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MATERIAL DE APOIO

Disciplina: Direto Ambiental


Professor: Luiz Antonio
Aulas: 03 e 04 | Data: 02/05/2016

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

TUTELA CONSTITUCIONAL
III. Competência (cont.)
IV. Deveres do Poder público em relação ao meio ambiente

TUTELA ADMINISTRATIVA DO MEIO AMBIENTE


I. Proteção Nacional de Meio Ambiente – Lei 6938/81 - LPNMA
II. Política Estadual do Meio Ambiente - PEMA
III. PNMA – Política Municipal do Meio Ambiente (Lei orgânica do Município de SP - art. 181)

TUTELA CONSTITUCIONAL

Em nossa última aula iniciamos nosso estudo sobre a tutela constitucional e vimos os seguintes pontos:

I. Introdução
II. Princípios de direito ambiental
III. Competência

Vamos retomar avaliando as competências:

1. Competência Legislativa
É a competência para editar leis (em sentido amplo, abrangendo leis, portarias, decretos...)

a) CF/88 – art. 22 -União  tem competência privativa para legislar sobre:


- Inciso IV
- Inciso XI
- Inc. XXVI

CF/88 - Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
XI - trânsito e transporte;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;

b) Estados - CF, art. 25, parágrafo 3º:


Os Estados tem competência exclusiva para, por Lei complementar, instituir microrregiões, aglomerações urbanas,
regiões metropolitanas (tudo isso está regrado no estatuto da Metrópole)

CF/88 – Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas


Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta
Constituição.

Magistratura e MP
CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas
por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a
organização, o planejamento e a execução de funções públicas de
interesse comum.

c) União, Estados e DF (regra)  art. 24, CF, incisos I, VI, VII, VIII.
União – parágrafo 1º  norma geral
Estados  concorrente

CF/88 - Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal


legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e
urbanístico;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do
solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da
poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e
paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico;
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União
limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não
exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão
a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a
eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

E os municípios?
Art. 30 - Será competência exclusiva do município quando for assunto de interesse local (inciso I)  doutrina fala
que não precisa ser interesse exclusivamente local, mas predominantemente local.
No inciso II, fala que o município pode legislar de maneira suplementar, determinando que deverá obedecer a lei
federal. Se, contudo, houver uma lei estadual que seja mais protetiva, então este será o parâmetro para o
município.

CF/88 - Art. 30. Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
Assim, temos que o município:
Pode legislar sobre interesse local- art. 30, I
Pode legislar de maneira suplementar a matéria federal e Estadual.

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Note que não há assunto ambiental que seja exclusivamente local. Nossa doutrina entende que o assunto não
precisa ser de interesse exclusivamente local, mas sim de interesse predominantemente local.

Ex.: Lei 12.305/10, art. 35.

Lei 12305/10 - Art. 35. Sempre que estabelecido sistema de coleta


seletiva pelo plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos
e na aplicação do art. 33, os consumidores são obrigados a:
I - acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos
sólidos gerados;
II - disponibilizar adequadamente os resíduos sólidos reutilizáveis e
recicláveis para coleta ou devolução.
Parágrafo único. O poder público municipal pode instituir incentivos
econômicos aos consumidores que participam do sistema de coleta
seletiva referido no caput, na forma de lei municipal.

STF - RE 673.681/SP – caso em que o Município de Mogi Mirim legislou sobre troca de óleos lubrificantes dentro
dos municípios. Ocorre que o Tribunal de Justiça de SP entendeu inconstitucional. Frente a isso, o PGJ do MPESP
interpôs o RE 673.681/SP. No STF foi conferida validade à legislação.

EMENTA
Dados Gerais
Processo: RE 673681 SP
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Julgamento: 05/12/2014
Publicação: DJe-246 DIVULG 15/12/2014 PUBLIC 16/12/2014
Decisão: Lei municipal contestada em face de Constituição estadual. Possibilidade de controle normativo abstrato
por Tribunal de Justiça (CF, art. 125, § 2º). Competência do Município para dispor sobre preservação e defesa da
integridade do meio ambiente. A incolumidade do patrimônio ambiental como expressão de um direito
fundamental constitucionalmente atribuído à generalidade das pessoas (RTJ 158/205-206 – RTJ 164/158- -161,
v.g.). A questão do meio ambiente como um dos tópicos mais relevantes da presente agenda nacional e
internacional. O poder de regulação dos Municípios em tema de formulação de políticas públicas, de regras e de
estratégias legitimadas por seu peculiar interesse e destinadas a viabilizar, de modo efetivo, a proteção local do
meio ambiente. Relações entre a lei e o regulamento. Os regulamentos de execução (ou subordinados) como
condição de eficácia e aplicabilidade da norma legal dependente de regulamentação executiva. Previsão, no próprio
corpo do diploma legislativo, da necessidade de sua regulamentação. Inocorrência de ofensa, em tal hipótese, ao
postulado da reserva constitucional de administração, que traduz emanação resultante do dogma da divisão
funcional do poder. Doutrina. Precedentes.Legitimidade da competência monocrática do Relator para, em sede
recursal extraordinária, tratando-se de fiscalização abstrata sujeita à competência originária dos Tribunais de
Justiça (CF, art. 125, § 2º), julgar o apelo extremo, em ordem, até mesmo, a declarar a inconstitucionalidade ou a
confirmar a validade constitucional do ato normativo impugnado. Precedentes (RE 376.440-ED/DF, Rel. Min. DIAS
TOFFOLI, Pleno, v.g.). Recurso extraordinário conhecido e provido. O presente recurso extraordinário foi interposto
contra decisão que, proferida em sede de fiscalização abstrata de constitucionalidade (CF, art. 125, § 2º) pelo Órgão
Especial do E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, acha-se consubstanciada em acórdão assim ementado
(fls. 105): “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI MUNICIPAL Nº 4.814/2009, DO MUNICÍPIO DE MOGI
MIRIM, QUE DISPÕE SOBRE A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE NA COMERCIALIZAÇÃO, NA TROCA E NO DESCARTE

