dividida entre todos os herdeiros.
Tratando-se de renúncia translativa é necessário o pagamento de imposto do
quinhão renunciado, vez que houve a transferência do imóvel, um fato gerador de
tributo.
Na renúncia abdicativa não há pagamento do imposto.
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Outrossim, não se admite fragmentação da aceitação ou da renúncia. Ou seja,


ou é herdeiro ou não é herdeiro, ou há a aceitação ou a renúncia.
Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou
a termo.

Exemplo: Otávio (avô), Silvio (pai) e Rodrigo (filho). Silvio pai do Rodrigo morreu
em 2007 e Rodrigo renunciou a sucessão do pai. Otavio morreu em 2015, podendo
Rodrigo aceitar a sucessão de Otávio.
Isso ocorre, porque a renúncia da herança do pai, não significa também a
renúncia à herança do avô.
Ademais, quando alguém renuncia, o quinhão que seria dela acresce ao dos
outros que estiverem na mesma classe, não se admitindo o direito de representação
do renunciante. Entretanto, se admite que os filhos do renunciante venham a sucedê-
lo, desde que por direito próprio, partilhando por cabeça.
Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros
herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da
subseqüente.
Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se,
porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma
classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio,
e por cabeça.

Exemplo: “de cujus” deixou pai e mãe (“A” e “B”), filhos (“C e “D”) e netos (“C₁”,
“C₂”, “D₁” e “D₂”).
“C” renunciou, logo, seu quinhão será acrescido para outros da mesma classe,
não podendo, neste caso, o quinhão ser revertido em favor de “A” e “B”, vez que ainda
existem descendentes da mesma classe. Somente se houvesse a renúncia de todos os
descendentes é que a herança iria para os herdeiros da classe subsequente.
Ainda, os dois filhos de “C” não podem vir à sucessão junto à “D”, vez que a lei
não permite a representação de renunciantes.
Assim, toda a herança ficaria para “D”, salvo se “D” também renunciar, caso em
que a herança ficaria para os seus netos, sendo partilhada por cabeça.
Atenção! Filho de renunciante sucede, somente não poderá suceder por
representação.

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