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DE ÓLEO LUBRIFICANTE E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. VÍCIO DE INICIATIVA. MATÉRIA DE INICIATIVA RESERVADA
AO CHEFE DO EXECUTIVO, JÁ QUE CRIA OBRIGAÇÃO PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. OFENSA AO PRINCÍPIO DA
SEPARAÇÃO DE PODERES. DIPLOMA QUE IMPLICA AUMENTO DE DESPESA SEM INDICAÇÃO DE FONTE DE CUSTEIO.
OFENSA AO PRINCÍPIO DA PRIMAZIA. IMPOSSIBILIDADE DE DIVIDIR A LEI EM PARTES VÁLIDAS E PARTES INVÁLIDAS.
INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA. AÇÃO PROCEDENTE.” (grifei) A parte ora recorrente, ao deduzir o
presente apelo extremo, sustentou que o Tribunal “a quo” teria transgredido preceitos inscritos na Constituição da
República. O Ministério Público Federal, em parecer da lavra do ilustre Subprocurador-Geral da República Dr.
WAGNER DE CASTRO MATHIAS NETTO, ao opinar pelo provimento do recurso extraordinário em questão, formulou
parecer do qual destaco o seguinte fragmento (fls. 218/219): “Com efeito, o município de Mogi Mirim tem
competência legislativa e administrativa para promover a defesa do meio ambiente e zelar pela saúde dos cidadãos,
nos termos do art. 23, II, VI e VII, da CF/88, podendo, nestes temas, regular a matéria ou suplementar a legislação
federal, em face do peculiar interesse na preservação efetiva destes bens. Assim, a Lei Municipal 4.814/09, de
iniciativa parlamentar, tratando de matéria de interesse local, mostra-se constitucional, ressalvados, entretanto,
os dispositivos que criaram obrigações ao Poder Executivo, porquanto invadiram a esfera da atividade típica da
administração. Neste sentido, descabida a declaração de inconstitucionalidade integral do texto legal, que se
apresenta plenamente válido na parte que respeita o princípio da separação dos poderes, nos termos referidos.”
(grifei) Sendo esse o contexto, passo a examinar o presente recurso extraordinário. E, ao fazê-lo, entendo assistir
plena razão ao parecer da douta Procuradoria-Geral da República, cujos termos adoto como fundamento da
presente decisão, valendo-me, para tanto, da técnica da motivação “per relationem”, reconhecida como
plenamente compatível com o texto da Constituição (AI 738.982/PR, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – AI 809.147/ES,
Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – AI 814.640/RS, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – ARE 662.029/SE, Rel. Min. CELSO
DE MELLO – HC 54.513/DF, Rel. Min. MOREIRA ALVES – MS 28.989- -MC/PR, Rel. Min. CELSO DE MELLO – RE
37.879/MG, Rel. Min. LUIZ GALLOTTI – RE 49.074/MA, Rel. Min. LUIZ GALLOTTI, v.g.): “Reveste-se de plena
legitimidade jurídico-constitucional a utilização, pelo Poder Judiciário, da técnica da motivação ‘per relationem’,
que se mostra compatível com o que dispõe o art. 93, IX, da Constituição da República. A remissão feita pelo
magistrado – referindo-se, expressamente, aos fundamentos (de fato e/ou de direito) que deram suporte a anterior
decisão (ou, então, a pareceres do Ministério Público, ou, ainda, a informações prestadas por órgão apontado como
coator)– constitui meio apto a promover a formal incorporação, ao ato decisório, da motivação a que o juiz se
reportou como razão de decidir. Precedentes.” (AI 825.520-AgR-ED/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Impende
assinalar, no ponto, por relevante, que o Supremo Tribunal Federal, examinando a matéria ora em julgamento,
consagrou diretriz jurisprudencial que torna acolhível a pretensão recursal em análise (ADI 3.338/DF, Red. p/ o
acórdão Min. EROS GRAU – RE 474.922- -segundo-AgR/SC, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, v.g.): “AGRAVO REGIMENTAL
NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. 1. COMPETÊNCIA CONCORRENTE PARA
LEGISLAR SOBRE DIREITO AMBIENTAL. PRECEDENTES. (…). 3. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA
PROVIMENTO.” (AI 856.768-AgR/MG, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – grifei) Cumpre destacar, por oportuno, ante a
inquestionável procedência de suas observações, a seguinte passagem do voto do eminente Ministro AYRES BRITTO
proferido por ocasião do julgamento plenário da ADI 3.338/DF, em sentido que confere plena legitimidade
constitucional ao diploma normativo local ora questionado: “(...) além de a Constituição conferir a competência
material aos Estados e Municípios para ‘proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas’ (art. 23, VI), ela, Constituição Federal, também na matéria, confere a competência de ordem legislativa,
expressamente, art. 24, inciso VI.” (grifei) Essa mesma compreensão do tema é também perfilhada por autorizado
magistério doutrinário (JOSÉ AFONSO DA SILVA, “Direito Ambiental Constitucional”, p. 81/82, item n. 14, 9ª ed.,
2011, Malheiros; CELSO ANTONIO PACHECO FIORILLO, “Curso de Direito Ambiental Brasileiro”, p. 219/220, item n.
4.2, 2012, Saraiva; PAULO AFFONSO LEME MACHADO, “Direito Ambiental Brasileiro”, p. 442/444, item n. 3, 2013,
Malheiros), como se depreende da expressiva lição de PAULO DE BESSA ANTUNES (“Direito Ambiental”, p.110/111,
item n. 2.3, 15ª ed., 2013, Atlas): “O artigo 30 da Constituição Federal atribui aos Municípios competência para
legislar sobre: assuntos de interesse local; suplementar a legislação federal e estadual no que couber; promover,

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no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e
da ocupação do solo urbano; promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observadas a legislação e
a ação fiscalizadora federal e estadual. Parece claro, na minha análise, que o meio ambiente está incluído no
conjunto de atribuições legislativas e administrativas municipais e, em realidade, os Municípios formam um elo
fundamental na complexa cadeia de proteção ambiental. A importância dos Municípios é evidente por si mesma,
pois as populações e as autoridades locais reúnem amplas condições de bem conhecer os problemas e mazelas
ambientais de cada localidade, sendo certo que são as primeiras a localizar e identificar o problema. É através dos
Municípios que se pode implementar o princípio ecológico de agir localmente, pensar globalmente. Na verdade,
entender que os Municípios não têm competência ambiental específica é fazer uma interpretação puramente literal
da Constituição Federal.” (grifei) Tenho por inquestionável, por isso mesmo, que assiste ao Município competência
constitucional para formular regras e legislar sobre proteção e defesa do meio ambiente, que representa encargo
irrenunciável que incide sobre todos e cada um dos entes que integram o Estado Federal brasileiro. Todos sabemos
que os preceitos inscritos no art. 225 da Carta Política traduzem, na concreção de seu alcance, a consagração
constitucional, em nosso sistema de direito positivo, de uma das mais expressivas prerrogativas asseguradas às
formações sociais contemporâneas. Essa prerrogativa, que se qualifica por seu caráter de metaindividualidade,
consiste no reconhecimento de que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Trata-se –
consoante já o proclamou o Supremo Tribunal Federal (RTJ 158/205-206, Rel. Min. CELSO DE MELLO) com apoio
em douta lição expendida por CELSO LAFER (“A reconstrução dos Direitos Humanos”, p. 131/132, 1988, Companhia
das Letras) – de um típico direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão), que assiste, de modo
subjetivamente indeterminado, a todo o gênero humano. Tal circunstância, por isso mesmo, justifica a especial
obrigação – que incumbe ao Estado e à própria coletividade (PAULO AFFONSO LEME MACHADO, “Direito Ambiental
Brasileiro”, p. 121/123, item n. 3.1, 13ª ed., 2005, Malheiros) – de defender e de preservar essa magna prerrogativa
em benefício das presentes e das futuras gerações, evitando-se, desse modo, que irrompam, no seio da comunhão
social, os graves conflitos intergeneracionais marcados pelo desrespeito ao dever de solidariedade na proteção da
integridade desse bem essencial de uso comum de todos quantos compõem o grupo social. Vale referir, neste
ponto, até mesmo em face da justa preocupação revelada pelos povos e pela comunidade internacional em tema
de direitos humanos, que estes, em seu processo de afirmação e consolidação, comportam diversos níveis de
compreensão e abordagem, que permitem distingui-los em ordens, dimensões ou fases sucessivas resultantes de
sua evolução histórica (RTJ 164/158-161, v.g.). Nesse sentido, é de assinalar que os direitos de terceira geração (ou
de novíssima dimensão), que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos, genericamente, e de modo
difuso, a todos os integrantes dos agrupamentos sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem, por
isso mesmo, ao lado dos denominados direitos de quarta geração (como o direito ao desenvolvimento e o direito
à paz), um momento importante no processo de expansão e de reconhecimento dos direitos humanos,qualificados
estes, enquanto valores fundamentais indisponíveis, como prerrogativas impregnadas de uma natureza
essencialmente inexaurível, consoante proclama autorizado magistério doutrinário (CELSO LAFER, “Desafios: ética
e política”, p. 239, 1995,Siciliano). Cumpre rememorar, bem por isso, na linha do que vem de ser afirmado, a precisa
lição ministrada por PAULO BONAVIDES (“Curso de Direito Constitucional”, p. 481, item n. 5, 4ª ed., 1993,
Malheiros), que confere particular ênfase, entre os direitos de terceira geração (ou de novíssima dimensão), ao
direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado: “Com efeito, um novo pólo jurídico de alforria do homem
se acrescenta historicamente aos da liberdade e da igualdade. Dotados de altíssimo teor de humanismo e
universalidade, os direitos da terceira geração tendem a cristalizar-se neste fim de século enquanto direitos que
não se destinam especificamente à proteção dos interesses de um indivíduo, de um grupo ou de um determinado
Estado. Têm primeiro por destinatário o gênero humano mesmo, num momento expressivo de sua afirmação como
valor supremo em termos de existencialidade concreta. Os publicistas e juristas já os enumeram com familiaridade,
assinalando-lhes o caráter fascinante de coroamento de uma evolução de trezentos anos na esteira da
concretização dos direitos fundamentais.Emergiram eles da reflexão sobre temas referentes ao desenvolvimento,
à paz, ao meio ambiente, à comunicação e ao patrimônio comum da humanidade.” (grifei) A preocupação com a

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preservação do meio ambiente – que hoje transcende o plano das presentes gerações, para também atuar em favor
das gerações futuras (PAULO AFFONSO LEME MACHADO, “Direito Ambiental Brasileiro”, p. 123/124, item n. 3.2,
13ª ed.,2005, Malheiros) – tem constituído, por isso mesmo, objeto de regulações normativas e de proclamações
jurídicas que, ultrapassando a província meramente doméstica do direito nacional de cada Estado soberano,
projetam-se no plano das declarações internacionais, que refletem, em sua expressão concreta, o compromisso
das Nações com o indeclinável respeito a esse direito fundamental que assiste a toda a Humanidade. A questão do
meio ambiente, hoje, especialmente em função da Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente (1972) e das
conclusões da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio/92), passou a compor
um dos tópicos mais expressivos da nova agenda internacional (GERALDO EULÁLIO DO NASCIMENTO E SILVA,
“Direito Ambiental Internacional”, 2ª ed., 2002, Thex Editora), particularmente no ponto em que se reconheceu ao
gênero humano o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao gozo de condições de vida adequada, em
ambiente que lhe permita desenvolver todas as suas potencialidades em clima de dignidade e de bem-estar.
Extremamente valioso, sob o aspecto ora referido, o douto magistério expendido por JOSÉ AFONSO DA SILVA
(“Direito Ambiental Constitucional”, p. 69/70, item n. 7, 4ª ed./2ª tir., 2003, Malheiros): “A ‘Declaração de
Estocolmo’ abriu caminho para que as Constituições supervenientes reconhecessem o meio ambiente
ecologicamente equilibrado como um ‘direito fundamental’ entre os direitos sociais do Homem, com sua
característica de ‘direitos a serem realizados’ e ‘direitos a não serem perturbados.
....................................................................................................... O que é importante (…) é que se tenha a
consciência de que o direito à vida, como matriz de todos os demais direitos fundamentais do Homem, é que há de
orientar todas as formas de atuação no campo da tutela do meio ambiente. Cumpre compreender que ele é um
fator preponderante, que há de estar acima de quaisquer outras considerações como as de desenvolvimento, como
as de respeito ao direito de propriedade, como as da iniciativa privada. Também estes são garantidos no texto
constitucional, mas, a toda evidência, não podem primar sobre o direito fundamental à vida, que está em jogo
quando se discute a tutela da qualidade do meio ambiente. É que a tutela da qualidade do meio ambiente é
instrumental no sentido de que, através dela, o que se protege é um valor maior: ‘a qualidade da vida’.” (grifei)
Dentro desse contexto, emerge, com nitidez, a ideia de que o meio ambiente constitui patrimônio público a ser
necessariamente assegurado e protegido pelos organismos sociais e pelas instituições estatais (pelos Municípios,
inclusive),qualificando-se como encargo irrenunciável que se impõe – sempre em benefício das presentes e das
futuras gerações – tanto ao Poder Público quanto à coletividade em si mesma considerada (MARIA SYLVIA ZANELLA
DI PIETRO, “Polícia do Meio Ambiente”, “in”Revista Forense 317/179, 181; LUÍS ROBERTO BARROSO, “A proteção
do meio ambiente na Constituição brasileira”, “in” Revista Forense 317/161, 167-168, v.g.). Na realidade, o direito
à integridade do meio ambiente constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do
processo de afirmação dos direitos humanos, a expressão significativa de um poder deferido não ao indivíduo
identificado em sua singularidade, mas, em um sentido verdadeiramente mais abrangente, atribuído à própria
coletividade social. O reconhecimento desse direito de titularidade coletiva, tal como se qualifica o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, constitui, portanto, uma realidade a que não mais se mostram alheios ou
insensíveis, como precedentemente enfatizado, os ordenamentos positivos consagrados pelos sistemas jurídicos
nacionais e as formulações normativas proclamadas no plano internacional, como enfatizado por autores
eminentes (JOSÉ FRANCISCO REZEK, “Direito Internacional Público”, p.223/224, item n. 132, 1989, Saraiva; JOSÉ
AFONSO DA SILVA, “Direito Ambiental Constitucional”, p. 46/57 e 58/70, 4ª ed./2ª tir., 2003, Malheiros). São todos
esses motivos que têm levado o Supremo Tribunal Federal a consagrar, em seu magistério jurisprudencial, o
reconhecimento do direito de todos à integridade do meio ambiente e a competência de todos os entes políticos
que compõem a estrutura institucional da Federação em nosso País, com particular destaque para os Municípios,
em face do que prescreve, quanto a eles, a própria Constituição da República (art. 30, incisos I, II e VII, c/c o art. 23,
incisos II e VI): “A PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE: EXPRESSÃO CONSTITUCIONAL DE UM
DIREITO FUNDAMENTAL QUE ASSISTE À GENERALIDADE DAS PESSOAS. – Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Trata-se de um típico direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão), que

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assiste a todo o gênero humano (RTJ 158/205-206). Incumbe ao Estado e à própria coletividade a especial obrigação
de defender e preservar, em benefício das presentes e das futuras gerações, esse direito de titularidade coletiva e
de caráter transindividual (RTJ 164/158-161). O adimplemento desse encargo, que é irrenunciável, representa a
garantia de que não se instaurarão, no seio da coletividade, os graves conflitos intergeneracionais marcados pelo
desrespeito ao dever de solidariedade, que a todos se impõe, na proteção desse bem essencial de uso comum das
pessoas em geral. Doutrina. A ATIVIDADE ECONÔMICA NÃO PODE SER EXERCIDA EM DESARMONIA COM OS
PRINCÍPIOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA A PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. – A incolumidade do meio
ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem ficar dependente de motivações de índole
meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica, considerada a disciplina
constitucional que a rege, está subordinada, entre outros princípios gerais, àquele que privilegia a ‘defesa do meio
ambiente’ (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noções de meio ambiente natural, de
meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente laboral. Doutrina. Os
instrumentos jurídicos de caráter legal e de natureza constitucional objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio
ambiente, para que não se alterem as propriedades e os atributos que lhe são inerentes, o que provocaria
inaceitável comprometimento da saúde, segurança, cultura, trabalho e bem-estar da população, além de causar
graves danos ecológicos ao patrimônio ambiental, considerado este em seu aspecto físico ou natural. A QUESTÃO
DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL (CF, ART. 3º, II) E A NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO
AMBIENTE (CF, ART. 225): O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO FATOR DE OBTENÇÃO DO
JUSTO EQUILÍBRIO ENTRE AS EXIGÊNCIAS DA ECONOMIA E AS DA ECOLOGIA. – O princípio do desenvolvimento
sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em
compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obtenção do justo equilíbrio
entre as exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse postulado, quando
ocorrente situação de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastável, cuja
observância não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais significativos direitos
fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das
pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações.
…................................................................................................... – É lícito ao Poder Público – qualquer que seja a
dimensão institucional em que se posicione na estrutura federativa (União, Estados-membros, Distrito Federal e
Municípios) – autorizar, licenciar ou permitir a execução de obras e/ou a realização de serviços no âmbito dos
espaços territoriais especialmente protegidos, desde que, além de observadas as restrições, limitações e exigências
abstratamente estabelecidas em lei, não resulte comprometida a integridade dos atributos que justificaram,
quanto a tais territórios, a instituição de regime jurídico de proteção especial (CF, art. 225, § 1º, III).” (ADI 3.540-
MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno) Resulta claro, desse modo, em face do que venho de expor, que o
acórdão ora impugnado diverge da diretriz jurisprudencial que esta Suprema Corte firmou na análise da matéria
em referência, especialmente se se considerar que o Município, também ele,dispõe de competência para legislar e
editar normas de proteção ao meio ambiente e de defesa da saúde dos cidadãos. Acentuo, de outro lado, que não
vislumbro qualquer eiva de inconstitucionalidade nos parágrafos unicos dos arts. 1º e 8º do diploma legislativo
municipal em causa, que se limitaram a explicitar o dever-poder do Executivo de regulamentar as leis,como
condição, até mesmo, de sua própria aplicabilidade, eis que – como ninguém o desconhece – há situações em que
as leis “não são exequíveis antes da expedição do decreto regulamentar, porque esse ato é ‘conditio juris’ da
atuação normativa da lei”,operando o regulamento, nessa específica hipótese, “como condição suspensiva da
execução da norma legal, deixando seus efeitos pendentes até a expedição do ato do Executivo” (HELY LOPES
MEIRELLES, “Direito Administrativo Brasileiro”, p. 137/138, item n.6, atualizado por DÉLCIO BALESTERO ALEIXO e
JOSÉ EMMANUEL BURLE FILHO, 39ª ed., 2013, Malheiros). Não se desconhece que a atividade regulamentar
primária tem assento na própria Constituição, que confere ao Poder Executivo, em cláusula extensível a todas as
unidades da Federação (DIOGENES GASPARINI, “Direito Administrativo”, p. 92/93, II, item n.1, 1989, Saraiva;
RAQUEL MELO URBANO DE CARVALHO, “Curso de Direito Administrativo”, p. 296, item n. 4.3, 2008, JusPODIVM;

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CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, “Curso de Direito Administrativo”, p. 355, VII, item n. 16, 29ª ed., 2012,
Malheiros, v.g.),competência para “expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução” (CF, art. 84, IV). Desse
modo, a mera referência, em texto normativo, ao dever de regulamentar a lei editada, mesmo quando
desnecessária tal providência, não transgride o postulado constitucional da reserva de administração, cujo sentido
e alcance já foram definidos pelo Supremo Tribunal Federal (RE 427.574- -ED/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.):
“RESERVA DE ADMINISTRAÇÃO E SEPARAÇÃO DE PODERES. – O princípio constitucional da reserva de
administração impede a ingerência normativa do Poder Legislativo em matérias sujeitas à exclusiva competência
administrativa do Poder Executivo. É que, em tais matérias, o Legislativo não se qualifica como instância de revisão
dos atos administrativos emanados do Poder Executivo. Precedentes. Não cabe, desse modo, ao Poder Legislativo,
sob pena de grave desrespeito ao postulado da separação de poderes, desconstituir, por lei, atos de caráter
administrativo que tenham sido editados pelo Poder Executivo no estrito desempenho de suas privativas
atribuições institucionais. Essa prática legislativa, quando efetivada, subverte a função primária da lei, transgride o
princípio da divisão funcional do poder, representa comportamento heterodoxo da instituição parlamentar e
importa em atuação ‘ultra vires’ do Poder Legislativo, que não pode, em sua atuação político-jurídica, exorbitar dos
limites que definem o exercício de suas prerrogativas institucionais.” (ADI 2.364-MC/AL, Rel. Min. CELSO DE MELLO)
Dúvida poderia surgir se a norma legal – mas este não é o caso dos autos – houvesse estabelecido prazo para o
Chefe do Poder Executivo editar o decreto consubstanciador do regulamento de execução, pois, em tal situação,
há autores que sustentam a inconstitucionalidade de leis que estipulem prazos para efeito de formulação de
regulamentos executivos ou de execução, como observa DIOGENES GASPARINI (“Poder Regulamentar”, p. 118/120,
item n. 12, 2ª ed., 1982, RT), muito embora outros doutrinadores eminentes entendam plenamente legítima a
definição, em lei, de prazo razoável para regulamentá-la (ROQUE ANTONIO CARRAZZA, “O Regulamento no Direito
Tributário Brasileiro”, p. 112, item n. 5.2.1, 1981, RT), vislumbrando alguns, até mesmo, na omissão de referido
prazo, inconstitucionalidade do próprio diploma legislativo, como adverte JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO
(“Manual de Direito Administrativo”, p. 61, item n. 2.2, 25ª ed., 2012, Atlas): “A ausência, na lei, de fixação de prazo
para a regulamentação afigura-se-nos inconstitucional, uma vez que não pode o Legislativo deixar ao exclusivo
alvedrio do Executivo a prerrogativa de só tornar a lei exequível quando julgar conveniente. (…).”(grifei) É
importante destacar, na linha do pensamento doutrinário (EDUARDO ESPÍNOLA e EDUARDO ESPÍNOLA FILHO, “A
Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro”, vol. 1/49-50, item n. 25, 2ª ed., 1995, Renovar; ORLANDO GOMES,
“Introdução ao Direito Civil”, p.48, item n. 24, 3ª ed., 1971, Forense; AMÍLCAR DE ARAÚJO FALCÃO, “Introdução ao
Direito Tributário”, p. 49/53, 5ª ed., Forense, v.g.), que, muitas vezes, a plena eficácia e a integral aplicabilidade das
leis dependem da colaboração do Poder Executivo,que atua, expressamente autorizado por norma constitucional
(CF, art. 84, IV), mediante edição dos denominados regulamentos executivos ou de execução, como salienta CAIO
MÁRIO DA SILVA PEREIRA (“Instituições de Direito Civil”, vol. I/84, item n. 17, 23ª ed., Forense): “Por outro lado,
quando uma lei depende de regulamentação, não entra em vigor antes que o Poder Executivo baixe o decreto nesse
sentido.” (grifei) Essa mesma visão sobre o tema já havia sido exposta por CLOVIS BEVILAQUA (“Código Civil
Comentado”, vol. I/97, item n. 4, 7ª ed., 1944, Francisco Alves), cujo magistério, a propósito das leis dependentes
de regulamentação, enfatiza que a edição do concernente decreto regulamentar atua como verdadeira condição
de aplicabilidade e executoriedade de tais diplomas legislativos: “Se, para a execução da lei, for necessário
regulamento, somente depois da publicação deste, ela se tornará obrigatória, porque os seus dispositivos
dependem desse complemento. Se apenas uma parte da lei depender do regulamento, somente a essa parte se
aplica a regra.” (grifei) Esta própria Suprema Corte, por sua vez, já se pronunciara em igual sentido, assinalando, no
julgamento do RE 9.920/MG, Rel. Min. RIBEIRO DA COSTA, que “(...) A lei, cuja execução depender de regulamento,
somente se torna obrigatória, a partir do ato regulamentador” (grifei). Cabe registrar, por oportuno, que esse
magistério jurisprudencial vem sendo observado pelos Tribunais em geral, notadamente pelo E. Superior Tribunal
de Justiça (REsp 855.175/RS, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, v.g.), cujos julgados têm acolhido essa mesma orientação:
“4. Distinção entre eficácia e vigência. No caso de leis que necessitam de regulamentação, sua eficácia opera-se
após a entrada em vigor do respectivo decreto ou regulamento. O regulamento transforma a estática da lei em

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condição dinâmica. (…).” (REsp 408.621/RS, Rel. Min. LUIZ FUX – grifei) Por tal motivo, não vejo como manter a
pronúncia de inconstitucionalidade emanada, nesse ponto, do E. Tribunal de Justiça local. Cumpre observar,
finalmente, tratando-se da hipótese prevista no art. 125, § 2º, da Constituição da República, que o provimento e o
não provimento de recursos extraordinários interpostos contra acórdãos proferidos por Tribunais de Justiça em
sede de fiscalização normativa abstrata têm sido veiculados em decisões monocráticas emanadas dos Ministros
Relatores da causa no Supremo Tribunal Federal, desde que, tal como sucede na espécie, o litígio constitucional já
tenha sido definido pela jurisprudência prevalecente no âmbito deste Tribunal (RE 243.975/RS, Rel. Min. ELLEN
GRACIE – RE 334.868-AgR/RJ, Rel. Min. AYRES BRITTO – RE 336.267/SP, Rel. Min. AYRES BRITTO – RE 353.350-
AgR/ES, Rel. Min. CARLOS VELLOSO – RE 369.425/RS, Rel. Min.MOREIRA ALVES – RE 371.887/SP, Rel. Min. CÁRMEN
LÚCIA – RE 396.541/RS, Rel. Min. CARLOS VELLOSO – RE 415.517/SP, Rel. Min. CEZAR PELUSO – RE 421.271-AgR/RJ,
Rel. Min. GILMAR MENDES – RE 444.565/RS, Rel. Min. GILMAR MENDES – RE 461.217/SC, Rel. Min. EROS GRAU –
RE 501.913/MG, Rel. Min. MENEZES DIREITO – RE 592.477/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – RE 601.206/SP,
Rel. Min. EROS GRAU, v.g.). Mostra-se importante relembrar que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, em
recentíssimo julgamento (RE 376.440-ED/DF, Rel. Min. DIAS TOFFOLI), realizado em 18/09/2014, reafirmou essa
orientação jurisprudencial, reconhecendo a possibilidade de o Ministro Relator da causa, tratando-se de ação direta
de inconstitucionalidade sujeita à competência originária dos Tribunais de Justiça (CF, art. 125, § 2º), julgar,
monocraticamente, o pertinente recurso extraordinário, inclusive para declarar, até mesmo, a própria ilegitimidade
constitucional do diploma normativo local, desde que idêntica controvérsia já tenha sido apreciada por esta Corte
Suprema em outros processos. Sendo assim, pelas razões expostas, e considerando o parecer da douta
Procuradoria-Geral da República, conheço do presente recurso extraordinário, para dar-lhe integral provimento
(CPC, art. 557, § 1º-A), em ordem a confirmar a inteira validade constitucional da Lei nº 4.814, de 07/08/2009,
editada pelo Município de Mogi-Mirim/SP. Publique-se. Brasília, 05 de dezembro de 2014.Ministro CELSO DE
MELLORelator

No art. 30, II  município pode legislar suplementarmente à legislação estadual e federal no que couber  no que
couber é a parte difícil e que gera quesitonamento. Tem que se avaliar:
1º  tem competência exclusiva ou privativa de outro ente? Se sim, não é possível o município legislar.
2º  tem interesse?
Ex.: Note, não faz sentido um município de SP legislar sobre a floresta amazônica. Contudo, faz bastante sentido o
município de SP legislar sobre Mata Atlântica, já que há mata atlântica em SP.

STF - RE 586.224/SP – o município de Paulínia estabeleceu a proibição de queima de cana de açúcar. Ocorre que a
União e Estado permitiam. STF entendeu que o que o Município fez não foi complementar/suplementar à lei federal
e estadual, mas sim afastá-las.

EMENTA
Processo: RE 586.224/SP
Relator: Min. LUIZ FUX
Julgamento: 05/03/2015
Decisão Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL. LIMITES
DA COMPETÊNCIA MUNICIPAL. LEI MUNICIPAL QUE PROÍBE A QUEIMA DE PALHA DE CANA-DE-AÇÚCAR E O USO
DO FOGO EM ATIVIDADES AGRÍCOLAS. LEI MUNICIPAL Nº 1.952, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1995, DO MUNICÍPIO DE
PAULÍNIA. RECONHECIDA REPERCUSSÃO GERAL. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 23, CAPUT E PARÁGRAFO
ÚNICO, Nº 14, 192, § 1º E 193, XX E XXI, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO E ARTIGOS 23, VI E VII, 24,
VI E 30, I E II DA CRFB. 1. O Município é competente para legislar sobre meio ambiente com União e Estado, no
limite de seu interesse local e desde que tal regramento seja e harmônico com a disciplina estabelecida pelos

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demais entes federados (art. 24, VI c/c 30, I e II da CRFB). 2. O Judiciário está inserido na sociedade e, por este
motivo, deve estar atento também aos seus anseios, no sentido de ter em mente o objetivo de saciar as
necessidades, visto que também é um serviço público. 3. In casu, porquanto inegável conteúdo multidisciplinar da
matéria de fundo, envolvendo questões sociais, econômicas e políticas, não é permitido a esta Corte se furtar de
sua análise para o estabelecimento do alcance de sua decisão. São elas: (i) a relevante diminuição – progressiva e
planejada – da utilização da queima de cana-de-açúcar; (ii) a impossibilidade do manejo de máquinas diante da
existência de áreas cultiváveis acidentadas; (iii) cultivo de cana em minifúndios; (iv) trabalhadores com baixa
escolaridade; (v) e a poluição existente independentemente da opção escolhida. 4. Em que pese a inevitável
mecanização total no cultivo da cana, é preciso reduzir ao máximo o seu aspecto negativo. Assim, diante dos valores
sopesados, editou-se uma lei estadual que cuida da forma que entende ser devida a execução da necessidade de
sua respectiva população. Tal diploma reflete, sem dúvida alguma, uma forma de compatibilização desejável pela
sociedade, que, acrescida ao poder concedido diretamente pela Constituição, consolida de sobremaneira seu
posicionamento no mundo jurídico estadual como um standard a ser observado e respeitado pelas demais unidades
da federação adstritas ao Estado de São Paulo. 5. Sob a perspectiva estritamente jurídica, é interessante observar
o ensinamento do eminente doutrinador Hely Lopes Meireles, segundo o qual “se caracteriza pela predominância
e não pela exclusividade do interesse para o município, em relação ao do Estado e da União. Isso porque não há
assunto municipal que não seja reflexamente de interesse estadual e nacional. A diferença é apenas de grau, e não
de substância." (Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros Editores, 1996. p. 121.) 6. Função precípua
do município, que é atender diretamente o cidadão. Destarte, não é permitida uma interpretação pelo Supremo
Tribunal Federal, na qual não se reconheça o interesse do município em fazer com que sua população goze de um
meio ambiente equilibrado. 7. Entretanto, impossível identificar interesse local que fundamente a permanência da
vigência da lei municipal, pois ambos os diplomas legislativos têm o fito de resolver a mesma necessidade social,
que é a manutenção de um meio ambiente equilibrado no que tange especificamente a queima da cana-de-açúcar.
8. Distinção entre a proibição contida na norma questionada e a eliminação progressiva disciplina na legislação
estadual, que gera efeitos totalmente diversos e, caso se opte pela sua constitucionalidade, acarretará
esvaziamento do comando normativo de quem é competente para regular o assunto, levando ao completo
descumprimento do dever deste Supremo Tribunal Federal de guardar a imperatividade da Constituição. 9. Recurso
extraordinário conhecido e provido para declarar a inconstitucionalidade da Lei Municipal nº 1.952, de 20 de
dezembro de 1995, do Município de Paulínia

2. Competência administrativa, executiva ou material

É o exercício do poder de polícia. O Min. Herman Benjamin se utiliza do termo “competência para implementação”.
É o poder fiscalizatório. É o poder de polícia regulamentador.

É o poder de polícia visto como o poder de fiscalização, autuação e instaurando processo administrativo para impor
sanção.

Art. 23 da CF determina que compete à U, E, DF, M de forma comum o poder fiscalizatório. Este poder de
fiscalização é comum. (Lembrar que DF faz tanto o papel do Estado quanto do município).

CF/88 - Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições
democráticas e conservar o patrimônio público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das
pessoas portadoras de deficiência;

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III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e
os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de
arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência,
à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 85, de 2015)
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de
suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento
alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das
condições habitacionais e de saneamento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização,
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de
pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
territórios;
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do
trânsito.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-
estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 53, de 2006)

Note que não há impedimento para que haja uma fiscalização múltipla – ex.: no mesmo mês pode haver uma
fiscalização múltipla da U, E, M. Pode haver também 3 autuações? Pode! Neste sentido, Art. 72, parágrafo 1º da Lei
dos crimes ambientais.

E se a infração constatada pelos diferentes entes for a mesma, poderiam todos aplicar sanção concomitantemente?

Em nosso sistema todos podem fiscalizar, mas só um ente poderá licenciar. Quem dá a licença/autorização tem o
dever de fiscalizar. Os demais órgãos podem fiscalizar.

Art. 23, parágrafo único, CF  Lei Complementar 140/2011, determina no art. 17, caput que cabe ao órgão que
deu a licença ambiental, fiscalizar o empreendimento que ele licenciou ou autorizou.
Apenas um só ente licencia ou autoriza, conforma art. 13,caput.

LC 140/2011 – Art. 13. Os empreendimentos e atividades são


licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente
federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos
termos desta Lei Complementar.

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Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou
autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou atividade,
lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo
para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo
empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.
§ 1o Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração
ambiental decorrente de empreendimento ou atividade utilizadores
de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores, pode
dirigir representação ao órgão a que se refere o caput, para efeito do
exercício de seu poder de polícia.
§ 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da
qualidade ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do
fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-
la, comunicando imediatamente ao órgão competente para as
providências cabíveis.
§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos
entes federativos da atribuição comum de fiscalização da
conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou
potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a
legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração
ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de
licenciamento ou autorização a que se refere o caput.

Se todos os entes federativos autuarem pelo mesmo fato, o sujeito deve responder a todos os autos de infração?
Se as infrações forem diferentes, art. 17, parágrafo 1  responderá por quantos autos houver.
Se houver mais de um auto de infração sobre a mesma infração, terá prevalência o auto lavrado pelo órgão que
detenha a competência de licenciamento. Todos podem lavrar o auto, mas prevalece a do ente que concede a
autorização.

Lembrar:
 União + Estado + Município: autuação pelo mesmo fato = prevalece o AI lavrado pelo órgão que detenha
atribuição de licenciamento ou autorização.
 União + Estado + Município: autuação por fatos diversos = o sujeito responde por todos os autos de infração
lavrados.

Art. 76, Lei dos crimes ambientais: princípio da subsidiariedade  prevalece o órgão que estiver mais próximo da
atividade/empreendimento, atuando os demais de forma suplementar.
Ordem: M  E  U

Lei 9605/98 - Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados,


Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na
mesma hipótese de incidência.

IV. Deveres do Poder público em relação ao meio ambiente

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1. Deveres Genéricos
A CF traz um dever geral de proteção ao meio ambiente (art. 225, caput, da CF). Ela diz que há um dever geral de
proteção do Poder Público. Daí o princípio da intervenção ambiental obrigatória.
Proibição do excesso e proibição da insuficiência/déficit.

CF/88 - Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder
Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento)
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de
material genético; (Regulamento) (Regulamento)
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a
alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção; (Regulamento)
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade; (Regulamento)
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade
de vida e o meio ambiente; (Regulamento)
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção
de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento)
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar
o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida
pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais
e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar,
o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional,
e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso
dos recursos naturais.

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§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos
ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua
localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser
instaladas.

É possível restringir um direito fundamental, mas não é possível restringi-lo ao ponto de anulá-lo.
O atuar do poder público deve proibir o excesso e insuficiência, devendo sempre atuar com razoabilidade.

2. Deveres Específicos
Canotilho chama algumas constituições de dirigentes, que são aquelas que impõe obrigações.
No art. 225 da CF temos exemplo disso. São obrigações ditadas pela CF.

Parágrafo 1º - incisos I, II, III (ETEP), IV (Exigir EIA/RIMA toda vez que o obra ou empreendimento causar significativa
degradação ambiental)
Parágrafo 2º - PRAD - disciplina que aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei - PRAD
(Plano de Recuperação de Área Degradada)
Parágrafo 3º - o poder público deve punir o infrator nas 03 esferas, ou seja, ele deve ser responsabilizado na esfera
civil, administrativa e penal e isto NÃO configurará o bis in idem.
Parágrafo 4º - protege os grandes biomas nacionais (Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do
Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira - são os patrimônios nacionais).
Lei 11.428/06 – Lei de proteção ao Bioma Mata Atlântica
PEC 504/10  acompanhar. É uma PEC que visa acrescentar a caatinga e o cerrado brasileiro na relação dos biomas
considerados Patrimônio Nacional.

TUTELA ADMINISTRATIVA DO MEIO AMBIENTE

I. Proteção Nacional de Meio Ambiente – Lei 6938/81 - LPNMA


Até os anos 80 não havia proteção ambiental sistêmica, direcionada, conjugada até que esta é instaurada pela Lei
de política nacional de meio ambiente (LPNMA) que traz o modelo federal de proteção ambiental – Lei 6938/81

1. Objetivos Gerais
Art. 2º, caput
2. Objetivos específicos
Art. 4º, I a VII
3. Princípios
Art. 2, I a X.

(Obs.: Baixa incidência em prova 1 a 3)


Lei 6938/81 - Art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por
objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao
desenvolvimento sócioeconômico, aos interesses da segurança

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nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os
seguintes princípios:
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,
considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser
necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso
coletivo;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas
representativas;
V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente
poluidoras;
VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para
o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;
VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII - recuperação de áreas degradadas; (Regulamento)
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X - educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a
educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação
ativa na defesa do meio ambiente.

Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:


I - à compatibilização do desenvolvimento econômico social com a
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à
qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da
União, dos Estados, do Distrito Federal, do Territórios e dos
Municípios;
III - ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental
e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;
IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologia s nacionais
orientadas para o uso racional de recursos ambientais;
V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação
de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência
pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e
do equilíbrio ecológico;
VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas á
sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo
para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar
e/ou indenizar os danos causados, e ao usuário, de contribuição pela
utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

4. Instrumentos da PNMA – art. 9º, I a XIII


(cai bastante! Cuidado em prova, misturam estes instrumentos com os instrumentos da política urbana, art. 4º
do Estatuto da cidade)

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Lei 6938/81 - Art. 9º - São Instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente:
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II - o zoneamento ambiental; (Regulamento)
III - a avaliação de impactos ambientais;
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras;
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação
ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade
ambiental;
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo
Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de
proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas
extrativistas; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de
Defesa Ambiental;
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não
cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da
degradação ambiental.
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser
divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; (Incluído pela Lei nº 7.804, de
1989)
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio
Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando
inexistentes; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente
poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. (Incluído pela
Lei nº 7.804, de 1989)
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão
ambiental, seguro ambiental e outros. (Incluído pela Lei nº 11.284, de
2006)

Lei 10257/2001 - Art. 4o Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre
outros instrumentos:

I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território


e de desenvolvimento econômico e social;

II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas


e microrregiões;

III – planejamento municipal, em especial:

a) plano diretor;

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b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;

c) zoneamento ambiental;

d) plano plurianual;

e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;

f) gestão orçamentária participativa;

g) planos, programas e projetos setoriais;

h) planos de desenvolvimento econômico e social;

IV – institutos tributários e financeiros:

a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTU;

b) contribuição de melhoria;

c) incentivos e benefícios fiscais e financeiros;

V – institutos jurídicos e políticos:

a) desapropriação;

b) servidão administrativa;

c) limitações administrativas;

d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;

e) instituição de unidades de conservação;

f) instituição de zonas especiais de interesse social;

g) concessão de direito real de uso;

h) concessão de uso especial para fins de moradia;

i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;

j) usucapião especial de imóvel urbano;

l) direito de superfície;

m) direito de preempção;

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n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso;

o) transferência do direito de construir;

p) operações urbanas consorciadas;

q) regularização fundiária;

r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e grupos


sociais menos favorecidos;

s) referendo popular e plebiscito;

t) demarcação urbanística para fins de regularização fundiária;


(Incluído pela Medida Provisória nº 459, de 2009)
t) demarcação urbanística para fins de regularização fundiária;
(Incluído pela Lei nº 11.977, de 2009)

u) legitimação de posse. (Incluído pela Medida Provisória nº 459, de


2009)

u) legitimação de posse. (Incluído pela Lei nº 11.977, de 2009)

VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de


impacto de vizinhança (EIV).

§ 1o Os instrumentos mencionados neste artigo regem-se pela


legislação que lhes é própria, observado o disposto nesta Lei.

§ 2o Nos casos de programas e projetos habitacionais de interesse


social, desenvolvidos por órgãos ou entidades da Administração
Pública com atuação específica nessa área, a concessão de direito real
de uso de imóveis públicos poderá ser contratada coletivamente.

§ 3o Os instrumentos previstos neste artigo que demandam dispêndio


de recursos por parte do Poder Público municipal devem ser objeto de
controle social, garantida a participação de comunidades, movimentos
e entidades da sociedade civil.

5. Definições do art. 3º
I – definição do meio ambiente
II – definição de degradação ambiental
III – definição de poluição
IV – definição de poluidor
V – definição de recursos ambientais

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Lei 6938/81 - Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas;
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das
características do meio ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de
atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos;
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de
degradação ambiental;
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais
e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os
elementos da biosfera, a fauna e a flora. (Redação dada pela Lei nº
7.804, de 1989)

6. SISNAMA – Sistema Nacional do Meio ambiente


Definição do SISNAMA está no art. 6º da Lei  A LPNMA criou o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente)
que, conforme art. 6º, é o conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos territórios
e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria
da qualidade ambiental.
O SISNAMA não é um órgão e não possui personalidade jurídica. É um sistema virtual.

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O inciso I desse artigo dispõe que o órgão superior é o Conselho de Governo, que foi criado apenas em 2003. Existe
uma estrutura formal legal (Conselho de Governo) e uma formal real (CONAMA). Em provas, devemos dizer que é
o Conselho de Governo que assessora o Presidente da República, que é o responsável na formulação das políticas
nacionais.

Lei 6938/81 - Art. 6º Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do


Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as
fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção
e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do
Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado:
I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar
o Presidente da República na formulação da política nacional e nas
diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos
ambientais; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)
II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e
propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas
governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e
deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões
compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e
essencial à sadia qualidade de vida; (Redação dada pela Lei nº 8.028,
de 1990)
III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da
República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e
controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes
governamentais fixadas para o meio ambiente; (Redação dada pela
Lei nº 8.028, de 1990)
IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, com a
finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes
governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as
respectivas competências; (Redação dada pela Lei nº 12.856, de 2013)
V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis
pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de
atividades capazes de provocar a degradação ambiental; (Redação
dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis
pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas
jurisdições; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
§ 1º - Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua
jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões
relacionados com o meio ambiente, observados os que forem
estabelecidos pelo CONAMA.
§ 2º O s Municípios, observadas as normas e os padrões federais e
estaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas no
parágrafo anterior.

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§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste
artigo deverão fornecer os resultados das análises efetuadas e sua
fundamentação, quando solicitados por pessoa legitimamente
interessada.
§ 4º De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo
autorizado a criar uma Fundação de apoio técnico científico às
atividades do IBAMA. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)

SISNAMA é um sistema; é uma rede formada por estes órgãos e entidades.

O art. 6º, I – determina que o órgão superior é o sistema de governo, cuja função é de assessorar o conselho da
República.
Art. 6º, II – CONAMA – órgão consultivo e deliberativo, auxiliando o conselho de governo (Ocorre que não tinha
sistema de governo. Quem ocupou essa função nesse período até 2003 foi o CONAMA. Em verdade, é o CONAMA
quem continua a realizar esses atos ambientais e não o Conselho de Governo).
Art. 6º, III - Ministério de meio ambiente – órgão central.
Art, 6º, IV – IBAMA (órgão principal, atuando com poder de polícia) e Instituto Chico Mendes. O IBAMA tem funções
preponderantes em relação ao Instituto Chico Mendes (autarquia federal voltada ao sistema nacional de unidade
de conservação – mais restrito). O IBAMA é órgão fiscalizador federal.
Temos uma estrutura legal e uma estrutura real (na prova objetiva só falar da forma legal. Em prova oral, possível
discutir disparidade entre a previsão legal e a situação real).

7. CONAMA
Art. 8º determina o que o Conama faz  ler incisos I, VI e VII.
Inciso I –RC 237/97
VI – regrou apenas sobre veículos automotores. Ainda não há regramento de embarcações e aeronaves. (vide o
regime automotivo - INOVAR Auto)
VII – o Restante ele não tem competência privativa  art. 6º, parágrafo 1º e 2º

Lei 6938/81 - Art. 8º Compete ao CONAMA: (Redação dada pela Lei


nº 8.028, de 1990)
I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para
o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluídoras, a
ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA; (Redação
dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das
alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos
públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e
municipais, bem assim a entidades privadas, as informações
indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e
respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa
degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas
patrimônio nacional. (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)
III - (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)

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IV - homologar acordos visando à transformação de penalidades
pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse para a
proteção ambiental; (VETADO);
V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou
restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em
caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação
em linhas de fiananciamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
(Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de
controle da poluição por veículos automotores, aeronaves e
embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes;
VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à
manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso
racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos.
Parágrafo único. O Secretário do Meio Ambiente é, sem prejuízo de
suas funções, o Presidente do Conama. (Incluído pela Lei nº 8.028, de
1990)

II. Política Estadual do Meio Ambiente - PEMA


Em SP, temos na constituição estadual o art. 191 a 204. (para os demais Estados, procurar nas respectivas
constituições estaduais).

CE/ SP - Artigo 191 - O Estado e os Municípios providenciarão, com a


participação da coletividade, a preservação, conservação, defesa,
recuperação e melhoria do meio ambiente natural, artificial e do
trabalho, atendidas as peculiaridades regionais e locais e em harmonia
com o desenvolvimento social e econômico.
Artigo 192 - A execução de obras, atividades, processos produtivos e
empreendimentos e a exploração de recursos naturais de qualquer
espécie, quer pelo setor público, quer pelo privado, serão admitidas se
houver resguardo do meio ambiente ecologicamente equilibrado.
§ 1º - A outorga de licença ambiental, por órgão, ou entidade
governamental competente, integrante de sistema unificado para esse
efeito, será feita com observância dos critérios gerais fixados em lei,
além de normas e padrões estabelecidos pelo Poder Público e em
conformidade com o planejamento e zoneamento ambientais.
§ 2º - A licença ambiental, renovável na forma da lei, para a execução
e a exploração mencionadas no "caput" deste artigo, quando
potencialmente causadoras de significativa degradação do meio
ambiente, será sempre precedida, conforme critérios que a legislação
especificar, da aprovação do Estudo Prévio de Impacto Ambiental e
respectivo relatório a que se dará prévia publicidade, garantida a
realização de audiências públicas.
Artigo 193 - O Estado, mediante lei, criará um sistema de
administração da qualidade ambiental, proteção, controle e
desenvolvimento do meio ambiente e uso adequado dos recursos

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naturais, para organizar, coordenar e integrar as ações de órgãos e
entidades da administração pública direta e indireta, assegurada a
participação da coletividade, com o fim de:
I - propor uma política estadual de proteção ao meio ambiente;
II - adotar medidas, nas diferentes áreas de ação pública e junto ao
setor privado, para manter e promover o equilíbrio ecológico e a
melhoria da qualidade ambiental, prevenindo a degradação em todas
as suas formas e impedindo ou mitigando impactos ambientais
negativos e recuperando o meio ambiente degradado;
III - definir, implantar e administrar espaços territoriais e seus
componentes representativos de todos os ecossistemas originais a
serem protegidos, sendo a alteração e supressão, incluindo os já
existentes, permitidas somente por lei;
IV - realizar periodicamente auditorias nos sistemas de controle de
poluição e de atividades potencialmente poluidoras;
V - informar a população sobre os níveis de poluição, a qualidade do
meio ambiente, as situações de risco de acidentes, a presença de
substâncias potencialmente nocivas à saúde, na água potável e nos
alimentos, bem como os resultados das monitoragens e auditorias a
que se refere o inciso IV deste artigo;
VI - incentivar a pesquisa, o desenvolvimento e a capacitação
tecnológica para a resolução dos problemas ambientais e promover a
informação sobre essas questões;
VII - estimular e incentivar a pesquisa, o desenvolvimento e a utilização
de fontes de energia alternativas, não poluentes, bem como de
tecnologias brandas e materiais poupadores de energia;
VIII - fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação
genética;
IX - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais das
espécies e dos ecossistemas;
X - proteger a flora e a fauna, nesta compreendidos todos os animais
silvestres, exóticos e domésticos, vedadas as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica e que provoquem extinção de espécies
ou submetam os animais à crueldade, fiscalizando a extração,
produção, criação, métodos de abate, transporte, comercialização e
consumo de seus espécimes e subprodutos;
XI - controlar e fiscalizar a produção, armazenamento, transporte,
comercialização, utilização e destino final de substâncias, bem como o
uso de técnicas, métodos e instalações que comportem risco efetivo
ou potencial para a qualidade de vida e meio ambiente, incluindo o de
trabalho;
XII - promover a captação e orientar a aplicação de recursos
financeiros destinados ao desenvolvimento de todas as atividades
relacionadas com a proteção e conservação do meio ambiente;
XIII - disciplinar a restrição à participação em concorrências públicas e
ao acesso a benefícios fiscais e créditos oficiais às pessoas físicas e
jurídicas condenadas por atos de degradação do meio ambiente;

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XIV - promover medidas judiciais e administrativas de
responsabilização dos causadores de poluição ou de degradação
ambiental;
XV - promover a educação ambiental e a conscientização pública para
a preservação, conservação e recuperação do meio ambiente;
XVI - promover e manter o inventário e o mapeamento da cobertura
vegetal nativa, visando à adoção de medidas especiais de proteção,
bem como promover o reflorestamento, em especial, às margens de
rios e lagos, visando à sua perenidade;
XVII - estimular e contribuir para a recuperação da vegetação em áreas
urbanas, com plantio de árvores, preferencialmente frutíferas,
objetivando especialmente a consecução de índices mínimos de
cobertura vegetal;
XVIII - incentivar e auxiliar tecnicamente as associações de proteção
ao meio ambiente constituídas na forma da lei, respeitando a sua
autonomia e independência de atuação;
XIX - instituir programas especiais mediante a integração de todos os
seus órgãos, incluindo os de crédito, objetivando incentivar os
proprietários rurais a executarem as práticas de conservação do solo
e da água, de preservação e reposição das matas ciliares e replantio de
espécies nativas;
XX - controlar e fiscalizar obras, atividades, processos produtivos e
empreendimentos que, direta ou indiretamente, possam causar
degradação do meio ambiente, adotando medidas preventivas ou
corretivas e aplicando as sanções administrativas pertinentes;
XXI - realizar o planejamento e o zoneamento ambientais,
considerando as características regionais e locais, e articular os
respectivos planos, programas e ações;
Parágrafo único - O sistema mencionado no "caput" deste artigo será
coordenado por órgão da administração direta que será integrado por:
a) Conselho Estadual do Meio Ambiente, órgão normativo e recursal,
cujas atribuições e composição serão definidas em lei;
b) órgãos executivos incumbidos da realização das atividades de
desenvolvimento ambiental.
Artigo 194 - Aquele que explorar recursos naturais fica obrigado a
recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com a solução
técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
Parágrafo único - É obrigatória, na forma da lei, a recuperação, pelo
responsável, da vegetação adequada nas áreas protegidas, sem
prejuízo das demais sanções cabíveis.
Artigo 195 - As condutas e atividades lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais
e administrativas, com aplicação de multas diárias e progressivas no
caso de continuidade da infração ou reincidência, incluídas a redução
do nível de atividade e a interdição, independentemente da obrigação
dos infratores de reparação aos danos causados.

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Parágrafo único - O sistema de proteção e desenvolvimento do meio
ambiente será integrado pela Polícia Militar mediante suas unidades
de policiamento florestal e de mananciais, incumbidas da prevenção e
repressão das infrações cometidas contra o meio ambiente, sem
prejuízo dos corpos de fiscalização dos demais órgãos especializados.

Artigo 196 - A Mata Atlântica, a Serra do Mar, a Zona Costeira, o


Complexo Estuarino Lagunar entre Iguape e Cananéia, os Vales dos
Rios Paraíba, Ribeira, Tietê e Paranapanema e as unidades de
conservação do Estado são espaços territoriais especialmente
protegidos e sua utilização far-se-á na forma da lei, dependendo de
prévia autorização e dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente.

Artigo 197 - São áreas de proteção permanente:

I - os manguezais;

II - as nascentes, os mananciais e matas ciliares;

III - as áreas que abriguem exemplares raros da fauna e da flora, bem


como aquelas que sirvam como local de pouso ou reprodução de
migratórios;

IV - as áreas estuarinas;

V - as paisagens notáveis;

VI - as cavidades naturais subterrâneas.

Artigo 198 - O Estado estabelecerá, mediante lei, os espaços definidos


no inciso V do artigo anterior, a serem implantados como
especialmente protegidos, bem como as restrições ao uso e ocupação
desses espaços, considerando os seguintes princípios:

I - preservação e proteção da integridade de amostras de toda a


diversidade de ecossistemas;

II - proteção do processo evolutivo das espécies;

III - preservação e proteção dos recursos naturais.

Artigo 199 - O Poder Público estimulará a criação e manutenção de


unidades privadas de conservação.

(**)Artigo 200 - O Poder Público Estadual, mediante lei, criará


mecanismos de compensação financeira para Municípios que

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sofrerem restrições por força de instituição de espaços territoriais
especialmente protegidos pelo Estado.

(**) ADIN- 13.140-0 TJ - Julgada extinta, sem exame do mérito.

Artigo 201 - O Estado apoiará a formação de consórcios entre os


Municípios, objetivando a solução de problemas comuns relativos à
proteção ambiental, em particular à preservação dos recursos hídricos
e ao uso equilibrado dos recursos naturais.

Artigo 202 - As áreas declaradas de utilidade pública, para fins de


desapropriação, objetivando a implantação de unidades de
conservação ambiental, serão consideradas espaços territoriais,
especialmente protegidos, não sendo nelas permitidas atividades que
degradem o meio ambiente ou que, por qualquer forma, possam
comprometer a integridade das condições ambientais que motivaram
a expropriação.

Artigo 203 - São indisponíveis as terras devolutas estaduais apuradas


em ações discriminatórias e arrecadadas pelo Poder Público, inseridas
em unidades de preservação ou necessárias à proteção dos
ecossistemas naturais.

(**) Artigo 204 - Fica proibida a caça, sob qualquer pretexto, em todo
o Estado.

(**) ADIN 350-0/600 – AGUARDANDO JULGAMENTO NO STF

1. SISEMA
Em SP, chama SEAQUA - Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e
Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais.
Lei Estadual que instaurou este sistema foi a lei 9509/97.

No RJ, fala-se do órgão INEA.

2. CONSEMA (LWI 13507/09)


3. CETESB ( LEI 118/73 e LE 13542/09))

III. PNMA – Política Municipal do Meio Ambiente (Lei orgânica do Município de SP - art. 181)

LO/SP - Art. 181 - O Município, mediante lei, organizará, assegurada a


participação da sociedade, sistema de administração da qualidade
ambiental, proteção, controle e desenvolvimento do meio ambiente e
uso adequado dos recursos naturais, para coordenar, fiscalizar e
integrar as ações de órgãos e entidades da administração pública

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direta e indireta, no que respeita a: I - formulação de política municipal
de proteção ao meio ambiente; II - planejamento e zoneamento
ambientais; III - estabelecimento de normas, critérios e padrões para
a administração da qualidade ambiental; IV - conscientização e
educação ambiental e divulgação obrigatória de todas as informações
disponíveis sobre o controle do meio ambiente; V - definição,
implantação e controle de espaços territoriais e seus componentes a
serem especialmente protegidos, sendo a sua alteração e/ou
supressão permitidos somente através de lei específica. Parágrafo
único - O Executivo deverá apresentar e prestar contas anualmente à
Câmara Municipal de São Paulo e à população projeto contendo metas
sobre a preservação, defesa, recuperação, conservação e melhoria do
meio ambiente. (Acrescentado pela Emenda 13/92)

1. SISMUMA
Sistema Municipal do Meio Ambiente
2. COMUNA
Sem isso, não há licenciamento – art. 15, II, LC 140/11
3. SMMA
Secretaria Municipal do Meio Ambiente

LC 140/11 - Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter


supletivo nas ações administrativas de licenciamento e na autorização
ambiental, nas seguintes hipóteses:
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio
ambiente no Estado ou no Distrito Federal, a União deve desempenhar
as ações administrativas estaduais ou distritais até a sua criação;
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio
ambiente no Município, o Estado deve desempenhar as ações
administrativas municipais até a sua criação; e
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio
ambiente no Estado e no Município, a União deve desempenhar as
ações administrativas até a sua criação em um daqueles entes
federativos.

SISNAMA  CONAMA IBAMA


SISEMA  CONSEMA (Conselho nacional do Meio ambiente)  CETESB
SISMUNA  COMUNA  SUMA

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